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Vale ressaltar as sábias palavras do Ministro Eros Grau, em seu voto no MI 712,
sobre o direito de greve:
“A greve é a arma mais eficaz de que dispõem os trabalhadores como meio para a
obtenção de melhoria em suas condições de vida. Consubstancia um poder de fato;
por isso mesmo que, tal como positivado o princípio no texto constitucional [art. 9º], recebe
concreção, imediata — sua auto-aplicabilidade é inquestionável — como direito
fundamental de natureza instrumental.”
“(...) Ora, o direito de greve, em tal caso , existe por força da norma
constitucional, não por força da lei. Não é a lei que vai criar o direito. A Constituição
já o criou (...) isso significa que enquanto a lei não vem, o direito, o direito há que
prevalecer em sua amplitude constitucional. Reforça essa tese o fato de que a
Constituição ter garantido aos servidores públicos amplo direito à livre associação
sindical ( art.37, VI) que implica, só por si, o direito à greve. Então, se a lei não vem,
o direito existe, e , se existe, pode ser exercido.”
• GREVE DE BRAÇOS CRUZADOS - Paralisação de atividades, com o grevista presente no lugar de trabalho,
postado em frente à sua máquina, ou atividade profissional, sem efetivamente trabalhar;
• GREVE DE FOME - O grevista recusa-se a alimentar-se para chamar a atenção das autoridades, ou da
sociedade civil, para suas reivindicações;
• GREVE GERAL - Paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de âmbito nacional. Geralmente é
convocado um dia em especial de manifestação, procurando chamar atenção pela grande paralisação
conjunta.
• OPERAÇÃO-PADRÃO (ou greve de zelo em Portugal) - Consiste em seguir rigorosamente todas as normas da
atividade, o que acaba por retardar, diminuir ou restringir o seu andamento. É uma forma de protesto que
não pode ser contestada judicialmente, sendo muito utilizada por categorias sujeitas a leis que restringem
o direito de greve, como as prestadoras de serviços considerados essenciais à sociedade, por exemplo. É
muito utilizada por ferroviários, metroviários, controladores de vôo e policiais de alfândega, entre outros.
Resposta : SIM. A decisão do STF dada nos MI 670,708 e 712 é para todos (erga
omnes) os servidores do país, seja da esfera federal, estadual ou municipal. Assim,
enquanto o Congresso Nacional não editar a lei específica fica valendo a decisão do
STF, vale dizer, aplica-se, no que couber, a Lei nº 7783/1989, da iniciativa
privada.
IX- Pode fazer greve o servidor no estágio
probatório ?
Resposta: SIM. Ninguém pode ser punido pelo exercício de um Direito
Constitucional Fundamental. Ora, onde a Lei Maior não diz, não cabe ao interprete
dizer. Inclusive, o servidor em estágio probatório pode ser sindicalizado. Se pode
sindicalizar está implícito o direito de greve. Não é ?
Resposta: NÃO, não e não! É claro que, em caso de punição do servidor estará
havendo flagrante ilegalidade ou abuso de poder/autoridade, passível de correção por
meio de Mandado de Segurança.
Ora, o STF, como guardião da Constituição, decidiu que o servidor público pode
fazer greve, aplicando-se, no que couber, a lei da iniciativa privada.
Logo, vale lembrar que, a Administração Pública (que tem um viés autoritário) tem
que pautar a sua conduta no Princípio da Legalidade, ou seja, respeitando a decisão
do STF.
XI- Os dias que servidor paralisar podem ser
descontados?
Resposta : Para o Ministro Marco Aurélio, no julgamento da SS/2061, seria uma feroz
radicalização o desconto dos dias parados.
“Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práticas que acabem por
negá-lo. É de se concluir que, na supressão, embora temporária, da fonte do sustento do trabalhador e
daqueles que dele dependem, tem-se feroz radicalização, com resultados previsíveis, porquanto, a
partir da força, inviabiliza-se qualquer movimento, surgindo o paradoxo: de um lado, a
Constituição republicana e democrática de 1988 assegura o direito à paralisação dos
serviços como derradeiro recurso contra o arbítrio, a exploração do homem pelo homem, a
exploração do homem pelo Estado; de outro, o detentor do poder o exacerba, desequilibrando,
em nefasto procedimento, a frágil equação apanhada pela greve.”
O Desembargador Sérgio Cavaliere, no julgamento da apelação cível, nº 39.926/2009, em 28/9/2009:
“(...) Nesse sentido, a sanção administrativa aplicada pela autoridade pública se revela
desarrazoada/desproporcional, já que o desconto na remuneração dos servidores representa a própria
negação do direito de greve constitucionalmente reconhecido.”
-.
Negociação coletiva no Serviço Público – Convenção 151(OIT)
Nesse sentido, vejamos as palavras do excelente prof. Carlos Henrique Bezerra Leite,
Procurador do Trabalho :
“Negociar coletivamente não significa que as partes sejam obrigadas a celebrar convenção ou acordo
coletivo. (...) No âmbito da Administração Pública é juridicamente possível que a negociação coletiva seja
operacionalizada como um protocolo de intenções, uma mesa redonda, do qual participem, de um lado, o
representante do ente público e, de outro lado, o sindicato representativo dos servidores (...)”
Resposta: Deverá ser convocada uma assembléia geral, com prazo mínimo de sete dias,
para categoria decidir pela paralisação ou não.
Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva,
temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a
cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados
serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia
geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de
serviços.
§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a
deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os
fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.
Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos
trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.
Direito de Greve do
Servidor
Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou
constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
§ 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao
trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
§ 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao
trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de
trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo
arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação
de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho,
decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal
publicar, de imediato, o competente acórdão.
Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade
patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito
de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de
bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades
da empresa quando da cessação do movimento.
Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o
direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo
Direito de Greve do
Servidor
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.
Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a
garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência,
a saúde ou a segurança da população.
Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a
comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação
após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a
paralisação que:
I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição;
II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.
Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo
a legislação trabalhista, civil ou penal.
Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver
indício da prática de delito.
Direito de Greve do
Servidor
Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei
complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve
poderá ser exercido.
Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do
empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o
atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).
Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos
trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de
paralisação.
Art. 18. Ficam revogados a Lei nº 4.330, de 1º de junho de 1964, o
Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, e demais disposições em
contrário.
Art. 19 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 28 de junho de 1989; 168º da Independência e 101º da
República.
JOSÉ SARNEY
Oscar Dias Corrêa
Dorothea Werneck