Vous êtes sur la page 1sur 12

Superior Tribunal de Justiça

EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 471.539 - MG (2002/0125176-0)

RELATOR : MINISTRO JOSÉ DELGADO


EMBARGANTE : BANCO DO PROGRESSO S/A - MASSA FALIDA
ADVOGADO : DANIEL RIVOREDO VILAS BOAS E OUTRO
EMBARGADO : FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROCURADOR : BERNADETE DIAS GUIMARÃES E OUTROS
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS. TAXA DE FISCALIZAÇÃO,


SOCIALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE
ANÚNCIOS E TAXA DE FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA.
1. A empresa, em estado falimentar, não está desobrigada do pagamento de Taxas de
Fiscalização, Socialização e Funcionamento, de Fiscalização de Anúncios e de Fiscalização
Sanitária.
2. O exercício do poder de polícia continua a ser exercido sobre as atividades das empresas
falidas.
3. Embargos conhecidos e providos para apreciar a matéria omissa.
4. Recurso especial improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer dos embargos de
declaração e dar-lhes provimento para negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux e Humberto Gomes de Barros votaram com o
Sr. Ministro-Relator.
Brasília (DF), 18 de março de 2003(Data do Julgamento).

MINISTRO JOSÉ DELGADO


Relator

Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 1 de 12
Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 471.539 - MG (2002/0125176-0)

RELATÓRIO

O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): A embargante (Banco Progresso


S/A - Massa Falida) alega que o acórdão de fls. não se pronunciou sobre a inexistência do fato
gerador da taxa questionada, em face de ter cessado a atividade do contribuinte, em razão da
decretação de sua falência.

É o relatório.

Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 2 de 12
Superior Tribunal de Justiça
EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 471.539 - MG (2002/0125176-0)

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS. TAXA DE


FISCALIZAÇÃO, SOCIALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. TAXA DE
FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS E TAXA DE FISCALIZAÇÃO
SANITÁRIA.
1. A empresa, em estado falimentar, não está desobrigada do pagamento de
Taxas de Fiscalização, Socialização e Funcionamento, de Fiscalização de
Anúncios e de Fiscalização Sanitária.
2. O exercício do poder de polícia continua a ser exercido sobre as atividades das
empresas falidas.
3. Embargos conhecidos e providos para apreciar a matéria omissa.
4. Recurso especial improvido.

VOTO

O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): Conheço dos embargos e aprecio


o fato apontado pela embargante. A omissão existe.

Adoto as razões do acórdão do segundo grau (fls. 76/77):

"Quanto à taxa de Fiscalização de Anúncios, o artigo 9º da Lei 5.641/89


(fls. 27) preceitua que tal taxa tem como fato gerador a fiscalização
exercida pelo Município sobre a utilização e a exploração de anúncios,
tendo, ainda, como base de cálculo somente a área do anúncio, ou seja, não
tem qualquer identidade com a área do imóvel.
Por fim, também não se pode falar que a impetrante não está sujeita à
cobrança da Taxa de Fiscalização de Anúncios enquanto perdurar o seu
estado falimentar, pois mantém escritório no Município de Belo Horizonte
(fls. 09) com a finalidade de satisfazer os credores da massa falida, através
da venda de seus ativos".

Com razão o Município de Belo Horizonte quando alega (fls. 142/150):

"Nos termos do art. 9° da Lei 5.641/89, a Taxa de Fiscalização de Anúncios


tem como fato gerador a fiscalização exercida pelo Município, sobre a
utilização e exploração de anúncio, em observância à legislação municipal
específica.
Diz o art. 38 do Decreto 9.232/97, que a TFA será lançada anualmente,
tomando-se como base as características do engenho de divulgação de
publicidade e o valor da UFIR à data do lançamento.
Quanto à cobrança anual do tributo, cumpre esclarecer que a causa
jurídica dessa taxa, fundada no poder de polícia municipal, concernente à
utilização de seus bens públicos de uso comum, à estética urbana, à
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 3 de 12
Superior Tribunal de Justiça
segurança e à tranqüilidade pública, objetiva a fiscalização do cumprimento
da legislação específica, na salvaguarda do interesse público, a que se
submete qualquer pessoa que pretenda utilizar e explorar anúncio.
A aludida taxa é devida, não apenas no momento da instalação dos
anúncios, mas também na continuidade do exercício da publicidade,
podendo, pois, ser exigida ano a ano, uma vez que o tributo é decorrente do
exercício do poder de polícia, que se dá a todo instante e no decorrer dos
anos.
Como se vê, a cobrança não é apenas relativa à instalação, compreendendo
também a manutenção, que sujeita-se à fiscalização do cumprimento da
legislação específica.
Tal fiscalização exige atividade estatal contínua, que não se esgota com a
concessão da licença. Tanto é assim que, constatada pelo Município
qualquer irregularidade capaz de atingir os interesses sob tutela do poder
de polícia – o que dependerá sempre da atuação do aparato fiscalizador da
máquina administrativa – impõe-se a aplicação de diversas penalidades.
Ora, se à Administração Pública fosse dado apenas o poder de verificar a
regularidade de instalação inicial do anúncio, exaurindo-se com este ato
sua competência fiscalizatória e impositiva, não poderia, “a posteriori”,
diante de uma situação lesiva ao interesse público, penalizar e restringir a
atividade irregular.
Não é o que ocorre, de vez que o Município de Belo Horizonte exerce
efetiva e permanentemente o poder de polícia através de seus órgãos
fiscalizadores do cumprimento das posturas municipais. O fundamento de
cobrança anual da taxa de fiscalização de anúncio é o desempenho do
poder de polícia sob a forma de fiscalização inicial e, posteriormente,
periódica dos anúncios, que encontram-se sujeitos a certas condições de
estética, segurança e tranqüilidade pública, cuja existência incumbe ao
Poder Público assegurar.
Cumpre ressaltar, por oportuno, que o exercício do poder de polícia não
precisa necessariamente ser efetivo, bastando que disponha o Poder
Público de órgão administrativo fiscalizatório, “in casu”, a Secretaria
Municipal de Atividades Urbanas, para que se legitime a cobrança da taxa
ora discutida.
É este o entendimento uníssono da jurisprudência pátria, que assim
pontifica:
“A cobrança da taxa decorre do exercício regular do poder de polícia
ou da utilização, efetiva ou potencial , de serviços públicos específicos
e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição,
conforme o inciso II, do art. 145, da CF e o caput do art. 77 do CTN.
Assim, não há necessidade de que a contra prestação do serviço
público, efetuada por meio da fiscalização, seja prestada efetivamente,
bastando que o serviço esteja disponível para o contribuinte e para a
comunidade através da existência de órgão administrativo prestador
do serviço, para tê-lo como prestado. A utilização do serviço pode ser
potencial, não sendo necessariamente efetiva”. Grifamos. (Tribunal de
Justiça de MG. Acórdão proferido em Ap. Civ. 43.914/1).
No mesmo sentido, posicionamento abraçado pela Justiça Federal de 1ª
Instância, no processo nº 94.15090-3:
“A efetividade do poder de polícia não pode ser aferida apenas pela
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 4 de 12
Superior Tribunal de Justiça
quantidade de vezes em que há autuação dos infratores das leis e
posturas municipais.
A jurisprudência já se firmou no sentido de que a existência de serviço
local destinado a fiscalizar a observância das posturas é suficiente
para legitimar a instituição de taxas como a TFA e que a cobrança
anual de tais exações não afeta sua natureza jurídica, mesmo porque
considera-se permanente a fiscalização".
A propósito do tema aqui debatido, confiram-se os arestos seguintes:
a) “CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO - TAXA DE FISCALIZAÇÃO
DE ANÚNCIO LUMINOSO OU ILUMINADO PRÓPRIO COBRADA
POR MUNICÍPIO - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - PODER DE
POLÍCIA - LEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA.
(...)
- inexigibilidade de procedimento administrativo, visto que a
determinação do quantum debeatur decorre do texto legal e de
informações prestadas pelo contribuinte.
- A efetividade da atuação é demonstrada pela manutenção de setores
próprios e agentes especializados.
- Apelo improvido. Sentença confirmada (Apelação Cível n.°
03008050/94-SP, Rel. Juíza Therezinha Cazerta, Terceira Turma do
TRF da 3ª Região, in D.J, de 05.07.94, pág. 36.403).
b) TRIBUTÁRIO, TAXA DE LICENÇA DE LOCALIZAÇÃO E
FUNCIONAMENTO, COMPETÊNCIA MUNICIPAL, LEGÍTIMO
EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA, EXISTÊNCIA DE ÓRGÃOS
APARELHADOS PARA FISCALIZAR, DESNECESSIDADE DA
EFETIVA FISCALIZAÇÃO, BASE DE CÁLCULO, NÚMERO DE
EMPREGADOS, ADMISSIBILIDADE.
1- O berço natural da distribuição de competências é a Constituição,
nela vem expressamente atribuída aos municípios competência para
instituir seus tributos e para organizar os serviços públicos de
interesse local (autonomia municipal).
2- Tem o gravame natureza tributária de taxa exigida pelo exercício do
poder de polícia, o qual no caso se manifesta por meio de fiscalização,
quer preventiva, quer repressiva.
3- Tal fiscalização constitui dever da administração municipal mas nem
por isso há necessidade de concreta correspectiva execução em
relação a cada sujeito passivo, para que se dê por legitimada a
cobrança da taxa em apreço. Bastará a certeza de um aparelho
fiscalizador, com potencialidade de atingir qualquer das atividades
objetivadas.
4- Legítima a exigência anual da taxa eis que a atividade
administrativa não se exaure no momento estático da expedição do
alvará, ao contrário estendendo-se por sobre todos os fatos e
atividades que a fiscalização alcança ou está pronta para alcançar.”
(...)
Apelação não provida” (Apelação Cível, nº 03071603/92-SP, Rel. Juiz
Andrade Martins, Sexta Turma do TRF da 3ª Região, in D.J, de
29.05.96, pág. 35.644).
Assim, contando o Município de Belo Horizonte com a Secretaria
Municipal de Atividades Urbanas, órgão imbuído da fiscalização dos
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 5 de 12
Superior Tribunal de Justiça
anúncios, legítima é a cobrança da taxa aqui discutida”. Grifamos.
Também esse o entendimento manifestado pelo Ministro Sepúlveda Pertence,
no Ag. n° 126.938-3 - SP, publicado no DJU de 18.04.91:
“A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já se firmou em que a
existência de serviço local destinada a fiscalizar a observância das
posturas - que não se confunde com a mera detenção, em abstrato, de
competência para o exercício do poder de polícia - é suficiente a
legitimar a instituição de taxas como a questionada; e que, afirmado
pelo Tribunal "a quo" dispor o Município de órgãos que se
desincumbem da aludida função, não há como modificar essa
conclusão, sem a revisão dos fatos da causa, vedada pela Súm.
279/STF...". Grifamos.
O Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo assim apreciou o tema
central da causa, ao julgar o ARv 13.168-4, do qual se originou o agravo
acima referido:
“A efetividade do poder de polícia do Município não teria aferição
pela periodicidade ou quantidade de vezes em que o agente fiscal
tivesse comparecido ao estabelecimento da apelada e, em se tratando
de serviço posto à disposição do contribuinte e da comunidade,
potencial, portanto, basta que a Prefeitura disponha de um
equipamento (considerado aí o contingente humano e de meios) para
que ele se considere prestado. E não há dúvida sobre a existência de
órgão administrativo prestador dessa atividade.
Desnecessária, assim, a comprovação testemunhal ou documental da
prestação de um serviço concernente ao exercício desse mesmo poder
de polícia, diretamente à apelante.
Exigível o tributo, ao invés, pela circunstância de o poder de polícia
ser exercitado de forma constante e inespecífica, consistente, além do
licenciamento primeiro, na fiscalização ou verificação da obediência
de regras editalícias e administrativas no território municipal,
enquanto perdurar a atividade no local.”
E o entendimento da mais alta Corte Constitucional, em recentíssimo
acórdão, que decidiu sobre a mesma matéria, ampara todas as alegações do
município, decisão publicada no DJU de 01/09/98 (pág. 15), in verbis:
“CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS. EXERCÍCIO DO PODER
DE POLÍCIA. LEGITIMIDADE DA COBRANÇA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. SUBSTITUIÇÃO PELOS ENCARGOS A QUE SE
REFERE O DL 1025/69.
1 – O exercício regular do poder de polícia também é exercido pelos
Municípios, pelo que as taxas de fiscalização de localização,
instalação e funcionamento e de fiscalização de anúncio são devidas .
II – Independentemente de se tratar de empresa pública federal, a
exação é exigível à Caixa Econômica Federal, vez que não há
interferência em sua finalidade, mas sim, fiscalização no limite urbano
da cidade.
III – É válida sua cobrança anual tendo em vista tratar-se de
fiscalização permanente .
IV – Apelação improvida e recurso adesivo parcialmente provido.”
(Recurso Extraordinário n° 230.973-1 - grifamos)
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 6 de 12
Superior Tribunal de Justiça
Constata-se, pois, não haver qualquer empecilho para a instituição e
cobrança da indigitada taxa, motivo pelo qual deverá ser negado
provimento ao Recurso Extraordinário aviado, mantendo-se intacto o r.
acórdão hostilizado.
No que tange à cobrança anual da TFLF, vejamos o posicionamento do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais que, em recente decisão (acórdão
datado de 18 de junho de 1998, no julgamento da Apelação Cível
116.678/4, sendo Apelantes: 1°) BLOCTELHAS IND. LTDA. 2ª) FAZENDA
PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE), assim decidiu:
“EMENTA: EXECUÇÃO FISCAL - EMBARGOS - TAXA DE
FISCALIZAÇÃO - LEGALIDADE - HONORÁRIOS: Regular e legítima a
cobrança da Taxa de Fiscalização e Funcionamento, por representar
prerrogativa da Autoridade Pública no exercício do poder de polícia
na fiscalização de estabelecimentos em atividade, ainda que não
disponham de alvará de funcionamento, o que também ensejaria
sanção própria e específica. – Improcede o inconformismo recursal
quanto à fixação sucumbencial, diante da simplicidade da demanda e,
principalmente, pelo fato do valor arbitrado estar próximo do mínimo
previsto no art. 20, § 3º, do CPC, levando-se em conta o valor dado à
causa pela própria recorrente.”
Ao transcrever a bem lançada sentença do processo originário da apelação,
o Relator da Apelação, Des. Francisco Figueiredo assim se manifestou:
“Como bem enfatizou a sentença, com esteio in RT 0027/131: 'A causa
jurídica dessa taxa é a atividade municipal de vigilância, controle e
fiscalização específica ditada pelo poder de polícia, na salvaguarda
do interesse público (questões de localização, segurança,
incolumidade, higiene, sossego, bons costumes, ordem, etc.), a que se
submete qualquer pessoa que pretenda exercer atos preparatórios de
localização ou instalação, ou de início e continuação de atividade
remunerada dentro do território do Município.'
'A aludida taxa é devida tanto para os atos preparatórios da atividade
(atos de simples localização e instalação), como para o início e
continuidade do exercício da atividade lucrativa.'
Também com o mesmo brilhantismo do voto proferido pelo ilustre Relator, o
1º Vogal, Des. Reynaldo Ximenes Carneiro, assim se pronunciou:
“Ressalte-se, por fim, que a exigência tributária que se pretende ver
afastada decorre do exercício regular do poder de polícia, ínsito aos
entes administrativos, seja ele de caráter efetivo ou potencial,
fundando-se a sua exigibilidade na necessidade de se cobrir os custos
administrativos derivados deste controle estatal, "in casu", de
fiscalização, localização e funcionamento. ” (grifos nossos)
Nos termos do art. 18 da Lei 5.641/89, a Taxa de Fiscalização de
Localização e Funcionamento tem como fato gerador a fiscalização
exercida pelo Município, como atributo do poder de polícia, sobre a
localização e o funcionamento dos estabelecimentos que menciona.
Além disto, o art. 18 do Decreto 7.203/ 92, assim dispõe:
“Art. 18 - As Taxas de Fiscalização de Localização e Funcionamento e
de Fiscalização Sanitária serão lançadas anualmente , tomando-se
como base de cálculo a área do estabelecimento e o valor da UFPBH
à data do lançamento.
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 7 de 12
Superior Tribunal de Justiça
Diz ainda o art. 21 da mesma Lei que a taxa é devida integral e anualmente.
Invocamos a abalizada lição de Bernardo Ribeiro de Moraes, que esclarece,
ao examinar a taxa de licença para localização e funcionamento:
“A causa jurídica dessa taxa é a atividade municipal de vigilância,
controle e fiscalização do cumprimento da legislação específica ditada
pelo exercício do poder de polícia, na salvaguarda do interesse
público (questões de localização, segurança, incolumidade, higiene,
sossego, bons costumes, ordem, etc.), a que se submete qualquer
pessoa que pretenda exercer atos preparatórios de localização ou
instalação, ou de início e continuação de atividade remunerada dentro
do território do Município.
(...)
A aludida taxa é devida tanto para os atos preparatórios da atividade
(atos de simples localização ou instalação), como para o início e
continuidade do exercício da atividade lucrativa. Consoante
entendimento assente na jurisprudência da suprema Corte de justiça, a
taxa pode ser exigida ano a ano, nas sucessivas renovações de
licença, uma vez que o tributo é decorrente do exercício efetivo do
poder de polícia de controle dos estabelecimentos ou atividades, que
se dá a todo instante e no decorrer dos anos.” (in Doutrina e Prática
das Taxas, Ed. RT, 1976, p.131-2).
Assim têm reconhecido os tribunais:
“MANDADO DE SEGURANÇA. TAXA DE LICENÇA, LOCALIZAÇÃO
E FUNCIONAMENTO. PODER DE POLÍCIA.
Achando-se presentes, na administração, não só a prestação de
serviços e a materialização do poder de polícia como a previsão legal
a respeito, é legítima a exigência, pelo Município, da renovação da
taxa de licença e localização.” (Ag. n° 172.536-2/RJ, STF, publ. DJU
de 14.08.95, pág. 23.940).
“TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE. TAXA DE
FISCALIZAÇÃO DE LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO.
ESCRITÓRIO DE ADVOGADO. CONSTITUCIONALIDADE.
O Supremo Tribunal Federal tem sistematicamente reconhecido a
legitimidade da exigência, anualmente renovável, pelas
Municipalidades, da taxa em referência pelo exercício do poder de
polícia, não podendo o contribuinte furtar-se à sua incidência sob
alegação de que o ente público não exerce a fiscalização devida, não
dispondo sequer de órgão incumbido desse mister. (RE 198904/RS,
STF, 1ª Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 27.09.96, p. 36171).
“TAXA DE RENOVAÇÃO DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO,
INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ARTIGO 18, INCISO I, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL (EC N. 1/69). O Supremo Tribunal Federal
tem admitido a constitucionalidade da taxa de renovação anual de
licença para localização, instalação e funcionamento de
estabelecimentos comerciais e similares, desde que haja órgão
administrativo que exercite o poder de polícia do Município, e que a
base de cálculo não seja vedada.” (RE 115213/SP, STF, 1ª Turma.,
relator Min. Ilmar Galvão, DJ 06.09.91, p. 12036).
O mesmo ocorre em relação à TFS, instituída pelo art. 26 da lei 5.641/89,
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 8 de 12
Superior Tribunal de Justiça
fundada no poder de polícia do Município, concernente ao controle da
saúde pública e bem-estar da população, tendo como fato gerador a
fiscalização por ele exercida sobre locais e instalações onde são
fabricados, produzidos, manipulados, acondicionados, conservados,
depositados, armazenados, transportados, distribuídos, vendidos ou
consumidos alimentos, bem como o exercício de outras atividades
pertinentes à saúde pública em observância às normas sanitárias vigentes.
O Tribunal de Alçada do RS, em recente julgamento ocorrido em 24.6.97,
assim deixou ementado:
“PODER DE POLÍCIA - TAXA - SANIDADE PÚBLICA - ALEGAÇÃO
DE INEXISTÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO OSTENSIVA PELO ÓRGÃO
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA -INADMISSIBILIDADE, POIS A
INTERFERÊNCIA É NECESSÁRIA SOMENTE QUANDO O INTERESSE
DA COLETIVIDADE O EXIGIR. O exercício do poder de polícia não é
constante nem está sempre relacionado de forma direta com o
contribuinte, mas exercido na medida em que o interesse da
coletividade o reclamar. Da mesma forma, equivocado entender que o
exercício de vigilância sanitária deva ser feito de forma visível e
ostensiva, quando, pelo contrário, na maioria dos casos o poder
público apenas interfere na iniciativa privada para reprimir situações
que atentem contra a sanidade. Mas, ainda que assim não fosse, outro
fator atenta contra o direito dos impetrantes, porquanto em via de
mandado de segurança não pode ser realizada a prova em questão, e
sendo caso de necessidade de prova, não estão os impetrantes ao
amparo de direito líquido e certo.” (Ap. Cív. e Reexame Necessário
196.233.183 – 1ª Câm. - Rel. Juiz Arno Werlang, publicado na RT 749
- março/98, págs. 430/435).
Quanto à Súmula n° 157, é de bom alvitre transcrever trecho de Acórdão,
proferido pelo STJ, que julgando ponderáveis as asserções do Município de
Belo Horizonte, assim deixou consignado, reproduzindo o posicionamento
municipal:
“A Súmula de n.° 157 do Superior Tribunal de Justiça não tem a
extensão que o recorrente pretende emprestar-lhe. Basta uma leitura
da referida Súmula para que se veja que o recorrente a interpreta da
forma que lhe é favorável, e não da forma em que esta foi efetivamente
redigida:
“É ilegítima a cobrança de taxa, pelo Município, na renovação de
licença para localização de estabelecimento comercial”. (Grifos
nossos).
Ora, o que a Súmula dispõe, textualmente, é que é ilegítima a cobrança
de taxa para RENOVAÇÃO DE LICENÇA, ou seja, não pode a
Prefeitura cobrar taxa para fornecer um NOVO ALVARÁ. Ocorre que,
“in casu”, não está a Prefeitura a exigir do contribuinte taxa para o
fornecimento de novo alvará, mas sim taxa pela FISCALIZAÇÃO do
estabelecimento”. (Recurso Especial nº 188.043/MG – 98.0066735-0
Recorrente: Estacionamento Golden Center S.C. Ltda., Recorrida:
Fazenda Pública do Município de Belo Horizonte; julgado em 4.5.99 e
publicado no DJ de 14.6.99).
De fato, trata-se de cobrança da exação em função da fiscalização do
estabelecimento, respaldada pelo poder de polícia municipal, e não de taxa
Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 9 de 12
Superior Tribunal de Justiça
para fornecimento de novo alvará. Conclui-se, pois, ser absolutamente
legítima e constitucional a cobrança das exações em exame.
DO PEDIDO
Face ao exposto, pede o Recorrido seja NEGADO PROVIMENTO AO
RECURSO ESPECIAL, POR SER ABSOLUTAMENTE LEGÍTIMA A
INSTITUIÇÃO E COBRANÇA DA TFLF, TFA E DA TFS, CONFORME
EXAUSTIVAMENTE DEMONSTRADO" .

Isto posto, conheço dos embargos para, suprindo a omissão, decidir que o fato de a
embargante encontrar-se em estado falimentar não a isenta da obrigação da taxa que lhe é
exigida. Recurso especial improvido.

É como voto.

Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 1 0 de 12
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

EDcl no
Número Registro: 2002/0125176-0 RESP 471539 / MG

Número Origem: 2141802

EM MESA JULGADO: 18/03/2003

Relator
Exmo. Sr. Ministro JOSÉ DELGADO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. GILDA PEREIRA DE CARVALHO
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO DO PROGRESSO S/A - MASSA FALIDA
ADVOGADO : DANIEL RIVOREDO VILAS BOAS E OUTRO
RECORRIDO : FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROCURADOR : BERNADETE DIAS GUIMARÃES E OUTROS

ASSUNTO: Tributário - Taxa - Licença para Localização e Funcionamento

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : BANCO DO PROGRESSO S/A - MASSA FALIDA
ADVOGADO : DANIEL RIVOREDO VILAS BOAS E OUTRO
EMBARGADO : FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROCURADOR : BERNADETE DIAS GUIMARÃES E OUTROS

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, conheceu dos embargos de declaração e deu-lhes
provimento para negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux e Humberto Gomes de Barros votaram
com o Sr. Ministro-Relator.

Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 1 1 de 12
Superior Tribunal de Justiça
O referido é verdade. Dou fé.
Brasília, 18 de março de 2003

MARIA DO SOCORRO MELO


Secretária

Documento: 398039 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 12/05/2003 Página 1 2 de 12

Vous aimerez peut-être aussi