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1) O Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgou um recurso de apelação sobre um caso envolvendo um diagnóstico equivocado de HIV em uma gestante. 2) A sentença de primeira instância havia condenado o município de Belo Horizonte a indenizar a autora pelos danos morais sofridos. 3) O Tribunal manteve a sentença e negou provimento ao recurso, entendendo que houve falha na prestação do serviço público de saúde que causou abalo psicológico à autora.
1) O Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgou um recurso de apelação sobre um caso envolvendo um diagnóstico equivocado de HIV em uma gestante. 2) A sentença de primeira instância havia condenado o município de Belo Horizonte a indenizar a autora pelos danos morais sofridos. 3) O Tribunal manteve a sentença e negou provimento ao recurso, entendendo que houve falha na prestação do serviço público de saúde que causou abalo psicológico à autora.
1) O Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgou um recurso de apelação sobre um caso envolvendo um diagnóstico equivocado de HIV em uma gestante. 2) A sentença de primeira instância havia condenado o município de Belo Horizonte a indenizar a autora pelos danos morais sofridos. 3) O Tribunal manteve a sentença e negou provimento ao recurso, entendendo que houve falha na prestação do serviço público de saúde que causou abalo psicológico à autora.
GEMELAR - DIVULGAO DE RESULTADO POSITIVO DE TESTE DE HIV - "FALSO POSITIVO" - AUSNCIA DE QUALQUER RESSALVA NO LAUDO LABORATORIAL - PORTARIA MS 59/2003 - DANO MORAL IN RE IPSA RECURSO DESPROVIDO. - Para a caracterizao da responsabilidade do ente pblico por ato omissivo, no basta o nexo de causalidade entre a omisso e o resultado danoso, impondo-se a comprovao da falta do servio ou do descumprimento de um dever legal que lhe impunha obstar o evento lesivo. Em se tratando de responsabilidade civil estatal por omisso, necessrio que a deficincia do servio tenha sido a causa direta e imediata do resultado danoso ocorrido, a fim de que seja caracterizado o indispensvel nexo causalidade. - A Portaria MS 59/2003 prev que os resultados positivos de exames de HIV devam ser divulgados com ressalvas. evidente que tal disposio tem por objetivo justamente evitar um juzo precipitado do paciente, evitando o desgaste psicolgico e moral que acometeria qualquer pessoa leiga diante de um resultado positivo de uma doena to temida. - O dano moral se configura in re ipsa, eis que dispensada a comprovao objetiva de dor e sofrimento, sempre que demonstrada a ocorrncia de ofensa injusta dignidade da pessoa humana. - Recurso desprovido. APELAO CVEL N 1.0024.08.234119-9/001 - COMARCA DE BELO
ACRDO Vistos etc., acorda, em Turma, a 1 CMARA CVEL do Tribunal de Justia do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, unanimidade, em <NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO>. DES. EDUARDO ANDRADE RELATOR. DES. EDUARDO ANDRADE (RELATOR) VOTO Trata-se de ao de indenizao ajuizada por Daniela Batista Perez em face do Municpio de Belo Horizonte, objetivando ser ressarcida pelos danos morais sofridos em razo do diagnostico equivocado de HIV/AIDS Sndrome da imunodeficincia adquirida - que lhe foi apresentado. Adoto o relatrio da sentena de origem, acrescentando-lhe que foi julgado procedente o pedido inicial, para condenar o Municpio de Belo Horizonte ao pagamento da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a ttulo de danos morais, que dever ser corrigido monetariamente desde o ms da propositura da ao, e com a incidncia de juros de mora na forma do art. 1F da Lei 9494/97, a partir da citao. O requerido foi condenado, ainda, ao pagamento dos honorrios advocatcios fixados em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), na forma do art. 20, 4, do CPC. Isento de custas. Sentena no sujeita ao reexame necessrio. Inconformado, o Municpio de Belo Horizonte interps recurso de apelao s fls. 98/114, objetivando a reforma da sentena aos
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seguintes fundamentos, em sntese: 1) que o atendimento prestado autora
foi correto, sendo dever do mdico informar paciente da sua real condio de sade; 2) que no h se falar em imprudncia, negligncia ou impercia, vez que o atendimento prestado pelo SUS foi diligente e zelou pela vida da apelada; 3) que no h nos autos prova de que a mdica deu como definitivo o resultado do exame ELISA I e II, tanto que a encaminhou para o local indicado para averiguar a real situao da paciente; 4) que hiptese dos autos deve ser aplicada a teoria da responsabilidade subjetiva, somente confirmado o dever de indenizar em face da comprovao de culpa, o que no se verifica; 5) que a apelada no sofreu verdadeiro sofrimento moral, eis que no h provas conclusivas nos autos que atestem que a mdica lhe garantiu que o resultado positivo seria definitivo; 6) que patente que a apelada sofreu apenas chateaes e aborrecimentos que no se confundem com dano moral; 7) que os honorrios advocatcios foram fixados em montante excessivo. Regularmente intimada, a apelada apresentou contrarrazes s fls. 117/123, pugnando pelo desprovimento do recurso. Subiram os autos a este egrgio TJMG. Vieram-me conclusos os autos. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheo do recurso. Infere-se dos autos que, nos idos de 2007, a autora - Daniela Batista Perez - engravidou-se de gmeos, e, ao submeter-se aos exames para diagnstico de HIV, foi surpreendida com dois resultados positivos, apurados mediante a realizao do teste ELISA (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) pelo Laboratrio Distrital de Venda Nova, os quais, posteriormente, se revelaram "falso-positivo", em terceiro exame realizado pelo Hospital das Clnicas da UFMG. Tais fatos so incontroversos. A autora, ento, ajuizou a presente ao ordinria, objetivando
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ser indenizada pelos danos morais sofridos em razo do abalo de ser
diagnosticada equivocadamente com doena de sabida gravidade, que no s causou-lhe intenso sofrimento fsico e psquico pela preocupao com a sua prpria sade, mas tambm pela sade dos bebs que esperava, e no abalo que causou no relacionamento com seu companheiro, pai dos bebs. Observo que a prpria autora, na exordial, afirma que o teste ELISA no pode ser visto como diagnstico da doena, haja vista a possibilidade de ocorrer o resultado "falso positivo". Nada obstante, afirma que, poca em que ocorreram os fatos, no detinha tal conhecimento, que no lhe foi repassado pela mdica responsvel, no havendo nos exames que lhes foram entregues qualquer ressalva do laboratrio quanto possibilidade do resultado apresentado no ser definitivo. Afirma, pois, que tanto a mdica, quanto o laboratrio, foram negligentes na conduo de seu diagnstico. O Municpio de Belo Horizonte, em sentido oposto, afirma que o atendimento prestado autora foi correto, tendo sido informada do seu estado de sade, e devidamente encaminhada para o atendimento adequado, no havendo nos autos nenhuma prova de que foi afirmado pela mdica que a atendeu que o resultado dos exames era considerado definitivo. A v. sentena, ao entendimento de que houve falha na prestao do servio pelo ru, que no cuidou de realizar os testes com o mtodo mais adequado para a verificao da existncia da doena, julgou procedente o pedido, para reconhecer o direito da autora a ser indenizada pelo dano moral sofrido. Pois bem. De incio, sobreleva ressaltar que, no obstante a teoria da responsabilidade objetiva adotada pelo artigo 37, 6, da Constituio Federal de 1988, nas hipteses em que h um ato omissivo do Estado aplica -se a teoria da responsabilidade subjetiva.
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Nesse sentido, a melhor doutrina:
"Quando o dano foi possvel em decorrncia de uma omisso do Estado (o servio no funcionou, funcionou tardia ou ineficientemente) de aplicar-se a teoria da responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado no agiu, no pode, logicamente, ser ele o autor do dano. E, se no foi o autor, s cabe responsabiliz-lo caso esteja obrigado a impedir o dano. Isto : s faz sentido responsabiliz-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo. Deveras, caso o Poder Pblico no estivesse obrigado a impedir o acontecimento danoso, faltaria razo para impor-lhe o encargo de suportar patrimonialmente as consequncias da leso. Logo, a responsabilidade estatal por ato omissivo sempre responsabilidade por comportamento ilcito. E, sendo responsabilidade por ilcito, necessariamente responsabilidade subjetiva, pois no h conduta ilcita do Estado (embora do particular possa haver) que no seja proveniente de negligncia, imprudncia ou impercia (culpa) ou, ento, deliberado propsito de violar a norma que o constitua em dada obrigao (dolo). Culpa e dolo so justamente as modalidades de responsabilidade subjetiva" (CELSO ANTNIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direito Administrativo, 12 ed., Malheiros Editores, p. 794/795). Dessa forma, para a caracterizao da responsabilidade do ente pblico por ato omissivo, no basta o nexo de causalidade entre a omisso e o resultado danoso, impondo-se a comprovao da falta do servio ou do descumprimento de um dever legal que lhe impunha obstar o evento lesivo. Mas no s. Em se tratando de responsabilidade civil estatal por omisso, necessrio que a deficincia do servio tenha sido a causa direta e imediata do resultado danoso ocorrido, a fim de que seja caracterizado o indispensvel nexo causalidade. Nesse sentido firmou-se a orientao do Superior Tribunal de Justia, como bem elucidam os seguintes julgados, mutatis mutandis:
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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO. ASSALTO PRATICADO CONTRA MOTORISTA PARADO EM SINAL DE TRNSITO. OMISSO DO ESTADO EM PROVER SEGURANA PBLICA NO LOCAL NEXO DE CAUSALIDADE. REQUISITO INDISPENSVEL. AUSNCIA. 1. A imputao de responsabilidade civil, objetiva ou subjetiva, supe a presena de dois elementos de fato (a conduta do agente e o resultado danoso) e um elemento lgico-normativo, o nexo causal (que lgico, porque consiste num elo referencial, numa relao de pertencialidade, entre os elementos de fato; e normativo, porque tem contornos e limites impostos pelo sistema de direito). 2. Nesse domnio jurdico, o sistema brasileiro, resultante do disposto no artigo 1.060 do Cdigo Civil/16 e no art. 403 do CC/2002, consagra a teoria segundo a qual s existe o nexo de causalidade quando o dano efeito necessrio de uma causa. 3. No caso, no h como afirmar que a deficincia do servio do Estado, que no destacou agentes para prestar segurana em sinais de trnsito sujeitos a assaltos, tenha sido a causa necessria, direta e imediata do ato ilcito praticado pelo assaltante de veculo.Ausente o nexo causal, fica afastada a responsabilidade do Estado. Precedentes do STF e do STJ. 4. Recurso especial a que se d provimento. (REsp 843.060/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 24/02/2011) ... PROCESSO CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAES GENRICAS. SMULA 284/STF. DISSENSO PRETORIANO NO COMPROVADO. AUSNCIA DE SIMILITUDE FTICA. NEXO DE CAUSALIDADE. SMULA 126/STJ.
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1. No se conhece do recurso por violao do art. 535, II, do CPC quando a
recorrente se limita a transcrever os embargos de declarao e afirmar que as questes ali apontadas como omissas deveriam ter sido examinadas. Deficincia de fundamentao. Incidncia da Smula 284/STF. 2. O nexo de causalidade e, portanto, a responsabilidade civil do Estado foram excludos, no acrdo recorrido, com base nas peculiaridades existentes no caso concreto como o lapso temporal entre a conduta criminosa e a fuga do presidirio e tambm a distncia entre o local do ato e o estabelecimento prisional. Esses elementos reforam a inexistncia da divergncia pretoriana, ante a ausncia de similitude ftica entre os julgados confrontados. 3. O STJ apenas tem reconhecido a responsabilidade civil estatal por omisso, quando a deficincia do servio tenha sido a causa direta e imediata do ato ilcito praticado pelo foragido, situao no constatada nos autos. 4. Apesar de haver fundamentao fulcrada no art. 37, 6, da Constituio Federal, no foi apresentado pela agravante recurso extraordinrio, o que reclama a aplicao do bice da Smula 126/STJ. 5. Agravo regimental no provido. (AgRg no AREsp 173.291/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 21/08/2012) (grifei) Feitas essas consideraes, tenho que, relativamente ao atendimento prestado autora pela mdica atuante no Posto de Sade Municipal, no h nenhuma evidncia de servio prestado de forma deficiente. Com efeito, a prova dos autos incapaz de comprovar que a autora no foi devidamente informada das especificidades do seu caso, e alertada sobre as medidas que seriam tomadas. O que se infere do pronturio de atendimento da apelada (fls. 47), pelo contrrio, que a mesma foi devidamente informada, inclusive tendo
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seus questionamentos respondidos, ao que se seguiu o pedido de exame de
seu parceiro e o encaminhamento para o setor especializado (de alto risco). Confira-se os seguintes trechos do pronturio, in verbis: "12/03/07. Hoje IG = 15 sem + 3 dias Relata melhora das nuseas e vmitos - recebeu c/ tranquilidade ("certa") me fazendo perguntas bem pertinentes e recebendo bem as explicaes. Trouxe resultados dos exames de 05/02/2007. (...) Obs. deixei pedido de anti-HIV (I e II) p/ o parceiro Walmer Eduardo (29a) + atestado pelo dia de hoje. (...) 21/03/07. (...) Ex do parceiro de 19/03/07 - anti-HIV (I e II)= NEG - estamos aguardando o resultado da Imunofluorescencia (Western Blot) da pac (ser na prxima 4 f - HC). (...) Aguardando exame acima + (ilegvel) + repetir "Elisa" p/ parceiro em 2 meses + afastamento do trabalho por 10 dias. (...)" certo que a medicina no pode ser considerada cincia exata, pelo que, diante a existncia de dois exames indicando ser a paciente portadora do vrus do HIV, no se poderia exigir da mdica responsvel conduta diversa da que foi adotada, isto , o esclarecimento da paciente, o questionamento sobre seu parceiro sexual atual e eventuais parceiros anteriores, dando incio imediato ao tratamento.
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Alis, a prpria autora, na inicial, reconhece que a mdica lhe informou
sobre a doena, dando incio imediato aos procedimentos para o incio do tratamento, confira-se: "a Dra. Marilene Altavina Gouva, aps o primeiro exame de HIV positivo em mos, j antes mesmo de pedir o segundo exame de confirmao, seguiu os procedimentos cabveis como se fosse em um paciente soro positivo definitivo. Conversou com a Autora para que esta informasse a seu companheiro sobre a doena, aconselhando a pedi-lo que tambm fizesse o exame de HIV para verificar se era ele o infectado; inclusive seus supostos "ex parceiros" (...) (fl. 03). Data maxima venia das alegaes autorais, tenho que diante da realidade atual do sistema de sade pblico, onde muitas vezes so prestados servios ineficientes e incapazes de atender maioria da populao, parece-me temerria a alegao de que a atuao pronta e imediata da mdica atuante no Posto de Sade Municipal causou dano moral autora. Por outro lado, no tocante ao servio prestado pelo Laboratrio Distrital de Venda Nova, vinculado Prefeitura de Belo Horizonte, houve falha a justificar a condenao do Municpio ao pagamento de danos morais autora. Com efeito, o exame que lhe foi entregue em 05/02/2007, claro ao apresentar o resultado "POSITIVO" para HIV, constando da parte final do laudo a seguinte observao "De acordo com a Portaria 59, de 28 de janeiro de 2003, este o resultado Elisa confirmatrio" (fl. 21). A Portaria 59/2003 do Ministrio da Sade, que regulamenta e padroniza os procedimentos sequenciados para deteco de anticorpos anti-HIV com o objetivo de realizar o diagnstico laboratorial da infeco pelo HIV, traz as seguintes observaes: "OBSERVAES:
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1) As amostras com resultado definido como positivo devero ter o resultado
da primeira amostra liberado com a ressalva, por escrito, de que se trata de um resultado parcial e que somente ser considerado como definitivo aps a anlise da segunda amostra. 2) Para amostras com resultado definido como positivo ser obrigatrio proceder a coleta de uma segunda amostra e repetir da etapa de triagem sorolgica descrita acima, para confirmar a positividade da primeira amostra, preferencialmente em um intervalo de at 30 dias aps a emisso do resultado referente primeira amostra. Caso o resultado do teste dessa segunda amostra seja no-reagente ou inconclusivo, devero ser cumpridas todas as etapas do conjunto de procedimentos sequenciados. Em caso de resultados conclusivos discordantes na primeira e segunda amostra, dever ser coletada uma terceira amostra e realizados todos os testes para a concluso do diagnstico. 3) Sempre que os resultados da segunda amostra forem diferentes dos obtidos com a primeira amostra, ser preciso considerar a possibilidade de ter havido troca de amostras ou algum erro inerente aos procedimentos de realizao dos testes. 4) O laboratrio que emitiu o primeiro laudo dever realizar a anlise da segunda amostra para a confirmao da positividade da primeira amostra. No caso de recusa por parte da pessoa a que se refere o primeiro laudo em permitir a coleta da segunda amostra, dever ela firmar Termo de Responsabilidade indicando os motivos da recusa. 5) A deteco de anticorpos anti-HIV em crianas com idade inferior a dois anos no caracteriza infeco devido transferncia dos anticorpos maternos anti-HIV atravs da placenta, sendo necessria a realizao de outros testes complementares para a confirmao do diagnstico. 6) Devero constar dos laudos laboratoriais do diagnstico sorolgico da infeco pelo HIV:
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as metodologias e os antgenos virais utilizados em cada imunoensaio,
a seguinte informao: "O Diagnstico Sorolgico da infeco pelo HIV
somente poder ser confirmado aps a anlise de no mnimo 02 (duas) amostras de sangue coletadas em momentos diferentes"." Grifei. A Portaria MS 59/2003 prev, pois, que os resultados positivos de exames de HIV devam ser divulgados com ressalvas. evidente que tal disposio tem por objetivo justamente evitar um juzo precipitado do paciente, evitando o desgaste psicolgico e moral que acometeria qualquer pessoa leiga diante de um resultado positivo de uma doena to temida. Ocorre que, na hiptese, tal dever no foi observado pelo Laboratrio Distrital de Venda Nova, sendo certo que, pelo menos durante o lapso temporal decorrido entre a entrega do resultado positivo (05/02/2007) e a consulta mdica (12/03/2007), a apelada sofreu com a constatao de que era portadora do vrus do HIV. No tocante a existncia do dano moral, o mesmo se configura in re ipsa, eis que dispensada a comprovao objetiva de dor e sofrimento, sempre que demonstrada a ocorrncia de ofensa injusta dignidade da pessoa humana. Relativamente ao valor da indenizao fixada pela sentena (R$ 10.000,00), tenho que deve ser mantido, por ser justo e razovel a reparar o sofrimento da autora, que, estando grvida de gmeos, acreditou ser portadora do vrus HIV, o que certamente abalou seu equilbrio psquico, bem como o relacionamento com seu companheiro, e a sua prpria autoestima, no podendo tal abalo ser considerado "mero aborrecimento". certo que o valor a ser arbitrado para os danos morais deve guardar perfeita correspondncia com a gravidade objetiva do fato e do seu efeito lesivo, bem assim com as condies sociais e
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econmicas da vtima e do autor da ofensa, revelando-se ajustada ao
princpio da equidade e orientao pretoriana segundo a qual a eficcia da contrapartida pecuniria est na aptido para proporcionar tal satisfao em justa medida. Assim, considerando-se os requisitos supramencionados, e analisando detidamente as razes do apelante principal, no vislumbro razo para alterar o valor fixado pelo d. juiz a quo, R$ 10.000,00 (dez mil reais), data maxima venia. Por fim, tambm tenho que no merece acolhida a apelao, no tocante insurgncia manifestada em face do valor fixado a ttulo de honorrios advocatcios - R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) - devendo tal verba ser mantida, por ser justa e razovel, e por assim restar aplicado ao caso o 4. do art. 20 do C.P.C., que dispe que, nas causas em que for vencida a Fazenda Pblica, os honorrios sero fixados consoante apreciao equitativa do juiz, atendendo-se ao disposto nas alneas "a", "b" e "c", do 3. do mesmo artigo (grau de zelo do profissional, o lugar de prestao do servio, a natureza e importncia da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu servio). <> DES. GERALDO AUGUSTO (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ARMANDO FREIRE - De acordo com o(a) Relator(a).