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( Texto escrito por Alisson Rocha da Silva1. Encontra-se disponível para visualização em:
http://alissonconsultoria.blogspot.com/2009/10/o-mercado-brasileiro-de-autoveiculos.html )
RESUMO
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Alisson Rocha da Silva é Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Dúvidas,
sugestões, etc., podem ser enviadas para o e-mail alisson.consultoria@gmail.com
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O termo autoveículos engloba automóveis, veículos comerciais leves (caminhonetes de uso misto, utilitários e
caminhonetes de carga) e veículos comerciais pesados (caminhões e ônibus). Os valores aqui tratados
correspondem às vendas de autoveículos nacionais ao mercado interno. Fonte: Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Site na web: www.anfavea.com.br
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Leia-se “elasticidade renda”, e não “elasticidade menos renda”.
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1 – O mercado brasileiro de autoveículos: forte expansão dos anos recentes.
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No período entre dezembro de 2002 e maio de 2009 as operações de crédito do sistema
financeiro aos setores público e privado, em relação ao PIB, subiram de 24,21% para 43,18%.
O PIB, por sua vez, teve um crescimento acumulado de aproximadamente 27% para o mesmo
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período. Já a meta da taxa de juros Selic foi reduzida de 25,00% ao ano para 10,25% ao ano.
Poucos setores no Brasil se beneficiaram tanto do “tripé” aumento da renda+expansão do
crédito+redução da taxa de juros quanto à indústria automobilística. Este comportamento é
explicitado pelo gráfico abaixo:
* valores em unidades.
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da ANFAVEA.
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Fonte: Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Moeda e Crédito (BCB Boletim/Moeda). Site na web:
www.bacen.gov.br
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A taxa Selic corresponde à taxa básica de juros da economia. Grosso modo, seria a taxa de juros média que o
governo paga aos bancos que lhe emprestam dinheiro.
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No último semestre de 2008, particularmente no último trimestre, houve uma grave crise financeira mundial.
Esta crise se espalhou dos mercados financeiros para os demais setores da economia, mergulhando o mundo em
uma das piores recessões desde a crise de 1929. A queda da renda, do emprego e a restrição ao mercado de
crédito provocaram uma forte redução nas vendas de veículos no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
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impostos sobre a produção de veículos. Essa medida provocou uma queda imediata nos
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preços e foi um fator importante para a retomada do crescimento da indústria automobilística
rumo aos patamares recordes de vendas que existiam antes da crise.
Será que essa recuperação irá se sustentar pelos próximos anos? Qual é o potencial de
crescimento do mercado brasileiro de autoveículos? Abordaremos essa questão na seção (2),
a seguir.
Quando o resultado deste cálculo é maior do que um, a variável é classificada como
renda-elástica, significando que ela possui grande sensibilidade em relação a variações na
renda. Por exemplo: um aumento de 10% na renda implicará em um aumento maior do que
10% no consumo de um bem renda-elástico. O outro lado é que uma queda de 10% na renda
provocará uma redução maior do que 10% no consumo do bem renda-elástico.
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Outros fatores também ajudaram esta retomada como, por exemplo, a “reabertura” do mercado de crédito para
o financiamento de veículos e a redução menor do que a esperada no nível de emprego e renda.
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Utilizando os dados do setor automobilístico brasileiro, estimamos a elasticidade-renda
da demanda por autoveículos como se situando entre 1,56 e 2,87, com valor médio de 2,22.
Assim as vendas tendem a crescer mais do que o crescimento do PIB, porém, diminuem mais
do que a redução do PIB em momentos de recessão. Pelo fato da compra de um veículo sofrer
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outras influências pode ser que em alguns anos a renda caia e a venda suba, ou vice-versa.
Isso fica visível observando-se o gráfico (2):
O gráfico acima possui uma área cinza que corresponde àquela na qual a variação das
vendas de autoveículos tem o mesmo sinal da variação do Produto Interno Bruto, isto é,
quando um varia positivamente o outro também irá variar positivamente e quando um varia
negativamente o outro também irá variar negativamente. De fato é o que ocorre na maior parte
das vezes, pois os pontos de dispersão – representados pelas “cruzes vermelhas” – caem
quase sempre na área cinza. Porém, como já foi alertado que outros fatores além do
crescimento da renda (aqui representado pelo PIB) afetam a venda de veículos, existem as
“cruzes vermelhas” que se localizam na área branca e sinalizam os anos nos quais as variáveis
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tiveram sinais distintos . A reta azul é uma reta de ajuste para o período e sinaliza que, de
fato, variações positivas no PIB levam, em média, a variações também positivas nas vendas.
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No cálculo da elasticidade-renda foram utilizadas as vendas anuais de autoveículos nacionais ao mercado interno
brasileiro e o Produto Interno Bruto, entre 1957 e 2008.
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Pense que um consumidor ao adquirir um carro observará não apenas a própria renda, mas também o preço do
carro, a taxa de juros, o preço do combustível, dentre outros fatores.
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Entenda sinais distintos como: no ano em que a venda de autoveículos variou positivamente o PIB variou
negativamente, e quando a venda variou negativamente o PIB variou positivamente.
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De posse da estimativa da elasticidade, calculada anteriormente, podemos simular
diversos cenários para ter uma idéia de quantos veículos serão vendidos no mercado brasileiro
em 2028. Iremos supor um crescimento médio do PIB de 2% ao ano como um cenário
pessimista, já que a maioria dos economistas espera que nos próximos 20 anos o Brasil cresça
a uma taxa média maior do que essa. Um crescimento de 3,0% ao ano será chamado o nosso
cenário base, pois é uma taxa média bem possível de ocorrer para os próximos 20 anos. Por
último, temos o cenário otimista que utiliza um crescimento médio do PIB a uma taxa de 5,00%
ao ano, desempenho que apenas os muito otimistas acreditam que possa ocorrer.
Dito isto, calculamos nove possíveis cenários para o mercado brasileiro de autoveículos
e estes valores estão na tabela (1):
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A combinação que produz o menor patamar de vendas (5.756.482 unidades) é um
crescimento médio no PIB de 2% ao ano – que classificamos como pessimista – com uma
elasticidade igual a 1,56. Por sua vez, um crescimento médio de 5% ao ano – classificado
como otimista – no PIB e uma elasticidade igual a 2,87 conduz à venda de 18.910.146
unidades.
Dada essa grande diferença entre os maiores e os menores valores, vamos aplicar mais
uma filtragem nos dados de modo a chegar aos valores mais prováveis. O filtro utilizado será a
quantidade de unidades vendidas (por ano) para cada grupo de 1.000 habitantes do país.
Analisando as tabelas (2) e (3), localizadas na pág. 6, é possível perceber que a venda
– em 2028 – de qualquer quantidade acima de nove milhões de unidades/ano é muito pouco
provável, pois seria necessário que o Brasil comercializasse – proporcionalmente – mais
veículos do que países ricos como Alemanha, Japão e Estados Unidos venderam em 2008.
No ano de 2008, foram vendidas 2.483.379 unidades no Brasil. Desta forma, o mercado
brasileiro pode – mesmo adotando premissas conservadoras – chegar a 5.756.482 unidades
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Para interpretar a tabela (1) basta que o leitor escolha um valor para a elasticidade-renda e outro para a taxa
média de crescimento do PIB (2009 – 2028). Exemplificando: caso escolha crescimento de 2% com elasticidade de
1,56 chega-se à previsão de 5.756.482 unidades. A combinação de 2% de crescimento com elasticidade de 2,22
produz a previsão de 8.191.917, e assim sucessivamente.
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comercializadas (em 2028), crescimento de 131,8% em relação aos patamares atuais. Sendo
mais otimista, e descartando os valores da tabela (1) que levariam o mercado a proporções
maiores do que 40 unidades vendidas por grupo de 1.000 habitantes, o Brasil pode chegar a
8.191.917 unidades comercializadas (em 2028), expansão de 229,86% em relação a 2008.
A seguir, o cálculo da mesma proporção da tabela (2), porém, de acordo com as vendas
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e a população estimadas para o Brasil em 2028:
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A projeção da população é feita pelo IBGE e encontra-se disponível em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/projecao.pdf
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3 – Conclusão: mesmo com toda a expansão dos últimos anos ainda há muito
crescimento pela frente.
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Para que o leitor tenha uma idéia desta saturação, em 1999 foram vendidas nos Estados Unidos, Japão e
Alemanha 16.959.000, 5.861.000 e 4.127.000 unidades, respectivamente. Porém, em 2008, as vendas de veículos
nestes países foram 13.493.000, 5.082.000 e 3.425.000 unidades, respectivamente. Fonte: ANFAVEA.
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Fonte: ANFAVEA. Dado para o ano de 2008.