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Voto
Vistos os autos.
Conheço do agravo, por aplicação do Enunciado n° 2 do Colégio
Recursal ("E admissível, no caso de lesão grave e de difícil reparação, o recurso de
agravo de instrumento no Juizado Especial Cível").
O agravo merece provimento.
Respeitado o entendimento do magistrado de 1.° grau, o ex-sócio
excluído do processo deve permanecer no pólo passivo da execução. Assim é porque
quando do ajuizamento da ação ele fazia parte da sociedade. Em verdade, a sua retirada
só se deu cerca de cinco anos depois do trânsito em julgado da decisão favorável ao
agravante. O fato de a decisão que desconsiderou a personalidade jurídica das
executadas ser posterior à alteração social, pela qual o sócio em comento saiu da
sociedade, não obstava a permanência dele no pólo passivo da execução. Como as
pessoas jurídicas não têm bens para garantirem o débito formado cinco anos antes da
alteração social, o ex-sócio também responde solidariamente. Trata-se de questão de
direito e, principalmente, de justiça.
Só haveria a possibilidade de exclusão do ex-sócio se ele
demonstrasse que antes de sua retirada as empresas tinham patrimônio suficiente para
garantir a execução. Tal prova não foi feita. Em verdade, é bom que se diga, a execução
teve início em 1.° de Fevereiro de 2001 (cf. fls. 44) e desde então o agravante não
consegue bens suficientes para haver o seu crédito, sendo que os penhorados - pela
especificidade - não foram arrematados.
A relação dos autos é de consumo. Foi por conta disso que houve
a desconsideração da personalidade jurídica das executadas e a inclusão dos sócios. Para
tanto, aplicou-se o art. 28 da Lei 8.078/90.
Convém relembrar o teor do invocado dispositivo: "O juiz poderá
desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou do contrato social A desconsideração também será
efetivada quando houve falência, estado de insolvência, encerramento ou atividade da
pessoa jurídica provocados por má administração ". Ora, em se tratando de dívida
anterior à retirada do sócio, de se presumir que o estado de insolvência - sem
demonstração em contrário - era pré-existente, pelo que pemianecem os motivos que
deram ensejo à desconsideração da personalidade jurídica, calcada no dispositivo legal
em destaque.
Dou provimento ao agravo para o fim de afastar a decisão que
acatou a exceção apresentada pelo agravo Yllen Fábio. Ele permanece no pólo passivo
da execução. Deverá a serventia de origem proceder às devidas anotações.
É como voto."]
São PauWwde Fevereiro de 2009.
ANTôKjjp MÁRIO