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NATUREZA DISTRAÍDA

A noite está sem lua, os outros perambulam em movimentos extremamente contidos pelas árvores, enquanto
ela está só. O escuro os apavora, não grincham, não emitem um ruído sequer, ela deseja se juntar aos outros, mas o
grupo inexplicavelmente a rejeita. Não sabem o que é preconceito, não tem linguagem, nem deuses, são apenas seres.
Mas instintivamente se é que eles algum dia souberam o que é instinto a espantam do grupo, que no momento está todo
grudado como se fosse uma enorme bola de pelo. Ela não entende o motivo e tenta se aproximar, é afastada com um
grande empurrão.
O dia chega, neste momento se torna mais visível a sua diferença em relação ao bando, mas ela não
compreende o que é essa diferença. Os seus olhos não enxergam o enorme fosso que vai separá-la daquele bando. Ela
grunhe para o grupo, sente o cheiro de sua fêmea, mas não pode se aproximar, tenta mamar em seus seios, mas o macho
do bando e também seu macho, pois sente o mesmo cheiro, igual ao dela não permite a aproximação. Ela não consegue
estabelecer nenhum contato com o bando. Persegue o grupo, através do cheiro, dos sinais das pegadas, todos grunhem
para ela. Ela aprendeu a comer as sobras de frutos e raízes indesejáveis do grupo. As tentativas de aproximação são
constantes, todo dia e toda noite ela tenta se juntar ao bando.
Nesta noite, igual à milhares de outras, todos estavam muito cansados pois a jornada em busca de comida tinha
sido muito longa. Ela sentindo o cheiro e o calor tentou se proteger do frio que despencou sobre aquelas savanas, dias
muito tórridos e noites gélidas. Como o cansaço era muito grande as fêmeas que ficaram de sentinela também
dormiram. Ela finalmente estava no meio do grupo, sentindo-se como parte da enorme bola de pelos. Era noite de lua,
nas quais ficavam até mais tarde grunhindo sons primários narrando as aventuras do dia, e dos ontems. Essa noite,
porém, não tiveram o mínimo de energia para a socialização das lembranças.
Milhares de noites de lua haviam se passado, o ferimento que trazia entre as pernas começou a escorrer, o
cheiro acre do líquido que vertia sobre suas coxas atraiu o macho dominante, mas estava tão esgotado que não teve
energias para iniciar o ritual de acasalamento. Outro macho sentiu seu cheiro, e sorrateiramente ele se aproximou e
tomou-a entre os braços, a colocou na posição na qual a sua genitália ficou exposta ao brilho da lua e fervorosamente
acasalou-se com ela. Ao raiar o dia, o macho e a fêmea dominante sentiam o cheiro daquela que tinha o mesmo cheiro
deles, mas que eles haviam afastado do bando desde o período em que ela começou a andar ...
Com o consentimento e ajuda das fêmeas, o macho maduro liderou o avanço sobre o macho jovem, este não
conseguia se defender dos ataques e nem proteger a sua parceira, possuidora do mesmo cheiro dele. Também não
conseguia atacar, pois aquele macho tinha o mesmo cheiro dele, era uma confusão total. Depois dos ataques de
mordidas e puxões de cabelo, bem como alguns golpes com pedaços de ossos que abriam a pele do jovem casal, os dois
ficaram extenuados e perderam a noção das cores, da luz e da paisagem.
Acordou o macho jovem com formigas comendo o sangue que escorria de seu peito e de suas costas, a parceira
estava sendo devorada também pelas formigas, era noite de lua e ele grinchava, grinchava, e nada, o bando se fora. Saiu
correndo atrás do cheiro do grupo, porém quando chegou num riacho, o cheiro estava do outro lado. Voltou atrás do
cheiro, a savana estava prateada, o cheiro o conduziu novamente à jovem fêmea que lentamente era devorada. Com
muita fome ele começou a acasalar com aquele animal inerte, enquanto se excitava com aquele cheiro lambia o sangue
e comia as grandes formigas que a devoravam. No meio do intercurso, ela despertou do seu torpor com uma enorme dor
na cabeça, sentia a vista escurecida e um leve toque de prata sobre a mata. Sentia o corpo do jovem macho sobre o seu,
e o seu calor fez com que as dores se dissipassem. Sentia o cheiro do grupo, sentia o cheiro do macho domimante em
seu corpo, mas não tinha forças para se levantar.
O macho jovem quando sentiu os seus movimentos de encontro e fuga, ficou assustado e afastou o seu tórax,
com receio de uma mordida no peito, ou no pescoço, e quanto mais ela se mexia, mais força ele fazia para conter o seu
abdômem, até que subitamente ele caiu ao seu lado, ela não tinha forças para se defender e nem para atacá-lo, a noite
novamente estava gelada e o corpo do macho estava bastante aquecido, ela instintivamente se aproximou dele para se
aquecer, porém ficou acordada com medo das feras que poderiam se aproximar, o cheiro de sangue se espalhava pelo
ar. O sangue venal se misturava ao prateado das copas baixas da savana, e confundiam os predadores noturnos.
Estava muito fraca e não conseguiu se colocar em pé, ele mesmo que tentasse nunca conseguiria tal feito, suas
patas não tinham o calo de sua parceira. Saiu em busca de comida e encontrou logo um cacho de abelhas, com um
pedaço de osso arremeteu contra o vespeiro, este caiu sobre ele derramando favos sobre sua cabeça rachada. Voltou ao
nicho no qual o bando ficara e passou em sua parceira convalescente aquele estranho líquido grosso, queimando as
feridas, ela se colocou em pé num salto. Teve um grande susto, ela era maior que ele, mas tão logo ela se colocou em pé
caiu novamente. Lambia-lhe e passava aquela gosma de favo sobre o seu corpo, ela num grande esforço lambia os
braços, sujos de terra e daquela gosma grossa e azeda. Cobria suas feridas com grandes folhas jovens que renasciam dos
pequenos arbustos queimados pelo fogo.
Um dia voltou ao lugar e a jovem fêmea sumira, procurou seu cheiro, mas não conseguia localizar, pois
misturado estava a outras essências de cascas, raízes, favo e terra. Saiu perambulando com seu andar arqueado sobre
suas patas, com suas nádegas projetadas sobre o ilíaco. O seu andar era lento e sucumbiu quando afastado de todos, as
suas fragilidades o traíram, como não conseguia correr e já perdera a agilidade de andar sobre as árvores, o jovem felino
que estava a o espreitar, deu um salto sobre suas costas no momento que passava por uma ravina, outra jovem fêmea
estava à sua frente. O pedaço de osso que trazia a mão foi insuficiente para afastar os postulantes a machos dominantes.
Indefeso, lutou e conseguiu acertar um fraco golpe na cabeça do jovem felino e escapou ensangüentado do ataque, para
cair nas garras da fêmea jovem que o havia cercado.
Amedrontada, do alto da ravina ela assistia tudo apavorada, seus cabelos estavam crispados pela presença do
jovem casal, ela sentia o cheiro de sangue de seu jovem parceiro, mas o pavor a impedia de se mover. Também estava
indefesa, os jovens felinos sentiam a sua presença, sabiam que estavam sendo vistos, porém não sentiam medo e não se
importavam com a jovem fêmea estranha, tinha um tamanho descomunal e mesmo assim sentiam o cheiro de seu pavor.
Os jovens felinos ficaram confusos e mantiveram distância daquela estranha criatura grande e amedrontada,
destrinchavam o corpo daquela estranha criatura, mas ficavam com seus rabos em alerta, com muito cuidado, pois
sentiam a presença daquela criatura.
Depois do pavor ela sentiu-se aliviada, sua respiração ofegante voltara ao normal, não comera, estava fraca e
sabia que tinha que fugir daquele cheiro de carne, sua aversão à carne começara ali. O cheiro acre da carne a
aterrorizava, andando estranha e desengonçadamente sobre duas patas ela se foi. Em seu trajeto aleatório em busca de
comida, de cascas, raízes e insetos, algumas vezes sentiu aquele cheiro no ar e novamente seus pelos se eriçaram, o
medo paralisava aquelas pernas esguias e estranhas. Nenhum movimento aterrador, porém uma onda de calor e frio
subia da ponta de sua diminuta cauda até os seus olhos. Estupidamente sem nenhum problema aparente começou a
correr, cada vez sentindo mais força em suas pernas, estranhamente quanto mais corria, seus pelos desapareciam e as
ondas de calor se tornavam menos freqüentes e eram substituídas por um calor intenso que eliminava as suas dores e o
seu pavor.
Encontrou um rio cercado por pedras, o sol esquentava as pedras, estas estavam cheias de animais de sangue
frio aproveitando o calor armazenado. Estranhou aquelas criaturas, mas não sentia medo, sentia muita fome e tentou
pegar uma daquelas criaturas frias e não conseguiu. Tentou pegar com as suas patas superiores, mas a criatura mordeu
suas patas e sua pele era dura e difícil de penetrar. Arranhando suas patas, também não conseguia pegar a presa direito,
pois apesar de ter uma quinta garra grudada na lateral, esta era imóvel, e sem controle. Na busca de algo que aliviasse a
dor em sua pele mais fina foi em direção à agua, pisou em falso e deslocou o chão abaixo de si, as pedras rolaram e
caíram por sobre a criatura. Quando mergulhou os membros superiores sentiu um grande alívio, o líquido gelado, veio
como que instintivamente à boca, e também foi jogado sobre o seu corpo, aliviando seu cansaço e despertando os seus
intintos. Olhou as criaturas frias imóveis, e num movimento brusco avançou novamente sobre elas, todas se
esgueiraram com dificuldade balançando suas longas caudas espinhentas. Apenas uma criatura estava imóvel, se
aproximou e não sentiu o cheiro, e tentou se afastar, percebeu que uma pedra quente ainda estava sobre os olhos
esmagados da criatura. Aquele sangue que escorria a atraiu, e começou a lamber a criatura fria, quente do calor das
pedras. Tentou comer, mas a pele era dura e machucava a sua boca. Pegou então desajeitadamente a mesma pedra que
havia caído sobre a criatura e começou a desferir inúmeros golpes sobre a pele do animal. A primeira parte que
amoleceu foi o longo rabo, o líquido começou a escorrer e ela passou a sugar o líquido, depois foi golpeando os
membros e novamente sugando os viscos que eram liberados pela dura capa que envolvia a criatura.
A noite chegou e ela dormira sobre as pedras aquecidas, acordava assustada com o esturro de jovens felinos
que vagavam a margem do rio. O descanso era entrecortado pelo barulho de uma fera, logo voltava a dormir, o mourejar
da cachoeira confundia os sons e cheiros e logo os devaneios retornavam. Novamente acordou assustada com a imagem
do jovem parceiro sendo devorado, tentava estender seus membros para ele, mas a imagem desaparecia. Via o jovem
parceiro e lembrava-se do seu cheiro, mas não sentia o cheiro de sangue e nem o cheiro do jovem macho.
A criatura ainda se decompunha sob o sol, e ela sorvia aquele líquido de sabor ácido, que causava naúseas e
queimava suas entranhas, até que a criatura secou sob o sol, daí o sabor ácido passou e perdeu todo o sabor. Ela
mastigava esfomeadamente aqueles restos de pele dura, cozida pelo sol e amolecida pela correnteza. A partir daquilo a
pedra passou a ser carregada para todo o lado. Até que um dia a pedra lhe escapou e caindo sobre outras se lascou, um
estilhaço lhe perfurou a perna. O calor sobre o seu corpo aumentava e ela novamente via o bando que a afastava, porém
não sentia o seu cheiro. Mas desta vez a correnteza lhe batia sobre a ferida e ela arrancou aquele pedaço de pedra de sua
perna usando o resto da pedra também lascada. Ela tentava juntar os pedaços mas não conseguia, e percebeu que a
pedra cortava suas garras. Num ataque fulminante jogou a pedra sobre outra criatura que descansava a beira do rio e
esta caiu mortalmente ferida, a criatura ainda aquente foi estraçalhada pela estranha criatura que ficava sobre ela de
cócoras, e a carne foi devorada ali mesmo no meio da água. Novamente arremessou a pedra partida sobre outra lenta
criatura e novamente a destrinchou e desta vez não a devorou, deixou sob o sol apodrecendo.

Noutro capítulo chega um bando que "anda" desengonçadamente como ela, mas a ataca e ela se defende com o
pedaço de pedra, eles tentam tomar o pedaço de pedra dela, mas ela golpeia o macho dominante... o grupo se afasta e
tenta golpeá-la novamente com seus pedaços de ossos. Ela está numa garganta de pedra próximo ao rio, sem saída, os
machos jovens são muito fortes para ela, além doque as fêmeas também a atacam. Está sem saída e fica isolada, sem
comida, as criaturas estão na beira do rio, mas o bando se acomoda também nas suas margens. Eles não sabem caçar,
comem alguns peixes que apodrecem nas poças secas entre as pedras. Está fraca e sem comida. Mas não sente o pavor
que sente perto dos jovens felinos. A noite de lua pisa numa lasca de um grande osso abandonado e acidentalmente ....
encaixa a pedra lascada no vão deste. O seu membro fica enorme, o brilho da lua reflete em seu corpo e aquela jovem
fêmea estranha projeta sua sombra sobre a garganta e sente um estranhamento, aquela enorme criatura não tem cheiro, e
percebe que a sua mancha é maior que ela mesma.
Seu enorme membro superior agora é ajudado pela sua quinta garra que já possui movimentos mais precisos.
Ela vai e mata o macho dominante e domina o grupo de criaturas que também possuem a calosidade na pata
inferior. Ereta, notou que a sua pata traseira tinha uma calosidade para trás e decidiu ir em frente, não sabia para onde
mas ia ereta...

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