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O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

(TDAH) E AS IMPLICAÇÕES NO CONTEXTO ESCOLAR.

Selma Camargo Meira


Emérico Arnaldo de Quadros
selmameira54@hotmail.com

Trabalho apresentado na 7ª semana pedagógica 2010 – Entre a educação e a inclusão e I


Encontro de Psicologia e Educação: Implicações no processo de ensino aprendizagem
(realizado pelo departamento de Educação da Fafipar, Paranaguá. ISSN 2177-546X

O presente trabalho trata de estudos de casos de crianças com o


Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) na idade escolar de (6 a 12 anos), e tem
como escopo investigar os padrões aceitos atualmente do TDA e do TDAH a fim
de propor alternativas de práticas pedagógicas mais flexíveis quanto às
estratégias e intervenções que poderão ser implementadas para o atendimento
deste aluno.
No contexto educacional brasileiro, se encontra um número significativo de
problemas educacionais que contribuem para o baixo rendimento escolar, evasão
escolar, repetências e desigualdades de oportunidades. São intensificadas as
argumentações no sentido de promover a real instauração de uma sociedade
inclusiva, a começar pelo espaço da escola deve garantir não só o acesso mais a
permanência de todos na escola. Permanência referenciada na educação por esta
se tratar de um fenômeno social e universal necessária à existência do ser
humano e enquanto organização para que todos dela participem. A formação do
individuo deve ser integral no que se refere ao desenvolvimento de suas
capacidades sejam elas mentais, culturais, sociais, emocionais. A escola e seus
profissionais formam este universo capaz de propiciar o desenvolvimento do
aluno, bem como de criar condições para que ocorram aprendizagens
significativas e interações entre todos os envolvidos no processo educativo. Neste
ambiente de diversidade, se encontram os educando, que apresentam diagnóstico
de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), cujo tema tem sido
foco de discussão entre profissionais da área de saúde, educação, pais e
sociedade, nesta última década. O TDA/H é a atual nomenclatura utilizada para
denominar os significativos problemas apresentados por criança quanto à atenção,
tipicamente com impulsividade e atividade excessiva.
As crianças com TDA/H representam uma população bastante
heterogênea, com variações significantes no grau de sintomas, na idade de inicio,
e no grau em que outros transtornos ocorrem associados ao TDAH. O transtorno
representa uma das razões mais comum de encaminhamento de crianças e
adolescentes a profissionais da saúde, devido a problemas comportamentais,
reflexos de um desenvolvimento não adequado causando dificuldades na vida
diária em vários contextos.
Segundo Goldstein (2000) o transtorno é considerado um distúrbio
biopsicossocial, que se origina de fatores genéticos, biológicos, sociais e
vivenciais que contribuem para a intensidade do problema experimentado. No
Brasil estudos epidemiológicos com base nos critérios diagnósticos do DSM-
IV(1994) situam a prevalência de 3% a 5% da população. O Transtorno com
hiperatividade é mais comum em meninos com aproximadamente 9% e nas
meninas a predominância é a desatenção (3%).(Rodhe, Barbosa, Tramontina &
Polanczsk, APUD: Benczik,(2000).
Goldstein (2000) afirma que o diagnóstico precoce e as intervenções
educacionais, familiares, e quando necessárias medicamentosas adequadas,
podem reduzir significativamente conflitos em todas as áreas acima citadas, e
contribuem para reduzir a baixa auto-estima, evasão escolar, repetência,
abandono dos estudos, problemas com depressão, associações com as co-
morbidades até o uso indevido de drogas.
Na escola quando há ampliação do nível de exigência acadêmica, de
regras, de autocontrole, decorrente da organização pedagógica a cumprir, estes
sintomas aparecerão com mais evidências.
Muitos destes diagnósticos apresentados na escola, não têm recebido as
considerações das variações, pois as crianças com o Transtorno do Déficit de
Atenção (TDA) do tipo “desatento” demonstram alguns sintomas, que muitas das
vezes passam despercebidas pelos professores, pois se considera desatenta
àquela criança quieta, que não incomoda, como diz o senso comum vive no
mundo da lua. Porém existem sintomas que comprometem o desempenho escolar
tais como: não consegue concluir as tarefas, copiar todas as atividades, pois seu
nível de atenção e concentração é baixo, interferindo na memória e em funções
executivas, e se forem sintomas de hiperatividade com impulsividade outros
comportamentos se tornarão mais evidentes, tais como: dificuldade de
permanecer sentado, parecem elétricos, falam demais, respondem perguntas
antes que sejam concluídas, se movimentam o tempo inteiro, interrompem a fala
dos outros, e se for do tipo combinado, agregarão os sintomas de desatenção com
os de hiperatividade com impulsividade.
Sendo o diagnóstico de TDA ou TDAH é necessário que se conheça o
curso de desenvolvimento como mutável e variável de acordo com faixa etária,
grau e estilos de aprendizagens. Cabe salientar que a necessidade de
identificação não é de qualquer forma para rotular ou estigmatizar, mas sim avaliar
e determinar a extensão quais os problemas de atenção e hiperatividade estão
interferindo nas habilidades acadêmicas, afetivas, sociais da criança ou
adolescente e a partir dessa avaliação, fornecer um plano apropriado de
intervenção. Diante deste contexto, a escola tem um grande desafio com a
inclusão educacional destes alunos, pois ela tem a possibilidade de criar
condições para que todos os seus alunos aprendam e se isto não ocorrer,
construir instrumentos de compreensão por meio de maior conhecimento do tema,
para a identificação e encaminhamento com o objetivo de obter diagnóstico
correto e propor as intervenções adequadas, com vistas a quebrar as barreiras
homogêneas em que a escola se traduz.
As estatísticas de prevalência do Transtorno de TDAH indicam que estudos
relatam que entre 3% a 5% das crianças em idade escolar, apresentam sintomas
marcantes e bem definidos do TDAH. Pelas observações feitas em ambiente
escolar é na idade de escolarização que estes sintomas tornam-se mais
evidentes, estas crianças enfrentam novos desafios para se adaptarem e
atenderem às expectativas da escola como: permanecerem concentradas e
quietas, seguirem estruturas e compartilharem a atenção de um professor com
outros alunos. São aquelas crianças e adolescentes que os professores por
observação dizem que “não param”, são taxados de “indisciplinados”,
“preguiçosos”, “estão sempre a mil”, “a todo o vapor”
Estes alunos normalmente apresentam sintomas divididos entre aqueles
relacionados com Déficit de Atenção, Hiperatividade, Impulsividade ou uma
combinação de ambos. Aquelas que recebem o diagnóstico de TDAH durante a
infância com freqüência iniciam um processo de fracasso escolar e social, pois se
sentem não acolhidos pelos colegas, não são escolhidas para fazer parte dos
grupos, o que levam muitos deles a desenvolverem baixa auto estima e muitas
vezes depressão
Goldstein (2000) afirma que este quadro descrito acarreta ao aluno, à
escola, aos pais, enfim a todos os envolvidos com estas pessoas, uma série de
dificuldades nos relacionamentos com professores e amigos, colegas de sala de
aula, problemas acadêmicos, ocorrendo prejuízos incalculáveis para estes
indivíduos.
Segundo Benczik, (2000) tais dificuldades enfrentadas pela criança
assumem uma “cronicidade” diante dos pais, professores, diretores de escola,
amigos os quais entendem o comportamento da criança como “mimada”,
“desobediente”, “precisa de limites”, “aproveitador da doença” “desinteressado
Questionamentos angustiantes se refletem no interior das instituições
escolares e entre os profissionais envolvidos no processo da escolarização deste
alunado.
Sendo a educação um processo contínuo, dialético e complexo é preciso
buscar informação sobre o assunto, ampliar o conhecimento, promover formação
docente continuada, a fim de incentivar práticas pedagógicas com intervenções
adequadas, respeitando as diferenças e garantindo igualdades de oportunidades.
Os objetivos específicos que nortearam a presente pesquisa foram:
• Apresentar a base legal, os conceitos, prevalência, associação com as co-
morbidades do TDAH, demonstrando suas variáveis, ampliando o
conhecimento sobre TDAH.
• Propor a aplicação de escalas avaliativas próprias para os professores,
para pais e alunos como inicio de investigação.
• Diferenciar TDA e TDAH e sugerir possibilidades de intervenção em cada
caso.
• Trabalhar com estilos de aprendizagens, visando a aquisição de saberes
destes alunos.
Ao estabelecer a educação como um direito de todos e dever do Estado e
da família nossa constituição, em seu artigo 205, ratifica o artigo 26 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos aprovada em 1948 na Organização das Nações
Unidas (ONU), onde uniu os povos do mundo todo, no reconhecimento de que
”todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos
dotados de razões e de consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade” (art1º) .(Referenciais para construção de sistemas
inclusivos, 2004).
Esta Declaração conjuga o valor de liberdade ao valor de dignidade, pois
eles não são indissociáveis. Fundamentada na filosofia da educação inclusiva do
MEC, a atenção dos direitos humanos foi marcada pela tônica da proteção geral e
abstrata, com base na igualdade formal, mais tarde passando a explicitar a pessoa
como sujeita de direito, respeitando suas peculiaridades e singularidades.
Partindo da premissa que não somos iguais, que possuímos
especificidades que não devem ser elemento para a construção de desigualdade,
de discriminação, mas sim ser norteadores de políticas públicas afirmativas de
respeito ao outro, voltada para a construção de contextos sociais inclusivos, surge
o valor da diversidade que se impõe como condição para o alcance da
universalidade e a indivisibilidade dos direitos humanos.
Assim, o princípio básico para uma sociedade inclusiva é o respeito à
diversidade, considerando as diferenças, impulsionando ações de cidadania
voltadas ao reconhecimento de que somos sujeitos de direitos por sermos seres
humanos.
Estes marcos legais foram amplamente defendidos em Jontien Tailândia,
onde o Brasil participou da Conferência Mundial sobre Educação para Todos
(1990). Nesta declaração, os países relembram que “a educação é um direito
fundamental de todas as pessoas e das sociedades, sendo um elemento que pode
contribuir para um mundo mais seguro”.
Em 1994, a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
Especiais: Acesso e Qualidade, realizada, em Salamanca (Espanha) a discussão
versa sobre a atenção educacional aos alunos que possuam necessidades
especiais.
Legislação não falta na história educacional, porém o que temos ainda é
uma sociedade que relega esta perspectiva de direito educacional, dando ênfase
às transformações tecnológicas, às mídias, impondo a dimensão humana um
segundo plano. Por esta razão, muito destes marcos legais, relevantes para a
Educação Inclusiva resume-se em assegurar a expansão da matrícula ou pelo
ingresso de alunos com necessidades especiais nas turmas do Ensino Regular,
sem a ênfase necessária à qualidade da resposta educativa da escola para todos
(Carvalho, 2002).
Diante do exposto nos parágrafos anteriores, exige-se um repensar
constante de nossas atitudes com perspectivas mais humana, propiciando de fato
a inclusão de todos os seres humanos na sociedade. Este se constitui em um
movimento coletivo de mudanças que sinaliza para adoção de políticas
educacionais inclusivas, pautadas nas interlocuções consistentes, legislação
específica (já existente) e diretrizes efetivas nas ações.
De acordo com Dutra (2004) é tempo de trabalhar na construção do educar
na diversidade, este direito da diversidade compreende a educação como direito
fundamental, base para uma sociedade justa, com ações voltadas para o acesso e
a permanência de todas as crianças na escola. Portanto, o resgate do papel da
escola neste milênio, é que todos os envolvidos com a educação devem se
responsabilizar na transformação e na busca do desenvolvimento integral deste
indivíduo. Assim, cabe a escola transformar as relações sociais e não reproduzir a
sociedade tal qual está organizada. A função da educação é humanizar, oferecer
condições de emancipação, à participação e não para adaptar os indivíduos a
situações de dominação.
A escola é este espaço privilegiado, onde os alunos podem buscar este
conhecimento mais aprimorado, porém necessita de professores, equipe
pedagógica preparada para que possam atender as necessidades destes alunos,
com intervenções adequadas para a efetivação de suas aprendizagens. Estes não
devem ficar alijados das mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento,
porque muitos deles com necessidades educativas especiais possuem em sua
natureza biopsicossocial manifestações de ações e reações, adversas a
homogeneidade das turmas. Os atores da escola devem respeitar a
heterogeneidade e a complexidade destas relações, o que requer a compreensão
mais ampla entre a escola e a sociedade.
Teóricos como Vigotsky (1994) entre outros que trabalham dentro de uma
visão histórico crítica, tem evidenciado a importância de compreender a formação
deste individuo, a partir da interação dialética, dos fatores biológicos e
socioculturais.
Levando-se em conta esta realidade, pode-se afirmar que todos os alunos
são diferentes, tanto em suas potencialidades, capacidades, ritmos e maneiras de
aprender, desenvolvimento, e contextos sociais. Negar esta pluralidade significa
negar a própria natureza da escola, que é rica em características e
especificidades, que se traduzem em desafios constantes aos educadores,
entendendo que os problemas de aprendizagem tem diversas origens. Assim, é
imprescindível compreender o próprio processo de ensino e de aprendizagem, e
neste contexto encontramos os alunos com Transtorno do Déficit de Atenção
/Hiperatividade.
Na última década, milhares de crianças, adolescentes e adultos foram
diagnosticados e tratados pelo Transtorno do Déficit de Atenção. E, apesar deste
movimento global, de uma enorme quantidade de evidência científica
fundamentando a validade do diagnóstico do TDA/TDAH e da segurança e
eficiência dos tratamentos disponíveis, uma parcela significativa da população não
conhece o transtorno e muitos dos que conhecem permanecem céticos com
relação às intervenções e tratamento.
Segundo Barkley (2008), uma das primeiras referências a criança com
hiperatividade ou TDAH foi em 1865, pelo alemão Heirich Hoffman o qual
escrevia poemas sobre muitas das doenças infantis que encontrou em suas
práticas médicas . Contudo, o crédito científico costuma ficar com George Still e
Alfred Tredgold, que foram os primeiros autores a dedicar atenção clínica séria a
uma condição comportamental infantil que se aproximava do que hoje se conhece
como TDAH.
Barkley (2008) descreve em seu livro Manual para Diagnóstico e
Tratamento, que foi em 1902, que Still em palestras e publicações descreve sobre
43 pessoas atendidas em seu consultório, com sérios problemas de manter
atenção e concordava com William James (1890/1950) que essa atenção pode ser
um elemento importante no “controle moral do comportamento” bem como a
maioria destes casos estudados também eram exageradamente ativas. Referencia
Still que estas pessoas demonstravam ser agressivas, desafiadoras, impetuosas,
apresentando ter pouca “volição inibitória” sobre seu comportamento e também
manifestavam ilegalidade, malevolência, crueldade e desonestidade. Observou
também que havia insensibilidade a punições, pois mesmos sendo repreendidas
repetiam as infrações em questões de horas.

Still (APUD: Barkley, 2008) também constatou que havia prevalência dos
casos no sexo masculino para a hiperatividade, cuja manifestação ocorre antes
dos 08 anos. Inicialmente o transtorno foi definido como distúrbio neurológico,
vinculado a lesão cerebral na área central, recebendo várias nomenclaturas como
Lesão Cerebral, Disfunção Cerebral Mínima, Reação Hipercinética da Infância.
Somente em 1980, o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção foi
formalmente reconhecido no Diagnostic and Statstical Manual, 3rd Edition (DSMIII)
- o Manual de Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria. A versão
revisada de 1984 agregou o termo Hiperatividade, de modo que hoje, oficialmente
recebe o nome de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Quanto às causas deste transtorno Barkley (2008), afirma que os estudos
científicos já passaram por vários momentos. Inicialmente indicavam que fatores
neurológicos e genéticos desempenhavam um papel substancial nas origens e na
expressão deste transtorno.
Outra corrente de pesquisa é a neuropsicológica onde se encontra
evidências substanciais de déficits na inibição comportamental, na atenção
prolongada (persistência de tarefas), na resistência a distrações e no
funcionamento executivo (a internalização da fala, na memória de trabalho verbal,
na memória de trabalho temporal-sequencial, na coordenação motora e no tempo
dos movimentos motores finos, na auto-regulação emocional e motivacional, na
fluência verbal e no planejamento). Estas são funções executivas e são mediadas
pelo córtex pré-frontal e suas redes com os gânglios basais e o cerebelo,
sugerindo que essas regiões podem desempenhar papel fundamental no TDAH
(Barkley ,2008).
. Recentemente, Sagolden, Johansen, Aase (APUD: Barkley, 2008)
propuseram uma teoria neuroevolutiva do TDAH (tipos combinado e
predominantemente hiperativo-impulsivo), baseada em uma alteração do
funcionamento da dopamina, que pode ocorrer com o hipofuncionamento de um
dos três circuitos dopaminérgicos identificados no cérebro. O funcionamento
reduzido em uma via mesolímbico no cérebro altera a sensibilidade ao reforço e à
extinção deficiente de comportamentos antes reforçados, podendo levar a
aversões a esperas, hiperatividade, impulsividade e pobre capacidade atencional.
O funcionamento reduzido na via dopamínica mesocortical também pode levar a
deficiência da atenção para um alvo, bem como no planejamento e funcionamento
executivo. Finalmente, o funcionamento reduzido da via dopaminérgica nigro-
estrital resulta no comprometimento da modulação do comportamento motor e
deficiências na aprendizagem e memória, podendo levar a comportamentos
desajeitados e pouco inibição motora, observados no TDAH.
Segundo estes pesquisadores acima citados são necessárias mais
pesquisas antes que essa tentativa inovadora de explicar o TDAH por meios
dessas vias de neurotransmissores possa ser avaliada adequadamente.
Bromberg (coordenadora do Grupo de Orientação sobre o Transtorno de
Déficit de Atenção/hiperatividade GOTAH) afirma que o TDAH é uma deficiência
neurobiológica, de origem genética, de prevalência segundo (American Psychiatric
Association, 2000) que afeta de 3 a 5% de todas as crianças em idade escolar.
Muitos destes sintomas acompanham o crescimento e 30 a 70% dos portadores
podem vir a ter dificuldades emocionais, profissionais em seus relacionamentos
sociais e afetivos até a vida adulta.
Russel & Cols. (2008), afirmam que conforme atestado pelos numerosos
cientistas que assinam o manual para tratamento e diagnóstico do TDAH, não
existe dúvida entre os principais pesquisadores clínicos do mundo de que o TDAH
envolve uma deficiência séria em um conjunto de habilidades psicológicas, e que
os déficits de inibição comportamental e atenção prolongada são centrais no
transtorno.
Segundo Barkley (2008), o TDAH não é benigno. Para aqueles que o
acomete, pode causar problemas devastadores. Estudos de segmento de
amostras clínicas sugerem que os indivíduos que apresentam o transtorno, em
comparação com os que não apresentam são mais propensos a abandonar a
escola (32 a 40%), raramente concluem a faculdade (5 a 10%), têm pouco ou
nenhum amigo (50 a 70%), apresenta fraco desempenho no trabalho (70 a 80%),
participam de atividades anti-sociais (40 a 50%) e usam tabaco ou drogas ilícitas
mais que o normal. Além disso, as crianças que crescem com TDAH são mais
suscetíveis a ter gravidez na adolescência (40%) e doenças sexualmente
transmissíveis (16%), sofrer muitos acidentes de carro, ter depressão de (20 a
30%), transtornos de personalidade (18 a 25%) quando adultas e, de centenas de
outras maneiras, lidam mal com suas vidas e frequentemente colocam-na em
perigo.
Ainda assim com todo este histórico, COOK (APUD: Barkley, 2008) afirma
que estudos indicam que menos da metade das pessoas com o transtorno têm o
diagnóstico e recebem tratamento.
Os indivíduos com TDAH possuem sintomas crônicos como a desatenção e
ou impulsividade-hiperatividade. Acredita-se que apresentem estas características
desde cedo em suas vidas, em grau excessivo ou inadequado para a idade ou
nível de desenvolvimento, e entre uma variedade de situações que excedem a sua
capacidade de prestar atenção, restringirem movimentos, inibirem impulsos,
regular o próprio comportamento no que diz respeito às regras ao tempo e ao
futuro.
As principais características do TDAH e os critérios diagnósticos
desenvolvidos oficialmente para uso clínico estão estabelecidos no DSM-IV da
American Psychiatric Association (1994), estipulam que os indivíduos devem ter
apresentado sintomas de TDAH por pelo menos seis meses, que esses sintomas
devem ocorrer em um grau que represente inadequação ao nível desenvolvido, e
que tais sintomas que produzem comprometimentos surgem até a idade de 07
anos. A partir desta lista de desatenção, seis dos nove itens devem ser
identificados como inadequados ao nível de desenvolvimento. Também se deve
considerar a partir das listas de Hiperatividade e impulsividade combinadas, seis
dos nove itens identificados como inadequados. O tipo de TDAH a ser
diagnosticado depende de satisfazerem-se critérios para a Desatenção,
Hiperatividade-Impulsividade, ou ambos: tipo predominante desatento (TDAH D),
tipo predominantemente hiperativo-impulsivo (TDAH-HI) ou tipo combinado
(TDAH-C).
As questões usadas para fazer o diagnóstico foram selecionadas
principalmente de análises fatoriais de itens de escalas de avaliação de pais e
professores, que já apresentam intercorrelações elevadas entre si e com outras
dimensões assim como para distinguir crianças com TDAH de outros grupos de
crianças.
Segundo Conners (2009), seguindo o DSM-IV (1994) os critérios são seis
ou mais itens dos seguintes sintomas:
1- Desatenção
a) Frequentemente não presta atenção a detalhes ou comete erros por omissão
em atividades escolares, de trabalho ou outras.
b) Com frequência tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades
lúdicas.
c) Com frequência parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra.
d) Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares,
tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de
oposição ou incapacidade de compreender instruções).
e) Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
f) Com frequência evita, demonstra ojeriza ou reluta em envolver-se em tarefas
que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares e deveres de casa).
g).Com freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades
(.ex,brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
h) É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.
i) Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.
2- Hiperatividade
Seis ou mais itens dos sintomas de hiperatividade persistirem pelo período de
06 meses em grau adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento.
a) Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
b) Frequentemente abandona sua cadeira na sala de aula ou outras situações
nas quais se espera que permaneça sentado
c) Frequentemente corre ou escala demais, em situações impróprias (em
adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de
inquietações).
d) Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em
atividades de lazer
f) Está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo
vapor”.
g) Frequentemente fala em demasia
3- Impulsividade
a) Frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido
completamente formuladas
b) Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez
c) Frequentemente interrompe ou se intromete em assuntos alheios (p.ex, em
conversas ou brincadeiras)
Benczink (2000) no manual da escala de Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade afirma que a utilização de escalas e inventários já é consagrada na
literatura internacional, constituindo-se em uma importante tradição durante a
avaliação psicológica e diagnóstica nos casos de Transtorno do Déficit de
Atenção/ Hiperatividade (Barkley, 2008). O seu uso tem mostrado sensibilidade
em estudos controlados e demonstra confiabilidade. Dentro deste processo de
avaliação psicológica tais escalas tornam-se úteis como ferramentas auxiliares no
processo diagnóstico, mas não servem como instrumento isolado. A avaliação
deve ser realizada por uma equipe multiprofissional, cabendo ao médico
neurologista ou na área da psiquiatria, fechar o diagnóstico.
Além dos principais problemas de desatenção, impulsividade e
hiperatividade, as crianças com TDAH, podem apresentar problemas cognitivos,
evolutivos, acadêmicas e mesmo médicos.
Dentre eles, um é o “funcionamento adaptativo”, referindo-se à realidade
das atividades cotidianas exigidas para a suficiência pessoal e social (Barkley
2008). Este comportamento adaptativo via de regra, diz respeito ao
desenvolvimento pela criança de habilidades e capacidades que a ajudem a se
tornarem um indivíduo independente, responsável e cuidadoso consigo mesmo.
Este domínio da auto suficiência envolve: 1-habilidades relacionadas com
cuidados pessoais, 2- habilidades interpessoais, como compartilhamento,
cooperação 3 - habilidades motoras 4-habilidades de comunicação 5-
responsabilidade social.
O desempenho acadêmico é outro fator que esta criança ou adolescente
encontrará dificuldade. Em função disso, percebe-se que a maioria das crianças
com este diagnóstico apresentam mau desempenho escolar (a produtividade do
trabalho em sala de aula) e no desempenho acadêmico (o nível de dificuldade
daquilo que as crianças já aprenderam e dominaram).
Acredita-se que esta característica resulte do comportamento de
desatenção, impulsividade, e inquietação em sala de aula. Segundo Conners
(2009) quando estas crianças chegam a adolescência pode ser difícil diferenciar o
TDAH de outros transtornos porque estão em um estágio de desenvolvimento em
que o risco de depressão e de outras doenças psiquiátricas é maior, havendo
maior probabilidade de acúmulo de transtornos co-mórbidos tais como: o
Transtorno da Ansiedade, Transtorno do humor, Transtorno Desafiador de
Oposição, Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Estes sujeitos que possuem o transtorno do TDAH, tem seus direitos assegurados
em lei e como produtores de sua história, que vem sendo produzida pela forma
como os sujeitos pensam e agem, conservam ou transformam o sentido dado
pelas relações sociais estabelecidas nas interações com o meio e com outros
sujeitos, produzindo idéias e representações, a pessoa com este transtorno ficará
a margem do processo, pois as suas condições de participação não são as
mesmas que outros alunos. Vygostky (1994), em sua teoria enfatiza o papel
da aprendizagem no desenvolvimento do ser humano, considera complexo o
processo, pois nelas estão incluídas inúmeras variáveis, sendo eles: aluno,
professor, contexto escolar, família, concepção teórica, organização curricular
entre outras.
Na concepção de Vygotsky,(1994) entende-se que o desenvolvimento
humano é um processo sócio-histórico, construído nas inter-relações
estabelecidas entre o sujeito e seu contexto e que, a construção do conhecimento
se dá pela mediação do outro. Assim sendo, a rede de relações devem se
estabelecer a partir do diagnóstico do Transtorno, para que haja compreensão
deste indivíduo em todas as dimensões, estabelecendo as contradições, pois
nenhum ser humano é igual ao outro, portanto necessita ser visto na sua
totalidade e desta forma engendrar novas alternativas e estratégias de superação.
Segundo Goldstein (2000), uma das alternativas é o tratamento coordenado
entre os profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica em conjunto
com os pais. Esta combinação de tratamento que devem ser oferecidos por
diversas fontes é denominada de intervenção multiprofissional. Um tratamento
com este tipo de abordagem inclui:
• Treinamento dos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e o
desenvolvimento de estratégias de controle efetivo do comportamento
• Um programa pedagógico adequado.
• Aconselhamento individual e familiar, quando necessário, para evitar o
aumento de conflitos na família.
• Uso de medicação, quando necessário.
Mattos (2008) afirma que os medicamentos mais utilizados para controle do
TDAH são os estimulantes; 70% a 80% das crianças e dos adultos com TDAH
apresentam resposta positiva. Este tipo de medicamento é considerado
“performance enhancer” (reforçador de desempenho). Portanto, eles podem, até
certo ponto, estimular a performance de todas as pessoas. Mas em razão do
problema específico que apresentam, crianças com TDAH demonstram melhora
significativa, com redução do comportamento impulsivo e hiperativo e aumento da
capacidade de atenção. Desta forma, para identificar a realidade em que se
encontra este aluno, se faz necessário à utilização de procedimentos adequados
existentes a cada caso, assim como analisar os fatores que determinam o
aprender e o não aprender, no contexto escolar. É necessário que haja
conhecimento e compreensão do assunto e, portanto, recursos avaliativos para a
identificação das necessidades individuais desta pessoa para assegurar-lhes a
aprendizagem.
Segundo Vygotsky (1994), na prática educacional da escola a avaliação
não deve ser utilizada apenas como instrumento de classificação e seleção, mas
com o objetivo de superação e emancipação humana.
Arroyo (1994) diz que a escola nos permite ver os educandos como centro
da ação educativa. Sendo eles o centro as variáveis desde aprender deve-se levar
em consideração não só as lógicas dos complexos mentais, e sociais mas
também respeito aos tempos escolares, revendo toda a organização pedagógica
, tendo os alunos como sujeitos deste referencial.
Enfim, que a estrutura da escola e do sistema traduza os avanços havidos
na concepção do direito à educação básica como direito humano de pessoas
concretas com suas trajetórias humanas, Se respeitarmos os tempos de vida
escolares dos educandos, não é tudo, mas ao menos poderá significar um avanço
na direção de reconhecer a urgência em construir referenciais mais humanos,
mais democráticos e que respeitem a diversidade.
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