2669-2010 ws ~ hlee/éY ol Crorarty Coronal PAgryy ~ ~8Q oplang sfoud 9661 oyune * osoune | crewon | - ot % ie A "OVS WLAWOVYS 3 ovSwarwaore OdVLSAs\ AdCVCaISOS ix aWM0ASOCIEDADE E ESTADO Revista semestral de Sociologia Volume X1, nimero 1, janeiro-junho 1996 Tmpresso no Brasil sob a responsabilidade do Departamento de Sociologia da Universidade de Br Campus Universitrio ~ Asa Norte 70910-900 - Brasfia ~ Distrito Federal Copyright 1996 by Departamento de Sociologia da UnB E permitida a reprodugao dos artigos desde que se mencione a font, ‘A Revista nio se responsabiliza pelo teor dos artigos assinalos, Comrré EDITORIAL Maria Licia Maciel Maria Angélica Madeira Eurico A.G. C. dos Santos Cactano EP, de Aratjo CONSELHO EDITORIAL Alice Rangel de Paiva Abreu Bernardo Sor} Barbara Frotag Rowanet Carlos Benedito Martins Cesar Bareira Elimar Pinheiro do Nascimento Fernando Corzeia Dias Gabriel Cohn Gilberto Velho Hélgio Trindade lan Sérgio Freire de Souza José Vicente Tavares dos Santos Liicia Lippi de Oliveira Maria Brando Distribuigio: Maria Suzana Arrosa Soares, Editora RELUME-DUMARA Oxévio Guilherme Velho Rua Barata Ribeiro, 17/202 Renato Ortiz Rio de Janeiro - RY Silke Weber CEP: 22011-000 Tel: (O21) 542-0248 Fax: (021) 275.0294 Vilma de Mendonga Figueiredo Walder de Gées Wanderley Guilherme dos Santos REWSTA MHANCIIDA COM RECURSOS BO Progroma de Apoio a Publicagbes Coniicar Mer. Re NEP Volume XI Nomero 1 Jon sdenhe 1996 Editorial Maria Laicia Maciel ismo, globalismo e identidade cultural 9 Mike Featherstone AnotagSes sobre a mundializagio e a questi nacional a Renato Ortiz, Jo "legalismo" e da transgressio ) 7 gueiredo, Representagdes geogrificas da identidade nacional: © caso norte-americano 5 Lucia Lippi Oliveira Fragmentagio das ciéncias sociais e recombinagio de cespecialidades em torno da sociologia 89 Mattei Dogan Dossié: Meio Ambiente e Globalizagio Globalizagao, meio ambiente € novos atores sociais Vilma Figueiredo ‘Ambientalismo, globalizagio € novos atores sociais| a2 “Flavia Lessa de Barros Novos atores e priticas poli na era da globalizaga 150 139 Ise Scherer Warren Meio ambiente ¢ novos atores sociais: interagdo entre Estado ¢ ONGS 149 Caetano Emesto Pereira de Aratjo Impasses sociais ¢ politicos em torno de meio ambiente 1s Maristela Bernardo68 961 CTH CuK UN HPI 2 aprpaDMS OY ssaey sor wo sossyaud 2 (SND) anby RUDD aay sope Rey sn0"] 080/900 o}04{Lg6Nuo 22K exrowud wad opesn i033 Bhd cesry 4ud eed opesn 10} mony QHD -syauoy seuysiosip sep opSeiuawsey ap ossazoud wn 9p sgaene oFSEZ THROM ep o awuowtpeatiou“erouaI9 ep eupisiy wo pou op gHUAIS OsEATONT 6 eb op w 7 OSunaysop fedouud EPL V “oHNNSRy we8oq fone VIDOTOIDOS Va ONUOL WA SACVAITVIOddSa bid yrmacn 68000 ¥ HENS MgO 4 dd OYSVNIGWOOY F SIVIOOS SVIONGIO SVC OYSV.LNAWOVa 7 aS cectonaren o agh sff oOsolugio de Essa € a pro anteriormente, Q trabalho. eliza pets. Os snicosexemplos de trabalhos de equipe bem-st-| pag, cedidos referemse produgio e a coleta de dados, e muito mais raramente sua interpretagio ou sintese — com excegao da arqueolo S\ Os principais programas de insttuigBes nacionai i sistem geralmente na promogio ecoordenacio de pesquisas que slo identi-. O°" — ficadas como prortirias. As publicagdesresultantes Imente cos nomes de uma, dua i Lab x4e sjamos 0 exemplo da pesquisa empreendida em Finistére, dos anos 60. Era um projeto ambicioso, que absorvia parte substancial dos recursos financeiros disponiveis para cigncias sociais na Franga, A época, ¢ que envolva socilogos, demégrafos, geneticists, dores da pesquisa yaad, Bap Tuma ligdo, ea experiencia Tamas Yt epela na Fang _Na publicagio da OCDE sobre interdisciplinaridade afirma-se que Yos_ Outros autores referem ra dificuldade de esclarecé-1. A sada icoSe vagos. Porexemplo, interdisciplinaridade pode significar ee simplesmente que diferentes disciplinas sentam-se juntas & mesma mesa, iferentes pases fazem-no nas Nagées 8 de fazer outra coisa além de reafirmarem seus sua propria soberania contra os assédios de um 3). bem verdade que Morin, lngoem seguida, CYNE PN hips MO3PE059 ie ee don (idem: 71), Fala-se da interdisciplinaridade como de uit Tae ). O.approach ¢ ilusério porque avon Maem ‘uma colcha de retalhos com approaches filolégicos,antropologicos, hst6rcos, sIskobsoe—— einol6gicos, psicolégicos e socioldgicos. Essa allernacio de approaches permite &s diseiplinas encontrarem seus melhores resultados em certos so alguns poucos exempl turalismo (0 itercdmbio entre o lin rauss). Ese 31Lot "902R1) spanned soreury, aoa TOTO, 'S9P 4 * juioxa 10d epueroadso Sens 2p 2890 out," SaTBuy Aros $99 aquawronvenbayj sousipozed nb fovjaatiog o stesnreu sefaugto sow “eauyquodse ovusod ap je euapod seul ‘eaue uods9 ov! ee fopbnjonat wun Jyuouead fo} "soxgoso!ws SOP “Ino ens 2AnoyOtN 9s win 20d 2 ‘puntuormou opSnjonay @ 2 “Ofotu 2 naa e anb ap opSedione apy “AetTaP rupe oda a9 2a yun ayn SewOML, 1 op onjaou09 owe 3 erp ani aTEA SS SD ISP S55 Spr STUDIES seer “Sen FOUTS PTT Sa1urrsip $2294 sy ‘so1ust9ytp Sod pos spuaia sop ote; ¥ a Sea eee ELLE Sout no epeuitiioad ja ufos “euoqoasep v sooo. ‘soyInuE) no soisa supy soiuod op seuoiuso wo ayuoureaumyjnuuis vplznpuod 9 esinbsad W apypl.eoadsa ens wo enb epea‘esioo euusou Bopuszey oxs9 saxopesinbsod sonno 9p seuotuse ‘oduist owsow oy Spezijvioadso awuoweyje oduteo {TET SWSTSSH SogSewojus wiesnoo1g “wulaY 0 a1Gos oBSAUDIINDOP wp GL — 4 UBL OPURTISSONIST WOTTTRIST SOWad Tre aeRO 1 elunY Wazey saropestnbsad “ofa “anb Q "wogdasgos 03 ‘nb viojo1q ep 2 vonuynb ep sawed scuanbod sojanbe anb op stew opu 91900 ‘vonuynbolg wo ‘ojduiaxe sod ‘epwzyegadsa vamoyqeq apuess Bw, 066 SOF OpSUEnsoaid ap SE ~ sod v seduvav ibg'9 opu ea ‘nb o 21gos wipquie 29 apepueul diosypiauy v anb o auqos se[9 soues, ewia\gox! ou opap 0 29d KsuNOY SOSUEEY seUosp sean UTTO— TOT SPLSTUO| ov ovu 9 [salolss snus} opuplfeisadsy muy opRITTUSS— ok ‘SIUAWIELIeSS990U OBS OBL a oads2 ojuoweye 2s-10UH0) reu8u0 ‘Sade pait seu 911020 ea 2p ovdeutquiodsl ‘ogzed USS9 JO ‘SUQn02 dae. £ Matti Dogan 155). A mesma observagdo procede quando se fala a respeito de placas ctOnicas continentais, oc logia, geoquimica, ou de qual- quer ou ramplo: nein. ‘Mas 6 0 conceito de “paradigma” relevante também para as ciéncias 2 Thomas Kuhn (1970) admitiu explicitamente que, no caso destas ci€ncias, devido as constantes desavengas entre elas, seria um exagero falar de um paradigma. Ele explica, em seu preficio a The Structure of Scientific Revolutions (p. vii), que foi durante uma estadia com um grupo em que ‘predominavam representantes das ciéncias sociais, no Centro Palo Alto para Estudos Avangados, na Califémia, que Ihe ocorreu a formulagdodo conceito de paradigma, justamente.com.o propésito de-marcara-diferengareSSencTat pee arama rani mayer anal ma é usado comumente nas ciéncias sociais. O_uso ou abuso destetermertitil_—_ papers a tl : Existem nas ciéncias sociais exemplos de abalos paradigmaticos compa- [ean tera aria eanr erie ater eat as teorias de Keynes, Chomsky ou Parsons ser descritas como paradigmé- ticas? Nas ciéncias sociais, 0 progresso ocorre através de revolugées para- digmatcas, ou através de processos eumulaives? Exitem realmente paradigmas nas citncias sociais? . Dentro de uma disciplina formal, muitas grandes teorias podem coabitar, mas existe um paradigma apenas quando wna teoria comprovavel domina, tina, oda as cts conan €sclirpelssunlade onTCR Tome [ -Searage- Nas estas socal posta: tame na melhor das indies oa “confonago ene diversas aca no comprovves Na mao parte das peers eneilaiapiaer eer ee fg MEE tecfproca, uma desatenso de todos os lados, o que é relativamente ficil, devido ao tamanho das comunidades cientificas, divididas em\ Isso. 6 verdadero para todos 0s patses, grandes ou pequenos. Ess desprecopasdo mituaé uma velhe pron na socologia. Na virada do seul, os grandes sciloges no se comunicavam, ou commniavarse it pouea Nsezrioade Weberntohreferécnsosevcotengorien Durkheim, & bem verdade que Weber estava THTORnaaD SODTEa revista de Durkheim, l'Année Sociologique. Por seu tumo, Durkheim, que sabia ler alemo, faz apenas uma leve referencia a Wet adespeito de teem anos atlhado diverse temas semelhanted come a lg Duicim apenas menciond Simmel e Tonnies. 94 A fragmento ds cidncias soins Duramente criticado por Pareto, “Durkheim nunca aludiu & obra de Pareto... O julgamento de Pareto acerca do livro de Durkheim sobre 0 suicidio foi desfavordvel” “Lamenavenen lesan _s2u argumento” (Valade, 1990; 207 "Weber parece nilo ter sabido da teoria de Pareto sobre a circulagto das elites, e Pareto, por seu turno, nada diz a respeito da teoria weberiana da lideranga politica. Weber e Croce encontraram-se apenas uma vez, breve- mente, Nao houve correspondéncia entre Weber e Freud. Emest Georg Lukacs encontraran-ee Tegularmente-com-Weber-ém-Heidelberg—_ SE ir mero dai de Wee Tmpeenbowe ‘qualquer comunicagio entre Weber e Spengler. O Unico dos contempord- neos de Weber que se referiu a ele fci Karl Jaspers, mas ele era um fil6sofo (cf. Mommsen e Osterhammel, 1987). Como observou Raymond Aron, cada tim dos és grandes fundadores de Sociologia equ um cami soldi, ‘Mais perto de casa, poderiam ser citados muitos exemplos de sociélogos coexistndo sem inlvencia uns aos outs, como Angus Campbele Paul “Tasarsfeld, 0s quais dedicaram grande parte de suas vidas ao estudo do tnesmo eomportamento police. A mesa observagio pode se feta com a. ‘Nao é md idéiacontraporteorias, mas é necessério que haja debate, NEO] fil": 2 cexistem paradh interior de cada discs | yy, Para que haja um paradigma é necesséria ainda uma outracondigdo: as teorias devem referir-se a aspectos essenciais da realidade social. Contudo, {quanto mais ambiciosa é uma teria, menos ela pode ser dretamente estada pelos dados disponiveis. Nas ciéncias socinis, nin existem-descaberias”) />) fundamentas, como existem, 3s nciasnaturais. Em vez disso, _ icorias nao verificdveis sio construidas, em parte porque a propria realidade social muda. Ademais, e mais importante, os erros cometidos pelos gigantes das citneias naturais sf0 insignificantes em comparagio com os erros bisicos cometidos por figuras eminentes nas ciéncias sociaise econdmicas (Andreski, 1975: 30). " ‘Consideremos, por exemplo, o malthusianismo. Trata-se de uma teoria ‘ou um paradigma? O malthusianismo é uma das principais teorias na histéria das cigncias socials. Ele influencTou RIUTOS CTeMtsis, © espectalments —~ Charles Darwin, que 0 considerava uma das suas principais fontes de inspiragio. Um grande niimero de socislogos, demégrafos e economistas tomaram-no como ponto de partida, seja para congordar ou para a Ke Eedogy vic 95‘Matel Dogan Mas, endo mudado as condiges demograficas no Ocidente, suas projesdes foram invalidadas e Malthus tornou-se um falso profeta. Entretanto, consi- HF oy MT Sop Gra S-OpTATHIE — sosso ap vowwjnb asyypue “¥180]0}208« wo9 winwioo wa oanod ounul no wpe yeu Sep Buu ‘ouBUHOY O1:9du] op epanb vp sesmE SOY sv, 195 wstoo kuin wo as-wapuny sejo anb ws sous “o20udjo01 o1ode 25-089 2 wnmo y eum as. Wy anb uawisojduuis 9 opu ood 0 ‘ozeid ofuo] ov weet 40d opearasqo 10} owoD “seluepuddsep snas ap andues ou auow uelog my sms sou sep opteweuey) yMati Dogaa Os "fatores geogrficos” arafram intensamenteaatengiodos sociSlogos ‘até a publicagio, em 1924, de Civilization and Climate, do sociélogo Ellsworth Huntington — livro severamente crticado por Pjtrin Sorokin. A _ pir de eno por muis deus décadas, a sociologia (ao menos nos _, Estados Unidos) rompeu todos os compromissos com a geografia. Apenas 10 contexto da pesquisa ambien i . novamente mostrado interesse por “fatores geogréficos”, emes \ lima Tee 'A tis frutffera colaboragdo entre geografia e sociologia tem ocorrido no campo do planejamento urbano. \ Hr No campo da cartografia, que é a técnica bésica dos geégrafos, “os meteorologistas, geélogos, geofisicos, geoquimices, ecologistas e outros ‘cientstas tem sido os principais inovadores ¢ interessados” (Jones, 1979: 103). A fotografia por satélite, que pode cobrir dreas de até 100 km de idmetro, tem revigorado o interesse por certos aspectos das velhas geogra~ fias humana urbana. CX, Ciéncia politica ‘A especializagdo nas ciéncias poiticas é demonstrada pela variedade de revistasis quaisos cientista politicos tém acesso pare ins de documentagio ede publicagio. De acordo com uma pesquisa recente (ef. Brunk, 1989), <)__realizada nas principais biblioteca norte-americanas,hé cerca de quinhen- SE {as revistasacadémicas e interesse dos centstas politicos, 80% das qua \ 3 rem inglés. Destas, apenas um décimo pode ser considerado “generalista sendo 0 resto. izado (administragdo pUblicapolitica comparada,— inttugBes poltcas) ou primordialmente relacionado a outra disciplinas Tormais, ainda devotado a alguma regio particular do mundo, como a ‘América Latina ou a Asia. Estas silo eminentemente CConseqilentemente, a maior parte das ciénoias politcas manténrae-infor— mada através de revistas especializadas que nin se.sobrepdem-significati- Em seu prefécio a0 Handbook of Political Science, Greenstein ¢ Polby (1975), editores dessa importante obra, confessam seu embarago perante 0 carfter “amorfo” da disciplina, Eles reconhecem a extensa fragmentagio, aque reflete a diversidade das ciéncias politicas. peo & 102 ‘A tragmentago das cignciss socials (0 cientista politico norte-americano William Andrews expressa sua preocupagio quanto a0 fato de que “no hi qual cial justifique sua existéncia em separado, ou seja,a.ci ica no tem qualquer metodologia dstinia. Ela nfo tem um tema claramentedefinido Gjue niO POSSE Er Enquadrado dentro de uma ou mais de suas disciplinas-it- ins, Suas diversas partes poderiam ter sobrevivido simplesmente como histéria politica, sociologia politica, geografia politica, filosofia politica ¢ psicologia politica — que slo subcampos em outras disciptinas, Cada uma ddas demais disciplinas cientfico-sociais lama um pedago da ciéneia poli- tica” (Andrews, 1988: 2) ‘Um grande nimero de autores norte-americanos e europeus ficam con- tentes a0 verem a cigncia politica “importando” macigamente das outras cigneias sociais. Seu vigor atual resultaria desse processo de imitagio. Mas esté-se consciente da sua dispersfo teérica ¢ metodol6gica e da sua fata de ‘um niileo aglutinador. ‘A cifncia politica sofreu a influéncia benéfica de muitos socilogos (Parsons, Lazarsfeld, Adorno, Dahrendorf) ¢ de muitos economistas (Downs, Arrows, Galbraith, Schumpeter, Morgenthau, Myrdal), sem que se esquega dos filésofos (Popper, Friedrich, Habermas). 'Em alguns pontos a cigncia politica e a histéria social nfo podem ser dissociadas, estando ambas, freqlentemente, ligadas & economia. O estru- tural-funcionalismo, que por muitas décadas dominoua anise comparativa intemacional, encontrou inspirago na teoria do antropélogo Malinowski. xe mosrou que wma insiuigo cultural, wanes prague eo — ‘mente iferente em um outro contexto, A teoria dos jogos, que tem sido adapladi-a0 estado dos conflitos intérhacionais, foi formulada pelo mate- itico J6hn von Neumann pelo economista Oskar Morgensiemi. O eco- nomista Herbert Simon tomou emprestado dos [Psicélogos o conceito de tacionalidade limitada, dat retirando uma teoria que hoje goza de grande ‘sucesso na ciéncia politica norte-americana. Os cientistas; politicos tomaram de empréstimo n’io apenas teorias mas tambérn métodos. Como atesta ‘Benson, a maior parte da literatura matemética nas ciéncias polfticas € obra de outsiders, gente que nio se identifica como pesquisadores em ciéncia politica (Benson, 1967: 108). Para tornar visivel a influéncia das vérias disciplinas na ciéncia polttica, Jean Laponce recenseou, para cada dez anos em um perfdo de eingUenta anos (de 1935 a 1986), 0 mimero de referencias na American Political 103Dik Matti Dogan Science Review sobre revistasrepresentando outa disipinas, No comeso 4 perfodo, odieitoeraa nica dsciplin ligada eine politica. Nos nee 50, havia mais | referéncias a revistas de sociologia: do que a revistas juridicas, e comecavam a surgir referéncias a revistas de hist6ria e de filosofia. Nos anos 70, revista jurdicas eram citadas mais rarament, asim oro revistas de histri ede filosofia as refertacias sociologia tran ee mate freqlentes,e surgem as primeicas mengdes a revistas de economia, psicolo- gia € matemética. Nos anos 80, economia e sociologia tormam-se mais iportantes, assim como a psicologia ea matemética (Laponce, 1980, 1988). Essas tendéncias fizeram Laponce concluir que “duranie a tiltima -secagio_aqueles ciemistas politicos que publicaram eons Tay Pat nt is ratios e avangaros, agora aparecem fealentomenic come tendo tido suas ater sviadas da direso correta” (Laponce, p. 5). Em ‘tro esuda Laponce anasosfuxos de moet cae ee discipinas, usando a mesma técnica de reenseamento de ola de rodopd fem doze revisas, inclusive ses britnicas, Os imtercdmbios mais intensee 1a cincia poli ocorreram em 1975 com a sociologia e em 1981 coma ‘economia (Laponce, 1983: 550). Muitos dos mais renomados cientistas Politicos trabalham sobre fend- tmenos ou problemas hbridos: clientlismo polio (em assocagto com o antropotogi ea psicologia soca), sociliagdo(scilogiaeanropcogia ‘social), nacionalismo (insepardvel da histéria e da sociologia), desenvolvi- ‘mento (igndo a todas as cincias socais)e muitos outros, io € recente a abertura da cincia politica. Hoje nfo podemos sento confirmar 0 que foi escrito ontem: “A ciéncia Politica € uma inveterada tomadoradeemprésimos. Aber dizer, la Gamaisecléicacntreascfvcing Sociais. A histéria do seu crescimento.e do seu desenvolvi imento € a histéria__ daseesio de Rabitiades eve sus ds outas Ente aa Ga 1965: 22). O titulo do Vivre de’ Gabriel Alva “Fable um quarto de steulo mais tarde (1990), 6, por assim dizer, um diagndstico: A Discipline Divided: Schools and Sects in Political Science. Ete livt enfatzn as cedex teGricas, ideolégicas e metodolégicas na disciplina, Sociologia Emm perfodede quatro décadas,asociolgiainicialmente- experimen —_ ‘ou.uma expansiomarcadamente monodiseplinar, para entig viver uma 104 [A trogrentagto das cidncassocais ispersio para além de suas fronteiras. Nos anos imediatamente posteriores eee cc emnerina mica oficial em apenas alguns pafses, particularmente nos Estados Unidos e no Canada. Na Europa, ela teve de recomegar praticamente do nada, especialmente na Alemanhae na Ilia, De1955 em dante, seu desenvol- ‘vimento foi espetacular em muitos paises, especialmente na Escandindvi Na Franga, em 1950, 0 nimero de académicos que poderiam declarara condigdo de socislogos profissionais era sem divida inferior a duas diizias: duas cftedras emt universidades, algun® poucos tla de mestre © umm’ yeno nimero de_pesquisadores no_CNRS, Outros acadEmitos, sém empincianene ae SOT Cwsorados pope lpn Hs sofos), contribuiram para o renascimento da Sociologia. Quatro décadas mais tarde, ¢ “Quem € Quem” na Sociologie Frangaite et Francophone ontnha 1.500 nomes,incuindo cern de 1,300 franceses, com 1100 0s genu{hose duzentosde ramos afins, quinhentos dos quais vj isegr more ede emcee sane ‘Nos Estad®5 Unidos, 0 mimero de socidlogos registrados na Associaco Socioldgica Americana dobrou nos anos 0 ¢ dobrou novamente nos anos 70. Paradoxalmente, fi na épocaem que era ainda modesta que asociologia mostrou inclinagdes imperialists, Seria fécil alinhavar um grande nimero “rc de citagdes que demonstrassem tal afirmago — mas apenas urna seré suficiente. Em 1962, em um tempo em que a sociologia ainda no era uma. disciplina independente em Oxferd e em Cambridge, e 0 era muito mal em Londres, W. G. Runciman procurava definir a sociologia como o estudo istemitico do com h ria, demografa, riminologiae polfica ‘amosda socoTogia (Runciman, 1962: 1) De 1970-em diane 0 crescimento coniggou a ocorrer junto com um proceso de Fragmentaglo, com o resultado de sera sociologia, hoje, nas democracias desenvolvidas, uma disciplina heterogénea e centrifuga. De- pendendo da maneira como ela € definida, pode-se fala dda medicina, das organizaGes lista é longa. : ‘Como assinala Neil Smelsernaintrodugfo ao seu Manual de sociologia, a “possibilidade de a sociologia ser expressio de um campo identificdvel los‘Mate Dogan uisadores no campo a larejanetio wns. uadicional_-E verdade que entre tais especi encontram-se representantes da sociologia urbana, mas eles so minori ‘uma massa de planejadores de cidades que provém & ‘um amplo espectro de de especialistas. Aqui esté uma descrigio do contetido de um livro que, ‘em sua época, teve algum sucesso: "Cada colaborador é um Sexperimenta-a.necessidade de retornar a seu centre — nilo. sudo Porém_ ~bemmsucedida, até o momento, Este processo assim descrito por Ralph ‘Tumer: “A sociologia passou de uma fase de énfase na teoria, com poucas bases empiticas testiveis, para outra de empiricismoa uuma outra fase, na qual a pesquisa é vista prim« sua relevancia para a grande teoria” (Turner, 195 (63), Mas em nenhum, 106 A fragmento ds ciéncias socials ‘momento a $0 suas frontei logia deu mostras de pretender retirar-se para o interior de oficais Economia Hé duas maneiras de se consider ela fornece evidéncias de grar ‘economia. De acordo com alguns, nsisténcia, seus postuladas so frutfferos >. Para outros, contudo, a econo icadas. Estas reconhecem a i 6es teéricas e metodolégicas ccaréter aberto e seu intercimbio com outras também reconhecer que, na medide especialidades, a econor interago do que outr ‘Sendo © primeiro ponto de vista (0 da economettia) bem conhecido, podemos explorar mais fratiferamente o segundo, Para Michel Beaud, as divisdes na economia sio tio profundas que os economistas nfo sfo capazes de entrar em acordo “nem sobre 0 assunto no qual eles estéo trabalhando, nem sobre 0s métodos, rem sobre os instrumentos te6ricos, e nem sobre as Beaud considera que a economia “softe pelo fato de que seus principais avangos, a saber, -se excessivamente separada das outras ciéncias sociais Para Jacques Lesourne, referindo-se ao Congresso Economé acerea dos congressos mundi his 107ol BIaLL09 10} 02489] 0ul Bods jeu J08]7 Ojad "wzsund ejad opSdo e anb ulesopisuos suisiaoUOsS SOM sorepay ‘SojapoUr Soe stonpioaty sesiwiouos9 soe o1zps1U02 wsoy ant P opeuonsop 2550} 402 42d epuot ap 2>1puo an sed supeapp seis 61 "syons) , OFbe|muanod ysesavped s¥sino 9 ‘no uo eng “owIEXD Wyse 9p 240) BU aus sso ssutoudog wood 49! 9p spueiemop sive seindod sew sasoias sop win 3 “ewouas 2p seisiaai 9 sopeyjasa! sopues8 WOD “ou -tousute-au0u eanytod 2 optun oulsy ‘sopiun sopeisg sou soane squaweuanxe ‘orouinu apuei8 win woo ‘opSeiodi00 vaou wun 9p (vj9 W100 opStiadwos wo ‘uipquier a eonsjod erougo ¥wi0> o1unfuoousc) oquautajoauasap ou operjnsas sos sous sep optewousey y 801 les] ypeue ou opin sopesg su wuausesodso sono Bagg gus Leuyall veo wi uopusosoptoo offe sprite wun opnue ia elousen ; ‘ojduiaxe wog win 9 BiUTOUODS i "Wow soso wesounwod on sejonjuy soupy : Weak s}pouow owauseuyuoD op seiougnbasuoa sy “odwieo na¥ Op OpSnpal [aapiapisuao w 6! ‘WoUgTOT Tumse opueUr Ward} Wu Soj9pow weznpoud vuoU0se ep soauga% so ‘our spde Ca¥. 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Mas isso ndo significa necessarfamsente empobrecimen- io, visto que as teras abandonadas pelos economistas logo foram cultivadas por outros. Aquelas teras abandonadas agora tém suas préprias bandeiras: fi iminis ), economia politica, ciéncia do desenvolvimento, estudos ~Comparativas de paises do Terceiro Mundo ¢ hist6ria econdmica-e-social, : ‘mais invejével caso ela nfo se houvesse voltado para dentro de si mesma. ‘A situagdo € particularmente surpreendente porque poucos clissicos da 9 sociolgiafalaram ma tentativa de estabelecer um lig eenal em sss teorias para a relagdo entre economia e sociedade: de Marx e Weber até * Schumpeter, Polanyi, Parsons e Smelser (ef. Martinelli e Smelser, 1990), sem esquecer Pareto. ‘Um verdadeiro exército de economistas nort-americanos famosos tem dado prioridade ao estudo de fenémenos politicos. Entre eles estio Downs, Buchanan, Tullock, Musgrave, Arrow, Lindblom, Black, Bamoul, Davis, Rothenberg, Harsanyi, MeKean, Olson (ef. Mitchel, 1969; 103). Mas eles, ‘mantiveram, ndo obstante, um pé na economia, eo —> Hibridagao em alta ‘A pesquisa monodisciplinar desempenha papel essencial no progresso cientfico. Seria ridfculo nfo reconhecer isso. Mas tal reconhecimento nao é incompativel com a erenga no caréter frutifero da hibridagdo, crenga que poderia ser formulada concisamente sob a forma de um teorema: nas ciéncias 06h smentais¢ temas de menor importincia; quanto mais te € um problema, mais complexas so as causas; ¢ quando as causas * |. stomuitas, maior 6a necessidade de um approach interdsciplinar —“Exeetuando-se algumas circunstincias, no é possivel indagar sobre os principais problemas da civilizagio a partir de um quadro estritamente ‘monodisciplinar. Apenas posicionando-se no cruzamento de muitos ramos 14 ‘A fragmenta das citncas soca Laponce, J (1989) “Political Science: An Import-Export Analysis of Journals ‘and Footnotes’, in Political Studies, p. 401-19. 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