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x SISMICIDADE E ESTRUTURA ES rN Marcelo Assumpc¢ao Coriolano M. Dias Neto CrMe Teste et Na cidade de Izmit, numa das regioes mais den: samente povoadas do pais, a populagio dorme trangjila, De repente, sem nenhum aviso prévio, a ter ra treme violentamente, causindo terror ¢ destruigio. Em menos de um minuto, esti deflagrada mais uma tragédia: mais de 15.000 mortos, quase meio milhio de desabrigados, a cidade inteira praticamente arrasa- dae prejuizos de bilhides de délares ao pais. Fim poucos segundos, a Terra faz lembrar ao ser humano que a nocio dle terra firme é uma ilusio: o pais ja havia qua- se esquecido a calamiclade semelhante softida 600 anos tragédia humana para mostrar o poder das forcas internas da Terra, uma ruptura de 40 km de extensio na superfici locamento lateral de varios metros, evidencia mais uma Wo bastasse a antes. Camo se com des. vez a evolucio continua ¢ inevitivel do nosso planeta Os terremotos, mais do que qualquer outro fend: ‘meno natural, demonstram inequivocadamente o cariter dinimico da Terra. registro de milhares de terremo: tos em todo 6 mundo (Fig, 3.1) define « emoldura as virias placas que formam a easca rigida da Terra, Nes te capitulo, estudaremos os terremotos © sua relacio com a movimentagao destas placas litosféricas (a di- ferenca entre fitosfera, a casea rigida da 7 seri explicada ac nte). Veremos também como 0 est. do da propaga 180" 160° -1 das ondas sismicas pelo interior da ‘Terra revela sua estrutura interna, tema que sent deta Ihado nos proximos capitulo. © Brasil era considerado assismico até pouco tempo atris, por no se conhecerem registros de sismos destrutivos, ¢ 0s poueos abalos sentidos eram interpretados como "simples acomodacio de cama das". Estudos sismoldgicos a partir da década de 70 mostraram que a atividade sismica no Brasil, apesar de baixa, nao pode ser desprezada ¢ € resultado de forcas geologicas que atuam em toda a placa que contém o continente sul-americano, Veremos tam bém que um dos aspectos importantes da sismicidad no Brasil é que parte dela é causada pela implanta sao de novos reservatorios hidroclétricos (chamada sismicidade induzid 3.10 que E o Terremoto? Com o lento movimento das placas litosiéri da ordem de alguns centimetros por ano, tensdes, vio se acumulando em vir pontos, prineipalmente perto de suas bordas. As tensées acumuladas po dem ser compressivas ou distensivas, dependendo da direcio de movimentacio relativa entre as ph cas, como veremos adiante, Quando essas tensdes, atingem o limite de resisténcia das rochas, ocorre uma ruptura (Fig, 3.2); 0 movimento repentino en 40° 60" 80° 100" 120° 140° 160° 180° Fig. 3.1 Sismicidade Mundial. Mape de epiceniros do periado 1964 « 1995 de sismos com magnitude 5,0. Fonte: U.S. Geological Survey. “AA Efeios de ur teremota ocorride ern Taiwan, em 1999. Foto: Revers Pore ae ett aa tN a b plcentro ae ce Fig. 3.2 Geragtio de um sismo por acimula e liberacéo de esforgos em umo rupiure, A crosio ferestre estd sujaita 0 ten- s6es (a) compressivos neste exemal sumulam que se se, delermendo os rachas (6); quando ¢ limite de re- sisténcio dos rachas ¢ atingide, ocorre uma rut des todas os dicecées (¢}. Ge omerte abruplo, gerando vibragées que se propogam em mente, 0 deslacamento (ruptura) se ior pré-enistente ra 6 chomado dé em openes ume parte de uma fratura n lfolhe geolégica). O ponte inicial de rup hipocentro ov laco do tremor; € sue projecao na supericie € 0 ‘epicentro. Nem sodas as ruptures atingem a supericie, tre os blocos de cada lado da euptara geram vibra ees que se propagam em todas as direcoes. © plano de ruprura forma o que se chama de falha geolégi- a. Os terremotos podem ocorrer no conrato entre duas placas litosférieas (caso mais freqiiente) ou no interior de uma delas, como indieado no exemplo da Fig, 3.2, sem que a ruptura atinja a superficie. O ponto onde se inicia a ruptura e a liberacdo das ten sdes acumuladas é chamado de hipocentro ou foco. Sua projecio na superficie é 0 epicentro, ea dis. tincia do foco a superficie &a profundidade focal Embora a palavra "terremoto" seja utilizada mais para os grandes eventos destrutivos, enquanto os me- nores geralmente sio chamados de abalos ou tremores de terra, todos sao resultado do mesmo processo geo Me ee} logico de actimull lento e liberacio ripida de tensoes. A diferenca principal entre os grandes terremotos € 05 pequenos tremores € 0 tamanho da érea de ruptura, 0 gue determina a intensidade das vibragdes emitidas, 3.1.1 Ondas sismicas Quando ocorre uma ruptura na litosfera, so gera das vibragdes sismicas que se propagam em todas as direcdes na forma de ondas. O mesmo ocorre, por exemplo, com uma detonacio de explosives numa pedcira, cujas vibracies, tanto no terreno come se. nora randes distineias. Si podem ser sentidas a estas "ondas sismicas" que causam danos perto do epicentro ¢ podem ser registradas por sismégnafos Em 23 de janeiro de 1997, ocorreu um terremoto na fronteira Argentina/Bolivia (Fig, 3.3a), com pro: fundidade focal de 280 km e magnitude de 64, As ondas deste sismo tiveram amplitudes suficientes ra seem sentidas na cidade de Sio Paulo, nos BOLIVIA a picentro, Desiocamento do Chao (mm) Tempo desde origem (5) Fig. 3.3 Argentina abola S40 Poulo, a) Registro na estact sismagratica de Valinhos, SP de um si ro Argentina/ Bolivia (23,01.197} com magn ‘ocorrido ne fronte ide 6,4.b) O movimento do chao € descrita pelos trés componentes: Z (ve Yicel, positive para cima}, NS (positive pore © Norte} e EW (positive para o Leste). As ondas P e S chegom 230s © 410s, 46 DeciFrRanvo A TERRA andares superinres de prédios altos (aa verdade, as ondas sismicas fizeram alguns prédios entrar em res sonanela: os andates mais altos oseilam com maior amplitude’). A Fig. 3.3b mostra os sismogramas (am para cada componente do movimento do chao: ver tical, NS e EW) registrados naquela ocasiio pela estacio sismogrifiea de Valinhos, a 70 km de Sao Paulo. \ ruptura que causou o terremoto foi muito rapida ¢ durou cerca de 5 s apenas. No entanto, fo- ram geradas ondas sismicas que passaram pela estagio, a 1.930 km de distincia, durante mais de 20 minutos, Isto ocorre porque ha varios tipos de on. das sismicas com velocidades de propagagao diferentes ¢ que percorrem trajetérias distintas, 3.1.2 Como vibra 0 chao? Na Fig. 3.3 a primeira movimentagio do chao chegando 230 apos a ocorténcia do terremoto) € um destocamento de 0,03mm para cima © para Leste, Nesta primeira onda, quase nao ha vibracio na direcao NS. Como as ondas estavam se propa sando de Oeste para Leste (do epicentro para a estagio) © chexaram na estagao vindo de baixo para cima (porque as ondas sio transmitidas pelo inter or da Tera), vemos que as vibragdes nesta primeira onda sio paralelas a diregio de propagacio. Esta primeira onda é, portanto, longitudinal e chama-se onda P, Quase 200 segundos depois da onda P, 0 chao sofre um deslocamento de 0,07 mm no senti do Norte. Esta segunda onda tem vibracto perpendicular a direcio de propagacio € € chama da onda transversal ou onda S. Ha, portant, dois tipos de vibragdes sismicas em um meio solide que se propagam em todas as diregdes: vibragdes longitudinais ¢ transversais, Nas vndlas longitudinais (ondas P), as partieulas do meio vibram paralelamente & direcio de propagacaos sas uransversais (ondas §), as vibragdes das particulas sio perpendiculares direcio de propagagio da onda, As F solide se deforma com a passagem das ondas lon 3.41 € 3.4b mostram como um meio gitudinais € transversais. Numa onda sismica hi ransmissio no apenas de vibragoes das particulas do meio, mas também de deformacdes do meio: as ondas P correspondem a deformagies de dia tacao/compressio, € as ondas S correspondem a deformagdes tangenciais (também chamadas de cisalhamento). A velocidade de propagacio da onda P € maior que a da S. Por isso, a onda P é a primeira eS Fig. 3.4 Os dois modes principais de propagagdo dos vibra: ‘Goes sirmicas sd0.a onda P (a), longitudinal (vibracdo paralela ‘adirecao de propagacao). ea ondo S perpendiculara direcdo de propagacdo). Junto 8 supericie da Terra, propagam-se também as ondas supertciais: ondo Rayleigh (c], queé ume combinacde de ondas Pe S onde cade ‘wansversal(ibrocao poricula oscile num movimento eliptico, e ondas Love, com ‘scilogao horizontal transversal, Nas ondas de superficie, as amplitudes diminuem com a profundidade. Note que, no pas sagem das andas sismicas, © meio se delorma elasticament a chegar ¢ aS é a segunda (dai o nome de Pe) som gue se propaga no ar também é uma onda P, da mesma forma que as vibrades em um meio liquido. As ondas $ aio se propagam em meios liquidos € gasosos, apenas nos sélidos As velocidades de propagacio das ondas Pe S dependem passam, como mostrado na Fig. 3.5. Em geral, ncialmente do meio por onde elas quanto maior a densidade de uma rocha, maior a velocidade das ondas sismicas. F justamente esta propriedade que permite utilizar as ondas sismicas para obter informacdes sobre estrutura € a com posi¢iio em grandes profundidades. Por exemplo, analisando-se as vibragies provocadas por explo des artificiais controladas em uma bacia sedimentar, podemos deduzir as velocidades sismicas nas varias ‘camadas sedimentares da bac c obter informagoes sobre eventuais estruturas geologicas importantes. Assim, método sismico € de grande importineia pritica, por exemplo, na exploragao de petrileo € na busea de dgua subterrinea. Em uma eseala glo. bal, os registros dos terremotos em uma rede de estagies sismageiificas permitem também conhecer as velocidades sismicas no interior da Terra e esta dar a estrutura a composicao e a evolugao atual do nosso planeta. As vibragdes Pe S sho chamadas ondas internas por Se propagarem em todas as diregdes a partir de uma perturbacao dentro de um meio. Além das ‘ondas internas P ¢ S, hi uma maneira especial de propagacio de vibragd es junto a superficie da ‘Ter ra: sio as ondas superticiais, que podem ser de dois uipos, Love ¢ Rayleigh. As ondas superticiais Love correspondem a superposicdes de ondas $ com vi bhragdes horizontais concentradas nas camadas mais externas da ‘Terra, A onda superficial Rasleigh é uma combinaeao de vibragdes P © $ contidas no plano vertical (Figs, 3.4e e 34d). No sismograma da I 3.6, podemos observar que as ondas superficiais aparecem como um trem de oadas de maior dura cao © com periodos diferentes. Uma caracteristica das ondas superiiciais é que 2 velocidade de pro pagacio depende também do periodo da oseilagao no exemplo, vé-se que as oseilagdes de maior pe- tiodo estio chegando primeiro). As ondas Love, » maior do em geral, tém velocidade de propagasa que as ondas Rayh 9 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Velocidade da onda P (mis) Fig. 3.5 Exemplos de iniervalos de velocidades da ondo P ppora alguns materiois ¢ rochos mais comuns uto 3 © Sismicipape & Esrrurura Inrerna ba Terra 47 ‘Tempo desde origem (3) Fig. 3.6 Sismo das lIhas Sandwich (iéntico Sul) em 27.09. 1993, registrado numa extacéo perto de Pogosde Culdas, MG (Brosi), © 3.570 kr de disténcia. No trem de ondas supe cis Rayleigh (componentes Z @ NS) e no trem das ondas Love {componente EW), os oscilocées com periodos maiores che gam antes por terem velocidades de propagaxae moiores 3.2 Estrutura Interna da Terra Nao ¢ possivel ter acesso direto fis partes mais pro: fundas da Terra devido As limitagdes tecnokiqicas de enfrentar as altas presses © temperaturas, O furo de sondagem mais profundo feito até hoje (em Kola, uma fragio insignifican. Rassia) ating apenas 12 re comparada ao raio da Terra de 6.370 kan, Assim, a estrutura interna do planeta s6 pode ser estudada de mancita indireta. A aniilise das ondas sismicas, revistradas na superficie, permite deduzir vitias earac- tcristicas das partes internas da Terra atravessadas peas ondas. Alguns aspectos bisicos de propagagao de ondas sismicas serio abordados agora, mostrando como as prineipais camadas da ‘Terra sio estudadas. 3.2.1 Lei de Snell ¢ curvas tempo-distincia Como qualquer outro fenémeno ondulatdrio (por exemplo, a luz), a d sismica io de prop: \s muda (refra 2) ao pasar de um meio com velocidade V, para outro com velocidade diferente V,, As ondas sismicas sofrem refragio € reflexio € também obedecem @ lei de Snell (Vig, 3.7). Numa interface separando dois meios diferentes, conversio de onda P para S ¢ de onda S para P. Por exemplo, a Fig. 3.7€ mostra uma onda P incidente cuja energia € repartida entre P e § refletidas € Pe S refratadas, A lei de Snell, neste caso, se apliea a cada tipo de raio, Quando o meio € constituide de varias camadas horizontais, a lei de Snell define a variagio da direcio do raio sismico, como mostrado na Fig. 3.8. 48 Decirranvo a Terra Fig. 3.7 Lei de Snell que rege 0 rellexdo e refragao das an: dos. Quando a onde passa de um meio de menor velocidede para aulro de maior velocidede, o raio da onde se fasta de rnormel & interface (0). Quendo @ onda passa pare um meio ‘com velocidade menor, ela se eproxime da normal a interface (b). No caso das ondas sismicas, parte da energio do onda incidente P (ou S) pode se transtormar em ondas $ (ou P), sem. pre obedecendo 4 lei de Snell (), Fig. 38 Lei de Snell numa sucestéo de comedos horizons, No caso em que 4 velocidade aumenta gradualmente com a profundidade, equivalente a uma sucessio de jente finas (Fig, 3.99) ondas peteorrem uma trajetoria curva (Fig. 3.96) © 0 infinitas camadas extrem grifico dos tempos de percurso em funcio da distincia seri uma curva, como na Fig, 39h, Imaginemos agora que haja uma descontinuidade no interior da ‘Terra separando dois meios diferentes (ig, 3.102), sendo que o material imediatamente abai- xo da descontinuidade tem velocidade menor a do material acim, Quando as ondas passim do meio com velocidade maior para o meio com velocidade menor (ponto P na Fig, 3.10c), pela lei de Snell, a tra jetéria da onda se aproxima da normal & interface (como visto na Fig. 3.7b), Isto faz 0 rain sismico C se afastar muito do raio sismico B, eriando uma inter- rupeio na curva tempo-distineia (Fig. 3.10), também chamada "zona de sombra" na superficie, As onela que penetram na eamada mais profunda formam um zamo mais atrasado com relacio ao ramo mais raso. Fig. 3.10b). © niicleo da ‘Terra foi descoberto pela sua zona de sombra, como se veri adiante. Fig. 3.9 Quando « velocidade aumente lineormente com 1a profundidade (a), 0s tempos de percurso formam uma cur vo (b}, © as trajetérios dos raios sismicos séo arcos de circunferéncio (c Fig. 3.10 Quondo o estrutura de velocidades apresenta ume: diminuig6o abrupta ne velocidade numa ceria descontinvidade (0), 0s curvas de tempo de percurso terG0 ume interrupcdo (b). ‘Aconda correspondente a0 aio Cao atingira descontinvidade [c)sofreré uma refragée (opreximondo-se da normal interace como na Fig. 3.76) que a ofastara bastante do aio, criando uma ‘zona de sombra’ na superficie cory 3.2.2 As principais camadas da Terra \ anilise de milhares de terremoros durante mui- tas décadas permitiu construir as curvas tempo-distineia de todas as ondas refratadas e reflet das no imerior da Terra (Figs. 3.11 © 3.12) e deduvir a sua estrutura principal: erosta, manto, miele externo € niicleo interno (Fig, 3.13), assim como as proprieda des de cacla uma destas camadas principais. PKIKP 90° Foco PKKP Fig, 3.11 Tiajetorias de alguns tipos de onda no Terra. © trecho do percurso da onda P no nicleo externa é de- nteior da nominado °K’. Assim, « onda PKP & a aquela que attavessa 0 manto como onda P depois © nic tomo e volta pelo manto -omo onda P novamente. © percurso no nicleo intemo é cho: mado"! pora onde P Letras mindsculos designam reflexdes:‘c é rellexao do micieo exerno e'' do niclee interno. \ primeira camada superficial é a erosta, com es pessura variando de 25 a 50 km nos continentes e de 5 a 10km nos oceanos. Na Fig. 3.11, a erosta niin apare ce por ter uma espessura comparivel & espessura da linha que representa a superficie da Terra. As veloci dades das ondas P variam entre 5,5 km/s na erosta superior ¢ 7 km/s na crosta inferior: A eurvatuta da primeira onda P (Fig 3.12) indica que 1s velocidades de propagacio abaixo da crosta aumen tam até a profundidade de 2.950km. Nesta regio, chamada de manto, as velocidades da onda P vao de 8.0) km/s, logo abaino da erosta,a 13,5 m/s (Fig, 3.13 Nas curvas tempo-distineia (Fig, 3.12), a interrupcio da onda P a distncia de 105” eo airaso clo ramo PKP entre 120° € 180", com relagio a tendéncia do ramo das ondas P,caracterizam uma "zona de sombra" ¢ indicam que as ondas PKP atravessaram uma rogiio de velocidade me nor abaixe do manto, Est regio, a profundidades maiores de 2.950km, € 0 micleo da ‘Terra (Vig. 3.134 Dentro do milcleo, existe um “cargo” central (avicleo interno), com velocidades um pouco maiores do que ete Tempo (minutos) 120 Distancia (graus) Fig. 3.12 Tempo de par interior do Terra, A diskincie é medide pelo éngulo subtendido ro centro da Terra. SKS, por exemplo, é « onda S pelo manta 10 dos principais trojetdrias pelo que setransfarma em P durante a passage pelo nicloo ex no {percurso"K' e se transtorma em $ novornente ao voltar ot manto. niicleo externo. No nick esterno, nao ha propaga io de ondas $, 0 que mostra que cle deve estar em sudo liquido, razao pela qual a velocidade da onda P ¢ em menor do que as do manto s6lido, Por outro lado, a densidade do nuicleo muito maior do que a do mar to (conforme deduzida de outras consideragoes, goofisicas, como a massa total da Terra © seu momento de inéxcia), F'stas earactersticas de velocidades sismieas baixas e censidades altas indicum que © auicleo & com posto predominamtemente de Ferro. 3.2.3 Litosfera e crosta \ grande diferenca entre as velocidades sismicas da crosta ¢ do manto (Fig, 3.13b) indica uma mudan ga de composigio quimica das rochas. A ada de Moho (om homenagem a Mohorovicic, que a descobriu em descontinuidade crosta/manto & chan 1910). Abaixo da erosta, estudos mais detalhadlos em muitas regies mostram que ha uma ligeira diminui io nas velocidades sismicas do manto ao redor de 100km de profuundidade, especialmente sob os ocea nos, A composigao quimica das rochas do ma to varia relativamente pouco comparaca com a da crosta. Esta "zona de baisa velocidade” abaixo dos 100km é cau sada pelo fato de uma pequena fragio das rochas estirem fundidas (fusio parcial), diminuindo bastante 50 DeciFRANDO A TERRA Ve \Vs,Vp ~ Velocidade (km/s P ~ Densidade (g/cm*) 4 nicleo @ mento externo o 3808 7908 Profundidade(km) Fig. 3.13 o) Peril de volocidades sismica P na ctosta e mant superice, numa regido contineniol « rigidex do material nesta profiundidade, Desta ma neira, a crosta, junto com uma parte do manto acima da zona de baisa velocidade, forma uma camada mais dura e rigida, chamada litosfera, Nesta zona de baisa velocidade, chamadl astenosfera, as rochas Sior mais Enquanto a Moho & uma deseontinuidade abeupra indicande mudanea de com maleaveis (plisticas posigio, o limite liostera/astenosfera € mais gradual indiea mudanca de proptiedades fisicas: aumento de temperatura, fusio parcial e grande diminuicio da vis cosidade, A verdadeira "easea" da Terra, portanto, é a litosfera. AAs placas tectinicas (ou litosféricas) sio pe dacos de litosfera que se movimentam sobre a 3.3 Medindo os Terremotos 3.3.1 Intensidade Classificando os efeitos do terremoto \ Intensidade Sismica € uma classificagao dos: efeitos que as ondas sismieas provocam em determi nado lugar. Nao é uma medida direta feita com instrumentos, mas simplesmente uma maneira de des crever 0s efeitos em pessoas (como as pessoas sentiram) em objetos € construgdes (barutho © queda de objetos, trineas ou rachaduras em casas, ete.) ena 1, escorreyamentos, lique faci de solos arenosos, mudangas na topografia, etc, da Escala Mercalli Modificada (MIMD), mais usada atualmente, juntamente \ Tabela 3.1 mostra uma deserica Profundidade(km) Vp(kmis) {pe Vs) densidode (no interior de Terra. bj Exemplo de perfil de velocidade de onda com valores aproximados das aceleragies do: movi mento do solo, Cada grau da eseala MM corresponde aproximadamente ao dobro di accleragao do grau anterior. Naturalmente, quanto maior a distincia do epicenteo, a intensidade tende a ser menor. A Fi, 3.14 mostra um exemplo de mapa de intensidades (dito mapa" macrossismico") do sismo de Mogi-Guacu, SP, de 1922, sentido até mais de 300km de distincia Na re MM, provacando rachaduras em virias casas ¢ des » epicentral, a intensidade atingiu o grau VI pertando muitas pessoas em piinieo. As isolinhas de imensidade (linhas que ceream intensicades iguais) si0, chamadas isossistas, 52° aa Ths GERAIS ass Fig. 3.14 Intensidades do sismo de 27.01.1922, epicentra na reqiso de Mogi-Guacy, SP. Os mimeros 580 in tensidades “Mercalli Modificada”. As moiores intensidedes foram VI. © epicentro (estrelo} foi estimado com base na dis tribuigdo das intensidades & em dados do estacéo sismogralica Observatério Nacional no Rio de Janeiro RC ee Ea Como a intensidade € apenas uma classificacio, ¢ "poucas pessoas", "muitas pessoas", ete. A maior uti nio uma medida, ela esti sujeita a muitas ince clade ca eseala de intensidades & no estudo de sismos As informagdes de como as pe ram 0 tre "historicos", i, sismos 08 antes da existéncia mor & sempec subjetiva, A propria escala tem um de estagies sismogrificas. naturca qualitativa quando se refere, por exemple, a Tabela 3.1 Escala de Intensidade Mercalli Modificada (abreviado). tee od peerer rns) 80 sentido, Leves efeitos de perioda longo de terremotos grandes e disiantes Sentido por poucos pessoas paradas, em andares superiores ov locois favordves. 0,003 ui Sentido dentro de caso. Alguns objetos pendurados oscilam. Vibragéo porecida ade 0,004 - 0,008 possagem de um caminh6o leve, Durocéo estimada, Pode no ser recorhecido como um abalo sis v ‘Objetos suspensos osclam. Vibragio parecida & do passagem de um cominhao 0,008 - 0,015 do. Janel, louges, ports fazer barulho. Paredes e estutures de modeira rongem v Sento fora de casa; dracéo estimada. Pessoas acordam. Liquide em recipiante & 0,015 -0,04 perturbado. Objetos pequenos e instévels sto destocados. Portas osclam, fecha v Sentido por todos. Multos se ossustam e soem as ruas. Pescoas andam sem firmeza 0,04 0,08 Janelas, lucas quebrodos. Objetos e livros caem de prateleiras. Reb sonstrustiode ma quelidade rachor vil Dificil monter-se em pé. Objetos suspensos vibrom. Méveis quebram. Danos em 0,08 -0,15 ‘onsirugao de mé quolidade, algumos rincas em construcdo noemal, Queda 4 boco, ladrthos ov tijolos mol assentados, telhes. Ondas em piscines. Pe os escorregamentos de barrancos orenosos. vl Danos em consitugées narmais com colopso parciol. Algum dano em construgbes 0,15-0,30 forcadas. Queda de esluque e olguns muros de alvenario. Queda de chamines, monumentos, lores e caixas 4 équa. Galhos quebram-se dos érvores, Trincas iK 10s comuns bastante donificadas, ds vezes colaso total 0,30 - 0,60 Donos em construgées retorcadas. Tubulacao subterranea quebrada, Rachaduras x Maicria dos construges destruidas até nes fundagées. Danos sérios @ barragens 0,60- 1,0 ce diques. Grandes escorrogamentos de taro. Agua jogada nas margens de rios © canois, Trlhos levemente entontados xt Tithos bastante entonados. Tubvlacées subterrénees completamente destruids. Teg xIL Desiruigao quase to'sl. Grandes blocos de roche deslocades. Linhas de wisada 2 e niveis ckerados. Objetes atirados a0 ot ye te ee ee 2 3.3.2. Magnitude Medindo a "forga" do terremoto nt yparar Os tamanhos relatives ismos, Charles F, Richter, sismélogo american’ ‘ormulou uma eseala de magnitude baseada t \eipio baisico da escala é que as magnitude nto na escala corresponda a um fator de 10 veze F caleular a magnitude Richter Jependendo do tipo da onda sismica medida no centro da Terra entre profundos geram relativament 1M, sé € aplicad: outras formulas para Nestes caso: Pp Para sismos pequenos e moderados no Brasil nto se pode utilizar a escala M, (pois dificilmente so registrados a mais de 20" de distancia ( se uma escala de magnitude regional, licosfera brasileira, © valida entre 200 € 1.500 km de distancia m, = log V + 2,3 log R - 2,48 onde V = velocidade de par Da mancira como foi definida, a magnitude Richte negativa, © limite superior depende apenas da propria de da dem de 3. Si noderados, que podem eausar al: sum dano (dependendo da profundidade do feo © do po de terreno na regio epicentral) tém magnitudes na Tabela 3.2. Energia relacionada 4 magnitude dos terremotos rr os A CE eo 9 1m 400 7 Tem 30 5 0,1 mm 5 3 0,1 mm 1 icula da onda P, em pm/s (V=2n A/T), € R é a dist a Den amplitude muixima do mow de dist dio na frarura (D) ¢ energia B importante ressaltar que cada p do que seja um terremoto Paulo e ¢ 10m 16x10! fi 21x 108 Tem 2,810? 1am 36x10 220km), ¢ as ondas superficias tém periodos menores de 20 s). Nestes casos, usa claborada para as condicies de arenuagio das ondas sismicas na cia epicentral (km) 4,5 onos 2 dios 4 min oas POC ee tea Tabela 3.3 Alguns terremotos importantes do mundo Magnitudes Mortos Observacées are 1831 01 26 Portugal, Lisboo 30.000 1556 01 23 830.000 Maior rst 1737 10 11 300.000 175511 0 87 70.000 —_Teunomi devastodor; maior feremoto em crosta 1811 12 16 EVA, Missour a5 8 ores teromotos introplaco, intensidod Nowa Madrid 1812 02 07 EVA, Missour 88 80 Intraplaca, intensidade XI MM. Nova Madrid 1868 08 16 Equador e Colémbi 70.000 1886 09 01 USA,Carolinodo Su 7,7 7,3 oo 2, margem Attic 906 04 18 Colfémia,S. Froncisco 7,8 7,9 700 incéndio;falho de San Andreo: 908 12 28 Hslio, Messino 7 120.000 920 12 16 Chinae ibe 85 180.000 922 11 11 Chile centr 82 87 923 09 01 _Japé0, Kworto 82 8 143.000 Grande incéndio de Toquio. 1929 11 18 CostodoConads 765 1950 08 15 _indiae Tibet 86 86 1.500 Umdos moiores no Himoloio. 1960 05 22 Suldo Chile 85 9,7 5.700 _—_Moior terremoto do século XX 1964 03 28 Aloska 84 92 131 Segundo maior erremoto, 1970 05 31 Pew 76 7,9 66,000 — Gronde avalanche. 1975 02 04 Chine, Liconing 7,2 69 — pouces _Unico grande terremoto previsto com sucesso 1976 07 27 China, Tongshon 7,8 7,4 250,000 _Néo foi possivel prew 1988 12 07 70 67 25.000 locos Arsbio/Eurésio 1990 06 20 Notte do is 77 73 40.000 1992 06 28 Colifémio, londes 7,5 7.3 1 Rupture na superficie, he 1993 09 29 Indiacenrol, Kila 64 6,1. 10,000 __Regido inraplaca;falho nova gerada pelo sismo, 1995 01 16 Jap60, K 69 69 5.400 100.000 prédios destruidos 1999 08 17. Turauio 78 7,5 15.000 54 Decitranvoo a Terra 3.3.3 A nova escala de magnitude Mw A escala de magnitude Richter, por definicio, tom unidade e apenas compara os terremotos entre si logos usam uma nova eseala de Atualmente, os sism magnitude que melhor reflete os tamanhos absolutos dos terremoros, baseada nos processos Hisicos que ocorrem durante a ruptura. Esta magnitude & baseada no "momento sismico" Mo: Mo = D'S (unidade de Nam) conde 4. = médulo de rigidez da rocha que se rom peu; D = deslocamento médio na filha; ¢ S = area total dda superficie de rupeura log M,~ 6.0 Nesta nova eseala, © maior terremoto ji registra do acorreu em 1960 90 sul do Chile eom uma ruptura de mais de 1,000km de comprimento dando uma magnitude de 9,7 My 3.4 Sismicidade Mundial \ atividhle sismica mundial, através das concentra- sstrada na Fig, 3.1, delimita sireas des dos epicentros da superticie terrestre como se fossem as pecas de um quebra-cabeca global". A distribuicio dos sismos é uma das melhores evidéncias dos limites destas "pegas” cha macs placas tectOni cenergia liberada com terremotos ocorre ao longo das (Caps), Cerca de ‘estruturas marginais do Oceano Pacifico, caracterizando. © "Cinturio Circum-Pacifico” ou " inturio de Fogo do Pacifico", em alusio & prresenga de vuledes coinciclentes com os sismos (ver Cap. 17) Padrio em Linha - onde os epicentms se organi- vam, na escala global, ao longo de um fino traco, no fundo dos oceanos seguindo o cixo das dorsais oceiini ‘as que S20 condilheiras submarinas mareando © local ‘onde placas oceiinicas so criadas ¢ se afastam umas das 10 Oceano Atlntico © no ‘outras, como por exemplo Indico. Hste padrio se relaciona, portanto, aos limites de pplacas oceiinicas, com regime de esforgos tracionais, Os sismos associados a estas estronunis so bastante rasos, com profundidades focais de poucos quildmetros, Padrio em Faixa - a distribuicio dos sismos ao lon go de faixas caracteriza 0 Cinturin Circum-Pacifien, assim: ‘como a atividade sismica pa Europa e Asia, Este padra sismico se associa a regimes compressionais, em especial a limites convergentes de placas, Os sismos nestas fiivas sio principalmente rasos (profuundidade foveal menor que 50k), m km (Fig. 3.1) podem atingir profundidades de até 670 estas fiixas, como por exemplo na mansem oeste do Oceano Pacifico (Pig, 3.1) € na costa ocidental da América do Sul (Fig; 3.15), pode-se notar que as profun didades dos sismos aumentam em direcio a0 continent Quando observados em perfis transversais as faixas, os sismos se alinham em uma zona inclinada, geralmente com XP a 60? de incl wo, conbecia como Zona de Benio® (Vig, 3.15). Vista distribuicio dos sismos em profuundicade revela uma plaea oceinica mergulbando cm direcio ao manto, sob otra placa, Estas faisas sis micas mais largas, incluinde sismos profundos, marcam regides da Te Je convergéncia de placas litosféricas Nestas areas, os sismos risos (até ~50 km aproximad mente) sio causados por esforcos compressivos horizontals. Os grandes terremotos, com magnitudes acima de ~7, acontecem geralmente nestas rons, esata mente no contato entre as das placas. Os sismos intermeditirios € profundos oeorrem, preferencialmente, ao longo de Cinturio Circum-Pa eifieo, Entretanto, na margem oeste da América do Norte, cles nio estio presentes. Neste setor, sio registrados apenas sismos rasos, a mainria associada Falha de an Andreas, limite entre a placa norte-ame ricana a placa do Pacifico, quais se movimentam lareralmente. Este tipo de limite entre placas & chama: do transformante (Cap. 6). A quase toalcadeda atividade ssmica mundial corre associaela aos limites das placas, delineando-as ¢ possibi liranco earaeteri sismicidade interplacas 1 respeito da qual ros referimos até ‘Trata-se d ul 3.4.1 Sismicidade intraplaca No interior das placas, também ocorrem sismos, chamados “‘sismos intraplaca”, em decorréncia das ten: ses geradas nas bonas das placas transmitirem-se por todo 0 seu interior. Estes sismos so rasos, com até 30 40 km de profundidade. Hsta “sismicidade intraplaca” € relativamente pequena, com sismos de magnitudes bai xas a: modleradas, quando comparachs &sismicidacle nas bordas das placas. Entretanto, ha repistros de sismos al tamente destrutivos no interior das placas (como o de Nova Madrid, Missouri, Estados Unidos, Tabel 3.4), indicando que, apesar de remota, a possibilidade de ocor reéncia de um grande terremoto intra placa nao & nul, 1929 933 1968 E = croste extendide (ger ete) margem possiva PR eR a ed ree) formacéo de n Cae PM ec 80 Kutch, India fc 77 Chatleston, $C, E 66 Costa de Portugal MP n norco , ¢ 56,0W 7 Cosa lest do Conadé 32.8N 68 r F 700 73 Boie de atin, Conods Me 7.0 to de Siro, Lib, Air R 1708 48 Meckering, Austria #2 FP = folha pré-esistente; R = rift; FC = folha Cenozéica rgem passive] Pree te en Os maiores sismos em regides continentais esti veis (intraplaca) ocorem preferencialmente em areas onde a crosta continental foi tracionada © extendida por processos geoligicos relativamente recentes, (Mesozdieo ou Cenozdico), como por exemplo nas plataformas continentals ou em rie intra-continentais abortados (Cap.6), como em Nova Madrid nos Esta dos Unidos, 3.4.2 Sismicidade do Brasil Ocupando grande parte da estivel Plataforma Brasil era considerado, até pouco tem: pa, como assismico, por no se conhecer a ocorréncia Sul-amerie: dle sismos destrutivos. Estudos sismoligicas desde a dé- cada de 1970 mostraram que aatividade sismica no Brasil, apesar de baixa, nio pode ser negligenciada (Fig, 3.16 € Tabela 3.5), Pura sismos no Brasil usa-se preferencial mente a magnitude m, calculada com a onda P de estacdes distantes, Pista escala & equivalente 4 escala regio nal m,¢ aproximadamente igual 4 escala M, A grande quantidade de epicentros nas rogides Su: deste € Nordeste (Fig. 3.16) reflere, em par histérieo de ocupacio e distrbuigie populacional, pelo 20 PROCESsO. fo de muitos eventos terem sido estudados a partir de documentos antigos. Mesmo assim, sismos de destague tém sido registrados nestas regides, como por exemplo Fig. 3.16 Sismos do Brasil Epiceniros do Brosil de 1724 0 1998, com magnitude > 2,5, Note que a cobertura do catélo- go vilizado (fonte: USP UnB, LUFRN, IPT} 6 bastante incomple- ta: 018 maados do sécvlo XX, ‘openas sismos com magnitude ‘cima de 4 em ére0s bem povo: ‘edos estéo includes. Atvolmente, sismos da regiao Sudeste com mognitudes cima de 2,5 s80 registrados, mas ne Amazénic © limite de deteccio € de 3,5. Os rnimeros indicam os sismos da Tabolo 3.5. A linha tracejada {grossa no oceans indica o limite dda crosta continental que fot extendida e ofinada durante ose poragGo entre o América do Sule © Africa. Fonte: IAG - USP co sismo de Mogi-Guagu, de 1922, com magnitude 5,1, (Fig, 3.14). Um dos mais importantes sismos do Nondeste foi sentido em pratieamente toca a regio em 1980, com smagnitud cando 0 desabamentn parcial de algumas casas modestas ‘a regio de Pucajus, CL: (Tabela 3.9). O maior ssmo co 2m, ¢ intensidade maxima VII MM, prowo becidodo Brasil ocorteu em 1955, com magnitude Richter 6.2.m, ¢ epicentro localizado 370 km ao norte de Cui, MT As informagies contidas na Fi, 3.16 retratam 0 mii mo da sismicidade real. 3.4.3. Sismos intraplaca € estruturas geolégicas Pequenos sismos intraplaca podem ocorrer em qualquer local. Entretanto, algumas dreas sao bem mais ativas do que outras, como é 0 caso dos Estados do Ceari, do Rio Grande do Norte ¢ da parte norte de Mato Grosso. Nem sempre € il compreender as causas desta variagio na sismicidade intraplica em ter mos de estruturas ou foreas geoldgicas. Ainda sto insuficientes os estudos geoldgicos € sismologicos ne- a explicar 0 padrio observado da sismicidade. A buaixa freqiiéncia de ocorréncia dos sismos cessitios pa nlio permite uma relagio estatistica segura, a niio ser em alguns poucos casos estudados em maior detalhe 45° 40" 05° S828 Be ceaga28 88 Cor Meee re Tabela 3.5 Sismos mais importantes do Brasil DRO MC OM es) eM) wr) max, (MM) 1 iyo 1242 87,20 62 Porto dos Gauchos, MT Em Culabs, 370 km a0 sul, pessoas forom acordodos 2 1955 1984 36,75 6) Epicentro no mor, @ 300km de Vitéria, ES, a1 29,00 48,00 55 vi Tubardo, SC, plataforma continental 4 1983 399 62,17 55 vil CCodojés, AM, bocie Amazénico. 5 1964 1806 56,69 5A NW de MS, bacia do Pantanal 6 1990 3119 48,92 52 No mar, a 200km de Porto Alegre, RS, 7 1980 4,30 28,40 52 vil Pacojus, CE. B 1922 2217 47,04 51 vi ‘Mogi-Guegu, SR sentido om SP MG e Rl 9 1963 230 61,01 51 Manaus, AM 10 5,53 51 vil Josio Comara, RN. n 11.42 56,78 50 MI Porto das Gauchos, MT. A zona sismica de Nova Madrid (Fabela 3.4), no cen: devido a tensdes compressivas orientadas aproximada ro-leste da América do Norte, responsivel pelos grandes mente na direcio FAW e tensies tracionais N'S. I erremotos intraplaca de 1811 ¢ 1812, earactetiza-se pel rensdes podem ter virias oigens, como moviment eativacio de um sistema de falhas geoligicas antigas. Ja placa sul-americana € foreas locais causadas pel Estas falhas foram criadas no Mese por forcas ——_estrurura crustal da regio, i 1am processo de extensio crustal que forme 5 Ristictoe SN Bic Ba um graben (Cap. @). A sismicidade que se registra hoje \ atividade sismica, 0 io Camara, RN, foi estudada ida de ma zona de falha de aproximadamente 40 km mmprimento, orientada N4(E com mergulho de 6t 0 para NW (Fig. 3.17). Apesar da grande extens: a zona sismiea, ainda niio foi possivel associi-la ¢ as feigdes geoldgicas de superficie. Isto mostra cla amente a grande dificuldade de se estudar a correlacik ntre sismicidade intraplaca € Tocantins (Fig, 3.16) tem um pai coincida exatamente com ele. FE; possivel que os sismos seorram devido a dois farores: concentragio de ten: ies e existéncia de um de fraqueza, am! alvez relacionados as estruturas que deram origem 20 Do mesmo modo, a concentra da fragmentacio da erosta continental durante Ce Tide ey 35°40 Fig. 3.17. Sismos de Jodo Cémara, RN. Os hipocentros def: nem uma folha principal mergulhando para NW. 3.4.4 Sismos e barragens \ interfere do homem na Natureza pode pro vvoear sismos, através de explosdes nucleares, de injegio de Agua e gis sob pressio no subsolo, de extracio de Auidos do subsolo, do alivio de carga em minas a eéu aberto © do enchimento de reservatdrios artificiais li gados a baragens hidrocletticas, Com excecio das barragens, os sismos induzidos pelo restante dos easos tém sido muito pequenos ¢ de efeito estritamente local, havendo registros de danos consideriveis. Entretanto, os sismos induzi dos por reservatirios, apesar de normalmente pequenos, podem aleancar magnitudes moderadas. © maior ocorreu em 1967, no reservatério de Koyna, india, com magnitude do 200 mortes ¢ sérios danos 4 estrutura da Darragem. . tendo provoca Com 0 enchimento do Lago Mead do reservat6 tio Hoover, Estados Unidos, em meados da década de 1930, ¢, principalmente, nos anos 60), com a ocor réncia de sismos induvidos pelos reservatérios de Hsinfengkiang, Kariba, Kremasta e Koyna (Fabela 3.6), reconheceu-se que o enchimento de reservatérios pode wo <0" at ‘magnitude [ { 22 ‘e 83) 0 @. Fig. 3.18 Faixa sismica Goids-Tocontins. Notar o paralelismo entre 0 direcéo geral dos epicentras e a orientacdo do linea: mento Transbrasiliano, esirutura formada no finel do Pré-Cambriane e inicio do Paleozdico (~570 Mo). Os epicentras, no entanto, néo coincidem diretamente com 06 li neomentos,indicando uma relacde indivela ene osismicidode @ 0 estrutura que originou os lineamentos No mundo todo, ji oeorreram dey sismos induzidos: [por reservatérios com magnitude superior a 5, varios de Jes em regides intraplaca de baixa sismicidade. A maior pparte dos eventos induziklos tém magnitude entre 3 ¢ 5, A sobrecarga causada pela massa de gua do te servatério gera pequenos esforgos no maciga rochoso, normalmente insuficientes para provocarsismos, Desta forma, 0 efeito da sobrecarga ¢ © aumento da pres fi pela variacio do nivel hideostitico, favorecendo a di raturas das rochas, eausado so da agua nos poros € minuigio da resisténcia a0 cisalhamento dos materials, atuam como disparadores na liberacio dos esforcos pré-existentes na area do reservatirio, Nao seria exa zero afirmat que o reservatério a “gota digua” que pode provocar sismos. Em reservatirios maiores, hi maine probabilidade de ‘ocorréncia de sismos induzidos. Deve se resslta, entre tanto, que a maioria os reservat6riosartifciais no provoca sismicidade alguma, mesmo nas regiées mais sismicas do mundo. A grande dificuklade que se enfrenta & niio se poder dererminar se as tenses numa regio estin, muito tas, proximas do ponto de ruptura, ou ndo. Por esse motivo, todas as grandes barragens operam estacies sismogriicas para detoctar alguma possivel atividade sis smiica que ven a ser induzida pelo reservatdrio, CR Mee sao Ua Tabela 3.6 Principais sismos induzidos por reservatorios no mundo et ee ec Koyno, india 103 1967 63 boixa Koriba, Z6mbio 128 1963 62 bina Kremasto, Grécia 160 1966 ail Xinfenghiong, Chine 105 962 6 média Oroville, UA 236 57 all Morathon, Grécto 6 1938 57 ota Aswan, Egito n 1981 56 bio Tahela 3.7) ruferem se & Usioa Hidrelétrica de Capivar Fi Os eventos sismicos que eeorreram entr ritiba, PR. A atividade sismica 0 anos de 1987 ¢ 1989 apresentaram forte corr rin Ta | NE SW, devid ses compressivas EW epiio de Joao Camara, RN, mais a lest ' 25 i 20 = % 158 [ / Z 145,00 245,50 (m) 2 3400 S60 222,80 = 850 S 10 ca ir a 223.00 840 = 830 = 820 = 810 a= coo JULITOJAN/TAN/T2.JANT3.JANITA—GANITS_JANI76.JAN/?7—GAN78 JANI? —_JANIBO Fig. 3.19 mensal do atividade sismica induzida e nivel do reservatério de Capivari-Cochaeira,F Petey altura e'agua 2.6 87 88 89 90 01 62 63 04 05 6 Fig. 3.20 Sisricidadeincuide ro agude de Agu, RN. (3 Niel d'iqua « simicidode. De 1987 0 1989, 0 cumento do nivel égua fi seus do, aproximodamente 3 meses depois, porum aumento na aivdade —_ siomico. De 1990 0 1993, oregine phnomestica voriou eo coral «onto él Depoisde 1994, hd now conelogao ent nel qua « ssmicidade.(b Epicervos em és époces aferetes. A ea mis atvo varia com o tempo. Os sos de Aqu provovelmenie oconem 282 por eatvogbo de pequenosfalhos amigas, cienadas SWINE, sob 0 regime oval de ensGer:compressdo EW lets vermathos tragbe NSS (solos amorelas) 3.4.5 E possivel prever terremotos? Quando vai ocorrer © prosimo grande rerremo- to? Esta pergunta freqiiente ainda nao tem resposta. A previsio de terremotos tem sido um dos maiores de- safios pant os geocientistas, Apesar de inte is pesquisas por virias décadas, ainda no foi possivel desenvolver um método pritice e seguro para se fazer previsdies As varias etapas durante a geracio de um sismo acimulo femio de tensdes na erosta, deformagio das rochas € ruptura ao atingir o limite de resisténcia) sio relativamente bem conhecidas, Assim, haveria duas maneiras de se prever terremoros: medidas ditetas das tensdes erastais © observagbes de alguns fendmenos que indicam a iminéneia de uma ruprura na erosta Emibora seja possivel mediras tenses erustas, ha enor- mes problemas priticos a superar: seria necessirio medir as tensdes em profundiclades de dezenas de qui ometros,em reas muito extensas ¢ com uma precisio tinda nio disponivel na pritica. Além disso, seria ne cessirio conhecer detalhadamente as earaeteristicas de resisténcia a0 fraturamento dos varios tipos de rocha gue compdem a crosta numa cesta regio. Na pritica, © custo ©.a quantidade de medidas necessivias tornam invidvel essa abordagen Quando uma rocha esti prestes a se romper, hi tuma pequena mudanga em algumas de suas propric = Nova Sao Ratzet © Sk v 306 see amet dades, tais como diminui¢io nas velocidades de pro pagagio das ondas P eS, queda na resistividade elgtriea, muclangas no niimero de microtremores, entre outras Na década de 1970, foram estudados virios easos de sismos antecedidos por tais mudaneas, levando, mui tos sismélogos a acreditar que a previsio de terremotos seria finalmente possivel. Alguns sismos pequenos, durante estudos detalhados de mierotremores, pude ram ser antecipaclos, ¢ um grande terremoto na China, em 1975, foi previsto com sucesso, salvande mithares de vidas (ver Tabela 3.3). No entanto, a Terra mos- trou-se muito mais complesa do que se imagina nem Sempre 0s terremotos sio antecedidos por fend menos ficeis de detectar. Outro fator complicante & que © comportamento das rochas vatia muito depen dendo do regime de tensées, profundidade temperatura ¢ composicio mineraldgica. Assim, mes mo que a previsio fosse possivel ma pratica, os métodlos. usados na California, por exemplo, poderi Quando as tenses atingem 0 ponto eritico de re sisténeia das rochas na crosta, uma fratura se inicia, Uma quantidade enorme de detalhes geoldgicos de termina a localizacao exata do ponto critico (inicio do sismo) e © tamanbo final da fratura (e, portanto, a magnitude do sismo). Muitos sismblogos acreditam, por razdes fisieas, que a previsio de terremotos € in trinsecamente impossivel, PCR ee ue Ok Tabela 3.7 Principais sismos induzidos no Brasil Oc CM Cd os) cn) Porto Colombio, MG/SP 40 1974 42 MMII Nove Ponte, MG 140 1998 40 VI Coiveu, MG 22 1972 37 vl Copivara, PR/SP 60 1979 37 vl Tueurul, PA, 100 1998 36 Bolbino, AM 36 1990 34 Mirondo, MG 85 2000 a8. I Porcibuno, SP 98 1977 30 v lgorots, SP 53 1985 30 v Copivari-Cachoeira, PR 60 1971 3,0 vl cu, RN 31 1994 30 1 3.4.6 Convivendo com o risco Como nao é possivel pre mo que fosse, no se poderia eviti-los) © melhor € se prevenir, Em regides sismicas, com muitas falhas ge logicas ativas, a melhor estratégia tem sido identificar « zonas de maior atividade sismica ¢ ae as direas sior probabilidade de que o chio tenha fortes ibragdes (mapas de “risen” sismico) Fig, 3.21. Ist feito combinany s probabilidades de ocorréne Je terremotos fortes, para varios niveis de magi om as vibragdes esperadas para cad; magnitude. No caso do Brasil, ocorrem a cada an m media, cerca de 20 sismos com magnitudes mai , mos com magnitudes maiores de 4: 12 res de 5 (i a eada 5 anos); (0,02 s maiores que 6, ete, A observagio de que 0 niimero de sismos diminui aproximadamente 10 ve es para cada incremento de uma unidade de yerta por Richter, Pode-se ssim, extrapolar que sismos com magnitudes acima Je 7 deveriam ocorrer no Brasil uma vez a cada 500 exemple, terremot wn CM rst ea 3.1 Tsunamis Em 22 de maio de 1940, peseadores 1a ilha de Chiloé, sul clo Chile, ao sentirem as fortes vibragées de um dos maio- res terremotos ji registrados, correram para o mar em suas cembareagdes tentando se proteger. 10 a 15 minutos apés © teremioto, 0 mar recua dezenas de metros e volta. loge em seguida numa onda gigantesea destruindo todos os barcos Apenas na itha de Chiloé 200 mortes foram eontabilizadas. Até no Havai, a 10000 km de distincia, os efeitos destas ram mais de 6i mortes e milhdes de délares em destruigio, ‘Ondas giganteseas © destrutivas (até 10 ou 20 metros de altura) podem atingir reyes costeinis apds a ocorréncia de um grande terremoto com epicentro no mar, Pstas ondas, ‘ou ‘utamis, sé0 yerachs por um desloeamento ripido da coluna de gua na dea epicenteal de um terremoto ocortide fem uma falha préxima ao fundo do maz. Este destocamento (turamente superior a um metro de altura) se propaga ‘como ondas em todas as diregdes com velocidades que dependem da profundidade do mat. Em ako mar ay ondas viajam com velocidades de um avizo, mas, tendo amplinude pequena e um comprimento de onda de centenas de ‘metros, constituem ondulagSes suaves da superficie do mar © passam desapercebidas, Chegando priximio ao lcora onde 0 mar é mais ras0, a velocidade diminui (para 50-70 km/h, como um automdvel), Esta diminuigio da velocidade cle propagacio fara energia da onda se acumular em uma extensio bem menor de gua aumentando, consequentemen- te, altura da ondla (até mais de 30 metros jt foram observadoy); este acimulo de eneryia provoca também transporte de guia (Correntes) inundando a regio costeira por centenas de metros terra adentro, ‘Tsunamis sio muito freqiemtes no Pacifico devido a predomindncia de falhas inversas nas zonas de subduesao. Terte- motos no Alasea, por exemplo, podem gerar tsunamis que causam destruigio no Havai, varias horas mais tarde, a mithares de quilémetros de distincia. Esti em implantagio um sistema de alarme para tsunamis no Pacifico baseado na determinacio ripida de epicenttos, ‘magnitudes ¢ orientacio das fallas (a disponivel pela rede mundial de sismégrafos), modelamento, matemitico das condas do tsunami (em aperfeicoamento) ¢ medidas em tempo real registradas por sensores coloeados no fundo oce’- nico (em instalagio). Footess Gonzilez, 1999. Tsunami Scientific American, maio de 1999 pp. 44-55. Com base nas freqiiéneias de sismos, pode-se cons muir mapas de risco sismico (ou mais precisamente 1. Ao se construir Leituras recomendadas prédio no Chile, por esemplo, que deve durar 50 ASSUMPCAO, M. Terremotos no Brasil: Ciéncia in a ere eles inite Ae New Hoje. Rio de Janeiro: SBPC, 1983, vol 1 (6) 6 prédio deve ser projetado para resist a accleracies BOLT, BA. Earthquakes, 4th edition. New York WH Freeman & Co, 1999, do chio de até 50% da aceleragio da gravidade. No Brasil, com poueas excogies, os niveis espericos de vi bragio do chio sio menores de 2% de g em tocha. GONZALEZ, F. I. “‘Tsunamil” in: Seientifie Mapas mais detalhados de perigo sismico podem ser “American. Nova York: Scientific American feitos considerando os diferentes tipos de solo e substrato Publishing, 1999. vol. 280, n° 5. rochoso de uma cidade, estimando quais bairros softer JOHNSTON, A.C, KANTER, LR. “Earthquakes in stable continental erust” in: Scientific American ‘Nova York: Scientific American Publishing, 1990, vol, 262. am maiores vibragties do chio, Fim paises sismieos, lis gue regulam © tipo de construcio permitide em cada rea (obrigando construgdes mais resistentes em locais mais perigosos) diminuem os riscos de perdas maeriais ¢ humanas em caso de terremous.

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