ALVORADA | 2 de Abril | 2010

SOCIEDADE 15

CONTRATAÇÃO DE FILHO DA MINISTRA da Saúde gera suspeita de favorecimento VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

EM ACÇÃO DE FORMAÇÃO

Agrupamento assegura Terminou no passado dia 29 de

Março, segunda-feira, uma
formação sobre “Violência

que é tudo legal Doméstica” que foi dirigida a

profissionais que trabalham neste
domínio, numa acção promovida
conjuntamente pelo Município da
Lourinhã e pela ESCO – Escola de

R
aquel Mendes, a psicó-
loga que trabalhava co-
mo voluntária no Agru-
pamento de Escolas D. Lou-
renço Vicente, sedeado na
Escola EB 2, 3 Dr. João das Re-
gras, acusou o director Pedro
Damião de favorecimento na
contratação do psicólogo Mi-
guel Jorge Carvalho, filho da
ministra da Saúde, Ana Jorge,
para exercer as mesmas tarefas
mas de forma remunerada.
“Suspeito que haja favorecimento
por ele ser filho da ministra”, afir-
mou à agência Lusa a psicóloga
Raquel Mendes, também presi-
dente da Associação Novos Sá-
bios, estrutura que presta apoio
psicológico a alunos cobrando
custos mais baixos que os pra-
ticados no mercado. Esta pro-
fissional explicou que há três
anos, quando pertencia à asso-
ciação de pais da Escola Dr. João
das Regras, começou a cola-
borar como voluntária para dar
três horas semanais de apoio
psicológico, uma carência que
POLÉMICA: o processo de contratação de um psicólogo por este agrupamento escolar gerou posições díspares
" outras acções de cariz artístico e
havia qualquer vínculo” laboral
com a psicóloga e as promessas
de uma eventual remuneração
foram feitas pela anterior
direcção escolar. Pedro Damião
explicou que, desde que passou
a ser director, teve como objecti-
vo contratar um psicólogo:
“Temos muitos pedidos de avaliação
portamentos de risco em escolas
e tem acompanhado, enquanto
psicoterapeuta, crianças e ado-
lescentes com problemas com-
portamentais e cognitivos que
interferem na aprendizagem.
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Sofia de Medeiros/Arquivo
Foi contratado como “prestador
de serviços” com contrato que ter-
mina a 31 de Agosto mas que
poderá ser renovado a partir do
próximo ano lectivo. ! P. R./
Lusa
Serviços e Comércio do Oeste, de
Torres Vedras. Esta acção, que
decorreu desde o dia 8 no Salão
Nobre dos Paços do Concelho,
visou aprofundar os conhecimentos
dos formandos sobre esta matéria,
incrementado as competências
técnicas e pessoais adequadas às
especificidades deste género de
intervenção.
A par dos profissionais envolvidos
no atendimento às vítimas e a
agressores domésticos, esta acção
formativa teve uma carga horária
de 30 horas e direccionou-se
também a agentes com funções ao
nível da prevenção da vitimização e
da revitimização. Foram
ministrados os módulos de
violência doméstica, conhecer a
situação e reflectir sobre ela,
princípios de intervenção, a lei e o
combate à violência doméstica.
Paralelamente, foram dinamizadas
alusivas à temática em causa, como
foi o visionamento de um filme e a
apresentação da peça de teatro
“Estilhaços”, no auditório da AMAL.
Este projecto teve o financiamento
do QREN – Quadro de Referência
Estratégico Nacional, através do
Programa Operacional de Potencial
Humano, inserindo-se nos Projectos
de Formação para Públicos
Estratégicos. !

era sentida pelos pais. Era nessa
altura presidente do Conselho
Executivo a docente Manuela
Valente. Contudo, a psicóloga
esclareceu que “havia a ideia de
que, se houvesse possibilidade, seria
remunerada” pelo agrupamento,
acrescentou, criticando ainda
que o outro técnico tenha sido
contratado “às escondidas”.
Face a estas acusações, que
começaram através de um blo-
gue e rapidamente chegaram a
outros meios de comunicação
de expansão nacional, Miguel
Jorge Carvalho e Pedro Damião
refutaram as acusações. Já Ana
Jorge, também presidente da
Assembleia Municipal da Louri-
nhã, recusou prenunciar-se pu-
blicamente sobre esta situação.
“De início nem sabia que era filho
da ministra, mas mesmo que conhe-
cesse seria a minha escolha porque
ele tem o perfil que se enquadra no
projecto de escola que defendo”,
explicou o director escolar, que
desde Junho do ano passado foi
eleito para estas funções de
coordenação escolar. “Recuso ca-
balmente essa associação, porque o
meu percurso profissional tem sido
construído por mim”, disse por seu
lado Miguel Jorge Carvalho,
esclarecendo que teve de “aban-
donar alguns projectos para aceitar
o convite” como assessor técnico-
pedagógico. O director do agru-
pamento justificou que “não
psicológica por parte dos professores
quando detectam problemas”.
A legislação permite aos di-
rectores das escolas contratarem
assessores técnicos pedagógicos
para diversas áreas, uma das
quais a psicologia. “Até cinco mil
euros por ano posso fazer contra-
tações por ajuste directo simpli-
ficado, o que significa que não é ne-
cessário concurso, nem contrato ou
publicitação”, frisou Pedro Da-
mião. Quanto à contratação do
psicólogo Miguel Carvalho, es-
clareceu ainda que “em 2006 esti-
ve a dar aulas na ESCO - Escola de
Serviços e Comércio do Oeste, em
Torres Vedras, onde ele era psicólogo
a tempo inteiro, fui-me apercebendo
do seu trabalho e foi por essas refe-
rências que o contratei”, justificou.
“Além de fazer acompanhamento
dos alunos, dava apoio aos profes-
sores e pais e desenvolveu projectos
ligados à educação pela arte sem se
limitar a fazer relatórios, que era o
que acontecia com a outra psicó-
loga”, acrescentou o responsável
escolar.
Miguel Carvalho, que desde
22 de Fevereiro assegura nove
horas semanais no Agrupamen-
to de Escolas e Jardins-de-Infân-
cia D. Lourenço Vicente, disse à
Lusa que está ligado à formação
de professores há dez anos,
tendo desenvolvido vários pro-
jectos de promoção da saúde e
prevenção primária de com-