Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
CONSERVAÇÃO DO SOLO∗
S.V. CIRIACY-WANTRUP
Universidade da Califórnia
∗
Artigo apresentado no encontro anual da Associação Americana Econômica da
Fazenda, Green Lake, Wisconsin em 9 de Setembro de 1947. Artigo No. 122
Giannini Fundação de Economia Agrária.
1
Pouco precisa ser dito sobre o significado econômico de conservação do solo
em geral, e do estado ideal de conservação. Este significado tem sido discutido
em vários artigos recentes (S. V. Ciriacy-Wantrup: “Empreendimento e
Conservação Privados do Solo,” Este Journal, Vol. XXIV. No. 1, February 1942.
“Impostos e a Conservação de Recursos”, Quarterly Journal of Economics, Vol.
LVIII, February 1944. “Conservação de Recursos e Estabilidade Econômica,”
Quarterly Journal of Economics, Vol. LX. May 1946). Conservação e
esgotamento se referem às mudanças físicas na distribuição de tempo das taxas
de uso dos recursos individuais. Conservação não implica em eficiência,
esgotamento ou desperdício. Ambos podem ser desperdiçados. Desperdício de
recursos pode significar somente que o fluxo de valor líquido da utilização não é
maximizado. Alguns dos problemas encontrados na forma de maximização da
presente discussão.
1181
investimentos em mão-de-obra e maquinário para construção, o
gasto de material para preparação de mercado distribuidor
apropriado, despesas de manutenção e reparo ao longo dos anos,
variações de tamanho e disposição das áreas cultivadas, mudanças
nos métodos de cultivo e colheita, mudanças nos resultados da
produção, nos riscos, e, possivelmente, outras alterações. Sob tais
condições o valor real do fluxo adicional total de custos causados
por uma certa prática é comparado com o valor real do fluxo
adicional total de rendimentos.2 Por definição, a diferença entre
estes dois valores reais (ou seja, rendimentos líquidos reais) é
idêntica aos retornos de capital das práticas de conservação do solo
sob consideração. Os retornos de capital podem ser positivos,
negativos ou nulos. Embora ninguém possa determinar o estado
ideal de conservação nesse sentido, salvo por acidente, a modesta
porém prática meta de melhoramento do estado atual de
conservação, pode ser alcançada de forma efetiva.
2
O presente valor é do fluxo de soma de valores positivos e negativos estendidos
ao longo do tempo, cada valor ocorrido em algum momento (para curto, valor
corrente) ser descontado no momento/instante no qual uma decisão planejada é
tomada.
3
O problema de medidas diferentes na distribuição tem sido discutido em: S. V.
Ciriacy-Wantrup. “Impostos e as Pesquisas de Conservação.” Quarterly Journal
of Economics, op. cit.
1182
rendimentos por meio de toda a vida econômica das estruturas.
Pode ser de valia, observar que a vida econômica não é
frequentemente dada pelas condições tecnológicas, sendo uma
variável que é determinada pela maximização dos retornos de
capital oriundos da prática de conservação sob consideração. Por
exemplo, o uso de uma represa para estocar água pode ser
estendido indefinidamente por despesas com manutenção para
reduzir a sedimentação e remoção de sedimentos. Tais despesas,
contudo, podem se tornar anti-econômicas em uma certa data se
comparadas com outras alternativas, tais como a construção de uma
nova represa ou os cuidados com sedimentos ao longo da
correnteza (isto é, usar a velha estrutura simplesmente como uma
represa de controle). Às vezes, porém uma vida econômica máxima
é dada e é economicamente relevante no planejamento4. Isto seria
verdade com um arrendatário que planeja se mudar para uma outra
fazenda quando o seu arrendamento termina e que não recebe
compensação pela vida útil (não vencida) de uma prática de
conservação. Para ele a vida econômica ideal de uma prática de
conservação não poderia ser mais longa do que a duração do seu
arrendamento.
4
Economicamente relevante significa que uma dada vida máxima é menor do
que a vida econômica ideal.
5
Por exemplo, o Decreto Federal de Controle de Inundação de 22 de junho, 1936
(Publicação No. 738, 74º Congresso) emprega a frase “a quem quer que elas
possam caber”.
1183
não-empresarial com a empresa sob discussão – por exemplo, como
proprietários, credores ou trabalhadores6. A incidência de uma
terceira porção de rendimentos e custos privados recai sobre
indivíduos sob condições onde existam ligações inter-empresariais;
tais ligações podem ocorrer na conservação do solo por meio do
movimento de água e entulhos morro abaixo, por meio de
incêndios e escavações morro acima e pela dispersão de insetos e
pragas. A incidência de rendimentos e custos públicos pode recair
em propriedade pública – por exemplo, estradas e reservatórios –
ou pode ser tão difundida por meio do corpo político que não pode
ser apurada individualmente – por exemplo, se efeitos na
estabilidade, segurança social e defesa nacional estiverem
envolvidos; a primeira pode ser chamada de fiscal e a última de
rendimentos e custos coletivos.
A importância da incidência de fluxo de rendimentos e
custos para avaliação privada de retornos de capital oriundos de
práticas de conservação de solo é grande. Tais retornos podem ser
bastante diferentes dos pontos de vista do operador da fazenda, do
seu proprietário e de seu credor. Diferenças semelhantes entre
retornos ocorrem se houver tais conexões inter-empresariais, como
foi mencionado acima. Os resultados são diferenças no grau e tipo
de práticas de conservação de solo que indivíduos privados podem
pagar, por um lado, e que, sejam socialmente desejáveis pelo outro.
Esta situação é uma das maiores razões para as políticas públicas
de conservação.
Na avaliação pública, todas as porções de rendimentos e
custos sociais oriundos de práticas de conservação de solo são de
igual importância; mas, para a implementação e a técnica de
política de conservação a distinção entre diferentes porções de
rendimentos e custos sociais de acordo com a incidência é
relevante. Por exemplo, a fim de induzir uma consideração
adequada (no sentido de destinação como se fosse para avaliação
social) de rendimentos e custos empresariais, a educação pode ser
suficiente; ou a assistência pública para resolver imperfeições
institucionais na adaptabilidade de gerenciamento, capital, mão-de-
obra e a terra pode ser desejável. Consideração apropriada de
rendimentos e custos privados não-empresariais pode
freqüentemente ser induzida por aplicações e melhoramentos mais
vigorosos das leis de propriedade e arrendamento existentes. Para
consideração apropriada de rendimentos e custos públicos,
6
O interesse de proprietários e credores na conservação é geralmente
reconhecido. No entanto, o interesse do trabalhador na conservação
frequentemente não é menor. O trabalhador não é perfeitamente móvel. A
conservação pode afetar a segurança do emprego (trabalhadores atados em áreas
de florestas que não estão sob um gerenciamento de rendimento contínuo são um
exemplo), as condições de moradia (onde a moradia é temporária por causa do
esgotamento dos recursos como em algumas áreas de mineração), a saúde e
conforto pessoal (através de tempestades de poeira, poluição da água e
deterioração dos recursos ambientais).
1184
subsídios ou propriedade e gerenciamento totalmente públicos são
normalmente necessários. Isto é especialmente verdadeiro para
rendimentos e custos coletivos.
O interesse público é, às vezes, definido de tal maneira a
excluir o interesse empresarial. Diz-se que o interesse público não
está envolvido se os rendimentos e custos empresariais formarem
uma parte importante dos rendimentos e custos sociais. Isto é
verdadeiro para muitas práticas de conservação do solo em terra
particular. De acordo com esta visão, tais práticas de conservação
do solo não deveriam ser subsidiadas. Podemos perguntar, quando
é que o interesse público está envolvido? Se um, dez ou vinte por
cento dos rendimentos e custos sociais forem não-empresariais? Se
uma, dez ou vinte pessoas estiverem envolvidas além do agente de
planejamento? Procedimentos altamente arbitrários podem ser
adotados para resolver esta dificuldade. O W.P.A. (Administração
de Projetos de Trabalho), por exemplo, adotou uma regra
administrativa geral com o propósito de que no mínimo vinte
pessoas deveriam aprovar os benefícios de um projeto público
antes que ele pudesse ser aprovado.
A solução desta dificuldade já foi sugerida. Sob nossa
suposição com relação ao sistema dado de valores, o interesse
público está igualmente envolvido em todas as partes dos
rendimentos e custos sociais. Todavia, as técnicas de proteção do
interesse público podem variar em relação a diferentes partes, e,
dentro destas partes, em relação às causas de destinações
inapropriadas. O mero fato de rendimentos e custos sociais serem,
também, altamente empresariais, não descarta o interesse público
em práticas de conservação do solo em terras privadas. Por outro
lado, subsídios podem não ser socialmente desejável, mesmo se
uma parte substancial dos rendimentos e custos sociais forem não-
empresariais.
Se subsídios públicos para práticas de conservação do solo
devem ser dados a propriedades privadas em casos onde a maioria
dos custos e rendimentos são empresariais, os critérios seguintes
devem ser aplicados: primeiramente, deve-se perguntar se os
subsídios são ferramentas econômicas para melhorar o estado de
conservação (considerando, naturalmente, custos de
administração)? Ou, as ferramentas alternativas – por exemplo, nos
campos de educação, taxação e regulação – são mais econômicas?
Segundo, assumindo que o subsídio seja a ferramenta mais
econômica, os rendimentos líquidos sociais resultantes seriam
maiores do que se a mesma soma de dinheiro público fosse
empregada em campos alternativos? O economista não está
isentado de pensar sobre estes critérios pelo fato de que as regras
que dizem respeito aos mesmos são, às vezes, estabelecidas por
precedentes ou pela lei.
Nas economias de conservação, valores são classificados
como onsite e offsite, como direto e indireto, como temporário e
1185
permanente, e como objetivo e subjetivo. Estas e outras classes de
valores são construídas com o objetivo de prescrever prioridades de
avaliação no cálculo da relação custo/benefício de projetos
públicos. As classes em si não são claramente definidas. Além
disso, nos critérios de classificação, o problema de incidência é
acompanhado pelo problema da abrangência dos fluxos de renda e
custo – isso é, com a existência de valores de mercado-extra
(frequentemente chamado de “intangível”). Vamos lidar agora com
esse último problema.
7
A respeito dessas condições ver S. V. Ciriacy-Wantrup, “Private Enterprise and
Conservation”.
1186
do estado atual de conservação. Porém, para a avaliação objetiva de
retornos de capital, tais valores subjetivos não são acessíveis nem
relevantes.8 Procedimentos relevantes para a avaliação objetiva de
mercadorias de mercado-extra em política pública podem ser
chamados de avaliação administrativa.9
Pode-se diferenciar dois níveis de avaliação administrativa
na base do refinamento quantitativo experimentado. No primeiro
nível, tenta-se obter expressões monetárias para unidades ou para
mercadorias de mercado-extra. No cálculo de retornos de capital
oriundos de práticas de conservação de solo, os resultados podem
ser tratados da mesma forma que os valores de mercado. No
segundo nível, sem tentar uma expressão monetária quantitativa,
um certo fluxo de rendimentos do mercado-extra é melhor
classificado do que os fluxos possíveis de custo. Neste caso,
calcular os retornos de capital a partir das práticas de conservação
de solo não tem sentido. A questão econômica está selecionando
aquelas práticas de conservação de solo que produz o fluxo de
rendimento com o mínimo possível de custos.
O segundo nível de avaliação administrativa é mais comum
se um objetivo mínimo ou padrão é significante para a política
pública. Tais padrões são usados, por exemplo, em decisões
referentes ao montante fornecido de segurança interna, saúde
pública, e segurança pública (contra fogo e acidentes). Estes
padrões podem variar ao longo do tempo. Padrões mínimos de
conservação do solo são também justificados socialmente e
possíveis na prática. A consideração de tais padrões é interessante e
importante, não cabe à discussão de retornos de capital.
No primeiro nível – o quantitativo, a avaliação
administrativa pode, com freqüência, utilizar valores de mercado
como ponto de partida e referência. Tribunais, comissões de
utilidade pública e órgãos semelhantes, freqüentemente operam
8
Poderíamos falar por cada indivíduo dos “retornos subjetivos de capital” vindo
de práticas de conservação do solo. Porém tal terminologia seria confusa e irreal.
Por meio de observação e indagação pode ser estabelecido que agentes de
planejamento se interem de suas preferências em relação às mercadorias de
mercado-extra e cheguem a resultados definitivos em relação ao ideal de práticas
alternativas de conservação do solo. Contudo, nenhum propósito útil se obtém
nomeando estes resultados de “retornos de capital”. Em política pública, por
outro lado, é necessário obter uma medida objetiva para comparar custos e
rendimentos de mercado-extra.
9
O termo avaliação coletiva, o qual ocorre na mesma relação (H. D. Dickinson,
Economics of Socialism. Oxford University Press, Oxford, 1939, 262 p.) não é
empregado aqui porque a avaliação de mercado também está num sentido, e
porque o mesmo termo usado acima em conjunção com rendimentos e custos
poderia levar a uma confusão. O termo preço administrativo, no sentido de um
preço resultante da avaliação administrativa, não tem relação com o termo preço
administrado, o qual tem sido usado para descrever a rigidez dos preços sob
competição injusta.
1187
com esta base. Na conservação do solo, muitos rendimentos e
custos de mercado-extra podem ser avaliados desta forma. Por
exemplo, a redução de sedimentação nos reservatórios, a poluição
de rios, a degradação de recursos estéticos e cênicos podem ser
avaliadas como de grande amplitude, caso forem utilizados valores
de mercado em cálculos auxiliares. O tipo particular de cálculo
auxiliar que é empregado varia muito com diferentes problemas.
Discussões de muitos tipos que tem sido usados nos conduziriam
ao afastamento do assunto em questão.
Em vez de usar valores de mercado em cálculos auxiliares,
os critérios de mercado – chamados de igualdade de oferta e
procura, podem ser usados na avaliação administrativa, no primeiro
nível. Os estudantes de economia socialista têm dado atenção
considerável à avaliação pelo método da tentativa e erro. Este tipo
de avaliação administrativa é bem aceito para o mercado
individual, mas não para o mercado de mercadorias coletivas.
Mercadorias de mercado-extra individual podem ser consumidas
individualmente e em porções pequenas. Exemplos – são a
recreação em parques públicos e campos de esporte.
O mesmo tipo de avaliação administrativa pode ser útil para
mercadorias individuais que estão, no momento, avaliadas no
mercado sob formas de mercado que não levam ao equilíbrio (tais
como oligopólio e monopólio bilateral) e sob formas de mercado
que embora levem ao equilíbrio são socialmente indesejáveis (tais
como o monopólio unilateral e a competição monopolística). Este
ponto merece ser mencionado aqui porque essa condição se aplica
aos fundos de capital de mercado e à determinação dos juros. Não
há razão para que a avaliação no primeiro nível não possa ser
aplicada às taxas de juros. Aqui também, as taxas de mercado
existentes podem ser usadas como referência; ou então, critérios
estabilizadores – por exemplo, preços estáveis ou aplicação
completa – podem ser escolhidos.
1188
como pode-se obter programas de demanda para mercadorias
coletivas de mercado-extra?
Na amostragem de indivíduos ou de um grupo social pode-
se perguntar que preço em dinheiro eles desejam pagar por
quantidades adicionais sucessivas de uma mercadoria coletiva de
mercado-extra. As escolhas oferecidas relacionam-se às
quantidades consumidas por todos os membros de um grupo social.
Se o grupo interrogado é uma amostra, e somente uma amostra é
utilizada, o programa mortal da amostra é obtida e cada ponto nesse
programa é então multiplicado pelo número de indivíduos de todo o
grupo social que está sendo investigado.10 Se cada indivíduo de
todo o grupo social é interrogado, todos os valores individuais (não
as quantidades) são acrescentados.11 Os resultados correspondem
ao programa de demanda do mercado. Para propósitos de política
pública esse programa deve ser considerado como um programa de
renda social marginal. Em combinação com o programa de custo
correspondente pode-se determinar o fornecimento da mercadoria
de mercado-extra socialmente desejável.
Várias objeções a este procedimento de avaliação podem ser
consideradas:
Primeiro, pode-se afirmar que as quantidades de
mercadorias do mercado-extra coletivo são caracterizadas pelo
volume, e que, programas marginais não podem ser obtidas por
essa razão. O problema de volume não é de forma alguma peculiar
para mercadorias de mercado coletivas. Já foi sugerido que em
aproximações práticas à idealização teórica, são utilizados
adicionais totais ao invés de valores quantidades marginais. Não
pode ser negado, por outro lado, que é difícil definir quantidades de
mercadorias coletivas de mercado-extra – não obstante o seu
volume. Se não puderem ser encontradas quantidades físicas
adequadas, custos podem servir; por exemplo, pode-se medir a
conservação adicional em termos de apropriações consensual para
este objetivo. Neste caso tem que ser considerado que decisões a
respeito de prioridades ao esforço de conservação são deixadas
para as autoridades administrativas adequadas. Assim, o propósito
de tais apropriações em termos de quantidades físicas tem que ser
explicado aos eleitores para capacitá-los a fazerem escolhas
significativas.
Segundo, pode-se afirmar que as expectativas de incidência
10
A seleção de uma amostra ou amostras e de um programa modal levanta um
número de problemas estatísticos interessantes que não podem ser discutidos
aqui.
11
No caso de mercadorias individuais de marcado-extra (em contraste às
coletivas) a escala de quantidade de programas individuais de demanda
relacionam-se com unidades individuais da mercadoria. A fim de obter o
programa de demanda total (programa de rendimento social marginal), valores
são adicionados. No caso discutido no texto, os valores são adicionados.
1189
de custos na forma de taxas enviesara as respostas às perguntas. Por
meio da educação, design de questionários ou entrevistas
adequados, pareceria possível manter estas influências potenciais
menores. Vigilância contra este tipo de influência é uma
necessidade comum a todos os questionários de recenseamento que
tratam de pagamento ou renda.
Terceiro, pode-se afirmar que os programas marginais de
rendimento social obtidos da forma sugerida não pode ser usado
pois não foram consideradas outras mercadorias de mercado e a
utilidade marginal do dinheiro não costuma manter-se constante.
Estas objeções também se aplicam ao uso programas para a análise
de mercado. Falando estritamente, todos os bens de mercado e de
mercado-extra estão inter-relacionados por causa da
complementaridade ou competitividade do uso ou produção e por
causa do lucro monetário limitado. Teoricamente pode-se obter,
pela investigação, funções de rendimento social marginal para
qualquer número de variáveis; variações na utilidade marginal do
dinheiro também podem ser medidas e contabilizadas. Na realidade
econômica, a política pública deve normalmente ser capaz de lidar
com um produto de mercado-extra em um dado momento e assumir
que as variações na utilidade marginal do dinheiro são de pouca
significância.
Por fim, o método proposto de avaliação de programas
marginais de rendimento social das mercadorias do mercado-extra
coletivo pode ser rejeitada como sendo demasiadamente
acadêmica. É claro que é verdade que o fornecimento de
mercadorias do mercado-extra coletivo não é freqüentemente
determinado pela avaliação monetária, mas pelo comando de um
autocrata pela vontade de uma minoria poderosa ou por outros
fatores institucionais e políticos. Isto não significa, no entanto, que,
em uma democracia, a avaliação não poderia auxiliar o governo a
tomar decisões. Nota-se que o procedimento destacado pode ser
usado para ajudar em ambos os níveis de avaliação administrativa.
Pesquisas e votação podem ser usadas para determinação
quantitativa, bem como para a graduação de valores. Progresso
considerável tem sido feito recentemente na produção e avaliação
de investigações de grupo por questionário e entrevista. Até agora,
os economistas tem feito pouco uso desse progresso no campo da
psicologia individual e social. Economia de bem-estar pode ser
colocada em uma base mais realista se uma cooperação mais
estreita entre economias e certas ramificações jovens da psicologia
aplicada fosse estabelecida.
12
Raramente precisa ser mencionado que igualdade de oportunidade econômica
não necessariamente significa igualdade de renda. Da mesma forma que
igualdade de direitos políticos não significa direitos iguais de voto para todos.
Até as democracias mais liberais excluem certas classes etárias de votar.
1191
nos temos dessa afirmação, qualquer desvio de igualdade política e
econômica, no sentido supracitado, resultaria em distorções do
sistema de valores e conseqüentemente dos retornos de capital
oriundos das práticas de conservação do solo. Em outras palavras,
mesmo se os fluxos de custos e rendimentos fossem abrangentes –
o que não são – a validez dos retornos de capital como um
princípio de direção para a política de conservação ainda seria
restrita. Pode até ser argumentado que deveria ser um objetivo da
política de conservação a compensação pelos efeitos de distorções
dos retornos de capital no estado de conservação. O que estes
efeitos são e, conseqüentemente, que ação compensativa é
requerida, não faz parte desta discussão. A sua menção é feita
meramente para indicar uma possibilidade de influência se a
política de conservação está baseada nos retornos de capital.
1192
de rendimentos de fazendas que não foram tão reorganizadas.
Refere-se à reorganização como um “plano completo de
conservação” e abrange normalmente um grande número de
mudanças em práticas individuais. Algumas destas mudanças
podem resultar na conservação, outras não. Uma atenção pequena é
dada ao número e à caracterização – seja conservadora, depredante
ou neutra – das práticas individuais.
Três modificações desta abordagem estão em uso. Primeiro,
rendimentos líquidos são comparados na mesma fazenda antes e
depois da reorganização. Segundo, rendimentos líquidos nas
fazendas reorganizadas são comparados com aqueles de fazendas
que não sofreram reorganização. Terceiro, rendimentos líquidos
são derivados de receitas de fazenda nas quais os efeitos de
reorganização são avaliados hipoteticamente. Conseqüentemente,
tem se tornado prática usual diferenciar entre fazendas em
conservação de um lado e fazendas sem conservação de outro. As
vezes, um sistema complicado de pontuação é usado para
classificar as fazendas nestas duas classes e diferenciá-las entre
graus de conservação. Qual é a importância analítica e prática desta
abordagem?
É importante que todas as operações da fazenda estejam
interrelacionadas pela doutrina de gestão de fazendas. A principal
razão é a importância dos custos conjuntos na agricultura; este
problema foi discutido com detalhes em outros textos.13 Resulta
desta doutrina que toda mudança em práticas tem que ser traçada
cuidadosamente nos seus efeitos na fazenda inteira. Não se deduz,
contudo, que mais do que uma mudança nas práticas deveria ser
considerada ao mesmo tempo. Ao contrário, todo esforço deveria
ser feito para manter outras práticas, tanto quanto possível,
constantes na dedução dos efeitos de uma mudança em uma
prática. Isto é especialmente verdade caso uma modificação em
uma só prática envolva variações em muitos serviços produtivos e
conduza a mudanças complexas de fluxos de rendimentos e custos.
Foi enfatizado acima que tais complexidades normalmente surgem
no caso de práticas de conservação de solo. A abordagem sob
discussão multiplica as dificuldades de dedução dos efeitos da
prática de conservação do solo – dificuldades que são apreciáveis
em qualquer evento. Além do mais, a abordagem pode ter
resultados bem enganosos. Isto acontece se práticas de conservação
alteram-se simultaneamente com práticas neutras em relação à
conservação – ou até depredantes. Sob tais condições, a
“lucrabilidade” de um “plano completo de conservação” pode
existir devido à outra prática que não seja a de conservação.
Opostoamente, práticas de conservação rentáveis podem ser
13
S. V. Ciriacy-Wantrup, “Economias de Custos Conjuntos em Agricultura.”
This Journal, Vol. 23, No. 4, November 1941, pp. 771 – 818.
1193
descartadas por serem abordadas em conjunto com outras práticas
improdutivas.
A omissão anterior ao requerimento de que “outras coisas
sejam iguais” está mais sujeita as objeções que algumas outras
dificuldades de abordagem sob discussão. Períodos diferentes de
tempo, fazendas diferentes, gerentes diferentes, condições
econômicas e físicas diferentes, julgamento pessoal de investigador
que gradua a conservação constrói receitas estão envolvidas nas
comparações entre fazendas em conservação e fazendas sem
conservação. Na prática, mudanças de variáveis conectadas com
estes últimos fatores não podem ser evitadas e tem que ser, tão
longe quanto possível, levadas em conta e corrigidas. Por outro
lado, mudanças simultâneas deliberadas em mais de uma prática
levam a complicações desnecessárias e influências perigosas.
Os efeitos de um “plano completo de conservação” nos
rendimentos líquidos de fazendas em conservação, comparados
com aquelas fazendas sem a prática de conservação, prova que
melhorias na organização de fazenda são rentáveis. Isto, claro, não
pode ser negado. Prova de que tal uso prático e analítico é um
resultado certo? O resultado diz ao fazendeiro qual prática de
conservação do solo, dentre um número de alternativas, seria
proveitosa para sua fazenda em particular? O resultado diz a ele
com que intensidade ele deveria usar uma certa prática de
conservação do solo? O resultado dá a ele informação sobre
modificações rentáveis sobre uma certa prática sob condições
diferentes de clima, declive, solo e vegetação? Os políticos têm
uma base analítica pronta para avaliar o fluxo de custos e
rendimentos sociais vindos da conservação do solo? Os operadores,
proprietários e credores tornam-se conscientes de como diferentes
práticas de conservação do solo afetam seus diferentes interesses
em uma fazenda particular? Eu creio que todas estas perguntas têm
que ser respondidas na negativa.
1194
solo são uma má gestão da fazenda. Fazendeiros são bons
observadores e tirarão suas próprias conclusões indiferentes aos
esforços educacionais.
A partir de seu início, no último quarto do século XIX, a
conservação freqüentemente tem sido identificada com idéias e
objetivos não necessariamente em harmonia com ela. Em um
momento foi “quebra de controle de monopólio sobre recursos”,
em outro foi “eliminar gastos de competição na utilização dos
recursos”. Antes da última guerra algumas plantações foram
estigmatizadas como depredadoras do solo e penalidades (como
deduções da AAA – Associação de Regulamentação Agrícola –
pagamentos de benefícios) impostas aos seus cultivos. Até 1941 o
milho plantado para silagem, beterrabas, sorgos, amendoins,
batatas, verduras, plantações de vegetais, campos de feijão, ervilha,
soja colhida para semente, fibra de linho, entre outros, foram
oficialmente classificados como esgotadores do solo.14 Algumas
destas plantações são valorosas para a conservação do solo, sob
certas condições, elas podem servir como uma base para a
economia de granja e animais domésticos favorecendo a
diversificação; podem ser úteis para erradicar ervas daninhas por
meio do cultivo em fileiras e efeitos de proteção (quebra-luz,
sombreado); elas podem aumentar a absorção de água por meio de
suas necessidades de arar a terra com sucos profundos e podem ser
fortemente fertilizadas sem perigo de alojamento (do fertilizante na
terra). A conclusão parece garantir que outros objetivos diferentes
da conservação – por exemplo, manutenção da paridade de preço –
foram responsáveis pela identificação da conservação com uma
redução no tamanho destas plantações.15 Poderia ser que algum
objetivo, não necessariamente no interesse da conservação, está por
trás da recente identificação de conservação e boa gestão da
fazenda?
O que o fazendeiro deve pensar sobre estas identificações
em mudança sobre a conservação? Alguns dos melhores
fazendeiros têm se tornado, de fato, descrentes sobre o uso oficial
da palavra conservação. Cada vez mais, eles têm aprendido a se
relacionar com a conservação como um termo diferente para um
subsídio geral para a agricultura, ou meramente como um
dispositivo para obter alguma coisa gratuita do governo. Esta
atitude é bastante compreensível se for dado uma olhada na
terminologia oficial no passado. Esta atitude é incompreensível se
olharmos para a terminologia oficial do passado. Esta atitude
mudará se aos fazendeiros é dito que a conservação do solo é
meramente o bom manejo da fazenda? Educação, como nós a
14
Veja U. S. Agricultural Adjustment Administration: 1941 Agricultural
Conservation Program Bulletin. Washington, Govt. Print. Off., 1941, pp. 33 – 85
ACP – 1941.
15
Depois de Pear Harbor, pouco foi dito oficialmente sobre culturas/lavouras
depredadoras de solo, e muitas destas mesmas lavouras foram subsidiadas.
1195
entendemos, significa alargar as bases de julgamento independente
daqueles que devem ser educados. Avaliado por esta medida, o
trabalho econômico do Serviço de Conservação do Solo não tem
sido do mesmo nível como seu trabalho na tecnologia de
conservação do solo e sua aplicação por meio dos Distritos de
Conservação do Solo. Aqueles que educam são freqüentemente
influenciados por os que lhes ensinam. Desta forma a pesquisa
também é afetada. A pesquisa econômica patrocinada pelo Serviço
de Conservação do Solo tem sido desviada de uma interpretação e
análise econômica diligente de dados tecnológicos disponíveis e
tem sido direcionada a uma tentativa de provar que a conservação
do solo “por si só” é rentável para os fazendeiros. Esta análise não
pode ser mal-compreendida: não deveria ser concluído que a
pesquisa econômica em conservação deveria ser reduzida. Ao
contrário, crê-se que no presente momento investimentos maiores
em pesquisa econômica são de necessidade soberana no campo da
conservação.
DISCUSSÃO*
Aaron G. Nelson
Administração de Crédito de Fazendas de Omaha
1199
DISCUSSÃO
HORAGE G. PORTER
Banco da Reserva Federal de Richmond
1202
Como citar este artigo:
1203