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qxp 8/31/2005 10:12 AM Page 2

A R T I G O

Inovação tecnológica na siderurgia brasileira


GERMANO MENDES DE PAULA
Arquivo pessoal
A análise da inovação tecnológica na ção com as empresas líderes da indústria
siderurgia brasileira definitivamente não mundial. Verificou-se que os gastos de P&D
é um tema novo. Ademais, a indústria em relação ao faturamento mantiveram-se,
siderúrgica mundial caracteriza-se por mesmo após a privatização, no patamar
ser uma atividade relativamente pouco de 0,4% (e com elevada heterogeneidade
intensiva em pesquisa & desenvolvimen- intra-setorial). Observou-se a redução do
to (P&D), sendo marcada por poucas ino- número de funcionários alocados a P&D
vações tecnológicas radicais. Diante dis- comparativamente ao número total de fun-
so, a indagação relevante é se o tema mere- cionários, ao mesmo tempo em que a qua-
ceria ser revisitado. Penso que sim, prin- lificação formal daqueles profissionais
cipalmente em função de dois motivos: registrou uma melhoria significativa.1
a) o desenvolvimento recente de uma Desconhecem-se trabalhos mais re-
nova abordagem, mais centrada nas com- centes que tenham atualizado os indi-
petências tecnológicas; b) a necessidade cadores de intensidade tecnológica na
de incorporação de novos temas, como a siderurgia brasileira. Por outro lado, para
gestão ambiental. A ACUMULAÇÃO a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),
Uma primeira visão sobre a inovação DE COMPETÊNCIA uma das mais importantes da indústria e
tecnológica na siderurgia brasileira é PODE REDUZIR A que usualmente se aproximava da inten-
baseada, principalmente, nos indicadores PREMÊNCIA DO sidade média setorial, foi possível levan-
tradicionais de esforço e desempenho tec- tar os gastos em P&D no período 1998-
nológico. Quanto aos índices de esforço,
INCREMENTO DOS 2004. Estes, após regredirem em 1999 e
destacam-se: a) os investimentos em P&D GASTOS EM P&D 2000, voltaram a crescer e se mantiveram
em relação às vendas; b) o número de no patamar de US$ 8 milhões anuais no
empregados em P&D em comparação com o número total de quadriênio 2001-2004 (Tabela 1). Em termos relativos, como
empregados; c) a distribuição dos investimentos em P&D não se verifica uma tendência nítida de aumento, pode-se
(i.e., pesquisa de produtos versus pesquisa de projetos). Deve- concluir que essa empresa (e provavelmente a indústria
se ressaltar que, muito em função do trabalho desempenhado siderúrgica brasileira de forma agregada) continua sendo
pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento marcada pela baixa intensidade da pesquisa tecnológica.
das Empresas Industriais (Anpei), passou-se a incorporar
uma noção mais ampliada de pesquisa & desenvolvimento
& engenharia (P&D&E), mas a lógica da análise continua
sendo praticamente a mesma. No que tange aos indicadores
de desempenho, em geral são considerados: a) o número de
patentes, no Brasil e no exterior; b) o superávit (ou déficit)
no balanço tecnológico.
Algumas análises baseadas nos mencionados indicadores
tradicionais, realizadas há cerca de cinco anos, chegaram à
conclusão de que a intensidade da pesquisa tecnológica na
siderurgia brasileira era relativamente baixa em compara-

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Num passado mais recente, começou a se desenvolver destacou-se a melhoria das dimensões processo, produtos e
uma segunda abordagem sobre a inovação tecnológica na equipamentos ao longo do tempo. Na verdade, essas duas
siderurgia brasileira. Ao invés de se basear nos índices de visões não necessariamente se opõem, pois obviamente uma
esforço e desempenho tecnológico, essa nova visão focaliza empresa pode aumentar a eficácia de suas operações, ou seja,
a acumulação de competências tecnológicas inovadoras. A fazer mais com o mesmo volume de recursos. Pode-se argu-
competência tecnológica, por sua vez, é entendida como a mentar, nessa mesma direção, que a acumulação de com-
capacidade de introduzir mudanças técnicas incrementais petência poderia reduzir a premência do incremento dos gas-
em processos de fabricação, desenvolvimento de produtos e tos em P&D.
melhoria de equipamentos. A acumulação de competências Na verdade, eu acredito que as duas visões são corretas,
pode variar de níveis de rotina (básico ou renovado) até níveis mas pecam por retratarem apenas uma faceta. Mais ainda,
de atividades inovadoras (extra-básico, pré-intermediário, o somatório dessas duas perspectivas parciais não é sufi-
intermediário, intermediário superior e avançado). ciente para esgotar a questão da inovação tecnológica no
O Gráfico 1 reproduz a trajetória de acumulação de com- Brasil. Pelo menos dois temas merecem um melhor aprofun-
petências tecnológicas na aciaria da CSN, para as dimen- damento. Primeiro, a pouca freqüência de alianças tecnoló-
sões processo, produto e equipamentos, no período 1997- gicas entre as siderúrgicas brasileiras deveria ser melhor
2001. A velocidade de acumulação de novas competências estudada, de tal forma a tentar influenciar a sua reversão. A
para cada dimensão variou durante o período estudado. Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) poderia induzir
Enquanto a dimensão produto alcançou o nível intermediário iniciativas de cooperação tecnológica intra-setorial. Segun-
em 2001, as dimensões processo e equipamentos atingiram do, faz-se necessário interligar as discussões de gestão da ino-
o nível pré-intermediário. Além disso, a dimensão equipa- vação tecnológica com as de gestão ambiental. Elas ainda
mentos levou mais tempo do que as demais para mudar de tem sidotratadas de forma separada pelas empresas e acadêmi-
nível. 2 cos. Esse recorte predominante deixa de considerar talvez a
maior pressão institucional, na atualidade, para que as empre-
sas melhorem o desempenho produtivo-operacional. No caso
de utilização de recursos hídricos, por exemplo, a taxa de
recirculação da siderurgia brasileira passou de aproximada-
mente 81% em 2000 para 89% em 2003. É um avanço con-
siderável e certamente requereu investimentos em novos
equipamentos, a aquisição de conhecimentos externo e inter-
no, o aperfeiçoamento de procedimentos operacionais etc.
Em suma, a compreensão da inovação tecnológica na
siderurgia brasileira ainda é muito compartimentalizada e,
por isso, insuficiente. Como incorporar a dimensão da gestão
De acordo com Castro (2003), a acumulação de com- ambiental é quase inescapável, deve-se prestar mais atenção
petências tecnológicas de rotina desempenhou um papel às melhorias incrementais, quase nunca observáveis quan-
fundamental para a acumulação e a sustentação das com- do a análise se restringe aos indicadores tradicionais de
petências inovadoras. Mais ainda, "(...) as evidências de me- esforço e desempenho tecnológico. Isso tenderia a possibi-
lhoria da performance da aciaria da CSN sugerem que os litar uma visão mais acurada e otimista do real estágio da
esforços de acumulação de competências tecnológicas ge- inovação tecnológica da siderurgia brasileira.
raram benefícios para empresa. Ou seja, os esforços para
a criação e aprimoramento dos vários processos de apren- Germano Mendes de Paula é professor do Instituto de Economia da
dizagem compensaram". Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: germano@ufu.br.
O interessante em comparar essas duas visões é que, ao
destacar facetas distintas da inovação tecnológica, tendo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
uma mesma empresa como objeto de análise, elas chegaram 1. De Paula, G.M. (2001). Inovação tecnológica na siderurgia brasileira: contexto internacional,
a resultados aparentemente antagônicos. Pela abordagem tendências recentes e proposição de uma estratégia tecnológica. Documentos Técnicos Setoriais.
Rio de Janeiro, Finep.
convencional, ressaltou-se o padrão de baixos gastos rela-
2, Castro, E.C. (2003). Aprendizagem tecnológica compensa? Implicações da acumulação de competên-
tivos com P&D. Pela ótica da aprendizagem tecnológica, cias para o aprimoramento de performance técnica na aciaria da CSN (1997-2001). XXVII ENANPAD.

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