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A Psicanlise deve manter um legado sempre coerente com Freud. Por isso,
julgo questionveis algumas posies assumidas no livro Psicanlise, a Clnica
do Real, que passo a comentar.
1. O livro apresenta uma descrio oficial de Clnica do Real, nos seguintes
termos:
{...} "uma anlise para saber mais de si, para errar menos, ou para
levar a pessoa a descobrir que o saber sempre incompleto e que a
vida um contrato de risco? A resposta a essa pergunta implica a
forma de se conduzir uma anlise: para o Simblico ou para o Real
(Prlogo, pg. XVIII).
Esta definio ambgua, porque carrega a suposio de que a Clnica do
Simblico (freudiana e lacaniana) tenha como objetivos: saber mais de si,
para errar menos, enquanto que a Clnica do Real teria descoberto que o
saber sempre incompleto e que a vida um contrato de risco. No
procede a distino, visto que Freud foi muito explcito ao defender a tese de
que a anlise interminvel, portanto, o saber (do inconsciente) nunca se
completa mesmo, e props tambm que somos sujeitos transitoriedade,
falta e morte.
E continua o argumento sofstico sobre as duas Clnicas:
A Clnica do Real diverge da anterior. Se antigamente se fazia uma
anlise em progresso, a Clnica do Real faz uma anlise na repetio.
Ateno: no me refiro reproduo de um mesmo contedo, mas,
sim, repetio da impossibilidade da significao (pg. 152).
O texto no explica o que essa progresso, mas encontramos em Lacan, no
texto sobre A direo do tratamento (Escritos, pg. 622), a seguinte
pergunta: Ser esse o procedimento da anlise, um progresso da verdade?
Leitura Flutuante, n. 6 v. 2, pp. 53-56, 2014.
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