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Merleau-Ponty quer desfazer uma oposio enganosa, quer nos livrar do dualismo entre

arte clssica e arte moderna. O artista, o pintor, da arte clssica est preocupado apenas
em corresponder s regras que lhes so dadas pela prpria natureza. Seu objetivo
apenas pintar a perfeio, dar a ns um espetculo para os olhos. O artista moderno, por
outro lado, tem por fim apenas exprimir a si mesmo, sua singularidade e originalidade.
Quando a pintura deixa o servio da f e da beleza, torna-se um culto do indivduo; tal
seria, conforme Merleau-Ponty, a anlise de Andr Malraux.
O artista clssico procura a perfeio da natureza, enquanto que o artista moderno
apresenta como obra pequenos esboos, obras incompletas. Merleau-Ponty diz que isso
pode significar duas coisas: que houve renncia obra e s procuram o imediato, ou que
a obra objetiva, feita de modo convincente para os sentidos, deixou de significar a obra
em seu acabamento, porque doravante a expresso vai do homem para o homem
atravs do mundo comum que vivem, sem passar pelo campo annimo dos sentidos ou
da Natureza (Merleau-Ponty, p. 52). obra aquela que atinge seu espectador.
No h mais natureza a que se curvar. No h uma natureza preestabelecida como
medida e mediao. O problema da pintura moderna, para Merleau-Ponty, no o da
volta ao indivduo, mas se a comunicao possvel sem essa natureza preestabelecida,
de que modo estamos entranhados no universal pelo que temos de mais pessoal
(Merleau-Ponty, p. 53).
Como que o pintor comea a falar a sua prpria lngua? No sozinho. Da mesma
maneira que uma palavra no se compreende sozinha, um pintor, ou escritor, no
apreende sozinho. Merleau-Ponty diz que o pintor no pe no quadro seu si mesmo
imediato, pe o seu sentir, que deve conquistar no confronto com outros pintores e
consigo mesmo. O artista adquire nos outros significao. Quando chega a esse ponto,
sua vida perdeu a inerncia e se torna um meio universal de compreender e fazer
compreender.
O pintor compreende o mundo e faz compreender. Ele no se reduz a seu estilo, coisa
que ele pouco percebe em si mesmo. O fato de que no h modelo exterior pintura no
faz o pintor considerar o estilo um fim e que ele deve, agora, estilizar. Na verdade, a
percepo j estiliza. O olhar do pintor reorganiza o mundo, impondo uma deformao
coerente na qual j se decide uma significao, como o quadro exprime uma angustia,
quando angstia feita coisa.

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