Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
A CHANCE DO RIO
Maria Alice Rezende de Carvalho1
O debate sobre a revitalizao da rea porturia do Rio de Janeiro, cujo projeto
se intitula Porto Maravilha, foi aquecido nas duas ltimas semanas. Aguardando
votao em regime de urgncia na Cmara de Vereadores, teve seu curso atravessado
pela notcia de que a cidade do Rio de Janeiro sediar a Olimpada de 2016. Desde
ento, o que parecia ser uma carteira de projetos urbansticos autnomos o porto, a
vila olmpica etc conheceu uma possibilidade real de tratamento conjunto.
Desejada, talvez, por muitos, tal convergncia foi formulada, primeiro, pelo
arquiteto Srgio Magalhes, em artigo publicado em O Globo, com notvel
repercusso. Nesse artigo, Srgio Magalhes defendeu a possibilidade de uma reviso
do projeto da Vila Olmpica, que, a permanecer como est, isolar atletas e
equipamentos na Barra da Tijuca e, aps o evento, no ter produzido nenhum efeito
regenerador sobre a estrutura e o funcionamento da cidade. Sua sugesto a de trazer
a vila para o porto, a fim de que, com menos custos, o Rio de Janeiro adquira chances
reais de ver a obra concluda e servindo melhoria das condies de vida do cidado
comum. Agora e no futuro.
O tema relevante e pe em destaque a oportunidade de uma discusso sobre
o Rio de Janeiro. No apenas sobre os preparativos da cidade para a Olimpada ou
sobre o embelezamento do porto, segundo o receiturio internacional para inscrio do
Rio no rol das seletas cidades globais. Mas uma discusso sobre a cidade que
queremos, isto , uma idia de cidade que traduza um novo pacto urbano mais
democrtico, mais justo, mais livre, mais feliz. Para isso, a recente querela indicou que
h dimenses distintas do debate a serem necessariamente observadas.
A primeira dimenso presente no debate urbanstica. H, como tem ficado
claro, divergncias em relao ao projeto de reurbanizao da regio porturia
apresentado pela Prefeitura, pois tal projeto no parece contemplar o que seria
essencial cidade: o respeito paisagem do core histrico do Rio de Janeiro, ao
patrimnio ali construdo e, por conseguinte, identidade da cidade, aos seus lugares
de auto-reconhecimento. Alm disso, o Porto Maravilha, concebido no mbito de um
1