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Prestação de contas na pensão alimentícia

Dino Ferreira Bittencourt

Tem por objeto a discussão dos alimentos devidos aos filhos por ocasião de dissolução de sociedade
conjugal, destacando a situação em que um dos pais passa a ser administrador das quantias devidas
ao(s) filho(s) cuja pensão alimentícia foi fixada.

Se existe um tema pouco versado nos tribunais ou nas dissertações doutrinárias é o


relativo à possibilidade jurídica de fiscalização da verba alimentícia destinada aos menores,
por quem é instado judicialmente a fazê-lo, consignada a verba em poder de quem exerce a
guarda. Com efeito, o art. 15 da Lei do Divórcio prevê a "fiscalização" da boa aplicação da
verba, que é confiada à guardiã, e que, principalmente, se destina à manutenção e educação
dos menores. O exercício dessa função tem e sempre terá caráter fiscalizador sem que possa
constituir ingerência sistemática e provocativa, em relação a quem foi judicialmente
cometida a guarda das crianças. Exige-se equilíbrio nesse poder fiscalizador que é exercido,
exclusivamente, em prol das crianças, não se permitindo qualquer distorção ou motivos que
possam comprometer as boas relações que devem nortear o casal que se separa, uma vez
que os interesses do menor sobrepairam a todos os outros. Até porque os pais, embora
separados, cuidarão sempre da "manutenção" e da "educação" das crianças conjuntamente.
É o que dispõe o art. 226, § 5° da Constituição Federal, quando proclama que os direitos e
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher. Com efeito, os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores. Regra
igual está insculpida no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 22).

Qual a realidade forense nos dias que correm? De um lado, o pai, pessoa comum,
envolvido com problemas profissionais que o assoberbam fora de casa, que não tem tempo
suficiente para dedicar-se aos interesses dos filhos que, como se sabe, exigem atenção
redobrada, quase em tempo integral. De outro, a mãe, que não trabalha além da órbita de
seu lar, que lava, passa, cozinha, cuida de outros afazeres da casa, e que só tem algum
tempo de descanso naquele esperado hiato em que a criança é colocada no colégio.

Com todo o seu tempo absorvido por múltiplos afazeres, não sobra muito para
dedicar-se a outras coisas. Por razões várias que a própria razão desconhece, esse casal,
lamentavelmente, vem a separar-se, após união prolongada.

Esse tem sido o dia-a-dia nas Varas de Família; pessoas, absolutamente comuns,
que batem às portas da justiça para minimizar os agudos problemas em que se debatem.

Pode-se afirmar que a experiência forense revela um dado estatístico inegável:


90% das ações de separação ou alimentos são promovidas pela mulher e não pelo homem,
defendendo interesse próprio ou de seus filhos, e longe ainda estaremos de registrar
acentuada reversão nessas estatísticas até que a mulher possa alcançar o tão desejável
espaço igualitário no mercado de trabalho, com méritos próprios, ocupando lugares de
destaque de que é lídima merecedora. E isso certamente acontecerá, e vem acontecendo,
gradualmente, haja vista o último censo demográfico e a vitória alcançada pela mulher nos
concursos públicos em várias frentes de trabalho. Infelizmente, esse número ainda não é
significativamente representativo.

Ocupar-nos-emos aqui apenas da questão instigante que foge à normalidade. É


aquela que diz respeito à determinada situação em que o alimentante pertence à classe
média alta (geralmente, o homem, via de regra, mas que eventualmente pode ser a mulher),
que é condenado a pagar de pensão 30% (trinta por cento) de seus ganhos líquidos, tendo a
criança como única beneficiária. Esse percentual tem sido observado com espantosa
freqüência pelos juízes a quo, como se fosse um número cabalístico, incluindo-se todas as
questões que deságuam em um leito comum, sem qualquer outra cogitação,
indiscriminadamente. Isso constitui, sem dúvida, um erro, porque o julgador terá de
administrar as singularidades de cada caso concreto. Deve o juiz utilizar as regras gerais da
experiência, tendo sempre em conta o binômio necessidade e disponibilidade (ou
possibilidade).

A questão fundamental é a seguinte: Deve o alimentante fiscalizar a boa aplicação


do numerário em favor de seus filhos ocasionalmente entregues à guarda da mãe ou vice-
versa? A resposta é afirmativa, não apenas por constituir um dever de quem se preocupa
pela formação moral e intelectual do menor, mas porque esse direito/dever advém de um
comando jurídico pelo qual os pais, em cuja guarda não estejam os filhos, poderão visitá-
los e tê-los em sua companhia, segundo fixar o juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação (art. 15 da Lei do Divórcio).

É intuitivo que essa disposição legal, além de outros comandos, contêm, também,
ínsito caráter econômico, porque aquele que exerce a guarda tem que satisfazer obrigação
primária no que respeita à alimentação, educação, saúde, lazer etc. do menor. O munus
depende, fundamentalmente, de caixa para fazer face a tais compromissos.

Impende ressaltar que dificilmente alguém postula ou exige prestação de contas da


(o) ex-esposa (o) ou ex-companheira (o), que recebe pensão alimentícia para os filhos,
embora tal providência fosse perfeitamente exigível dentro do quadro natural de quem se
obriga a administrar qualquer coisa e, portanto, ao receber a prestação de outrem, obriga-se
a lhe prestar contas. Mas o direito fiscalizador que exsurge do art. 15 da Lei 6.515 quase ou
nunca é exercido (opta-se, com freqüência, por uma ação revisional com base no art. 1.699
do Código Civil, quando surge a hipótese). É claro que o dever de prestar alimentos não
pode ser exigido além de um limite razoável, devendo ser admitida como impossível a
prestação cujo cumprimento exija do devedor um esforço excedente dos limites razoáveis,
mas, no caso em apreço, quando se cuida dos interesses do menor, torna-se um imperativo
indeclinável a prestação de contas. A experiência forense revela que o valor da pensão
alimentícia, quando fixada pelo juiz, por consenso das partes ou por imposição, não
havendo acordo, vigora tranqüilamente, não ocorrendo ao alimentante nenhuma outra
providência, a não ser cumpri-la, não se importando pela destinação que será dada à pensão
por quem a recebe e exerce a guarda. Ao obter a fixação definitiva do valor do acordo, com
as suas possibilidades, tendo em conta as necessidades de quem o recebe, respiram as partes
aliviadas, e cada qual segue rumos diferentes, procurando esquecer os constrangimentos e a
situação desconfortável da disputa judicial e, segundo o seu sentir, a vida continua...

Assim, partindo de um ponto de vista prático de uma pensão fixada no valor de R$


5.000,00 (cinco mil reais), em que o alimentante considera superior às necessidades da
alimentada, notadamente tendo em conta que fornece ainda outros tipos de auxílio paterno,
com residência, despesas escolares, assistência médica e odontológica. Desconfia o
alimentante de que dois mil seriam suficientes para atender às despesas de sua única filha,
não exigindo grandes despesas para a sua manutenção, sendo certo que a diferença, no
valor de três mil reais, em verdade, vem sendo gasta em outras despesas que não aquelas
concernentes ao alimentando. Devido a isso, indaga-se onde foi parar a importância que o
Alimentante vem pagando e que sua filha não esta se beneficiando?

Assim, pretende-se, por meio deste trabalho, observar e identificar quais as


responsabilidades do administrador dos bens dos filhos e quais as medidas que o genitor
devedor de Alimentos pode tomar com relação a tal "desvio de finalidade", tendo em vista
que esta é uma situação muito comum, seja com relação a homens ou mulheres devedores
de pensões alimentícias aos filhos.
Segundo Acquaviva, a ação de Prestação de Contas consiste na "Ação que se
destina a fazer com que sejam prestadas contas por quem as deve prestar, ou para exigir que
as receba aquele a quem elas devem ser prestadas". [1]

O artigo 15 da lei do divórcio, repetindo o disposto no artigo 1.589 do Código


Civil, prevê a "fiscalização" da boa aplicação da verba alimentar, que é confiada à guardiã,
e que se destina à manutenção e educação da filha menor, e este acompanhamento deve ser
exercido única e exclusivamente em benefício e proteção ao alimentado, interesses de
quem, sobrepairam a todos os demais.

Mesmo separados, continua sendo "dos pais" a obrigação pela "manutenção e


educação" dos filhos, a teor do que dispõe o artigo 226 § 5o da Constituição Federal, o que
vem reafirmado no artigo 229, quando firma a regra da igualdade entre os cônjuges,
deixando para trás o sistema anterior do pátrio poder exercido pelo pai, que também lhe
atribuía a obrigação exclusiva de manutenção da família, situação esta que foi transplantada
para o Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 22).

Se o legislador reconheceu ao genitor, não ao guardião, o direito de fiscalização, é


porque ele pretende um equilíbrio na divisão da autoridade parental que permanece integral
a ambos os pais. Dentro deste espírito, a existência do direitos de fiscalização cria,
implicitamente, para o genitor-guardião, a obrigação de informar ao outro genitor as
decisões importantes que ele tomar relativamente ao filho comum.

Neste sentido, não há dúvida, que é direito e dever de quem presta alimentos,
fiscalizar a boa aplicação do numerário repassado em favor dos filhos, não apenas por
constituir um dever de quem se preocupa pela formação moral e intelectual dos filhos
menores, mas porque, igualmente exsurge de um comando jurídico pelo qual os pais, em
cuja guarda não estejam os filhos, poderão visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo
fixar o juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação (artigo 15 da Lei do
Divórcio).

Legitimidade

Há correntes que dizem que apenas o alimentando teria o direito de a ação contra o
guardião, como se observa:

“Alimentos - Prestação de Contas - Propositura do Alimentante contra a


Representante Legal do Alimentado, alegando não ter esta aplicado devidamente o
dinheiro recebido - Inadmissibilidade - Ilegalidade da parte, apenas ao alimentando cabe
exigir contas de seu Representante.”( RT 722/265).

Vale ressaltar que o guardião administra verba do alimentando, porém, esta verba
provém do pai que não tem a guarda, mas que tem o dever de educação e manutenção, e o
de fiscalização de tais imposições, mesmo porque, a omissão de sua parte, constituir-se-ia,
possivelmente na prática de delito de abandono material, intelectual, além do ilícito
administrativo estabelecido no artigo 249 do E.C.A..

Consoante lição de Yussef Said Cahali:

“no direito de fiscalização da guarda, criação, sustento e educação da prole


atribuída ao outro cônjuge, ou a terceiro, está ínsita a faculdade de reclamar em Juízo a
prestação de contas daquele que exerce a guarda dos filhos, relativamente ao numerário
fornecido pelo genitor alimentante” [2]

Neste sentido:
"O titular do bem ou interesse gerido ou administrado por outrem, assim como se
legitima à propositura da ação para exigir contas, é também legitimado passivo à ação
para dar contas; em contrapartida, o que administrou ou geriu tem legitimação ativa para
esta ação e passiva para aquela outra" [3]

À evidência, se a cada direito deve corresponder uma ação que o assegure, não há
como negar ao Autor-apelante o direito de exigir da acionada esclarecimentos precisos
acerca da administração da prestação alimentícia recebida por conta da filha menor,
máxime diante da fundada suspeita de malversação.

Enfocando-se ainda o empecilho da legitimidade de partes, seria de se afirmar,


tecnicamente, que o direito de exigir a prestação de contas, seria do filho (a), titular do
valor recebido como alimentos, contra a mãe, que lhe administra este patrimônio. No
entanto, não há que se olvidar o conflito de interesses existente entre ré e alimentada,
sendo, portanto necessária a nomeação de curador especial à menor e, não haveria pessoa
melhor a quem se atribuir tal mister, que ao próprio pai, autor da presente ação, que viria a
originar exatamente a mesma conseqüência almejada e obtida no presente processo.

É direito e dever de quem presta alimentos, fiscalizar a boa aplicação do

numerário repassado em favor dos filhos Como afirmado, os pais (ambos), nos

limites de suas possibilidades financeiras, em qualquer circunstância, são obrigados por lei
a sustentar seus filhos. Cada qual tem que contribuir com suas forças para não tornar letra
morta a exigência constitucional que assegura o princípio da igualdade. Se a mulher é
jovem, saudável e qualificada, tem que trabalhar. Se, ao reverso, passou toda sua vinda
cuidando de filhos e família, abandonando o mercado de trabalho, ao qual dificilmente
poderá voltar, haverá de merecer tratamento diferenciado. Cada caso deverá merecer a
atenção devida do magistrado, no momento da decisão, não havendo como informatizar as
sentenças, e simplesmente atirá-las aos quatro ventos, sem se preocupar de forma
detalhada, sobre suas conseqüências.

Não se está aqui, apregoando, por exemplo, a incapacidade da mãe, ora ré, em
administrar a verba alimentar, e gerir os interesses da filha, posto que se assim o fosse, seria
dever de ofício do magistrado, cassar-lhe a guarda, visto a situação de risco da menor. Por
outro lado, não há como negar-se ao alimentante, o direito de lhe ser evidenciado em que
está sendo aplicado o numerário que está sendo entregue, mesmo porque, se há sobras
quanto ao valor repassado, sobras estas que não estão sendo investidas no interesse
exclusivo da alimentada, perde este valor o caráter alimentar, havendo inclusive diferença
de tratamento fiscal e tributário, sendo assim, os fatos devem ser sopesados caso a caso,
pois casamento não é emprego e marido não é órgão previdenciário.

É por isso que a perícia deve funcionar toda vez que as singularidades do caso
assim o impuserem, como fator de fundamentação e auxílio à decisão da causa. É preciso
que se tenha sempre a fixação justa de alimentos definitivos, pois a perícia busca aferir a
capacidade econômica e financeira do alimentante e também verificação de seu patrimônio,
e é imperioso que se oportunize a realização de provas possíveis.

Processamento

A ação de Prestação de Contas situa-se no Código de Processo Civil, Livro IV, dos
Procedimentos Especiais; Título I, dos Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa;
Capítulo IV, regulando-se nos artigos 914 a 919 o seu procedimento.
Esta ação compete àquele que tem o direito de exigir tais contas ou àquele que tem
a obrigação de prestá-las (art. 914, do Código de Processo Civil). O procedimento ocorre da
seguinte forma: quem pretender exigir a prestação das contas, deve requerer a citação do
réu para apresentar as contas ou contestar a ação no prazo de 5 dias (artigo 915, caput).
Caso prestadas, o autor deverá se manifestar sobre as mesmas em 5 dias e, se houver
necessidade de produção de provas, será designada audiência de instrução e julgamento
pelo juiz e, não havendo necessidade, proferir-se-á sentença desde logo (art. 915, §1o.). Se o
réu não contestar ou não negar a obrigação da prestação de contas, o juiz poderá julgar
antecipadamente a lide, e a sentença que julgar procedente a ação condenará o réu à
prestação das contas em 48 horas, sob pena de não poder impugnar as contas que o autor
apresentar (§ 3o, art. 915). Apresentadas as contas no prazo de 48 horas, o autor deverá se
manifestar sobre as mesmas em 5 dias; se houver necessidade de produção de provas, será
designada audiência de instrução e julgamento pelo juiz e, não havendo necessidade,
proferir-se-á sentença desde logo. Se tais contas forem apresentadas fora do prazo, o autor
da ação de prestação de contas, em 10 dias, deverá apresentá-las, julgando o juiz as mesmas
segundo seu prudente arbítrio, podendo determinar, se achar conveniente, exame pericial
contábil (§ 3o, art. 915).

Se a ação de prestação de contas for proposta por aquele que está obrigado a
prestá-las, este deverá requerer a citação do réu para se manifestar em 5 dias, aceitando-as
ou contestando-as (art. 916, caput). Não contestada ou aceita a referida ação, o juiz
proferirá sentença em 10 dias (§1o, art. 916). Caso contrário, contestadas ou impugnadas, se
houver necessidade, o juiz poderá determinar a produção de provas, designando audiência
de instrução e julgamento. (§ 2o., art. 916).

As contas, tanto por parte do autor, como do réu, devem ser apresentadas na forma
mercantil, com a especificação das receitas e despesas, assim como o saldo respectivo,
sendo instruídas com os documentos que justifiquem tais informações (art. 917). Se houver
saldo credor declarado na sentença, este poderá ser cobrado em execução forçada (art. 918).
Com respeito a essa execução forçada, não tenho qualquer dúvida que tal dispositivo só é
aplicado às hipóteses legalmente possíveis, e não é o que ocorre com verbas alimentares,
por definição impossíveis de serem repetidas ou compensadas, por se constituírem como
necessárias à sobrevivência das pessoas, direito à vida, que é irrenunciável e indisponível.

Ainda, conforme o artigo 919, do Código de Processo Civil, as contas do


inventariante, tutor, curador, depositário e de qualquer outro administrador deverão ser
prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado e, se condenado a
pagar o saldo, não o fazendo no prazo legal, poderá o juiz destituí-lo, seqüestrar os bens sob
sua guarda e glosar (rejeitar) o prêmio ou gratificação a que teria direito.

Realmente não se pode pretender prestação de contas nos estritos moldes dos
artigos 914 e seguinte do CPC, com eventual apuração de saldo em favor do alimentante,
haja vista a irrepetibilidade dos alimentos.

Observou-se que os alimentos fixados aos filhos menores, quando da dissolução da


Sociedade Conjugal, restam, geralmente, na administração do genitor que permanece com a
guarda do menor. Este genitor possui, na qualidade de administrador de bem de terceiro, o
dever de aplicar os recursos em benefício do menor, e não em benefício próprio ou
dilapidar, desordenadamente, os saldos eventualmente havidos da não aplicação total das
quantias recebidas. Tal "desvio de finalidade" pode acarretar um prejuízo ao patrimônio do
menor, prejuízo este que pode ser verificado pela Ação de Prestação de Contas a ser
ingressada pelo genitor devedor contra o genitor administrador dos Alimentos do menor,
haja vista a possibilidade da fiscalização daquele com relação à manutenção dos filhos
menores, decorrente da lei e da própria condição do Poder Familiar que lhe é atribuído.

Não se pode pretender que o alimentante, uma vez vitorioso na ação, receba de
volta qualquer diferença apurada pela perícia, uma vez que fora absorvida pelas despesas de
quem exerce a guarda dos filhos, mesmo que provada malversação ou desvio. A
providência dirigida para o futuro é não se criar novas polêmicas ou motivos para reacender
antigas querelas em uma relação já deteriorada pelo tempo. A obrigação compartilhada de
prevenir a segurança dos menores é que define a providência acautelatória insculpida na
parte final do artigo 15 da Lei do Divórcio.

Assim, de caráter flagrantemente cautelar, o ajuizamento da presente ação


demonstra preocupação por parte do autor, não só em ter ciência de como está sendo
investigo o valor pago a título de pensão alimentícia, constatando sê-lo no interesse da
filha, como também evita o ajuizamento de ação de redução de pensão, que poderia se
mostrar precipitada e mesmo, injustificada. Vê-se desta forma, conjugada e atendida a
exigência do legislador, tanto no que concerne à necessidade de que precisa de tutela
jurídica, como na possibilidade de quem cumpre prestá-la cabalmente, sem que os
indesejáveis excessos possam constituir fonte permanente de injustiça com o consectário
enriquecimento indevido, e que possam gerar, como às vezes acontece, parasitismo que não
se compadece com o ideal do Direito.

Há portanto, que se adequar a norma processual à material, quando à hipótese


concreta posta para julgamento. Os casos não são iguais, apesar de poderem parecer
semelhantes. As pessoas envolvidas são diferentes, com interesses e obrigações peculiares,
devendo o magistrado moldar sua decisão, de conformidade com o caso real.

Os Juizes de um país nem sempre se apercebem por inteiro da sua própria inserção
na realidade axiológica da sociedade em que vivem. Nem todos se dão conta do seu próprio
grande potencial de trabalho e produção diferentes daquilo que ordinariamente fazem. A
profissão faz do juiz o artífice da justiça do caso concreto e nisso, talvez, resida a mais
palpável das diferenças entre ele e o legislador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário jurídico brasileiro Acquaviva. 3.


ed. São Paulo: Jurídica Brasileira, 1993.

BRASIL. Código de processo civil e legislação processual em vigor. Organização,


seleção e notas Theotonio Negrão. 37. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

CARVALHO, Dimas Messias de. Direito de Família. Alfenas: Arte Gráfica


Atenas, 2005.

LISBOA, Roberto Senise. Manual elementar de direito civil: direito de família e


das sucessões. 2. ed. São Paulo: RT, 2002. p. 47. v. 5.

PARIZATTO, João Roberto. Separação. 4ª ed.São Paulo: Edipa, 2004.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 27. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 6.

[1] Marcos Cláudio Acquaviva. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva. 3ª ed.


São Paulo:Jurídica Brasileira, 1993, p.55.

[2] Dos Alimentos, 1ª edição, RT, São Paulo, p. 398.

[3] Adroaldo Furtado Fabrício. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de


Janeiro, Forense, 2001. p. 329.

BITTENCOURT, Dino Ferreira. Prestação de contas na pensão alimentícia. Disponível


em: http://www.direitonet.com.br/artigos/x/24/05/2405/ Acesso em: 1.ago.2006.

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