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Ilustração: Leandro Dóro

RENATO FERRAZ é analista judiciário, coordenador de


assuntos jurídicos do Sind-Justiça, é bacharel em Direito
pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista
em Direito e Administração Pública e Professor de Direito
Constitucional e Administrativo.
renatoferraz@globo.com

Contatos: (21) 9405-5343 / 8777-9093


I- Breve Histórico da Greve

No século XIX, no início da revolução industrial, havia


uma praça em Paris onde os trabalhadores faziam reuniões quando
estavam descontentes com as condições de trabalho.

Naquela localidade acumulavam-se os gravetos


trazidos pelas enchentes do rio Sena. Daí surgiu o nome greve, originário
de graveto.

(Sergio Pinto Martins. 24ª Ed. 2008,Direito do Trabalho)


II- Estruturação do Sindicalismo

Toda organização sindical é estruturada em três pilares fundamentais:


Direito de Sindicalização, de Negociação e de GREVE.

O direito de sindicalização, isto é, liberdade de fundação de sindicato,


liberdade de filiação, liberdade de atuação que inclui a licença sindical para melhor exercício
do mandato classista e que proíbe a intervenção do Poder Público na organização sindical;

O direito de negociação que, aliás, é função de todo sindicato e um


poderoso instrumento de solução dos conflitos;

O direito de greve que quando o negociação fracassa, funciona como


último recurso para concretização da melhoria da condição social do trabalhador.
Sem o esses três pilares é tornar letra morta a Constituição Federal. É inviabilizar o
sindicalismo. É ficar no faz de conta que existe democracia.
III- O QUE É GREVE ?
Hoje, de acordo com a Constituição Federal, a greve é
considerada um direito. Um direito fundamental e social dos trabalhadores seja do setor
privado ou setor público. (art.9º e art.37, VI)
Como se sabe, Direito Fundamental são os direitos criados para
que todos vivam com liberdade, igualdade e dignidade.

Para o festejado prof. José Afonso da Silva, Direitos Fundamentais


concretiza garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. Trata-se de
situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes,
nem mesmo sobrevive.

Trata-se de uma garantia fundamental, porque funciona como


meio posto pela Constituição à disposição dos trabalhadores, não como um bem auferível em
si, mas como recurso de última instância para concretização de seus direitos e interesses.
( José Afonso da Silva)
A greve é um direito coletivo e não de uma única pessoa, só a
categoria , que é titular do direito, e que irá poder fazer greve, ou seja, uma pessoa sozinha
não faz greve; falta ao trabalho.
Para alguns doutrinadores, por exemplo, Sergio Pinto Martins,
Evaristo de Morais Filho , Delio Maranhão e Alexandre de Moraes a greve é forma de
autotutela. A greve, também, seria o exercício de um poder de fato dos trabalhadores com o
fim de realizar uma abstenção coletiva e através da pressão conseguir melhores condições de
IV- Posições dos Ministros do STF Eros
Grau e Marco Aurélio, sobre o direito de
greve :

Vale ressaltar as sábias palavras do Ministro Eros Grau, em seu voto no MI 712,
sobre o direito de greve:

“A greve é a arma mais eficaz de que dispõem os trabalhadores como meio para a
obtenção de melhoria em suas condições de vida. Consubstancia um poder de fato;
por isso mesmo que, tal como positivado o princípio no texto constitucional [art. 9º], recebe
concreção, imediata — sua auto-aplicabilidade é inquestionável — como direito
fundamental de natureza instrumental.”

“ O direito de greve é um instrumento muito poderoso na mão da maioria: os


trabalhadores; por esse motivo tentam de todas as formas limitá-lo, e por esse motivo
também é que se proibiu a greve política, para que o povo, a massa, não possa se unir e
reivindicar seus direitos e lutar por melhores condições de vida. “
Trazemos, também, às palavras do
Ministro Marco Aurélio , quando da
decisão na SS 2061:
“Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se
impedir práticas que acabem por negá-lo. É de se concluir que, na supressão, embora
temporária, da fonte do sustento do trabalhador e daqueles que dele dependem, tem-se
feroz radicalização, com resultados previsíveis, porquanto, a partir da força, inviabiliza-
se qualquer movimento, surgindo o paradoxo: de um lado, a Constituição republicana
e democrática de 1988 assegura o direito à paralisação dos serviços como
derradeiro recurso contra o arbítrio, a exploração do homem pelo homem, a
exploração do homem pelo Estado; de outro, o detentor do poder o exacerba,
desequilibrando, em nefasto procedimento, a frágil equação apanhada pela greve.”
V- A Doutrina e Direito de Greve do
Servidor
Na doutrina o festejado constitucionalista JOSÉ AFONSO DA SILVA Afonso da Silva ensina que :

“(...) Ora, o direito de greve, em tal caso , existe por força da norma
constitucional, não por força da lei. Não é a lei que vai criar o direito. A Constituição
já o criou (...) isso significa que enquanto a lei não vem, o direito, o direito há que
prevalecer em sua amplitude constitucional. Reforça essa tese o fato de que a
Constituição ter garantido aos servidores públicos amplo direito à livre associação
sindical ( art.37, VI) que implica, só por si, o direito à greve. Então, se a lei não vem,
o direito existe, e , se existe, pode ser exercido.”

( Curso de Direito Constitucional Positivo, pg.700, 30 edição,2008, ed. Malheiros)


No mesmo sentido, o jurista CELSO ANTÔNIO
BANDEIRA DE MELLO, sobre o direito de greve do
servidor público:

“ (...) entendemos que tal direito existe desde a promulgação da


Constituição. Deverás, mesmo à falta de lei, não se pode lhes subtrair um direito
constitucionalmente previsto, sob pena de se admitir que o Legislativo ordinário tem o poder
de, com sua inércia até o presente paralisar a aplicação da Lei Maior, sendo, pois, mais forte
do que ela...”
VI –Servidor Público pode fazer greve ?

A resposta só pode ser sim, sim e sim ! Hoje, a questão da


legalidade está superada.Foi colocada uma pá de cal na questão. No dia 25 de outubro
de 2007, o Supremo Tribunal Federal ( STF) julgou os Mandados de Injunção 670, 708 e
712. Ações foram ajuizadas respectivamente, pelo Sindicato dos Servidores Policiais
Civis do Estado do Espírito Santo (Sindpol), pelo Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do município de João Pessoa (Sintem) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do
Poder Judiciário do estado do Pará (Sinjep).

O STF regulamentou o direito de greve dos servidores públicos,


determinando que, a Lei de Greve que regulamenta as paralisações na
iniciativa privada passe a valer também para os servidores públicos, enquanto o
Congresso Nacional não legislar sobre o assunto.

Ou seja, aplica-se no que couber a lei da iniciativa privada, Lei nº


7783/89 Nesse sentido, com a nova posição do STF (concretista) é legal o servidor
público fazer greve.
Não obstante, independente da inércia do legislador ordinário, os servidores
públicos sempre fizeram greve , ou seja, sempre exerceram o seu direito fundamental de greve.
Aliás, vale lembra que, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.( CF, art. 5§ 1º )

Para o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, greve é fato e decorre de


elementos que escapam aos estritos limites das leis (MI 4382)

Cabe salientar a lição dada pelo Min. Celso de Mello, em seu


voto lapidar sobre o direito de greve do servidor, no MI 708, vejamos:

“Não mais se pode tolerar, sob pena de fraudar-se a vontade da


Constituição, esse estado de continuada, inaceitável, irrazoável e abusiva inércia do
Congresso Nacional, cuja omissão, além de lesiva ao direito dos servidores públicos civis - a
quem se vem negando, arbitrariamente, o exercício do direito de greve, já assegurado pelo
texto constitucional -, traduz um incompreensível sentimento de desapreço pela autoridade,
pelo valor e pelo alto significado de que se reveste a Constituição da República.”
VII- Tipos de Greve
As greves podem ser de diversos tipos, a depender de fatores como tática, propósito ou alcance do
movimento.
Dentre os tipos mais difundidos, encontram-se:

• GREVE REIVINDICATIVA - Objetivando a melhoria das condições de trabalho e salário;

• GREVE BRANCA - Mera paralisação de atividades, desacompanhada de represálias;

• GREVE DE SOLIDARIEDADE - Em apoio a grupos reprimidos ou outras categorias;

• GREVE DE BRAÇOS CRUZADOS - Paralisação de atividades, com o grevista presente no lugar de trabalho,
postado em frente à sua máquina, ou atividade profissional, sem efetivamente trabalhar;

• GREVE DE FOME - O grevista recusa-se a alimentar-se para chamar a atenção das autoridades, ou da
sociedade civil, para suas reivindicações;

• GREVE GERAL - Paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de âmbito nacional. Geralmente é
convocado um dia em especial de manifestação, procurando chamar atenção pela grande paralisação
conjunta.

• OPERAÇÃO-PADRÃO (ou greve de zelo em Portugal) - Consiste em seguir rigorosamente todas as normas da
atividade, o que acaba por retardar, diminuir ou restringir o seu andamento. É uma forma de protesto que
não pode ser contestada judicialmente, sendo muito utilizada por categorias sujeitas a leis que restringem
o direito de greve, como as prestadoras de serviços considerados essenciais à sociedade, por exemplo. É
muito utilizada por ferroviários, metroviários, controladores de vôo e policiais de alfândega, entre outros.

• ESTADO DE GREVE - Alerta para uma possível paralisação.


VIII - A decisão do STF aplica-se a todos
servidores públicos do país ?

Resposta : SIM. A decisão do STF dada nos MI 670,708 e 712 é para todos (erga
omnes) os servidores do país, seja da esfera federal, estadual ou municipal. Assim,
enquanto o Congresso Nacional não editar a lei específica fica valendo a decisão do
STF, vale dizer, aplica-se, no que couber, a Lei nº 7783/1989, da iniciativa
privada.
IX- Pode fazer greve o servidor no estágio
probatório ?
Resposta: SIM. Ninguém pode ser punido pelo exercício de um Direito
Constitucional Fundamental. Ora, onde a Lei Maior não diz, não cabe ao interprete
dizer. Inclusive, o servidor em estágio probatório pode ser sindicalizado. Se pode
sindicalizar está implícito o direito de greve. Não é ?

Aliás, vejamos a recente posição da Ministra Cármen Lúcia, do STF :

“A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório


não é justificativa para demissão com fundamento na sua participação em
movimento grevista por período superior a trinta dias. A ausência de
regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralisação
em movimento grevista em faltas injustificadas.” (RE 226.966, Rel. p/ o ac.
Min. Cármen Lúcia, julgamento em 11-11-08, DJE de 21-8-09)“
DIREITO DE GREVE DO
SERVIDOR
 No mesmo sentido o informativo nº 573 do STF :

 O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação


direta proposta pela Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais
Civis - COBRAPOL para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único
do art. 1º do Decreto 1.807/2004 do Governador do Estado de Alagoas,
que determina a exoneração imediata de servidor público em estágio
probatório, caso fique comprovada sua participação na paralisação do
serviço, a título de greve — v. Informativo 413. Salientou-se, inicialmente,
o recente entendimento firmado pela Corte em vários mandados de
injunção, mediante o qual se viabilizou o imediato exercício do direito de
greve dos servidores públicos, por aplicação analógica da Lei 7.783/89, e
concluiu-se não haver base na Constituição Federal para fazer distinção
entre servidores públicos estáveis e não estáveis, sob pena de afronta,
sobretudo, ao princípio da isonomia. Vencido o Min. Carlos Velloso, relator,
que julgava o pleito improcedente. Precedentes citados: MI 670/ES (DJU de
31.10.2008); MI 708/DF (DJE de 31.10.2008); MI 712/PA (DJE de
31.10.2008). ADI 3235/AL, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acórdão
Min. Gilmar Mendes, 4.2.2010. (ADI-3235)
X- A Administração Pública pode punir com
remoções o servidor que fizer greve ?

Resposta: NÃO, não e não! É claro que, em caso de punição do servidor estará
havendo flagrante ilegalidade ou abuso de poder/autoridade, passível de correção por
meio de Mandado de Segurança.

Ora, o STF, como guardião da Constituição, decidiu que o servidor público pode
fazer greve, aplicando-se, no que couber, a lei da iniciativa privada.

Logo, vale lembrar que, a Administração Pública (que tem um viés autoritário) tem
que pautar a sua conduta no Princípio da Legalidade, ou seja, respeitando a decisão
do STF.
XI- Os dias que servidor paralisar podem ser
descontados?

Resposta : Para o Ministro Marco Aurélio, no julgamento da SS/2061, seria uma feroz
radicalização o desconto dos dias parados.

“Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práticas que acabem por
negá-lo. É de se concluir que, na supressão, embora temporária, da fonte do sustento do trabalhador e
daqueles que dele dependem, tem-se feroz radicalização, com resultados previsíveis, porquanto, a
partir da força, inviabiliza-se qualquer movimento, surgindo o paradoxo: de um lado, a
Constituição republicana e democrática de 1988 assegura o direito à paralisação dos
serviços como derradeiro recurso contra o arbítrio, a exploração do homem pelo homem, a
exploração do homem pelo Estado; de outro, o detentor do poder o exacerba, desequilibrando,
em nefasto procedimento, a frágil equação apanhada pela greve.”
O Desembargador Sérgio Cavaliere, no julgamento da apelação cível, nº 39.926/2009, em 28/9/2009:

“(...) Nesse sentido, a sanção administrativa aplicada pela autoridade pública se revela
desarrazoada/desproporcional, já que o desconto na remuneração dos servidores representa a própria
negação do direito de greve constitucionalmente reconhecido.”

No julgamento do Mandado de segurança nº 2007.004.01528, em 19/03/2008, o Des. Elton Leme :

“A subtração dos vencimentos daqueles trabalhadores que se engajaram em movimento grevista


sem a mácula da ilegalidade representa uma negação ao próprio direito de greve, caracterizando-se,
portanto, como verdadeira afronta ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.”
Com o seu brilhantismo ensina o Desembargador Rogério de Oliveira e Souza, na
apelação nº 200.00400730, julgamento em 23/6/2008 :

“... O grevista não pratica falta funcional ou falta ao serviço, mas se


encontra no exercício de seu direito ao trabalho. O não pagamento do salário do
trabalhador grevista representa a negação do próprio direito de greve, porquanto
retira do trabalhador os meios mais elementares de sua subsistência e, em conseqüência, dá
cabo do próprio direito .”

Não obstante, no julgamento do mandado de injunção nº708, o STF, entendeu


por analogia que a greve do servidor público “ suspende o contrato de trabalho”, ou seja,
poderá existir o desconto dos dias parados.

Todavia, na prática, o movimento grevista sempre negociou com a


Administração o não desconto dos dias paralisados.
XII- COMO SERÁ FEITA A FREQUÊNCIA DOS
DIAS EM GREVE ?

Resposta: A freqüência deverá ser feito num “ponto paralelo”.

Fazer greve não é ficar em casa ou ir pra praia. O SERVIDOR


CONSCIENTE deve comparecer no local de trabalho e ficar à disposição
do movimento grevista cumprindo o “expediente”.
XIV- Qual a diferença entre GREVE e
PARALISAÇÃO ?

Resposta: Juridicamente, não existe diferença entre greve e paralisação;


pois em ambas situações está havendo a suspensão coletiva de trabalho.
Porém, na prática sindical, fala-se em paralisação quando a
greve é por tempo determinado, por exemplo, PARALISAÇÃO DE 24
HORAS, 48 HORAS, 72 HORAS, e GREVE, QUANDO A PARALISAÇÃO
É POR TEMPO INDETERMINADO.
Convenção 151 da OIT

Assunto: relações de trabalho na Administração Pública;

O Art. 8º aborda a negociação coletiva;

- Art. 8º - A resolução dos conflitos surgidos a propósito da fixação das


condições de trabalho será procurada de maneira adequada às
condições nacionais, através da negociação entre as partes interessadas
ou por um processo que dê garantias de independência e imparcialidade,
tal como a mediação, a conciliação ou a arbitragem, instituído de modo
que inspire confiança às partes interessadas;

-.
Negociação coletiva no Serviço Público – Convenção 151(OIT)

Um dos pilares do sindicalismo como já dito anteriormente é a negociação. Aliás, o


sindicato é criado também para negociar. Não é ? Se um sindicato não pode negociar com o
patrão ou com o Estado. Pra que o sindicato ? O Princípio da Legalidade não é nenhuma desculpa
para que não haja negociação no setor público.

Da negociação é que surge a pacificação social evitando o transtorno da greve.

Nesse sentido, vejamos as palavras do excelente prof. Carlos Henrique Bezerra Leite,
Procurador do Trabalho :

“Negociar coletivamente não significa que as partes sejam obrigadas a celebrar convenção ou acordo
coletivo. (...) No âmbito da Administração Pública é juridicamente possível que a negociação coletiva seja
operacionalizada como um protocolo de intenções, uma mesa redonda, do qual participem, de um lado, o
representante do ente público e, de outro lado, o sindicato representativo dos servidores (...)”

Desse protocolo de intenções poderá surgir um projeto de lei, encampando, materialmente, as


cláusulas que contemplam o acordo de vontades entre as partes, pressupondo, sempre, que o representante
do ente público paute sempre a sua conduta pela observância do princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse de classe ou particular.”
DIREITO DE GREVE DO
SERVIDOR
 Convenção 151 estabelece garantias às organizações de trabalhadores da
Administração Pública, parâmetros para a fixação e negociação das
condições de trabalho, para a solução de conflitos e para o exercício dos
direitos civis e políticos. Faz parte da "pauta trabalhista", das centrais
 O Congresso Nacional promulgou, 7/4/2010, o PDS 819/09 que ratifica,
com ressalvas, a Convenção 151 e a Recomendação 159 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT). O projeto que trata de norma internacional
é prerrogativa do Congresso sancionar.
 A Convenção 151 estabelece garantias às organizações de trabalhadores
da Administração Pública, parâmetros para a fixação e negociação das
condições de trabalho, para a solução de conflitos e para o exercício dos
direitos civis e políticos.
 Já a Recomendação 159 pretende, entre outras coisas, "garantir
parâmetros objetivos e pré-estabelecidos para a eventual existência de
direitos preferenciais ou exclusivos a determinadas organizações de
trabalhadores e a previsão legal acerca dos indivíduos ou órgãos
competentes para negociar em nome da autoridade pública e seus
procedimentos de negociação".
 O projeto foi transformado em norma jurídica e passa a ser definido como
Decreto Legislativo 206/10.
Direito de Greve do
Servidor
 O que são práticas anti-sindical ?

 Resposta. Segundo Sergio Martins Pinto são a


ingerência do empregador na organização dos
trabalhadores e a recusa de negociar coletivamente,
ou seja, são práticas desleais.
 São atos anti-sindicais no serviço público: a remoção
do servidor por ser sindicalizado e ter idéias
sindicalistas, a instauração de sindicâncias e
processos administrativos injustos, o não concessão
de licenças sindicais, a revogação das licenças
sindicais por motivo de greve, a recusa em negociar,
etc
Direito de Greve do
Servidor
XIII-Como se deflagra um greve ?
Como se sabe, a greve é um Direito Constitucional Fundamental
em todo Estado Democrático de Direito. Por outro lado, não
podemos fazer a “greve pela greve”. Não podemos banalizar a
greve. A greve é um poderoso instrumento e deve ser deflagrada
quando a negociação com a Administração Pública fracassa.

Assim, primeiro temos que marcar uma assembléia geral da


categoria a fim de aprovação da pauta de reivindicações.

Aprovada a pauta , temos que oficiar a Administração Pública e


solicitarmos uma reunião para discutir as reivindicações dos
servidores.
Direito de Greve do
Servidor
A solicitação de reunião com a Administração tem que ser através de ofício para comprovar
a boa-fé do sindicato em tentar negociar.

XIV-Caso a Administração não queira receber a diretoria do


sindicato ou a negociação fracassar ?

Resposta: Deverá ser convocada uma assembléia geral, com prazo mínimo de sete dias,
para categoria decidir pela paralisação ou não.

XV- Em caso de decretação da greve, quais os procedimentos a serem


adotados ?

Resposta: o sindicato deverá comunicar, com antecedência mínima de 72 horas, à


Administração Pública e à população que entrará em greve. A comunicação à
Administração será através de ofício e à população, por meio de jornal de grande
circulação.
Direito de Greve do
Servidor
 XVI- Qual o quantitativo de servidores para garantir o mínimo de
serviço na greve ?

 Resposta: Para que haja “ legalidade” do movimento grevista, o


quantitativo de pessoal será de 30 % ( trinta por cento), ou seja, deverá
ser garantido um funcionamento mínimo do serviço em 30%.

 Quem julgará a greve dos servidores públicos estaduais ?

Resposta: Consoante decisão do STF, no histórico mandado de injunção, a


greve dos servidores estaduais será julgada pelo Tribunal de Justiça, ou seja,
Órgão Especial.
Inclusive, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, já houve mudança no
Regimento interno em face a decisão do STF, vale dizer, pelo art.3º, I, O, “ compete
ao Órgão Especial julgar as medidas judiciais que venham a ser requeridas em
virtude de estado de greve deflagrado por servidores estaduais e municipais “
Direito de Greve do
Servidor
XVII- Quais os dispositivos da Lei de greve da iniciativa
privada ( Lei nº 7783/1989, que são aplicáveis aos
servidores públicos ?

◦ Resposta: Entendemos que :

◦ 1- Aplicáveis : Art 1º, 2º, 6º art.7º ( caput), art.8º. Art.15º e


art.17º;

◦ 2- Aplicáveis com adaptações: Art.3º ( caput) e § único, art.4º


( caput), art.7º § único, art.9º caput e § único e art.14 ( caput)
 3- Inaplicáveis : 10, 11,12 e 13
Direito de Greve do
Servidor
Lei nº 7783/1989

 Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências.        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
        
 Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
         Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma estabelecida nesta Lei.
         Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva,
temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador.
         Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a
cessação coletiva do trabalho.
         Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados
serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação.
         Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu estatuto, assembléia
geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de
serviços.
         § 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de convocação e o quorum para a
deliberação, tanto da deflagração quanto da cessação da greve.
         § 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados deliberará para os
fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação.
         Art. 5º A entidade sindical ou comissão especialmente eleita representará os interesses dos
trabalhadores nas negociações ou na Justiça do Trabalho.
Direito de Greve do
Servidor
         Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos:
         I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve;
         II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
         § 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou
constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem.
         § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao
trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.
         § 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao
trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
         Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de
trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo
arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
         Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação
de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
         Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho,
decidirá sobre a procedência, total ou parcial, ou improcedência das reivindicações, cumprindo ao Tribunal
publicar, de imediato, o competente acórdão.
         Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade
patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito
de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de
bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades
da empresa quando da cessação do movimento.
         Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o
direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo
Direito de Greve do

Servidor
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
         I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;
         II - assistência médica e hospitalar;
         III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
         IV - funerários;
         V - transporte coletivo;
         VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
         VII - telecomunicações;
         VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
         IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
         X - controle de tráfego aéreo;
         XI compensação bancária.
         Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a
garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
         Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência,
a saúde ou a segurança da população.
         Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
         Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a
comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
         Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação
após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
         Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a
paralisação que:
         I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição;
         II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.
         Art. 15 A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo
a legislação trabalhista, civil ou penal.
         Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver
indício da prática de delito.
Direito de Greve do
Servidor
 Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da Constituição, lei
complementar definirá os termos e os limites em que o direito de greve
poderá ser exercido.
         Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do
empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o
atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).
         Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos
trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de
paralisação.
         Art. 18. Ficam revogados a Lei nº 4.330, de 1º de junho de 1964, o
Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, e demais disposições em
contrário.
         Art. 19 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
         Brasília, 28 de junho de 1989; 168º da Independência e 101º da
República.
 JOSÉ SARNEY
Oscar Dias Corrêa
Dorothea Werneck

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