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aliás,
A SEMANA REVISTA
estadão.com.br
FARANDULA CRIOLLA/DIVULGAÇÃO
Hablando de sexo
Assim nossa ex-embaixatriz
seduziu a Colômbia. Pág. J8
DIVULGAÇÃO
Sob o ‘pai’
opressor
Em crise, o regime promove agressões
militares. A desnutrição já atinge 6,2
milhões de pessoas. Corrupção tem
chancela estatal e pobreza é sinal de
honra. Brian R. Myers, professor da
Universidade Dongseo, na Coreia do Sul,
explica por que o nacionalismo ainda
é sedutor nos domínios de Kim Jong-il.
ENTREVISTA ❘ Pág. J4
Propaganda oficial. Em
um belo cartaz, ditador
Kim Il-sung (1912–1994)
acena aos norte-coreanos
7 8 9 10 11 12
J4 aliás
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JACKY CHEN/REUTERS
fluência sobre os norte-coreanos. É claro
que a China não quer uma explosão de caos
na sua fronteira. O que defendo é os EUA e a
Coreia do Sul manterem pressão constante
sobre o gigante asiático para fechar a tornei-
ra da ajuda ao Norte. Pyongyang vai conti-
nuar com a provocação porque o militaris-
mo é o cerne da sobrevivência do regime, é o
que alimenta atualmente o nacionalismo.
Nãohánenhum regimecomparávelno mun-
do. Até os iranianos, hoje na berlinda, têm
umapolíticasocialdomésticaeoIslãunifica-
dor. A Coreia do Norte tirou a palavra comu-
nismo de sua Constituição no ano passado e
o regime não assume responsabilidade pelo
desastre econômico. Se seu inimigo reside
apenasfora dopaís,épreciso continuarcutu-
cando o inimigo.
N
essa semana passa- uma criança pura, que não pode passar sem do. Veja bem, a presença dos EUA aqui não é de 2008, porque o Norte não deixaria os sul-
ram a bater com o líder. E o líder é uma mãe, com seu seio para proteger o capitalismo do comunismo. coreanosdesfraldaremsuabandeiraecanta-
mais frequência à indispensável”. É para proteger os nacionalistas moderados rem o hino nacional em Pyongyang. No mês
porta de Brian Rey- do Sul dos nacionalistas radicais do Norte. que vem será a primeira vez que as duas Co-
noldsMyers, profes- ● Como está a atmosfera na Coreia do Sul Nomomentoem quecresceapressão ameri- reias participam de uma Copa. Suponho que
Entrevista sor de estudos inter- depois que o presidente Lee Myung-bak cul- cana contra a Coreia do Norte, cresce o na- os militares sul-coreanos vão ficar especial-
Brian nacionaisdeUniver- pou a Coreia do Norte por afundar o navio cionalismo no Sul. Seria sensato o governo mente alertas durante os jogos, pelo menos
Reynolds sidade Dongseo, em Cheonan com um torpedo? americano deixar o governo de Seul tomar a na primeira rodada, quando ambos os times
Myers Busan, bela cidade É um clima que deve surpreender o público liderança nesta crise e expressar apoio ao estiverem na competição.
da costa da Coreia brasileiro ou americano. Sabe que há pouca presidente Lee.
do Sul. Quem ficar intrigado com o nome indignação pública provocada pelo ataque ● Você considera ingenuidade a impressão
PROFESSOR DE ESTUDOS ocidental do mestre deve saber que não há ao Cheonan? Para isso é preciso entender ● Você também afirma que há o hábito de no Ocidente de que os norte-coreanos, por
INTERNACIONAIS nadaconvencional no passadodesseex-fun- que o nacionalismo sul-coreano é um nacio- culpar cada governo americano que acaba de passarem tanta privação material, gostariam
DA UNIVERSIDADE cionário da Mercedes-Benz chinesa, filho de nalismo de sangue, e não de Estado. O orgu- sair pelas dificuldades com Pyongyang. Co- de ser liberados e, expostos à cultura estran-
DONGSEO, NA um capelão da base militar de Fort Dix, em lho nacional não depende de uma ligação mo vê o comportamento de Obama e Hillary geira, começariam a resistir ao regime?
COREIA DO SUL NewJersey,quefalaafricâner,coreano,man- com a República da Coreia. Mas, se o ataque depois do “eixo do mal” da retórica de Geor- O engano começa quando se compara a Co-
darim, russo e alemão. vem de fora da península, aí é outra coisa. Há ge W. Bush? reia do Norte a um antigo país comunista do
No seu currículo multifacetado destaca- oito anos, quando dois soldados da base Barack Obama chegou convencido de que tempo da Guerra Fria. A comparação mais
se The Cleanest Race: How North Koreans See americana atropelaram duas meninas de 14 os problemas com a Coreia do Norte ha- apropriada é com a Alemanha nazista. É cla-
Themselves – And Why it Matters (A Raça mais anos, milhares de pessoas saíram às ruas es- viam sido agravados por Bush. Ele e Clinton ro que não estou nem de longe pensando
Limpa: Como os Norte-Coreanos se Veem – pontaneamente para protestar. Os corea- esperavam uma distensão. Pois o governo nas atrocidades cometidas pelos alemães. A
e Por Que isso Tem Importância), livro que nos do Sul não atribuem intenções diabóli- de Kim Jong-il nem esperou Washington ideologia na Coreia do Norte não inclui do-
Myerslançouemfevereiroecertamentemo- cas aos coreanos do Norte. O afundamento entabular um começo de diálogo e fez o mínio de outros povos. Os norte-coreanos
tivou a maior procura por suas ideias nos do navio é, para eles, um incidente lamentá- teste nuclear subterrâneo em maio do ano usam sua pobreza como medalha de honra,
últimos dias. Ali ele explica não só a longevi- vel no contexto da igualmente lamentável passado. O teste provocou enorme desilu- que representa a derrota do inimigo ianque.
dade do regime etnonacionalista fundado tensão entre os dois países. Os protestos da são em Washington. A comparação com os últimos dias do Ter-
por Kim Il-sung, morto em 1994, como a imi- quinta-feira, por exemplo, foram insignifi- ceiro Reich cabe na tenacidade com que o
nente crise de legitimidade que deve levar cantes se comparados, por exemplo, às ma- ● Até onde iriam os EUA para evitar um con- povo apoia o regime, a despeito da adversi-
seu filho Kim Jong-il a recorrer a novas pro- nifestações passionais contra a importação flito armado entre o Norte e o Sul? dade. O nacionalismo é mais sedutor. Ele dá
vocações militares diante de seu catastrófi- de carne, em 2008, por causa do temor da Os EUA fariam tudo, dentro do possível, pa- a qualquer pessoa no país, seja o motorista
co fracasso em recuperar a economia. Em doença da vaca louca. É verdade que a es- ra evitar uma guerra. Mas, se começar um de ônibus ou o burocrata, um papel na mis-
dois meses, a previsão de Myers se realizou querda sul-coreana culpa o presidente Lee combate entre as Coreias próximo à Linha são racial sagrada de reunir as Coreias. E
na forma do torpedo que afundou a corveta por cancelar a “sunshine policy”, de aproxi- deLimitedoNorte,porexemplo,osamerica- isso ajuda a explicar a longevidade do regi-
Cheonan, provocando a morte de 46 sul-co- mação com o Norte, que durou de 1998 a nos não podem impedir o confronto. me. As estatísticas não são precisas, mas cal-
reanos e o anúncio de rompimento de pac- 2008. A direita fica agitada porque a moeda cula-se que 50% dos norte-coreanos que
tos de segurança entre Norte e Sul já tão despenca e a bolsa sofre. Ser conservador, ● E como se comporta a China agora? saem voltam. Quando retornam, eles são
pouco amistosos. na Coreia do Sul, é ser pró-business. Mas A China é a chave da solução do problema. A punidos sem rigor, há colônias penais sem
Myers é colaborador da revista Atlantic 20% dos sul-coreanos nem acreditam que o opiniãopúblicachinesa parece avalizaraCo- cercas. Mas os profissionais mais gradua-
Monthly e também autor de A Reader's Mani- navio foi afundado pelo Norte porque os go- reia do Sul nesta crise, o que me surpreen- dos e os religiosos, esses são severamente
festo (2002) (Um Manifesto do Leitor), con- vernos da ditadura aqui, entre 1961 e 1988, deu. Não se pode pressionar ou subornar punidos. Eu cresci na África do Sul do apar-
trovertido protesto contra o que considera culpavam o Norte por tudo, de modo que os Pyongyang para cometer suicídio político. E theid e lembro que alguns dos mais virulen-
a ofuscação da literatura contemporânea. mais velhos desconfiam. é ingênuo esperar que a China de repente tos racistas da minha turmana escola secun-
Sua atenção à linguagem virou um dos trun- comece a exercer esse tipo de pressão. Vale dária ouviam discos do Bob Marley e do Mi-
fos de The Cleanest Race. O livro é rico em ● Em seu livro você diz que o sentimento lembrar que, na Guerra da Coreia, quando o chael Jackson. É uma ilusão também espe-
análises do que Myers chama de O Texto, a anti-americano na Coreia do Sul convive Norte dependia muito mais da China, nem rar que a infiltração cultural possa minar o
narrativada propaganda oficial norte-corea- com o temor de que as tropas americanas assim os chineses conseguiram exercer in- regime norte-coreano.
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 30 DE MAIO DE 2010 aliás J5
UPI
A desconstrução da
guerra fez o herói
Isidore Stone deu uma lição de jornalismo ao mundo ao desnudar
o conflito que Truman provocou e Eisenhower não entendeu
S
empre que a fervura au- seu único trabalho investigativo traduzido
menta na Península Co- no Brasil. Seu livro The Hidden History of the
reana, eu me lembro, Korean War (A história oculta da Guerra da
proustianamente,deHe- Coreia),publicadoem1952,noaugedaGuer-
ron Domingues e ra Fria e da caça às bruxas oficiada pelo sena-
William Holden. Que dor Joe McCarthy,depois reeditado em1970
posso eu fazer, se são es- e desde então difícil de ser achado, foi um
sas duas figuras – um lo- divisor de águas nas especulações e análises
cutor de rádio e um ator sobrequemprimeiro,eporquerazões,trans-
de cinema – e não Kim grediu o Paralelo 38, a linha imaginária que
Il-sung, Sygman Rhee, Harry Truman e Dou- desde 1945 separava (e ainda separa) as duas
glas MacArthur que me assomam à memória Coreias: ao norte, a Coreia comunista, então
quando um novo conflito armado ameaça sob influência da União Soviética; ao sul, a 1951. Soldados da infantaria americana vistoriam aldeia abandonada pelos civis durante a Guerra da Coreia
incendiar a Coreia? Coreia apadrinhada pelos Estados Unidos e
PelavoztonitruantedeHeronDomingues, seus aliados europeus. Mundial. Se Truman dava as ordens, era Ma- res para a nascente Otan.
o Repórter Esso da Rádio Nacional, ouvi, bem Nãohaviainocentesnessahistória.Emne- cArthurquemcontrolava ofluxodeinforma- Todo mundo saiu lucrando com a guerra,
menino, as primeiras referências à longínqua nhum dos lados. ções sobre a situação na Ásia, manipulando menos, é claro, suas vítimas: em torno de
Coreia e à guerra que lá eclodiu há 60 anos. Por algum tempo, a versão corrente resu- seus comandados, omitindo dados para os 500 mil soldados norte-coreanos mortos,
Fascinava-me o modo como o locutor escan- mia-se ao seguinte: em 25 de junho de 1950, a serviços de inteligência do governo, isolan- 400 mil sul-coreanos, 900 mil chineses, 39
dia o trissílabo “Pa- Coreia do Norte, presi- do a imprensa e censurando jornalistas. Por mil americanos, muitos milhares de civis.
mun-jong, Coreia”, dida a mão de ferro pelo culpa do general, o conflito entre as duas Se os russos planejaram a invasão, por que
acrescido de pelo me- O ataque stalinista Kim Il-sung Coreias durou 37 meses, em vez de 5 ou6. a programaram para quando estavam a des-
nos dois pontos de ex- norte-coreano era (paidoatuallídersupre- Estudando e cotejando apenas documen- coberto no Conselho de Segurança da ONU?
clamação. Era de Pa- mo, Kim Jong-il) e su- Revelações. tos oficiais e informações colhidas nos mais Se o plano de mobilização da Coreia do Nor-
munjong ou Seul que esperado a qualquer postamente instigada Publicado respeitáveis jornais europeus, Stone des- te previa uma concentração de 13 a 15 divi-
procediam as “últimas momento. MacArthur pela União Soviética e em 1952, montou a versão do governo americano e sõesnafronteira,porque haviaapenas6divi-
notícias” do confronto pela China, invadiu a A História desmoralizou a retórica jingoísta de MacAr- sões quando a invasão teve início? Por que
militar entre os corea- precipitou-o com Coreia do Sul, presidi- Oculta da thur,cujas asas seriam cortadas pelo próprio hostilizar a Coreia do Sul com Syngman
nos do Norte e os do provocações da por Sygman Rhee. Guerra da Truman, com a guerra em andamento. Rhee pela bola sete? A partir dessas e outras
Sul. William Holden foi AtéaCasaBrancasedis- Coreia O ataque norte-coreano era algo espera- dúvidas,Stonemontouumarigorosainvesti-
meu primeiro herói da se pega de surpresa. desvendou a do, só não se sabia quando, exatamente, se gação, cujas conclusões acabariam perfilha-
guerra na Coreia, onde morreu duas vezes, Dois dias depois, invocando compromissos participação daria. MacArthur precipitou-o, com provo- das até por políticos conservadores e confir-
comojornalista(nofilmeSuplíciodeumaSau- queos EstadosUnidosteriam firmado coma dos EUA e cações e escaramuças na fronteira, pois era madas por documentos secretos liberados
dade)ecomopilotodaForçaAérea(emoutro ONU sobre envio de tropas americanas a zo- da URSS do seu interesse manter um clima tenso na Rússia depois do fim da União Soviética.
dramacinematográfico, As Pontesde Toko-ri). nas conflagradas, o presidente Harry Tru- no conflito naquela região, para justificar a permanên- Antes de virar um livro de 368 páginas,
Àquela altura, meu segundo (e último) he- manordenouuma intervençãomilitarnoPa- cia de seu reinado em Tóquio. A Syngman editado pela Monthly Review Press, Stone
rói da guerra na Coreia já entrara em ação, ralelo38,semconsultaroCongresso,estabe- Rhee também interessava o confronto: publicou dois capítulos na França, um deles
mas eu só tomaria conhecimento de sua real lecendoumpadrão queGeorge W.Bushhon- com a popularidade em baixa, perdera uma na revista Les Temps Modernes, de Sartre. O
e gloriosa existência com quase duas déca- raria 53 anos depois, invadindo o Iraque sem eleição e precisava de um bom motivo para governo americano fez de tudo ao seu alcan-
das de atraso. Isidor Feinstein Stone, mais pedir licença ao Poder Legislativo. A guerra demover sua base parlamentar da ideia de ce para boicotá-lo, tirá-lo de circulação, e
conhecido como I. F. Stone (1907–1989), durou três anos. unificar o país. Chiang Kai-chek, já refugia- difamar seu autor. Mas Stone afinal venceu
não era militar, mas jornalista. Não cobriu a Batizaram-na de “a guerra de Truman”, do em Formosa, vislumbrou na interven- suaguerrasolitária. Aoutra, ada Coreia,che-
guerra, desconstruiu-a. embora o sucessor de Roosevelt pudesse ter ção americana a oportunidade que lhe falta- gou ao fim pelas mãos do sucessor de Tru-
Stonefoio jornalistaindependenteameri- dividido esse ônus com o general Douglas va para recuperar a China que Mao lhe toma- man, Eisenhower, que tampouco nunca en-
cano mais brilhante, íntegro e seminal de MacArthur, o plenipotenciário interventor ra. Truman, por sua vez, carecia de uma tendeu por que seu país se metera, daquela
todosos tempos.Comele aprendemos o que militar dos Estados Unidos no Japão desde a crise internacional para convencer a oposi- forma, numa guerra civil que não afetava di-
era preciso saber sobre o macarthismo, as rendição dos japoneses ao final da 2ª Guerra ção republicana a liberar milhões de dóla- retamente a segurança dos EUA.
U
acompanhando de deseesperar, aevidência do desempenhodo
perto os aconteci- regime é negativa e existem algumas evidên-
mentosnaPenínsu- cias de que essa percepção vem aumentan-
la Coreana à medi- do,mesmoentre aclassepolítica e funcioná-
da que as tensões rios do partido e do governo”.
explodem entre Não seria surpresa se o descontentamen-
Pyongyang e Seul: to se propagasse pelo Exército, que não está
um desertor do imune à falta de alimentos. Jooil diz que as
Exército norte-co- tropas não fazem treinamento físico à tarde
reano, de 37 anos, que vive em Londres. porque estão famintas. Segundo responsá-
Seguindo historicamente os passos de veis pelo Programa Alimentar Mundial da
Marx e Engels, ele usa Londres como base ONU, dos 23 milhões de norte-coreanos, 6,2
para tramar uma revolução cujo objetivo é milhões precisam de assistência alimentar,
derrubar um dos regimes mais tirânicos do mas o programa só consegue chegar a 1,5
mundo.Comocapitão doExército norte-co- milhão, principalmente crianças e mulhe-
reano, Jooil Kim pertencia à elite militar, res, devido à falta de fundos.
mas começou a questionar o regime quando Oposição. Com o apoio dos manifestantes de Seul, o ex-oficial Jooil age de Londres O Grupo Internacional de Crises, um cen-
percebeu o imenso abismo entre o socialis- tro de estudos, também pinta um quadro
mo que lhe foi ensinado nos livros escolares reitos humanos na Coreia do Norte, revelou pelo rádio, TV e DVDs. Sua grande esperan- tenebroso das dificuldades por que passa a
e a dura realidade que enfrentava. Em 2005, seus planos numa recente entrevista ao ça é a televisão, porque 70% das famílias na Coreia do Norte. “Além das sanções, Pyon-
decidiu romper com o poder dominante. Guardian. Ele contou ter formado um grupo Coreia do Norte possuem aparelhos de TV. gyang enfrenta as pressões internacionais
Enviado para a fronteira com a China pa- de camaradas desertores que, espera ele, vai Ele espera ter uma emissora dentro de três de uma desastrosa reforma monetária, co-
ra rastrear desertores do Exército, o oficial atuar como o cerne de um partido de oposi- anos e reitera que a mudança tem de vir de mo também o problema da escassez alimen-
aproveitou a oportunidade para ele próprio ção na Coreia do Norte. fora, já que o regime exerce um controle tar, cada vez mais crônico e que vem pioran-
fugir. Nadou 200 metros pelo Rio Duman, à O ex-capitão explica por que o grupo deve muito forte sobre a mente da população. do”, diz o grupo. “Essa pressão conjugada já
noite, e escapou para a China, onde ganha- ter sede em Londres, e não na Coreia do Sul, “Mesmo que 3 milhões de pessoas conhe- está tendo efeito pernicioso no campo da
va o suficiente para sobreviver lavando pra- onde 20 mil norte-coreanos se refugiaram. çam a verdade sobre a Coreia do Norte, 20 segurança humana e poderá ter consequên-
tos num restaurante. “O problema é que os norte-coreanos so- milhões desconhecem e não há ninguém cias inesperadas para a segurança regional e
Tendo chegado à Grã-Bretanha, em outu- frem uma lavagem cerebral para se opor à para conduzi-las numa mudança.” internacional.”
bro de 2007, Jooil agora faz planos para der- Coreia do Sul, de modo que nunca aceita- Afirma que nenhum dos seus amigos ou Apesar dos seus grandes planos para cor-
rubarKim Jong-il,que governa umpaís onde riam que ali fosse a sede de um partido. É o colegasconsidera a ideia irrealista, mas tam- roer o poder de Kim Jong-il, Jooil Kim afir-
asviolaçõesdedireitoshumanos são“angus- mesmo com os Estados Unidos”, disse ele, bém reconhece que as possibilidades reais ma não ter ambições políticas pessoais.
tiantes e terríveis” nas palavras do encarre- acrescentando que outro bom lugar seria a de sucesso são pequenas e podem contrariar “Nãome vejocomo umlíder”, ressalta.“Não
gado especial das Nações Unidas para a Co- China, mas os chineses não permitiriam is- as expectativas. Kim Jong-il dificilmente vai tenho esse potencial, mas quero criar um
reia do Norte, Vitit Muntarbhorn. so. “Então restou a Europa. A Europa tem tremer com os planos concebidos em Lon- partido de oposição na Europa que, espera-
Jooil, que falou no Parlamento britânico uma grande influência internacional.” dres pela Sociedade de Moradores Norte- mos, derrubará o regime.” / TRADUÇÃO DE
em dezembro sobre os abusos contra os di- Também planeja divulgar a organização Coreanos, com seus 200 membros. TEREZINHA MARTINO