Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
perdidos com a crise económica de 2007 são necessárias para encarar este novo quadro laboral
irrecuperáveis, enquanto outros serão recuperados e as oportunidades que o mesmo trará?
de uma forma gradual (i.e. mediante o retorno da
Importa no entanto referir, que mesmo
actividade económica a padrões normais de
perante este quadro optimista projectado para a
crescimento).
próxima década, estima-se que hoje existam menos
No entanto, nem tudo são más notícias 10 milhões de empregos do que seriam esperados
quando abordamos o futuro quadro laboral se não tem surgido a crise económica de 2007.
europeu3. Segundo as ultimas previsões da Perspectivando a recuperação laboral para a
CEDEFOP no que concerne ao mismatch próxima década, podemos verificar na Figura I
competências/necessidades laborais, cerca de sete que o emprego em 2025 poderá chegar a valores
milhões de novos empregos serão gerados até 2020 similares aos que chegaria em 2008 sem a crise
no futuro quadro laboral europeu, apesar da económica de 2007, ou seja, cerca de 235 milhões
recessão criada pela crise económica de 2007. de empregos.
Para além disto, estima a CEDEFOP que Figura I. Impacto da recessão no emprego (UE 27+).
questão que se coloca perante este quadro a cada todos os tipos de ocupações profissionais,
um de nós é será que temos as competências podemos verificar na Figura II, em linha com as
recentes tendências, que a maioria das
necessidades laborais (na ordem das 8, 5 milhões
3
Esta análise cobre os 27 Estados-membros da UE de oportunidades) projectam-se na próxima década
mais a Noruega e Suíça, sendo portanto referido como nos campos do conhecimento científico e das
EU 27+.
2
LUSITANIUM EXCELSIUS
3
LUSITANIUM EXCELSIUS
A Grande Procura por Qualificações qualificados (ou mesmo nos trabalhadores com
qualificações médias), mesmo em empregos
As projecções sugerem que a procura de
conectados com qualificações baixas, enquanto a
competências (medida por qualificações formais)
procura por trabalhadores com poucas ou
deverá continuar na próxima década. A natureza da
nenhumas qualificações continuará a decrescer
mudança industrial e tecnológica dos nossos dias
significativamente, o que levará por inerência à
faz incrementar a procura pelos trabalhadores
melhoria de competências laborais em muitos
altamente qualificados à custa dos pouco (ou nada)
postos de trabalho anteriormente ocupados por
qualificados, expressando assim uma polarização
pessoas de baixas (ou nulas) qualificações e que na
na procura de trabalhadores como podemos
próxima década serão ocupadas por pessoas com
verificar na Figura IV.
pelo menos competências médias.
Figura IV. Alterações na procura por trabalhadores e
respectivas qualificações (UE-27+). Como resultado, a procura por pessoas
altamente qualificadas tem uma projecção que visa
um aumento de mais de 16 milhões de postos de
trabalho, enquanto a procura por trabalhadores
com baixas (ou nulas) qualificações deverá
diminuir em cerca de 12 milhões de postos de
trabalho. A percentagem de empregos que na
próxima década devem requerer um alto nível de
qualificações passará de 29 por cento em 2010 para
cerca de 35 por cento em 2020, enquanto o número
de postos de trabalho que empregam pessoas com
baixas qualificações cairá de 20 por cento para 15
Fonte. Cedefop.
por cento no mesmo período. Já no que concerne à
Na verdade, a oferta de competências proporção de empregos ocupados com pessoas com
também afecta os padrões de emprego e a sua qualificações médias este nível permanecerá
especialização. As projecções de procura de significativo, ou seja, em torno dos 50 por cento da
trabalhadores por qualificações indicadas na massa trabalhadora do espaço europeu.
Figura IV assumem que as tendências históricas
tenderão a continuar na sua generalidade na O Emprego no Sector dos Serviços: um
Isto significa que a procura continua a A crise económica de 2007 teve como
crescer no segmento dos trabalhadores altamente geralmente têm as crises económicas e sociais o
4
LUSITANIUM EXCELSIUS
condão de acelerar mudanças sectoriais em termos educação (i.e. bens primários), será contraposto
económicos e por conseguinte nos mercados pela redução da oferta de empregos na
laborais (em especial no europeu). administração pública local e central, devido em
grande medida às restrições orçamentais previstas
Figura V. Mudanças Sectoriais no Mercado Laboral
Europeu (UE-27+). pelos Estados-membros da UE com vista a
combater os deficits excessivos provocados pela
intervenção dos Estados na economia durante a
crise económica de 2007.
5
LUSITANIUM EXCELSIUS
6
LUSITANIUM EXCELSIUS
7
LUSITANIUM EXCELSIUS
obra cada vez mais qualificada) e da procura (para em termos de validação da aprendizagem informal,
uma melhor e maior utilização de tais pessoas no bem como um guia de orientação no que concerne
emprego) são difíceis de prever ao pormenor, e à aprendizagem ao longo da vida poderá suportar
interagem de formas complexas. Em qualquer caso, um melhor encaixe entre as necessidades laborais
este relatório laboral entre outras pesquisas dos empregadores e a competências educacionais e
levadas a cabo pelo Think Tank Lusitanium laborais dos trabalhadores.
Excelsius e pela Cedefop sugere que uma
De facto, a Europa precisa urgentemente de
subvalorização das competências laborais não é um
se certificar que os seus recursos humanos estão
problema por si mesmo. Mas a subutilização de
preparados para responder às necessidades da
competências e qualificações laborais é certamente
economia global onde vivemos. As políticas
um problema em potencial para os indivíduos,
europeias de emprego (i.e. no quadro comum da
empregadores e sociedade no seu todo.4
UE27 ou na competência de cada Estado-membro)
Conclusões devem capacitar as pessoas com vista a que as
mesmas possam aumentar e alargar as suas
Os resultados presentes neste relatório
competências educacionais e laborais. A melhoria
laboral demonstram que a estrutura ocupacional e
e alargamento das competências dos trabalhadores
laboral do mercado europeu está a avançar
do mercado laboral europeu não é apenas algo que
rapidamente para empregos intensivos em
irá permitir a obtenção de melhores empregos. É
conhecimento e altas qualificações. Os decisores
acima de tudo, conquistar o futuro em termos do
políticos necessitam urgentemente de perceber a
que serão as economias da próxima década (i.e.
necessidade de assegurar a melhor utilização das
economias que serão condicionadas fortemente
actuais competências laborais disponíveis. Por
pela capacidade de inovação de Estados, empresas
exemplo, à medida que as mulheres vão sendo
e trabalhadores, como forma de garantir um papel
mais qualificados do que os homens, devem ser
de liderança numa economia cada vez mais
tomadas medidas que permitam a utilização do seu
globalizada).
potencial proporcionando melhores oportunidades
para conciliar o trabalho com a família. As novas nações emergentes (i.e. os
denominados BRIC, a saber: Brasil, Rússia, Índia e
Precisamos também de saber mais sobre o
China), assim como os tigres asiáticos (i.e. Correia
que as pessoas realmente sabem e são capazes de
do Sul, Japão, Indonésia, Vietname, entre outros)
fazer em determinados empregos. Um melhor uso
são já hoje concorrentes de peso em relação à
4 Europa (e mesmo aos Estados Unidos da América)
Ver. The Skill Macthing Challenge – analysing skill
mismatch and policy implications (forthcoming 2010), no que concerne à obtenção de trabalhadores
Cedefop, 2009.
altamente qualificados aumentando diariamente as
8
LUSITANIUM EXCELSIUS
suas quotas de empregos de alto nível (i.e. seja pela combater esta concorrência com aquilo que melhor
formação de capital humano próprio, seja pela a define, ou seja, a sua capacidade de adaptação e
obtenção de capital humano exterior, sendo a transformação a novos cenários sejam eles
Europa um dos grandes fornecedores destes novos económicos, políticos, culturais ou mesmo sociais.
mercados emergentes), pelo que, a Europa deve
Para mais informação sobre este relatório laboral, por favor contactar:
Blog: www.lusitaniumexcelsius.blogspot.com
♣
Licenciado em Relações Internacionais e Ciência Política pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e
Mestrando em Economia Portuguesa e Integração Internacional do ISCTE.