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TERÇA-FEIRA
– A caridade une, a soberba separa. A fraternidade dos primeiros cristãos. Evitar aquilo que
possa prejudicar a unidade.
A unidade é um bem imenso que devemos implorar todos os dias, pois todo
o reino dividido contra si mesmo será destruído, e toda a cidade ou casa
dividida contra si mesma não subsistirá9. A este propósito, comenta São João
Crisóstomo: “A casa e a cidade, uma vez divididas, destroem-se rapidamente;
e o mesmo acontece com um reino, pois é a união dos súbditos que dá firmeza
aos reinos e às casas”10. Unidade com o Papa, unidade com os bispos em
união com o Papa, unidade com os nossos irmãos na fé e com todos os
homens para atraí-los à fé de Cristo.
A unidade da Igreja, cujo princípio vital é o Espírito Santo, tem como ponto
central a Eucaristia, que é “sinal de unidade e vínculo de amor”15. Temos que
afastar as discórdias e pedir pela unidade, coisas que “nunca se conseguem
mais oportunamente que quando o corpo de Cristo, que é a Igreja, oferece o
mesmo Corpo e o mesmo Sangue de Cristo no sacramento do pão e do
vinho”16.
III. SÃO PAULO faz frequentes apelos à unidade. Na Epístola aos Efésios,
diz assim: Exorto-vos, pois [...], que leveis uma vida digna da vocação a que
fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com grandeza de alma,
suportando-vos mutuamente com caridade, solícitos em conservar a unidade
do Espírito pelo vínculo da paz. A seguir, alude a uma antiga aclamação –
possivelmente utilizada na liturgia primitiva durante as cerimónias baptismais –
em que se destaca a unidade da Igreja como fruto da unicidade da essência
divina: Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela
vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só
batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que actua acima de todos, por todos e
em todos17.
São Paulo enumera também diversas virtudes que são outras tantas
manifestações do vínculo da perfeição e da unidade que é a caridade:
humildade, mansidão, longanimidade... “O templo do Rei não está arruinado,
nem rachado, nem dividido; o alicerce das pedras vivas é a caridade”18. A
caridade une, o orgulho separa.
Por amor à Igreja, lutaremos por todos os meios para não prejudicar, nem de
longe, a unidade dos cristãos. “Evita sempre a queixa, a crítica, as
murmurações... Evita à risca tudo o que possa introduzir discórdia entre
irmãos”23. Antes pelo contrário, fomentaremos sempre tudo aquilo que for
ocasião de entendimento mútuo e de concórdia. Se alguma vez não pudermos
louvar, fecharemos a boca24. E pediremos ao Senhor com a liturgia: Que
saibamos repelir hoje o pecado de discórdia e de inveja25.
Recorremos à nossa Mãe Santa Maria para aprender a viver bem a unidade
dentro da Igreja. “Ela, Mãe do Amor e da unidade, nos une profundamente para
que, como a primeira comunidade nascida no Cenáculo, sejamos um só
coração e uma só alma. Que Ela, que é «Mãe da unidade», e em cujo seio o
Filho de Deus se uniu à humanidade, inaugurando misticamente a união
esponsalícia do Senhor com todos os homens, nos ajude a ser um e a
converter-nos em instrumentos de unidade entre os cristãos e entre todos os
homens”26.
(1) At 4, 32; Primeira leitura da Missa da terça-feira da segunda semana do Tempo Pascal; (2)
São João Crisóstomo, Homilias sobre os Actos dos Apóstolos, 11; (3) cfr. Jo 10, 16; (4) cfr. Mt
12, 25; (5) cfr. Mt 16, 18; (6) João Paulo II, Homilia na paróquia de Orcasitas, Madrid, 3-XI-
1982; (7) Santo Irineu, Contra as heresias, 1, 10, 2; (8) Jo 17, 21; (9) Mt 12, 25; (10) São João
Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 48; (11) São Tomás, Suma Teológica, 1, q. 30, a. 3;
(12) Paulo VI, Alocução, 30-III-1965; (13) Santo Irineu, Contra as heresias, 4, 33, 7; (14) João
Paulo II, Mensagem para a união dos cristãos, 23-I-1981; (15) Santo Agostinho, Trat. sobre o
Ev. de São João, 26; (16) São Fulgêncio de Ruspe, in Segunda leitura da Liturgia das Horas da
terça-feira da segunda semana do Tempo Pascal; (17) Ef 4, 1-6; (18) Santo Agostinho,
Comentário sobre o Salmo 44; (19) cfr. Act 4, 32 e segs.; (20) Aristides, Apologia XV, 5-7; (21)
São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 172; (22) Prov 18, 19; (23) São Josemaría Escrivá,
Sulco, n. 918; (24) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 443; (25) Preces de laudes da
terça-feira da segunda semana do Tempo Pascal; (26) João Paulo II, Homilia, 24-III-1980.