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Este documento analisa o site "Ética na TV", uma campanha que monitora e critica programas de TV abertos que desrespeitem direitos humanos. O site recebe denúncias do público, um conselho analisa os programas e emite pareceres. O objetivo é pressionar emissoras e anunciantes a melhorar a qualidade dos programas. O documento discute a eficácia dessa abordagem e como ela pode influenciar a programação televisiva e a percepção dos telespectadores.
Este documento analisa o site "Ética na TV", uma campanha que monitora e critica programas de TV abertos que desrespeitem direitos humanos. O site recebe denúncias do público, um conselho analisa os programas e emite pareceres. O objetivo é pressionar emissoras e anunciantes a melhorar a qualidade dos programas. O documento discute a eficácia dessa abordagem e como ela pode influenciar a programação televisiva e a percepção dos telespectadores.
Droits d'auteur :
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Este documento analisa o site "Ética na TV", uma campanha que monitora e critica programas de TV abertos que desrespeitem direitos humanos. O site recebe denúncias do público, um conselho analisa os programas e emite pareceres. O objetivo é pressionar emissoras e anunciantes a melhorar a qualidade dos programas. O documento discute a eficácia dessa abordagem e como ela pode influenciar a programação televisiva e a percepção dos telespectadores.
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- Site Ética na TV – Campanha: “Quem financia a baixaria é contra a
cidadania” -
Professora: Vânia Torres
Alunas: Carla Santos
Denise Soares Michelle Rocha Turma: 3JLM11
Belém – Pará 2008 Site Ética na TV
Este trabalho analisará o site Ética na TV – campanha: “Quem financia a
baixaria é contra a cidadania”, por meio de pesquisas e visualizações do site, com base também em conceitos teóricos de autores estudados em sala. O site é uma iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal dos Deputados e organiza-se em um sistema de parcerias com entidades da sociedade civil. Tem por método acompanhar a programação televisiva de canal aberto e criticá-la em termos do eventual desrespeito a normas ético-jurídicas relacionadas aos direitos humanos. O objetivo é pressionar as emissoras, os profissionais e os anunciantes para que a qualidade dos programas seja aperfeiçoada. Lançada em 2002, a campanha publica a cada dois meses um ranking dos programas mais indicados como marcados pela baixaria. O processo de análise das denúncias é desenvolvido por um Conselho de Acompanhamento da Programação (CAP), designado pela coordenação da campanha. A coordenação da campanha reúne, em torno do deputado Orlando Fantazzini, coordenador, personalidades indicadas por entidades parceiras. Ao lado do objetivo de pressão direta, a campanha propõe-se também a negociar com as emissoras para o estímulo de superação dos desvios ético- jurídicos. O objetivo expresso da campanha é “promover o respeito aos direitos humanos e à dignidade do cidadão nos programas de televisão”. Segundo Mayra Rodrigues Gomes (2000, p. 21):
O jornalismo se posta como um observador que deve
denunciar os deslizes do Estado no exercício dessa palavra consignada [...] É a partir desse papel que o jornalismo é pensado como um quarto poder, exercido paralelamente pela vigilância sobre os três outros que constituem o Estado de Direito. No Brasil pós-ditadura o jornalismo tem sido exaustivo nessa posição de vigilância: investigação e denúncia.
A coordenação se dispõe a fazer negociações para persuadir os responsáveis
pelos possíveis abusos, com o objetivo de modificar a programação. A campanha pretende uma ação direta sobre as empresas e a produção televisual de canal aberto, e não um processo de interpretação-conhecimento de seu objetivo. Inscreve-se em posição polêmica, que não busca “compreender”, mas enfrentar. Uma premissa não expressa é a da eficácia do efeito direto da televisão sobre a população. A distorção ética, a violência, as cenas de sexo, de preconceitos, de desrespeito a valores sociais, tem influência negativa direta sobre os telespectadores. Como diz Kleber Mendonça (2005), a movimentação em direção a um público mais popular coincide com a tendência em se optar por programas que tragam, em seu conteúdo, grandes pitadas de sensacionalismo, dramatização e violência, características de um modo de expressar-se que se assemelha à noção de grotesco. A lógica da campanha é voltar-se contra aquelas distorções e equívocos (a baixaria), como tática de defesa da cidadania. A legislação vigente é o parâmetro básico para a definição de quais são as questões éticas e de defesa dos direitos humanos. A “decisão de fundamentar os atos da campanha em instrumentos jurídicos nacionais e internacionais, decorre da perspectiva de que estes valem para todos e têm legitimidade assegurada” (Site – Cartilha, p. 21). A Carta de Princípios da Campanha faz uma síntese das principais questões tratadas na legislação relacionadas a direitos humanos e a conceitos reguladores da liberdade de expressão, da divulgação pública e do direito de comunicação. A cartilha assinala o fato de que o Brasil ainda não aprovou lei que estabeleça o Código de Ética da programação televisiva. Nelson Traquina (2005, p. 27-28) aponta que:
Para os jornalistas e para muitas vozes na sociedade, o pólo
negativo do campo jornalístico é o pólo econômico, que associa o jornalismo ao cheiro do dinheiro e a práticas como o sensacionalismo, em que o principal intuito é vender o jornal/telejornal como um produto que agarra os leitores/os ouvintes à audiência, esquecendo valores associados à ideologia profissional. A tensão entre os dois pólos é permanente e insolúvel, mas sofre intensificações, como verificado nas duas últimas décadas do século XX, sobretudo na Europa, com a desregulamentação, às vezes selvagem, da atividade televisiva.
Nos procedimentos, o site estimula que cidadãos encaminhem denúncias
sobre incidências da televisão em desrespeito à ética e aos direitos humanos. O procedimento básico para a denúncia é o envio de uma mensagem (através do site) em que o cidadão indica o programa e as características do que considera como desrespeito à ética. Antes da elaboração do parecer, as denúncias são encaminhadas aos responsáveis pelo programa, que recebem um prazo para se manifestar, se assim o desejarem. Os relatores analisam as denúncias sobre o programa e emitem um parecer, indicando a emissora e os anunciantes. O parecer eventualmente faz recomendações de encaminhamento e finalmente são apresentadas justificativas e considerações analíticas gerais sobre o programa. Caso o responsável pelo programa tenha se manifestado, o relator inclui, resumidamente, no parecer, o teor dessa manifestação. A expectativa é que a campanha teria os seguintes modos correlacionados de incidência sobre a qualidade ético-jurídica dos programas: o acionamento da opinião pública para um olhar crítico; a pressão direta com base no ranking; uma pressão direta sobre o anunciante e a negociação direta com os responsáveis. Nos comentários sobre pareceres, o autor faz um estudo detalhado do programa, fazendo referência a textos teóricos sobre o tipo de objeto (o gênero). É um trabalho conceitual e genérico, em que o programa entra como exemplo e ilustração dos conceitos e perspectivas criticadas. As denúncias são referidas e fortalecidas mais pela indignação do parecerista do que por indicação objetiva e fatual dos elementos do programa que o confirmem. Outros, porém, são mais incisivos e diretos, agindo com mais objetividade aos critérios legais e éticos de referência. Um dos pareceres desenvolve um trabalho argumentativo que parece muito eficaz como contencioso. Esse processo em contraditório seria talvez um modelo relevante para a campanha, é difícil generalizar, pois a emissora pode não achar interessante “responder” sabendo que a campanha terá a última palavra, com o parecer. No conjunto de pareceres de formulação mais objetiva, há um parecer bastante “técnico” (direto, objetivo, consistente, bem relacionado aos critérios de base). As recomendações são igualmente objetivas e específicas com relação aos problemas constatados. Parece ser o modelo ideal de análise e relatório para os objetivos e a eficácia da campanha, mas não é o mais encontrado frequentemente. Nos comentários sobre ranking, o sistema de ranking tem a eficácia da categorização imediata, a efetividade da informação direta e simples. Nesse sentido, tem uma eficácia direta de indicação e denúncia, apontando os programas mais criticáveis. Repercutindo como meio de pressão sobre esses programas e seus anunciantes. A análise revela limites para essa eficácia: um que corresponde à adoção de um critério criticável (e criticado, indiretamente, pela própria campanha) e o outro que é de natureza estratégica. Para Guy Debord (2003), a sociedade que se baseia na indústria não é fortuita ou superficialmente espetacular, ela é fundamentalmente espetaculoísta. No espetáculo, imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenrolar é tudo. O título da campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, foi adotado pela campanha pode ter um efeito duplo de positivo/negativo. A denominação adotada tem forte eficácia de compreensão e memorização. A expressão foi adotada para enfatizar o que pode ser efetivamente uma incidência poderosa sobre a mídia e sobre o anunciante. A frase-título da campanha faz uma afirmação direta e clara sobre o processo, explicitando papéis sociais com clareza e simplicidade. Os componentes complementares do site estão voltados para a informação e interação do usuário, como processos auxiliares/complementares para os objetivos da campanha: • Denúncias: formulário com campos para indicação de informações pessoais e sobre o programa, com espaço para o texto com denúncia. • Fale Conosco: é uma chamada para inclusão de entidades site ou a campanha. • Classificação indicativa: informe sintético sobre o sistema de classificação de programas feito pelo Ministério da Justiça. • Fórum: espaço para conversação on-line entre usuários. O usuário pode ser visitante ou registrado. • Estante: resenhas de livros e de filmes relativos ao tema da campanha. • Projetos de Lei: apresenta o Projeto de Lei 1.600/2003, de autoria do deputado Orlando Fantazzini, que “introduz o Código de Ética da programação televisiva e dá outras providências”. O projeto discute sobre a criação de uma comissão nacional de ética na televisão, a ser formada por representantes públicos, de entidades da sociedade civil e das emissoras de televisão. • Notícias: notas e releases (notícias distribuídas à imprensa, ao rádio, à TV, etc., para ser divulgada gratuitamente) da campanha. • Artigos: o site apresenta uma coletânea de artigos sobre os temas da campanha. Não se trata de artigos analíticos nem técnico-jurídicos. De modo geral, são polemizadores, em linguagem colorida e veemente, com perguntas retóricas e metáforas carregadas de indignação cívica. Trabalham tipicamente uma visão genérica da televisão, da imprensa ou da publicidade. Parecem enfatizar, na área de militância, a perspectiva que é academicamente assinalada como apocalíptica. No ponto de vista, objetivos e motivações, interlocução, o ponto de vista do site Ética na TV pretende representar a sociedade civil em geral: o site se propõe como defesa da cidadania. É uma parceria política com setores organizados da sociedade civil. Nesse perfil geral, assume o enfoque na legislação referente à mídia, aos direitos humanos e à cidadania, e adota valores éticos, tomados como culturalmente consensuais, como os caracterizadores do ponto de vista de onde se faz a crítica. Programas de televisão em geral são criticados. A televisão deve prestar contas à sociedade com base em valores definidos como de interesse social geral. As normas e interesses da sociedade se definem como superiores, por isso há um distanciamento, dado pela diferença de patamares. A única base de proximidade aceita pela campanha é a possibilidade de negociação com os responsáveis pelos programas criticados. A composição do ponto de vista crítico é dada pela presença das entidades, instituições e grupos da sociedade civil organizada e no procedimento estabelecido de “denúncias”. Essa presença funciona como “argumento”. O objetivo é de natureza política e envolve conquistar a opinião pública como aliada estratégica para atingir resultados concretos. Uma série de ações diretas se organiza para dar sustentação prática e direcionamento às críticas veiculadas. O objetivo é, portanto, de natureza política e envolve conquistar a opinião pública como aliada estratégica para atingir resultados concretos, baseados em: defesa de valores éticos, padrões relacionados à cidadania e direitos humanos, elaboração de um “campo polêmico”, interlocução polêmica com os responsáveis pelos programas e suas empresas e os anunciantes. A opinião pública é, em parte, o prêmio a conquistar, pois é através do convencimento significativo desta que o trabalho e os objetivos da campanha seriam bem sucedidos. Um indicador de que a campanha está dando certo, são as denúncias feitas pelos usuários da televisão, isso indica que pelo menos parte da sociedade é sensível às perspectivas da campanha. Segundo a Revista do Programa de pós-graduação em Comunicação (2005, p. 34):
A recepção das notícias diárias nos remete primordialmente para o
mundo fático, mas não impede a vivência mais ou menos fugaz de um distanciamento imaginário que paradoxalmente esvaece o mundo fático, liberando o sujeito do seu mundo da vida.
Um interlocutor implícito e difuso – para o qual seriam dirigidas várias ações
da campanha – é a imprensa. Em grande parte, a efetividade da pesquisa depende da repercussão midiática de suas atividades. O site e a campanha ganhariam mais se tivessem como destinatário adicional a mídia. Dentro da opinião pública, dois grupos são destinatários especiais: os profissionais da mídia e os estudantes (em particular, os de Comunicação). Observa-se que os sindicatos de jornalistas, a Fenaj e a Enecos são parceiros da campanha. Como se percebe, a amplitude pretendida pela campanha oferece um leque diversificado de vozes, escutas pretendidas e reações, o que deve facilitar a circulação pública dessa crítica. Por outro lado, assinalamos as eventuais limitações, no que se refere aos próprios objetivos qualitativos da campanha, que podem ser relacionadas a alguns dos modos de interlocução estabelecidos, como, por exemplo, o processo de denúncias ou a generalização difusa do conceito de “baixaria”. BIBLIOGRAFIA
1. BRAGA, José Luiz. A Sociedade enfrenta sua mídia: dispositivos sociais
de crítica midiática. Paulus, São Paulo, 2006.
2. TRAQUINA, Nelson. Teorias da Comunicação – vol. 1. Insular,
Florianópolis, 2005.
3. GOMES, Mayra Rodrigues. Jornalismo e Ciências da Linguagem. Hacker
Editores/Edusp, São Paulo, 2000.
4. DEBORD, Guy. A sociedade do Espetáculo. Contraponto, São Paulo, 2003.
5. Revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação. Dossiê –
Histórias e Terias do Jornalismo. Contracampo 12 (1º semestre/2005).
6. MENDONÇA, Kleber. A Punição pela audiência – Um estudo do Linha