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Linguagem, imagem e o performativo:
Um tour d´horizon na Nova Geografia Cultural
Por: Wolf-Dietrich Gustav Johannes Sahr
A geografia é um campo de conceituações em permanente movimentação. Em cada
região e cada época configura-se e/ou transforma-se a geografia como ciência/vivência
em forma específica. Pretende-se, nesta palestra, fazer uma triangulação da atual
geografia cultural visando pelo menos três horizontes importantes.
Titre original
Linguagem, imagem e o performativo: Um tour d´horizon na Nova Geografia Cultural
Linguagem, imagem e o performativo:
Um tour d´horizon na Nova Geografia Cultural
Por: Wolf-Dietrich Gustav Johannes Sahr
A geografia é um campo de conceituações em permanente movimentação. Em cada
região e cada época configura-se e/ou transforma-se a geografia como ciência/vivência
em forma específica. Pretende-se, nesta palestra, fazer uma triangulação da atual
geografia cultural visando pelo menos três horizontes importantes.
Linguagem, imagem e o performativo:
Um tour d´horizon na Nova Geografia Cultural
Por: Wolf-Dietrich Gustav Johannes Sahr
A geografia é um campo de conceituações em permanente movimentação. Em cada
região e cada época configura-se e/ou transforma-se a geografia como ciência/vivência
em forma específica. Pretende-se, nesta palestra, fazer uma triangulação da atual
geografia cultural visando pelo menos três horizontes importantes.
Wolf-Dietrich Sahr Faculdades Guarapuava, Programa de Ps-Graduao em Geografia da UFPR, prof. convidado
A geografia um campo de conceituaes em permanente movimentao. Em cada
regio e cada poca configura-se e/ou transforma-se a geografia como cincia/vivncia em forma especfica. Pretende-se, nesta palestra, fazer uma triangulao da atual geografia cultural visando pelo menos trs horizontes importantes. Nos anos 1970 difundiu-se a virada lingstica nas cincias sociais. Deixou tambm um rastro na geografia, nas suas vertentes da geografia humanstica e crtica, principalmente no ambiente discursivo da lngua inglesa. Descobriu-se, nessa nova abordagem, que o sentido do espao, a sua funo comunicativa como signo, foi mais importante do que se imaginava nas abordagens positivistas dos perodos anteriores. Em conseqncia, o espao perdeu a sua funo epistemolgica hettneriana de coerncia, a qual ainda representou na geografia positivista e neopositivista, e tornou-se uma ferramenta epistemolgica duplicada, dividido entre espaos de significantes e espaos de significados. Abriu-se, assim, um materialismo dialtico apontando tanto o palco do corporal como o cenrio das representaes, formando um horizonte de linguagens, de complexos de sentidos, que magmtico na sua pluralidade e variabilidade guiou a discusso para uma semitica espacial do dizvel, uma potica. Esta privilegia o significado, o sentido em baixo das superfcies. Neste contexto, os adeptos da geografia humanstica referiam-se, na sua potica romntica, pluralidade das explicaes do mundo (senso comum, religies, ideologias), enquanto a geografia crtica interpretou o mundo, na sua potica idealista, como paisagem de valores (de uso e de troca). Os anos 1990 vivenciam, sob influncia da expanso informtica, a invaso do mundo vivido por computadores pessoais, celulares com cmeras, novas formas de televiso e comunicao televisiva. Conseqentemente, o meio imagtico tomou conta de muitos comportamentos e relacionamentos sociais. Observamos, desde ento, uma reorganizao profunda do conceito do espao pelas imagens. Nesta virada pictrica aparecem novas formas de comunicao, formas do visvel, do no-verbal, o que implica uma nova construo reticular dos sentidos, beneficiando-se da polissemia tpica dos efeitos da imagem. Trata-se de uma geografia da comunicao persuasiva que substitui as racionalidades da geografia dos significados. Falamos, neste contexto, de uma nova linguagem, esta vez pouco alfabetizada, de uma esttica. Na geografia, a virada pictrica , por enquanto, apenas observvel na rea instrumental onde mapas, sistemas de informao geogrfica (SIG), bancos de dados de imagens e colees de fotografias so instrumentos de traduo entre o visvel e o dizvel. Contudo, uma reflexo mais profunda sobre o espao imagtico se espera ainda. Por isso, deveramos debruar-nos sobre o rico acervo das teorias estticas abordando questes da arte e privilegiar o campo das superfcies, do significante. Ironicamente, isto nos remete s pocas e culturas da comunicao imagtica predominantes na Idade Mdia europia (Catedrais, cones) ou a histria cultural da China e do Japo (na arquitetura, caligrafia e pintura, como nos espaos Zen).
Enquanto a virada pictrica ainda nem se expandiu muito no campo epistemolgico, j
se avisa outra virada. Esta busca superar a separao entre significante e significado. Trata-se de teorias no-representativas que privilegiam o corpo, esta matria ftica to desconhecida no mundo do dizvel e do visvel. O corpo baseia-se principalmente no tato e no fato, ele se forma em positividade plena, mas desconsidera a diferena entre significante e significado. Por isso, pouco destacado pela cincia a qual est ainda confinada na racionalidade do significado. Todavia, observando o nosso ambiente, percebemos um boom corporal como nunca houve. Assistimos uma permanente (re)construo material, no s de edifcios, cidades e parques de lazer, mas tambm de paisagens agrcolas, de florestas organizadas, at de space-labs. Hoje, nem a academia se propaga mais como lugar cientfico de pensadores, ms se articula atravs de personal trainers mquinas corporais que transpiram o cheiro do suado. Este boom corporal, o qual acompanha dialticamente a virada imagtica, necessita de respostas epistemolgicas atravs de uma geografia no-moderna que supera as velhas dicotomias entre natureza e cultura, entre corpo e idia (veja LATOUR, SERRES). Tal geografia s pode funcionar quando privilegiamos o elemento performativo, a ao. Este o meio principal da expresso dos corpos. Trata-se, agora, de uma semitica espacial sciobiolgica, uma tica especfica na qual predomina o comportamento, uma tica no sentido pleno. Abordando, desta maneira, as questes da linguagem, da imagem e do performativo, finalizamos o nosso tour dhorizon com perspectivas epistemolgicas que poderiam resultar numa OUTRA geografia cultural. Trata-se de uma geografia das espacialidades que desafia epistemologicamente as grandes narrativas geogrficas ainda vigentes que, no meu ver, ficam muito confinados em antigos idealismos e positivismos, todos de certa forma reducionistas como, por exemplo, a geografia funcionalista e sistmica e a geografia crtica estruturalista. Por isso: Aos navios, meus queridos conterrneos da Terra Cientfica e da Cincia de Terra! J avistamos os horizontes, mas ainda no conhecemos as paisagens epistemolgicas embutidos neles. Precisamos embarcar nesta direo com novas geografias dos significados, das imagens e da ao.