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(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. CONSTITUIÇÃO.

DIREITO
CONSTITUCIONAL

1. Elementos de Teoria Geral do Estado

1.1. Estado (elementos constitutivos)

1.1.1. Povo. Vínculo jurídico-político com o Estado. Diferente de população e de nação.

1.1.2. Território. Espaço físico onde se exerce a soberania. Trata-se de conceito jurídico, não
geográfico.

1.1.3. Soberania. Exercitável por intermédio de um Governo. Supremacia no plano interno.


Independência no plano externo.

1.1.4. Fins (ou finalidades). Objetivos a serem alcançados pelo Estado. Discutível a inserção
como elemento constitutivo do Estado.

1.2. Formas de Estado

1.2.1. Simples ou unitário. Unidade centralizada do poder político.

1.2.2. Composto ou complexo. Pluralidade descentralizada do poder político.

1.2.2.1. Confederação. Reunião de Estados.

1.2.2.2. Federação. Reunião de partes internas autônomas. A soberania é do Estado Federal.

1.3. Formas de Governo

1.3.1. Monarquia. Hereditariedade.

1.3.2. República. Eletividade e Temporariedade.

1.4. Sistemas de Governo

1.4.1. Presidencialismo. Independência entre Executivo e Legislativo. As funções de Chefe de


Estado e Chefe de Governo são reunidas numa só pessoa. O governante exerce mandato por
prazo certo e independe de maioria parlamentar. Não há destituição por motivos puramente
políticos.

1.4.2. Parlamentarismo. Interdependência entre Executivo e Legislativo. As funções de Chefe de


Estado e Chefe de Governo são exercidas por pessoas distintas. O governante depende de maioria
parlamentar.

1.4.3. Diretorial ou convencional. O Executivo é parte do Legislativo.

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1.5. Regimes Políticos (critério da soberania popular)

1.5.1. Democracia. Direta, representativa ou semidireta.

1.5.2. Não-democráticos. Autoritários, ditatoriais e totalitários.

2. Constituição

2.1. Conceito. Conjunto de normas jurídicas que organiza os elementos constitutivos do Estado.

2.2. As normas jurídicas constitucionais podem ser regras (fórmulas delimitadas e objetivas
aplicáveis por subsunção - tudo ou nada) ou princípios (fórmulas amplas aplicáveis por
ponderação - de valores/interesses) (Veja outras considerações sobre este tema).

2.3. O princípio da supremacia da Constituição (do qual decorre o da compatibilidade vertical)


impõe que toda norma ou situação dentro da ordem jurídica esteja em consonância com o Texto
Maior.

2.4. Concepções.

2.4.1. Sociológica. Fatores reais de poder.

2.4.1. Política. Decisões políticas fundamentais (estruturação do Estado e direitos individuais).

2.4.2. Jurídica. Vértice da ordem/ordenamento jurídico.

2.5. Classificações

2.5.1. Conteúdo (critério aplicável às normas constitucionais)

2.5.1.1. Materiais. Tratam da estrutura fundamental do Estado e dos limites da atuação estatal (ao
declarar os direitos individuais).

2.5.1.2. Formais. São todas aquelas, independentemente do assunto tratado, inseridas no Texto
Constitucional.

2.5.2. Forma

2.5.2.1. Escritas.

2.5.2.2. Não escritas.

2.5.3. Modo de elaboração

2.5.3.1. Dogmáticas. Oriundas de um Poder Constituinte.

2.5.3.2. Históricas ou costumeiras. Fruto da evolução histórica.

2.5.4. Origem
2
2.5.4.1. Populares ou democráticas

2.5.4.2. Outorgadas. Sem participação popular.

2.5.5. Estabilidade

2.5.5.1. Rígidas. Procedimento especial (diferenciado da edição da legislação comum) para


modificação.

2.5.5.2. Flexíveis. Alteração com as mesmas formalidades utilizadas para edição da legislação
comum.

2.5.5.3. Semi-rígidas. Possui partes com as características anteriores.

2.5.6. Extensão

2.5.6.1. Sintéticas. São aquelas curtas, de dimensão reduzida.

2.5.6.2. Analíticas. São aquelas extensas, de dimensão considerável (centenas de dispostivos).

2.5.7. Dogmática

2.5.7.1. Ortodoxas.

2.5.7.2. Ecléticas.

2.6. Evolução histórica do constitucionalismo

2.6.1. Mundo Antigo. Grécia. Aristóteles. A Constituição de Atenas. Normas esparsas, tradições e
costumes.

2.6.2. Antecedentes modernos. Documentos de limitação de poderes do Estado. Exemplo: Magna


Carta (1215).

2.6.3. Primeiras Constituições Modernas (Liberais): Virgínia (1776). EUA (1787). França (1791).

2.6.4. Constituições do Estado Social. Weimar (1919).

2.6.5. Constituições do Socialismo. Declaração (1918). Constituição (1923).

2.6.6. Constituições e Neoliberalismo. Minimalismo Constitucional. Pós-positivismo.

3. Direito Constitucional

3.1. Conceito. Ramo do direito público que expõe, interpreta e sistematiza as normas (princípios
e regras) fundamentais do Estado.

3.2. Objeto. A Constituição.

3.3. Conteúdo. Positivo. Comparado e Geral.


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(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 2 - PODER CONSTITUINTE

1. Poder Constituinte Originário

É o poder que elabora uma Constituição (poder como a força/faculdade/possibilidade de fazer


valer/prevalecer uma vontade/interesse).

Natureza. É um poder de fato.

Características: (a) inicial; (b) ilimitado (ou absoluto). Não se sujeita a regras. Encontra tão-
somente condicionamentos históricos, sociais, econômicos e políticos; (c) incondicionado
(juridicamente).

Titular do poder constituinte. Aquele que o exerce ("o titular do poder constituinte é produto das
circunstâncias históricas"). Pode ser o povo, um ditador, uma classe social, etc. Registre-se o
posicionamento doutrinário que sustenta ser sempre o povo o titular do poder constituinte.

Agentes do poder constituinte. As pessoas físicas que elaboram e editam uma Constituição em
nome do titular do Poder Constituinte.

Veículos. Revoluções. Transições.

Item 1

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL,

ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente


perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios
partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da
extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se
em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;

ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia
a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente;

ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de
preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo;

Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras
justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com
que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas;

Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo
brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao
seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde
hoje em todo o Pais: (Constituição de 1937)

Item 2

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Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia
Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte
(Constituição de 1946)

Item 3

ATO INSTITUCIONAL Nº 1 (Rio de Janeiro-GB, 9 de abril de 1964)

À NAÇAO

É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma
nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no
espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma
autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o
interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela


eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder
Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.
Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a
força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita normas jurídicas sem que nisto seja
limitada pela normatividade anterior à sua vitória. Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à
ação das Forças Armadas e ao apoio inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome
exercem o Poder Constituinte, de que o Povo é o único titular. O Ato Institucional que é hoje
editado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da
revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a
assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução
econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e
imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do
prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar e se
apressa pela sua institucionalização a limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.

O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa, representada pelos
Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento, pela realização dos objetivos
revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir. Os processos constitucionais não
funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País.
Destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo
governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do
Poder no exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o
processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la,
apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir
a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas
destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do
governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes
de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso
Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que
recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções, a sua legitimação.

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Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a assegurar a
realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de atender aos anseios do povo
brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado pelos Comandantes-em-Chefe do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o seguinte.

ATO INSTITUCIONAL

Art 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais e respectivas Emendas,


com as modificações constantes deste Ato.

Item 4

O poder constituinte originário aufere, sua soberania, de um poder constituinte derivado?

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 26

Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências.

AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do art.


49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão,


unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro
de 1987, na sede do Congresso Nacional.

Art 2º. O Presidente do Supremo Tribunal Federal instalará a Assembléia Nacional Constituinte e
dirigirá a sessão de eleição do seu Presidente.

Art 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto, em dois turnos de
discussão e votação, pela maioria absoluta dos Membros da Assembléia Nacional Constituinte.

BRASÍLIA, em 27 de novembro de 1985

A MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS


A MESA DO SENADO FEDERAL

Item 5

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para


instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (Constituição de 1988)

Item 6

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815 / DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO

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- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A
tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

Item 7

MANDADO DE SEGURANCA .- MS-20902 / DF


Relator(a): Min. CELIO BORJA
Publicação: DJ DATA-04-08-89 PG-12611 EMENT VOL-01549-01 PG-00115
Julgamento: 31/05/1989 - TRIBUNAL PLENO
MANDADO DE SEGURANCA REQUERIDO CONTRA A PROMULGACAO DA
CONSTITUICAO DE 1988. PEDIDO QUE, NA VERDADE, ATACA A EC N. 26/85 QUE
CONVOCOU A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E DISPOS SOBRE O RITO
PARA APROVACAO DA NOVA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AUTORIDADE
APONTADA COATORA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR DO IMPETRANTE QUE NAO
APONTA QUALQUER OFENSA A DIREITO SUBJETIVO RESULTANTE DA
CONSTITUICAO EM CUJA FEITURA ENXERGA ILEGALIDADE. EXTINCAO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MERITO. ART. 267, VI, CPC.

2. Poder Constituinte Derivado

É o poder de modificar/reformar a Constituição.

Natureza. É um poder de direito.

Características: (a) subordinado; (b) limitado e (c) condicionado (juridicamente).

Reforma: (a) revisão (mais extensa - ver o art. 3o. do ADCT) e (b) emenda (pontual - ver o art. 60
da CF/88).

Titular: Congresso Nacional (na CF de 1988 - ver o art. 60, §2o.)

Limites:

(a) materiais: (a.1) explícitos (art. 60, §4o. da CF) e (a.2) implícitos (titular do poder reformador,
procedimento de reforma, entre outros)

(b) circunstanciais (art. 60, §1o. da CF)


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(c) temporais. Impossibilidade de reforma durante certo prazo ou somente de tempos em tempos.

(d) procedimentais (art. 60, caput e §2o. da CF)

Item 8

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE .- ADI-939 / DF


Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
Publicação: DJ DATA-18-03-94 PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160
Julgamento: 15/12/1993 - TRIBUNAL PLENO
- Direito Constitucional e Tributario. Acao Direta de Inconstitucionalidade de Emenda
Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisorio sobre a Movimentacao ou a
Transmissao de Valores e de Creditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par.
2., 60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III, "b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituicao
Federal. 1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo
em violacao a Constituicao originaria, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo
Tribunal Federal, cuja funcao precipua e de guarda da Constituicao (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A
Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a Uniao a instituir o
I.P.M.F., incidiu em vicio de inconstitucionalidade, ao dispor, no paragrafo 2. desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, nao se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituicao, porque, desse
modo, violou os seguintes principios e normas imutaveis (somente eles, nao outros): 1. - o
principio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par.
4., inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituicao); 2. - o principio da imunidade tributaria reciproca
(que veda a Uniao, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios a instituicao de impostos
sobre o patrimonio, rendas ou servicos uns dos outros) e que e garantia da Federacao (art. 60, par.
4., inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede
a criacao de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimonio,
renda ou servicos dos partidos politicos, inclusive suas fundacoes, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituicoes de educacao e de assistencia social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e "d"): livros, jornais, periodicos e o papel destinado a sua impressao; 3. Em
consequencia, e inconstitucional, tambem, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem
reducao de textos, nos pontos em que determinou a incidencia do tributo no mesmo ano (art. 28)
e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Acao Direta de Inconstitucionalidade julgada
procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com
relacao a todos os contribuintes, em carater definitivo, a medida cautelar, que suspendera a
cobranca do tributo no ano de 1993.

Poder Constituinte Derivado e Direito Adquirido

Item 9

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-93290 / RJ


Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA
Publicação: DJ DATA-06-11-81 PG-11101 EMENT VOL-01233-02 PG-00460 RTJ VOL-00099-
03 PG-00869
Julgamento: 28/08/1981 - SEGUNDA TURMA

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CONCURSO PARA PROVIMENTO DE FISCAL DO IMPOSTO DE CONSUMO OU DO
IMPOSTO ADUANEIRO. PRAZO DE VALIDADE PRORROGADO ATE A NOMEACAO DO
ULTIMO CANDIDATO (LEI N. 4.863, DE 29.11.65, ART. 41). REGRA QUE PERDEU O
VIGOR, COM O ADVENTO DA LEI 5.987/73, ART. 3., E, POSTERIORMENTE, PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77. A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77, FIXOU
EM QUATRO ANOS O PRAZO DE VALIDADE DOS CONCURSOS (ART. 97, PARAGRAFO
3., DA CONSTITUICAO FEDERAL). TRATA-SE DE REGRA IMPERATIVA, QUE INCIDE
IMEDIATAMENTE POR FORCA DE SUA NATUREZA CONSTITUCIONAL.
INOCORRENCIA DE DIREITO ADQUIRIDO CONTRA A CONSTITUICAO.
PRECEDENTES: MS 20.157, PLENO, RTJ 95/51. RE NAO CONHECIDO.

Item 10

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-95175 / DF


Relator(a): Min. SOARES MUNOZ
Publicação: DJ DATA-14-05-82 PG-04569 EMENT VOL-01254-02 PG-00472 RTJ VOL-00103-
02 PG-00795
Julgamento: 20/04/1982 - PRIMEIRA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO. PRAZO DE VALIDADE.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8. SUA APLICACAO IMEDIATA, DE VEZ QUE AS
GARANTIAS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA COISA JULGADA SE DIRIGEM A LEI
ORDINARIA E NAO A CONSTITUICAO. RECURSOS EXTRAORDINARIOS DE QUE SE
NAO CONHECE.

Item 11

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-94414 / SP


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-19-04-85 PG-05456 EMENT VOL-01374-02 PG-00217 RTJ VOL-00114-
01 PG-00237
Julgamento: 13/02/1985 - TRIBUNAL PLENO
- MAGISTRADO. INCIDENCIA IMEDIATA DA PROIBICAO CONTIDA NO ARTIGO 114, I,
DA CONSTITUICAO FEDERAL NA REDACAO DADA PELA EMENDA
CONSTITUCIONAL N. 7/77. - NAO HA DIREITO ADQUIRIDO CONTRA TEXTO
CONSTITUCIONAL, RESULTE ELE DO PODER CONSTITUINTE ORIGINARIO, OU DO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO. PRECEDENTES DO S.T.F. RECURSO
EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

3. Poder Constituinte Decorrente

É o poder do ente autônomo da Federação (Estado-Membro) de elaborar sua própria


Constituição.

Ver o art. 25 da CF e o art. 11 do ADCT.

Não envolve os Municípios (art. 29 da CF e o art. 11, parágrafo único do ADCT: Lei Orgânica
elaborada pela Câmara Municipal).

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Item 12

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-568 /


AM
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-22-11-91 PP-16845 EMENT VOL-01643-01 PP-00045 RTJ VOL-00138-
01 PP-00064
Julgamento: 20/09/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUICAO DO AMAZONAS -
SERVIDOR PUBLICO - CONCESSAO DE VANTAGEM - ALEGADA USURPACAO DO
PODER DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - PROCESSO
LEGISLATIVO - EXTENSAO E LIMITES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE -
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - O Ato das Disposicoes Constitucionais Transitorias, em
seu art. 11, impos aos Estados-membros, no exercicio de seu poder constituinte, a estrita
observancia dos principios consagrados na Carta da Republica. - O poder constituinte decorrente,
assegurado as unidades da Federacao, e, em essencia, uma prerrogativa institucional
juridicamente limitada pela normatividade subordinante emanada da Lei Fundamental. -
Modalidades tipologicas em que se desenvolve o poder constituinte decorrente: poder de
institucionalizacao e poder de revisao. Graus distintos de eficacia e de autoridade. Doutrina. - A
norma que, inscrita em constituicao estadual, autoriza o servidor publico a computar, para efeito
de adicional pelo tempo de exercicio de cargo ou funcao de confianca, o periodo de servico
prestado nas tres esferas de governo, sugere a discussao em torno da extensao do poder
constituinte deferido aos Estados-membros, no que concerne a observancia dos principios
inerentes ao processo legislativo instituidos na Carta da Republica. - A alta relevancia da questao
- alcance do poder constituinte decorrente atribuido aos Estados-membros - torna possivel
invocar o juizo de conveniencia, que constitui criterio adotado e aceito pelo Supremo Tribunal
Federal, em sede jurisdicional concentrada, para efeito de concessao da medida cautelar.
Precedentes.

Item 13

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-290 /


DF
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-03-04-92 PP-04287 EMENT VOL-01656-01 PP-00001 RTJ VOL-00138-
02 PP-00396
Julgamento: 17/10/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO NALIDADE - CONSTITUICAO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA (ART. 27, II) E LEI ESTADUAL N. 1117/90 - SERVIDOR PUBLICO -
CARGOS OU EMPREGOS DE NIVEL MEDIO E SUPERIOR - PISO SALARIAL -
VINCULACAO AO SALARIO MINIMO PROFISSIONAL - EXTENSAO DO PODER
CONSTITUINTE DECORRENTE - PODER DE INICIATIVA - MEDIDA CAUTELAR
SUPERVENIENTEMENTE REQUERIDA - DEFERIMENTO. - A impugnacao, em sede de acao
direta de inconstitucionalidade, da concessao de vantagens ou beneficios funcionais onerosos a
servidores publicos estaduais, outorgada diretamente pela Constituicao local, reveste-se de
plausibilidade juridica, na medida em que instaura, nesta Corte, a discussao em torno da extensao
do poder constituinte decorrente inicial, outorgado aos Estados-membros. O conteudo da norma
constitucional estadual, ao assegurar aos servidores publicos um limite minimo de remuneracao,
alem de estabelecer a vinculacao dos vencimentos a indices ou valores fixados em nivel federal,
parece cercear a atuacao discricionaria dos orgaos ativamente legitimados para a instauracao, na
esfera de sua respectiva competencia, do correspondente processo legislativo.

Item 14
10
RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-134584 / CE
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO
Rel. Acórdão
Min. MAURICIO CORREA
Publicação: DJ DATA-13-03-98 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00338
Julgamento: 06/05/1997 - Segunda Turma
CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. VETO: QUORUM PARA A SUA
REJEIÇÃO. C.F., 1967, art. 59, § 3º. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ, art. 38, § 3º.
SUPERVENIÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. EXIGÊNCIA DE MAIORIA
ABSOLUTA (CF, art. 66, § 4º). ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS: ART.
11 DO ADCT/CF-88. POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CARTA FEDERAL ATÉ A
ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A exceção
contida no art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta Federal de 1988,
que deferiu aos Estados-Membros o prazo de um ano para elaborarem as suas Constituições, não
postergou a observância obrigatória dos princípios nela estabelecidos. 1.1. Não se compadece
com esses princípios (CF, art.66,§ 4 ) o entendimento de que si et in quantum se elaborava a
Carta Política do Estado os comandos inatos do poder constituinte originário no campo federal
estivessem subsumidos pela temporariedade estabelecida no art. 11 do ADCT-CF/88. O lapso
temporal nele previsto não poderia implicar o adiamento da observância de regras constitucionais
de cumprimento obrigatório, sobretudo em matéria de ordem pública relacionada com o Poder
Legislativo. 2. Processo legislativo. Veto. Constituição do Estado do Ceará. Exame da questão na
vigência da Carta Federal de 1988: exigência de maioria absoluta. 2.1 - Se o quorum para a
apreciação do veto é o da maioria absoluta (artigo 66, § 4º, CF) e o seu exame ocorreu na
vigência da atual Carta da República, não poderia a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará
valer-se daquele fixado na anterior Constituição Estadual para determiná-lo como sendo o de dois
terços. Recurso extraordinário não conhecido.

(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 3 - INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

1. Mutação e alteração constitucional

1.1. Mutação constitucional (ou interpretação constitucional evolutiva)

Consiste na atribuição de novos conteúdos à norma constitucional, sem modificação do seu teor
literal, em razão de mudanças históricas ou de fatores políticos e sociais que não estavam
presentes na mente dos constituintes. É um processo informal de reforma do texto da
Constituição (Luís Roberto Barroso).

Limites: (a) significados mínimos do texto constitucional e (b) princípios fundamentais do


sistema.
11
Item 1

A 13a. emenda, de 1865, à Constituição norte-americana aboliu a escravatura. Entretanto, diante


do mesmo texto normativo, dois momentos bem definidos são identificados: (a) em 1896, a
Suprema Corte, ao julgar o caso Plessy vs. Ferguson, chancelou a doutrina do "equal but
separate" (iguais mas separados) e (b) em 1954, a mesma Suprema Corte, ao julgar o caso Brown
vs. Board of Education, considerou inconstitucional a segregação de estudantes negros nas
escolas públicas.

EMENDA XIII (à Constituição dos EUA)

Seção 1

Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão,
nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente
condenado.

Seção 2

O Congresso terá competência para fazer executar este artigo por meio das leis
necessárias.(Fonte: Site da Embaixada dos EUA no Brasil)

1.2. Alteração constitucional (ou reforma constitucional)

Importa em modificação formal do texto constitucional. A reforma, como antes mencionado,


pode ser: (a) revisão (mais extensa) e (b) emenda (mais limitada ou pontual).

2. Recepção. Revogação. Repristinação.

2.1. Princípio da continuidade da ordem jurídica

Impõe que a ordem jurídica infraconstitucional, elaborada ao longo do tempo, no curso de


décadas muitas vezes, não seja simplesmente desprezada com a edição de uma nova Constituição.

2.2. Recepção

Importa no recebimento da ordem jurídica infraconstitucional anterior pela nova Constituição,


ressalvadas as normas incompatíveis com a nova Carta Política (entendem-se revogadas). A
recepção envolve um juízo substancial ou material. Assim, na recepção, a norma anterior pode
ganhar novo status jurídico-normativo (deixando de ter força de lei ordinária para ter força de lei
complementar, por exemplo).

Veja o art. 34, §5o. do ADCT.

Item 2

12
RECURSO EXTRAORDINARIO - RE-224760/RJ
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Publicação: DJ DATA-19-11-99 PP-00069 EMENT VOL-01972-04 PP-00768
Julgamento: 19/10/1999 - Primeira Turma

TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. REVOGAÇÃO, PELA LEI Nº 2.080/93,


DO ART. 29 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL. ISS DEVIDO PELAS SOCIEDADES
PRESTADORAS DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS. DECRETO-LEI Nº 406/68, ART. 9º, §§ 1º
E 3º. Revogação que não teve o efeito de afastar a incidência, no caso, das normas sob enfoque,
do DL nº 406/68, que a jurisprudência do STF tem como recebido, no ponto, com o caráter de lei
complementar, pela Constituição de 1988 (art. 146, III, a e d). Recurso conhecido e provido.

Item 3

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR- ADIMC-


1376/DF
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Publicação: DJ DATA-31-08-01 PP-00035 EMENT VOL-02041-01 PP-00165
Julgamento: 11/12/1995 - Tribunal Pleno

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.179/95,


QUE DISPÕE SOBRE MEDIDAS DE FORTALECIMENTO DO SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. PARCIAL REEDIÇÃO PELA DE Nº 1.214/95.
ALEGADA INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 192, CAPUT, ART. 150, § 6º, E ART. 5º,
XX, CF/88 E, AINDA, COM OS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DO ATO JURÍDICO
PERFEITO. PEDIDO ACOMPANHADO DE REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR.
Ausência de plausibilidade da tese: - em primeiro lugar, por ter-se limitado a definir, no art. 1º e
parágrafos, os contornos de programa criado por ato do Conselho Monetário Nacional, no
exercício de atribuição que lhe foi conferida pela Lei nº 4.595/64 (art. 2º, inc. VI), recebida pela
Carta de 88 como lei complementar; - em segundo lugar, tendo em vista que o art. 2º e seus
incisos e parágrafos, ainda que houvessem instituído tratamento tributário privilegiado às fusões e
incorporações, o fizeram sem afronta ao art. 150, § 6º, da CF/88, posto que por meio de lei
editada para esse fim, a qual, por isso, não pode deixar de ser considerada específica, como
exigido pelo referido texto; - e, por fim, considerando que o art. 3º, ao afastar a incidência, nas
incorporações e fusões, do art. 230 da Lei 6.404/76, referiu norma legal cuja vigência se acha
envolta em séria controvérsia, circunstância por si só capaz de lançar dúvida sobre a questão de
saber se concorre, no caso, o pressuposto da relevância do fundamento do pedido. Registre-se,
ainda, que escapa à competência do Poder Judiciário a apreciação do requisito de urgência
previsto no art. 62 da CF/88 para a adoção de medida provisória, conforme jurisprudência assente
do STF. Medida cautelar indeferida.

2.3. Revogação

A incompatibilidade (vertical) da legislação infraconstitucional diante de nova Constituição


resolve-se pela revogação. Uma das conseqüências mais importantes desta premissa é a
impossibilidade de instauração do controle concentrado de inconstitucionalidade entre lei antiga e
Constituição nova.

Item 4
13
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-
129/SP
Relator(a): Min. FRANCISCO REZEK
Rel. Acórdão Min. CELSO DE MELLO Publicação: DJ DATA-28-08-92 PP-13450 EMENT
VOL-01672-01 PP-00001
Julgamento: 07/02/1992 - TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - IMPUGNACAO DE LEI PRE-


CONSTITUCIONAL E DE ATO REGULAMENTAR EDITADO SOB A EGIDE DA NOVA
CONSTITUICAO - INIDONEIDADE DO REGULAMENTO DE EXECUCAO PARA EFEITO
DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO - INCONSTITUCIONALIDADE
SUPERVENIENTE DA LEI - INOCORRENCIA - HIPOTESE DE REVOGACAO DO ATO
HIERARQUICAMENTE INFERIOR POR AUSENCIA DE RECEPCAO - IMPOSSIBILIDADE
DE INSTAURACAO DO CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE -
ACAO DIRETA NAO CONHECIDA. - Regulamentos subordinados ou de execucao supoem,
para efeito de sua edicao, pelo Poder Publico, a existencia de lei a que se achem vinculados.
Falece-lhes, desse modo, a necessaria autonomia juridica para se qualificarem como atos
normativos suscetiveis de controle abstrato de constitucionalidade. A regulamentacao de lei pre-
constitucional por ato estatal editado sob a egide de novo ordenamento constitucional nao basta
para autorizar, em sede de acao direta, o confronto da especie legislativa com a Constituicao
superveniente. - A acao direta de inconstitucionalidade nao se revela instrumento juridicamente
idoneo ao exame da legitimidade constitucional de atos normativos do Poder Publico que tenham
sido editados em momento anterior ao da vigencia da Constituicao sob cuja egide foi instaurado o
controle normativo abstrato. A fiscalizacao concentrada de constitucionalidade supoe a necessaria
existencia de uma relacao de contemporaneidade entre o ato estatal impugnado e a Carta Politica
sob cujo dominio normativo veio ele a ser editado. O entendimento de que leis pre-
constitucionais nao se predispoem, vigente uma nova Constituicao, a tutela jurisdicional de
constitucionalidade "in abstracto" - orientacao jurisprudencial ja consagrada no regime anterior
(RTJ 95/980 - 95/993 - 99/544) - foi reafirmado por esta Corte, em recentes pronunciamentos, na
perspectiva da Carta Federal de 1988. - A incompatibilidade vertical superveniente de atos do
PODER Publico, em face de um novo ordenamento constitucional, traduz hipotese de pura e
simples revogacao dessas especies juridicas, posto que lhe sao hierarquicamente inferiores. O
exame da revogacao de leis ou atos normativos do Poder Publico constitui materia absolutamente
estranha a funcao juridico-processual da acao direta de inconstitucionalidade.

Item 5

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-718/MA


Relator(a): Min. SEPULVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-18-12-98 PP-00049 EMENT VOL-01936-01 PP-00166
Julgamento: 05/11/1998 - Tribunal Pleno

I. Município: criação em ano de eleições municipais: não incidência do art. 16 da Constituição


Federal. No contexto normativo do art. 16, CF — que impõe a vacatio de um ano às leis que o
alterem —, processo eleitoral é parte de um sistema de normas mais extenso, o Direito Eleitoral,
matéria reservada privativamente à competência legislativa da União; logo, no sistema da
Constituição de 1988 — onde as normas gerais de alçada complementar, e a lei específica de
criação de municípios foi confiada aos Estados —, o exercício dessa competência estadual
explícita manifestamente não altera o processo eleitoral, que é coisa diversa e integralmente da
competência legislativa federal. II. Ação direta de inconstitucionalidade: superveniência de
alteração constitucional: matéria insusceptível de exame no processo. Firmado no STF não poder
ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade a incompatibilidade entre a lei e a norma
14
constitucional superveniente — que se reduziria, segundo o entendimento vitorioso, a mera
revogação (ADIn 2, Brossard) —, não caber examinar os reflexos no processo de criação dos
municípios questionado do advento da EC 15/96, limitando a decisão à afirmativa de inexistência
da argüida inconstitucionalidade originária das leis impugnadas.

Item 6

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR- ADIMC-385/DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-11-09-92 PP-14712 EMENT VOL-01675-01 PP-00064
Julgamento: 07/02/1992 - TRIBUNAL PLENO

- Ação direta de inconstitucionalidade. - A questão da incompatibilidade entre lei


infraconstitucional e Constituição, quando aquela é anterior a esta, se circunscreve ao âmbito da
revogação, e não da inconstitucionalidade, não podendo, por isso, ser objeto de ação direta de
inconstitucionalidade. Ação direta de inconstitucionalidade não conhecida.

2.4. Repristinação

É a restauração expressa de uma lei revogada por intermédio de outra (lei repristinatória). Assim,
no direito brasileiro, se a lei A é revogada pela lei B, a lei C, que revoga a lei B, não restaura a lei
A. O art. 2o., §3o. da LICC exige manifestação expressa do legislador para a
repristinação/restauração ("Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a
lei revogadora perdido a vigência").

A discussão da repristinação no controle de constitucionalidade envolve um elemento inexistente


no tratamento previsto na LICC (revogação): o vício jurídico de inconstitucionalidade que
significa nulidade do ato normativo e sua absoluta ineficácia.

Item 7

Mostra-se inquestionável, no entanto, a despeito das críticas doutrinárias que lhe têm sido feitas
(...), que o Supremo Tribunal Federal vem adotando posição jurisprudencial, que, ao estender a
teoria da nulidade aos atos inconstitucionais, culmina por recusar-lhes qualquer carga de eficácia
jurídica. (...)

Já se afirmou, no início desta decisão, que a declaração de inconstitucionalidade in abstracto, de


um lado, e a suspensão cautelar de eficácia do ato reputado inconstitucional, de outro, importam -
considerado o efeito repristinatório que lhes é inerente - em restauração das normas estatais
revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato.

Esse entendimento - hoje expressamente consagrado em nosso sistema de direito positivo (Lei nº
9.868/99, art. 11, § 2º) -, além de refletir-se no magistério da doutrina (...), também encontra
apoio na própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que, desde o regime constitucional
anterior (...) vem reconhecendo a existência de efeito repristinatório nas decisões desta Corte
Suprema, que, em sede de fiscalização normativa abstrata, declaram a inconstitucionalidade ou
deferem medida cautelar de suspensão de eficácia dos atos estatais questionados em ação direta."
Despacho datado de 17 de abril de 2001. Ministro CELSO DE MELLO. ADIn 2.215-PE (Medida
Cautelar). Informativo STF n. 224.
15
Item 8

AG. REG. EM AG. DE INST. OU DE PETICAO- AGRAG-235800/RS


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-25-06-99 PP-00016 EMENT VOL-01956-13 PP-02660
Julgamento: 25/05/1999 - Primeira Turma
Agravo regimental. - Não tem razão o agravante. A recepção de lei ordinária como lei
complementar pela Constituição posterior a ela só ocorre com relação aos seus dispositivos em
vigor quando da promulgação desta, não havendo que pretender-se a ocorrência de efeito
repristinatório, porque o nosso sistema jurídico, salvo disposição em contrário, não admite a
repristinação (artigo 2º, § 3º, da Lei de Introdução ao Código Civil). Agravo a que se nega
provimento.

3. Normas constitucionais inconstitucionais

O princípio da unidade da Constituição afasta qualquer consideração acerca da existência de


normas constitucionais inconstitucionais (conforme a conjectura de Otto Bachoff), na medida em
que não reconhece hierarquia entre normas constitucionais (mesmo entre princípios e regras).

Item 9

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815/DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO

- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A


tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

4. Eficácia das normas constitucionais

A mais festejada das teorias acerca da eficácia das normas constitucionais, apresentada por José
Afonso da Silva, identifica a existência de três tipos: (a) eficácia plena - possui normatividade
16
suficiente para imediata incidência independentemente de legislação superveniente; (b) eficácia
contida - possui normatividade suficiente para imediata incidência mas prevê a edição de
legislação superveniente que restrinja sua eficácia e (c) eficácia limitada - não possui
normatividade suficiente para imediata incidência. A matéria depende necessariamente da
intervenção do legislador infraconstitucional.

Os dois instrumentos presentes no texto constitucional para garantir efetividade aos direitos
dependentes de normas regulamentadoras são: (a) ação direta de inconstitucionalidade por
omissão (art. 103, §3o.) e (b) mandado de injunção (art. 5o., LXXI).

Item 10

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-220613/SP


Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Publicação: DJ DATA-02-06-00 PP-00013 EMENT VOL-01993-04 PP-00695
Julgamento: 04/04/2000 - Primeira Turma

LICENÇA-MATERNIDADE. ART. 7º, XVII, DA CF. NORMA DE EFICÁCIA PLENA.


Benefício devido desde a promulgação da Carta de 1988, havendo de ser pago pelo empregador,
à conta da Previdência Social, independentemente da definição da respectiva fonte de custeio.
Entendimento assentado pelo STF. Recurso não conhecido.

Item 11

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-169091/RJ


Relator(a): Min. SEPULVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-04-08-95 PP-22522 EMENT VOL-01794-19 PP-04110
Julgamento: 07/06/1995 - TRIBUNAL PLENO

PIS: LC 7/70: RECEPCAO, SEM SOLUCAO DE CONTINUIDADE, PELO ART. 239 DA


CONSTITUICAO. DISPONDO O ART. 239 CF SOBRE O DESTINO DA ARRECADACAO
DA CONTRIBUICAO PARA O PIS, A PARTIR DA DATA MESMA DA PROMULGACAO DA
LEI FUNDAMENTAL EM QUE SE INSERE, E EVIDENTE QUE SE TRATA DE NORMA DE
EFICACIA PLENA E IMEDIATA, MEDIANTE A RECEPCAO DE LEGISLACAO
ANTERIOR; O QUE, NO MESMO ART. 239, SE CONDICIONOU A DISCIPLINA DA LEI
FUTURA NAO FOI A CONTINUIDADE DA COBRANCA DA EXACAO, MAS APENAS -
COMO EXPLICITO NA PARTE FINAL DO DISPOSITIVO - OS TERMOS EM QUE A SUA
ARRECADACAO SERIA UTILIZADA NO FINANCIAMENTO DO PROGRAMA DE
SEGURO-DESEMPREGO E DO ABONO INSTITUIDO POR SEU PAR. 3.

Item 12

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-122521/MA


Relator(a): Min. ILMAR GALVAO
Publicação: DJ DATA-06-12-91 PP-17827 EMENT VOL-01645-02 PP-00282 RTJ VOL-00140-
01 PP-00269
Julgamento: 19/11/1991 - PRIMEIRA TURMA

VEREADORES. REMUNERACAO. COMPETENCIA DA CAMARA MUNICIPAL.


CONSTITUICAO FEDERAL, ARTIGO 29, INCISO V. E da competencia privativa da Camara
Municipal fixar, ate o final da legislatura, para vigorar na subsequente, a remuneracao dos
17
vereadores. O sistema de remuneracao deve constituir conteudo da Lei Organica Municipal -
porque se trata de assunto de sua competencia -, a qual, porem, deve respeitar as prescricoes
estabelecidas no mandamento constitucional (inciso V do artigo 29), que e norma de eficacia
plena e auto-aplicavel. Recurso extraordinario nao conhecido.

Item 13

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-207296/RS


Relator(a): Min. ILMAR GALVAO
Publicação: DJ DATA-25-04-97 PP-15216 EMENT VOL-01866-07 PP-01506
Julgamento: 25/02/1997 - Primeira Turma

PENSÃO. VALOR CORRESPONDENTE À TOTALIDADE DOS VENCIMENTOS OU


PROVENTOS DO SERVIDOR FALECIDO. ARTIGO 40, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Injunção nº 211-8,
proclamou que o art. 40, § 5º, da Constituição Federal encerra uma garantia auto-aplicável, que
independe de lei regulamentadora para ser viabilizado, seja por tratar-se de norma de eficácia
contida, como entenderam alguns votos, seja em razão de a lei nele referida não poder ser outra
senão aquela que fixa o limite de remuneração dos servidores em geral, na forma do art. 37, XI,
da Carta, como entenderam outros. Recurso extraordinário conhecido e provido.

Item 14

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR- ADIMC-


1232/DF
Relator(a): Min. MAURICIO CORREA
Publicação: DJ DATA-26-05-95 PP-15154 EMENT VOL-01788-01 PP-00076
Julgamento: 22/03/1995 - TRIBUNAL PLENO

MEDIDA LIMINAR EM ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONCEITO DE


"FAMILIA INCAPAZ DE PROVER A MANUTENCAO DA PESSOA PORTADORA DE
DEFICIENCIA OU IDOSA" DADO PELO PAR.3. DO ART. 20 DA LEI ORGANICA DA
ASSISTENCIA SOCIAL (LEI N. 8.742, DE 07.12.93) PARA REGULAMENTAR O ART. 203,
V, DA CONSTITUICAO FEDERAL. . 1. Arguicao de inconstitucionalidade do par. 3. do art. 20
da Lei n. 8.472/93, que preve o limite maximo de 1/4 do salario minimode renda mensal "per
capita" da familia para que seja considerada incapaz de prover a manutencao do idoso e do
deficiente fisico, ao argumento de que esvazia ou inviabiliza o exercicio do direito ao beneficio
de um salario minimo conferido pelo inciso V do art. 203 da Constituicao. 2. A concessao da
liminar, suspendendo a disposicao legal impugnada, faria com que a norma constitucional
voltasse a ter eficacia contida, a qual, por isto, ficaria novamente dependente de regulamentacao
legal para ser aplicada, privando a Administracao de conceder novos beneficios ate o julgamento
final da acao. 3. O dano decorrente da suspensao cautelar da norma legal e maior do que a sua
manutencao no sistema juridico. 4. Pedido cautelar indeferido.

Item 15

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR- ADIMC-


2381/RS
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-14-12-01 PP-00023 EMENT VOL-02053-03 PP-00579
Julgamento: 20/06/2001 - Tribunal Pleno
I. Ação direta de inconstitucionalidade: objeto idôneo: lei de criação de município. Ainda que não
seja em si mesma uma norma jurídica, mas ato com forma de lei, que outorga status municipal a
18
uma comunidade territorial, a criação de Município, pela generalidade dos efeitos que irradia, é
um dado inovador, com força prospectiva, do complexo normativo em que se insere a nova
entidade política: por isso, a validade da lei criadora, em face da Lei Fundamental, pode ser
questionada por ação direta de inconstitucionalidade: precedentes. II. Norma constitucional de
eficácia limitada, porque dependente de complementação infraconstitucional, tem, não obstante,
em linha de princípio e sempre que possível, a imediata eficácia negativa de revogar as regras
preexistentes que sejam contrárias. III. Município: criação: EC 15/96: plausibilidade da argüição
de inconstitucionalidade da criação de municípios desde a sua promulgação e até que lei
complementar venha a implementar sua eficácia plena, sem prejuízo, no entanto, da imediata
revogação do sistema anterior. É certo que o novo processo de desmembramento de municípios,
conforme a EC 15/96, ficou com a sua implementação sujeita à disciplina por lei complementar,
pelo menos no que diz com o Estudo de Viabilidade Municipal, que passou a reclamar, e com a
forma de sua divulgação anterior ao plebiscito. É imediata, contudo, a eficácia negativa da nova
regra constitucional, de modo a impedir - de logo e até que advenha a lei complementar - a
instauração e a conclusão de processos de emancipação em curso. Dessa eficácia imediata só se
subtraem os processos já concluídos, com a lei de criação de novo município. No modelo
federativo brasileiro - no ponto acentuado na Constituição de 1988 - os temas alusivos ao
Município, a partir das normas atinentes à sua criação, há muito não constituem - ao contrário do
que, na Primeira República, pudera sustentar Castro Nunes (Do Estado Federado e sua
Organização Municipal, 2ª ed., Câmara dos Deputados, 1982, passim) - uma questão de interesse
privativo do Estado-membro. Ente da Federação (CF, art. 18), que recebe diretamente da
Constituição Federal numerosas competências comuns (art. 23) ou exclusivas (art. 30) - entre elas
a de instituir e arrecadar tributos de sua área demarcada na Lei Fundamental (art. 156) - além de
direito próprio de participação no produto de impostos federais e estaduais (art. 157-162) - o
Município, seu regime jurídico e as normas regentes de sua criação interessam não apenas ao
Estado- membro, mas à estrutura do Estado Federal total. IV. Poder de emenda constitucional:
limitação material: forma federativa do Estado (CF, art. 60, § 4º, I): implausibilidade da alegação
de que seja tendente a abolir a Federação a EC 15/96, no que volta a reclamar a interferência
normativa da União na disciplina do processo de criação de municípios. Nesse contexto, o recuo
da EC 15/96 - ao restabelecer, em tópicos específicos, a interferência refreadora da legislação
complementar federal - não parece ter atingido, em seu núcleo essencial, a autonomia dos
Estados-membros, aos quais - satisfeitas as exigências mínimas de consulta a toda a população do
Município ou municípios envolvidos, precedida de estudo prévio de viabilidade da entidade local
que se pretende erigir em município - permaneceu reservada a decisão política concreta. V.
Razões de conveniência do deferimento da medida cautelar. Afigurando-se extremamente
provável o julgamento final pela procedência da ação direta contra a lei de criação de Município
impugnada, o mais conveniente é o deferimento da liminar - restabelecendo a situação anterior à
sua instalação -, pois o curso do tempo fará ainda mais traumática a decisão prenunciada.

Item 16

AG. REG. EM RECURSO EXTRAORDINARIO- AGRRE-248116/RS


Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Rel. Acórdão
Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-28-04-00 PP-00091 EMENT VOL-01988-08 PP-01637
Julgamento: 23/11/1999 - Segunda Turma
TAXA DE JUROS REAIS - LIMITE FIXADO EM 12% A.A. (CF, ART. 192, § 3º) - NORMA
CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADA - IMPOSSIBILIDADE DE SUA
APLICAÇÃO IMEDIATA - NECESSIDADE DA EDIÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR
EXIGIDA PELO TEXTO CONSTITUCIONAL - APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO
ANTERIOR À CF/88 - RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. - A regra inscrita no art. 192, § 3º,
da Carta Política - norma constitucional de eficácia limitada - constitui preceito de integração que
19
reclama, em caráter necessário, para efeito de sua plena incidência, a mediação legislativa
concretizadora do comando nela positivado. Ausente a lei complementar reclamada pela
Constituição, não se revela possível a aplicação imediata da taxa de juros reais de 12% a.a.
prevista no art. 192, § 3º, do texto constitucional.

Item 17

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-185944/ES


Relator(a): Min. MARCO AURELIO
Publicação: DJ DATA-07-08-98 PP-00042 EMENT VOL-01917-04 PP-00790
Julgamento: 17/04/1998 - Segunda Turma

GREVE - SERVIDOR PÚBLICO - PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO. Se de um lado


considera-se o inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal como de eficácia limitada
(Mandado de Injunção nº 20-4/DF, Pleno, Relator Ministro Celso de Mello, Diário da Justiça de
22 de novembro de 1996, Ementário nº 1.851-01), de outro descabe ver transgressão ao aludido
preceito constitucional, no que veio a ser concedida a segurança, para pagamento de
vencimentos, em face de a própria Administração Pública haver autorizado a paralisação, uma
vez tomadas medidas para a continuidade do serviço.

5. Métodos de interpretação constitucional

Hermenêutica jurídica é um domínio teórico, especulativo, cujo objeto é a formulação, o estudo e


a sistematização dos princípios e regras de interpretação do direito.

Interpretação é a atividade prática de revelar o conteúdo, o significado e o alcance de uma norma,


tendo por finalidade fazê-la incidir em um caso concreto.

Construção significa tirar conclusões a respeito de matérias que estão fora e além das expressões
contidas no texto e dos fatores nele considerados. São conclusões que se colhem no espírito, não
na letra da norma.

Aplicação é o momento final do processo interpretativo, sua concretização, pela efetiva


incidência do preceito sobre a realidade de fato.

Integração é o processo de preenchimento de eventuais vazios normativos. Existe controvérsia


acerca da existência de lacunas constitucionais.

Os cinco conceitos acima alinhados são da lavra de Luís Roberto Barroso.

Peculiaridades das normas constitucionais:

(a) superioridade hierárquica: nenhum ato jurídico pode subsistir validamente no âmbito do
Estado em conflito com a Constituição;

(b) natureza da linguagem: apresentam maior abertura ou abstração e menor densidade jurídica na
medida em que são regras principiológicas e esquemáticas. Geram uma indispensável operação
de concretização (liberdade de conformação, discricionariedade);

20
(c) conteúdo específico: ao veicular normas de organização, programáticas, valores a serem
preservados e fins a serem alcançados. Distanciam-se da estrutura típica das normas jurídicas
(ordens e proibições);

(d) caráter político: veiculam as decisões fundamentais em relação à organização política da vida
em sociedade (esforço de juridicização do fenômeno político).

Interpretação quanto à origem. Pode ser legislativa, administrativa ou judicial. Alguns


acrescentam a interpretação doutrinária.

A doutrina e a jurisprudência reconhecem que o Poder Executivo pode deixar de aplicar os atos
legislativos que considere inconstitucionais. A interpretação judicial apesar de final e vinculante
para os outros Poderes pode ser superada pela alteração do texto da própria Constituição.

Item 18

ADIMC-221 / DF
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-22-10-93 PP-22251 EMENT VOL-01722-01 PP-00028
Julgamento: 29/03/1990 - TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONA LIDADE. MEDIDA PROVISORIA.


REVOGACAO. PEDIDO DE LIMINAR. - POR SER A MEDIDA PROVISORIA ATO
NORMATIVO COM FORCA DE LEI, NAO E ADMISSIVEL SEJA RETIRADA DO
CONGRESSO NACIONAL A QUE FOI REMETIDA PARA O EFEITO DE SER, OU NAO,
CONVERTIDA EM LEI. - EM NOSSO SISTEMA JURIDICO, NAO SE ADMITE
DECLARACAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU DE ATO NORMATIVO COM
FORCA DE LEI POR LEI OU POR ATO NORMATIVO COM FORCA DE LEI
POSTERIORES. O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI OU DOS ATOS
NORMATIVOS E DA COMPETENCIA EXCLUSIVA DO PODER JUDICIARIO. OS
PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO, POR SUA CHEFIA - E ISSO MESMO TEM SIDO
QUESTIONADO COM O ALARGAMENTO DA LEGITIMACAO ATIVA NA ACAO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE -, PODEM TAO-SO DETERMINAR AOS SEUS ORGAOS
SUBORDINADOS QUE DEIXEM DE APLICAR ADMINISTRATIVAMENTE AS LEIS OU
ATOS COM FORCA DE LEI QUE CONSIDEREM INCONSTITUCIONAIS. - A MEDIDA
PROVISORIA N. 175, POREM, PODE SER INTERPRETADA (INTERPRETACAO
CONFORME A CONSTITUICAO) COMO AB-ROGATORIA DAS MEDIDAS PROVISORIAS
N.S. 153 E 156. SISTEMA DE AB-ROGACAO DAS MEDIDAS PROVISORIAS DO DIREITO
BRASILEIRO. - REJEICAO, EM FACE DESSE SISTEMA DE AB-ROGACAO, DA
PRELIMINAR DE QUE A PRESENTE ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
ESTA PREJUDICADA, POIS AS MEDIDAS PROVISORIAS N.S. 153 E 156, NESTE
MOMENTO, SO ESTAO SUSPENSAS PELA AB-ROGACAO SOB CONDICAO
RESOLUTIVA, AB-ROGACAO QUE SO SE TORNARA DEFINITIVA SE A MEDIDA
PROVISORIA N. 175 VIER A SER CONVERTIDA EM LEI. E ESSA SUSPENSAO,
PORTANTO, NAO IMPEDE QUE AS MEDIDAS PROVISORIAS SUSPENSAS SE
REVIGOREM, NO CASO DE NAO CONVERSAO DA AB-ROGANTE. - O QUE ESTA
PREJUDICADO, NESTE MOMENTO EM QUE A AB-ROGACAO ESTA EM VIGOR, E O
PEDIDO DE CONCESSAO DE LIMINAR, CERTO COMO E QUE ESSA CONCESSAO SO
TEM EFICACIA DE SUSPENDER "EX NUNC" A LEI OU ATO NORMATIVO
IMPUGNADO. E, EVIDENTEMENTE, NAO HA QUE SE EXAMINAR, NESTE INSTANTE,
21
A SUSPENSAO DO QUE JA ESTA SUSPENSO PELA AB-ROGACAO DECORRENTE DE
OUTRA MEDIDA PROVISORIA EM VIGOR. PEDIDO DE LIMINAR JULGADO
PREJUDICADO "SI ET IN QUANTUM".

Item 19

Art. 155, §2o., inciso IX (ICMS):

- incidirá também:

a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda quando se tratar de bem destinado a
consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no exterior,
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário da mercadoria
ou do serviço;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 11/12/2001:

a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica,
ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;

Interpretação quanto aos resultados ou à extensão. Pode ser declaratória, extensiva ou restritiva.

Há certa convergência em torno das premissas de que as regras gerais, as que estabelecem
benefícios, as punitivas e as de natureza fiscal são interpretadas restritivamente. Por outro lado, as
que asseguram direitos, estabelecem garantias e fixam prazos são interpretadas extensivamente.

Item 20

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-179193/PE


Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Rel. Acórdão: Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-19-10-01 PP-00048 EMENT VOL-02048-02 PP-00396
Julgamento: 18/12/1996 - Tribunal Pleno

Recurso extraordinário. Dispensa de emprego. Adoção, dentre outros critérios de dispensa pela
necessidade de reduzir seu quadro, da idade de 65 anos por terem os empregados com essa idade
direito a aposentadoria independentemente de tempo de serviço, o que não acontece com os de
idade mais baixa. - Impossibilidade de se levar em consideração, no julgamento deste recurso
extraordinário, a Lei 9.029/95, não só porque o artigo 462 do C.P.C. não se aplica quando a
superveniência da norma legal ocorre já no âmbito desse recurso, mas também porque, além de
haver alteração no pedido, existiria aplicação retroativa da citada Lei. - Inexistência de ofensa ao
artigo 7º, XXX, da Constituição, que nem por interpretação extensiva, nem por aplicação
analógica, se aplica à hipótese de dispensa de emprego que tem tratamento específico, no tocante
a despedida discriminatória, no inciso I desse mesmo artigo 7º que dá proteção contra ela
proteção essa provisoriamente disciplinada nos incisos I e II do artigo 10 do ADCT, que não é
norma de exceção, mas, sim, de transição. - Não estabeleceu a Constituição de 1988 qualquer
exceção expressa que conduzisse à estabilidade permanente, nem é possível admiti-la por
22
interpretação extensiva ou por analogia, porquanto, como decorre, inequivocamente do inciso I
do artigo 7º da Constituição a proteção que ele dá à relação de emprego contra despedida
arbitrária ou sem justa causa é a indenização compensatória que a lei complementar terá
necessariamente que prever, além de outros direitos que venha esta a estabelecer, exceto,
evidentemente, o de estabilidade permanente ou plena que daria margem a um bis in idem
inadmissível com a indenização compensatória como aliás se vê da disciplina provisória que se
encontra nos incisos I e II do artigo 10 do ADCT. Recurso extraordinário não conhecido.

Item 21

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-87099/SP


Relator(a): Min. LEITAO DE ABREU
Publicação: DJ DATA-31-03-78 PG-01832 EMENT VOL-01089-03 PG-00933
Julgamento: 14/02/1978 - SEGUNDA TURMA

CORRECAO MONETARIA NA REPETICAO DE INDEBITO FISCAL. E DEVIDA, SEJA


POR VIA DE INTERPRETACAO EXTENSIVA, SEJA POR APLICACAO ANALOGICA
(CTN, ARTIGO 108, I), QUANDO PREVISTA EM LEI PARA O CASO EM QUE O
CONTRIBUINTE, AO INVES DE PAGAR PARA REPETIR, DEPOSITA PARA DISCUTIR.
RECURSO EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

Item 22

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-41846


Relator(a): Min. CANDIDO MOTTA
Publicação: ADJ DATA-08-02-60 PG-00334 EMENT VOL-00399-03 PG-01046
Julgamento: 23/07/1959 - PRIMEIRA TURMA

CONTAGEM DE TEMPO DE SERVICO PARA OS EFEITOS DE DISPONIBILIDADE E


APOSENTADORIA. NAO CABE A INTERPRETACAO EXTENSIVA DE TEXTOS
CONSTITUCIONAIS.

Item 23

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-41460


Relator(a): Min. ROCHA LAGOA
Publicação: ADJ DATA-21-03-60 PG-00708 ADJ DATA-17-09-62 PG-00414 EMENT VOL-
00416 PG-00268 EMENT VOL-00483-03 PG-00880
Julgamento: 21/07/1959 - SEGUNDA TURMA

CONTRATOS COM AS AUTARQUIAS - A ISENCAO D O PAGAMENTO DO IMPOSTO DE


SELO ESTABELECIDA PELO PRECEITO CONSTITUCIONAL NAO SE ESTENDE A
ESSES CONTRATOS, POR INADMISSIVEL A INTERPRETACAO EXTENSIVA DAS
NORMAS EXCEPCIONAIS DE DIREITO TRIBUTARIO.

Item 24

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-37986


Relator(a): Min. CANDIDO MOTTA
Publicação: DJ DATA-12-06-58 PG-08144 EMENT VOL-00343-03 PG-00906
Julgamento: 08/05/1958 - PRIMEIRA TURMA

23
A PALAVRA IMPORTACAO TEM SIGNIFICADO PROPRIO NO DIREITO FISCAL E NAO
PODE SUBORDINAR-SE A INTERPRETACOES EXTENSIVAS. VENDA DE NAVIO
REFUGIADO EM PORTO BRASILEIRO.

Item 25

AGRAVO DE INSTRUMENTO OU DE PETICAO .- AG-18024/DF


Relator(a): Min. CANDIDO MOTTA
Publicação: DJ DATA-06-12-56 EMENT VOL-00282-01 PG-01965
Julgamento: 30/08/1956 - PRIMEIRA TURMA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. NAO CABE, NAO HAVENDO VIOLACAO DE LEI


FEDERAL E DISSIDIO JURISPRUDENCIAL. NAO HA INTERPRETACAO EXTENSIVA DA
LEI DE FAVOR.

Item 26

HABEAS CORPUS- HC-76203/SP


Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Rel. Acórdão: Min. NELSON JOBIM
Publicação: DJ DATA-17-11-00 PP-00010 EMENT VOL-02012-01 PP-00080
Julgamento: 16/06/1998 - Segunda Turma

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. ESCUTA TELEFÔNICA. OUTROS MEIOS DE


PROVA. LICITUDE. Escuta telefônica que não deflagra ação penal, não é causa de
contaminação do processo. Não há violação ao direito à privacidade quando ocorre apreensão de
droga e prisão em flagrante de traficante. Interpretação restritiva do princípio da árvore dos frutos
proibidos. Habeas corpus indeferido.

Item 27

RECURSO DE MANDADO DE SEGURANCA- RMS-10004/GB


Relator(a): Min. ADALICIO NOGUEIRA
Publicação: EMENT VOL-00650-01 PG-00038 RTJ VOL-00036-03 PG-00328
Julgamento: 15/03/1966 - TRIBUNAL PLENO

AS LEIS CONCESSIVAS DE ISENCOES TRIBUTARIAS DEVEM SER


RESTRITIVAMENTE INTERPRETADAS. RECURSO, A QUE SE NEGOU PROVIMENTO.

Métodos clássicos de interpretação:

(a) gramatical ou literal: considera o conteúdo semântico (o sentido possível) das palavras. O
apego extremo ao texto pode conduzir à injustiça, à fraude ou ao ridículo.

As palavras empregadas na Constituição devem ser entendidas em seu sentido geral e comum, a
menos que resulte claramente de seu texto que o constituinte pretendeu referir-se ao seu sentido
técnico-jurídico (Linares Quintana).

As dificuldades da interpretação constitucional aumentam na presença de termos polissêmicos e


conceitos indeterminados.

24
Item 28

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-67843/DF


Relator(a): Min. LUIZ GALLOTTI
Publicação: DJ DATA-09-10-70 EMENT VOL-00814-01 PG-00215 RTJ VOL-00054-03 PG-
00610
Julgamento: 20/05/1970 - TRIBUNAL PLENO

INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1. DO DECRETO-LEI 246, DE 28 DE FEVEREIRO


DE 1967, SOBRE ORGANIZACAO JUDICIARIA DO DISTRITO FEDERAL, UMA VEZ
QUE NAO HOUVE PROPOSTA DO TRIBUNAL DE JUSTICA E NAO HAVIA DECORRIDO
O PRAZO DE CINCO ANOS. PERIGOS DA INTERPRETACAO LITERAL, QUE FERRARA
CONSIDERA, ENTRE TODAS, A MENOS CATEGORIZADA. A APRECIACAO JUDICIAL
PROIBIDA PELO ART. 173, N. III DA CONSTITUICAO DE 1967, NAO ABRANGE OS
DECRETOS-LEIS BAIXADOS PELO PRESIDENTE DA REPUBLICA DURANTE O
RECESSO DO CONGRESSO. O PODER LEGISLATIVO CONFERIDO AO PRESIDENTE,
DURANTE O RECESSO DO CONGRESSO, E O MESMO QUE A ESTE CABIA. ORA, O
CONGRESSO NAO PODE VOTAR LEIS CONTRA A CONSTITUICAO. DO MESMO
MODO, NAO PODERA O PRESIDENTE, QUANDO SUBSTITUI O CONGRESSO, QUE
ESTA EM RECESSO. A LEI DE ORGANIZACAO JUDICIARIA DO DISTRITO FEDERAL,
EMBORA FEDERAL POR SUA ORIGEM, E LOCAL, POR SUA NATUREZA. RECURSO
EXTRAORDINARIO NAO CONHECIDO.

Item 29

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-54896


Relator(a): Min. EVANDRO LINS
Publicação: DJ DATA-27-05-64
Julgamento: 02/04/1964 - PRIMEIRA TURMA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO PREPONENTE. E PRESUMIDA EM CASO DE CULPA
DO PREPOSTO, CONFORME JURISPRUDENCIA SOLIDA E INCONTROVERSA DOS
TRIBUNAIS DO PAIS, NAO SE LHE OPONDO A INTERPRETACAO LITERAL DO ART.
1523 DO CODIGO CIVIL. RECURSO EXTRAORDINARIO NAO CONHECIDO.

(b) histórica: busca o sentido da lei através dos precedentes legislativos e dos trabalhos
preparatórios.

Apesar das críticas ao método histórico, ele desempenha um papel destacado na interpretação
constitucional.

Item 30

ADIMC-2176 / RJ
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-09-06-00 PP-00022 EMENT VOL-01994-01 PP-00048
Julgamento: 11/05/2000 - Tribunal Pleno
25
I. Contribuição previdenciária: incidência sobre proventos da inatividade e pensões de servidores
públicos (L. est. 13.309/99, do Rio de Janeiro): densa plausibilidade da argüição da sua
inconstitucionalidade, sob a EC 20/98, já afirmada pelo Tribunal (ADnMC 2.010, 29.9.99). 1.
Reservado para outra oportunidade o exame mais detido de outros argumentos, é inequívoca, ao
menos, a plausibilidade da argüição de inconstitucionalidade da norma local questionada,
derivada da combinação, na redação da EC 20/98, do novo art. 40, § 12, com o art. 195, II, da
Constituição Federal, e reforçada pela análise do processo legislativo da recente reforma
previdenciária, no qual reiteradamente derrotada, na Câmara dos Deputados, a proposta de
sujeição de aposentados e pensionistas do setor público à contribuição previdenciária. 2. O art.
195, § 4º, parece não legitimar a instituição de contribuições sociais sobre fontes que a
Constituição mesma tornara imunes à incidência delas; de qualquer sorte, se o autorizasse, no
mínimo, sua criação só se poderia fazer por lei complementar. 3. Aplica-se aos Estados e
Municípios a afirmação da plausibilidade da argüição questionada: análise e evolução do
problema. 4. Precedentes.

(c) sistemática: procura o sentido da norma nas suas relações com as demais (formação de um
todo, de um sistema).

Item 31

RE-215267/SP - RECURSO EXTRAORDINARIO


Relator(a): Min. ELLEN GRACIE
Publicação: DJ DATA-25-05-01 PP-00019 EMENT VOL-02032-05 PP-00977
Julgamento: 24/04/2001 - Primeira Turma

Ao estrangeiro, residente no exterior, também é assegurado o direito de impetrar mandado de


segurança, como decorre da interpretação sistemática dos artigos 153, caput, da Emenda
Constitucional de 1969 e do 5º., LIX da Constituição atual. Recurso extraordinário não
conhecido.

(d) teleológica: procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visado pelo ordenamento
com a sua edição.

Item 32

AGRAG-168149/RS - AG. REG. EM AG. DE INST. OU DE PETICAO


Relator(a): Min. MARCO AURELIO
Publicação: DJ DATA-04-08-95 PP-22520 EMENT VOL-01794-19 PP-03994
Julgamento: 26/06/1995 - SEGUNDA TURMA

INCONSTITUCIONALIDADE - INCIDENTE - DESLOCAMENTO DO PROCESSO PARA O


ORGAO ESPECIAL OU PARA O PLENO - DESNECESSIDADE. Versando a controversia
sobre ato normativo ja declarado inconstitucional pelo guardiao maior da Carta Politica da
Republica - o Supremo Tribunal Federal - descabe o deslocamento previsto no artigo 97 do
26
referido Diploma maior. O julgamento de plano pelo orgao fracionado homenageia nao so a
racionalidade, como tambem implica interpretacao teleologica do artigo 97 em comento, evitando
a burocratizacao dos atos judiciais no que nefasta ao principio da economia e da celeridade. A
razao de ser do preceito esta na necessidade de evitar-se que orgaos fracionados apreciem, pela
vez primeira, a pecha de inconstitucionalidade arguida em relacao a um certo ato normativo.

Item 33

RE-217233/RJ - RECURSO EXTRAORDINARIO


Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO
Rel. Acórdão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-14-09-01 PP-00062 EMENT VOL-02043-03 PP-00612
Julgamento: 14/08/2001 - Primeira Turma

Imunidade tributária do patrimônio das instituições de educação, sem fins lucrativos (fundação
autárquica mantenedora de universidade federal) (CF, art. 150, VI, c): sua aplicabilidade de modo
a preexcluir a incidência do IPTU sobre imóvel de propriedade da entidade imune, ainda quando
alugado a terceiro, sempre que a renda dos aluguéis seja aplicada em suas finalidades
institucionais.

Da aplicação dos diversos métodos pode resultar uma convergência ou uma divergência de
resultados. Na última hipótese, duas diretrizes devem ser observadas: (a) os limites e
possibilidades do texto e (b) os métodos objetivos (sistemático e teleológico) têm preferência
sobre os métodos subjetivos (como o histórico).

6. Princípios de interpretação constitucional

6.1. Sentido da palavra "princípio"

Os princípios são a síntese dos valores mais relevantes da ordem jurídica. São verdadeiras normas
jurídicas, ao lado das regras ou disposições. Podem ser: (a) fundamentais; (b) gerais e (c) setoriais
ou especiais.

6.2. Supremacia da Constituição

Toda interpretação constitucional se assenta no pressuposto da supremacia jurídica da


Constituição sobre os demais atos normativos no âmbito do Estado. Por força da supremacia
constitucional, nenhum ato jurídico, nenhuma manifestação de vontade pode subsistir
validamente se for incompatível com a Lei Fundamental. Na prática brasileira, já demonstramos
em outra parte, no momento da entrada em vigor de uma nova Carta, todas as normas anteriores
com ela contrastantes ficam revogadas. E as normas editadas posteriormente à sua vigência, se
contravierem os seus termos, devem ser declaradas nulas. A supremacia da Constituição
manifesta-se, igualmente, em relação aos atos internacionais que devam produzir efeitos em
território nacional (Luís Roberto Barroso).

Item 34

27
ADIMC-293/DF - ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA
CAUTELAR
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-16-04-93 PP-06429 EMENT VOL-01699-01 PP-00009
Julgamento: 06/06/1990 - TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONA LIDADE - MEDIDA PROVISORIA -


CONSTITUICAO FEDERAL (ART. 62) - NATUREZA JURIDICA - COMPETENCIA
NORMATIVA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA - LIMITACOES CONSTITUCIONAIS -
REEDICAO DE MEDIDA PROVISORIA REJEITADA PELO CONGRESSO NACIONAL -
SEPARACAO DE PODERES - SUPREMACIA DA ORDEM CONSTITUCIONAL -
NECESSIDADE DE SUA PRESERVACAO - MEDIDA PROVISORIA N. 190/90 - DISSIDIOS
COLETIVOS - PRESIDENTE DO T.S.T. - POSSIBILIDADE DE SUSPENSAO DA EFICACIA
DE SENTENCAS NORMATIVAS - REEDICAO CARACTERIZADA DE MEDIDA
PROVISORIA REJEITADA - LIMINAR CONCEDIDA. - AS MEDIDAS PROVISORIAS
CONFIGURAM, NO DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO BRASILEIRO, UMA
CATEGORIA ESPECIAL DE ATOS NORMATIVOS PRIMARIOS EMANADOS DO PODER
EXECUTIVO, QUE SE REVESTEM DE FORCA, EFICACIA E VALOR DE LEI. - COMO A
FUNCAO LEGISLATIVA ORDINARIAMENTE PERTENCE AO CONGRESSO NACIONAL,
QUE A EXERCE POR DIREITO PROPRIO, COM OBSERVANCIA DA ESTRITA
TIPICIDADE CONSTITUCIONAL QUE DEFINE A NATUREZA DAS ATIVIDADES
ESTATAIS, TORNA-SE IMPERIOSO ASSINALAR - E ADVERTIR - QUE A UTILIZACAO
DA MEDIDA PROVISORIA, POR CONSTITUIR EXCECAO DERROGATORIA DO
POSTULADO DA DIVISAO FUNCIONAL DO PODER, SUBORDINA-SE, EM SEU
PROCESSO DE CONVERSAO LEGISLATIVA, A VONTADE SOBERANA DO CONGRESSO
NACIONAL. - O QUE JUSTIFICA A EDICAO DAS MEDIDAS PROVISORIAS E A
EXISTENCIA DE UM ESTADO DE NECESSIDADE, QUE IMPOE AO PODER EXECUTIVO
A ADOCAO IMEDIATA DE PROVIDENCIAS DE CARATER LEGISLATIVO,
INALCANCAVEIS SEGUNDO AS REGRAS ORDINARIAS DE LEGIFERACAO, EM FACE
DO PROPRIO "PERICULUM IN MORA" QUE CERTAMENTE DECORRERIA DO ATRASO
CONCRETIZACAO DA PRESTACAO LEGISLATIVA. - A PLENA SUBMISSAO DAS
MEDIDAS PROVISORIAS AO CONGRESSO NACIONAL CONSTITUI EXIGENCIA QUE
DECORRE DO PRINCIPIO DA SEPARACAO DE PODERES. O CONTEUDO JURIDICO
QUE ELAS VEICULAM SOMENTE ADQUIRIRA ESTABILIDADE NORMATIVA, A
PARTIR DO MOMENTO EM QUE - OBSERVADA A DISCIPLINA RITUAL DO
PROCEDIMENTO DE CONVERSAO EM LEI - HOUVER PRONUNCIAMENTO
FAVORAVEL E AQUIESCENTE DO UNICO ORGAO CONSTITUCIONALMENTE
INVESTIDO DO PODER ORDINARIO DE LEGISLAR, QUE E O CONGRESSO
NACIONAL. - ESSA MANIFESTACAO DO PODER LEGISLATIVO E NECESSARIA, E
INSUBSTITUIVEL E E INSUPRIMIVEL. POR ISSO MESMO, AS MEDIDAS
PROVISORIAS, COM A SUA PUBLICACAO NO DIARIO OFICIAL, SUBTRAEM-SE AO
PODER DE DISPOSICAO DO PRESIDENTE DA REPUBLICA E GANHAM, EM
CONSEQUENCIA, AUTONOMIA JURIDICA ABSOLUTA, DESVINCULANDO-SE, NO
PLANO FORMAL, DA AUTORIDADE QUE AS INSTITUIU. - A EDICAO DE MEDIDA
PROVISORIA GERA DOIS EFEITOS IMEDIATOS. O PRIMEIRO EFEITO E DE ORDEM
NORMATIVA, EIS QUE A MEDIDA PROVISORIA - QUE POSSUI VIGENCIA E EFICACIA
IMEDIATAS - INOVA, EM CARATER INAUGURAL, A ORDEM JURIDICA. O SEGUNDO
EFEITO E DE NATUREZA RITUAL, EIS QUE A PUBLICACAO DA MEDIDA PROVISORIA
ATUA COMO VERDADEIRA "PROVOCATIO AD AGENDUM", ESTIMULANDO O
CONGRESSO NACIONAL A INSTAURAR O ADEQUADO PROCEDIMENTO DE
CONVERSAO EM LEI. - A REJEICAO PARLAMENTAR DE MEDIDA PROVISORIA - OU
DE SEU PROJETO DE CONVERSAO -, ALEM DE DESCONSTITUIR-LHE "EX TUNC" A
EFICACIA JURIDICA, OPERA UMA OUTRA RELEVANTE CONSEQUENCIA DE ORDEM
28
POLITICO-INSTITUCIONAL, QUE CONSISTE NA IMPOSSIBILIDADE DE O
PRESIDENTE DA REPUBLICA RENOVAR ESSE ATO QUASE-LEGISLATIVO, DE
NATUREZA CAUTELAR. MODIFICACOES SECUNDARIAS DE TEXTO, QUE EM NADA
AFETAM OS ASPECTOS ESSENCIAIS E INTRINSECOS DA MEDIDA PROVISORIA
EXPRESSAMENTE REPUDIADA PELO CONGRESSO NACIONAL, CONSTITUEM
EXPEDIENTES INCAPAZES DE DESCARACTERIZAR A IDENTIDADE TEMATICA QUE
EXISTE ENTRE O ATO NAO CONVERTIDO EM LEI E A NOVA MEDIDA PROVISORIA
EDITADA. - O PODER ABSOLUTO EXERCIDO PELO ESTADO, SEM QUAISQUER
RESTRICOES E CONTROLES, INVIABILIZA, NUMA COMUNIDADE ESTATAL
CONCRETA, A PRATICA EFETIVA DAS LIBERDADES E O EXERCICIO DOS DIREITOS E
GARANTIAS INDIVIDUAIS OU COLETIVOS. E PRECISO RESPEITAR, DE MODO
INCONDICIONAL, OS PARAMETROS DE ATUACAO DELINEADOS NO TEXTO
CONSTITUCIONAL. - UMA CONSTITUICAO ESCRITA NAO CONFIGURA MERA PECA
JURIDICA, NEM E SIMPLES ESCRITURA DE NORMATIVIDADE E NEM PODE
CARACTERIZAR UM IRRELEVANTE ACIDENTE HISTORICO NA VIDA DOS POVOS E
DAS NACOES. TODOS OS ATOS ESTATAIS QUE REPUGNEM A CONSTITUICAO
EXPOEM-SE A CENSURA JURIDICA - DOS TRIBUNAIS, ESPECIALMENTE - PORQUE
SAO IRRITOS, NULOS E DESVESTIDOS DE QUALQUER VALIDADE. - A
CONSTITUICAO NAO PODE SUBMETER-SE A VONTADE DOS PODERES
CONSTITUIDOS E NEM AO IMPERIO DOS FATOS E DAS CIRCUNSTANCIAS. A
SUPREMACIA DE QUE ELA SE REVESTE - ENQUANTO FOR RESPEITADA -
CONSTITUIRA A GARANTIA MAIS EFETIVA DE QUE OS DIREITOS E AS LIBERDADES
NAO SERAO JAMAIS OFENDIDOS. AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL INCUMBE A
TAREFA, MAGNA E EMINENTE, DE VELAR POR QUE ESSA REALIDADE NAO SEJA
DESFIGURADA.

6.3. Presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público

O intérprete e o aplicador do direito devem observar duas premissas básicas: (a) não sendo
evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se
considerar a norma válida, deve o órgão competente abster-se da declaração de
inconstittucionalidade e (b) havendo alguma interprtação possível que permita afirmar-se a
compatibilidade da norma com a Constituição, em meio a outras que carreavam para ela um juízo
de invalidade, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em
vigor.

Fundamentos constitucionais explícitos: (a) art. 97 e (b) art. 103, §3o.

Item 35

ADIMCA-1254/RJ - AG. REG. EM MEDIDA CAUTELAR EM ACAO DIRETA DE INCONST.


Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-19-09-97 PP-45530 EMENT VOL-01883-01 PP-00112
Julgamento: 14/08/1996 - TRIBUNAL PLENO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUC IONALIDADE - PROCESSO DE CARÁTER OBJETIVO


- INCLUSÃO DE ENTIDADE PRIVADA NO PÓLO PASSIVO DA RELAÇÃO PROCESSUAL
- INADMISSIBILIDADE - TUTELA DE SITUAÇÕES SUBJETIVAS E INDIVIDUAIS -
INCOMPATIBILIDADE COM A NATUREZA ABSTRATA DO CONTROLE NORMATIVO -
29
FUNÇÃO CONSTITUCIONAL DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO - AGRAVO
IMPROVIDO ENTIDADES PRIVADAS NÃO PODEM FIGURAR NO PÓLO PASSIVO DO
PROCESSO DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - O caráter
necessariamente estatal do ato suscetível de impugnação em ação direta de inconstitucionalidade
exclui a possibilidade de intervenção formal de mera entidade privada no pólo passivo da relação
processual. Precedente. O CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO CONSTITUI PROCESSO
DE NATUREZA OBJETIVA - A importância de qualificar o controle normativo abstrato de
constitucionalidade como processo objetivo - vocacionado, exclusivamente, à defesa, em tese, da
harmonia do sistema constitucional - encontra apoio na própria jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, que, por mais de uma vez, já enfatizou a objetividade desse instrumento de
proteção "in abstracto" da ordem constitucional. Precedentes. Admitido o perfil objetivo que
tipifica a fiscalização abstrata de constitucionalidade, torna-se essencial concluir que, em regra,
não se deve reconhecer, como pauta usual de comportamento hermenêutico, a possibilidade de
aplicação sistemática, em caráter supletivo, das normas concernentes aos processos de índole
subjetiva, especialmente daquelas regras meramente legais que disciplinam a intervenção de
terceiros na relação processual. Precedentes. NÃO SE DISCUTEM SITUAÇÕES
INDIVIDUAIS NO PROCESSO DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO - Não se
discutem situações individuais no âmbito do controle abstrato de normas, precisamente em face
do caráter objetivo de que se reveste o processo de fiscalização concentrada de
constitucionalidade. O círculo de sujeitos processuais legitimados a intervir na ação direta de
inconstitucionalidade revela-se extremamente limitado, pois nela só podem atuar aqueles agentes
ou instituições referidos no art. 103 da Constituição, além dos órgãos de que emanaram os atos
normativos questionados. - A tutela jurisdicional de situações individuais - uma vez suscitada
controvérsia de índole constitucional - há de ser obtida na via do controle difuso de
constitucionalidade, que, supondo a existência de um caso concreto, revela-se acessível a
qualquer pessoa que disponha de legítimo interesse (CPC, art. 3º). FUNÇÃO
CONSTITUCIONAL DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO - A função processual do
Advogado-Geral da União, nos processos de controle de constitucionalidade por via de ação, é
eminentemente defensiva. Ocupa, dentro da estrutura formal desse processo objetivo, a posição
de órgão agente, posto que lhe não compete opinar e nem exercer a função fiscalizadora já
atribuída ao Procurador-Geral da República. Atuando como verdadeiro curador (defensor legis)
das normas infraconstitucionais, inclusive daquelas de origem estadual, e velando pela
preservação de sua presunção de constitucionalidade e de sua integridade e validez jurídicas no
âmbito do sistema de direito, positivo, não cabe ao Advogado-Geral da União, em sede de
controle normativo abstrato, ostentar posição processual contrária ao ato estatal impugnado, sob
pena de frontal descumprimento do "munus" indisponível que lhe foi imposto pela própria
Constituição da República. Precedentes.

6.4. Interpretação conforme a Constituição

O processo de interpretação conforme a Constituição pressupõe: (a) escolha de uma, somente


uma, interpretação, entre várias, em harmonia com a Constituição; (b) buscar encontrar um
sentido possível para a norma, que não é o mais evidente e (c) exclusão de outra ou outras
interpretações possíveis. A interpretação pode utilizar a via extensiva ou restrita, entretanto, o
texto normativo permanece íntegro.

O processo encontra limites. Não é possível torcer o sentido das palavras nem alterar a clara
intenção do legislador.

Difere da declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto porque esta exclui algumas
interpretações admitindo que quaisquer outras são constitucionais.
30
Item 36

RP-1417/DF - REPRESENTACAO
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-15-04-88 PG-08397 EMENT VOL-01497-01 PG-00072
Julgamento: 09/12/1987 - TRIBUNAL PLENO

REPRESENTACAO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO PARAGRAFO 3 DO ARTIGO 65


DA LEI ORGANICA DA MAGISTRATURA NACIONAL, INTRODUZIDO PELA LEI
COMPLEMENTAR N. 54/86. - O PRINCIPIO DA INTERPRETACAO CONFORME A
CONSTITUICAO (VERFASSUNGSKONFORME AUSLEGUNG) E PRINCIPIO QUE SE
SITUA NO AMBITO DO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE, E NAO APENAS
SIMPLES REGRA DE INTERPRETACAO. A APLICACAO DESSE PRINCIPIO SOFRE,
POREM, RESTRICOES, UMA VEZ QUE, AO DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE
DE UMA LEI EM TESE, O S.T.F. - EM SUA FUNCAO DE CORTE CONSTITUCIONAL -
ATUA COMO LEGISLADOR NEGATIVO, MAS NAO TEM O PODER DE AGIR COMO
LEGISLADOR POSITIVO, PARA CRIAR NORMA JURIDICA DIVERSA DA INSTITUIDA
PELO PODER LEGISLATIVO. POR ISSO, SE A UNICA INTERPRETACAO POSSIVEL
PARA COMPATIBILIZAR A NORMA COM A CONSTITUICAO CONTRARIAR O SENTIDO
INEQUIVOCO QUE O PODER LEGISLATIVO LHE PRETENDEU DAR, NAO SE PODE
APLICAR O PRINCIPIO DA INTERPRETACAO CONFORME A CONSTITUICAO, QUE
IMPLICARIA, EM VERDADE, CRIACAO DE NORMA JURIDICA, O QUE E PRIVATIVO
DO LEGISLADOR POSITIVO. - EM FACE DA NATUREZA E DAS RESTRICOES DA
INTERPRETACAO CONFORME A CONSTITUICAO, TEM-SE QUE, AINDA QUANDO ELA
SEJA APLICAVEL, O E DENTRO DO AMBITO DA REPRESENTACAO DE
INCONSTITUCIONALIDADE, NAO HAVENDO QUE CONVERTER-SE, PARA ISSO, ESSA
REPRESENTACAO EM REPRESENTACAO DE INTERPRETACAO, POR SEREM
INSTRUMENTOS QUE TEM FINALIDADE DIVERSA, PROCEDIMENTO DIFERENTE E
EFICACIA DISTINTA. - NO CASO, NAO SE PODE APLICAR A INTERPRETACAO
CONFORME A CONSTITUICAO POR NAO SE COADUNAR ESSA COM A FINALIDADE
INEQUIVOCAMENTE COLIMADA PELO LEGISLADOR, EXPRESSA LITERALMENTE
NO DISPOSITIVO EM CAUSA, E QUE DELE RESSALTA PELOS ELEMENTOS DA
INTERPRETACAO LOGICA. - O PARAGRAFO 3 DO ARTIGO 65 DA LEI
COMPLEMENTAR N. 35/79, ACRESCENTADO PELA LEI COMPLEMENTAR N. 54, DE
22.12.86, E INCONSTITUCIONAL, QUER NA ESFERA FEDERAL, QUER NA ESTADUAL.
VIOLACAO DOS ARTIGOS 57, II, 65 E 13, III E IV, BEM COMO SEU PARAGRAFO 1, DA
CARTA MAGNA. REPRESENTACAO QUE SE JULGA PROCEDENTE, PARA SE
DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE DO PARAGRAFO 3 DO ARTIGO 65 DA LEI
COMPLEMENTAR N. 35/79, INTRODUZIDO PELA LEI COMPLEMENTAR N. 54, DE
22.12.86.

Item 37

RE-121336/CE - RECURSO EXTRAORDINARIO


Relator(a): Min. SEPULVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-26-06-92 PP-10108 EMENT VOL-01667-03 PP-00482 RTJ VOL-00139-
02 PP-00624
Julgamento: 11/10/1990 - TRIBUNAL PLENO

31
"Emprestimo compulsorio". (Dl. 2.288/86, art. 10): incidencia na aquisicao de automoveis de
passeio, com resgate em quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento: inconstitucionalidade.
1. "Emprestimo compulsorio, ainda que compulsorio, continua emprestimo" (Victor Nunes Leal):
utilizando-se, para definir o instituto de Direito Publico, do termo emprestimo, posto que
compulsorio - obrigacao "ex lege" e nao contratual-, a Constituicao vinculou o legislador a
essencialidade da restituicao na mesma especie, seja por forca do principio explicito do art. 110
Codigo Tributario Nacional, seja porque a identidade do objeto das prestacoes reciprocas e
indissociavel da significacao juridica e vulgar do vocabulo empregado. Portanto, nao e
emprestimo compulsorio, mas tributo, a imposicao de prestacao pecuniaria para receber, no
futuro, quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento: conclusao unanime a respeito. 2.
Entendimento da minoria, incluido o relator segundo o qual - admitindo-se em tese que a exacao
questionada, nao sendo emprestimo, poderia legitimar-se, quando se caracterizasse imposto
restituivel de competencia da Uniao - , no caso, a reputou invalida, porque ora configura tributo
reservado ao Estado (ICM), ora imposto inconstitucional, porque discriminatorio. 3.
Entendimento majoritario, segundo o qual, no caso, nao pode, sequer em tese, cogitar de dar
validade, como imposto federal restituivel, ao que a lei pretendeu instituir como emprestimo
compulsorio, porque "nao se pode, a titulo de se interpretar uma lei conforme a Constituicao, dar-
lhe sentido que falseie ou vicie o objetivo legislativo em ponto essencial"; duvidas, ademais,
quanto a subsistencia, no sistema constitucional vigente, da possibilidade do imposto restituivel.
4. Recurso extraordinario da Uniao, conhecido pela letra "b", mas, desprovido.

Item 38 (com redução de texto)

ADIMCQ-1127/DF - ACAO DIRETA DE INCONST. - MEDIDA CAUTELAR - QUESTAO DE


ORDEM
Relator(a): Min. PAULO BROSSARD
Publicação: DJ DATA-29-06-01 PP-00032 EMENT VOL-02037-02 PP-00265
Julgamento: 06/10/1994 - Tribunal Pleno

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ESTATUTO DA ADVOCACIA


E DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - Lei 8.906/94. Suspensão da eficácia de
dispositivos que especifica. LIMINAR. AÇÃO DIRETA. Distribuição por prevenção de
competência e ilegitimidade ativa da autora. QUESTÕES DE ORDEM. Rejeição. MEDIDA
LIMINAR. Interpretação conforme e suspensão da eficácia até final decisão dos dispositivos
impugnados, nos termos seguintes: Art. 1º, inciso I - postulações judiciais privativa de advogado
perante os juizados especiais. Inaplicabilidade aos Juizados de Pequenas Causas, à Justiça do
Trabalho e à Justiça de Paz. Art. 7º, §§ 2º e 3º - suspensão da eficácia da expressão “ou desacatoÓ
e interpretação de conformidade a não abranger a hipótese de crime de desacato à autoridade
judiciária. Art. 7º, § 4º - salas especiais para advogados perante os órgãos judiciários, delegacias
de polícia e presídios. Suspensão da expressão "controle" assegurado à OAB. Art. 7º, inciso II -
inviolabilidade do escritório ou local de trabalho do advogado. Suspensão da expressão "e
acompanhada de representante da OAB" no que diz respeito à busca e apreensão determinada por
magistrado. Art. 7º, inciso IV - suspensão da expressão "ter a presença de representante da OAB,
quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para a lavratura do auto
respectivo, sob pena de nulidade". Art. 7º, inciso v - suspensão da expressão "assim reconhecida
pela OAB", no que diz respeito às instalações e comodidades condignas da sala de Estado Maior,
em que deve ser recolhido preso o advogado, antes de sentença transitada em julgado. Art. 20,
inciso II - incompatibilidade da advocacia com membros de órgãos do Poder Judiciário.
Interpretação de conformidade a afastar da sua abrangência os membros da Justiça Eleitoral e os
juizes suplentes não remunerados. Art. 50 - requisição de cópias de peças e documentos pelo
Presidente do Conselho da OAB e das Subseções. Suspensão da expressão "Tribunal, Magistrado,
Cartório e". Art. 1º, § 2º - contratos constitutivos de pessoas jurídicas. Obrigatoriedade de serem
visados por advogado. Falta de pertinência temática. Argüição, nessa parte, não conhecida. Art.
32
2º, § 3º - inviolabilidade do advogado por seus atos e manifestação, no exercício da profissão.
Liminar indeferida. Art. 7º, inciso IX - sustentação oral, pelo advogado da parte, após o voto do
relator. Pedido prejudicado tendo em vista a sua suspensão na ADIn 1.105. Razoabilidade na
concessão da liminar.

Item 39 (sem redução de texto)

ADI-1150/RS - ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-17-04-98 PP-00001 EMENT VOL-01906-01 PP-00016
Julgamento: 01/10/1997 - Tribunal Pleno

Ação direta de inconstitucionalidade, §§ 3º e 4º do artigo 276 da Lei 10.098, de 03.02.94, do


Estado do Rio Grande do Sul. - Inconstitucionalidade da expressão "operando-se
automaticamente a transposição de seus ocupantes" contida no § 2º do artigo 276, porque essa
transposição automática equivale ao aproveitamento de servidores não concursados em cargos
para cuja investidura a Constituição exige os concursos aludidos no artigo 37, II, de sua parte
permanente e no § 1º do artigo 19 de seu ADCT. - Quanto ao § 3º desse mesmo artigo, é de dar-
se-lhe exegese conforme à Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação que
considere abrangidas, em seu alcance, as funções de servidores celetistas que não ingressaram
nelas mediante concurso a que aludem os dispositivos constitucionais acima referidos. - Por fim,
no tocante ao § 4º do artigo em causa, na redação dada pela Lei estadual nº 10.248/94, também é
de se lhe dar exegese conforme à Constituição, para excluir, da aplicação dele, interpretação que
considere abarcados, em seu alcance, os empregos relativos a servidores celetistas que não se
submeteram a concurso, nos termos do artigo 37, II, da parte permanente da Constituição ou do §
1º do artigo 19 do ADCT. Ação que se julga procedente em parte, para declarar-se
inconstitucional a expressão “operando-se automaticamente a transposição de seus ocupantesÓ
contida no artigo 276, § 2º, da Lei 10.098, de 03.02.94, do Estado do Rio Grande do Sul, bem
como para declarar que os §§ 3º e 4º desse mesmo artigo 276 (sendo que o último deles na
redação que lhe foi dada pela Lei 10.248, de 30.08.94) só são constitucionais com a interpretação
que exclua da aplicação deles as funções ou os empregos relativos a servidores celetistas que não
se submeteram ao concurso aludido no artigo 37, II, da parte permanente da Constituição, ou
referido no § 1º do artigo 19 do seu ADCT.

6.5. Unidade da Constituição

Impõe a harmonização de tensões e contradições entre normas constitucionais. A técnica a ser


utilizada é a ponderação de bens ou valores. Pressupõe: (a) identificação do bem jurídico tutelado
e (b) associação ao valor/princípio próprio. A ascendência de determinados valores ou bens deve
ser aferida em concreto.

Item 40

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815/DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO

33
- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A
tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

6.6. Razoabilidade e proporcionalidade

Acreditamos que razoabilidade e proporcionalidade são idéias, conceitos ou critérios ligados


entre si, embora possuam sentidos próprios. Assim, preferimos falar em princípio da
proporcionalidade em sentido amplo, desdobrado nos seguintes elementos (ou princípios):

(a) conformidade, adequação ou razoabilidade. O meio empregado deve guardar adequação,


conformidade, aptidão, no sentido qualitativo, com o fim perseguido. Flagramos exatamente
neste ponto o princípio da razoabilidade, na sua formulação corrente;

(b) necessidade. Não há medida ou caminho alternativo para chegar ao mesmo resultado com
menor ônus a direito ou situação do atingido pelo ato;

(c) da proporcionalidade em sentido estrito. O que se perde com a medida tem menor relevo do
que aquilo que se ganha.

Deriva, segundo várias manifestações doutrinárias e jurisprudenciais, da cláusula do "devido


processo legal". Objetiva exercer controle sobre a discricionariedade legislativa e administrativa.

Item 41

ADIMC-1158/AM - ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA


CAUTELAR
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-26-05-95 PP-15154 EMENT VOL-01788-01 PP-00051
Julgamento: 19/12/1994 - TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE CONCEDE


GRATIFICACAO DE FERIAS (1/3 DA REMUNERACAO) A SERVIDORES INATIVOS -
VANTAGEM PECUNIARIA IRRAZOAVEL E DESTITUIDA DE CAUSA - LIMINAR
DEFERIDA. - A norma legal, que concede a servidor inativo gratificacao de ferias
correspondente a um terco (1/3) do valor da remuneracao mensal, ofende o criterio da
razoabilidade que atua, enquanto projecao concretizadora da clausula do "substantive due process
34
of law", como insuperavel limitacao ao poder normativo do Estado. Incide o legislador comum
em desvio etico-juridico, quando concede a agentes estatais determinada vantagem pecuniaria
cuja razao de ser se revela absolutamente destituida de causa.

Item 42

ADIMC-855/PR - ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR


Relator(a): Min. SEPULVEDA PERTENCE
Publicação: DJ DATA-01-10-93 PP-20212 EMENT VOL-01719-01 PP-00071
Julgamento: 01/07/1993 - TRIBUNAL PLENO

Gas liquefe ito de petroleo: lei estadual que determina a pesagem de botijoes entregues ou
recebidos para substituicao a vista do consumidor, com pagamento imediato de eventual
diferenca a menor: arguicao de inconstitucionalidade fundada nos arts. 22, IV e VI (energia e
metrologia), 24 e PARS., 25, PAR. 2., 238, alem de violacao ao principio de proporcionalidade e
razoabilidade das leis restritivas de direitos: plausibilidade juridica da arguicao que aconselha a
suspensao cautelar da lei impugnada, a fim de evitar danos irreparaveis a economia do setor, no
caso de vir a declarar-se a inconstitucionalidade: liminar deferida.

6.7. Efetividade

Trata-se da busca do reconhecimento, da materialização ou concretização da norma. A


efetividade, posterior a eficácia, também denominada eficácia social ou fática, implica na
realização física do Direito.

São instrumentos da efetividade constitucional no campo delicado da omissão legislativa: (a)


ação direta de inconstitucionalidade por omissão e (b) mandado de injunção.

Item 43

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR- ADIMC-


2364/AL
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-14-12-01 PP-00023 EMENT VOL-02053-03 PP-00551
Julgamento: 01/08/2001 - Tribunal Pleno

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL, DE INICIATIVA


PARLAMENTAR, QUE INTERVÉM NO REGIME JURÍDICO DE SERVIDORES PÚBLICOS
VINCULADOS AO PODER EXECUTIVO - USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA
RESERVADO AO GOVERNADOR DO ESTADO - INCONSTITUCIONALIDADE -
CONTEÚDO MATERIAL DO DIPLOMA LEGISLATIVO IMPUGNADO (LEI Nº 6.161/2000,
ART. 70) QUE TORNA SEM EFEITO ATOS ADMINISTRATIVOS EDITADOS PELO
GOVERNADOR DO ESTADO - IMPOSSIBILIDADE - OFENSA AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO - MEDIDA CAUTELAR
DEFERIDA, COM EFICÁCIA EX TUNC. PROCESSO LEGISLATIVO E INICIATIVA
RESERVADA DAS LEIS. - O desrespeito à cláusula de iniciativa reservada das leis, em qualquer
das hipóteses taxativamente previstas no texto da Carta Política, traduz situação configuradora de
inconstitucionalidade formal, insuscetível de produzir qualquer conseqüência válida de ordem
jurídica. A usurpação da prerrogativa de iniciar o processo legislativo qualifica-se como ato
35
destituído de qualquer eficácia jurídica, contaminando, por efeito de repercussão causal
prospectiva, a própria validade constitucional da lei que dele resulte. Precedentes. Doutrina. O
CONCURSO PÚBLICO REPRESENTA GARANTIA CONCRETIZADORA DO PRINCÍPIO
DA IGUALDADE. - O respeito efetivo à exigência de prévia aprovação em concurso público
qualifica-se, constitucionalmente, como paradigma de legitimação ético-jurídica da investidura de
qualquer cidadão em cargos, funções ou empregos públicos, ressalvadas as hipóteses de
nomeação para cargos em comissão (CF, art. 37, II). A razão subjacente ao postulado do concurso
público traduz-se na necessidade essencial de o Estado conferir efetividade ao princípio
constitucional de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, vedando-
se, desse modo, a prática inaceitável de o Poder Público conceder privilégios a alguns ou de
dispensar tratamento discriminatório e arbitrário a outros. Precedentes. Doutrina. RESERVA DE
ADMINISTRAÇÃO E SEPARAÇÃO DE PODERES. - O princípio constitucional da reserva de
administração impede a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à
exclusiva competência administrativa do Poder Executivo. É que, em tais matérias, o Legislativo
não se qualifica como instância de revisão dos atos administrativos emanados do Poder
Executivo. Precedentes. Não cabe, desse modo, ao Poder Legislativo, sob pena de grave
desrespeito ao postulado da separação de poderes, desconstituir, por lei, atos de caráter
administrativo que tenham sido editados pelo Poder Executivo, no estrito desempenho de suas
privativas atribuições institucionais. Essa prática legislativa, quando efetivada, subverte a função
primária da lei, transgride o princípio da divisão funcional do poder, representa comportamento
heterodoxo da instituição parlamentar e importa em atuação ultra vires do Poder Legislativo, que
não pode, em sua atuação político-jurídica, exorbitar dos limites que definem o exercício de suas
prerrogativas institucionais.

Item 44

AG. REG. EM RECURSO EXTRAORDINARIO- AGRRE-271286/RS


Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-24-11-00 PP-00101 EMENT VOL-02013-07 PP-01409
Julgamento: 12/09/2000 - Segunda Turma

PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS -


DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS -
DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E 196) -
PRECEDENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO À SAÚDE
REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À
VIDA. - O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível
assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz
bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira
responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e
econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores do vírus
HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar. - O direito à
saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa
conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a
esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode
mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por
censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. A INTERPRETAÇÃO DA
NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE TRANSFORMÁ- LA EM PROMESSA
CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE. - O caráter programático da regra inscrita no art. 196
da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano
institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa
constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele
depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
36
impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina
a própria Lei Fundamental do Estado. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MEDICAMENTOS A
PESSOAS CARENTES. - O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas de
distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas portadoras do vírus
HIV/AIDS, dá efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República (arts. 5º, caput,
e 196) e representa, na concreção do seu alcance, um gesto reverente e solidário de apreço à vida
e à saúde das pessoas, especialmente daquelas que nada têm e nada possuem, a não ser a
consciência de sua própria humanidade e de sua essencial dignidade. Precedentes do STF.

Item 45

DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO - MODALIDADES DE COMPORTAMENTOS


INCONSTITUCIONAIS DO PODER PÚBLICO. - O desrespeito à Constituição tanto pode
ocorrer mediante ação estatal quanto mediante inércia governamental. A situação de
inconstitucionalidade pode derivar de um comportamento ativo do Poder Público, que age ou
edita normas em desacordo com o que dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e
os princípios que nela se acham consignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere
(atuação positiva), gera a inconstitucionalidade por ação. - Se o Estado deixar de adotar as
medidas necessárias à realização concreta dos preceitos da Constituição, em ordem a torná- los
efetivos, operantes e exeqüíveis, abstendo-se, em conseqüência, de cumprir o dever de prestação
que a Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non
facere ou non praestare, resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando
é nenhuma a providência adotada, ou parcial, quando é insuficiente a medida efetivada pelo
Poder Público. SALÁRIO MÍNIMO - SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES VITAIS
BÁSICAS - GARANTIA DE PRESERVAÇÃO DE SEU PODER AQUISITIVO. - A cláusula
constitucional inscrita no art. 7º, IV, da Carta Política - para além da proclamação da garantia
social do salário mínimo - consubstancia verdadeira imposição legiferante, que, dirigida ao Poder
Público, tem por finalidade vinculá-lo à efetivação de uma prestação positiva destinada (a) a
satisfazer as necessidades essenciais do trabalhador e de sua família e (b) a preservar, mediante
reajustes periódicos, o valor intrínseco dessa remuneração básica, conservando-lhe o poder
aquisitivo. - O legislador constituinte brasileiro delineou, no preceito consubstanciado no art. 7º,
IV, da Carta Política, um nítido programa social destinado a ser desenvolvido pelo Estado,
mediante atividade legislativa vinculada. Ao dever de legislar imposto ao Poder Público - e de
legislar com estrita observância dos parâmetros constitucionais de índole jurídico-social e de
caráter econômico-financeiro (CF, art. 7º, IV) -, corresponde o direito público subjetivo do
trabalhador a uma legislação que lhe assegure, efetivamente, as necessidades vitais básicas
individuais e familiares e que lhe garanta a revisão periódica do valor salarial mínimo, em ordem
a preservar, em caráter permanente, o poder aquisitivo desse piso remuneratório. SALÁRIO
MÍNIMO - VALOR INSUFICIENTE - SITUAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR
OMISSÃO PARCIAL. - A insuficiência do valor correspondente ao salário mínimo, definido em
importância que se revele incapaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e dos
membros de sua família, configura um claro descumprimento, ainda que parcial, da Constituição
da República, pois o legislador, em tal hipótese, longe de atuar como o sujeito concretizante do
postulado constitucional que garante à classe trabalhadora um piso geral de remuneração (CF, art.
7º, IV), estará realizando, de modo imperfeito, o programa social assumido pelo Estado na ordem
jurídica. - A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a
imposição ditada pelo texto constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior
gravidade político-jurídica, eis que, mediante inércia, o Poder Público também desrespeita a
Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também impede, por ausência de
medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei
Fundamental. - As situações configuradoras de omissão inconstitucional - ainda que se cuide de
omissão parcial, derivada da insuficiente concretização, pelo Poder Público, do conteúdo material
da norma impositiva fundada na Carta Política, de que é destinatário - refletem comportamento
37
estatal que deve ser repelido, pois a inércia do Estado qualifica-se, perigosamente, como um dos
processos informais de mudança da Constituição, expondo-se, por isso mesmo, à censura do
Poder Judiciário. INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - DESCABIMENTO DE
MEDIDA CAUTELAR. - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de
proclamar incabível a medida liminar nos casos de ação direta de inconstitucionalidade por
omissão (RTJ 133/569, Rel. Min. MARCO AURÉLIO; ADIn 267-DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO), eis que não se pode pretender que mero provimento cautelar antecipe efeitos positivos
inalcançáveis pela própria decisão final emanada do STF. - A procedência da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, importando em reconhecimento judicial do estado de inércia
do Poder Público, confere ao Supremo Tribunal Federal, unicamente, o poder de cientificar o
legislador inadimplente, para que este adote as medidas necessárias à concretização do texto
constitucional. - Não assiste ao Supremo Tribunal Federal, contudo, em face dos próprios limites
fixados pela Carta Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art. 103, § 2º), a
prerrogativa de expedir provimentos normativos com o objetivo de suprir a inatividade do órgão
legislativo inadimplente.

Item 46

EMBS. DECL. EM AG. REG. EM AG. INSTRUMENTO- AGAED-234163/MA


Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-03-03-00 PP-00069 EMENT VOL-01981-07 PP-01410
Julgamento: 09/11/1999 - Segunda Turma

RECURSO MANIFESTAMENTE INFUNDADO - ABUSO DO DIREITO DE RECORRER -


IMPOSIÇÃO DE MULTA À PARTE RECORRENTE (CPC, ART. 557, § 2º, NA REDAÇÃO
DADA PELA LEI Nº 9.756/98) - PRÉVIO DEPÓSITO DO VALOR DA MULTA COMO
REQUISITO DE ADMISSIBILIDADE DE NOVOS RECURSOS - VALOR DA MULTA NÃO
DEPOSITADO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS. MULTA E ABUSO
DO DIREITO DE RECORRER. - A possibilidade de imposição de multa, quando
manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, encontra fundamento em razões de caráter
ético-jurídico, pois, além de privilegiar o postulado da lealdade processual, busca imprimir maior
celeridade ao processo de administração da justiça, atribuindo-lhe um coeficiente de maior
racionalidade, em ordem a conferir efetividade à resposta jurisdicional do Estado. A multa a que
se refere o art. 557, § 2º, do CPC, possui inquestionável função inibitória, eis que visa a impedir,
nas hipóteses referidas nesse preceito legal, o exercício irresponsável do direito de recorrer,
neutralizando, dessa maneira, a atuação processual do improbus litigator. O EXERCÍCIO
ABUSIVO DO DIREITO DE RECORRER E A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. - O ordenamento
jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis com o postulado ético-jurídico da lealdade
processual. O processo não pode ser manipulado para viabilizar o abuso de direito, pois essa é
uma idéia que se revela frontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância
das partes. O litigante de má-fé - trate-se de parte pública ou de parte privada - deve ter a sua
conduta sumariamente repelida pela atuação jurisdicional dos juízes e dos tribunais, que não
podem tolerar o abuso processual como prática descaracterizadora da essência ética do processo.
O DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA CONSTITUI PRESSUPOSTO OBJETIVO DE
ADMISSIBILIDADE DE NOVOS RECURSOS. - O agravante - quando condenado pelo
Tribunal a pagar, à parte contrária, a multa a que se refere o § 2º do art. 557 do CPC - somente
poderá interpor "qualquer outro recurso", se efetuar o depósito prévio do valor correspondente à
sanção pecuniária que lhe foi imposta. A ausência de comprovado recolhimento do valor da multa
importará em não-conhecimento do recurso interposto, eis que a efetivação desse depósito prévio
atua como pressuposto objetivo de recorribilidade. Doutrina. Precedente. - A exigência pertinente
ao depósito prévio do valor da multa, longe de inviabilizar o acesso à tutela jurisdicional do
Estado, visa a conferir real efetividade ao postulado da lealdade processual, em ordem a impedir
que o processo judicial se transforme em instrumento de ilícita manipulação pela parte que atua
38
em desconformidade com os padrões e critérios normativos que repelem atos atentatórios à
dignidade da justiça (CPC, art. 600) e que repudiam comportamentos caracterizadores de
litigância maliciosa, como aqueles que se traduzem na interposição de recurso com intuito
manifestamente protelatório (CPC, art. 17, VII). A norma inscrita no art. 557, § 2º, do CPC, na
redação dada pela Lei nº 9.756/98, especialmente quando analisada na perspectiva dos recursos
manifestados perante o Supremo Tribunal Federal, não importa em frustração do direito de acesso
ao Poder Judiciário, mesmo porque a exigência de depósito prévio tem por única finalidade coibir
os excessos, os abusos e os desvios de caráter ético-jurídico nos quais incidiu o improbus
litigator.

Item 47

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-


584/PR
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-22-05-92 PP-07213 EMENT VOL-01662-01 PP-00128 RTJ VOL-00141-
01 PP-00060
Julgamento: 26/03/1992 - TRIBUNAL PLENO

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO NALIDADE - CONSTITUICAO DO ESTADO DO


PARANA (ART. 245) - RETENCAO, PELO PODER JUDICIARIO LOCAL, DAS QUANTIAS
PAGAS PELA UNIAO FEDERAL AO ESTADO, A TITULO DE INDENIZACAO OU
ADIMPLEMENTO DE OBRIGACOES FEDERAIS - PAGAMENTO PREFERENCIAL DE
DETERMINADOS CREDITOS - APARENTE OFENSA AO PRINCIPIO DA IGUALDADE E
A REGRA CONSUBSTANCIADA NO ART. 100 DA CONSTITUICAO FEDERAL -
POSSIVEL COMPROMETIMENTO DA ADMINISTRACAO EXECUTIVA DAS FINANCAS
PUBLICAS DO ESTADO - SUSPENSAO CAUTELAR DEFERIDA. - A Regra inscrita no art.
245 da Constituicao do Parana prescreve que os creditos estaduais decorrentes do recebimento de
indenizacoes ou de pagamento de debitos federais deverao custear, respectivamente, o pagamento
de indenizacoes ou de debitos do Estado para com terceiros, sempre que oriundos de condenacoes
judiciais. - A norma consubstanciada no art. 100 da Carta Politica traduz um dos mais expressivos
postulados realizadores do principio da igualdade, pois busca conferir, na concrecao do seu
alcance, efetividade a exigencia constitucional de tratamento isonomico dos credores do Estado.
A vinculacao exclusiva das importancias federais recebidas pelo Estado-membro, para o efeito
especifico referido na regra normativa questionada, parece acarretar o descumprimento de quanto
dispoe do art. 100 da Constituicao Federal, pois, independentemente da ordem de precedencia
cronologica de apresentacao dos precatorios, institui, com aparente desprezo ao principio da
igualdade, uma preferencia absoluta em favor do pagamento de "determinadas" condenacoes
judiciais.

7. Interpretação dos direitos fundamentais

Por influência do princípio da eficência ou da interpretação efetiva, deve ser atribuída a norma
veiculadora de direito fundamental o sentido que maior eficácia lhe dê.

39
(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 4 - CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1. Sentido

É a verificação da adequação ou compatibilidade vertical entre normas infraconstitucionais e a


Constituição. Trata-se de um exame comparativo.

2. Fundamento

O controle da constitucionalidade está fundado no princípio da supremacia da Constituição.

3. Origens

Em parte, é a uma construção do constitucionalismo norte-americano. O marco histórico mais


importante é o caso Marbury versus Madison, relatado por John Marshall em 1803.

Já na Europa, a partir do século XX, foi desenvolvido o modelo de controle abstrato (exame da
lei em tese) por órgão não pertencente ao Poder Judiciário com decisão produzindo efeitos ERGA
OMNES (ou gerais).

4. Formas de inconstitucionalidade

4.1. Por ação:

4.1.1. Formal: quando ocorre a violação de competências ou formalidades previstas na


Constituição;

4.1.2. Material: quando ocorre violação material ou substancial da Constituição.

4.2. Por omissão: na ausência de norma para tornar efetivo um preceito constitucional.

São basicamente dois os instrumentos para solução da omissão: (a) ação de inconstitucionalidade
por omissão (art. 103, parágrafo segundo da CF) e (b) mandado de injunção (art. 5o., inciso
LXXI da CF).

5. Formas de controle

5.1. Preventivo: antes da aprovação do ato.

Realizado pelo Poder Legislativo no âmbito das Comissões de Constituição e Justiça e pelo Poder
Executivo quando da sanção dos projetos de lei, onde é possível o veto por inconstitucionalidade
(art. 66, parágrafo primeiro da CF).

40
Item 1

Regimento Interno do Senado Federal

Art. 101. À Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania compete:

I - opinar sobre a constitucionalidade, juridicidade e regimentalidade das matérias que lhe forem
submetidas por deliberação do Plenário, por despacho da Presidência, por consulta de qualquer
comissão, ou quando em virtude desses aspectos houver recurso de decisão terminativa de
comissão para o Plenário;

(...)

III - propor, por projeto de resolução, a suspensão, no todo ou em parte, de leis declaradas
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (Const., art. 52, X);

(...)

§ 1o Quando a Comissão emitir parecer pela inconstitucionalidade e injuridicidade de qualquer


proposição, será esta considerada rejeitada e arquivada definitivamente, por despacho do
Presidente do Senado, salvo, não sendo unânime o parecer, recurso interposto nos termos do art.
254.

§ 2o Tratando-se de inconstitucionalidade parcial, a Comissão poderá oferecer emenda corrigindo


o vício.

5.2. Repressivo: depois da aprovação do ato.

Realizado pelo Poder Judiciário de duas formas: (a) em abstrato e (b) em concreto.

6. Órgãos de controle

6.1. Político: por órgãos não pertencentes ao Poder Judiciário. Exemplo: França.

6.2. Judiciário. Exemplos: EUA e Brasil (arts. 97 e 102, inciso I, alínea a da CF).

7. Critérios de controle

7.1. Difuso: qualquer juiz ou tribunal pode declarar a inconstitucionalidade da lei no caso em
exame.

7.2. Concentrado: o controle é exercido pelo Tribunal de cúpula.

Temos, no Brasil, a convivência dos dois critérios.

41
8. Meios de controle

8.1. Incidental ou por via de defesa: como questão prejudicial na discussão de um direito no caso
concreto.

Item 2

EXMO. SR. DR. JUIZ DA ... VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO
FEDERAL

A Empresa 123 ABC LTDA, estabelecida no SCS, Quadra 3, Bloco E, Brasília, DF, por seu
advogado infra-assinado (doc. 01), com fundamento no art. 292 do Código de Processo Civil; art.
5°, caput, 37, caput, 150, inciso I, da Constituição; art. 165 do Código Tributário Nacional, vem,
respeitosamente, à presença de V. Exa., propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA

de repetição de indébito tributário contra a UNIÃO FEDERAL/Fazenda Nacional, pelos motivos


de fato e de direito a seguir expostos:

I - DOS FATOS

A autora, em 10 de janeiro de 1987, adquiriu da Concessionária VIAJE MELHOR LTDA três


veículos automotores: (a) n. 001 - automóvel A no valor de $ 30.000; (b) n. 002 - automóvel B no
valor de $ 35.000 e (c) n. 003 - automóvel C no valor de $ 35.000. Comprovam as aquisições as
notas fiscais em anexo (docs. 02 a 04).

Tendo em vista o Decreto-lei n. 2.288, de 1986, ter instituído empréstimo compulsório sobre
aquisição de veículos, com alíquota de 30% incidente sobre o valor da aquisição, a autora
recolheu em favor da Fazenda Nacional a quantia total de $ 30.000. Comprovam os
recolhimentos os DARFs em anexo (docs. 05 a 07).

A exigência, no entanto, é inconstitucional. Assim, a autora promove a presente ação com o


objetivo de ver restituído o indébito tributário.

II - DO DIREITO

O Decreto-lei n. 2.288, de 1986, que instituiu a exação em tela, é claramente inconstitucional.


Com efeito, ao estabelecer que o objeto a ser restituído não será dinheiro, mas "quotas" do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Econômico (art. 16), deixa de ser "empréstimo" para constituir um
verdadeiro "investimento" compulsório. Este "investimento", não autorizado pela Carta de 1969,
quer pelo art. 18, §3°, tampouco pelo art. 21, §2°, inciso II, deve ser devolvido ao contribuinte.

A doutrina e a jurisprudência, em uníssono, reconhecem a inconstitucionalidade mencionada.

III - DO PEDIDO

42
Ante o exposto, pedindo seja a presente ação julgada procedente, declarando-se, incidentalmente,
a inconstitucionalidade do art. 10 e seguintes do Decreto-lei n. 2.288, de 1986, a autora,
respeitosamente, requer:

(a) a citação da UNIÃO FEDERAL/Fazenda Nacional, na pessoa de seu representante legal, para
responder aos termos da presente ação;

(b) a condenação da Ré a restituir a quantia de $ 30.000, com a incidência da correção monetária


a partir do pagamento indevido (Súmula 162 do STJ), com a inclusão dos expurgos inflacionários
e dos juros moratórios a partir do trânsito em julgado da sentença (Súmula 188 do STJ).

Dá-se à causa o valor de $ 30.000.

Termos em que
Pede deferimento.

Brasília, 21 de outubro de 2002.

João Ludugero da Silva


OAB/DF n. 999.999

8.2. Principal ou por via de ação: o objeto é a própria declaração de inconstitucionalidade.

Item 3

Do pedido

Por todo o exposto, pede o autor seja suspensa liminarmente a íntegra da Lei Federal 9.882, de 03
de dezembro de 1999. Sucessivamente, pede seja suspensa liminarmente a íntegra do parágrafo
único do artigo 1o.; do parágrafo 3o. do artigo 5o.; do artigo 10, caput, com seu parágrafo 3o., e
do artigo 11 da Lei Federal 9.882, de 03 de dezembro de 1999.

Pede, ao final, seja declarada a inconstitucionalidade da íntegra da Lei Federal 9.882, de 03 de


dezembro de 1999. Sucessivamente, pede seja declarada a inconstitucionalidade da íntegra do
parágrafo único do artigo 1o.; do parágrafo 3o. do artigo 5o.; do artigo 10, caput, com seu
parágrafo 3o., e do artigo 11 da Lei Federal 9.882, de 03 de dezembro de 1999.

Requer seja citado o Advogado-Geral da União, nos termos do artigo 103, parágrafo 3o. da
Constituição Federal, para defender o ato impugnado, na Praça dos Três Poderes, Palácio do
Planalto, Anexo IV, em Brasília, Distrito Federal.

9. Efeitos da decisão

9.1. INTER PARTES: somente entre as partes (na via de defesa).


43
9.2. ERGA OMNES: efeito geral ou para todos (na via de ação).

10. Natureza do ato inconstitucional

10.1. Anulabilidade (com eficácia ex nunc ou eficácia ex tunc).

10.2. Nulidade: inexistência de qualquer carga de eficácia jurídica. Posição jurisprudencial


adotada pelo Supremo Tribunal Federal. Atentar, contudo, para o disposto no art. 27 da Lei n.
9.868, de 1999 (adiante referido).

10.3. Inexistente.

11. Natureza da decisão

11.1. EX TUNC: a decisão que declara a inconstitucionalidade é retroativa.

11.2. EX NUNC: a decisão que declara a inconstitucionaldiade não é retroativa. Produz efeitos a
partir da publicação da decisão.

12. Controle de constitucionalidade no Brasil e suas particularidades

O STF admite que parlamentares possam suscitar um controle jurisdicional preventivo de


constitucionalidade. É assegurado aos membros do Poder Legislativo o direito subjetivo público
à correta formação de espécies normativas (sem vícios constitucionais). Não se admite, porém, a
discussão de questões interna corporis (como aquelas previstas no Regimento Interno).

Controle repressivo da constitucionalidade pelo Poder Legislativo: (a) decreto legislativo para
sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 49, inciso
V da CF) e (b) medidas provisórias sem atendimento dos pressupostos (art. 62, §5o. da CF).

13. Sistemas de controle

Abstrato. Nele o processo tem natureza objetiva. Não se admite a discussão de situações de
interesses concretos. O art. 7o. da Lei n. 9.868, de 1999, abrandou a impossibilidade de
intervenção de terceiros ao admitir a figura do AMICUS CURIAE. Também é digna de nota a
ampliação da legitimação ativa (art. 103 da CF).

Incidental. Nele o processo tem natureza subjetiva. Existe a possibilidade de se conferir efeito
geral à decisão pela inconstitucionalidade mediante intervenção do Senado Federal (art. 52,
inciso X da CF).

14. Modalidades de ação direta

44
14.1. Ação direta de inconstitucionalidade (ADIn)

Trata-se de ação de competência originária do STF, a ser proposta pelos legitimados do art. 103
da Constituição. O procedimento a ser observado está regulado na Lei n. 9.868, de 1999.

As principais definições da Lei n. 9.868, de 1999, são as seguintes: (a) a petição inicial indicará
os dispositivos impugnados, os fundamentos jurídicos do pedido e o pedido com suas
especificações; (b) não se admitirá desistência; (c) o relator pedirá informações aos órgãos ou às
autoridades das quais emanou o ato impugnado; (d) as informações serão prestadas no prazo de
trinta dias; (e) em regra não haverá intervenção de terceiros, salvo deliberação do relator pela
relevância da participação; (f) depois das informações serão ouvidos, sucessivamente e no prazo
de quinze dias, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República e (g) o relator
poderá determinar uma série de atos instrutórios.

A maioria absoluta dos membros do Tribunal poderá conceder medida cautelar, dotada de eficácia
contra todos e com efeitos ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia
retroativa. A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente,
salvo expressa manifestação em sentido contrário. A parte dispositiva da decisão pela concessão
da cautelar será publicada em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da
União.

A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade do ato impugnado somente será


tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros e se pelo menos seis Ministros se
pronunciarem num ou noutro sentido. A decisão é irrecorrível e não pode ser objeto de ação
rescisória. Cabe, entretanto, a interposição de embargos declaratórios. A parte dispositiva da
decisão final será publicada em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça
da União.

Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança


jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de
dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado (art. 27
da Lei n. 9.868, de 1999). A constitucionalidade deste dispositivo foi questionada em duas ADINs
ainda pendentes de julgamento (2.154 e 2.258).

A declaração de inconstitucionalidade, a de constitucionalidade, a interpretação conforme a


Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto têm eficácia
contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração
Pública federal, estadual ou municipal (art. 28, parágrafo único da Lei n. 9.868, de 1999).

Conferir os termos do art. 125, §2o. quando em questão a discussão da inconstitucionalidade de


lei estadual ou municipal em face da Constituição Estadual.

14.2. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)

Introduzida pela Emenda Constitucional n. 3, de 1993. Somente pode ser utilizada em relação a
ato normativo federal. A legitimação ativa foi reduzida, nos termos do art. 103, §4o. da Carta
Magna. Também tem procedimento regulado pela Lei n. 9.868, de 1999.

A ADC possui uma condição especial de procedibilidade. É preciso demonstrar séria divergência
ou controvérsia jurisprudencial (decisões pela inconstitucionalidade) em torno do ato normativo a
ser analisado.
45
Na ADC também não se admite a desistência. A intervenção de terceiros é completamente
vedada. Não há pedido de informações e audiência do AGU. Ouve-se, também no prazo de
quinze dias, o Procurador-Geral da República.

O Supremo Tribunal Federal poderá, por decisão da maioria absoluta de seus membros, deferir
medida cautelar na ADC. Neste caso, a manifestação consiste na determinação de que os juízes e
os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação do ato objeto da
ação até seu julgamento definitivo (no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de eficácia
da cautelar). A parte dispositiva da decisão pela concessão da cautelar será publicada em seção
especial do Diário Oficial da União.

Item 4

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Plenário

DECISÕES

Ação Direta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade


(Publicação determinada pela Lei nº 9.868, de 10.11.1999)

Julgamentos

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE N. 9-6


PROCED.: DISTRITO FEDERAL
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
REDATORA PARA O ACÓRDÃO: MIN. ELLEN GRACIE
ADV.: ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão: O Tribunal, por maioria de votos, vencidos o Senhor Ministro Néri da Silveira, Relator,
e o Presidente, o Senhor Ministro Marco Aurélio, julgou procedente o pedido formulado na
inicial, para declarar a constitucionalidade dos artigos 14, 15, 16, 17 e 18 da Medida Provisória nº
2.152-2, de 1º de junho de 2001, a qual revogou a Medida Provisória nº 2.148-1, de 22 de maio
de 2001, hoje sob o número 2.198-5 e datando de 24 de agosto de 2001. Redigirá o acórdão a
Senhora Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello.
Falou, pela Advocacia-Geral da União, o Dr. Gilmar Ferreira Mendes. Plenário, 13.12.2001.

14.3. Ação de inconstitucionalidade por omissão

Pode ser atacada a omissão total ou parcial. A constatação de omissão administrativa implica na
cientificação do órgão competente para elaborar a norma no prazo de 30 (trinta) dias. Já no caso
de omissão legislativa, será realizada uma simples comunicação da existência de mora.

14.4. Representação interventiva

46
Pode ser federal por proposta exclusiva do Procurador-Geral da República perante o STF ou
estadual por proposta do Procurador-Geral de Justiça. A intervenção visa assegurar a observância
dos princípios constitucionais elencados no inciso VII do art. 34 da Constituição.

14.5. Argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)

Encontra-se regulada pela Lei n. 9.882, de 1999 (atacada na íntegra pela ADIn 2.231, pendente de
julgamento). Os legitimados são os mesmos do art. 103 da Constituição. A controvérsia pode
versar sobre lei federal, estadual ou municipal.

Aplica-se ao instituto o princípio da subsidiariedade. Assim, somente será cabível na ausência de


outro meio eficaz para reparar a situação de inconstitucionalidade.

Item 5

Informativo
264 (ADPF-4)

Título
ADPF: Cabimento

Artigo

Concluído o julgamento de preliminar sobre a admissibilidade da argüição de descumprimento de


preceito fundamental, ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista-PDT, contra a MP
2.019/2000, que fixa o valor do salário-mínimo (v. Informativo 195). O Tribunal, colhido o voto
de desempate do Min. Néri da Silveira, conheceu da argüição por entender que a medida judicial
existente - ação direta de inconstitucionalidade por omissão - não seria, em princípio, eficaz para
sanar a alegada lesividade, não se aplicando à espécie o §1º do art. 4º da Lei 9.882/99 ("Não se
admitirá argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver outro meio eficaz
de sanar a lesividade."). Vencidos os Ministros Octavio Gallotti, relator, Nelson Jobim, Maurício
Corrêa, Sydney Sanches e Moreira Alves, que não conheciam da ação. Em seguida, suspendeu-se
a conclusão do julgamento para que os autos sejam encaminhados, por sucessão, à Ministra Ellen
Gracie. ADPF 4-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 17.4.2002.(ADPF-4)

Item 6

Informativo
243 (ADPF-17)

Título
ADPF e Princípio da Subsidiariedade (Transcrições)

Artigo

ADPF e Princípio da Subsidiariedade (Transcrições) ADPF 17-AP* (medida liminar) RELATOR:


MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL (CF, ART. 102, § 1º). AÇÃO ESPECIAL DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL.
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE (LEI Nº 9.882/99, ART. 4º, § 1º). EXISTÊNCIA DE
OUTRO MEIO APTO A NEUTRALIZAR A SITUAÇÃO DE LESIVIDADE QUE EMERGE
DOS ATOS IMPUGNADOS. INVIABILIDADE DA PRESENTE ARGÜIÇÃO DE
47
DESCUMPRIMENTO. - O ajuizamento da ação constitucional de argüição de descumprimento
de preceito fundamental rege-se pelo princípio da subsidiariedade (Lei nº 9.882/99, art. 4º, § 1º),
de tal modo que não será ela admitida, sempre que houver qualquer outro meio juridicamente
idôneo, apto a sanar, com efetividade real, o estado de lesividade emergente do ato impugnado.
Precedentes: ADPF 3-CE, ADPF 12-DF e ADPF 13-SP. A mera possibilidade de utilização de
outros meios processuais, no entanto, não basta, só por si, para justificar a invocação do princípio
em questão, pois, para que esse postulado possa legitimamente incidir, revelar-se-á essencial que
os instrumentos disponíveis mostrem-se aptos a sanar, de modo eficaz e real, a situação de
lesividade que se busca neutralizar com o ajuizamento da ação constitucional de argüição de
descumprimento de preceito fundamental. DECISÃO: O Governador do Estado do Amapá
ajuizou a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, com pedido de medida
liminar, com o objetivo de obter a declaração de nulidade dos atos de nomeação e de investidura
de seis (6) Desembargadores do Tribunal de Justiça local, em ordem a viabilizar - segundo
sustenta - a cessação de gravíssimas transgressões que teriam sido praticadas, naquela unidade da
Federação, contra princípios constitucionais de valor essencial, consagrados nos arts. 1º, III, e 5º,
XXXVII, LIII e LIV, todos da Carta Política (fls. 8/11). Pretende-se, ainda, em conseqüência da
invalidação dos atos em questão, que se restaure o status quo ante, para permitir, ao Chefe do
Poder Executivo local, a instalação, em bases legítimas, do Tribunal de Justiça do Estado do
Amapá, com estrita observância do art. 235, incisos V e VI, da Constituição da República (fls.
65). Cabe examinar, preliminarmente, a admissibilidade, no caso, da argüição de descumprimento
de preceito fundamental, em face do que se contém no art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99, que assim
dispõe: "Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver
qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade." (grifei) Vê-se, pois, que a argüição de
descumprimento de preceito fundamental somente poderá ser utilizada, se se demonstrar que, por
parte do interessado, houve o prévio exaurimento de outros mecanismos processuais, previstos
em nosso ordenamento positivo, capazes de fazer cessar a situação de lesividade ou de
potencialidade danosa resultante dos atos estatais questionados. Foi por essa razão que o
Supremo Tribunal Federal, tendo em consideração o princípio da subsidiariedade, não conheceu,
quer em sede plenária (ADPF 3-CE, Rel. Min. SYDNEY SANCHES), quer, ainda, em decisões
monocráticas (ADPF 12-DF, Rel. Min. ILMAR GALVÃO - ADPF 13-SP, Rel. Min. ILMAR
GALVÃO), de argüições de descumprimento de preceito fundamental, precisamente por entender
que existiam, no contexto delineado naquelas ações, outros meios processuais - tais como o
mandado de segurança, a ação direta de inconstitucionalidade (por violação positiva da Carta
Política), o agravo regimental e o recurso extraordinário (que admitem, excepcionalmente, a
possibilidade de outorga cautelar de efeito suspensivo) e a reclamação -, todos eles aptos a
neutralizar a suposta lesividade dos atos impugnados. Como precedentemente enfatizado, o
princípio da subsidiariedade - que rege a instauração do processo de argüição de descumprimento
de preceito fundamental - acha-se consagrado no art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99, que condiciona,
o ajuizamento dessa especial ação de índole constitucional, à ausência de qualquer outro meio
processual apto a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade indicada pelo autor. O
legislador, ao dispor sobre a disciplina formal desse novo instrumento processual, previsto no art.
102, § 1º, da Carta Política, estabeleceu, no art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99, que não será admitida
a argüição de descumprimento de preceito fundamental, "quando houver qualquer outro meio
eficaz de sanar a lesividade". É claro que a mera possibilidade de utilização de outros meios
processuais não basta, só por si, para justificar a invocação do princípio da subsidiariedade, pois,
para que esse postulado possa legitimamente incidir, revelar-se-á essencial que os instrumentos
disponíveis mostrem-se aptos a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade. Isso significa,
portanto, que o princípio da subsidiariedade não pode - e não deve - ser invocado para impedir o
exercício da ação constitucional de argüição de descumprimento de preceito fundamental, eis que
esse instrumento está vocacionado a viabilizar, numa dimensão estritamente objetiva, a realização
jurisdicional de direitos básicos, de valores essenciais e de preceitos fundamentais contemplados
no texto da Constituição da República. Se assim não se entendesse, a indevida aplicação do
princípio da subsidiariedade poderia afetar a utilização dessa relevantíssima ação de índole
48
constitucional, o que representaria, em última análise, a inaceitável frustração do sistema de
proteção, instituído na Carta Política, de valores essenciais, de preceitos fundamentais e de
direitos básicos, com grave comprometimento da própria efetividade da Constituição. Daí a
prudência com que o Supremo Tribunal Federal deve interpretar a regra inscrita no art. 4º, § 1º,
da Lei nº 9.882/99, em ordem a permitir que a utilização da nova ação constitucional possa
efetivamente prevenir ou reparar lesão a preceito fundamental, causada por ato do Poder Público.
Essa, porém, não é a situação que se registra na presente causa, eis que o argüente dispõe de meio
processual idôneo, capaz de afastar, de maneira efetiva e real, a situação de lesividade que por ele
é ora denunciada neste processo. Refiro-me ao instrumento jurídico-processual da ação popular,
cuja eficácia neutralizadora do estado de lesividade justifica a sua imediata utilização, por parte
de quem dispõe do status activae civitatis, impondo-se ter presente, ainda, por relevante, a
possibilidade de outorgar-se, no processo em questão, a pertinente medida liminar destinada a
sustar, cautelarmente, a própria execução do ato estatal impugnado (Lei nº 4.717/65, art. 5º, § 4º).
De qualquer maneira, no entanto, e independentemente da obtenção de medida liminar, o autor
popular tem direito, ação e pretensão à desconstituição judicial de atos cuja validade ético--
jurídica esteja em desarmonia com os princípios e os paradigmas de legitimação referidos no art.
5º, LXXIII, da Carta da República. Impõe-se ressaltar, bem por isso, o preciso magistério de
ALEXANDRE DE MORAES ("Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
Análises à Luz da Lei nº 9.882/99", p. 15/37, 26-28, item n. 4, 2001, Atlas), cuja análise do
princípio da subsidiariedade - considerada a utilização possível, no caso ora em exame, da ação
popular - torna evidente a inadmissibilidade, na espécie, do presente writ constitucional: "A lei
expressamente veda a possibilidade de argüição de descumprimento de preceito fundamental
quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. Obviamente, esse mecanismo de
efetividade dos preceitos fundamentais não substitui as demais previsões constitucionais que
tenham semelhante finalidade, tais como o habeas corpus, habeas data; mandado de segurança
individual e coletivo; mandado de injunção; ação popular; ações diretas de inconstitucionalidade
genérica, interventiva e por omissão e ação declaratória de constitucionalidade, desde que haja
efetividade em sua utilização, isto é, sejam suficientes para evitar ou reparar a lesão a preceito
fundamental causada pelo Poder Público. ....................................................... Portanto, o caráter
subsidiário da argüição de descumprimento de preceito fundamental consiste na necessidade de
prévio esgotamento de todos os instrumentos juridicamente possíveis e eficazes para fazer cessar
ameaça ou lesão a preceito fundamental. ....................................................... Exige-se, portanto,
para a argüição de descumprimento de preceito fundamental, o esgotamento das vias judiciais
ordinárias. Conforme salienta Konrad Hesse, em situação análoga do recurso constitucional
alemão, 'essa prescrição contém um cunho do princípio geral da subsidiariedade do recurso
constitucional, que na jurisprudência recente ganha significado crescente. Segundo isso, o recurso
constitucional só é admissível se o recorrente não pôde eliminar a violação de direitos
fundamentais afirmada por interposição de recursos jurídicos, ou de outra forma, sem recorrer ao
Tribunal Constitucional Federal. Somente, de forma excepcional, poderá o Supremo Tribunal
Federal afastar a exigência do prévio esgotamento judicial, quando a demora para o esgotamento
das vias judiciais puder gerar prejuízo grave e irreparável para a efetividade dos preceitos
fundamentais." (grifei) No caso, e ante a exposição objetiva dos fatos e fundamentos jurídicos do
pedido, mostra-se evidente que o autor poderia valer-se de outros meios processuais -
notadamente da ação popular constitucional - cuja utilização permitir-lhe-ia neutralizar, em juízo,
de maneira inteiramente eficaz, o estado de suposta lesividade decorrente dos atos ora
impugnados. Como se sabe, a Lei nº 4.717/65, em seu art. 5º, § 4º, autoriza o Poder Judiciário,
em sede de ação popular constitucional, a conceder provimento liminar que suste a eficácia e a
execução do ato lesivo impugnado, tornando acessível, ao interessado, um instrumento
processual apto a sanar, de modo eficaz, a situação de lesividade ora denunciada pelo próprio
argüente. Na realidade, a concessão do provimento cautelar - autorizada, até mesmo, initio litis,
no processo de ação popular constitucional - visa a impedir que se consumem situações
configuradoras de dano irreparável, consoante ressalta o magistério da doutrina (RODOLFO DE
CAMARGO MANCUSO, "Ação Popular", p. 135-136, item n. 4.2.2, 1994, RT; J. M. OTHON
49
SIDOU, "Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção, Habeas Data, Ação
Popular", p. 356, item n. 231, 5ª ed., 1998, Forense, v.g.). Cabe assinalar, neste ponto, ante a sua
extrema pertinência, que os registros processuais do Supremo Tribunal Federal atestam que foi
ajuizada, originariamente, perante esta Corte (CF, art. 102, I, "n"), ação popular constitucional,
com pedido de medida liminar, destinada a invalidar os atos ora questionados na presente sede
processual, apoiando-se, o autor popular, essencialmente, no mesmo elemento causal invocado
para justificar a presente ação de argüição de descumprimento de preceito fundamental (AO 859-
AP). Constata-se, desse modo, que o postulado da subsidiariedade, nos termos que vêm de ser
expostos, impede o acesso imediato do ora interessado ao mecanismo constitucional da argüição
de descumprimento, pois registra-se, no caso, a possibilidade de utilização idônea de instrumento
processual específico, apto, por si só, a fazer cessar o estado de lesividade que se pretende
neutralizar, tanto que ajuizada, perante o Supremo Tribunal Federal, como anteriormente referido,
a AO 859-AP, que busca alcançar igual objetivo ao ora pretendido pelo Senhor Governador do
Estado do Amapá. Vê-se, pois, que incide, na espécie, o pressuposto negativo de admissibilidade
a que se refere o art. 4º, § 1º, da Lei nº 9.882/99, circunstância esta que torna plenamente
invocável, no caso, o princípio da subsidiariedade, que atua - ante os fundamentos já expostos -
como causa obstativa do ajuizamento imediato da ação constitucional de argüição de
descumprimento de preceito fundamental. Sendo assim, e tendo em consideração as razões
invocadas, não conheço da presente ação constitucional, restando prejudicado o exame do pedido
de medida liminar. Arquivem-se os presentes autos. Publique-se. Brasília, 20 de setembro de
2001. Ministro CELSO DE MELLO Relator *decisão publicada no DJU de 28.9.2001

15. Conceito de lei e ato normativo para efeito de controle em abstrato da constitucionalidade

O vocábulo "lei" deve ser entendido no sentido amplo. Assim, qualquer espécie de ato normativo
pode ser objeto do controle direto da constitucionalidade, desde que seja de caráter geral e
abstrato. Este ato normativo pode ser: emenda à Constituição, lei ordinária, lei complementar,
medida provisória, decreto legislativo, resolução, decreto do Poder Executivo, instrução
normativa, portaria, norma regimental de tribunais, etc.

Registre-se que atos legislativos de efeitos concretos, com destinatários certos, não podem ser
submetidos ao controle abstrato de constitucionalidade.

16. Concessão de medida cautelar no controle em abstrato da constitucionalidade

A Constituição admite expressamente a concessão de cautelar nas ações diretas de


inconstitucionalidade. A cautelar nas ações declaratórias de constitucionalidade foi reconhecida,
mesmo sem previsão constitucional expressa, como possível pelo Supremo Tribunal Federal. A
Lei n. 9.868, de 1999, como afirmamos, contemplou expressamente esta última possibilidade.

17. Princípio da reserva de plenário

Os tribunais somente poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder


Público pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo Órgão
Especial (art. 97 da CF).
50
Atualmente, o art. 481, parágrafo único do CPC estabelece que: "os órgãos fracionários dos
tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade,
quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a
questão".

18. Função do Procurador-Geral da República, do Advogado-Geral da União e do AMICUS


CURIAE no controle em abstrato da constitucionalidade

O Procurador-Geral da República é sempre ouvido na função de defensor da ordem jurídica. O


Advogado-Geral da União funciona como curador da (presunção de) constitucionalidade, não
podendo sustentar posição contrária ao ato impugnado. O amicus curiae é o órgão ou entidade
que participa do debate constitucional, segundo despacho do relator do processo, legitimando
socialmente as decisões da Suprema Corte. Também está presente no controle em concreto (art.
482, parágrfo terceiro do CPC).

19. Controle de constitucionalidade de leis municipais

Não se admite a ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal perante a Constituição


Federal a ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal.

A lei municipal que contrariar a Constituição Estadual poderá ser objeto de ação direta de
inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça (art. 125, parágrafo segundo da CF). Se a
Constituição Estadual reproduzir norma da Constituição Federal é possível da decisão da ação
direta pelo Tribunal de Justiça, a interposição de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal
Federal.

A controvérsia constitucional fundada em lei municipal pode ser obejto de argüição de


descumprimento de preceito fundamental (Lei n. 9.882, de 1999).

20. Papel do Senado Federal no controle de constitucionalidade

Nos processos em que o controle da constitucionalidade é incidental, o Senado pode (não está
obrigado) suspender, com efeitos ex nunc e erga omnes, a executoriedade da lei reconhecida
como inconstitucional (art. 52, inciso X da CF).

21. Titularidade

A titularidade ou legitimação ativa para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade está


regulada no art. 103 da CF. Foi, portanto, superada a legitimação tão-somente na pessoa do
Procurador-Geral da República. O rol de legitimados é taxativo.

Os legitimados para a propositura de ação declaratória de constitucionalidade são enumerados no


art. 103, parágrafo quarto.

51
O Governador do DF e a Mesa da Câmara Legislativa do DF pode provocar o controle abstrato
de leis distritais desde que editadsa em matéria de competência legislativa estadual.

22. Pertinência temática

A relação existente entre a norma impugnada e a entidade que ingressa com a ação direta de
inconstitucionalidade (pertinência temática) gera a figura do autor interessado ou especial em
contraponto com o autor neutro ou universal. Os primeiros são as Mesas das Assembléias, os
Governadores de Estado e as confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional,
que precisam demonstrar especial interesse na declaração da inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo.

23. Normas elaboradas antes da vigência da Constituição

Não há possibilidade de controle em abstrato (só em concreto) da constitucionalidade de leis ou


atos normativos elaborados antes da entrada em vigor da nova Constituição. O mesmo raciocínio
se aplica a uma nova emenda à Constituição.

24. Espécies de decisões proferidas no controle abstrato da constitucionalidade

24.1. Declaração de nulidade total

A lei é declarada totalmente inconstitucional.

24.2. Declaração de nulidade parcial

Somente alguns dispositivos são declarados inconstitucionais.

24.3. Declaração parcial de nulidade sem redução de texto

Declara-se a inconstitucionalidade de determinadas hipóteses de aplicação da lei e reconhece-se a


possibilidade de aplicação da lei a outras hipóteses.

24.4. Declaração parcial de nulidade com redução de texto

Declara-se a inconstitucionalidade de palavra(s) ou expressões da norma.

24.5. Interpretação conforme a Constituição


52
Declara-se qual é a única interpretação possível do texto legal em consonância com a
Constituição.

Item 7 (exemplos)

A. O ingresso na carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal ocorre nas categorias iniciais,


mediante nomeação, em caráter efetivo, de candidatos habilitados em concursos públicos,
obedecida a ordem de classificação.

Constitucional

B. O ingresso na carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal ocorre, mediante sorteio, em


caráter precário, entre todos aqueles portadores da habilitação de bacharel em ciências contábeis.

Inconstitucional

C. O ingresso na carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal ocorre nas categorias iniciais,


mediante nomeação e sorteio, alternadamente, em caráter efetivo, de candidatos habilitados em
concursos públicos, obedecida a ordem de classificação.

Declaração parcial de inconstitucionalidade com redução de texto ("e sorteio, alternadamente")

D. A investidura nos cargos da carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal far-se-á por força de
concurso público e de provimento derivado.

Declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto

E. O ingresso na carreira de Auditor-Fiscal da Receita Federal ocorre nas categorias iniciais,


mediante nomeação, em caráter efetivo, de candidatos habilitados em procedimento
administrativo, obedecida a ordem de classificação.

Interpretação conforme a Constituição

53
(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 5 - TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
DO HOMEM

5.1. Formação histórica

O reconhecimento dos direitos fundamentais do homem em textos escritos e específicos


("declarações de direitos") são eventos históricos relativamente recentes. As primeiras
manifestações são encontradas na Inglaterra com a Magna Carta (1215-1225), o Bill of Rights
(1688), entre outros.

A primeira declaração de direitos moderna foi a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia,
de 1776. O marco histórico mais importante repousa na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, adotada na França em 1789. Trata-se de um monumento ao liberalismo, fundada nas
idéias de liberdade, igualdade, propriedade e legalidade. Nos EUA foi adotada uma declaração de
direitos em 1791, na forma de emendas ao texto original da Constituição.

As primeiras declarações de direitos que rompem com liberalismo estão presentes na


Constituição mexicana de 1917 e na Constituição alemã de Weimar, de 1919.

A Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, da Rússia de 1918, é um dos


marcos da tentativa de superação do regime capitalista e adoção do regime socialista.

Atualmente, temos uma nítida universalização das declarações de direitos, presentes nos textos
constitucionais (portanto, com caráter normativo). Registre-se, pela sua importância, a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela ONU em 1948.

5.2. Conceito e denominação

São as prerrogativas e as instituições mínimas ou básicas para que exista convivência humana
digna, livre e igualitária. Possuem dimensão formal e material.

As denominações encontradas são as mais diversas: direitos naturais, direitos humanos, direitos
do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdades
públicas, entre outros. A nomenclatura consagrada na Constituição de 1988 foi justamente:
direitos fundamentais do homem.

5.3. Natureza e eficácia das normas

Inegavelmente, são normas jurídicas constitucionais. José Afonso da Silva afirma que, em regra,
são de eficácia contida e aplicabilidade imediata. Registra, no entanto, que algumas podem ser de
eficácia limitada e aplicabilidade indireta (aquelas dependentes de lei integradora).

5.4. Características

54
Os caracteres mais marcantes dos direitos fundamentais são: (a) historicidade (nascem,
modificam-se e desaparecem); (b) inalienabilidade (intransferíveis e inegociáveis); (c)
imprescritibilidade (nunca deixam de ser exigíveis); (d) irrenunciabilidade (no máximo, podem
não ser exercidos); (e) universalidade (todos têm direitos fundamentais) e (f) limitabilidade (não
são absolutos).

5.5. Classificação

Adotando o critério do conteúdo e observando a Constituição de 1988, podemos separá-los em:


(a) individuais; (b) coletivos; (c) sociais; (d) à nacionalidade e (e) políticos. José Afonso da Silva
alerta para a presença de direitos econômicos na título próprio da Carta Política.

Existe uma classificação consagrada doutrinariamente utilizando o critério do momento histórico


em que surgiram os direitos. Assim, existiriam três gerações de direitos: (a) primeira geração (...);
(b) segunda geração (...) e (c) terceira geração (...).

5.6. Garantias

Encontramos nas Constituições a presença de recursos e meios jurídicos para assegurar


efetividade aos direitos fundamentais. Tratam-se das garantias constitucionais dos direitos
fundamentais. Não são um fim em si mesmas, mas instrumentos para assegurar um direito
fundamental inscrito no Texto Maior na forma de ações judiciais. Não perdem, no entanto, a
natureza de direitos a disposição do homem, na perspectiva de sua mera utilização.

5.7. Colisão de direitos fundamentais

(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 2 - PODER CONSTITUINTE

1. Poder Constituinte Originário

É o poder que elabora uma Constituição (poder como a força/faculdade/possibilidade de fazer


valer/prevalecer uma vontade/interesse).

Natureza. É um poder de fato.

55
Características: (a) inicial; (b) ilimitado (ou absoluto). Não se sujeita a regras. Encontra tão-
somente condicionamentos históricos, sociais, econômicos e políticos; (c) incondicionado
(juridicamente).

Titular do poder constituinte. Aquele que o exerce ("o titular do poder constituinte é produto das
circunstâncias históricas"). Pode ser o povo, um ditador, uma classe social, etc. Registre-se o
posicionamento doutrinário que sustenta ser sempre o povo o titular do poder constituinte.

Agentes do poder constituinte. As pessoas físicas que elaboram e editam uma Constituição em
nome do titular do Poder Constituinte.

Veículos. Revoluções. Transições.

Item 1

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL,

ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente


perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios
partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da
extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se
em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;

ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia
a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente;

ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de
preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo;

Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras
justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com
que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas;

Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo
brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao
seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde
hoje em todo o Pais: (Constituição de 1937)

Item 2

Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia


Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte
(Constituição de 1946)

Item 3

ATO INSTITUCIONAL Nº 1 (Rio de Janeiro-GB, 9 de abril de 1964)

À NAÇAO

56
É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma
nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no
espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma
autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o
interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela


eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder
Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.
Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a
força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita normas jurídicas sem que nisto seja
limitada pela normatividade anterior à sua vitória. Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à
ação das Forças Armadas e ao apoio inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome
exercem o Poder Constituinte, de que o Povo é o único titular. O Ato Institucional que é hoje
editado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da
revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a
assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução
econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e
imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do
prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar e se
apressa pela sua institucionalização a limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.

O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa, representada pelos
Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento, pela realização dos objetivos
revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir. Os processos constitucionais não
funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País.
Destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo
governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do
Poder no exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o
processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la,
apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir
a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas
destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do
governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes
de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso
Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que
recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções, a sua legitimação.

Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a assegurar a


realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de atender aos anseios do povo
brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado pelos Comandantes-em-Chefe do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o seguinte.

ATO INSTITUCIONAL

Art 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais e respectivas Emendas,


com as modificações constantes deste Ato.

57
Item 4

O poder constituinte originário aufere, sua soberania, de um poder constituinte derivado?

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 26

Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências.

AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do art.


49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão,


unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro
de 1987, na sede do Congresso Nacional.

Art 2º. O Presidente do Supremo Tribunal Federal instalará a Assembléia Nacional Constituinte e
dirigirá a sessão de eleição do seu Presidente.

Art 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto, em dois turnos de
discussão e votação, pela maioria absoluta dos Membros da Assembléia Nacional Constituinte.

BRASÍLIA, em 27 de novembro de 1985

A MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS


A MESA DO SENADO FEDERAL

Item 5

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para


instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (Constituição de 1988)

Item 6

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815 / DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO
- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A
tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
58
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

Item 7

MANDADO DE SEGURANCA .- MS-20902 / DF


Relator(a): Min. CELIO BORJA
Publicação: DJ DATA-04-08-89 PG-12611 EMENT VOL-01549-01 PG-00115
Julgamento: 31/05/1989 - TRIBUNAL PLENO
MANDADO DE SEGURANCA REQUERIDO CONTRA A PROMULGACAO DA
CONSTITUICAO DE 1988. PEDIDO QUE, NA VERDADE, ATACA A EC N. 26/85 QUE
CONVOCOU A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E DISPOS SOBRE O RITO
PARA APROVACAO DA NOVA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AUTORIDADE
APONTADA COATORA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR DO IMPETRANTE QUE NAO
APONTA QUALQUER OFENSA A DIREITO SUBJETIVO RESULTANTE DA
CONSTITUICAO EM CUJA FEITURA ENXERGA ILEGALIDADE. EXTINCAO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MERITO. ART. 267, VI, CPC.

2. Poder Constituinte Derivado

É o poder de modificar/reformar a Constituição.

Natureza. É um poder de direito.

Características: (a) subordinado; (b) limitado e (c) condicionado (juridicamente).

Reforma: (a) revisão (mais extensa - ver o art. 3o. do ADCT) e (b) emenda (pontual - ver o art. 60
da CF/88).

Titular: Congresso Nacional (na CF de 1988 - ver o art. 60, §2o.)

Limites:

(a) materiais: (a.1) explícitos (art. 60, §4o. da CF) e (a.2) implícitos (titular do poder reformador,
procedimento de reforma, entre outros)

(b) circunstanciais (art. 60, §1o. da CF)

(c) temporais. Impossibilidade de reforma durante certo prazo ou somente de tempos em tempos.

(d) procedimentais (art. 60, caput e §2o. da CF)

Item 8

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE .- ADI-939 / DF


Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
59
Publicação: DJ DATA-18-03-94 PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160
Julgamento: 15/12/1993 - TRIBUNAL PLENO
- Direito Constitucional e Tributario. Acao Direta de Inconstitucionalidade de Emenda
Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisorio sobre a Movimentacao ou a
Transmissao de Valores e de Creditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par.
2., 60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III, "b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituicao
Federal. 1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo
em violacao a Constituicao originaria, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo
Tribunal Federal, cuja funcao precipua e de guarda da Constituicao (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A
Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a Uniao a instituir o
I.P.M.F., incidiu em vicio de inconstitucionalidade, ao dispor, no paragrafo 2. desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, nao se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituicao, porque, desse
modo, violou os seguintes principios e normas imutaveis (somente eles, nao outros): 1. - o
principio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par.
4., inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituicao); 2. - o principio da imunidade tributaria reciproca
(que veda a Uniao, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios a instituicao de impostos
sobre o patrimonio, rendas ou servicos uns dos outros) e que e garantia da Federacao (art. 60, par.
4., inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede
a criacao de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimonio,
renda ou servicos dos partidos politicos, inclusive suas fundacoes, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituicoes de educacao e de assistencia social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e "d"): livros, jornais, periodicos e o papel destinado a sua impressao; 3. Em
consequencia, e inconstitucional, tambem, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem
reducao de textos, nos pontos em que determinou a incidencia do tributo no mesmo ano (art. 28)
e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Acao Direta de Inconstitucionalidade julgada
procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com
relacao a todos os contribuintes, em carater definitivo, a medida cautelar, que suspendera a
cobranca do tributo no ano de 1993.

Poder Constituinte Derivado e Direito Adquirido

Item 9

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-93290 / RJ


Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA
Publicação: DJ DATA-06-11-81 PG-11101 EMENT VOL-01233-02 PG-00460 RTJ VOL-00099-
03 PG-00869
Julgamento: 28/08/1981 - SEGUNDA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE FISCAL DO IMPOSTO DE CONSUMO OU DO
IMPOSTO ADUANEIRO. PRAZO DE VALIDADE PRORROGADO ATE A NOMEACAO DO
ULTIMO CANDIDATO (LEI N. 4.863, DE 29.11.65, ART. 41). REGRA QUE PERDEU O
VIGOR, COM O ADVENTO DA LEI 5.987/73, ART. 3., E, POSTERIORMENTE, PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77. A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77, FIXOU
EM QUATRO ANOS O PRAZO DE VALIDADE DOS CONCURSOS (ART. 97, PARAGRAFO
3., DA CONSTITUICAO FEDERAL). TRATA-SE DE REGRA IMPERATIVA, QUE INCIDE
IMEDIATAMENTE POR FORCA DE SUA NATUREZA CONSTITUCIONAL.
INOCORRENCIA DE DIREITO ADQUIRIDO CONTRA A CONSTITUICAO.
PRECEDENTES: MS 20.157, PLENO, RTJ 95/51. RE NAO CONHECIDO.

Item 10
60
RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-95175 / DF
Relator(a): Min. SOARES MUNOZ
Publicação: DJ DATA-14-05-82 PG-04569 EMENT VOL-01254-02 PG-00472 RTJ VOL-00103-
02 PG-00795
Julgamento: 20/04/1982 - PRIMEIRA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO. PRAZO DE VALIDADE.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8. SUA APLICACAO IMEDIATA, DE VEZ QUE AS
GARANTIAS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA COISA JULGADA SE DIRIGEM A LEI
ORDINARIA E NAO A CONSTITUICAO. RECURSOS EXTRAORDINARIOS DE QUE SE
NAO CONHECE.

Item 11

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-94414 / SP


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-19-04-85 PG-05456 EMENT VOL-01374-02 PG-00217 RTJ VOL-00114-
01 PG-00237
Julgamento: 13/02/1985 - TRIBUNAL PLENO
- MAGISTRADO. INCIDENCIA IMEDIATA DA PROIBICAO CONTIDA NO ARTIGO 114, I,
DA CONSTITUICAO FEDERAL NA REDACAO DADA PELA EMENDA
CONSTITUCIONAL N. 7/77. - NAO HA DIREITO ADQUIRIDO CONTRA TEXTO
CONSTITUCIONAL, RESULTE ELE DO PODER CONSTITUINTE ORIGINARIO, OU DO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO. PRECEDENTES DO S.T.F. RECURSO
EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

3. Poder Constituinte Decorrente

É o poder do ente autônomo da Federação (Estado-Membro) de elaborar sua própria


Constituição.

Ver o art. 25 da CF e o art. 11 do ADCT.

Não envolve os Municípios (art. 29 da CF e o art. 11, parágrafo único do ADCT: Lei Orgânica
elaborada pela Câmara Municipal).

Item 12

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-568 /


AM
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-22-11-91 PP-16845 EMENT VOL-01643-01 PP-00045 RTJ VOL-00138-
01 PP-00064
Julgamento: 20/09/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUICAO DO AMAZONAS -
SERVIDOR PUBLICO - CONCESSAO DE VANTAGEM - ALEGADA USURPACAO DO
PODER DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - PROCESSO
LEGISLATIVO - EXTENSAO E LIMITES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE -
61
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - O Ato das Disposicoes Constitucionais Transitorias, em
seu art. 11, impos aos Estados-membros, no exercicio de seu poder constituinte, a estrita
observancia dos principios consagrados na Carta da Republica. - O poder constituinte decorrente,
assegurado as unidades da Federacao, e, em essencia, uma prerrogativa institucional
juridicamente limitada pela normatividade subordinante emanada da Lei Fundamental. -
Modalidades tipologicas em que se desenvolve o poder constituinte decorrente: poder de
institucionalizacao e poder de revisao. Graus distintos de eficacia e de autoridade. Doutrina. - A
norma que, inscrita em constituicao estadual, autoriza o servidor publico a computar, para efeito
de adicional pelo tempo de exercicio de cargo ou funcao de confianca, o periodo de servico
prestado nas tres esferas de governo, sugere a discussao em torno da extensao do poder
constituinte deferido aos Estados-membros, no que concerne a observancia dos principios
inerentes ao processo legislativo instituidos na Carta da Republica. - A alta relevancia da questao
- alcance do poder constituinte decorrente atribuido aos Estados-membros - torna possivel
invocar o juizo de conveniencia, que constitui criterio adotado e aceito pelo Supremo Tribunal
Federal, em sede jurisdicional concentrada, para efeito de concessao da medida cautelar.
Precedentes.

Item 13

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-290 /


DF
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-03-04-92 PP-04287 EMENT VOL-01656-01 PP-00001 RTJ VOL-00138-
02 PP-00396
Julgamento: 17/10/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO NALIDADE - CONSTITUICAO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA (ART. 27, II) E LEI ESTADUAL N. 1117/90 - SERVIDOR PUBLICO -
CARGOS OU EMPREGOS DE NIVEL MEDIO E SUPERIOR - PISO SALARIAL -
VINCULACAO AO SALARIO MINIMO PROFISSIONAL - EXTENSAO DO PODER
CONSTITUINTE DECORRENTE - PODER DE INICIATIVA - MEDIDA CAUTELAR
SUPERVENIENTEMENTE REQUERIDA - DEFERIMENTO. - A impugnacao, em sede de acao
direta de inconstitucionalidade, da concessao de vantagens ou beneficios funcionais onerosos a
servidores publicos estaduais, outorgada diretamente pela Constituicao local, reveste-se de
plausibilidade juridica, na medida em que instaura, nesta Corte, a discussao em torno da extensao
do poder constituinte decorrente inicial, outorgado aos Estados-membros. O conteudo da norma
constitucional estadual, ao assegurar aos servidores publicos um limite minimo de remuneracao,
alem de estabelecer a vinculacao dos vencimentos a indices ou valores fixados em nivel federal,
parece cercear a atuacao discricionaria dos orgaos ativamente legitimados para a instauracao, na
esfera de sua respectiva competencia, do correspondente processo legislativo.

Item 14

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-134584 / CE


Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO
Rel. Acórdão
Min. MAURICIO CORREA
Publicação: DJ DATA-13-03-98 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00338
Julgamento: 06/05/1997 - Segunda Turma
CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. VETO: QUORUM PARA A SUA
REJEIÇÃO. C.F., 1967, art. 59, § 3º. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ, art. 38, § 3º.
SUPERVENIÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. EXIGÊNCIA DE MAIORIA
ABSOLUTA (CF, art. 66, § 4º). ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS: ART.
11 DO ADCT/CF-88. POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CARTA FEDERAL ATÉ A
62
ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A exceção
contida no art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta Federal de 1988,
que deferiu aos Estados-Membros o prazo de um ano para elaborarem as suas Constituições, não
postergou a observância obrigatória dos princípios nela estabelecidos. 1.1. Não se compadece
com esses princípios (CF, art.66,§ 4 ) o entendimento de que si et in quantum se elaborava a
Carta Política do Estado os comandos inatos do poder constituinte originário no campo federal
estivessem subsumidos pela temporariedade estabelecida no art. 11 do ADCT-CF/88. O lapso
temporal nele previsto não poderia implicar o adiamento da observância de regras constitucionais
de cumprimento obrigatório, sobretudo em matéria de ordem pública relacionada com o Poder
Legislativo. 2. Processo legislativo. Veto. Constituição do Estado do Ceará. Exame da questão na
vigência da Carta Federal de 1988: exigência de maioria absoluta. 2.1 - Se o quorum para a
apreciação do veto é o da maioria absoluta (artigo 66, § 4º, CF) e o seu exame ocorreu na
vigência da atual Carta da República, não poderia a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará
valer-se daquele fixado na anterior Constituição Estadual para determiná-lo como sendo o de dois
terços. Recurso extraordinário não conhecido.

(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 2 - PODER CONSTITUINTE

1. Poder Constituinte Originário

É o poder que elabora uma Constituição (poder como a força/faculdade/possibilidade de fazer


valer/prevalecer uma vontade/interesse).

Natureza. É um poder de fato.

Características: (a) inicial; (b) ilimitado (ou absoluto). Não se sujeita a regras. Encontra tão-
somente condicionamentos históricos, sociais, econômicos e políticos; (c) incondicionado
(juridicamente).

Titular do poder constituinte. Aquele que o exerce ("o titular do poder constituinte é produto das
circunstâncias históricas"). Pode ser o povo, um ditador, uma classe social, etc. Registre-se o
posicionamento doutrinário que sustenta ser sempre o povo o titular do poder constituinte.

Agentes do poder constituinte. As pessoas físicas que elaboram e editam uma Constituição em
nome do titular do Poder Constituinte.

Veículos. Revoluções. Transições.

Item 1

63
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL,

ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente


perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios
partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da
extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se
em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;

ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia
a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente;

ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de
preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo;

Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras
justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com
que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas;

Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo
brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao
seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde
hoje em todo o Pais: (Constituição de 1937)

Item 2

Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia


Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte
(Constituição de 1946)

Item 3

ATO INSTITUCIONAL Nº 1 (Rio de Janeiro-GB, 9 de abril de 1964)

À NAÇAO

É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma
nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no
espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma
autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o
interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela


eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder
Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.
Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a
força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita normas jurídicas sem que nisto seja
limitada pela normatividade anterior à sua vitória. Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à
ação das Forças Armadas e ao apoio inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome
exercem o Poder Constituinte, de que o Povo é o único titular. O Ato Institucional que é hoje
editado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da
revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a
64
assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução
econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e
imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do
prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar e se
apressa pela sua institucionalização a limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.

O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa, representada pelos
Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento, pela realização dos objetivos
revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir. Os processos constitucionais não
funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País.
Destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo
governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do
Poder no exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o
processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la,
apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir
a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas
destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do
governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes
de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso
Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que
recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções, a sua legitimação.

Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a assegurar a


realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de atender aos anseios do povo
brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado pelos Comandantes-em-Chefe do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o seguinte.

ATO INSTITUCIONAL

Art 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais e respectivas Emendas,


com as modificações constantes deste Ato.

Item 4

O poder constituinte originário aufere, sua soberania, de um poder constituinte derivado?

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 26

Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências.

AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do art.


49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão,


unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro
de 1987, na sede do Congresso Nacional.

Art 2º. O Presidente do Supremo Tribunal Federal instalará a Assembléia Nacional Constituinte e
dirigirá a sessão de eleição do seu Presidente.

65
Art 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto, em dois turnos de
discussão e votação, pela maioria absoluta dos Membros da Assembléia Nacional Constituinte.

BRASÍLIA, em 27 de novembro de 1985

A MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS


A MESA DO SENADO FEDERAL

Item 5

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para


instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (Constituição de 1988)

Item 6

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815 / DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO
- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A
tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

Item 7

MANDADO DE SEGURANCA .- MS-20902 / DF


Relator(a): Min. CELIO BORJA
Publicação: DJ DATA-04-08-89 PG-12611 EMENT VOL-01549-01 PG-00115
Julgamento: 31/05/1989 - TRIBUNAL PLENO
MANDADO DE SEGURANCA REQUERIDO CONTRA A PROMULGACAO DA
CONSTITUICAO DE 1988. PEDIDO QUE, NA VERDADE, ATACA A EC N. 26/85 QUE
CONVOCOU A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E DISPOS SOBRE O RITO
PARA APROVACAO DA NOVA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AUTORIDADE
APONTADA COATORA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR DO IMPETRANTE QUE NAO
APONTA QUALQUER OFENSA A DIREITO SUBJETIVO RESULTANTE DA

66
CONSTITUICAO EM CUJA FEITURA ENXERGA ILEGALIDADE. EXTINCAO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MERITO. ART. 267, VI, CPC.

2. Poder Constituinte Derivado

É o poder de modificar/reformar a Constituição.

Natureza. É um poder de direito.

Características: (a) subordinado; (b) limitado e (c) condicionado (juridicamente).

Reforma: (a) revisão (mais extensa - ver o art. 3o. do ADCT) e (b) emenda (pontual - ver o art. 60
da CF/88).

Titular: Congresso Nacional (na CF de 1988 - ver o art. 60, §2o.)

Limites:

(a) materiais: (a.1) explícitos (art. 60, §4o. da CF) e (a.2) implícitos (titular do poder reformador,
procedimento de reforma, entre outros)

(b) circunstanciais (art. 60, §1o. da CF)

(c) temporais. Impossibilidade de reforma durante certo prazo ou somente de tempos em tempos.

(d) procedimentais (art. 60, caput e §2o. da CF)

Item 8

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE .- ADI-939 / DF


Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
Publicação: DJ DATA-18-03-94 PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160
Julgamento: 15/12/1993 - TRIBUNAL PLENO
- Direito Constitucional e Tributario. Acao Direta de Inconstitucionalidade de Emenda
Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisorio sobre a Movimentacao ou a
Transmissao de Valores e de Creditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par.
2., 60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III, "b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituicao
Federal. 1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo
em violacao a Constituicao originaria, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo
Tribunal Federal, cuja funcao precipua e de guarda da Constituicao (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A
Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a Uniao a instituir o
I.P.M.F., incidiu em vicio de inconstitucionalidade, ao dispor, no paragrafo 2. desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, nao se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituicao, porque, desse
modo, violou os seguintes principios e normas imutaveis (somente eles, nao outros): 1. - o
principio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par.
4., inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituicao); 2. - o principio da imunidade tributaria reciproca
(que veda a Uniao, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios a instituicao de impostos
sobre o patrimonio, rendas ou servicos uns dos outros) e que e garantia da Federacao (art. 60, par.
67
4., inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede
a criacao de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimonio,
renda ou servicos dos partidos politicos, inclusive suas fundacoes, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituicoes de educacao e de assistencia social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e "d"): livros, jornais, periodicos e o papel destinado a sua impressao; 3. Em
consequencia, e inconstitucional, tambem, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem
reducao de textos, nos pontos em que determinou a incidencia do tributo no mesmo ano (art. 28)
e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Acao Direta de Inconstitucionalidade julgada
procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com
relacao a todos os contribuintes, em carater definitivo, a medida cautelar, que suspendera a
cobranca do tributo no ano de 1993.

Poder Constituinte Derivado e Direito Adquirido

Item 9

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-93290 / RJ


Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA
Publicação: DJ DATA-06-11-81 PG-11101 EMENT VOL-01233-02 PG-00460 RTJ VOL-00099-
03 PG-00869
Julgamento: 28/08/1981 - SEGUNDA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE FISCAL DO IMPOSTO DE CONSUMO OU DO
IMPOSTO ADUANEIRO. PRAZO DE VALIDADE PRORROGADO ATE A NOMEACAO DO
ULTIMO CANDIDATO (LEI N. 4.863, DE 29.11.65, ART. 41). REGRA QUE PERDEU O
VIGOR, COM O ADVENTO DA LEI 5.987/73, ART. 3., E, POSTERIORMENTE, PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77. A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77, FIXOU
EM QUATRO ANOS O PRAZO DE VALIDADE DOS CONCURSOS (ART. 97, PARAGRAFO
3., DA CONSTITUICAO FEDERAL). TRATA-SE DE REGRA IMPERATIVA, QUE INCIDE
IMEDIATAMENTE POR FORCA DE SUA NATUREZA CONSTITUCIONAL.
INOCORRENCIA DE DIREITO ADQUIRIDO CONTRA A CONSTITUICAO.
PRECEDENTES: MS 20.157, PLENO, RTJ 95/51. RE NAO CONHECIDO.

Item 10

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-95175 / DF


Relator(a): Min. SOARES MUNOZ
Publicação: DJ DATA-14-05-82 PG-04569 EMENT VOL-01254-02 PG-00472 RTJ VOL-00103-
02 PG-00795
Julgamento: 20/04/1982 - PRIMEIRA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO. PRAZO DE VALIDADE.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8. SUA APLICACAO IMEDIATA, DE VEZ QUE AS
GARANTIAS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA COISA JULGADA SE DIRIGEM A LEI
ORDINARIA E NAO A CONSTITUICAO. RECURSOS EXTRAORDINARIOS DE QUE SE
NAO CONHECE.

Item 11

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-94414 / SP


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES

68
Publicação: DJ DATA-19-04-85 PG-05456 EMENT VOL-01374-02 PG-00217 RTJ VOL-00114-
01 PG-00237
Julgamento: 13/02/1985 - TRIBUNAL PLENO
- MAGISTRADO. INCIDENCIA IMEDIATA DA PROIBICAO CONTIDA NO ARTIGO 114, I,
DA CONSTITUICAO FEDERAL NA REDACAO DADA PELA EMENDA
CONSTITUCIONAL N. 7/77. - NAO HA DIREITO ADQUIRIDO CONTRA TEXTO
CONSTITUCIONAL, RESULTE ELE DO PODER CONSTITUINTE ORIGINARIO, OU DO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO. PRECEDENTES DO S.T.F. RECURSO
EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

3. Poder Constituinte Decorrente

É o poder do ente autônomo da Federação (Estado-Membro) de elaborar sua própria


Constituição.

Ver o art. 25 da CF e o art. 11 do ADCT.

Não envolve os Municípios (art. 29 da CF e o art. 11, parágrafo único do ADCT: Lei Orgânica
elaborada pela Câmara Municipal).

Item 12

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-568 /


AM
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-22-11-91 PP-16845 EMENT VOL-01643-01 PP-00045 RTJ VOL-00138-
01 PP-00064
Julgamento: 20/09/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUICAO DO AMAZONAS -
SERVIDOR PUBLICO - CONCESSAO DE VANTAGEM - ALEGADA USURPACAO DO
PODER DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - PROCESSO
LEGISLATIVO - EXTENSAO E LIMITES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE -
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - O Ato das Disposicoes Constitucionais Transitorias, em
seu art. 11, impos aos Estados-membros, no exercicio de seu poder constituinte, a estrita
observancia dos principios consagrados na Carta da Republica. - O poder constituinte decorrente,
assegurado as unidades da Federacao, e, em essencia, uma prerrogativa institucional
juridicamente limitada pela normatividade subordinante emanada da Lei Fundamental. -
Modalidades tipologicas em que se desenvolve o poder constituinte decorrente: poder de
institucionalizacao e poder de revisao. Graus distintos de eficacia e de autoridade. Doutrina. - A
norma que, inscrita em constituicao estadual, autoriza o servidor publico a computar, para efeito
de adicional pelo tempo de exercicio de cargo ou funcao de confianca, o periodo de servico
prestado nas tres esferas de governo, sugere a discussao em torno da extensao do poder
constituinte deferido aos Estados-membros, no que concerne a observancia dos principios
inerentes ao processo legislativo instituidos na Carta da Republica. - A alta relevancia da questao
- alcance do poder constituinte decorrente atribuido aos Estados-membros - torna possivel
invocar o juizo de conveniencia, que constitui criterio adotado e aceito pelo Supremo Tribunal
Federal, em sede jurisdicional concentrada, para efeito de concessao da medida cautelar.
Precedentes.
69
Item 13

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-290 /


DF
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-03-04-92 PP-04287 EMENT VOL-01656-01 PP-00001 RTJ VOL-00138-
02 PP-00396
Julgamento: 17/10/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO NALIDADE - CONSTITUICAO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA (ART. 27, II) E LEI ESTADUAL N. 1117/90 - SERVIDOR PUBLICO -
CARGOS OU EMPREGOS DE NIVEL MEDIO E SUPERIOR - PISO SALARIAL -
VINCULACAO AO SALARIO MINIMO PROFISSIONAL - EXTENSAO DO PODER
CONSTITUINTE DECORRENTE - PODER DE INICIATIVA - MEDIDA CAUTELAR
SUPERVENIENTEMENTE REQUERIDA - DEFERIMENTO. - A impugnacao, em sede de acao
direta de inconstitucionalidade, da concessao de vantagens ou beneficios funcionais onerosos a
servidores publicos estaduais, outorgada diretamente pela Constituicao local, reveste-se de
plausibilidade juridica, na medida em que instaura, nesta Corte, a discussao em torno da extensao
do poder constituinte decorrente inicial, outorgado aos Estados-membros. O conteudo da norma
constitucional estadual, ao assegurar aos servidores publicos um limite minimo de remuneracao,
alem de estabelecer a vinculacao dos vencimentos a indices ou valores fixados em nivel federal,
parece cercear a atuacao discricionaria dos orgaos ativamente legitimados para a instauracao, na
esfera de sua respectiva competencia, do correspondente processo legislativo.

Item 14

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-134584 / CE


Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO
Rel. Acórdão
Min. MAURICIO CORREA
Publicação: DJ DATA-13-03-98 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00338
Julgamento: 06/05/1997 - Segunda Turma
CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. VETO: QUORUM PARA A SUA
REJEIÇÃO. C.F., 1967, art. 59, § 3º. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ, art. 38, § 3º.
SUPERVENIÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. EXIGÊNCIA DE MAIORIA
ABSOLUTA (CF, art. 66, § 4º). ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS: ART.
11 DO ADCT/CF-88. POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CARTA FEDERAL ATÉ A
ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A exceção
contida no art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta Federal de 1988,
que deferiu aos Estados-Membros o prazo de um ano para elaborarem as suas Constituições, não
postergou a observância obrigatória dos princípios nela estabelecidos. 1.1. Não se compadece
com esses princípios (CF, art.66,§ 4 ) o entendimento de que si et in quantum se elaborava a
Carta Política do Estado os comandos inatos do poder constituinte originário no campo federal
estivessem subsumidos pela temporariedade estabelecida no art. 11 do ADCT-CF/88. O lapso
temporal nele previsto não poderia implicar o adiamento da observância de regras constitucionais
de cumprimento obrigatório, sobretudo em matéria de ordem pública relacionada com o Poder
Legislativo. 2. Processo legislativo. Veto. Constituição do Estado do Ceará. Exame da questão na
vigência da Carta Federal de 1988: exigência de maioria absoluta. 2.1 - Se o quorum para a
apreciação do veto é o da maioria absoluta (artigo 66, § 4º, CF) e o seu exame ocorreu na
vigência da atual Carta da República, não poderia a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará
valer-se daquele fixado na anterior Constituição Estadual para determiná-lo como sendo o de dois
terços. Recurso extraordinário não conhecido.

70
(D. CONSTITUCIONAL I) CAPÍTULO 2 - PODER CONSTITUINTE

1. Poder Constituinte Originário

É o poder que elabora uma Constituição (poder como a força/faculdade/possibilidade de fazer


valer/prevalecer uma vontade/interesse).

Natureza. É um poder de fato.

Características: (a) inicial; (b) ilimitado (ou absoluto). Não se sujeita a regras. Encontra tão-
somente condicionamentos históricos, sociais, econômicos e políticos; (c) incondicionado
(juridicamente).

Titular do poder constituinte. Aquele que o exerce ("o titular do poder constituinte é produto das
circunstâncias históricas"). Pode ser o povo, um ditador, uma classe social, etc. Registre-se o
posicionamento doutrinário que sustenta ser sempre o povo o titular do poder constituinte.

Agentes do poder constituinte. As pessoas físicas que elaboram e editam uma Constituição em
nome do titular do Poder Constituinte.

Veículos. Revoluções. Transições.

Item 1

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL,

ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente


perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios
partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da
extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se
em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil;

ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia
a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente;

ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de
preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo;

Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras
justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com
que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas;

Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo
brasileiro, sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao
seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde
hoje em todo o Pais: (Constituição de 1937)

Item 2

71
Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia
Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte
(Constituição de 1946)

Item 3

ATO INSTITUCIONAL Nº 1 (Rio de Janeiro-GB, 9 de abril de 1964)

À NAÇAO

É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma
nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no
espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma
autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o
interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela


eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder
Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.
Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a
força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita normas jurídicas sem que nisto seja
limitada pela normatividade anterior à sua vitória. Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à
ação das Forças Armadas e ao apoio inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome
exercem o Poder Constituinte, de que o Povo é o único titular. O Ato Institucional que é hoje
editado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da
revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a
assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução
econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e
imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do
prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar e se
apressa pela sua institucionalização a limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.

O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa, representada pelos
Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento, pela realização dos objetivos
revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir. Os processos constitucionais não
funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País.
Destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo
governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do
Poder no exclusivo interesse do Pais. Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o
processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la,
apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir
a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas
destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do
governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes
de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso
Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.

Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que
recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as
revoluções, a sua legitimação.

72
Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a assegurar a
realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de atender aos anseios do povo
brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado pelos Comandantes-em-Chefe do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o seguinte.

ATO INSTITUCIONAL

Art 1º - São mantidas a Constituição de 1946 e as Constituições estaduais e respectivas Emendas,


com as modificações constantes deste Ato.

Item 4

O poder constituinte originário aufere, sua soberania, de um poder constituinte derivado?

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 26

Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências.

AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do art.


49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:

Art 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão,


unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro
de 1987, na sede do Congresso Nacional.

Art 2º. O Presidente do Supremo Tribunal Federal instalará a Assembléia Nacional Constituinte e
dirigirá a sessão de eleição do seu Presidente.

Art 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto, em dois turnos de
discussão e votação, pela maioria absoluta dos Membros da Assembléia Nacional Constituinte.

BRASÍLIA, em 27 de novembro de 1985

A MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS


A MESA DO SENADO FEDERAL

Item 5

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para


instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (Constituição de 1988)

Item 6

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE- ADI-815 / DF


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-10-05-96 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312
Julgamento: 28/03/1996 - TRIBUNAL PLENO

73
- Acao direta de inconstitucionalidade. Paragrafos 1. e 2. do artigo 45 da Constituicao Federal. - A
tese de que ha hierarquia entre normas constitucionais originarias dando azo a declaracao de
inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossivel com o sistema de Constituicao
rigida. - Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituicao" (artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdicao lhe e atribuida para
impedir que se desrespeite a Constituicao como um todo, e nao para, com relacao a ela, exercer o
papel de fiscal do Poder Constituinte originario, a fim de verificar se este teria, ou nao, violado os
principios de direito suprapositivo que ele proprio havia incluido no texto da mesma
Constituicao. - Por outro lado, as clausulas petreas nao podem ser invocadas para sustentacao da
tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas
constitucionais superiores, porquanto a Constituicao as preve apenas como limites ao Poder
Constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituicao elaborada pelo Poder Constituinte
originario, e nao como abarcando normas cuja observancia se impos ao proprio Poder
Constituinte originario com relacao as outras que nao sejam consideradas como clausulas petreas,
e, portanto, possam ser emendadas. Acao nao conhecida por impossibilidade juridica do pedido.

Item 7

MANDADO DE SEGURANCA .- MS-20902 / DF


Relator(a): Min. CELIO BORJA
Publicação: DJ DATA-04-08-89 PG-12611 EMENT VOL-01549-01 PG-00115
Julgamento: 31/05/1989 - TRIBUNAL PLENO
MANDADO DE SEGURANCA REQUERIDO CONTRA A PROMULGACAO DA
CONSTITUICAO DE 1988. PEDIDO QUE, NA VERDADE, ATACA A EC N. 26/85 QUE
CONVOCOU A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE E DISPOS SOBRE O RITO
PARA APROVACAO DA NOVA CARTA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA AUTORIDADE
APONTADA COATORA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR DO IMPETRANTE QUE NAO
APONTA QUALQUER OFENSA A DIREITO SUBJETIVO RESULTANTE DA
CONSTITUICAO EM CUJA FEITURA ENXERGA ILEGALIDADE. EXTINCAO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MERITO. ART. 267, VI, CPC.

2. Poder Constituinte Derivado

É o poder de modificar/reformar a Constituição.

Natureza. É um poder de direito.

Características: (a) subordinado; (b) limitado e (c) condicionado (juridicamente).

Reforma: (a) revisão (mais extensa - ver o art. 3o. do ADCT) e (b) emenda (pontual - ver o art. 60
da CF/88).

Titular: Congresso Nacional (na CF de 1988 - ver o art. 60, §2o.)

Limites:

(a) materiais: (a.1) explícitos (art. 60, §4o. da CF) e (a.2) implícitos (titular do poder reformador,
procedimento de reforma, entre outros)

(b) circunstanciais (art. 60, §1o. da CF)


74
(c) temporais. Impossibilidade de reforma durante certo prazo ou somente de tempos em tempos.

(d) procedimentais (art. 60, caput e §2o. da CF)

Item 8

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE .- ADI-939 / DF


Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES
Publicação: DJ DATA-18-03-94 PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160
Julgamento: 15/12/1993 - TRIBUNAL PLENO
- Direito Constitucional e Tributario. Acao Direta de Inconstitucionalidade de Emenda
Constitucional e de Lei Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisorio sobre a Movimentacao ou a
Transmissao de Valores e de Creditos e Direitos de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par.
2., 60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III, "b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituicao
Federal. 1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo
em violacao a Constituicao originaria, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo
Tribunal Federal, cuja funcao precipua e de guarda da Constituicao (art. 102, I, "a", da C.F.). 2. A
Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a Uniao a instituir o
I.P.M.F., incidiu em vicio de inconstitucionalidade, ao dispor, no paragrafo 2. desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, nao se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituicao, porque, desse
modo, violou os seguintes principios e normas imutaveis (somente eles, nao outros): 1. - o
principio da anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par.
4., inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituicao); 2. - o principio da imunidade tributaria reciproca
(que veda a Uniao, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios a instituicao de impostos
sobre o patrimonio, rendas ou servicos uns dos outros) e que e garantia da Federacao (art. 60, par.
4., inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede
a criacao de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimonio,
renda ou servicos dos partidos politicos, inclusive suas fundacoes, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituicoes de educacao e de assistencia social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e "d"): livros, jornais, periodicos e o papel destinado a sua impressao; 3. Em
consequencia, e inconstitucional, tambem, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem
reducao de textos, nos pontos em que determinou a incidencia do tributo no mesmo ano (art. 28)
e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Acao Direta de Inconstitucionalidade julgada
procedente, em parte, para tais fins, por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com
relacao a todos os contribuintes, em carater definitivo, a medida cautelar, que suspendera a
cobranca do tributo no ano de 1993.

Poder Constituinte Derivado e Direito Adquirido

Item 9

RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-93290 / RJ


Relator(a): Min. CORDEIRO GUERRA
Publicação: DJ DATA-06-11-81 PG-11101 EMENT VOL-01233-02 PG-00460 RTJ VOL-00099-
03 PG-00869
Julgamento: 28/08/1981 - SEGUNDA TURMA

75
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE FISCAL DO IMPOSTO DE CONSUMO OU DO
IMPOSTO ADUANEIRO. PRAZO DE VALIDADE PRORROGADO ATE A NOMEACAO DO
ULTIMO CANDIDATO (LEI N. 4.863, DE 29.11.65, ART. 41). REGRA QUE PERDEU O
VIGOR, COM O ADVENTO DA LEI 5.987/73, ART. 3., E, POSTERIORMENTE, PELA
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77. A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8/77, FIXOU
EM QUATRO ANOS O PRAZO DE VALIDADE DOS CONCURSOS (ART. 97, PARAGRAFO
3., DA CONSTITUICAO FEDERAL). TRATA-SE DE REGRA IMPERATIVA, QUE INCIDE
IMEDIATAMENTE POR FORCA DE SUA NATUREZA CONSTITUCIONAL.
INOCORRENCIA DE DIREITO ADQUIRIDO CONTRA A CONSTITUICAO.
PRECEDENTES: MS 20.157, PLENO, RTJ 95/51. RE NAO CONHECIDO.

Item 10

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-95175 / DF


Relator(a): Min. SOARES MUNOZ
Publicação: DJ DATA-14-05-82 PG-04569 EMENT VOL-01254-02 PG-00472 RTJ VOL-00103-
02 PG-00795
Julgamento: 20/04/1982 - PRIMEIRA TURMA
CONCURSO PARA PROVIMENTO DE CARGO PUBLICO. PRAZO DE VALIDADE.
EMENDA CONSTITUCIONAL N. 8. SUA APLICACAO IMEDIATA, DE VEZ QUE AS
GARANTIAS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA COISA JULGADA SE DIRIGEM A LEI
ORDINARIA E NAO A CONSTITUICAO. RECURSOS EXTRAORDINARIOS DE QUE SE
NAO CONHECE.

Item 11

RECURSO EXTRAORDINARIO .- RE-94414 / SP


Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Publicação: DJ DATA-19-04-85 PG-05456 EMENT VOL-01374-02 PG-00217 RTJ VOL-00114-
01 PG-00237
Julgamento: 13/02/1985 - TRIBUNAL PLENO
- MAGISTRADO. INCIDENCIA IMEDIATA DA PROIBICAO CONTIDA NO ARTIGO 114, I,
DA CONSTITUICAO FEDERAL NA REDACAO DADA PELA EMENDA
CONSTITUCIONAL N. 7/77. - NAO HA DIREITO ADQUIRIDO CONTRA TEXTO
CONSTITUCIONAL, RESULTE ELE DO PODER CONSTITUINTE ORIGINARIO, OU DO
PODER CONSTITUINTE DERIVADO. PRECEDENTES DO S.T.F. RECURSO
EXTRAORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

3. Poder Constituinte Decorrente

É o poder do ente autônomo da Federação (Estado-Membro) de elaborar sua própria


Constituição.

Ver o art. 25 da CF e o art. 11 do ADCT.

Não envolve os Municípios (art. 29 da CF e o art. 11, parágrafo único do ADCT: Lei Orgânica
elaborada pela Câmara Municipal).

76
Item 12

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-568 /


AM
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-22-11-91 PP-16845 EMENT VOL-01643-01 PP-00045 RTJ VOL-00138-
01 PP-00064
Julgamento: 20/09/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - CONSTITUICAO DO AMAZONAS -
SERVIDOR PUBLICO - CONCESSAO DE VANTAGEM - ALEGADA USURPACAO DO
PODER DE INICIATIVA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - PROCESSO
LEGISLATIVO - EXTENSAO E LIMITES DO PODER CONSTITUINTE DECORRENTE -
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. - O Ato das Disposicoes Constitucionais Transitorias, em
seu art. 11, impos aos Estados-membros, no exercicio de seu poder constituinte, a estrita
observancia dos principios consagrados na Carta da Republica. - O poder constituinte decorrente,
assegurado as unidades da Federacao, e, em essencia, uma prerrogativa institucional
juridicamente limitada pela normatividade subordinante emanada da Lei Fundamental. -
Modalidades tipologicas em que se desenvolve o poder constituinte decorrente: poder de
institucionalizacao e poder de revisao. Graus distintos de eficacia e de autoridade. Doutrina. - A
norma que, inscrita em constituicao estadual, autoriza o servidor publico a computar, para efeito
de adicional pelo tempo de exercicio de cargo ou funcao de confianca, o periodo de servico
prestado nas tres esferas de governo, sugere a discussao em torno da extensao do poder
constituinte deferido aos Estados-membros, no que concerne a observancia dos principios
inerentes ao processo legislativo instituidos na Carta da Republica. - A alta relevancia da questao
- alcance do poder constituinte decorrente atribuido aos Estados-membros - torna possivel
invocar o juizo de conveniencia, que constitui criterio adotado e aceito pelo Supremo Tribunal
Federal, em sede jurisdicional concentrada, para efeito de concessao da medida cautelar.
Precedentes.

Item 13

ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA CAUTELAR .- ADIMC-290 /


DF
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Publicação: DJ DATA-03-04-92 PP-04287 EMENT VOL-01656-01 PP-00001 RTJ VOL-00138-
02 PP-00396
Julgamento: 17/10/1991 - TRIBUNAL PLENO
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO NALIDADE - CONSTITUICAO DO ESTADO DE
SANTA CATARINA (ART. 27, II) E LEI ESTADUAL N. 1117/90 - SERVIDOR PUBLICO -
CARGOS OU EMPREGOS DE NIVEL MEDIO E SUPERIOR - PISO SALARIAL -
VINCULACAO AO SALARIO MINIMO PROFISSIONAL - EXTENSAO DO PODER
CONSTITUINTE DECORRENTE - PODER DE INICIATIVA - MEDIDA CAUTELAR
SUPERVENIENTEMENTE REQUERIDA - DEFERIMENTO. - A impugnacao, em sede de acao
direta de inconstitucionalidade, da concessao de vantagens ou beneficios funcionais onerosos a
servidores publicos estaduais, outorgada diretamente pela Constituicao local, reveste-se de
plausibilidade juridica, na medida em que instaura, nesta Corte, a discussao em torno da extensao
do poder constituinte decorrente inicial, outorgado aos Estados-membros. O conteudo da norma
constitucional estadual, ao assegurar aos servidores publicos um limite minimo de remuneracao,
alem de estabelecer a vinculacao dos vencimentos a indices ou valores fixados em nivel federal,
parece cercear a atuacao discricionaria dos orgaos ativamente legitimados para a instauracao, na
esfera de sua respectiva competencia, do correspondente processo legislativo.

Item 14
77
RECURSO EXTRAORDINARIO- RE-134584 / CE
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO
Rel. Acórdão
Min. MAURICIO CORREA
Publicação: DJ DATA-13-03-98 PP-00013 EMENT VOL-01902-02 PP-00338
Julgamento: 06/05/1997 - Segunda Turma
CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. VETO: QUORUM PARA A SUA
REJEIÇÃO. C.F., 1967, art. 59, § 3º. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ, art. 38, § 3º.
SUPERVENIÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. EXIGÊNCIA DE MAIORIA
ABSOLUTA (CF, art. 66, § 4º). ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS: ART.
11 DO ADCT/CF-88. POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CARTA FEDERAL ATÉ A
ELABORAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A exceção
contida no art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Carta Federal de 1988,
que deferiu aos Estados-Membros o prazo de um ano para elaborarem as suas Constituições, não
postergou a observância obrigatória dos princípios nela estabelecidos. 1.1. Não se compadece
com esses princípios (CF, art.66,§ 4 ) o entendimento de que si et in quantum se elaborava a
Carta Política do Estado os comandos inatos do poder constituinte originário no campo federal
estivessem subsumidos pela temporariedade estabelecida no art. 11 do ADCT-CF/88. O lapso
temporal nele previsto não poderia implicar o adiamento da observância de regras constitucionais
de cumprimento obrigatório, sobretudo em matéria de ordem pública relacionada com o Poder
Legislativo. 2. Processo legislativo. Veto. Constituição do Estado do Ceará. Exame da questão na
vigência da Carta Federal de 1988: exigência de maioria absoluta. 2.1 - Se o quorum para a
apreciação do veto é o da maioria absoluta (artigo 66, § 4º, CF) e o seu exame ocorreu na
vigência da atual Carta da República, não poderia a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará
valer-se daquele fixado na anterior Constituição Estadual para determiná-lo como sendo o de dois
terços. Recurso extraordinário não conhecido.

78
(D. CONSTITUCIONAL II) CAPÍTULO 1 - NATUREZA E CONTEÚDO DO DIREITO
CONSTITUCIONAL POSITIVO

1.1. Natureza

Analise as seguintes decisões no âmbito do Supremo Tribunal Federal:

Decisão 1

"ICMS: concessão unilateral de benefícios fiscais (incluída a outorga de crédito presumido) por
Estado federado: "guerra fiscal" repelida pelo STF: liminar deferida.

1. A orientação do Tribunal é particularmente severa na repressão à guerra fiscal entre as


unidades federadas, mediante a prodigalização de isenções e benefícios fiscais atinentes ao
ICMS, com afronta da norma constitucional do art. 155, § 2º, II, g — que submete sua concessão
à decisão consensual dos Estados, na forma de lei complementar (...).

2. As normas constitucionais, que impõem disciplina nacional ao ICMS, são preceitos contra os
quais não se pode opor a autonomia do Estado, na medida em que são explícitas limitações dela.

3. A invocada exigência constitucional de convênio interestadual (CF, art. 155, 2º, II, g) alcança a
concessão por lei estadual de crédito presumido de ICMS, como afirmado pelo Tribunal.

4. Concorrência do periculum in mora para a suspensão do ato normativo estadual que — posto
inspirada na razoável preocupação de reagir contra o Convênio ICMS 58/99, que privilegia a
importação de equipamentos de pesquisa e lavra de petróleo e gás natural contra os produtos
nacionais similares — acaba por agravar os prejuízos igualmente acarretados à economia e às
finanças dos demais Estados- membros que sediam empresas do ramo." ADIMC 2.352. STF.
Pleno. Unânime. Relator Ministro Sepúlveda Pertence. Julgado em 19.12.2000

Decisão 2

"Imposto Provisório sobre a Movimentação ou a Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos


de Natureza Financeira - I.P.M.F. Artigos 5., par. 2., 60, par. 4., incisos I e IV, 150, incisos III,
"b", e VI, "a", "b", "c" e "d", da Constituição Federal.

1. Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte derivada, incidindo em


violação à Constituição originária, pode ser declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal
Federal, cuja função precípua é de guarda da Constituição (art. 102, I, "a", da C.F.).

2. A Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2., autorizou a União a instituir o


I.P.M.F., incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2. desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, III, "b" e VI", da Constituição, porque, desse
modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): 1. - o
princípio da anterioridade, que é garantia individual do contribuinte (art. 5., par. 2., art. 60, par.
4., inciso IV e art. 150, III, "b" da Constituição); 2. - o princípio da imunidade tributária recíproca
(que veda a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos
sobre o patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que é garantia da Federação (art. 60, par.
4., inciso I,e art. 150, VI, "a", da C.F.); 3. - a norma que, estabelecendo outras imunidades impede
79
a criação de impostos (art. 150, III) sobre: "b"): templos de qualquer culto; "c"): patrimônio,
renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e "d"): livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;

3. Em conseqüência, é inconstitucional, também, a Lei Complementar n. 77, de 13.07.1993, sem


redução de textos, nos pontos em que determinou a incidência do tributo no mesmo ano (art. 28)
e deixou de reconhecer as imunidades previstas no art. 150, VI, "a", "b", "c" e "d" da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93).

4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente, em parte, para tais fins, por maioria,
nos termos do voto do Relator, mantida, com relação a todos os contribuintes, em caráter
definitivo, a medida cautelar, que suspendera a cobrança do tributo no ano de 1993." ADIN 939-
DF. STF. Pleno. Maioria. Relator Ministro Sydney Sanches. Julgado em 15.12.93

Decisão 3

" (...) Sabemos que a supremacia da ordem constitucional traduz princípio essencial que deriva,
em nosso sistema de direito positivo, do caráter eminentemente rígido de que se revestem as
normas inscritas no estatuto fundamental. Nesse contexto, em que a autoridade normativa da
Constituição assume decisivo poder de ordenação e de conformação da atividade estatal - que
nela passa a ter o fundamento de sua própria existência, validade e eficácia -, nenhum ato de
Governo (Legislativo, Executivo e Judiciário) poderá contrariar-lhe os princípios ou transgredir-
lhe os preceitos, sob pena de o comportamento dos órgãos do Estado incidir em absoluta desvalia
jurídica.

Essa posição de eminência da Lei Fundamental - que tem o condão de desqualificar, no plano
jurídico, o ato em situação de conflito hierárquico com o texto da Constituição - estimula
reflexões teóricas em torno da natureza do ato inconstitucional, daí decorrendo a possibilidade de
reconhecimento, ou da inexistência, ou da nulidade, ou da anulabilidade (com eficácia ex nunc ou
eficácia ex tunc), ou, ainda, da ineficácia do comportamento estatal incompatível com a
Constituição.

Tal diversidade de opiniões nada mais reflete senão visões doutrinárias que identificam, no
desvalor do ato inconstitucional, "vários graus de invalidade" (...).

As várias concepções teóricas existentes sobre o tema - (...) - permitem a formulação de teses que
buscam definir a real natureza dos atos incompatíveis com o texto da Constituição, qualificando-
os, em função de abordagens diferenciadas, como manifestações estatais tipificadas pela nota da
inexistência (...), ou pelo vício da nulidade (...), ou, ainda, pelo defeito da anulabilidade (...).

Cumpre enfatizar, por necessário, que, não obstante essa pluralidade de visões teóricas, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - apoiando-se na doutrina clássica (...) - ainda
considera revestir-se de nulidade a manifestação do Poder Público em situação de conflito com a
Carta Política (...).

Impõe-se reconhecer, no entanto, que se registra, no magistério jurisprudencial desta Corte, e no


que concerne a determinadas situações (como aquelas fundadas na autoridade da coisa julgada ou
apoiadas na necessidade de fazer preservar a segurança jurídica, em atenção ao princípio da boa-
fé), uma tendência claramente perceptível no sentido de abrandar a rigidez dogmática da tese que
proclama a nulidade radical dos atos estatais incompatíveis com o texto da Constituição da
República (...): (...)
80
Mostra-se inquestionável, no entanto, a despeito das críticas doutrinárias que lhe têm sido feitas
(...), que o Supremo Tribunal Federal vem adotando posição jurisprudencial, que, ao estender a
teoria da nulidade aos atos inconstitucionais, culmina por recusar-lhes qualquer carga de eficácia
jurídica. (...)

Já se afirmou, no início desta decisão, que a declaração de inconstitucionalidade in abstracto, de


um lado, e a suspensão cautelar de eficácia do ato reputado inconstitucional, de outro, importam -
considerado o efeito repristinatório que lhes é inerente - em restauração das normas estatais
revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato.

Esse entendimento - hoje expressamente consagrado em nosso sistema de direito positivo (Lei nº
9.868/99, art. 11, § 2º) -, além de refletir-se no magistério da doutrina (...), também encontra
apoio na própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que, desde o regime constitucional
anterior (...) vem reconhecendo a existência de efeito repristinatório nas decisões desta Corte
Suprema, que, em sede de fiscalização normativa abstrata, declaram a inconstitucionalidade ou
deferem medida cautelar de suspensão de eficácia dos atos estatais questionados em ação direta."
Despacho datado de 17 de abril de 2001. Ministro CELSO DE MELLO. ADIn 2.215-PE (Medida
Cautelar). Informativo STF n. 224.

Portanto, podemos afirmar que o direito constitucional positivo (a Constituição) é o vértice do


ordenamento jurídico, conferindo o fundamento último de existência, validade e eficácia a todas
as normas e situações jurídicas que estejam em conformidade com os seus preceitos e princípios
(princípio da supremacia da Constituição e princípio da compatibilidade vertical).

Deve-se atentar para as conseqüências práticas da natureza do ato inconstitucional (nulo, sem
qualquer eficácia jurídica) e para o efeito restaurador da legislação revogada por norma
inconstitucional quando este vício é devidamente declarado.

Por outro lado, "a principal manifestação da preeminência normativa da Constituição consiste em
que toda a ordem jurídica deve ser lida à luz dela e passada pelo seu crivo" [como forma de
realizar os valores nela consagrados]. (J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira em Fundamentos da
Constituição). É o chamado fenônemo da filtragem constitucional.

1.2. Conteúdo

Analise as seguintes normas constitucionais:

Hipótese 1

"somente por lei específica poderá ser criada autarquia"

Hipótese 2

"Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados
compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição"

81
Agora considere as seguintes situações e as normas constitucionais subjacentes:

Situação 1

Pedro Cela, preso numa certa penitenciária administrada pelo Estado de São Paulo, faz greve de
fome para protestar e denunciar as péssimas condições da prisão.

Norma 1: direito de manifestar opinião (liberdade de expressão)

Norma 2: direito à vida

Situação 2

O Fisco, adotando os procedimentos previstos em lei, intima um certo banco a informar a


movimentação financeira do contribuinte Paulo Vivaldino Sonegas.

Norma 1: direito do Fisco identificar os rendimentos do contribuinte

Norma 2: direito de intimidade e vida privada do contribuinte

Assim, podemos constatar a presença de dois tipos de normas constitucionais: as regras e os


princípios.

1.2.1. Regras

"Contêm relato mais objetivo, com incidência restrita às situações específicas às quais se
dirigem".

São proposições normativas aplicáveis mediante subsunção. "Se os fatos nela previstos ocorrem,
a regra deve incidir, de modo direto e automático, produzindo seus efeitos". Caso contrário, não
há incidência. Portanto, é tudo ou nada (all or nothing).

A regra somente deixa de incidir sobre a hipótese de fato se for inválida, se houver outra mais
específica ou se não estiver em vigor.

Os conflitos entre regras são resolvidos com o recurso a três critérios: o da hierarquia, o
cronológico e o da especialização.

1.2.2. Princípios

"Têm maior teor de abstração", referindo-se a um conjunto de situações relativamente amplo.

Trata-se de uma categoria jurídica muito antiga. Normalmente, era atribuída uma dimensão
puramente axiológica aos princípios, sem eficácia jurídica ou aplicabilidade direta ou imediata.
Seriam cânones dirigidos e a serem observados pelo legislador.

82
Atualmente, existe o reconhecimento da normatividade dos princípios, ou seja, o status de norma
jurídica.

Mais do que a natureza ou status de norma jurídica, os princípios foram conduzidos ao centro do
sistema jurídico. Neste sentido, a Constituição passa a ser entendida como um sistema aberto de
princípios e regras destinado a realizar valores (com dimensão suprapositiva). O direito, portanto,
visto como sistema aberto, sofre a "... permeabilidade a elementos externos e renuncia à
pretensão de disciplinar, por meio de regras específicas, o infinito conjunto de possibilidades
apresentadas pelo mundo real".

Os princípios são os principais canais de comunicação entre o sistema de valores e o sistema


jurídico. Não comportam, pois, enumeração exaustiva. "Passam a ser a síntese dos valores
abrigados no ordenamento jurídico, espelham a ideologia da sociedade, seus postulados básicos e
seus fins".

"Numa ordem pluralista e dialética, existem princípios que abrigam decisões, valores ou
fundamentos diversos, por vezes contrapostos".

A aplicação dos princípios, notadamente quando contrapostos, dá-se por ponderação (de valores
ou interesses). Impõe-se, aqui, fazer escolhas fundamentadas, fazer concessões recíprocas e
preservar, na medida do possível, o núcleo mínimo do valor que perde força.

Nesse contexto, princípios clássicos (igualdade, liberdade, separação de Poderes) passam a


conviver com novos "irmãos", tais como: razoabilidade e/ou proporcionalidade, dignidade da
pessoa humana, solidariedade.

Não existe, em função do princípio da unidade da Constituição, hierarquia entre princípios e


regras. Existe, isto sim, diversidade de funções. Ademais, uma regra pode ser interpretada ou
aplicada de forma semelhante ao princípio (quando contém um termo ou expressão
indeterminada). É possível que uma regra excepcione um princípio. Um princípio pode paralisar
a incidência de uma regra.

Registre-se o surgimento de uma moderna hermenêutica constitucional. Entre os princípios


instrumentais e específicos de interpretação da Constituição encontramos: supremacia, presunção
de constitucionalidade das leis e atos do Poder Público, interpretação conforme a Constituição,
unidade, razoabilidade e efetividade.

Essas considerações realizadas acerca dos princípios (constitucionais) revelam o cerne do


constitucionalismo moderno (atual), de nítida inspiração pós-positivista.

1.2.3. Rápidas observações acerca da evolução do pensamento jurídico

PRÉ-MODERNIDADE
(Estado Liberal)
MODERNIDADE
(Estado Social)
PÓS-MODERNIDADE
(Estado neoliberal)
liberdade individual
e seus limites

83
jusnaturalismo
(razão/
direitos naturais)
intervenção estatal
e seus limites

juspositivismo
(ciência fechada
em torno da norma)

normas: regras
(subsunção)

governabilidade
(desconstitucionalização,
delegificação,
desregulamentação)

pós-positivismo
(ciência aberta
redefinição das relações
entre valores,
princípios e regras)

normas: regras
e princípios
(ponderação)

"A pós-modernidade, na porção em que apreendida pelo pensamento neoliberal, é descrente do


constitucionalismo em geral, e o vê como um entrave ao desmonte do Estado social", ao
funcionamento do mercado, à expansão da economia e à competitividade dos agentes
econômicos. Surge a idéia de uma "Constituição meramente procedimental, que estabeleceria
apenas as regras do processo político, sem fazer opções por valores ideologicamente engajados"
(minimalismo constitucional).

1.2.4. Conclusão

A Constituição de 1988 é abrangente (e não, sintética). Como constituição-dirigente, define fins e


programas de ação. Deve ser entendida na perspectiva do constitucionalismo moderno (atual)
antes referido e analisado sumariamente.

Literalmente, abrange regras e princípios relacionados com:

I. Princípios Fundamentais

II. Direitos e Garantias Fundamentais

III. Organização do Estado (Federal)

84
IV. Organização dos Poderes

V. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

VI. Tributação e Orçamento

VII. Ordem Econômica e Financeira

VIII. Ordem Social

Leitura complementar

Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (pós-modernidade,


teoria crítica e pós-positivismo
de Luis Roberto Barroso

O constitucionalismo: da visão moderna à perspectiva pós-moderna


de Leandro do Amaral D. de Dorneles

A Constituição democrática
de José Luiz Quadros de Magalhães

Legislação

Lei n. 9.868, de 10 de novembro de 1999.


Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação
declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

Exercícios

Marque V para verdadeiro e F para falso nas oito assertivas seguintes:

1. ( ) A supremacia da Constituição aplica-se somente às regras jurídicas nela presentes.

2. ( ) A inclusão dos valores no âmbito de considerações do direito é próprio do positivismo.

3. ( ) A filtragem constitucional consiste num procedimento de criação válida de princípíos


jurídicos.

4. ( ) A ponderação é uma técnica de solução de conflitos entre regras jurídicas.

85
5. ( ) O sentido unívoco das palavras está no centro da nova hermenêutica constitucional.

6. ( ) O pós-positivismo preconiza o Direito como um sistema fechado.

7. ( ) O pensamento neoliberal sustenta, para os tempos atuais, a necessidade de uma Constituição


procedimental.

8. ( ) A razoabilidade é um dos elementos da moderna hermenêutica constitucional.

9. Segundo o constitucionalismo moderno (atual):

(a) as normas jurídicas são somente as regras


(b) o minimalismo é a melhor fórmula para redação de uma Comstituição
(c) os princípios devem ser aplicados por subsunção
(d) a Constituição é um sistema aberto
(e) os princípios não devem ser aplicados diretamente

10. Analise, à luz da Constituição de 1988, a possível (ou não) convivência, num sistema
instituído em lei, entre a proteção da privacidade e os chamados arquivos de consumo, mantidos
pelo próprio fornecedor de crédito ou integrados em bancos de dados.

(D. CONSTITUCIONAL II) CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES


BRASILEIRAS. A CONSTITUIÇÃO DE 1988. EMENDAS. NATUREZA E CONTEÚDO
DO ADCT.

2.1. Histórico das Constituições Brasileiras

A fase colonial da história brasileira, desprovida de textos constitucionais, tem importância pelo
legado político: a formação coronelística oligárquica.

A fase monárquica, iniciada em 1808 com a chegada de D. João VI, registra a primeira
Constituição brasileira. Trata-se da Constituição Política do Império do Brasil, de 1824.

A Constituição de 1824, instituída em meio a um processo extremamente traumático de conflitos


entre o Imperador e a Assembléia Constituinte, caracteriza-se pelos seguintes elementos: a)
contempla o liberalismo reinante na época; b) trata, basicamente, de organizar o Estado
(separação de poderes) e declarar direitos e garantias individuais (sintomaticamente na parte final
do texto). Veja o teor do art. 178 da Carta: "É só constitucional o que diz respeito aos limites e
atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dos cidadãos;
tudo o que não é constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinárias". Apesar da declaração de direitos, o Império manteve a escravidão; c) o
governo era hereditário, constitucional e representativo; d) o território foi divido em províncias,
administradas por um presidente de livre nomeação do Imperador; e) O Imperador exercia o
86
Poder Moderador (chave da organização política e forma de garantir o equilíbrio e harmonia
entre os poderes) e o Poder Executivo; f) O Poder Legislativo era exercido pela Assembléia
Geral, composta de duas câmaras (deputados e senadores) e g) O Poder Judiciário era composto
de juízes e jurados.

A centralização monárquica foi constantemente combatida até resultar no surgimento na


República em 1889.

A fase republicana de nossa história testemunhou a existência de, pelo menos, 6 (seis)
Constituições.

A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1891, praticamente inaugurou as


seguintes instituições políticas: a República, a Federação e o Presidencialismo. Adotou a doutrina
tripartida de Montesquieu. Firmou uma ampla autonomia para os Estados. "Era o texto da
Constituição norte-americana completado com algumas dispósições das Constituições suíça e
argentina" (Amaro Cavalcânti). Ademais, é uma típica Constituição liberal. Nela, organizam-se
os poderes do Estado e são declarados, ao final do texto, os direitos e garantias individuais.

Na chamada Primeira República prevaleceram os poderes locais, revigorados com a ampla


autonomia formal prevista na Constituição. Os "coronéis" elegiam governadores, deputados e
senadores. Os governadores, por sua vez, impunham o Presidente da República.

A Constituição de 1934, marco da Segunda República, manteve em linhas gerais a mesma


estrutura política da anterior (a de 1891). A grande novidade, condizente com as novas condições
sociais e culturais, devidamente absorvidas pelos revolucionário de 30, foi o surgimento de
capítulos relativos à ordem econômica e social, à família, à educação e à cultura, entre outros
temas (sob a influência da Constituição alemã de Weimar, de 1919).

O Estado Novo, situação de ditadura aberta, refletindo as tendências da expansão do facismo


internacional, apresentou a Constituição de 1937 (a "polaca", pela inspiração na Constituição
polonesa de 1935). A principal característica daquele texto constitucional reside no extermo
fortalecimento do Poder Executivo, inclusive com a possibilidade de legislar mediante decretos-
leis.

A redemocratização do País em 1945, com a deposição da Ditadura, abriu caminho para a


Constituição de 1946. A estrutura política definida praticamente repetiu a Constituição de 1934.
Inspirada na idéia de democracia social, tratou da ordem social e econômica, permitiu técnicas
mais amplas de intervencionismo estatal, regulou os temas da família, da educação e da cultura.
Manteve a tradição de declarar os direitos e garantias ao final do texto. Registre-se, durante sua
existência, a curta experiência parlamentarista, forma de superar a crise política instalada e as
tendências reformistas em curso.

O golpe militar de 1964, depois de impor vários Atos Institucionais e complementares, viabilizou
a aprovação da Constituição de 1967 pelo Congresso Nacional. A preocupação básica da Carta
Política de 1967 estava centrada na idéia de segurança nacional. Fortaleceu a União e o
Presidente da República (escolhido por um Colégio Eleitoral). Ampliou a técnica do federalismo
cooperativo (participação de uma entidade estatal na receita de outra). Adotou a técnica do
orçamento-programa e dos programas plurianuais de investimento. Reduziu a autonomia
individual, permitindo a suspensão de direitos e garantias. Manteve o trato de assuntos
econômicos e sociais. A declaração de direitos aparece depois da organização do Estado.

Apesar da Constituição autoritária, o regime militar rompeu a ordem constitucional com o Ato
Institucional n. 5, de 1968. O recrudescimento do regime levou a uma ampla reformulação do
87
texto constitucional por intermédio da Emenda Constitucional n. 1, de 1969. Subsiste, inclusive, a
discussão no sentido da Emenda n. 1 ser ou não uma nova Constituição.

A superação do regime militar e o surgimento da Nova República trouxe a necessidade de


elaboração de um novo pacto político-social. Neste sentido, a Emenda Constitucional n. 26, de
1985, convoca uma Assembléia Nacional Constituinte, a partir dos membros do Congresso
Nacional (Congresso Constituinte). O resultado dos trabalhos constituintes, realizados ao longo
dos anos de 1987 e 1988, foi a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988.

2.2. A Constituição de 1988

A Constituição de 1988 é classificada como formal (documento solene estabelecido pelo Poder
Constituinte), popular ou democrática (órgão constituinte composto de representantes do povo),
rígida (somente alterável mediante processo especial) e abrangente ou analítica (define fins e
programas de ação de forma extensa e minudente).

A Constituição de 1988 consolida a redemocratização da vida política nacional estabelecendo um


novo pacto social. Trata-se de um texto moderno. Segundo José Afonso da Silva, apresenta
inovações de relevante importância para o constitucionalismo brasileiro e até mundial.

A Carta atual define princípios fundamentais e fins para o Estado. Os direitos e garantias
fundamentais (individuais, coletivos, sociais e políticos) são elencados antes da estruturação do
Estado (pela primeira vez na história do constitucionalismo brasileiro). A Federação estabelecida
mantém a predominância da União, apesar de garantir significativos espaços institucionais para
os Estados e os Municípios. O Distrito Federal passa a integrar expressamente a Federação
(inclusive com representação própria no Senado Federal). Consagra-se o Presidencialismo,
dotado, entre outras possibilidades, de editar Medidas Provisórias com força de lei. Mantém-se o
Legislativo bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal). O Poder Judiciário passa a ter
uma estrutura singular com o Supremo Tribunal Federal (com a função precípua de guarda da
Constituição), o Superior Tribunal de Justiça (destinado a uniformizar a aplicação da legislação
federal) e a segunda instância da Justiça Federal composta por cinco Tribunais Regionais. São
fixadas as funções essenciais à Justiça (Ministério Público, Advocacia do Estado, Defensoria
Pública e Advocacia). O Ministério Público ganha uma importância institucional enorme e deixa
de representar judicialmente o Estado. A antiga idéia de segurança nacional é substituída por
vários instrumentos de defesa do Estado e das Instituições Democráticas. Organiza-se um extenso
e complexo sistema tributário e orçamentário. A ordem econômica e financeira baseia-se na livre
iniciativa (capitalismo) segundo os ditames da justiça social (função social da propriedade). A
ordem social também recebe um tratamento bastante generoso envolvendo seguridade (saúde,
previdência e assistência), educação, cultura, desporto, ciência, tecnologia, comunicação, meio
ambiente, família, criança, adolescente, idoso e índios.

Talvez o melhor resumo da Constituição de 1988 esteja no seu primeiro artigo: a República
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito.

2.3. Emendas

88
A Constituição de 1988, até o final do ano de 2002, recebeu 45 (quarenta e cinco) emendas,
sendo 6 (seis) delas oriundas da Revisão Constitucional. Cerca de um terço do texto original
restou alterado por força destas emendas.

Entre as emendas realizadas podemos distinguir:

a) aquelas que pretendem o aperfeiçoamento de vários institutos constitucionais, adaptando-os


aos novos reclamos políticos e sociais. São exemplos de emendas com este objetivo a que trata
das Medidas Provisórias e a que redefine a imunidade parlamentar;

b) aquelas que representam nova decisão acerca de determinadas matérias pontuais. A alteração
da duração do mandato presidencial e a inclusão do direito de moradia entre os direitos sociais
podem ser incluídas nesta categoria;

c) aquelas que evidenciam a adoção do neoliberalismo pelo Estado brasileiro. São,


principalmente, as emendas de conteúdo econômico do ano de 1995;

d) aquelas que redesenham provisoriamente a distribuição das receitas arrecadadas constituindo


fundos especiais com o objetivo de sanear financeiramente a Fazenda Pública Federal e de
manter a estabilidade econômica;

e) aquelas que modificam o sistema tributário caracterizando-o como aberto, a partir da criação e
alteração de novos tributos não previstos no texto original (IPMF e CPMF);

f) aquelas que veiculam grandes reformas. São as reformas administrativa e previdenciária;

g) aquelas que introduzem importantes institutos novos. Neste âmbito, temos a subtração dos
militares do campo dos servidores públicos e a instituição da Ação Declaratória de
Constitucionalidade.

2.4. Natureza e conteúdo do ADCT

Paralelamente ao texto da Constituição, o Poder Constituinte de 1988 editou o Ato das


Disposições Constitucionais Transitórias com setenta artigos. Trata-se de um conjunto de normas
com a finalidade de permitir uma melhor passagem de um sistema constitucional para outro.

Por força de várias emendas, o ADCT recebeu vários acréscimos, contando, no final de 2002,
com oitenta e nove artigos.

Normalmente, não existem disposições transitórias nas mudanças constitucionais radicais ou


revolucionárias. Nas situações de menor trauma político e social, as mudanças de Constituição
contemplam disposições transitórias.

Leitura complementar

O Direito da Razão ou a Razão do Direito? Um breve histórico constitucional brasileiro


de Nilson Borges Filho
89
A Constituição de 1988 e sua reforma
de Eduardo Kroeff Machado Carrion

Legislação

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988


Texto integral. Redação original. Redação dos dispositivos alterados. Redação dos dispositivos
revogados. Redação dos dispositivos incluídos.

Constituições Brasileiras
Texto integral das Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967.

Exercícios

Marque V para verdadeiro e F para falso nas cinco assertivas seguintes:

1. ( ) A tradição do constitucionalismo brasileiro é de ampla participação popular na formação do


Poder Constituinte.

2. ( ) As Constituições brasileiras de 1824 e 1891 são tipicamente liberais.

3. ( ) As Cartas Políticas brasileiras, a partir da Constituição de 1934, revelam-se documentos


neoliberais, avessos aos ditames do Estado Social.

4. ( ) As várias emendas constitucionais com conteúdo tributário revelam que o Sistema


Tributário da Constituição de 1988 é aberto (não está restrito, em matéria de novas figuras
tributárias, ao texto original da Constituição).

5. ( ) A existência de um Ato das Disposições Transitórias para a Constituição de 1988


demonstram uma ruptura radical com a ordem constitucional anterior.

6. Qual o significado da declaração de direitos e garantias fundamentais aparecer antes da


organização do Estado na Constituição de 1988?

90
CAPÍTULO 3 - A CONSTITUIÇÃO DE 1988. ESTRUTURA E CONTEÚDO.
PREÂMBULO. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

3.1. A Constituição de 1988. Estrutura e Conteúdo

A Constituição de 1988 abrange regras e princípios organizados nos seguintes títulos (grandes
unidades temáticas da Carta Política), subdivididos em capítulos, seções e subseções:

I. Princípios Fundamentais

II. Direitos e Garantias Fundamentais

III. Organização do Estado

IV. Organização dos Poderes

V. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

VI. Tributação e Orçamento

VII. Ordem Econômica e Financeira

VIII. Ordem Social

Deve ser registrada a presença de um preâmbulo, de um título para as Diposições Gerais e um


Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

3.2. Preâmbulo

O preâmbulo da Constituição enuncia quem e para que fim foi estabelecida a Constituição. Trata-
se de um resumo ou síntese dos principais objetivos e institutos presentes no texto.

Entende-se que não deve ser encarado como uma mera fórmula, fazendo parte integrante da
Constituição e pondendo ser invocado e aplicado concretamente.

3.3. Princípios Fundamentais

A adequada compreensão dos princípios fundamentais estabelecidos na Consituição passa pela


apreciação da concepção mais moderna acerca dos elementos componentes do Estado. Aos
elementos clássicos, representados pela necessidade de território, povo e governo soberano,
acrescenta-se a finalidade ou os fins a serem perseguidos pelo Estado.

Os princípios fundamentais representam as decisões básicas, conformadoras do Estado e da


ordem jurídica, adotadas pelo Poder Constituinte.

3.3.1. Forma de Governo


91
Exprime como se dá a relação política entre governantes e governados. A Constituição adota a
República. Assim, existe a necessidade de legitimidade popular para composição dos Poderes
Legislativo e Executivo, realizada através de eleições populares periódicas. Não tem o sentido de
mera contraposição à Monarquia, pretendendo firmar ou consagrar a idéia de soberania popular,
exercida por meio de representantes ou diretamente (art. 14 da Constituição de 1988).

3.3.2. Forma de Estado

Modo de exercício do poder político em função do território. A Constituição organiza o Estado


brasileiro sob a forma de Federação (união de coletividades políticas autônomas).

O Estado Federal é o todo, sendo dotado de personalidade jurídica de Direito Internacional e


titular da soberania. Os entes componentes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) são dotados de autonomia e de personalidade jurídica de direito público interno.

A autonomia federativa pressupõe: a) existência de órgãos governamentais próprios e b)


competências exclusivas. A partir destas considerações não é possível negar status federativo ao
Distrito Federal e ao Município. Subsiste, no entanto, uma séria dúvida doutrinária acerca do
Município estar incluído entre os entes da Federação. Há quem afirme que o Município é mera
divisão política do Estado-membro.

A Constituição de 1988 procurou superar um federalismo meramente nominal estruturando um


sistema de repartição de competências de maior equilíbrio entre o poder central e os poderes
regionais e locais, apesar da nítida predominância política do primeiro.

3.3.3. Sistema de Governo

Modo como se relacionam os Poderes. Apesar de uma forte tendência, observada nos trabalhos
constituintes, no sentido de adotar o parlamentarismo, prevaleceu o presidencialismo, fortalecido
pela possibilidade de utilização das medidas provisórias.

A clássica tripartição dos Poderes exprime a separação das funções estatais de administrar,
legislar e julgar e os respectivos órgãos encarregados de realizar preponderantemente tais
funções. A instituição de um sistema de freios e contrapesos, com interferências de um Poder em
outro, buscando o equilíbrio de suas atuações, não permite a divisão absoluta de funções.

3.3.4. Estado Democrático de Direito

O Estado de Direito pressupõe submissão ao império da lei, divisão de poderes e enunciado de


direitos e garantias individuais. É um conceito tipicamente liberal e formal. Não há compromisso
com o conteúdo da lei ou os valores sociais subjacentes à sua produção. O afastamento da
neutralidade do Estado e a idéia de justiça social fazem surgir a noção de Estado Social de
Direito, onde o individualismo clássico liberal cede lugar aos direitos sociais, econômicos e
culturais. Temos o neocapitalismo do Welfare State (Estado do bem-estar social).

92
Nem o Estado Liberal de Direito, nem o Estado Social de Direito garantem o Estado
Democrático, fundado no princípio da soberania popular em seu sentido mais amplo (participação
na formação da instituições e no exercício do poder político).

Assim, o Estado Democrático de Direito, conservando as conquitas anteriores, típicas do Estado


Liberal e do Estado Social, pretende institucionalizar, de forma ampla, as idéias de democracia
política e democracia econômica, mesmo nos marcos do capitalismo. Os fundamentos e os
objetivos do Estado Democrático de Direito precisam seus contornos.

3.3.5. Fundamentos

A soberania, essencial para o conceito de Estado, indica supremacia na ordem interna e


independência na ordem internacional.

A cidadania não significa mera titularidade de direitos políticos. Apresenta o sentido de que o
poder político está assentado na soberania popular, exercida de forma ampla.

A dignidade da pessoa humana condensa ou resume, como valor supremo, o sentido da existência
do Estado. Assim, deve buscar o Estado, nos vários campos de sua ação (econômico, social,
político, cultural, etc), a realização da pessoa humana na sua plenitude.

Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa revelam a existência do modo de produção


capitalista, com o império da propriedade privada dos meios de produção e a existência de um
mercado com características daí decorrentes, temperado pela necessidade de realização da justiça
social.

O pluralismo político não significa mera possibilidade da existência de várias agremiações


partidárias. Impõe o respeito a pluralidade de idéias e culturas e pressupõe o diálogo entre
opiniões e pensamentos divergentes. Num patamar mais elevado, admite a possibilidade de
convivência construtiva de formas de organização e interesses diferentes da sociedade complexa
em que vivemos.

3.3.6. Objetivos Fundamentais

Pela primera vez na história do constitucionalismo brasileiro, a Carta Política especifica objetivos
fundamentais do Estado. No dizer de José Afonso da Silva, "... valem como base das prestações
positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social e cultural, a fim de efetivar
na prárica a dignidade da pessoa humana".

A supressão de preconceitos e desigualdades (sociais e regionais), a eliminação de pobreza e da


marginalização e o desenvolvimento nacional são metas ambiciosas, mas necessárias, para a
sociedade brasileira. O fim último a ser obtido consiste numa sociedade livre, justa e solidária.
Aqui, ganharam relevo a justiça e a solidariedade social, inclusive como vetores de aplicação da
ordem jurídica, com predominância sobre os valores da liberdade e da propriedade.

3.3.7. Princípios nas relações internacionais

93
O constituinte resolveu estabelecer as diretrizes do relacionamento do Estado brasileiro no plano
internacional na forma de dez princípios. Fixou, ainda, a busca da formação de uma comunidade
latino-americana de nações. Apesar de dirigidos ao relacionamento internacional, os princípios
enumerados no art. 4o. da Constituição também influenciam as relações internas.

Leitura complementar

As funções dos princípios constitucionais


de George Marmelstein Lima

Princípio constitucional da dignidade da pessoa humana


de Fernando Ferreira dos Santos

Exercícios

Marque V para verdadeiro e F para falso nas cinco assertivas seguintes:

1. ( ) A forma de Estado e a forma de Governo estão presentes na denominação do Estado


brasileiro.

2. ( ) A República significa mera forma de Governo contraposta a Monarquia.

3. ( ) Os fundamentos (estatais) da soberania e da cidadania são coincidentes.

4. ( ) Entre os objetivos fundamentais do Estado brasileiro está a erradicação das desigualdades


sociais.

5. ( ) O Estado Social de Direito necessariamente é democrático, no sentido da prevalência da


soberania popular.

6. Qual o significado da expressão "Estado Democrático de Direito" presente no art. 1o. da


Constituição de 1988?

7. Quais os dispositivos da Constituição de 1988 podem corroborar a afirmação de que os


Municípios integram a Federação?

94
(D. CONSTITUCIONAL II) CAPÍTULO 4 - DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS

[PROVISÓRIO]

Direitos fundamentais subjetivados e positivados na Constituição de 1988

Doravante serão feitas algumas anotações para facilitar a compreensão dos direitos e garantias
fundamentais consagrados na Constituição.

(a) Destinatários. Não deve ser dada uma interpretação restritiva ao caput do art. 5o. Devem ser
considerados destinatários dos direitos e das garantias fundamentais os estrangeiros não
residentes e, em inúmeros casos, em consonância com a natureza do direito ou da garantia, as
pessoas jurídicas.

(b) Primazia do direito à igualdade. A isonomia não é tratada tecnicamente como os demais
direitos. Ao encabeçar a lista de direitos, passa a informar e condicionar todo o restante da ordem
jurídica.

(c) Sentidos do direito à igualdade. A igualdade em sentido formal, como conquista tipicamente
liberal, procura afastar os privilégios e as distinções entre as pessoas (igualdade perante o
direito). O sentido substancial ou material do direito pretende "uma igualdade real e efetiva
perante os bens da vida". Trata-se de uma concepção própria do Estado Social.

A operacionalização da aplicação do direito ou princípio tem como pressuposto a consideração do


binômio elemento discriminar-finalidade da norma. Assim, estabelecida a finalidade a ser
alcançada, necessariamente prestiagiada pela ordem jurídica, o elemento de discriminação
previsto na norma deve aquele que permite o atingimento do fim pretendido. Portanto, a
igualdade não afasta por completo as discriminações. São banidas da ordem jurídica tão-somente
aquelas em que o elemento discriminador não serve ou viabiliza a finalidade jurídica consagrada.

(d) Igualdade jurídica plena entre homens e mulheres. A igualdade jurídica entre homens e
mulheres (em direitos e obrigações) revoga toda a legislação infraconstitucional anterior onde o
homem tinha primazia sobre a mulher. Agora, somente as distinções constitucionais (em favor da
mulher, por razões sociais bem definidas) e aquelas fundadas em diferenças físicas ou objetivas
podem ser aceitas (juridicamente válidas). A igualdade no âmbito da sociedade conjugal
(afastando a idéia de "cabeça do casal") reafirma a plena igualdade jurídica entre os sexos (art.
226, §5o.).

(e) Princípio da legalidade. Caracteriza o Estado de Direito. Sua afirmação marca historicamente
o fim do Absolutismo, do arbítrio e do império da vontade do governante. Admite a fixação de
obrigações acessórias ou instrumentais através do exercício do poder-dever regulamentar da
Administração Pública.

(f) Proibição da tortura e de tratamento desumano ou degradante. A Lei n. 9.455, de 1997, define
os crimes de tortura (causar sofrimento físico ou mental). Exemplo jurisprudencial de tratamento
degradante: impor algemas na ausência de periculosidade.

95
(g) Liberdade de expressão de pensamento. A ampla - talvez absoluta - liberdade de consciência
fica "autorizada" implicitamente. A ordem jurídica pode regular de forma distinta a extensão do
direito. A vedação do anonimato demonstra não se tratar de direito absoluto, visando a
responsabilização pelos excessos (vide os crimes de opinião previstos no Código Penal: injúria,
difamação e calúnia).

(h) Direito de resposta. Não é preciso a imputação de um crime. Basta que seja ofensiva,
prejudicial, inverídica ou incorreta. Pode ser exercida nos mais diversos espaços sociais, da
imprensa escrita, falada e televisionada até as assembléias ou reuniões.

(i) Liberdade de consciência, crença e culto. Protege o direito de não se ter crença alguma. A
liberdade de culto não está restrita aos locais dos templos. O Estado é laico. Assim, da liberdade
de organização religiosa decorre o fato de que as igrejas podem livremente se constituir
adquirindo personalidade jurídica segundo a lei civil. Não é possível obrigar alguém a revelar
suas convicções filosóficas, políticas ou religiosas.

(j) Escusa de consciência. A Lei n. 8.239, de 1991, dispõe sobre o serviço militar alternativo
como o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial filantrópico ou mesmo
produtivo.

(l) Abolição da censura. A Constituição afasta a exacerbação do poder de polícia do Estado no


sentido de impedir a veiculação de certas idéias ou informações. Também não é necessária a
autorização. É possível, em atenção a outros direitos, condicionamentos de meios, locais e
horários.

(m) Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem. Existe uma efetiva
dificuldade de precisar os sentidos de "intimidade" e "vida privada" e de demarcar os campos
protegidos pela Constituição. Envolve a vedação de intromissão, acesso às informações e
divulgação destas. A proteção da imagem deve ser encarada em conjunto com as circunstâncias e
o contexto presente em cada caso. A Constituição rompe com a tradição de indenização somente
pelo dano material.

(n) Inviolabilidade da casa. A palavra "casa" deve ser tomada em sentido amplo como local de
moradia, afastando considerações de tipo de construção, áreas, localizações geográficas e fatores
temporais de permanência. Para precisar o que é dia existem vários critérios. A presença de
luminosidade solar é um dos mais adequados.

(o) Inviolabilidade do sigilo da correspondência e outras formas de comunicações, notadamente


telefônicas. Impede o acesso ao conteúdo da mensagem e, segundo o entendimento geral, aos
registros das ligações nas companhias telefônicas. A ressalva constitucional para interceptações
de comunicações, por ordem judicial e nos termos da lei, recai unicamente nas telefônicas. A lei
em questão é a de n. 9.296, de 1996. Subsiste forte discussão acerca da possibilidade de
interceptações, sempre com ordem judicial, de outros meios de comunicação, inclusive futuras
formas que o avanço tecnológico possa desenvolver. Já temos este debate na previsão da
possibilidade de interceptação do fluxo de comunicações de informática e telemática, conforme a
lei mencionada.

(p) Sigilo da fonte. Não há como compelir um jornalista a revelar a pessoa ou o órgão de quem
obteve certa informação. Não poderão fazê-lo: a lei, a Administração, o juiz ou os particulares,
mesmo que empregadores.

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(q) Liberdade de locomoção. Obviamente, não impede que os Poderes Públicos disciplinem a
forma como se dará a circulação.

(r) Liberdade de reunião. A Constituição garante o direito de qualquer reunião. São estabelecias
uma série de condicionantes: pacífica, sem armas, em locais abertos ao público e não frustando
outra reunião anteriormente convocada. A exigência de prévio aviso à autoridade competente não
deve ser entendida como requisito inafastável para a licitude da reunião.

(s) Liberdade de associação. Decorre dos termos da Constituição que os únicos limites
intransponíveis para a concretização da liberdade de associação estão na ilicitude dos fins
perseguidos pela entidade, em especial o caráter paramilitar (formação de forças militares
paralelas às do Estado). Somente o Poder Judiciário pode interferir na vida das associações para
corrigir desvios ou transgressões aos seus atos constitutivos e de regência, para suspender as
atividades e para dissolvê-las, neste último caso mediante decisão transitada em julgado.

(t) Substituição processual pelas associações. Neste caso, uma pessoa age por outra (ou outras -
os associados). A autorização não precisa ser expressa em caráter individual ou em assembléia.
Basta a menção nos estatutos, aos quais o associado adere ao realizar sua inscrição ou associação.
Deve existir uma relação de pertinência temática entre fins da entidade e os direitos perseguidos
no âmbito administrativo e/ou judicial.

(u) Direito de propriedade. Toma um sentido amplo, abrangendo todos os componentes, materiais
ou imateriais, do patrimônio. O direito de herança, na forma da lei civil, é um desdobramento do
direito de propriedade. A Constituição condiciona o direito de propriedade a utilização em
consonância com fins sociais devidamente institucionalizados, viabilizando os mais diversos
institutos, tais como: servidões, requisições, desapropriação, tributação diferenciada, entre outros.

(v) Desapropriações. Será por necessidade pública quando o bem atingido for indispensável para
o alcance da finalidade estatal. A utilidade pública envolve a idéia de conveniência. Já o interesse
social está relacionado com a paz e o progresso social. Por justa deve ser entendida aquela
indenização que recompõe integralmente o patrimônio atingido. Por prévia deve ser entendida
aquela indenização paga antes da utilização do bem. Neste sentido, a distinção entre imissão na
posse ou destituição/transferência da propriedade não seria relevante. Registre-se casos de
desapropriação, previstos na Constituição, sem indenização em dinheiro (para reforma agrária,
por exemplo).

(x) Direitos autorais. A propriedade imaterial sobre obras intelectuais, artísticas ou científicas
encontra explícita proteção constitucional no aspecto patrimonial, existente ao lado dos direitos
morais do autor. A Constituição fixa a premissa de que os direitos patrimoniais do autor, embora
transmissíveis aos herdeiros, são temporários. A Lei n. 9.610, de ..., regula a matéria
estabelecendo o prazo de 70 (setenta) anos

(z) Proteção aos inventos industriais, marcas, nomes de empresas e outros signos distintivos. O
prazo de validade das patentes, nos termos da Constituição, é temporário. Segundo a Lei n. , de ,
é de 15 (quinze) anos, caindo, depois, em domínio público. As marcas são registráveis por 10
(dez) anos, admitindo-se prorrogações por períodos iguais e sucessivos. O órgçao de registro é o
INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

(aa) Direitos do consumidor. A Lei n. , de , conhecida como Código de Defesa do Consumidor,


atende a exigência constitucional, revelando-se um diplomas legais mais modernos do mundo no
trato da matéria.

(ab) Direito à informação.


97
(ac) Direito de petição. Possibilidade de chamar a atenção dos Poderes Públicos para determinado
fato, situação ou norma jurídica, seja para denunciar uma irregularidade, seja para solicitar uma
providência.

(ad) Direito a certidões. Assegura-se a todos, independentemente do pagamento de taxas


(imunidade tributária), a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direito e
esclarecimentos de situações de interesse pessoal. A Lei n. 9.051, de ..., regulamenta a matéria e
fixa o prazo de 15 (quinze) para fornecimento do documento.

(ae) Direito de acesso ao Judiciário. A Constituição garante o acesso ao Poder Judiciário para
reparar lesão a direito ou evitar a lesão (no caso de ameaça). Não conflita com este direito,
reputando-se plausíveis pela objetividade e generalidade, a fixação de condições para a ação e
pressupostos processuais, bem como a existência de prazos prescricionais e decadenciais. Não
existe a obrigatiriedade de esgotamento da instância administrativa para que possa recorrer ao
Judiciário. Entretanto, no art. 217, §1o., a Constituição exige o prévio acesso às instâncias da
justiça desportiva nos casos de ações relativas à disciplina às competições desportivas. Entende-
se, com a concordância de decisões do STF, que inexiste a obrigatoriedade de duplo grau de
jurisdição.

(af) Direito adquirido. Ato jurídico perfeito. Coisa Julgada.

(ag) Juízo de exceção. Trata-se do princípio do juiz natural. O juiz natural é aquele integrante do
Poder Judiciário, com competências definidas na Constituição e nas leis de forma genérica e com
garantias institucionais e pessoais para manifestar-se de forma isenta ou imparcial. O tribunal ou
juízo de exceção seria, em regra, aquele criado para julgar fato específico já ocorrido.

(ah) Júri. Trata-se de um tribunal popular que deve ser organizado pela legislação ordinária com
observância: (a) da plenitude de defesa (manifestação do princípio da ampla defesa e do
contraditório); (b) do sigilo das votações (a convicção e a opinião dos jurados deve ser sempre
resguardada); (c) da soberania dos veredictos (as decisões do Júri não excluem a possibilidade de
recurso que ensejará novo julgamento pelo Júri) e (d) da competência para julgar crimes dolosos
contra a vida (quando existe a intenção de matar ou assumiu-se o risco de produzir tal resultado).

(ai) Tipicidade penal. É o princípio da reserva legal ou da tipicidade penal. Exige para que certas
condutas sejam consideradas criminosas: (a) a descrição precisa da conduta ilícita e (b) que esta
descrição conste de lei formal (aprovada pelo Poder Legislativo).

(aj) Irretroatividade penal.

(al) Punição para discriminações.

(am) Racismo.

(an) Tráfico de entorpecentes. Terrorismo. Crimes hediondos.

(ao) Ação armada contra a ordem constitucional.

(ap) Caráter pessoal da pena.

(aq) Penas.

(ar) Extradição.
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(as) Devido processo legal.

(at) Contraditório e ampla defesa.

(au) Provas ilícitas.

(av) Presunção de inocência.

(ax) Publicidade dos atos processuais.

(az) Prisão.

(ba) Habeas corpus. É a ação judicial destinada a proteger especificamente o direito ou liberdade
de locomoção (ir, vir e ficar). Admite-se a propositura sem mediação de advogado e em benefício
de terceiro. Pode ser preventivo ou reparador da ilegalidade já cometida.

(bb) Mandado de segurança individual. É a ação judicial que objetiva amparar direito líquido e
certo lesado ou ameaçado de lesão por qualquer autoridade pública ou por agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições públicas. Pode-se entender por direito líquido e certo aquele
manifesto quanto à existência, delimitado quanto à extensão e apto a ser exercitado no momento
da impetração. O direito líquido e certo deve ser comprovado de plano ou documentalmente,
justamente porque não existe produção de prova no âmbito do mandado de segurança. A Lei n.
1.533, de 1951, regula a utilização desta garantia constitucional.

(bc) Mandado de segurança coletivo. Pode ser impetrado por partido político com representação
no Congresso Nacional ou organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída, em defesa de direito líquido e certo de seus membros ou associados. O direito
invocado deve ser da coletividade, próprio daquela classe ou categoria de pessoas.

(bd) Mandade de injunção. É a ação judicial posta à disposição de quem se considera titular de
qualquer dos direitos, liberdades ou prerrogativas previstos na Constituição cujo exercício
encontra-se inviabilizado por falta de norma regulamentadora.

(be) Habeas data. É a ação judicial que tem por objeto permitir ... A Lei n. regula o exercício
desta garantia constitucional.

(bf) Ação popular. É a ação judicial pela qual qualquer cidadão persegue a correção de atos
lesivos do patrimônio público, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio
histórico e cultural. A Lei n. , de ..., dispõe sobre a utilização deste importante instrumento de
afirmação do controle popular sobre a condução dos negócios públicos.

(bg) Assistência jurídica.

---

Sindicalização e direito de greve: são os 2 instrumentos mais eficazes para a efetividade dos
direitos sociais dos trabalhadores, visto que possibilita a instituição de sindicatos autônomos e
livres e reconhece constitucionalmente o direito de greve (arts. 8º e 9º).

Decisões judiciais normativas: a importância dos sindicatos se revela na possibilidade de


celebrarem convenções coletivas de trabalho e, consequentemente, na legitimação que têm para
suscitar dissídio coletivo de trabalho. (114, § 2º)

99
Garantia de outros direitos sociais: fontes de recursos para a seguridade social, com aplicação
obrigatória nas ações e serviços de saúde e às prestações previdenciárias e assistenciais (194 e
195); a reserva de recursos orçamentários para a educação (212); aos direitos culturais (215); ao
meio ambiente (225).

DIREITOS POLÍTICOS

Definição do tema (remissão): são aquelas que possibilitam o livre exercício da cidadania; tais
são o sigilo de voto, a igualdade de voto; inclui-se aí a determinação de que sejam gratuitos, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

Eficácia dos direitos fundamentais: a garantia das garantias consiste na eficácia e aplicabilidade
imediata das normas constitucionais; os direitos, liberdades e prerrogativas consubstanciadas no
título II, caracterizados como direitos fundamentais, só cumprem sua finalidade se as normas que
os expressem tiverem efetividade, determinando que as normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.

DIREITO DE NACIONALIDADE

Segundo Pontes de Miranda, nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público


interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado.
Nacionalidade e cidadania são conceitos distintos. Afinal, nacional é o brasileiro nato ou
naturalizado. Já cidadão é o nacional no gozo dos direitos políticos, portanto, partícipe da vida
política do Estado.

São dois os critérios normalmente adotados para a determinação da nacionalidade: (a) critério de
sangue, em função do vínculo decorrente da paternidade e (b) critério territorial, em função do
nascimento no território do Estado considerado. A combinação destes critérios pode gerar duas
figuras singulares: o polipátrida e o heimatlos. Polipátrida é todo aquele que tem mais de uma
nacionalidade. Por heimatlos ou apátrida entende-se aquele que não possui nacionalidade.

DIREITO DE NACIONALIDADE BRASILEIRA

Segundo a Constituição de 1988 existem dois tipos de brasileiros: o nato e o naturalizado. Não se
admite a criação, por lei, de outras modalidades de nacionais.

São quatro as situações geradoras da condição de brasileiro nato: (a) os nascidos no Brasil, quer
sejam filhos de pais brasileiros ou de pais entrangeiros, a não ser que estes últimos estejam em
serviço oficial para seus Países; (b) os nascidos no exterior, de pai ou mãe brasileiros, desde que
qualquer um deles esteja a serviço do Brasil; (c) os nascidos no exterior, de pai ou mãe
brasileiros, desde que venham a residir no Brasil antes da maioridade e optem, em qualquer
tempo, pela nacionalidade brasileira e (d) os nascidos no exterior, registrados em repartição
brasileira competente.

Os brasileiros naturalizados: o art. 12, II, prevê o processo de naturalização, só reconhecendo a


naturalização expressa, aquela que depende de requerimento do naturalizando, e compreende 2
classes: a) ordinária: é a concedida ao estrangeiro residente no país, que preencha os requisitos
previstos na lei de naturalização, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art. 12, I, a); b) extraordinária: é
reconhecida aos estrangeiros, residente no Brasil há mais de 15 anos i ninterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

100
...
103) Condição jurídica do brasileiro nato: essa condição dá algumas vantagens em relação ao
naturalizado, como a possibilidade de exercer todos os direitos conferidos no ordenamento pátrio,
observados os critérios para isso, mas também ficam sujeitos aos deveres impostos a todos; as
distinções são só aquelas consignadas na Constituição (art. 12, § 2º). 104) Condição jurídica do
brasileiro naturalizado: as limitações aos brasileiros naturalizados são as previstas nos arts. 12, §
3º, 89, VII, 5º, LI, 222. 105) Perda de nacionalidade brasileira: perde a nacionalidade o brasileiro
que: a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional; b) adquirir outra nacionalidade (art. 12, § 4º), salvo nos casos de
reconhecimento de de nacionalidade originária pela lei estrangeira; e imposição de naturalização,
pela norma estrangeira, ao brasileiro residente no Estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para exercício de direitos civis (redação da ECR-3/94). 106)
Reaquisição da nacionalidade brasileira: salvo se o cancelamento for feito em ação rescisória,
aquele que teve a naturalização cancelada nunca poderá recuperar a nacionalidade brasileira
perdida; o que a perdeu por naturalização voluntária poderá readquiri-la ,por decreto do
Presidente, se estiver domiciliado no Brasil (Lei 818/49, art. 36); cumpre-se notar que a
reaquisição da nacionalidade opera a partir do decreto que a conceder, não tendo efeito retroativo,
apenas recupera a condição que perdera. CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO
BRASIL 107) O estrangeiro: reputa-se entrangeiro no Brasil, quem tenha nascido fora do
território nacional que, por qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade
brasileira. 108) Especial condição jurídica dos portugueses no Brasil: a CF favorece os
portugueses residentes no país, apesar desse dispositivo ser muito defeituoso e incompreensível,
quando declara que aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade
em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
previstos nesta Constituição; ora, se se ressalvam casos previstos, a constituição não tem ressalva
alguma aos direitos inerentes ao brasileiros natos. 109) Locomoção no território nacional: a
liberdade de locomoção no território nacional é assegurada a qualquer pessoa (art. 5º, XV); a lei
condiciona o direito de qualquer pessoa entrar no território nacional, nele permanecer ou dele
sair, só ou com seus bens ( Lei 6815/80, alterada pela Lei 6964/81). Entrada: satisfazendo as
condições estabelecidas na lei, obtendo o visto de entrada, conforme o caso, não o concedendo
aos menores de 18 anos, nem a estrangeiros nas situações enumeradas no art. 7º da referida lei; o
visto não cria direito subjetivo, mas mera expectativa de direito; Permanência: estada sem
limitação de tempo, assim que obtenha o visto para fixar-se definitivamente; Saída: pode seixar o
território com o visto de saída. 110) Aquisição e gozo dos direitos civis: o princípio é o de que a
lei não distingue entre nacionais e estrangeiros quanto à aquisição e ao gozo dos direitos civis
(CC, art. 3º); porém, existem limitações aos estrangeiros estabelecidas na Constituição, de sorte
que podermos asseverar que eles só não gozam dos mesmos direitos assegurados aos brasileiros
quando a própria Constituição autorize a distinção. Exs: arts. 190, 172, 176,§ 1º, 222, 5º,
XXXI,227, § 5) 111) Gozo dos direitos individuais e sociais: é assegurado aos entrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, esse com restrições; quanto aos sociais, ela não assegura, mas também não restringe.
112) Não aquisição de direitos políticos: os estrangeiro não adquirem direitos políticos (art. 14, §
2º). 113) Asilo político: a Constituição prevê a concessão do asilo político sem restrições,
considerando como um dos princípios que regem as relações internacionais do Brasil (art. 4º, X);
consiste no recebimento de estrangeiros no território nacional, a seu pedido, sem os requisitos de
ingresso, para evitar punição ou perseguição no seu país por delito de natureza politica ou
ideológica. 114) Extradição: compete a Únião legislar sobre extradição (art. 22, XV), vigorando
sobre ela os arts. 76 a 94 da Lei 6815/80; mas a CF traça limites à possibilidade de extradição
quanto à pessoa acusada e quando à natureza do delito, vetando os crimes políticos ou de opinião
por estrangeiro, e de modo absoluto os brasileiros natos; cabe ao STF processar e julgar
ordinariamente a extradição solicitada por Estado estrangeiro. 115) Expulsão: é passível de
expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem
política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo
101
procedimento o torne nocivo à convivência e aos interesses nacionais, entre outros casos
previstos em lei; fundamenta-se na necessidade de defesa e conservação da ordem interna ou das
relações internacionais do Estado interessado. 116) Deportação: fundamenta-se no fato de o
estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente no território nacional; decorre do não
cumprimento dos requisitos. V - DIREITO DE CIDADANIA DIREITOS POLÍTICOS 117)
Conceito e abrangência: Os direitos políticos consistem na disciplina dos meios necessários ao
exercício da soberania popular; a Constituição emprega a expressão direitos políticos, em seu
sentido estrito, como o conjunto de regras que regula os problemas eleitorais. 118) Modalidades
de direitos políticos: o núcleo fundamental dos direitos políticos consubstancia-se no direito de
votar e ser votado, possibilitando-se falar em direitos políticos ativos e passivos, sem que isso
constitua divisão deles, são apenas modalidades de seu exercício ligadas à capacidade eleitoral
ativa, consubstanciada nas condições do direito de votar (ativo), e à capacidade eleitoral passiva,
que assenta na elegibilidade, atributo de quem preenche as condições do direito de ser votado
(passivo). 119) Aquisição de cidadania: os direitos de cidadania adquirem-se mediante
alistamento eleitoral na forma da lei; a qualidade de eleitor decorre do alistamento, que é
obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e
maiores de 16 e menores de 18 (art. 14, § 1º, I e II); pode-se dizer, então que a cidadania se
adquire com a obtenção da qualidade de eleitor, que documentalmente se manifesta na posse do
título de eleitor válido. DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS 120) Conceito: consistem no
conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos
órgãos governamentais, garantindo a participação do povo no poder de dominação política por
meio das diversas modalidade de sufrágio. 121) Instituições: as instituições fundamentais são as
que configuram o direito eleitoral, tais como o direito de sufrágio e os sistemas e procedimentos
eleitorais. Direito de Sufrágio 122) Conceito e funções do sufrágio: as palavras sufrágio e voto
são empregadas comumente como sinônimas; a CF, no entanto, dá-lhes sentido diferentes,
especialmente no seu art. 14, por onde se vê que sufrágio é universal e o voto é direto, secreto e
tem valor igual; o sufrágio é um direito público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão
de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal; nele
consubstancia-se o consentimento do povo que legitima o exercício do poder; aí estando sua
função primordial, que é a seleção e nomeação das pessoas que hão de exercer as atividades
governamentais. 123) Forma de sufrágio: o regime político condiciona as formas de sufrágio ou,
por outras palavras, as formas de sufrágio denunciam, em princípio, o regime; se este é
democrático, será universal (quando se outorga o direito de votar a todos as nacionais de um país,
sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna e de capacidade especial. - art.
14 - ); o sufrágio restrito ( quando só é conferido a indivíduos qualificados por condições
econômicas ou de capacidade especiais) revela um regime elitista, autocrático ou oligárquico; o
Direito Constitucional brasileiro respeita o princípio da igualdade do direito de voto, adotando-se
a regra de que a cada homem vale um voto, no sentido de que cada eleitor de ambos os sexos tem
direito a um voto em cada eleição e para cada tipo de mandato. * esse assunto merece uma leitura
mais ampla. 124) Natureza do sufrágio: é um direito público subjetivo democrático, que cabe ao
povo nos limites técnicos do princípio da universalidade e da igualdade de voto e de
elegibilidade; fundamenta-se no princípio da soberania popular por meio de represantes. 125)
Titulares do direito de sufrágio: diz-se ativo (direito de votar) e passivo (direito de ser votado);
aquele caracteriza o eleitor, o outro, o elegível; o primeiro é pressuposto do segundo, pois,
ninguém tem o direito de ser votado, se não for titular do direito de votar. 126) Capacidade
eleitoral ativa: depende das seguintes condições: nacionalidade brasileira, idade mínima de 16
anos, posse de título eleitoral e não ser conscrito em serviço militar obrigatório.(art. 14) 127)
Exercício do sufrágio: o voto: o voto é o ato fundamental do exercício do direito de sufrágio, no
que tange sua função eleitoral; é a sua manifestação no plano prático. 128) Natureza do voto: a
questão se oferece quanto a saber se o voto é um direito, uma função ou um dever; qué é um
direito já o admitimos acima; é, sim, uma função, mas função de soberania popular, na medida
em que traduz o instrumento de atuação desta; nesse sentido, é aceitável a sua imposição como
um dever; daí se conclui que o voto é um direito público subjetivo, uma função social e um dever,
102
ao mesmo tempo. 129) Caracteres do voto: eficácia, sinceridade e autenticidade são atributos que
os sistemas eleitorais democráticos procuram conferir ao voto; para tanto, hão de garantir-lhe 2
caracteres básicos: personalidade e liberdade; a personalidade do voto é indispensável para a
realização dos atributos da sinceridade e autenticidade, significando que o eleitor deverá estar
presente e votar ele próprio, não se admitindo, os votos por correspondência ou por procuração; a
liberdade de voto é fundamental para sua autenticidade e eficácia, manifestando-se não apenas
pela preferência a um ou outro candidato, mas também pela faculdade de votar em branco ou de
anular o voto, direito esse, garantido pelo voto secreto; o sigilo do voto é assegurado mediante as
seguintes providências: 1) uso de cédulas oficiais; 2) isolamento do eleitor em cabine
indevassável; 3) verificação da autenticidade da cédula oficial; 4) emprego de urna que assegure
a inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla para que não acumulem as cédulas na
ordem em que forem introduzidas pelo próprio eleitor, não se admitindo que outro o faça. (art.
103, Lei 4737/65) 130) Organização do eleitorado: o conjunto de todos aqueles detêm o direito
de sufrágio forma o eleitorado; de acordo com o direito eleitoral vigente, o eleitorado está
organizado segundo 3 tipos de divisão territorial, que são as circunscrições eleitorais e zonas
eleitorais e, nestas, os eleitores são agrupados em seções eleitorais que não teram mais de 400
eleitores nas capitais e de 300 nas demais localidades, nem menos de 50, salvo autorização do
TRE em casos excepcionais (art. 117, Lei 4737/65). 131) Elegibilidade e condições de
elegibilidade: consiste no direito de postular a designação pelos eleitores a um mandado político
no Legislativo ou no Executivo; as condições de elegibilidade e as inelegibilidade variam em
razão da natureza ou tipo de mandato pleiteado; a CF arrola no art. 14, § 3º, as condições de
elegibilidade, na forma da lei, isso porque algumas da condições indicadas dependem de forma
estabelecida em lei; as inegebilidades constam nos §§ 4º a 7º e 9º do mesmo artigo, além de
outras que podem ser previstas em lei complementar. SISTEMAS ELEITORAIS 132) As
eleições: a eleição não passa de um concurso de vontades juridicamente qualificadas visando
operar a designação de um titular de mandato eletivo; as eleições são procedimentos técnicos
para a designação de pessoas para um cargo ou para a formação de assembléias; o conjunto de
técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a
representação do povo no território nacional, se designa sistema eleitiral. 133) Reeleição:
significa a possibilidade que a Constituição reconhece ao titular de um mandato eletivo de
pleitear sua própria eleição para um mandato secessivo ao que está desempenhando. 134) O
sistema majoritário: por esse sistema, a representação, em dado território, cabe ao candidato ou
candidatos que obtiverem a maioria dos votos; primeiramente ele se conjuga com o sistema de
eleições distritais, nos quais o eleitor há de escolher entre candidatos individuais em cada partido,
isto é, haverá apenas um candidato por partido; em segundo lugar pode ser simples, com maioria
simples, como pode ser por maioria absoluta; o Direito Constitucional brasileiro consagra o
sistema majoritário: a) por maioria absoluta, para a eleição do Presidente (77), do Governador
(28) e do Prefeito (29, II); b) por maioria relativa, para a eleição de Senadores Federais. 135) O
sistema proporcional: é acolhido para a eleição dos Deputados Federais (45), se estendendo às
Assembléias Legislativas e às Câmaras de Vereadores; por ele, pretende-se que a representação
em determinado território, se distribua em proporção às correntes ideológicas ou de interesse
integrada nos partidos políticos concorrentes; o sistema suscita os problemas de saber quem é
considerado eleito e qual o número de eleitos por partido, sendo, por isso, necessário determinar:
a) votos válidos: para a determinação do quociente eleitoral contam-se, como válidos, os votos
dados à legenda partidária e os votos de todos os candidatos; os votos nulos e brancos não entram
na contagem (77, § 2º). b) Quociente eleitoral: determina-se o quociente eleitoral , dividindo-se o
número de votos válidos pelo número de lugares a preencher na Câmara dos Deputados, ou na
Assembléia Legislativa estadual, ou na Câmara Municipal, conforme o caso, desprezada a fração
igual ou inferior a meio, arredondando-se para 1, a fração superior a meio. c) Quociente
partidário: é o número de lugares cabível a cada partido, que se obtém dividindo-se o número de
votos obtidos pela legenda pelo quociente eleitoral, desprezada a fração. d) Distribuição de
restos: para solucionar esse problema da distribuição dos restos ou das sobras, o direito brasileiro
adotou o método da maior média, que consiste no seguinte: adiciona-se mais 1 lugar aos o que
103
foram obtidos por cada um dos partidos; depois, toma-se o número de votos válidos atribuídos a
cada partido e divide-se por aquela soma; o primeiro lugar a preencher caberá ao partido que
obtiver a maior média; repita-se a mesma operação tantas vezes quantos forem os lugares
restantes que devem ser preenchidos, até sua total distribuição entre os diversos partidos. (Código
Eleitoral, art. 109) * é bom observar os exemplos nas páginas 374 e ss. do livro. 136) O sistema
misto: existem 2 tipos: o alemão, denomidado sistema de eleição proporcional "personalizado",
que procura combinar o princípio decisório da eleição majotirária com o modelo representativo
da eleição proporcional; e o mexicano, que busca conservar o sistema eleitoral misto, mas com
um aumento da representação proporcional, com predomínio do sistema de maioria. No Brasil,
houve tentativa de implantar um chamado sistema misto majoritário e proporcional por distrito,
na forma que a lei dispusesse; a EC 22/82 é o que previu. PROCEDIMENTO ELEITORAL 137)
Apresentação de candidatos: o procedimento eleitoral visa selecionar e designar as autoridades
governamentais; portanto, há de começar pela apresentação dos candidatos ao eleitorado; a
formação das candidaturas ocorrem em cada partido, segundo o processo por ele estabelecido,
pois a CF garante-lhes autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
(17, § 1º); o registro das candidaturas é feito após a escolha, cumpre ao partido providenciar-lhes
o registro consoante, cujo procedimento esta descrito nos arts. 87 a 102 do Código Eleitoral;
Propaganda: é regulada pelos arts. 240 a 256 do Código Eleitoral. 138) O escrutínio: é o modo
pelo qual se recolhem e apuram os votos nas eleições; e é nesse momento que devem concretizar-
se as garantias eleitorais do sigilo e da liberdade de voto (arts. 135 a 157, e 158 a 233, Código
Eleitoral). 139) O contencioso eleitoral: cabe a Justiça Eleitoral, e tem por objetivo fundamental
assegurar a eficácia das normas e garantias eleitorais e, especialmente, coibir a fraude, buscando
a verdade e a legitimodade eleitoral. (arts. 118 a 121) DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS
140) Conceito: são àquelas determinações constitucionais que, de uma forma ou de outra,
importem em privar o cidadão do direito de participação no processo político e nos órgãos
governamentais. 141) Conteúdo: compõem-se das regras que privam o cidadão, pela perda
definitiva ou temporária, da totalidade dos direitos políticos de votar e ser votado, bem como
daquelas regras que determinam restrições à elegibilidade do cidadão. 142) Interpretação: a
interpretação das normas constitucionais ou complementares relativas aos direitos políticos deve
tender à maior compreensão do princípio, deve dirigir-se ao favorecimento do direito de votar e
de ser votado, enquanto as regras de privação e restrição hão de entender-se nos limites mais
estreitos de sua expressão verbal, segundo as boas regras de hermenêutica. PRIVAÇÃO DOS
DIREITOS POLÍTICOS 143) Modos de privação dos direitos políticos: a privação definitiva
denomina-se perda dos direitos políticos; a temporária é sua suspensão; a Constituição veda a
cassação de direitos políticos, e só admite a perda e suspensão nos casos indicados no art. 15.
144) Perda dos direitos políticos: consiste na privação defeinitiva dos direitos políticos, com o
que o indivíduo perde sua condição de eleitor e todos os direitos de cidadania nela fundados. 145)
Suspensão dos direitos políticos: consiste na sua privação temporária; só pode ocorrer por uma
dessas três causas: incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos; improibidade administrativa. 146) Competência para decidir
sobre a perda e suspensão de direitos políticos: decorre de decisão judicial, porque não se pode
admitir a aplicação de penas restritivas de direito fundamental por via que não seja a judiciária,
quando a Constituição não indique outro meio; o Poder Judiciário é o único que tem poder para
dirimir a questão, em processo suscitado pelas autoridades federais em face de caso concreto.
REAQUISIÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 147) Reaquisição dos direitos políticos perdidos:
é regulada no art. 40 da Lei 818/49, que continua em vigor sobre a matéria; a regra é, quem os
perdeu em razão da perda de nacionalidade brasileira, readquirida esta, ficará obrigado a novo
alistamento eleitoral, reavendo, assim, seus direitos políticos; os perdidos em conseqüência da
escusa de consciência (art. 40 da Lei 818/49), admite-se uma analogia à Lei 8239/91, que prevê
essa reaquisição, quando diz que o inadimplente poderá a qualquer tempo, regularizar sua
situação mediante cumprimento das obrigações devidas (art. 4º, § 2º). 148) Reaquisição dos
direitos políticos suspensos: não há norma expressa que preveja os casos e condições dessa
reaquisição; essa circunstância, contudo, não impossibilita a recuperação desses direitos que se
104
dará automaticamente com a cessação dos motivos que determinaram a suspensão.
INELEGIBILIDADES 149) Conceito: Inelegibilidade revela impedimento à capacidade eleitoral
passiva (direito de ser votado). 150) Objeto e fundamento: têm por objeto proteger a proibidade
administrativa, a normalidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do
candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14,
§ 9º); possuem um fundamento ético evidente, tornando-se ilegítimas quando estebelecidas com
fundamento político ou para assegurarem o domínio do poder por um grupo que o venha detendo.
151) Eficácia das normas sobre inelegibilidades: as normas contidas nos §§ 4º a 7º, do art. 14, são
de eficácia plena e aplicabilidade imediata; para incidirem, independem de lei complementar
referida no § 9º do mesmo artigo. 152) Inelegibilidades absolutas e relativas: as absolutas
implicam impedimento eleitoral para qualquer gargo eletivo; as relativas constituem restrições à
elegibilidade para determinados mandatos em razão de situações especiais em que, no momento
da eleição se encontre o cidadão; podem ser por motivos funcionais, de parentesco ou de
domicílio. 153) Desincompatibilização: dá-se também o nome de desincompatibilização ao ato
pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade a tempo de concorrer à eleição cogitada; o
mesmo termo, tanto serve para designar o ato, mediante o qual o eleito sai de uma situação de
incompatibilidade para o exercício do mandato, como para o candidato desembaraçar-se da
inelegibilidade. DOS PARTIDOS POLÍTICOS 154) Noção de partido político: é uma forma de
agremiação de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade
popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo. 155) Sistemas
partidários: sistema de partido, consiste no modo de organização partidária de um país; os
diferentes modos de organização possibilitam o surgimento de 3 tipos de sistema: a) o de partido
único, ou unipartidário; b) o de dois partidos, ou bipartidarismo; c) o de 3, 4, ou mais partidos,
denominado sistema pluripartidário, ou multipartidário; neste último se inclui o sistema brasileiro
nos termos do art. 17. 156) Institucionalização jurídico-constitucional dos partidos. Controle: a
ordenação constitucional e legal dos partidos traduz-se num condicionamento de sua estrutura,
seu programa e suas atividades, que deu lugar a um sistema de controle, consoante se adote uma
regulamentação maximalista (maior intervenção estatal) ou minimalista (menor); a Constituição
vigente liberou a criação, organização e funcionamento de agremiações partidárias, numa
concepção minimalista, sem controle quantitativo (embora o possibilite por lei ordinária), mas
com previsão de mecanismos de controle qualitativo (ideológico), mantido o controle financeiro;
o controle financeiro impões limites à apropriação dos recursos financeiros dos partidos, que só
podem buscá-los em fontes estritamente indicadas, sujeitando-se à fiscalização do Poder Público.
157) Função dos partidos e partido de oposição: a doutrina, em geral, admite que os partidos têm
por função fundamental, organizar a vontade popular e exprimi-la na busca do poder, visando a
aplicação de seu programa de governo; o pluripartidarismo pressupões maioria governante e
minoria discordante; o direito da maioria pressupões a existência do direito da minoria e da
proteção desta, que é função essencial a existência dos direitos fundamentais do homem;
decorrem, pois, do texto constitucional (17), a necessidade e os fundamentos de partidos de
oposição. 158) Natureza jurídica dos partidos: se segundo o § 2º, do art. 17, adquirem
personalidade na forma da lei civil é porque são pessoas jurídicas de direito privado
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA 159) Liberdade
partidária: afirma-se no art. 17, nos termos seguintes: é livre a criação, fusão, incorporação e
extinção dos partidos políticos, resguardados a soberania nacional¸ o regime democrático, o
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana, condicionados, no entanto, a
serem de caráter nacional, a não receberem recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiro ou a subordinação a estes, a prestarem contas à Justiça Eleitoral e a terem
funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 160) Condicionamentos à liberdade partidária:
ela é condicionada à vários princípios que confluem, em essência, para seu compromisso com o
regime democrático. 161) Autonomia e democrácia partidária: a idéia que sai do texto
constitucional (art. 17, § 1º) é a de que os partidos hão que se organizar e funcionar em harmonia
com o regime democrático e que sua estrutura interna também fica sujeita ao mesmo princípio; a
105
autonomia é conferida na suposição de que cada partido busque, de acordo com suas concepções,
realizar uma estrutura interna democrática. 162) Disciplina e fidelidade partidária: pela CF, não
são uma determinante da lei, mas uma determinante estatutária; os estatutos dos partidos estão
autorizados a prever sanções para os atos de indisciplina e de infidelidade, que poderão ir de
simples advertência até a exclusão; mas a Constituição não permite a perda de mandato por
infidelidade partidária, até o veda. PARTIDOS E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 163) Partidos e
elegibilidade: os partidos destinam-se a assegurar a autenticidade do sistema representativo,
sendo assim, canais por onde se realiza a representação política do povo, não se admitindo
candidaturas avulsas, pois ninguém pode concorrer a eleições se não for registrado num partido
(14, § 3º, V). 164) Partidos e exercício do mandato: uma das conseqüências da função
representativa dos partidos é que o exercício do mandato político, que o povo outorga aseus
representantes, faz-se por intermédio deles, que, desse modo, estão de permeio entre o povo e o
governo, mas não no sentido de simples intermediários entre 2 pólos opostos ou alheios entre si,
mas como um instrumento por meio do qual o povo governa. 165) Sistema partidário e sistema
eleitoral: ambos formam os dois mecanismos de expressão da vontade popular na escolha dos
governantes; a circunstância de ambos se voltarem para um mesmo objetivo imediato (a
organização da vontade popular) revela a influência mútua entre eles, a ponto de a doutrina
definir condicionamentos específicos do sistema eleitoral sobre o de partidos.

Leitura complementar

Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (pós-modernidade,


teoria crítica e pós-positivismo
de Luis Roberto Barroso

O constitucionalismo: da visão moderna à perspectiva pós-moderna


de Leandro do Amaral D. de Dorneles

A Constituição democrática
de José Luiz Quadros de Magalhães

Não à desconstitucionalização os direitos sociais


de Flávia Piovesan

O Poder Judiciário nos universos jurídico e social


de José Eduardo Faria

Legislação

Lei n. 9.868, de 10 de novembro de 1999.


Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação
declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

106
Exercícios

Marque V para verdadeiro e F para falso nas oito assertivas seguintes:

1. ( ) A supremacia da Constituição aplica-se somente às regras jurídicas nela presentes.

2. ( ) A inclusão dos valores no âmbito de considerações do direito é próprio do positivismo.

3. ( ) A filtragem constitucional consiste num procedimento de criação válida de princípíos


jurídicos.

4. ( ) A ponderação é uma técnica de solução de conflitos entre regras jurídicas.

5. ( ) O sentido unívoco das palavras está no centro da nova hermenêutica constitucional.

6. ( ) O pós-positivismo preconiza o Direito como um sistema fechado.

7. ( ) O pensamento neoliberal sustenta, para os tempos atuais, a necessidade de uma Constituição


procedimental.

8. ( ) A razoabilidade é um dos elementos da moderna hermenêutica constitucional.

9. Segundo o constitucionalismo moderno (atual):

(a) as normas jurídicas são somente as regras


(b) o minimalismo é a melhor fórmula para redação de uma Comstituição
(c) os princípios devem ser aplicados por subsunção
(d) a Constituição é um sistema aberto
(e) os princípios não devem ser aplicados diretamente

10. Analise, à luz da Constituição de 1988, a possível (ou não) convivência, num sistema
instituído em lei, entre a proteção da privacidade e os chamados arquivos de consumo, mantidos
pelo próprio fornecedor de crédito ou integrados em bancos de dados.

107
CAPÍTULO 5 - ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

[PROVISÓRIO]

4.1. Teoria dos Direitos Fundamentais do Homem

DA INTERVENÇÃO NOS ESTADOS E NOS MUNICÍPIOS 14) Autonomia e equilíbrio


federativo: autonomia é a capacidade de agir dentro de círculo preestabelecido (25, 29 e 32); é
nisso que verifica-se o equilíbrio da federação; esse equilíbrio realiza-se por mecanismos
instituídos na constituição rígida, entre os quais sobreleva o da internvenção federal nos Estados e
dos Estados nos municípios (34 a 36). 15) Natureza da intervenção: intervenção é ato político que
consiste na incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta; é antítese
da autonomia; é medida excepcional, e só há de ocorrer nos casos nela taxativamente e indicados
como exceção no princípio da não intervenção (art. 34). INTERVENÇÃO FEDERAL NOS
ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL 16) Pressupostos de fundo da intervenção; casos e
finalidades: constituem situações críticas que põem em risco a segurança do Estado, o equilíbrio
federativo, as finanças estaduais e a estabilidade da ordem constitucional; tem por finalidade: a) a
defesa do Estado, para manter a integridade nacional e repelir invasão estrangeira (34, I e II); b) a
defesa do princípio federativo, para repelir invasão de uma unidade em outra, pôr termo a grave
comprometimento da ordem pública e garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas
unidades da federação; c) a defesa das finanças estaduais, sendo permitida à intervenção quando
for suspensa o pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos, deixar de entregar aos
Municípios receitas tributárias; 4) a defesa da ordem constitucional, quando é autorizada a
intervenção nos casos dos incisos VI e VII do art. 34. 17) Pressupostos formais: constitume
pressupostos formais da intervenção o modo de efetivação, seus limites e requisitos; efetiva-se
por decreto do Presidente, o qual especificará a sua amplitude, prazo e condições de execução, e
se couber, nomeará o interventor ( 36, § 1º). 18) Controle político e jurisdicional da intervenção:
segundo a art. 49, IV, o CN não se limitará a tomar ciência do ato de intervenção, pois ele será
submetido a sua apreciação, aprovando ou rejeitando; se suspender, esta passará a ser ato
inconstitucional (85, II); o controle jurisdicional acontece nos casos em que ele dependa de
solicitação do poder coacto ou impedido ou de requisição dos Tribunais. 19) Cessação da
intervenção: cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a eles
voltarão, salvo impedimento legal (36, § 4º). 20) Responsabilidade civil do interventor: o
interventor é figura constitucional e autoridade federal, cujas atribuições dependem do ato
interventivo e das i nstruções que receber da autoridade interventora, quando, nessa qualidade,
executa atos e profere decisões que prejudiquem a terceiros, a responsabilidade civil pelos danos
causados é da União (37, § 6º); no exercício normal e regular da Administração estadual, a
responsabilidade é imputada ao Estado. INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS 21) Fundamento
constitucional: fica também sujeito a intervenção na forma e nos casos previstos na Constituição
(art. 35). 22) Motivos para a intervenção nos Municípios: o princípio aqui é também o da não
intervenção, de sorte que esta só poderá licitamente ocorrer nos estritos casos indicados no art.
35. 23) Competência para intervir: compete ao Estado, que se faz por decreto do Governador; o
decreto conterá a designação do interventor (se for o caso), o prazo e os limites da medida, e será
submetido à apreciação da Assembléia Legislativa, no prazo de 24 horas. IV - DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRUTURAS BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
122) Noção de Administração: Administração Pública é o conjunto de meios institucionais,
materiais, financeiros e humanos preordenados à execução das decisões políticas. 123)
Organização da Administração: é complexa, porque a função administrativa é institucionalmente
imputada a diversas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37. 124)
108
Administração direta, indireta e fundacional: direta é a administração centralizada, definida como
conjunto de órgãos administrativos subordinados diretamente ao Poder Executivo de cada
entidade.; indireta é a descentralizada, que são órgão integrados nas muitas entidades
personalizadas de prestação de serviços ou exploração de atividades econômicas, vinculadas a
cada um dos Executivos daquelas entidades; fundacional são as fundações instituídas pelo Poder
Público, através de lei. ÓRGÃOS SUPERIORES DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL 125)
Natureza e posição: segundo o art. 84, II, o Presidente exerce o Executivo, com o auxílio dos
Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; os Ministros, assim, estão na
cúpula da organização administrativa federal. 126) Atribuições dos Ministros: cabem-lhe, além de
outras estabelecidas na CF e na lei: a) a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
entidades na área de sua competência; b) expedir instruções para a execução das leis, decretos e
regulamentos; c) apresentar ao Presidente, relatório anual de sua gestão; d) praticar os atos
pertinentes às atribuições que lhe foram outorgadas ou delegadas pelo Presidente. 127) Condições
de investidura no cargo: ser brasileiro, ser maior de 21 anos e estar no exercício de seus direitos
políticos (87). 128) Juízo competente para processar e julgar os Ministros: pelo STF nos crimes
comuns e nos de responsabilidade que cometerem sozinhos (102, I, c); pelo Senado, em processo
e julgamento idênticos aos do Presidente, nos crimes de responsabilidade (51, I, 52, I, par.único,
85 e 86). 129) Os Ministérios: são criados e estruturados por lei, que também disporá sobre suas
atribuições (88); cada Ministério tem sua estrutura básica dividida em secretárias. CONSELHOS
130) Generalidades: conselhos são organismos públicos destinados ao assessoramento de alto
nível e de orientação e até deliberação em determinado campo de atuação governamental. 131)
Conselho da República: é órgão superior de consulta do Presidente, com competência para
pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e sobre outras questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas (89 e 90). 132) Conselho de Defesa
Nacional: é órgão de consulta do Presidente nos assuntos relacionados com a soberania nacional
e a defesa do Estado democrático; competindo-lhe opinar nas hipóteses de declaraçào de guerra e
de celebração da paz, propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à
segurança do território. ÓRGÃOS SUPERIORES ESTADUAIS 133) Secretárias de Estado: os
Secretários de Estado auxiliam os Governadores na direção superior da administração estadual;
sempre exerceram as mesmas atribuições que acima apontamos como de competência dos
Ministros. DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 134)
Colocação do tema: A Administração é informada por diversos princípios gerais, destinados, de
um lado, a orientar a ação do administrador na prática dos atos administrativos e, de outro lado,
garantir a boa administração, que se consubstancia na correta gestão dos negócios e no manejo
dos recursos públicos no interesse coletivo. 135) Princípioda finalidade: o ato administrativo só é
válido quando atende seu fim legal, ou seja, submetido à lei; impõe que o administrador público
só pratique o ato para o seu fim legal; a finalidade é inafastável do interesse público. 136)
Princípio da impessoalidade: significa que os atos e provimentos administrativos são imputáveis
não ao funcionário que os pratica mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age
o funcionário. 137) Princípio da moralidade: a moralidade é definida como um dos princípios da
Administração Pública (37); consiste no conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina
interior da Administração. 138) Princípio da proibidade administrativa: consiste no dever de o
funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo no exercício da suas funções,
sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a
quem queira favorecer. 139) Princípio da publicidade: o Poder Público, por ser público, deve agir
com a maior transparência possível, a fim de que os administrados tenham, a toda hora,
conhecimento de que os administradores estão fazendo. 140) Princípio da eficiência: introduzido
no art. 37 pela EC-19/98, orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir os melhores
resultados com os meios escassos de que se dispõe e a menor custo; rege-se pela regra da
consecução do maior benefício com o menor custo possível. 141) Princípio da licitação pública:
significa que essas contratações ficam sujeitas ao procedimento de seleção de propostas mais
vantajosas para a Administração; constitui um princípio instrumental de realização dos princípios
da moralidade administrativa e do tratamento isonômico dos eventuais contratantes com o Poder
109
Público. 142) Princípio da prescritibilidade dos ilícitos administrativos: nem tudo prescreverá;
apenas a apuração e punição do ilícito, não, porém, o direito da Administração ao seu
ressarcimento, à indenização, do prejuízo causado ao erário (37, § 5º). 143) Princípio da
responsabilidade civil da Administração: significa a obrigação de reparar os danos ou prejuízos
de natureza patrimonial que uma pessoa causa a outrem; o dever de indenizar prejuízos causados
a terceiros por agente público, compete a pessoa jurídica a que pertencer o agente, sem
necessidade de comprovar se houve culpa ou dolo (art. 37, § 6º). DOS SERVIDORES
PÚBLICOS AGENTES ADMINISTRATIVOS 144) Agentes públicos e administrativos: o
elemento subjetivo do órgão público (titular) denomina-se genericamente agente público, que,
dada a diferença de natureza das competências e atribuições a ele cometidas, se distingue em:
agentes políticos e agentes administrativos, que são os titulares de cargo, emprego ou função
pública, compreendendo todos aqueles que mantêm com o Poder Público relação de trabalho, não
eventual. 145) Acessibilidade à função administrativa: a CF estatui que os cargos, empregos e
funções são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, cf. EC-19/98). 146) Investidura em cargo ou
emprego: a exigência de aprovação prévia em concurso público implica a classificação dos
candidatos e nomeação na ordem dessa classificaçào; não basta, pois, estar aprovado em concurso
para ter direito à investidura; necessária também é que esteja classificado e na posição
correspondente às vagas existentes, durante o período de validade do concurso, que é de 2 anos
(37, III); independem de concurso as nomeações para cargo em comissão (37, II). 147)
Contratação de pessoal temporário: será estabelecido por lei, para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX). 148) Sistema renumeratório dos agentes
públicos: Espécies; a EC-19/98 modificou o sistema renumeratório dos agentes, com a criação do
subsídio, como forma de renumerar agentes políticos e certas categorias de agentes
administrativos civis e militares; é usada a expressão espécie renumeratória como gênero, que
compreende: o subsídio, o vencimento, os vencimentos e a renumeração. 149) Isonomia,
paridade, vinculação e equiparação de vencimentos: isonomia é igualdade de espécies
renumeratórias entre cargos de atribuições iguais ou assemelhados; paridade é um tipo especial
de isonomia, é igualdade de vencimentos a cargos e atribuições iguais ou assemelhadas
pertencentes a quadros de poderes diferentes; equiparação é a comparação de cargos de
denominação e atribuições diversas, considerando-os iguais para fins de lhes conferirem os
mesmos vencimentos; vinculação é relação de comparação vertical, vincula-se um cargo inferior,
com outro superior, para efeito de retribuição, mantendo-se certa diferença, aumentando-se um,
aumenta-se o outro. 150) Vedação de acumulações renumeradas: ressalvadas as exceções
expressas, não é permitido a um mesmo servidor acumular dois ou mais cargos ou funções ou
empregos, seja da Administração direta ou indireta (37, XVI e XXVII). 151) Servidor investido
em mandato eletivo: o exercerá observando as seguintes regras: 1) se se tratar de mandato eletivo
federal, estadual ou distrital, ficará afastado da sua atribuição (38, I); o afastamento é automático;
2) mandato de prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela renumeração; se
verifica com a posse; 3) mandato de vereador; havendo compatibilidade de horário, exercerá
ambas. Em qualquer das hipóteses, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos
legais, exceto para promoção por merecimento. SERVIDORES PÚBLICOS 152) Aposentadoria,
pensão e seus proventos: a aposentadoria dos servidores abrangidos pelo regime previdenciário
de caráter contributivo (art. 40, cf. EC-20/98) se dará: por invalidez permanente,
compulsoriamente aos 70 anos com provento proporcionais ao tempo de contribuição e
voluntariamente; sobre a pensão, é determinado que os benefícios da pensão por morte será igual
ao valor dos proventos do falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito em atividade na
data de seu falecimento, observado o disposto no § 3º do art. 40. * ler mais sobre o assunto (pags.
670 a 675) 153) Efetividade e estabilidade: o art. 41, cf. a EC-19/98 diz que são estáveis após 3
anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público; cargo de provimento efetivo é aquele que deve ser preenchido de caráter
definitivo; são requisitos para adquirir a estabilidade: a nomeação por concurso e o exercício
efetivo após 3 anos. 154) Vitaliciedade: é assegurada pela CF a magistrados, membros do
110
Tribunal de Contas e membros do MP; essa garantia não impede a perda do cargo pelo vitalício
em 2 hipóteses: extinção do cargo, caso em que o titular ficará em disponibilidade com
vencimentos integrais; e demissão, o que só poderá ocorrer em virtude de sentença judicial. 155)
Sindicalização e greve dos servidores públicos: é expressamente proíbida aos militares, cabível só
aos civis; quanto a sindicalização, não há restrições (37, VI); quanto à greve, o texto
constitucional estabelece que o direito de greve dos servidores será exercido nos termos e nos
limites definidos em lei específica, o que, na prática, é quase o mesmo que recusar o direito
prometido. DO PODER LEGISLATIVO 39) O Congresso Nacional: a função legislativa de
competência da União é exercida pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, integrados respectivamente por deputados e senadores; no
bicameralismo brasileiro, não há predominância substancial de uma câmara sobre outra. 40) A
Câmara dos Deputados: compõe-se de representantes do povo, eleitos em cada Estado e no
Distrito Federal pelo sistema proporcional; a CF não fixa o número total de Deputados Federais,
deixando isso e a representação por Estados para serem estabelecidos por lei complementar;
fazendo-o proporcionalmente à população. 41) O Senado Federal: compõe-se de representantes
dos Estados e do Distrito Federal, elegendo, cada um, 3 Senadores (com 2 suplentes cada), pelo
princípio majoritário, para um mandato de 8 anos, renovando-se a representação de 4 em 4 anos,
alternadamente, por um e dois terços (art. 46). 42) Organização interna das Casas do Congresso:
elas possuem órgão internos destinados a ordenar seus trabalhos; cada uma deve elaborar seu
regimento interno, dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação
ou extinção de cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva renumeração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; não há interferência de
uma em outra, nem de outro órgão governamental. * Ler mais sobre o assunto 43) Comissão
representativa: instituída no art. 58, § 4º; sua função é representar o CN durante o recesso
parlamentar; haverá apenas uma, eleita por suas casas na última sessão ordinária do período
legislativo. FUNCIONAMENTO E ATRIBUIÇÕES 44) Funcionamento do Congresso Nacional:
o CN desenvolve sua atividades por legislaturar, sessões legislativas ordinárias ou
extraordinárias, sessões ordinárias e extraordinárias; a legislatura tem a duração de 4 anos, início
ao término do mandato dos membros da Câmara dos Deputados (44, par. único); o Senado é
contínuo por ser renovável parcialmente em cada período de 4 anos (46, § 2º); sessão legislativa
ordinária é o período em que deve estar reunido o Congresso para os trabalhos legislativos (15.02
a 30.06 e 01.08 a 15.12); esses espaços de tempo entre as datas constituem o recesso parlamentar,
podendo, durante ele, ser convocada sessão legislativa extraordinária; sessões ordinárias são as
reuniões diárias que se processam no dias úteis; Reuniões conjuntas são as hipóteses que a CF
prevê (57, § 3º), caso em que a direção dos trabalhos cabe à Mesa do Congresso Nacional (57, §
5º); Quórum para deliberações: as deliberações de cada Casa ou do Congresso em câmaras
conjuntas, serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria de seus membros, salvo
disposição em contrário (art. 47), que podem ser os casos que exigem maioria absoluta (arts. 55,
§ 2º, 66, § 4º e 69), por três quintos (60, § 2º) e por dois terços (51, I, 52, par.único e 86). 45)
Atribuições do Congresso Nacional: atribuições legislativas (48, 61 a 69), meramente
deliberativas (49), de fiscalização e controle (50, § 2º, 58, § 3º, 71 e 72, 166, § 1º, 49, IX e X, 51,
II e 84, XXIV), de julgamento de crime de responsabilidade (51, I, 52, I e II, 86) e constituintes
(60). PROCEDIMENTO LEGISLATIVO 46) Conceito e objeto: entende-se o conjunto de atos
(iniciativa, emenda, votação, sanção, veto) realizados pelos órgãos legislativos visando a
formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos
legislativos; tem por objeto (art. 59) a elaboração de emendas à Constituição, leis
complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
47) Atos do processo legislativo: a) iniciativa legislativa: é a faculdade que se atribui a alguém ou
a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo; b) emendas: constituem proposições
apresentadas como acessória a outra; sugerem modificações nos interesses relativos à matéria
contida em projetos de lei; c) votação: constitui ato coletivo das casas do Congresso; é o ato de
decisão (65 e 66) que se toma por maioria de votos, simples ou absoluta, conforme o caso; d)
sanção e veto: são atos legislativos de competência exclusiva do Presidente; somente recaem
111
sobre projeto de lei; sanção é a adesão; veto é a discordância com o projeto aprovado. 48)
Procedimento legislativo: é o modo pelo qual os atos do processo legislativo se realizam,
distingue-se em: 1) Procedimento legislativo ordinário: é o procedimento comum, destinado à
elaboração das leis ordinárias; desenvolve-se em 5 fases, a introdutória, a de exame do projeto
nas comissões permanentes, a das discussões, a decisória e a revisória; 2) legislativo sumário: se
o Presidente solicitar urgência, o projeto deverá ser apreciado pela Câmara dos Deputados no
prazo de 45 dias, a contar do seu recebimento; se for aprovado na Câmara, terá o Senado igual
prazo; 3) legislativos especiais: são os estabelecidos para a elaboração de emendas
constitucionais, de leis financeiras, de leis delegadas, de medidas provisórias e de leis
complementares. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS 49) Conteúdo: entende-se como o
conjunto de normas constitucionais, que estatui o regime jurídico dos membros do CN, prevendo
suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades (53 a 56). 50) Prerrogativas: a
CF/88 restituiu aos parlamentares suas prerrogativas básicas, especialmente a inviolabilidade e a
imunidade, mantendo-se o provilégio de foro e a isenção do serviço militar e acrescentou a
limitação do dever de testemunhar. a inviolabilidade é a exclusão de cometimento de crime por
parte de parlamentares por sua opiniões, palavras e votos (53); a imunidade não exclui o crime,
antes o pressupõe, mas impede o processo; privilégio de foro os parlamentares só serão
submetidos a julgamento, em processo penal, perante o STF (53, § 4º); limitação ao dever de
testemunhar os parlamentares não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
receberam informações (53, § 5º); isenção do serviço militar mesmo que o congressista queira
incorporar-se às Forças Armadas, em tempo de guerra, não poderá fazê-lo por sua exclusiva
vontade, salvo se renunciar o mandato. 51) Direitos: os congressistas têm direitos genéricos
decorrentes de sua própria condição parlamentar, como os de debater matérias submetidas à sua
Câmara e às comissões, pedir informações, participar dos trabalhos, votando projetos de lei, salvo
impedimento moral por interesse pessoal ou de parente próximo na matéria em debate, tudo na
forma regimental. 52) Incompatibilidades: são as regras que impedem o congressista de exercer
certas ocupações ou praticar certos atos cumulativamente com seu mandato; são impedimentos
referentes ao exercício do mandato; não interditam candidaturas, nem anulam a eleição, são
estabelecidas no art. 54; podem ser funcionais, negociais, políticas e profissionais. 53) Perda do
mandato: seu regime jurídico disciplina hipóteses em que ficam sujeitos à perda do mandato, que
se dará por: cassação é a decretação da perda do mandato, por ter o seu titular incorrido em falta
funcional, definida em lei e punida com esta sanção (art. 55, I, II e VI); extinção do mandato é o
perecimento pela ocorrência de fato ou ato que torna automaticamente inexistente a investidura
eletiva, tais como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de sessões
expressamente fixado, perda ou suspensão dos direitos políticos (55, III, IV e V). DO PODER
EXECUTIVO 54) Eleição e mandato do Presidente da República: é eleito, simultaneamento com
o Vice-presidente, dentre brasileiros natos que preencham as condições de elegibilidade previstas
no art. 14, § 3º; a eleição realizar-se-á, em primeiro turno, no primeiro domingo de outubro e, em
segundo turno, se houver, no último domingo de outubro, do ano anterior ao do término do
mandato presidencial vigente; o mandato é de 4 anos (art. 82), do qual tomará posse, no dia 01/01
do ano seguinte ao de sua eleição, perante o CN, em sessão conjunta, prestando o compromisso
de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo,
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. 55) Substitutos e sucessores do
Presidente: ao vice cabe substituir o Presidente, nos casos de impedimento, e suceder-lhe no caso
de vaga, e, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o
Presidente, sempre que por ele for convocado para missões especiais (79, par.único); o outros
substitutos são: o Presidente de Câmara, o Presidente do Senado e o Presidente do STF, que serão
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência, se ocorrer o impedimento concomitante
do Presidente e do Vice ou no caso de vacância de ambos os cargos. 56) Subsídios: o Presidente e
o Vice têm, direito a estipêndios mensais, em forma de subsídios em parcela única, que serão
fixados pelo CN (art. 49, VIII). 57) Perda do mandato do Presidente e do Vice: cassação;
extinção, nos casos de morte, renúncia. perda ou suspensão dos direitos políticos e perda da
112
nacionalidade brasileira; declaração de vacância do cargo pelo CN (arts. 78 e 82); ausência de
Pais por mais de 15 dias, sem liçenca do CN (art. 83). 58) Atribuições do Presidente da
República: são as enumeradas no art. 84, como privativas do Presidente, cujo parágrafo único
permite que ele delegues as mencionadas nos incisos VI e XXV, primeira parte aos Ministros, ao
Procurador-Geral ou ao Advogado-Geral, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações. 59) Responsabilidade do Presidente da República: no presidencialismo. o próprio
Presidente é responsável, ficando sujeito a sanções de perda do cargo por infrações definidas
como crimes de responsabilidade, apuradas em processo político-administrativo realizado pelas
Casas do Congresso, além de crimes comuns, definidos na legislação penal; o processo divide-se
em 2 partes: juízo de admissibilidade do processo e processo e julgamento. DO PODER
JUDICIÁRIO 60) A função jurisdicional: os órgão do Judiciário têm por função compor conflitos
de interesse em cada caso concreto, isso é a funçào jurisdicional, que se realiza por meio de um
processo judicial, dito, por isso mesmo, sistema de composição de conflitos de interesses ou
sistema de composição de lides. 61) Jurisdição e legislação: não é difícil distinguir as jurisdição e
legislação, esta edita normas de caráter geral e abstrato e a jurisdição se destina a aplicá-las na
solução das lides. 62) Jurisdição e administração: jurisdição é aquilo que o legislador constituinte
incluiu na competência dos órgãos judiciários; e administração o que conferiu aos órgão do
Executivo, que, em verdade, não se limita à execução da lei; nesse caso, ato jurisdicional é o que
emana dos órgãos jurisdicionais no exercício de sua competência constitucional respeitante à
solução de conflitos de interesses. 63) Órgãos da função jurisdicional: STF, STJ , Tribunais
Federais de Juízes Federais, Tribunais de Juízes do Trabalho, Tribunais de Juízes Eleitorais,
Tribunais de Juízes Militares, Tribunais de Juízes dos Estados e do Distrito Federal. SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL 64) Composição do STF: compõe-se de 11 Ministros, que serão
nomeados pelo Presidente, depois de aprovada a escolha pelo Senado, dentre cidadãos com mais
de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. 65)
Competência: constam do art. 102, especificadas em 3 grupos: 1) as que lhe cabe processar e
julgar originariamente; 2) as que lhe cabe julgar, em recurso ordinário (Inc. II); 3) as que lhe toca
julgar em recurso extraordinário (inc. III); as atribuições judicantes previstas no incisos do 102,
têm,quase todas, conteúdo de litígio constitucional; logo, a atuação do STF, aí, se destina a
compor lide constitucional, mediante o exercício da jurisdição constitucional. SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 66) Composição: compõe-se de no mínimo 33 Ministros, nomeados
pelo Presidente, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico
e reputação ilibada, depois de aprovada escolha pelo Senado, sendo: a) 1/3 dentre juízes dos
Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados
na lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) um terço, em partes iguais, dentre advogados
e membros do MP federal, Estadual, do Distrito Federal, alternadamente, indicados na lista
sêxtupla pelos órgão de representação das respctivas classes, de acordo com o art. 94. 67)
Competência: está distribuída em 3 áreas: 1) competência originária para processar e julgar as
questões relacionadas no inc. I, do art. 105; 2) para julgar em recurso ordinário, as causas
referidas no inc. II; 3) para julgar, em recurso especial, as causas indicadas no inc. III. 68)
Conselho de Justiça Federal: funciona junto ao Stj, cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo grau (105,
par.único); sua composição, estrutura, atribuições a funcionamento vão depender de lei.
JUSTIÇA FEDERAL 69) Tribunais Regionais Federais: compõe-se de, no mínimo 7 juízes,
recrutados quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente dentre brasileiros
com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo: a) 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de
efetiva atividade profissional e membros do MP federal, com mais de 10 anos de carreira,
indicados na forma do art. 94; b) os demais mediante promoção de Juízes Federais com mais de 5
anos de exercício, alternadamente, por antiguidade e merecimento (art. 107). Sua competência
está definida no art. 108. 70) Juízes Federais: são membros da Justiça Federal de primeira
instância, ingressam no cargo inicial da carreira (substituto) mediante concurso, com participação
da OAB em todas as suas fases, obedecendo-se, nas nomeações, a ordem de classificação (art. 93,
I); compete a eles processar e julgar, as causas em que a União for interessada, exceto as de
113
falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; cada
Estado, como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a capital
(110). JUSTIÇA DO TRABALHO 71) Organização: sua organização compreende o TST, que é o
órgão de cúpula, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento
(111); o TST compõe-se de 27 Ministros, mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo
Presidente, após aprovação do Senado, sendo: 17 (11 juízes de carreira, 3 advogados, 3 do MP do
Trabalho) togados vitalícios e 10 classistas temporários, com representação paritária dos
trabalhadores e empregadores (111, § 1º); Os TRT serão compostos de Juízes nomeados pelo
Presidente, sendo 2/3 de togados vitalícios e 1/3 de juízes classistas temporários (112 a 115); as
Juntas serão instituídas em lei, compondo-se de 1 juiz do trabalho, que a presidirá, e de 2 juízes
classistas, nomeados estes pelo presidente do TRT, na forma da lei, permitida uma recondução
(112 e 116). 72) Competência: compete conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos
entre trabalhadores e empregadores, abrangindo os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta das entidades governamentais, na forma da lei, outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. 73) Recorribilidade das decisões do
TST: são irrecorríveis, salvo as que denegarem mandado de segurança, habeas data e mandado de
injunção e as que contrariem a Constituição ou declarem a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal, caso em que caberá, respectivamente, recurso ordinário e extraordinário para o STF.
JUSTIÇA ELEITORAL 74) Organização e competência: serão dispostas por lei complementar
(121), mas a CF já oferece um esquema básico de sua estrutura; ela se compõe de um TSE, seu
órgão de cúpula, de TRE, e de Juízes eleitorais e de Juntas Eleitorais (118); a composição do TSE
está prevista no art. 119; a do TRE no art. 120; os juízes eleitorais, são os próprios juízes de
direito da organização judiciária estadual (121). 75) Recorribilidade de suas decisões: são
irrecorríveis as do TSE, salvo as que denegarem o habeas corpus, o habeas data, o mandado de
segurança e o mandado de injunção e as que contrariem a Constituição, julgarem a
inconstitucionalidade de lei federal, das quais caberá recurso ordinário e extraordinário,
respectivamente para o STF. JUSTIÇA MILITAR 76) Composição: compreende o STM, os
Tribunais de Juízes militares instituídos em lei, que são as Auditorias Militares, existentes nas
circunscrições judiciárias, conforme dispõe a Lei de Organização Judiciária Militar (Decreto-lei
1003/69); a composição do STM está no art. 123. 77) Competência: processar e julgar os crimes
militares. * Sobre o Estatuto da Magistratura e garantias constitucionais do Poder Judiciário
convém ler o livro, pois fica difícil resumi-lo. (pags. 572 a 578). DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS
À JUSTIÇA 78) Funcionamento da Justiça - Nemo iudex sine actore: significa que não há juiz
sem autor; revela que a justiça não funcionará se não for provocada; a inércia é para o juiz,
garantia de equilíbrio, isto é, imparcialidade; isso justifica as funções essenciais à justica,
institucionalizadas nos arts. 127 a 135. ADVOGADO 79) Uma profissão: a advocacia não é
apenas uma profissão, é também um munus e uma árdua fatiga posta a serviço da justiça; é um
dos elementos da administração democrática da justiça; é a única habilitação profissional que
constitui pressuposto essencial à formação de um dos Poderes do Estado: o Judiciário. 80) O
advogado e a administração da justiça: a advocacia não é apenas um pressuposto da formação do
Judiciário, é também necessária ao seu funcionamento; é indispensável à administração da justiça
(133). 81) Inviolabilidade: a inviolabilidade prevista no art. 133, não é absoluta; só o ampara em
relação a seus atos e manifestações no exercício da profissão, e assim mesmo, nos termos da lei.
MINISTÉRIO PÚBLICO 82) Natureza e princípios institucionais: a Constituição lhe dá o relevo
de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; as
normas constitucionais lhe afirmas os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e
da independência funcional e lhe aseguram autonomia administrativa (169). 83) Estrutura
orgânica: segundo o art. 128, o MP abrange: 1) o MP da União, que compreende: o MP federal, o
MP do trabalho, o militar e o do Distrito Federal; 2) MP dos Estados; ingressa-se na carreira por
concurso de provas e títulos, assegurada a participação da OAB em sua realização, observadas as
nomeações, a ordem de classificação; as promoções de carreira e aposentadoria seguem as regras
114
do art. 93, II e VI. 84) Garantias: como agentos políticos precisam de ampla liberdade funcional e
maior resguardo para desempenho de suas funções, não sendo privilégio pessoal as prerrogativas
da vitaliciedade, a irredutibilidade, na forma do art. 39, § 4º (EC-19/98) e a inamovibilidade (128,
§ 5º, II). 85) Funções institucionais: estão relacionadas no art. 129. ADVOCACIA PÚBLICA 86)
Advocacia Geral da União: é prevista no art. 131, que diretamente ou através de órgãos
vinculados, representa a União judicial e extrajudicialmente; tem por chefe o Advogado-Geral da
União, de livre nomeação do Presidente dentre cidadãos maiores de 35, de notável saber jurídico
e reputação ilibada; serão organizados em carreira, em cuja classe inicial ingressarão por
concurso. 87) Representação das unidades federadas: competem aos seus Procuradores,
organizados em carreira, em que ingressarão por concurso; com isso se institucionalizam os
serviços jurídicos estaduais. 88) Defensorias Públicas e a defesa dos necessitados: a CF prevê em
seu art. 134, a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional, incumbida da
orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV; lei
complementar a organizará, conforme disposto nos art. 21, XIII, e 22, XVII.

CAPÍTULO 6 - ORGANIZAÇÃO DOS PODERES. PODER LEGISLATIVO. PODER


EXECUITIVO. PODER JUDICIÁRIO.

[PROVISÓRIO]

6.1. Poder Legislativo

O Congresso Nacional exerce a função legislativa de competência da União. Compõe-se da


Câmara dos Deputados e do Senado Federal, integrados respectivamente por deputados e
senadores. No bicameralismo brasileiro não há predominância de uma Casa sobre outra, apesar
de uma certa primazia da Câmara dos Deputados em função da início da tramitação da maioria
dos projetos.

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo eleitos pelo sistema proporcional
para um mandato de quatro anos. A Constituição ao fixar um mínimo de oito e um máximo de
setenta deputados ditorce o princípio do voto com valor igual para todos.

O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal eleitos pelo
princípio majoritário para um mandato de oito anos, renovando-se a representação de quatro em
quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. O número de senadores é sempre de três por
Estado e pelo Distrito Federal.
115
O Congresso Nacional e cada uma de suas Casas adotará organização interna na forma dos
respectivos regimentos. Assim, elas possuem órgãos internos destinados a ordenar seus
funcionamentos, tratar de suas polícias, dispor sobre criação, transformação ou extinção de
cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva renumeração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. A rigor, não há interferência de uma
Casa nam outra, nem de qualquer outro órgão governamental.

No âmbito do Poder Legislativo da União existem três mesas diretoras: a do Congresso Nacional,
a do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. A primeira será formada a partir das duas
últimas. As mesas, com mandato de dois anos e algumas atribuições já previstas na Constituição,
devem resguardar a proporcionalidade da representação dos partidos e blocos partidários.

Boa parte dos trabalhos parlamentares se desenvolvem nas Comissões. Estas podem ser: (a)
permanentes; (b) temporárias; (c) mistas e (d) de inquérito.

As comissões permanentes são organizadas por áreas ou temas. Entre as suas atribuições estão as
de discutir e votar os projetos (até mesmo de forma conclusiva, ressalvado o recurso ao Plenário),
de realizar audiências e de convocar Ministros e autoridades.

As comissões mistas envolvem deputados e senadores. Existe uma importantíssima comissão


mistas para tratar de assuntos relacionados com as finanças públicas.

As comissões parlamentares de inquérito são instrumentos importantíssimos para o exercício das


atividades de fiscalização e controle instaladas por requerimento de um terço dos parlamentes
para apuração de fato determinado e com prazo para conclusão dos trabalhos. São dotadas de
poderes de investigação próprios de autoridades judiciárias.

A Constituição prevê a existência de uma Comissão representativa com a função de representar o


Congresso Nacional durante o recesso parlamentar.

O Congresso Nacional desenvolve suas atividades em legislaturas, sessões legislativas ordinárias


ou extraordinárias e sessões ordinárias e extraordinárias. A legislatura tem a duração de quatro
anos. A sessão legislativa ordinária com duração de um ano divide-se em dois períodos
legislativos. Na sessão legislativa extraordinária somente serão apreciados os assuntos presentes
na pauta de convocação e as Medidas Provisórias pendentes. Em casos específicos serão
realizadas reuniões conjuntas das duas Casas do Congresso Nacional.

As deliberações de cada Casa ou do Congresso Nacional serão tomadas por maioria de votos,
presente a maioria de seus membros, salvo os casos de quórum especial por maioria absoluta
(arts. 55, § 2º, 66, § 4º e 69), por três quintos (art. 60, § 2º) e dois terços (arts. 51, I, 52, par.único
e 86).

O Congresso Nacional possui atribuições legislativas (arts. 48, 61 a 69), meramente deliberativas
(art. 49), de fiscalização e controle (arts. 50, § 2º, 58, § 3º, 71 e 72, 166, § 1º, 49, IX e X, 51, II e
84, XXIV), de julgamento de crime de responsabilidade (arts. 51, I, 52, I e II, 86) e constituintes
(art. 60). Existem atribuições privativas de cada uma das Casas do Congresso Nacional.

Entende-se por processo legislativo o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos
visando a formação das leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções (de efeitos
internos) e decretos legislativos (de efeitos externos). Compreende: iniciativa, emenda, votação,
sanção e veto.

116
A iniciativa pode ser concorrente, exclusiva (notadamente do Presidente da República), conjunta
e popular. A sanção consioste no ato de adesão expressa ou tácita do Presidente da República ao
projeto aprovado no âmbito do Legislativo. Já o veto é a discordãncia total ou parcial do
Presidente da República por inconstitucionalidade ou por razões de interesse público. O veto, que
pode ser "derrubado" pelo Congresso Nacional, somente pode recair sobre dispositivo inteiro, e
não, sobre palavras ou expressões. A primulgação e a publicação não fazem parte do processo
legislativo.

O procedimento legislativo é o maneira pela qual os atos do processo legislativo se realizam.


pode ser: (a) ordinário; (b) sumário e (c) especial. O procedimento comum, destinado à
elaboração das leis ordinárias, desenvolve-se em cinco fases: a introdutória, a de exame do
projeto nas comissões permanentes, a das discussões, a decisória e a revisória. O sumário, se o
Presidente da República solicitar urgência, impõe a apreciação pelas duas Casas no prazo de
noventa dias (metade para cada uma). Os procedimentos legislativos especiais são aqueles
estabelecidos para a elaboração de emendas constitucionais, de leis financeiras, de leis delegadas,
de medidas provisórias e de leis complementares.

Existe um conjunto de normas constitucionais que estatui o regime jurídico dos membros do
Congresso Nacional. São fixadas prerrogativas, direitos, deveres e incompatibilidades.

A inviolabilidade dos parlamentares (ou imunidade material), de âmbito civil e penal, exclui a
caracterização da prática de ilícito (notadamente crime) por opiniões, palavras e votos. Já a
imunidade processual (ou formal) admite a sustação do processo por decisão da Casa de que faz
parte o parlamentar (substituiu a necessidade de licença prévia) e impede a prisão, salvo flagrante
por crime inafiançável.

Os parlamentares federais gozam de privilégio de foro. Assim, somente serão submetidos a


julgamento, por crime comum, perante o Supremo Tribunal Federal.

Os parlamentares não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas


em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações. Subsiste, ainda, isenção do serviço militar.

Os parlamentares têm direito a subsídio. Podem, ainda, na forma do regimento, exercer todos os
direiros inerentes ao exercício de seu mandato.

As incompatibilidades são as regras que impedem o congressista de exercer certas ocupações ou


praticar certos atos cumulativamente com seu mandato. Podem ser funcionais, negociais,
políticas e profissionais.

A perda do mandato parlamentar pode se dar: (a) por cassação e (b) por extinção. A cassação é a
decretação da perda do mandato por ter o seu titular incorrido em falta funcional. Já a extinção do
mandato decorre de fato ou ato que torna automaticamente inexistente a investidura eletiva, tais
como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de sessões expressamente
fixado e a perda ou suspensão dos direitos políticos.
----- DO PODER EXECUTIVO 54) Eleição e mandato do Presidente da República: é eleito,
simultaneamento com o Vice-presidente, dentre brasileiros natos que preencham as condições de
elegibilidade previstas no art. 14, § 3º; a eleição realizar-se-á, em primeiro turno, no primeiro
domingo de outubro e, em segundo turno, se houver, no último domingo de outubro, do ano
anterior ao do término do mandato presidencial vigente; o mandato é de 4 anos (art. 82), do qual
tomará posse, no dia 01/01 do ano seguinte ao de sua eleição, perante o CN, em sessão conjunta,
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
promover o bem geral do povo, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. 55)
117
Substitutos e sucessores do Presidente: ao vice cabe substituir o Presidente, nos casos de
impedimento, e suceder-lhe no caso de vaga, e, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele for convocado para
missões especiais (79, par.único); o outros substitutos são: o Presidente de Câmara, o Presidente
do Senado e o Presidente do STF, que serão sucessivamente chamados ao exercício da
Presidência, se ocorrer o impedimento concomitante do Presidente e do Vice ou no caso de
vacância de ambos os cargos. 56) Subsídios: o Presidente e o Vice têm, direito a estipêndios
mensais, em forma de subsídios em parcela única, que serão fixados pelo CN (art. 49, VIII). 57)
Perda do mandato do Presidente e do Vice: cassação; extinção, nos casos de morte, renúncia.
perda ou suspensão dos direitos políticos e perda da nacionalidade brasileira; declaração de
vacância do cargo pelo CN (arts. 78 e 82); ausência de Pais por mais de 15 dias, sem liçenca do
CN (art. 83). 58) Atribuições do Presidente da República: são as enumeradas no art. 84, como
privativas do Presidente, cujo parágrafo único permite que ele delegues as mencionadas nos
incisos VI e XXV, primeira parte aos Ministros, ao Procurador-Geral ou ao Advogado-Geral, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 59) Responsabilidade do Presidente da
República: no presidencialismo. o próprio Presidente é responsável, ficando sujeito a sanções de
perda do cargo por infrações definidas como crimes de responsabilidade, apuradas em processo
político-administrativo realizado pelas Casas do Congresso, além de crimes comuns, definidos na
legislação penal; o processo divide-se em 2 partes: juízo de admissibilidade do processo e
processo e julgamento. DO PODER JUDICIÁRIO 60) A função jurisdicional: os órgão do
Judiciário têm por função compor conflitos de interesse em cada caso concreto, isso é a funçào
jurisdicional, que se realiza por meio de um processo judicial, dito, por isso mesmo, sistema de
composição de conflitos de interesses ou sistema de composição de lides. 61) Jurisdição e
legislação: não é difícil distinguir as jurisdição e legislação, esta edita normas de caráter geral e
abstrato e a jurisdição se destina a aplicá-las na solução das lides. 62) Jurisdição e administração:
jurisdição é aquilo que o legislador constituinte incluiu na competência dos órgãos judiciários; e
administração o que conferiu aos órgão do Executivo, que, em verdade, não se limita à execução
da lei; nesse caso, ato jurisdicional é o que emana dos órgãos jurisdicionais no exercício de sua
competência constitucional respeitante à solução de conflitos de interesses. 63) Órgãos da função
jurisdicional: STF, STJ , Tribunais Federais de Juízes Federais, Tribunais de Juízes do Trabalho,
Tribunais de Juízes Eleitorais, Tribunais de Juízes Militares, Tribunais de Juízes dos Estados e do
Distrito Federal. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 64) Composição do STF: compõe-se de 11
Ministros, que serão nomeados pelo Presidente, depois de aprovada a escolha pelo Senado, dentre
cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
ilibada. 65) Competência: constam do art. 102, especificadas em 3 grupos: 1) as que lhe cabe
processar e julgar originariamente; 2) as que lhe cabe julgar, em recurso ordinário (Inc. II); 3) as
que lhe toca julgar em recurso extraordinário (inc. III); as atribuições judicantes previstas no
incisos do 102, têm,quase todas, conteúdo de litígio constitucional; logo, a atuação do STF, aí, se
destina a compor lide constitucional, mediante o exercício da jurisdição constitucional.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 66) Composição: compõe-se de no mínimo 33 Ministros,
nomeados pelo Presidente, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada escolha pelo Senado, sendo: a) 1/3 dentre
juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça,
indicados na lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; b) um terço, em partes iguais, dentre
advogados e membros do MP federal, Estadual, do Distrito Federal, alternadamente, indicados na
lista sêxtupla pelos órgão de representação das respctivas classes, de acordo com o art. 94. 67)
Competência: está distribuída em 3 áreas: 1) competência originária para processar e julgar as
questões relacionadas no inc. I, do art. 105; 2) para julgar em recurso ordinário, as causas
referidas no inc. II; 3) para julgar, em recurso especial, as causas indicadas no inc. III. 68)
Conselho de Justiça Federal: funciona junto ao Stj, cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a
supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo grau (105,
par.único); sua composição, estrutura, atribuições a funcionamento vão depender de lei.
JUSTIÇA FEDERAL 69) Tribunais Regionais Federais: compõe-se de, no mínimo 7 juízes,
118
recrutados quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente dentre brasileiros
com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo: a) 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de
efetiva atividade profissional e membros do MP federal, com mais de 10 anos de carreira,
indicados na forma do art. 94; b) os demais mediante promoção de Juízes Federais com mais de 5
anos de exercício, alternadamente, por antiguidade e merecimento (art. 107). Sua competência
está definida no art. 108. 70) Juízes Federais: são membros da Justiça Federal de primeira
instância, ingressam no cargo inicial da carreira (substituto) mediante concurso, com participação
da OAB em todas as suas fases, obedecendo-se, nas nomeações, a ordem de classificação (art. 93,
I); compete a eles processar e julgar, as causas em que a União for interessada, exceto as de
falência, as de acidente de trabalho e as sujeitas à justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; cada
Estado, como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a capital
(110). JUSTIÇA DO TRABALHO 71) Organização: sua organização compreende o TST, que é o
órgão de cúpula, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Juntas de Conciliação e Julgamento
(111); o TST compõe-se de 27 Ministros, mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo
Presidente, após aprovação do Senado, sendo: 17 (11 juízes de carreira, 3 advogados, 3 do MP do
Trabalho) togados vitalícios e 10 classistas temporários, com representação paritária dos
trabalhadores e empregadores (111, § 1º); Os TRT serão compostos de Juízes nomeados pelo
Presidente, sendo 2/3 de togados vitalícios e 1/3 de juízes classistas temporários (112 a 115); as
Juntas serão instituídas em lei, compondo-se de 1 juiz do trabalho, que a presidirá, e de 2 juízes
classistas, nomeados estes pelo presidente do TRT, na forma da lei, permitida uma recondução
(112 e 116). 72) Competência: compete conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos
entre trabalhadores e empregadores, abrangindo os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta das entidades governamentais, na forma da lei, outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no
cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. 73) Recorribilidade das decisões do
TST: são irrecorríveis, salvo as que denegarem mandado de segurança, habeas data e mandado de
injunção e as que contrariem a Constituição ou declarem a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal, caso em que caberá, respectivamente, recurso ordinário e extraordinário para o STF.
JUSTIÇA ELEITORAL 74) Organização e competência: serão dispostas por lei complementar
(121), mas a CF já oferece um esquema básico de sua estrutura; ela se compõe de um TSE, seu
órgão de cúpula, de TRE, e de Juízes eleitorais e de Juntas Eleitorais (118); a composição do TSE
está prevista no art. 119; a do TRE no art. 120; os juízes eleitorais, são os próprios juízes de
direito da organização judiciária estadual (121). 75) Recorribilidade de suas decisões: são
irrecorríveis as do TSE, salvo as que denegarem o habeas corpus, o habeas data, o mandado de
segurança e o mandado de injunção e as que contrariem a Constituição, julgarem a
inconstitucionalidade de lei federal, das quais caberá recurso ordinário e extraordinário,
respectivamente para o STF. JUSTIÇA MILITAR 76) Composição: compreende o STM, os
Tribunais de Juízes militares instituídos em lei, que são as Auditorias Militares, existentes nas
circunscrições judiciárias, conforme dispõe a Lei de Organização Judiciária Militar (Decreto-lei
1003/69); a composição do STM está no art. 123. 77) Competência: processar e julgar os crimes
militares. * Sobre o Estatuto da Magistratura e garantias constitucionais do Poder Judiciário
convém ler o livro, pois fica difícil resumi-lo. (pags. 572 a 578). DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS
À JUSTIÇA 78) Funcionamento da Justiça - Nemo iudex sine actore: significa que não há juiz
sem autor; revela que a justiça não funcionará se não for provocada; a inércia é para o juiz,
garantia de equilíbrio, isto é, imparcialidade; isso justifica as funções essenciais à justica,
institucionalizadas nos arts. 127 a 135. ADVOGADO 79) Uma profissão: a advocacia não é
apenas uma profissão, é também um munus e uma árdua fatiga posta a serviço da justiça; é um
dos elementos da administração democrática da justiça; é a única habilitação profissional que
constitui pressuposto essencial à formação de um dos Poderes do Estado: o Judiciário. 80) O
advogado e a administração da justiça: a advocacia não é apenas um pressuposto da formação do
Judiciário, é também necessária ao seu funcionamento; é indispensável à administração da justiça
(133). 81) Inviolabilidade: a inviolabilidade prevista no art. 133, não é absoluta; só o ampara em
relação a seus atos e manifestações no exercício da profissão, e assim mesmo, nos termos da lei.
119
MINISTÉRIO PÚBLICO 82) Natureza e princípios institucionais: a Constituição lhe dá o relevo
de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis; as
normas constitucionais lhe afirmas os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e
da independência funcional e lhe aseguram autonomia administrativa (169). 83) Estrutura
orgânica: segundo o art. 128, o MP abrange: 1) o MP da União, que compreende: o MP federal, o
MP do trabalho, o militar e o do Distrito Federal; 2) MP dos Estados; ingressa-se na carreira por
concurso de provas e títulos, assegurada a participação da OAB em sua realização, observadas as
nomeações, a ordem de classificação; as promoções de carreira e aposentadoria seguem as regras
do art. 93, II e VI. 84) Garantias: como agentos políticos precisam de ampla liberdade funcional e
maior resguardo para desempenho de suas funções, não sendo privilégio pessoal as prerrogativas
da vitaliciedade, a irredutibilidade, na forma do art. 39, § 4º (EC-19/98) e a inamovibilidade (128,
§ 5º, II). 85) Funções institucionais: estão relacionadas no art. 129. ADVOCACIA PÚBLICA 86)
Advocacia Geral da União: é prevista no art. 131, que diretamente ou através de órgãos
vinculados, representa a União judicial e extrajudicialmente; tem por chefe o Advogado-Geral da
União, de livre nomeação do Presidente dentre cidadãos maiores de 35, de notável saber jurídico
e reputação ilibada; serão organizados em carreira, em cuja classe inicial ingressarão por
concurso. 87) Representação das unidades federadas: competem aos seus Procuradores,
organizados em carreira, em que ingressarão por concurso; com isso se institucionalizam os
serviços jurídicos estaduais. 88) Defensorias Públicas e a defesa dos necessitados: a CF prevê em
seu art. 134, a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional, incumbida da
orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV; lei
complementar a organizará, conforme disposto nos art. 21, XIII, e 22, XVII.

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