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O HUMANISMO SECULAR: A sua influência na sociedade

e na igreja

No século XV, o termo italiano "umanista" (humanista) designava originalmente os


professores de gramática e retórica, do mesmo modo em que os termos "jurista" e
"artista" designavam aqueles que ensinavam artes e leis. No seguinte século vemos
que são as Faculdades de Artes quem ensina as "humanidades", em contraste com
os estudos teológicos próprios das Faculdades de Teologia. As humanidades
abarcavam as disciplinas que promoviam o desenvolvimento de uma condição
plenamente humana.

Com a queda de Constantinopla em 1453 e o desaparecimento do Império Romano


do Oriente, deu-se a emigração de eruditos que introduziram a cultura grega no
Ocidente. Esta circunstância resultou no que, muito tempo depois, se denominou
humanismo renascentista. Este humanismo estava sem dúvida aparentado com o
anterior, mas ao mesmo tempo representava um fenómeno novo e dinâmico. Jean-
Claude Margolin propôs a seguinte definição:

O humanismo europeu é um movimento cultural e intelectual, característico do


Renascimento, que abriu o caminho para uma transformação da visão do mundo,
uma renovação das formas e tipos de conhecimento, uma ampliação das fontes de
inspiração artística e literária, uma reorganização da vida académica, uma liberdade
para criticar tradições e instituições, e uma nova visão da condição humana.

Este humanismo do Renascimento foi um dos determinantes-chave das


circunstâncias que levaram à Reforma religiosa do século XVI, já que possibilitou e
propiciou uma nova visão crítica da autoridade e das doutrinas aceites
tradicionalmente por séculos. Também levou a um ressurgimento do estudo da
Bíblia nas suas línguas originais e ao surgimento das versões em línguas vernáculas
(alemão, espanhol, inglês...). Muitos dos humanistas europeus, como Erasmo de
Roterdão e João Calvino, foram cristãos e escreveram desde uma perspectiva
decididamente bíblica.

Num sentido mais amplo, o humanismo é uma atitude filosófica que se caracteriza
por considerar os seres humanos e tudo que a eles diz respeito - pensamentos,
aspirações, empreendimentos - de um valor único e especial; e por esta razão,
sublinha também o valor do indivíduo. Existe portanto um humanismo cristão, que
valoriza o ser humano acima de todas as demais criaturas ou objectos, como
criação especial de Deus, feito à Sua imagem e semelhança e designado como
mordomo da Sua criação.

Humanismo secular

Apesar das profundas raízes bíblicas do humanismo europeu, a partir do século XIX
os filósofos e ideólogos do marxismo deturparam o termo "humanismo" ao reservá-
lo para expressar uma perspectiva do valor humano independente de Deus e de
facto hostil a toda a consideração teológica. Com isto se preparou o caminho para o
que hoje se denomina "humanismo secular".

Dadas as vicissitudes da história, actualmente um humanista secular pode ser


marxista ou não sê-lo; de facto, o marxismo é uma filosofia política em franca
decadência. De qualquer forma, o que caracteriza um humanista secular é a adesão
ao ponto de vista filosófico conhecido como materialismo ou naturalismo. Portanto,
o humanismo secular é uma vertente do naturalismo, enraizado nos pressupostos
básicos deste, que podem enunciar-se como se segue.

1. Deus não existe. Somente existe o universo material que, de uma ou outra
forma, é eterno, não criado, já que não há tal Criador. A realidade final é a matéria
e a energia.

2. O universo é um sistema fechado, no qual tudo ocorre segundo determinadas


leis naturais. Isto exclui a possibilidade de influências externas, como o são os
milagres. Tudo quanto pode ocorrer é o resultado da operação de princípios
próprios do universo material.

3. A vida existe como resultado da combinação ao azar de um conjunto de factores


que possibilitaram a sua aparição a partir da matéria inerte. Todas as formas de
vida se originaram de uma célula primordial, a partir da qual evoluíram, ao longo
de milhões de anos, todas as demais formas, incluído evidentemente o homem.

4. Os seres humanos são o resultado eventual da evolução natural. Em última


análise apenas são organismos mais complexos, cujos aspectos únicos (como
inteligência, personalidade e vontade) se podem explicar, ao menos em princípio,
pelo conjunto de leis físicas e químicas que regem os sistemas biológicos. Todas as
acções e pensamentos dos homens devem-se a causas naturais, sejam estas
genéticas ou ambientais.

5. A morte é o fim da existência individual. Já que a existência humana é


exclusivamente o resultado de processos naturais, a personalidade individual
desaparece com a morte do corpo. O destino inexorável de todo homem é o
desaparecimento pessoal, e o retorno dos seus componentes moleculares ao
cosmos.

6. A história humana é uma sucessão de acontecimentos vinculados por relações


entre causas e efeitos, porém carente de qualquer propósito global. Não há um
objectivo da história, nem ninguém que a guie; esta simplesmente ocorre, a partir
das acções humanas. Se não ocorrer uma catástrofe cósmica, a história está
completamente nas mãos dos homens, para o bem ou para o mal.

7. A moral é um assunto exclusivamente humano. Em termos práticos, isto significa


que são os seres humanos por si mesmo, ou cada sociedade no seu conjunto, quem
deve estabelecer que princípios e práticas consideram adequados. Evidentemente,
podem modificar tais práticas e princípios segundo as necessidades, conveniências
ou preferências individuais e sociais, sem nenhuma guia superior ao homem nem
tribunal supremo ao qual prestar-lhe contas.

Como é óbvio, as crenças fundamentais do naturalismo se opõem diametralmente


às da fé bíblica, que estabelece a existência de um Criador pessoal, sustentador do
universo e activo nele, originador da vida por um acto especial e deliberado; a
criação do homem à imagem e semelhança de Deus como origem da personalidade
e da liberdade; a subsistência depois da morte física; a história como o campo no
qual se cumpre o plano divino; e a moral baseada no que Deus estabeleceu como
bom para o comportamento humano.

Os humanistas seculares crêem prestar um serviço à humanidade ao libertá-la dos


"preconceitos" religiosos, do seu desejo pelo além, ou, como o chama Paul Kurtz,
redactor do Manifesto Humanista II, "a tentação transcendental". Para os
humanistas seculares, todas as religiões são, no melhor caso, uma ajuda
psicológica para enfrentar a existência num mundo hostil, e no pior, um
instrumento de dominação e uma fonte inesgotável de guerras e perseguições.
Quanto antes o homem se desprenda de toda a crença no sobrenatural, dizem,
mais depressa poderá aprender a valer-se por si mesmo e moldar o seu próprio
futuro. Contudo, a posição humanista secular padece de graves problemas.

Perguntas sem resposta

O humanismo secular propõe respostas para muitas perguntas, mas nem todas elas
são adequadas. No campo científico, onde o naturalismo predominou no último
século, as grandes perguntas sobre a origem do universo e da vida ainda aguardam
uma resposta satisfatória; as numerosas hipóteses propostas, muitas contraditórias
entre si, carecem de consenso mesmo entre os próprios humanistas seculares. Eles
chegaram à triste conclusão que a Verdade, assim com maiúsculas, não existe.

Isto é um paradoxo, pois inicialmente os humanistas seculares se propunham


chegar a toda a verdade desprendendo-se das "superstições" e buscando o
conhecimento na ciência. Após um século de tentá-lo infrutuosamente, se
declararam incapazes de consegui-lo. Agora nos dizem que todo o conhecimento -
que é exclusivamente o conhecimento humano - é não só incompleto, mas também
provisório e portanto sujeito a rectificação. Que diferente da afirmação de Jesus:
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida"!

Um problema mais prático é o da base ética das relações humanas. A maioria dos
humanistas seculares, como o professor Kurtz, a quem tive o gosto de conhecer em
1995, são pessoas decentes e rectas. Contudo, a sua ideologia não provê base
alguma para uma moral de aplicação geral. As normas morais são, em sua opinião,
simplesmente o resultado de um consenso social, já que o que está bem ou mal
numa sociedade é um assunto relativo. Não existe tal coisa como o bem e o mal; é
bom o que a sociedade determina como tal, e mau o contrário. Não há uma norma
objectiva.

Em tal caso, cabe perguntar-se que fazer com os que discordam das normas
aceites, já que estes dissidentes são tão humanos como o resto. Até que ponto
pode, em ausência de uma norma objectiva, afirmar-se que o abuso infantil, a
mentira, o roubo ou o assassinato são maus? É lícito, desde o ponto de vista do
humanista secular, castigar os que pensam diferente?

Isto leva-nos ao segundo grande problema, que é o da liberdade humana. Se o ser


humano é o resultado de forças evolutivas e os seus actos são consequências da
sua constituição genética e do ambiente, não existe tal coisa como o livre arbítrio.
Podemos crer que os nossos actos são livres, mas em última análise nunca o
seriam. Ora bem, onde não há liberdade, também não há responsabilidade.
Portanto, não parece justo premiar certos comportamentos e castigar outros, se em
ambos os casos se trata de actos onde não houve a possibilidade real de optar. No
humanismo secular o homem se "livra" de Deus mas à custa de renunciar à sua
própria liberdade no sentido pleno do termo.

Também não existe uma base real para o valor único de cada existência individual.
A singularidade do homem é qualitativamente similar à de uma bactéria, uma
barata ou um golfinho. Cada ser humano é único, mas não como uma criação
especial de Deus, mas como uma combinação mais ou menos ao azar de
determinada dotação genética e circunstâncias. E esta combinação desaparece com
a morte, sem deixar outro rasto, também transitório, que não seja a lembrança das
suas acções.
Influência na sociedade

O humanismo secular sempre foi uma ideologia minoritária. A maioria das pessoas
não aceita todas as suas crenças tal como foram expostas mais acima. Talvez a
noção mais rejeitada seja que a morte é a terminação definitiva da existência
pessoal. Contudo, embora as crenças centrais do humanismo secular careçam de
popularidade, paradoxalmente algumas dos corolários práticos desta ideologia
acharam eco nos média e exercem grande influência na sociedade.

Uma forma particularmente insidiosa de penetração massiva é através das


exposições populares dos achados científicos, que quase sempre supõem e com
frequência afirmam a filosofia naturalista. Tipicamente, as publicações científicas de
divulgação apresentam factos reais mas os interpretam desde a perspectiva
naturalista, como se esta fosse a única perspectiva razoável. Deste modo, se
inculca o materialismo disfarçado de ciência, como se fossem a mesma coisa.

Algumas das lamentáveis consequências da penetração do naturalismo na


sociedade são (cf. Romanos 1:18-25):

1. Hedonismo. Consiste na busca do prazer como sentido fundamental da vida. Se


isto é tudo quanto há, como diz Paulo citando um filósofo pagão, "comamos e
bebamos, que amanhã morreremos".

2. Consumismo. A obtenção de bens temporais, seja como posses materiais ou


como poder económico, político, etc., torna-se um dos objectivos mais apetecíveis
perante a perspectiva de que não há nada mais que esperar.

3. Relativismo moral. "O que é verdade para ti não necessariamente o é para mim".
Em outras palavras, cada um deve determinar por si mesmo o que está bem e o
que está mal; mas além disso podem existir tantas definições do bem e do mal
como pessoas que existem, e sem uma norma objectiva nenhuma destas definições
é melhor do que as outras. Se esta posição se adoptasse até ao seu extremo lógico,
seria impossível a vida em sociedade. No estado actual, esta forma de pensar
justifica inumeráveis acções imorais desde o ponto de vista bíblico.

4. Aceitação social de acções e formas de vida antes consideradas imorais. É uma


consequência directa do relativismo moral. O adultério e a homossexualidade são
exemplos óbvios; enquanto que até há não muito estas coisas eram punidas pela
lei civil, "avançamos" até o ponto em que não só se toleram, mas se promovem
activamente. Adúlteros e homossexuais sempre houve; mas a existência de
promotores públicos destas abominações é uma "maravilha" de finais do século XX.

5. Desprezo pela vida humana. Desde uma perspectiva materialista, é razoável


defender acções como o aborto ou a "eutanásia" (ou seja, a morte provocada como
"tratamento" de doenças incuráveis) se elas surgem de um consenso social.

Penetração na Igreja

Este cancro que corrói a sociedade e a extravia também não deixou intacta a
Igreja. Como a Igreja está inserida na sociedade, é ingénuo esperar que fosse
completamente alheia às influências do naturalismo em geral e do humanismo
secular em particular. Além dos aspectos já assinalados a propósito da sociedade,
convém especificar alguns pontos que afectam especialmente a Igreja.
Um deles é a proliferação de livros e seminários, baseados em duvidosas teorias
psicológicas, para melhorar a auto-estima e promover o bem-estar por meios
principal ou exclusivamente psicológicos. Estas atractivas propostas para o
"desenvolvimento pessoal" rara vez se analisam seriamente à luz das Escrituras,
como faziam os cristãos de Bereia com os ensinamentos dos apóstolos (Actos
17:11). Em vez disso, se as aceita com entusiasmo e se as segue por um tempo,
até que aparecem outras mais novas que por sua vez se põem de moda. Em
contraste com estas técnicas que vão e vêm, a Palavra de Deus permanece para
sempre.

Estreitamente relacionado com o anterior se acha a subestimação do pecado. Nós,


cristãos, servimos a um Deus três vezes santo, que aborrece o pecado. Jesus
morreu para que pudéssemos ser salvos dos nossos pecados. Contudo, não é raro
ver que, o que a Bíblia chama pecado, se interpreta como problemas psicológicos
sem ver a sua verdadeira e fundamental raiz espiritual. É claro que a psicologia tem
um lugar na Igreja, mas sempre subordinada aos claros ensinamentos bíblicos.

Em ocasiões a influência do humanismo secular se manifesta muito subtilmente


através de um ênfase excessivo na função social da Igreja. A Escritura abunda em
exortações e mandamentos para ajudar os necessitados, de modo que esta é uma
parte irrenunciável do testemunho da Igreja ao mundo. Contudo, a função primária
da Igreja é a de levar a todos o Evangelho de Jesus Cristo, o único em que há
salvação (Actos 4:12). Tristemente, num sincero desejo de ajudar algumas
congregações envolveram-se de corpo e alma num activismo social que as debilitou
no seu aspecto espiritual; sem dúvida, é uma armadilha mestra do Inimigo das
almas.

Outra via de penetração do humanismo secular é através do que se deu em chamar


o "evangelho da prosperidade". Pode apresentar-se de maneira muito espiritual,
mas no fundo da ideia de que todo cristão tem direito a grandes posses materiais
se acha um raciocínio meramente humano, carente de sustento bíblico. Basta ler o
capítulo 11 de Hebreus, ou os padecimentos de Paulo narrados em 2 Coríntios. O
nosso tesouro e a nossa cidadania estão nos céus... ou deveriam está-lo!

Também toda a congregação corre o risco de sucumbir à tentação de confiar mais


em planos, técnicas e esquemas humanos que em apegar-se fielmente à Palavra de
Deus. Uma delas é confiar que a organização pode fazer o que corresponde ao
organismo, ao Corpo de Cristo que é a Igreja. Uma boa organização sem dúvida
pode ajudar à sábia administração dos recursos para o progresso do reino, mas de
modo algum pode substituir a fé, a devoção ou a santidade.

Outra tentação muito importante e grave é a manipulação psicológica dos


membros, ou daqueles a quem se prega o evangelho. As emoções são parte da
nossa natureza e é normal e lícito que tenham um papel importante no que Paulo
chama "culto racional" (Romanos 12: 1-2). Porém, alguns pregadores muito
populares parecem recorrer mais às técnicas de manipulação de massas do que ao
poder do Espírito Santo, que é quem convence do pecado, da justiça e do juízo.

Como cristãos, faremos bem em seguir o conselho do Senhor de ser simples como
pombas, mas prudentes como serpentes. A nossa sociedade moderna é uma fonte
constante de confusão, de "filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos
homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Col. 2:8).
Contudo, também é o campo ao qual o Senhor nos mandou ceifar.

Fernando D. Saraví
Bibliografia

Cruz, Antonio. Postmodernidad: El Evangelio ante el desafío del bienestar


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