O termo "sector informal" faz a sua estreia nas discussões
académicas em conexão com outros como criação de emprego, desenvolvimento económico e distribuição equitativa do rendimento. Aceite tanto por políticos como investigadores, o conceito é usado por estes como uma ferramenta de análise dos problemas sociais e económicos nas áreas urbanas e por aqueles, em alguns casos, como base para decisões políticas, com o objectivo de resolver os problemas urbanos.
Nas sociedades em desenvolvimento, o declínio em espiral das
economias oficiais é muitas vezes compensado pelo crescimento de actividades que não constam das estatísticas nacionais. O fenómeno desenvolveu-se de tal forma e em tão larga escala, e está tão bem integrado no funcionamento das economias que já não possível aos governos continuarem a minimizar a sua importância em termos de política económica.(1)
Hernando de Soto chamou-lhe a "revolução invisível" do
Terceiro Mundo. Para ele, este processo mostra que as pessoas são capazes de violar um sistema que as exclui, não para que possam viver em anarquia, mas para que possam construir um sistema diferente, que lhes garanta um mínimo de direitos essenciais.
Em África a economia informal é um sector omnipresente (2), e
tem-se tornando cada vez mais importante para o conjunto da economia. Talvez venha a ser aquele que permitirá dar um passo em frente no sentido do desenvolvimento.
No passado, o ambiente criado pelo colonialismo foi o de
reforço do sector formal da economia. Infelizmente, após as independências as elites africanas que tomaram o poder, preocuparam-se fundamentalmente em preencher o vazio deixado pelo colonialismo, quando o objectivo de facto deveria ter sido o de alimentar uma liderança abrangente capaz de dar o devido reconhecimento aos empresários privados do comércio e da indústria com vista a ultrapassar prováveis problemas sociais (3). Nesta óptica Angola não fugiu à regra. No entanto, para além de todos os aspectos assinalados, Angola tinha também a desfavor a rigidez e controlo excessivo do planeamento central.
Não obstante a dimensão atingida pelo mercado informal, o seu
papel e suas potencialidades em matéria de emprego, distribuição de receitas e satisfação das necessidades de base, pouca coisa se sabe sobre as características e funcionamento do mercado informal em Angola.
Este trabalho é uma opinião resultante da observação empírica,
enquanto utilizadora desse mercado, e de pequenas conversas com pessoas que directa ou indirectamente se encontram envolvidas no sector, e por esta razão pode-se considerar bastante limitado. Os termos mercado, sector e economia informal ou paralela são aqui utilizados indiscriminadamente.