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do meine ser, elias pies EP iy su tas oi Ree SS FICHA CATALOGRAFICA (Preparada pelo Centro de Catalogacao-na-fonte, CAMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP) | Heschel, Abraham Joshua, 1907-1972, -| Hash 2,omem a procura de Deus; tradugdo de Euclides Carneiro da Silva. $40 Paulo, Ed. Paulinas, 1974, p. 200 Bibliogratia. 1. Misticismo Oragao (Judaismo) | | | | | Judaismo 2, Titulo. | CDD-296.71 | 296.4 | Indices para 0 catélogo sistematico: Deus: Teologia mistica: Misticismo: Judaismno 296. Oragéo: Judaismo 296.4 Judaismo 296.74 1 ene ABRAHAM J. HESCHEL O hemem a procura de Deus TAS Mi EDIGOES PAU Titulo original Man's Quest for God o'8y a rah Jaa esc 4. Charla Serer Sons ay Yon You» tse Tad Evclses Corea dy va AST. FILTEU 0, Biblioteca cxore Hag, oyoyag cone. Doacéo: X Be in OS - COM APROVACAO ECLESIASTICA © By Eoicoes Pavrinas, 1974 f Apresentacao ‘ va audiéh ral de 31 de janeiro dg 1973/0 Na aud inci Meryvolvendo 0 belissimonentd da 1 Paulo VI, desenvo m ei pecura de Deus”, citava emt sua alocugao um texto de um rabino e tedlogo judeu. Quem se surpreen- ‘hase com essa citacao, logo compreenderia 0 seu Signficalo ao ler o titulo do livro de Abraham Joshua Heschel: “Dieu en quéte de Uhomme” — Deus em busca do homem. O que desejava acentuar © papa era justamente o conterido de todo o livro de Heschel: “teremos a surpresa de descobrir que Deus wei a nossa procura muito antes que nbs comecasse- mos a procurila, e que ele nos procura infinitamten- te mais do que somos capazes de fazé-lo” (cf. “La Documentation Catholique” — n° 1626, p. 153) Este amor de Dens, que procura incessantemen te 0 coracio do homem e que suscita a sua respasta para um encontro verdadeiro, 6 0 cerne de toda a doutrina e de toda a obra de Abraham Heschel Seus livros mais conbecidos, e que agora aparecem om tradujao portuguesa, trazem sugestivamente os seguintes titulos: “Deus @ procura do homem", “O hamem & procura de Deus", “O homer nao estd 56” ep Listido em 1972, aos 63 anos, Abrabam Fes. chel jd era considerado, nao $6 pelos seus, mas por muitos cristéos, um profundo tedlogo, erdade pela sua vida e suas agdes, no main dee ee robleméticas de hoje, as vontader io sas, wuacdes tum profeta dos nossor tempos!“ Set Deus — cerever evi quatro Tinrguas sobre os tema dificets da teologie e caminbava a0 lado marchas de protesto ando « desaprovacio dos seus correli onérios mats conservadores, Heschel en ‘oalmente VI, © supde-s Cristo, seis, em Coneilio Vate 4). Esjorgou-se sempre para um sum incerconfessional © costumava dizer tive seria 0 “internihilismo” sua marcante person 0 de mes ipulo de Martin Cultura Ju: io, mais particularmente, ums filosofia do ado, de um estudo religrozo tamente do ponto tl. Ser 2 questionedor da do, os proble Diew, p. i Na procura da ele. che terd pre preers Deus*, Eni ofr fer nim simples espect Ja se v8, pots, s0b que dngul volvido o estudo dos temas bibltcos quer apresentar wm coniwito das verdades revel (ou as interpretacoes de um dogma, mus a filosofia de aconte os ¢ de intuigoes, 2 filosofis de tudo aue pertence ao honiem gue cré p WS 9 cotenide CS ous @ cdo cle oat Omen hho BAG mee eet bee 7 mma encmcho come ey De comedy alrbady) muoly , camer hen Tot teem 9 hmmm, clowhs cuele ob motes ale Ahuv-ac rs menage? idade, 0 substratum de onde cla emerge. O que ‘quer fazer & ume “teologia em prolundidade Compreende'se melhor agora a riqueza dos tra bathos de Heschel dentro desta vista que the 4 (30 ‘aracteristica. Tratese de extudar o homer btblice om sua_stuagio concreta, que_nto-desenvelee ogo a de ar a a ante Lo Os caminbos para este encontro nto sao oF "prole- Bamenor racinut do ato de Je. 03 motivo, de ds Baidade, ‘nem metmo as" prosar de een gece te Dean, mas 150 a aiuder anieg ttnlt de tomam 0 homem abeto, coma que deurhnets den te do mtr e”porepn ta rat “sentido tr insioel” “os dedambrornn es kde mi rn ee soe) tecmento Sea ttre tbte ga i ice \Ltes'um Hatuda de Teotogie Eipiical dee, me. Ginamento dinero © pestol det nee Sscipat mama longue spepten ne ie mente vive pels fot que Bags da ead hee time experties, Saat colts dor dot deaf as, lembram mata 0 aside visa © et A, reentry ipiitaet ou eee os re ase pmonisica que do eldente ques do wae ede por ets naetiata ng aon da expert to momento vivido, do, “insight” ede eae he Sl ft i rato de oa pt oe damente anti inclectage, de iftancds pe ‘mente bergsoniana. Mas, desculpandoe wn ba set texto, em que se excede um poate ny ge pee ke eign asa edo, se ver que rempre pone! sie ti oe equilibrada e justa do pensumento de Herschel. * O que ee deri incalear P4 satdede enema «able neces de an, cordon “expe tment do mstrio de Deut, do aly ss sete gee jd iu conkecimento. de Te omar aire ont ‘Tevominon.“poracncettua” a presenca, ¢ que estaria bem dentro de uma sireiccdo tomita. do conbecimento. Tntuigto que tie welerinse. nao apenas ao. prdprio suelo, mas rebel outros obpton, através de. am come Monto" “por conaturdidade”, que, embora supondo Tina apreensdo conceitual, se realize por outros meios ‘que oconcelto proprimente dito (ch Taucin, Pr Se Fasuto, op. "Bergion e santo Tomds — Desclec de br 1943 — Rio de Jancira — cap. VI e Vil Ninguém nega, Boje em’ dia, profundidede d lluencia sletiva no conbecimento.-bumano, ¢. td ‘Go bem conbecidos as trabalbor de diversot auto tes tomister sobre. @ exiténcia de dois tipas bent Tsuintn de conbecimentos de Deus 208 a haz da 1c 4 cine feoUgica e-4 sabedoria (eh Jacques Nor tain" "Les degrées du savoir” — Desclée de Br’ Paris, 1952, cep VIT) ‘Avravés deste especial ponto de vista, Hetchel samsaua aroun ercaracer seri tema Bi ‘nat que escapam a wma andise propriamente com cei tual de tina fosofte Mostra que, na Biblia, ba realdades que no podem ser atingidas pela filo eque comtituem como que um desalio pare ela Enguanto a flosolia procura descobrir a esncte des ‘ot principio: do ter, analizr e explicar par ‘de promissas universsis, a Biblia quer reveler 0 erador de todas os coisa, sua vontade, baseando-se tnuma tradgdo, numa tntuigZo pessoal e partindo sem pre de fator'e acontecimentos que se. paisam tempo Sendo um livra de um rabino sobre 4 religiéo de Israel, €evidente que certos tenes eborduder eopecialmente, a mancira de abordétos, € revéladors de woe connie phe dy enn hi le do ddim, As, yp 24 teipoita dn lumens finite tsssdnee ng Sete dear de nate mn Mljeas de reli te Tact Ao mendartentes, coms impier tae perm ronnie get conga dete deter dover pronase leis enlaces de Newham seri lets atest a Inlet ieriatied: pak am ead i ae paler, pee, tay de mais Dem a boomin cata me a todo gue e taahan e ae te BE sie at cad me ¥07 dt hes de Vsche en empl A Bibta eee oe be ie eae Fle wo Vives jira ser bly" tas we Srarma que der ‘i ceomecente, permecer. cepuanty ss veipate: Dien, 9 1. Jonguom de Arcule Zamit, vb Nossos agradecimentos Desejamos agradecer sinceramente as entidades abaixo relacionadas pela permissio que nos conce deram de usar o material de nossa autoria: ‘The Review of Religion, publicada pela Colum. bia University Press, pelo artigo sobre 4 “Oragio”, que apareceu no volume 9, a” 2, janeiro de 1945, que aparece neste livro como “capitulo 1", com 0 titulo de “O Mundo Interior", © para 0 qual nos foram concedidos os direitos autorais. :bbinical Assembly of America, pelo artigo “O Espirito de Oragio”, que apareces em “THE PROCEEDINGS OF THE RABBINICAI. ASSEM- BLY OF AMERICA”, 1953, publicado como “ca pitulo 5” deste livro com o titulo “Espontaneidade € a meta”, € para o qual nos foram também conce- didos os direitos autorais, ‘A Central Conference of America Rabbis pelo artigo “Para um entendimento de Halacha”, que apa- receu no “The Year Book of the Central Conference of America Rabbis”, volume LXILI, publicado 1 livto como “capitulo 4", com o titulo Continuidade €0 Caminho” Ao Hebrew Union College pelo artigo “The Meaning of this Hour”, que apareceu em um néme- x0 do “The Hebrew Union College Bulletin”, de 1943. A “Farrar, Strauss & Young” por citar passa- gens de meu livro Man is not Alone (O Homem nao est s6). 13 © capitulo 3, “Espontaneidade & a Meta” Prelicio capitulo 4, “Continuidade & 0 Camiaho” fous, lidos como palestras, em junho de 1953, 7. vengdes amuais da “Rabbi cal Assembly ‘of Amserh 2 abbinical Assembly ‘of Arn Soe City’, ted Jersy”, ena “ Centeal ‘onference of Ametica rabbis” em “Estes Parke lorado, respectivamente imameniae foi bitbstincia do capitulo 5, “SIMBOLISMO" 4 oT cae palestra feita no “Institute for Religious and Social Studies” 0 “Jewish Theological Seniors pt America” © esta incluida em “Religious Symbo. 3 4 1 Nunca houve tempo em que se enfatizasse tan to a necessidade da auco-afirmagio. Todavia, nunca houve tempo em que to raramente se conseguiu a auto-afirmacao, Nunca houve tempo em que se fi- zesse tanta pressfo para as pessoas se amoldarem a convengdes, clichés, moda e estandardizaga lism”, publicado por F, Ernest Johnac i do “Institute”, New York, D3 ae J eae See agradecimentos a0 Rabino jwcob Riemer pela sua ajuda na preparacdo dence originais para a imprensa * Prsparacio. deste do. A per: sonalidade emudece. As palavras esto mortas. A ora do é uma Linguagem esquecida. ‘O homem nao pode atremessar seu cozagio dentro do vicuo. Se as palavras sio sinais avtificiais; se 0 significado no passa de uma invengio; se ne \ hum eco responde a angistia de um mundo cor: dante cpm } turado, que valor, em dltima anélise, tem qual- quer sfirmagéo? ams antes O homem tornou-se um ser esquecide. Canhe- AJ.H hk De hmey coehtumn oy dag, oem % ~ rd a 78 corti oy alam profundos, Sabe: FI Se pre atiduuery wday 9 que anlerwnn Guede intenciona, Tememos i tal heap, emer reli o4 patemaatiassovdotemcioiiemars a end Gains woes d ‘ re nar, porque a genuina autoafirmacao € uma re ver ‘posta “a uma interrogacao profunda, intima, dlti ma”, mas ndo ouvimos mais uma “interrogagao pro- Ds 4 funda, intima, ltima”. Perdemos todo o entendi. Veveawny 2 pasnelin mento dos interesses supremos do homem, porque doy lees 5 @ «ste entendimento néo nos € dado pela autoins. 7 pecgio, mas pelo apego aquele que se interessa Eola ma md clacky po, pelo homem, i Carbo peyategd wr ule 14 UA pes Sold Fp | : adewene jth Werte sth afinencaa |? 15 S» Contam 2 peels pnd dd. Ign ale” iE forbs ey bona cnt creas \w 2 umber * adh ok prlavens Imelda dk Pott ° "nl A obyavsinen | . sani paced Yin 6004 en Ae i onbohe: Dea wnt pl wae “ape Gyntmado ra sentirmos esta interrogagio tiltima, deve. mos ter a habilidade de superar ‘0 nosso préprio eu", devemos. ter a hubldde We oer ee nosso “eu” & mais qu cu”, que 9 nosso maior interesse no ¢ 0 nosso interesse; que 0 nos so supremo pad io € a conveniéncia Estamos perdendo a faculdade de transcender © prdprio “eu” e nos tornamos incapazes de trans- cender a nossa mente, Estamos tio cercados do “aqui e agora”, do “dado e concedido” que nossa mente se perdew dentro do mundo. S6_-podemos confiar_no trabalho das_nossas mios, 0 produto de niossas ments, 0 que esti alem, € considerado como uma fantasia jlegftima, O-miundo para nds consta de instrumenios,de ferramentas, ¢ as idéias”supre- 20,1. as imbolos~DEUS-E-UM NOME, NAO UMA REALIDADE. O padrio de nossos atos € a conveniéncia, ¢ Deus, também, existe para nossa satisfasio, Sim, isto parece ser um fato. Deus néo nos interessa, Mas ha ainda outro fato desconcer- zante. O ultimo meio de o descobrir € 0 meio iltimo, a adoracio. Com efcito, a adotacioé um mado de viver, um modo de_ver a mundo i luz de Deus. Adorar € elevarse a um nivel mais alto de exis. téncia, é ver © mundo do ponto de vista de Deus. Na sdoragio descobrimgequ xiltimo nao é ter um simbolo, masC'ser_um_simbold”, € orientar-se para o divino, O meio tiltimo é santificar 0s pensa- mentos, santificar 0 tempo, consagrar as palavras, € santificar as ages. O estudo da palavra. de Deus € um exemplo de santificagio do pensamento, A oragéo € um exemplo da consagragio das palavras, A observincia € um exemplo da santificagio das ages. ” Perdemos 0 poder de orar porque perdemos 0 sendo da sua realidade, ‘Tudo o que nds fazemos € feito através de simbolos. Vivemos para instru- mentos, pensamos em sinais. Tudo 0 que fazemos 16 Brel S47 een Coawen rnit Por isso ¢ muito impor: & por causa de algo mis. ' tae Be atengio ao papel ¢ significagio tante que prestemos atengs dos s{mbolos. Deus nio tem importincia, se el E muito dificil definir 0 que dificil colocar toda a riqueza de sentido que ela possui dentro da estrutura de uma simples sentenga. Mas uma coisa podemos dizer negativamente: ¢_religlio. mio & wma conveuencie Se todas as nostas agdes_ forem_guiadss poruma comsideragio, como podemos servir_melhor_os_nossos interesses, niéo € a Deus que. servimos, mas_a nd5 mos, 20 n6S0 egoismo, Sem divide nossa pessoe tein seus interesses ¢ suas reivind! egitimas Den AR YIEL ma negacio_persistente de noe sa pessoa, que desconfiemos de nosso fe. Mas Iembremo-nos mor para Tod08 08 Deus quer que vivamos uma decisio, lembremo-nos do scu_amor ¢ das exigéncias de_amor, Adorar a Deis esque e de-si'mesma. E nestes instantes de adoragao que 0 hhomem age como simbolo dele. De todhs as coisas qué fazemos, a oragao € menos conveniente, € a sue nos terrena, a menos pratica, . Por isso a oragio é um ato de autopurificacao. Por isso € que a oragio é uma necessidade onto- endo for a su prema importancia seja teligido. E. muito Logica. . Vivemos uma das maiores horas da hist6tia Os falsos deuses esto desmoronando, ¢ 08 corasées estéo famintos da voz de Deus, Mas a voz foi su- focada. Para recapture: o seu eco, devemos ser ho- nestos em nossa boa vontade de ouvir, devemos tar sem preconceitos em nossa disposigio de entende: (O que vai no intimo de nossas’ vidas, tem um feito profundo sobre a situagio internacional. Qu-_ ros podem softer pela degradagig da_pobreza. Nos esuamos “ambeagides ‘pela degradagio do poder O BR aaynrdace de posuze— ‘7 2-onemen peas bo ws, “FT Bu padege 7 bee corrompe, e a a aceitagio do espirito de s salva, previne disastres, eno corpo Dass ss breve a € A accitagdo do espirito & orasio — oraga , G30 co- mo meio de introspeccio, no como meio de extra Yasio. A oragio pode ‘no nos salvar, mas a oracio 105 torna dignos de ser salvos. De todos os atos sagrado: ieiro lugar. Religido nda & a sua solidao”. Religiao é 0 coma piensa Ge Presente sempre que nds queremos recebé-lo. Ever. dade, Deus esti ocultando o seu_rosto em nosso tempo, mas € poigue n03 Hoy estamos ev ele < fos Stamos evadinds dele s, a oragio esté em ALH 18 O mundo interior O suspiro Ha cem anos 9 tabino Isaac Meir 4 de Ger ponderava o que certo sapareiro de seu co- ahecimenco paderia fazer com relagio 3 sua oragio da manha, Seus fregueses eram gente pobre que 5 possuia um par de sapatos. O sapateiro costumava buscar os sapatos de freguesia, A noite, tava-os durant ¢ boa parte da madcugada, para entregiclos antes de es sairem pata o trabulh Quando o sapateito deveria fazer a sua oragio da manhi que rezava rapidamente, ssinv que asordava © retomava logo o seu trabalho? Ou de: xava passar a hora da oracio e, de vez em quando, levantando © martelo dos sapatos, tirava do peito este_suspiro: “Pobre de mim, que nao fiz ainda a da mana!” Talvez este suspito valha mais que a prdpria oragio. Nés também nos defeontamos com es ma de um pesar protunda ou de um cum perfunt6rio do dever. Muitos de nés_ lamentavel mente nos abstemos da oraio habitual, espe: que ocotta algo urgente, repentino, inesperado. casos sio raros e a abstengio repetida constante ¢ converter-se em hibito © que esquecamos 0 que lame nos o que perdemos. B take.» plod lo ! 2 pmcacded aaj oh Wer come pare priory > ns de np dime Rename capmumed wie ALY tiv Js Oren A habilidade de responder Nig_nos rewsamos a oar. Apen que nossa lingua estd presa, que nossa mente esta inerie, que nossa visio esta embacada, quando esta. mos para entrar pela porta que dé para 2 oragio Fazemos soar sino oco do egofsmo, em ver de absorver a trangiilidade e a solidao que cerca 0 mun: do, pairando por sobre a inquietagio e o medo da vida — 0 siléncio misterioso que precede 0 nosso nascimento ¢ sucede a nossa morte. Uma auto-indul géncia fitil nos poe em desacordo com a melodia da natureza ¢ com o homem em busca da salvacdo. Escurar o-pulsa.do mistétio nao vale o siléncio ¢ a abstinéncia da auto-afirmacao? Por que no destinamos uma hora da. nossa vida a Deus, submetendo-nos & tranqiiilidade do si- léncio? Vivamos & margem do mistério eo ignora mos, desperdigando as nossas almas, arriscando. a nossa aposta em Deus. Desviamos constantemente dele a nossa luz interior, levantando 0 muro do nosso egofsmo entre ele ¢ nds, langando mais som. bras As que ji existem entre cle e nossa teimosa raz Accitando conjeturas como dogmas e preconcel tos como solugées, nds ridiculatizamos a evidéncia da vida por aquilo que € mais que a vida, Nossas mentes nio sio mais sensiveis ao mistétio. Priva dos do poder de devotamento ao que é mais im. portante do que 0 nosso destino individual, presas ‘um anusdae angio de sobreviver,peemos senso do que seju & TON UTS que ee avid ass Correnda apressados por entre_os_éxtases da nbigio, num souho Tous, q-gcantagios —quatdo os vemos mergulhados no medo_e_no_tormento. E-da nossa excutidaay tos Ay apalpadehtscon- solasio e refigio, um significado para a vida e um abfigo na origi. 20 INS podem sy fonna-Lo nue AM? mm, . Fodeme ney fornia # Tee Mas hi uma porta muito mais ampla ¢, aco- cic uc a tristeza € 0 deses- fora para a oragio do que a ne wa Erporta aberta de nossos pensamentos Pa Deus. Nao p eniito visivel a nds, mas nos odemos tornar_visivel ele. Assim manifestamos pesiae perwamientos a ele — fracas que sfo nos Shs linguas, mas sensiveis 0s nossos coraybes. Nos vemos inais do que podemos dizer. As drvores estdo como. seas indicadoras da sua bondade — 36 que Ss lalhamos em set testemunhas da sua bondade, penhores da sua confianga. Como & que podemos yiver & sombra da grandeza e desafid-la? ‘A atengao a Deus se cria aos poucos, um pen- samento de cada vez. De repente estamos aqui, Ou esté ele aqui, 4 margem de nossas almas? Quando comecamos a sentir um mal-estar de desconfianga, a menos que firamos o que € santo, ‘a menos que quebremos o que € inteiro, entéo descobrimos que cle nao € austero. responde com amor a nossa, angistin vaci ante, Arrependidos ou esquecidos dele, mesmo por um momento, nés participamos de uma suave ale- tia, Sentimos vontade de nos dedicar para sempre 3 execugio de sua ordem final. t: Orar é tomar conbecimento do maravilhoso, & 5 reender 0 senso do mistério que anima todos os eres, a margem divina de todas as realizacdes 4 jo ¢a nossa respos! lide &_surpresa inconcebivel de viver, E cudo © que podemos ofe- recer em troca do mistério pelo qual vivemos. Quem € digno de estar presente ao constante desenrolar do tempo? Entre a meditagio das montanhas, a humildade das flores mais sibias do que todas os alfabe nuvens que morrem constantemente para a sus glé- tia, nds odiamos, perseguimos, ofendemos De repente nos envergonhamos de nossos con A on) Cowo ume lde. A rudpreon momatial de nvur 2 maw edowmy tel we | & tras ro Pammory| Somek Aly pale wy Patowns 0 “qvabid | le FEY ruwme, leslenenhin mada? ga a enon gorge ae ee oe Se ally do dinuts eminthade de. (5 Sp fade dor Ay es eh € And denonertnde aver] flitos © queixas diante da glétia tdcita da natureza E tao desconcertante viver! Que seres estranhos so mos _nés neste mundo, ¢ como nossos feitos so cheios de presungio! Somente uma iesposta_n9s_po de_saluar- gratidio por. setmo: o_nis tétdo,_por_sermos_dotados da direito im lo_de vit, de adorar, de realizar. E a gratidio que engran. ¢ a alma! d € penoso, de tudo 0 que calculado e esquematizado, Cansado das contradigées, ele descja escapar de sua propria mente —e para’a pnz da oragio. Como é bom envolver-se na oracgio, como é bom cercat todos 08 nossos pensamentos de uma profunda gs io a Deus, num hino eterno a Criador! Mas ‘oma pode o homem_tirar_dc O que é q a palavra sigr vif a Panta pelea odos_envolvidos em _m: Hele de acordo como oor oe ‘clonamos: Pensainos mui oO ito pouco na natureza das pala ea eo er } nad: © poder do espitito roa oe aera Pe, tao explicitamente, ou pl anaes in wos de discernimento ¢ dos, clichés que 15 Fundos Gi inteizéncis, sem dizer nade Par ete 42 fuzida. Mas ai daqu: g ghwsam do se oder, roca genuiina, o que vai enty da oragio & mais ima do homem © as palavra do que um simples ato de usar palavras coma se clas fossem um instrumento, uma fersamenta, Aqui a alma e a palavra reagem uma sobte a outra, A pa favra € uma forca lora. ~ As pulavras no sia_feitas de papel. As pala ras da oragao sio repositérios do espitivo. Somente quando acendemos uma luz nas palavras elas podem mostrar tudo © que encertam. Sé quando chegamos dentro da palavra, tomamos consciéncia das riquecas que estio contidas em nossa alma As palavras falam Nunca seremos capazes de entender que 0 es- pitito se revela em forma de palavtas, se nio des cobrirmos a verdade vital de que a fala tem poder de que as palavras so um compromisso. 43 jes 1s seatimos a forga comprometedoxa da haliva pronunciads, 9 reaidide de uty pense dle um voto, de uma promessa, Quande fe Jaramento, quando damos. nossa palsy quando cin Imisso oral qualquer, compree & mais forte que a vontade, qu Mos um voto ow fazemos ium un compro. | mas que_a palaven 4 palavea dade exise independentemente de sua relacio commen“ un Kilidede pata nés, & algo que existe por mesmo. Sem estarmos musi Femos plena consciéncia dle seu poder els ¢ T em tal objetividsde que + paloer » de seu significado, un fore {a 20 homem que ora, A palavra da oraio ¢ eae um penhor cm execucio. As palavras da orack permanecem vivas ny santo, As palavras da Respondemos por aquilo que disemos © oposto da pretensiva As palavr ado e dh sio compromisso: oragio & j Ac sio mais que sinais, mais ane con binagio de feteas, As letras so unidimensionais $6 tém uma Lunga0: representar os sans. As palerors pelo contrério, tém plenitude prolundidide ay tnultidimensionais. E verdade que usamos as ‘pele vas para reptesentae as coisas oso pensamento idéias, py 98 outros. Dizer que as palin de ca que leva a nossa. bag, como veiculos de r-nos comunicar com ‘as so puros animais mentais, seria o mesma que ver na pessoa sem para a tem apenas um carregador. A esséncia da pessoa nits os ae Jo é wma imagem ou uma qu imediatamente ein propria pala monianha ¢ beleza, Tidade de enn ue se sro Ce ie idea e camaplexg de eiguitcado Su incensidade tinea, sent rea e que existe muito além no dicioniio, de sua estrita relagio com 0 ob ido n0 dicion ‘ jeco do qual ela & um sinal We Uma palavea € umn foco, 1m ponto em que as ificugdes se enconttam e de que as signings procedem. Na orsgio, como na po: nde nod. ae palavras, ndo para usé-las como sinais payers iim 7 m, coinas na. lus das, palacrad Mile dri és €oue-fulamos as palavas. 0s SR Na pos mt onions vale STRTGOSTS, Na_poostay na ora, as aie geal vo ESO Tllvis ¢ ondinariamente doiad th deve ser desencadeada para aparecer, para perebida, A situagio do homem que ora ¢ asi ne © come, de wna neu psiva! Com co ota eftenta a pilvr,encge a i dg dude, a sua singularidade e seni tod 3 sta fos wtencial. Ea forga espiritual do homem que ora fhe manifesta'o que estf escndido ao texto, O titer do ato da oracio depende da relacio reciproca p a palavea ntre a pessoa e a “Ni ar uma palavra. A Nio basta, por isso, articula au nio set que uma pessoa entenda que a palavta nais forte que a vontade, unio em sez_eli um sinal. Distingsmos entce subs Hineia”e Tungdo, entre © natureza essencial de uma Palavra e sua fungio, 0 modo de nés u usarmos Nossa compreensiio de uma palavea & imediata Nio apreciamos coisa ou na idk ata a palavea, Ao articulaimos. as pany 44 uma palavra pensacilo primeito ne a que ela denota e depois voltando 2, io Ay palvras nao devem car de nossos levarse Com ee To nanip COTY LSE iafinio da cternidade, Quando'o coragio, coopermndo areas Seattle tedataaleiate > barulho eteroe, contegue tante: viva a tan ailldade © a solidio interior, sentimos como as. pt. iuveas podem ser grandes 45 '4 procedem de seus sons dla esperanga insignis elas Nossos pensamentos, Eon nossa cviliaga civilizasio, na qual tanto esté send {cito para liguidae con a linguagem, o sei fe fie somo um arsendl doers Cine tora a Se conservam limpas, santas, chei pata nos inpitar nas nee Deste arsenal Uramos a forge i avaliarmos.convenien ey onde aspa 8 de forva 1 espiritualmente vive bara salvar a nossa fe, lente a8 coisas etertas impedir que elas desaparecam de nose ie , rage tes momentos de desesperos a. pale {a ce oracio € come a correla que sepurleney qu andanos em pé num coletivo “que 6 Tados, ameagundo capotar font para toxlos Uma ilha neste mundo A oragio, como jé ficou dito, neni aie se passa. ene palavra. E deste ponte. de dois tipos principals de ora Made expresso" ¢ or € um aconteci « alma do homem og vista que distinguimos iegeineio tipo acorte, quando sentimos a ne Inenende © © impulso de apresentar a Deus, a on pee Pessoul. Aqui, o intcresse, ¢ até 6 rats depo? fora, vr primeita. A’ palavta were depois. E a necessidade de orat que fan, da oragio. « unt mbora seja verdade que a oracio de exptessio pon fendmeno comum e universal, nio ¢ eerie ne Por, como o faz muita gente, que a oragio € (on, maraments wm sto de expresio, O faces “pe mals comum de oragio € como “ato de empa 0 ato 46 4 do medo © abreim as asus fracos e muito "es. se tornam poderosos ao cottate cara ia”. Nao & necessfrio que haja em ads, nenhuma auitwle de oragio, quando comegamos @ orat. Ocoric tate tipo de oragio, quando comegamos a ler ea seatir as palavras da oragio, através da projegio imaginativa de nossa conscigneia na significagiio. das és da empatia para com as. idéias avras esti impregnadas. Aqui, a pala pats, : No Livro dos Slmos alguns capitulos conte Para Davi, um Salmo”, engua Um Salmo pasa Davi” © Talnyude explica: “Quando Davi comega a cantar e em seguida cheyse a inspitagio, & "Para Davi tum Salma”. Quando chega primeity 2 inspieagio em seguida ele canta, é "Un Salmo para Davi! Na oragiio cle empatia, comegamos aos digit as palayras da litargia, Primi amen 3 paras € seu significado parecem estar além lo horizonte dh mente, Gamo estd remota a significa dhe = Bes dito seins” dos pensamentos nos quais estamos ge ralmente imetsos. Devens, per ian, embers de que a experiéncia da oragio mio chepa dev vez Ela ctesce diente da piles que ofsrece cade a riqueza, torea ascensional com as palavray coutros comegam ver mais em toda as © mistério, Gradualment procuranda deseobrit 0 seu significado, nds nos elevamos até a geandera da o1agio. : A caminho da palavea, nas suas reentrdncias. declives, a oragio amadurece — nds nos. purifica ‘mos € os tomamos pessoas que oram As palavras da oragio sio uma ilha neste mundo. Cada_vez, sempre que chegamos praia, nos de- frontamos com as mesmas dificuldades, com os mes: mos problemas, com a mesma tensio, com os mes smos riscos. Cada vez, a itha deve ser conquistads como se nds nunca estivéssemos estado la antes, " Pesahim, 117 como se nds fossemos estranhos ao espirito. A praia! € acidentada, © nés no; encontramos diante da m jestade da expresso, procurando uma pal sobre a qual possamos fazer um suporte pa nossas almas, As palavras que se nos apresenta Sio elevad. ' ficam escondidas, muito das, © as humi aléa de nosso alcance. Nio nos devemos ofender Devemos aprender a nos arrastar, se mio sabemos pular A oragio, como dissemos acima, nfo se com pleia num instante, nem se move aum plano, mas avanga através de monies e vales, de atalhos ¢ vere: das, Mantém o seu curso como uma acio que avanca aadualmente, de palavra a palavra, de pensamento 4 pensamento, de sentimento a sentimento. Che- gando, descobrimos um nivel em que as palavcas sio um tesouro, em que os significados est4o ocultos, esperando para serem descoberios. As intuigdes te. caleadis, a8 emogdes adormecidas, a voz enfraque ida do conhecimento mais profundo irompem para dentro da mente. Os conceitos que indicam 0 divino ultrapassam os limites da consciéncia humana. As Palavras que falam dele excedem o podet da alma €, mais do que tudo isso, elas exigem uma intense dade de dedicagio que encontramos ratamente. Cha mat o seu nome € um risco, é forgat a consciéncia além de sii mesma. Referitmo-nos’ a ele sigaifica quase sait de nds mesmos. Toda pessoa que ora sabe muito bem como € um ato sétio a articulagéo de seu nome, porque a palavra nio é um instru. mento, mas um reflexo do objeto que ela designa Muitas vezes descobrimos que a palavra é maior que nossa mente. O que nds sentimos é muito menor do que o que dizemos. Na oracio de expresso chegamos freqtiente- mente a pensamentos que estio muito além de nos so poder de expresso. Na oragao de empatia encon- 48 | | as veaes diante de palavtas que estio pr son ane eB rene que 4 nossa sdoragio ganha em forga e nosso conhe Hmento em profundidade incuitiva a Ge £ aconi’.imento no qual 0 ‘0. Dificcimente @ homer compreende 0 que vai acontecer. O seu comego esi deste lado da palavta, mas o seu fim esti léin de todas as palavras. O que esté acontecendo nem sempre s¢ revela pelo poder do homem. As vezes tudo o que fazemos € p eee uma Cae so coragio, contudo é como se levantis rode ° mimundo, E como. se alguém inesperada- rane apertasse un botdo e uma coda gigante come- Gasse a girar, para surpresa de todos. Nao ligamos e desligamos, & vontade, @ da oracéo, quando controlamos uma especulago mo derada, somos tomados pelo encanto ¢ fascinio 4 sua grandeza. E 0 deslumbramesto, ndo 0 enteng mento; 0 espanto, no 0 raciucinio; um desafio, tima onda de emogio, a torrente do espitito, a um apelo i nossa vontade da parte da vontade viva de Deus. cako da oragio, a realizam nio pelo emprego de palavras, como ex- pressio humana, mas na celebragio das palavras, fomo uma realidade santa. Temos vergonha de con: tar as nossas experiéncias, de revelar os nossos sen: timentos diante da face de Deus. Muito raramente, conseguimos superar esta inibigfo. O que podemos fazer ‘com mais facilidade € 0 seguinte: procura captat a substincia da palavra com @ maior atencio ¢ devocio ¢ oferecé-la com reveréncia, A forga que sai-das.palavras usase com a forca elementar que sai da meméria, Os pensamentos tornam-se trans- cendentais, as experiéacias do passado ficam ilumi- nadas, os desejos transformados. Um pensamento nase uma vontade, uma vontade torna-se um desejo, homem supera a si me a chave idoragio do cora¢io, 49 4-0 homem a procura de Deus uum desejo tornase win exigéncin tornase uma expectagio, un uma visio. Estes graus tude pessoal © acontecim Orar € se uma exigéncia a expectagio twrnase representam estigios dea nenitos objetivos. egurar uma palavra, a ponta, por assim dlizet, de uma linha que leva a Deus, Quanto man € 4 Lorca, tanto maior o poder da palavra, Mas orae fambém significa que o eco da palavra cai nes pro fundezas da alma, Quanto mais diligente for a prom Hdio, tanto mais profundo a palavra penetra A resposta de toda a pessoa A ora todos nds concordamos, € uma expan, so do coragio, um ato de espontaneidade e de auto afirmagio, Mas uma liturgia que dé priotidade 4 oragio de empatia no leva a estulificagio da espon- taneidade? A adesio a um modelo {ixo de biturgia io atrapalha o elemento de intetiotizacio, © papel dda autorexpressio? A verdacle € que o contraste abso: {uto entre expressio e empatia 36 existe emt abate, Na experiéncia humana clas estio intimamente liga empatia esti envolvido na expressio genuina, ¢ una empatia profunda dé o: Com efeito, hi por a de atuo-afitmagio empatia? A auto-afitmagiio. implica meios de expressio, como © emprego de Havea, cor, tom, forma. Mas, € possivel conseguir sucesso em’ qualquer e forgo de expressio sem levar em consideragig meios de expresso? Para se poder colocar o "eu" em palayeas, devese nio $6 conhecer os meandros do “eu* mas tambéin os meandros da palavra de- vese saber solicitar as palaveas que elas retlitam os interesses do “eu”, Devese saber enconitar pala vias que estejam em consonincia com o “eu”, Esta 50 {win entendimento é possivel, quando hé win enten habia ridade das palavras © uma em- ren ne eas coe Prequada nunca é possivel de conseguit'se, sem aha tiled Ima comunicagao com os meios de ex ee a hibildade vle_perticipar da. substin pressio, sem a ha Gia day palaveas ee . ‘al de visio estreita ou arrogincia sup wee faoimagao, come, ta, €inlidade su prema da oragio. A_finalidade_suprema, da ora “io é ore ar a Deus, © descobrir_o prdprio “eun en SH ed etemidade, parece pueil wstentar que 2 nosso supremo fim ¢ expressar 0 proprio “eu ( e € 0 “eu” para que o idolatremos? O que ie hi no préprio “ digno de ser expresso © Grunicado nos outros? O que é que hi em now0 eu" para que ele se lembre dele? para que dle the i atengao? Q “eu” ganha_quando_é sbsorvido_na ROR cpa AER a os 0 de Deas rt si auprema Tnalidade € 0 apego alirmagio. _ a Sy, I ane tenfo eae nos vist cia env que oracio € uma exposio do ora, Sthontaneiiade, e'a insisténcia em que a rao deve tsar imitada por vans ura Toa, continade dea tro de um texto particular, dencto de palavras nidas ¢ maneiras de nos expressar. A este propdsito as palaveas autorizadas de ahya Ton Paguda “F justo, meu imo, que voed saiba que nos 12 palidade a oragio 0 realizagho.plena do desejo de Pe eee art man anal o Calador © vu, recone mento de-lowvor e gratidio a0 seu nome co langamento de tudo 0 que 4 faz solter diame dele FT] nos submeter ¢ render a seus Todavia, como € dificil para a alma FB racio. as palavras ¢ ele 7 ane ntes “ue. As palavras apresentam-se diante de todos 0s pensamentos que uma pessoa significados, As pa P 8 F pessoa pode ter smo entidades vivas cheias de forca espiritual, em um $6 ato de adora nos como. entida espritual sausa da rapidez com que passam por ela lores ¢ nds, reeeptores. Nés inspiramos a nossa DragBes 2, So ComPuseram “Livros de Muitos Ye nds nao sabemos a resposta a uma Oragies”* das petguntas mais importantes, isto ual € 0 ome isemos acerca da ato alcmacio apc J now ti wlio? N sibemos, pata que esas ia. Nao existe isto que chamam Geando. fa liturgia que nolo indica, F através Lay pale leg 2 € mais que um eso auto- o gus € urgente em nossa wid o ye em ns ex além disso, & evocative, Ela cep ee A cmatia, reliconao com o fin tim de toda homem. ain dso ¢ evcativa Ela evoca 0 que esti Nin mginamos que tenaros agains pel ada um de nds vivéncia da liturgia enquanto nao tivermos o espirito abrunhumte de atlieses © sotrimentos que nunca dos protetas de Israel ¢ dos santos. ’ ieram a luz, escripulos, esperancas, ansiedades TE. muito mais inspirador deixar que 0 coragio desejas, como io c icdades mae ae congelidos’na'mudcr de’ nosst cxeete a mice ds ides do que tocat mas faut a. Na oraciv, 0 gelo quebra-se, nossos. sent Aesalinadas dos nassos priprios coragses. Ha mais meio cmesan moves, oa inne promesst em proceder de cima, internamente, do procurar uma sada, A empatia gera a expressio. espitito A alma, do que vice-versa, Levados nas. asas ‘ y Ee palaveas que tezam, os encontramos imedtiaca mente numa esfera onde nossos pensamentos wel set libertades da prisiio escura das ninharias do “eu” muito acimae além do paliao dat han. @ set inangportados a uma estera na qual poslemos dleverios dat expressio a0 que mae nee iment trocat softimento pot esperanga, pensamento pat ‘momento, ov pelo menas, amar voice hee luz. Delo contritio, procedend do. subjetivo, da gore pripria intimidade, & awito diffeil encontear uma 1e freqiientemente supera Tega consiga um peso. Por outco lado, « tradigio requet de née ane rescerieemos uma OFaGAO sllenclosd particular, nee das as veres que recitames "iting fixe dis. a8 eres que rectamos un ora lisa | Aqueles que defenden: Irarse que a habiign te ye cmpatia. devem fein Y. bom que haja palavras santificadas pot sé escondida no coragdo & um dom rae ete est culus de oragto, pela honestidade ¢ amor de gera espera de glee ty Hom FAN € nko se deve goes, Se fosse deixado a nds mesos, quem saberia possbilita orar é'a capacidade de uae ie al, nos qual a palavea correta a ser oferecida como louver le de acomoxtar a nossa diate de Deus on qual dos posses pensamientos mente ao padre texto te 40 padrdo de textos fivs, € abtir nosso er et€meras seria digno de entrar na eternidade? Por oat lado, poderseia perguntar: Por que 2 Bada Iho Pagal, Os Jb Panda, OF deveres do corso at, Moses nv da litargia? Nao deveriames | Raymon, Vol, p devemos seguir a on % 5y descobrit 0 que Cano, aproveitamos. desta sunidede, a momentos delinidos i ord do putas na ordem litdrgica de ce ‘mbrar. Estas palavras_ sa A otacio é orac#o & uma peregrinacio Hé un de contar muito com a de um texto, de esquecer quando muito, um el uando, um elemento inspirador, fonte. A fonte & a alma. A once te de falar, € uma uma maneita. que nenhum. O texto nunca pee ee lo ue “kavanah”, do que a devorss, importante oi ne fibacio interior, mio tanto da extensto ma ye fundidade do cult amie ocuels que passam ioral, sequins do irrefletdaiment oe como se a tarela fone um minimo de tempor rn adoracio, Saber eae ¢ aberea etiee faa uuma palavra, Os coke grandes homens deo, sade agiam desta maneita sie » nil uma ma maneira > conduz a lugar e de corrida e superticia'men. clo apressadamente ou onitin textos de um livto de onagio, cobrit © maximo de espago, > da escansar sobre ragio do pas etiam a mesma ala. > Vela p. 126. yea muitas veres, porque a amavam tanto, a adoravam fanto, que no podiam separar-se dela” “A pessoa que ora deve aplicar seu cotagao a todas e a cada uma das palavras. A pessoa que ota semelha uma pessoa que vai por um jardim colhendo rosas ¢ flores raras, tirandoas uma a uma, para tecer uma grinalda, Assim a pessoa que ors, vai de letra a letra, de palavra a palavra, unindo-as em oragao. Cada palavra sc apodera dele ¢ adere 4 sua alma, e the pede que nfo a abandone, que no quebra este vinculo, dizendo: Considera minha luz, minha graca, meu esplendor. Nao sou eu a pala ra “Baruch” (Bem-aventurados}? Escuta-me, quan- do me pronuncias. Considerame, quando me att cules O famoso escritor Rabino Manehem Lonzano ivew no século XVI em Safed se Tamentava do fato de que as horas destinadas diatiamente 4 otacio rio eram suficientes para concentrar a mente sobre cada uma das passagens da liturgia, “Eu sei, por experiéneia prépria, afirmava, que, embora tenha tun locugao fhuente « Fale distints © articulsdamen: te, no posso acompanhar a fala do culto congregs cional.... Numa palavra, as pessoas podem ser divi didas ein duas classes: aquelas que produzem harmo nia entre Deus ¢ 0 mundo, proclamando sua unidade oram ae lavras de unidade mas ni entre Deus ¢ 0 mundo m agio, mas nig_oram, Dizem as palavras mag_nio lowvam. Eu indaguei ¢ descabri que o_pri meito grupo é muito pequeno em niimero, enguanso 0 louvam e aquelas que dizem as pa acrescentain a harmonia 4+ Rabin Zevi Elimelech de Dynov, Igia Depicka, p. 62 * Rabino Nahman de Bratalay, Likkute Mahara, Lew berg, 1876, putt. L, cap. 65, p. Bbc. = BS que o segundo grupo € téo.numetoso como_os gata nhotos: Oxalé que cu nao me tore win ele” io 4 otacio: Hé um princpio classico com te f £ melhor pouco com “kavanah” d contém mais textos do que os livros de oragé do tempo do Talmude ou do tempo de Sadia Uma peregrinagio através de toda a ordem das rages da manha na sua forma presente € como um passcio através de uma colegio de preciosas ¢ ratas obras de arte, Absorver toda a sua bel ‘mesmo em pequeno gray, levaria muitas horas de concentracio assim como a habilidade de ex; rimen. lar uma imensa variedade de introspegios Mes tempo destinado a oracio da manhi¢ demasi breve, ¢ 56 podemos dar uma olhada super Abreviar 0 culto sem aprofundar a concentcacdo seria uma coisa sem sentido. Tanto é possivel ler um breve texto linitgico sem *kavanah" como ler um texto longo. Por outro lado, aqueles que sto wollcios para nao Berderem uma 96 palavra_por everéncia aos tesouros da liturgia pagam um dio reco por sua lealdade, O judaitmo ent diane " tum dilema, de um conflita entre duas . lealdade 4 ordem ca exigéncia do Contamse duas historias sobre oragio, o expressivo © 0 empético, Havia um jovem pastor que era incapaz dk recitar a8 oracGes. Anica mancira de cle eines era: “Senhor do mundo! E claro e vés sabels meine bem que, se tivésseis ovelhas © mos déssels para suardar, embora eu receba dinheiro pata guards ae exigéncias: a “lavanah” os dois tipos de * Devech Hayim, Lemberg, 7 Tur Orah Hlayim, cap S61,” 10%. 56 do que muito sem kavanah”’. A qualidade € muito mais decisiva do que a ‘hand A piedade judaica através dor 4 sEzillos se expressou acrescentando mais oracies A Titurgia. Os livros de oragio dos ltimos séculos 4 velhas de outros, eu no receberia nada de vis vos amo’ porque eu vos amo”. Um dia um sibio que passava, pronunciando sua oferta ¢ gritov com e io ores assim!” (© pastor perguntouthe: orar?” ) es Nisto, 0 sébio ensinowlhe as béngios € oracé ituais, a tecitacio do “Shema"* ¢ a “oracio silen Ciosa”, para que, daquele momento em diame, cle fio mais dissesse 0 que ele estava acostumado a ouviu 0 pasto le: *Louco, “Como € que eu devo dizer. Depois que o sébio se afastou, 0 pastor se es: quecea de tudo 0 que Ihe titha ensinado, € no Srou_mais. Ficou com medo de dizer aquilo que stava costumado a dizer, porque aqucle sabio 4 Israel lhe proibiu de o dizer . Uma noite o sébio teve um sonho € no sono ouviu uma voz: “Se no lhe disseres que ele diga 0 que estava acostumado a dizer antes de te conhece: fica sabendo que serds um desgracado, porque me rovhaste um eleito da vida eterna”, Imediatamente 0 sdbio foi ter com 0 pastor ¢ the disse: “Que oragio ests fazendo agora?” O pas tor respondeulhe: “Ns “Nenhuma, porque cu me ex queci da oragao que o senhor me ensinou, € © senhor ime proibiu de dizer aquela que eu sabia: “Senho do mundo!..." Entio 0 sébio contou-lhe o sonho e acrescentou: “Dize o que estavas acostumado 2 dizer”. “Aqui esta alguém que no tinha nem Torah nem palavras; s6 tinha no seu coracéo desejo de fazer 0 bem, € isto era considerado no céu, como se fosse uma grande coisa. O todo-misericordioso * “Ouve, 6 Israel", coro das oragies da manhi ¢ da turde, que consiste das seguintes passagens; Dt 6,49;11, 1321, Nim 1537-41 deseja © coragio®. Por isso, os homens devem ter ‘A oragio comeca onde a expressao termina bons pensamentos e que seus pensamentos. seja voltados para o Santissimo. Bendito seja ele!" Muitos de nés esto tanto do lado do pequeno pastor, ae se opéem 4 ods oragio regular, afin. pando que uma pessoa deve orar quando. se’ sente inspirada de o fazer. Para estes. contese. taneos uma, histéria, Quem a traz € 0 rabino. Tsradl Friedman, o Rizhiner, em uma aldeia perdida no interior. Mas ela tinha todas as instituigGes_munici. pais: casa de banho piblico, cemitério, hospital forum ¢ toda sorte de pequenas indistrias: fbrica de caleados, cazpintarias, alfaiatarias ete Mas falvas um ramo de negécio: nao havia telojoeiro. No de. correr dos anos muitos dos relégios da aldeia. tra balhavam tao mal que scus donos resolveram nso mais mandé-los consertar ¢ esquecé.los. Havia, ¢ certo, pessoas que defendiam a tese de que, enquan £0 05 reldgios trabalhassem, deviam ter cuidade de. les € mandé-los a0 conserto, Assim davam corda neles cada dia, embora soubessem que nao trabalhavam certo. Um dia, espalhou-se a noticia na povoacio | de que tinka chegado ao lugar um relojociro, « taxon 95 que tinham relégios correram para cle, atrés de conserto, Mus 36 aqueles que tivetam seus telégios consertados foram aqueles que os mantiveram cy balhando. Os que estavam parados, tinham enferna jado demais para poderem ser consertados 40, como veremos, dominada pels po- se de tegularidade eda espontancidade, do fixo (keva) e dt motivagio da jh), da empatia e autoratit MA ambivaléncia da palavra é outro exemplo Tapoleridade, Do ponto de vista da empatia, de Seta", a palavea significa mais do que a mente pote absorver. Do ponto de vista da auto-alirmacao, ie “kavanah”, a mente significa mais do que a palavra pode ‘transmitir. Com efeito, como ficou Tito acima, exatamente como hé palavras que estio Slém do poder da empatia, hé também pensamentos que estdo muito além do poder de expressio ‘A otasdo, afirmase, “consta de palavras e pen samenios. As palavras necessitam dos pensamentos, mas os pensamentos nao necessitam das. palavras: ties podem ser formados dentco do corasio, Os pensamentos sio a esséncia da devocio, nao as pala- vras. “O pensamento da oracio nio exige palavras uma situacdo em que é possivel compé-lo inteira mente no coracio. E é 0 pensamento que é a esséncia de noise devozi, © supotle sobre v qual o objeto de nossa oragio deve se apoiar” # © papel da palavra é, em certo sentido, com: parével 20. papel da sinagoga. “O. Santisimo disse P comunidade de Istael; Eu te instruf para orar nas Sinagogas de tuas cidades. Mas se é incapaz de corar nas sinagoges, podes otar na tua casa. Se 6 laridade siléncio de um texto devogao interior (kavanal 8 Bahya Ibn Paquda, Os Deveres do Coracin, ed Haymson, vol. IV, p. 72.'Para confirmagio do seu ponto de waa Baya ih a sega cabinica de que “em mmpo de emergéncia, ageele que esté ritualmente impuro, pode me dditar sua origdo dentro de seu corigio, e nio precisa dizer as béngios necessérias; nem antes nem’ depois dela”. Outra cevidéncia € 0 fato de que em certas situagdes @ lei permite que se condense a forma regular da oracio, 1 SE, Sanhedio, 1065, Nahum Ne ed. T. Wistneaki Beatin, 1891, p. 9 1946, p. 88.9. ‘empo ¢ na Eterndade, New’ York, 58 ES incapaz de orar em tua ca ora na tua cama. Se} és incapaz de orar na tua cama, entdo medita em teu coracio. E este, com efeito, 0 sentido do Salmo (SI.4,5): “Meditai em vossos coragGes, nos vossos lei- tos ¢ calai-vos” ?, ‘ _ “Um homem l a quem foi dado conhecimento e entendimento terd sensibilidade para com a sabe. doria especial com a qual Deus deu o mandamento a respeito da orac&o. Nao esté escrito — “Ora a mim", nem “suplica-me”, ou “pede-me e eu aten- derei ”. Quando ele nos ordenou que estuddssemos a Torah, bastou dizer-nos: “Falards dela”, ou “Ensi- | na-la-ds a teus filhos”. Mas quando ele deu 0 manda- mento da oraco, disse alguma coisa a mais: “Se obedecerdes pontualmente aos meus preceitos, que hoje vos imponho, amando ao Senhor, vosso Deus, | € servindo-o de todo 0 vosso coracfo e de toda 4 vossa alma” (Dt 11,13). A oracao foi um mandamento dado ao coragao e deve ser cumprido sé pelo coracgao. Por isso é que aquele que oferece a Deus a oferta do seu coragio | cumpre o mandamento. Aquele que sd lhe oferece palavras nfo o cumpre. E se nos fosse de certo modo possivel, adorar sem palavras; se fosse pos. sivel oferecer 0 coragao sozinho: isso seria bastante para cumprir 0 mandamento” ®, Antigamente, contam-nos, o aparecimento da lua nova — que significa 0 advento de um novo més — era anunciado em toda a Palestina acenden- do-se “tochas”. Sé depois que os hereges comeca- tam a confundir 0 povo criando falsos sinais, acen- dendo tochas fora de tempo, € que os “mensa- geiros” cram enviados a cada comunidade, em vez de acenderem tochas". Isto tem sido interpretado 1 Midrash Tehelim, ed. Buber, (4.9). ‘abino Menahem Lonzano, Derech Hayim, p. 8. Mishnah Rosh Hashanah 11 4. 60 Antigamente quando os cora- amor a Deus, seu © servir venciam rio verbalizar de o levar da seguinte maneira: ‘dos homens ardiam de ‘dor, quando 0 seu desejo de o s dificuldades, néo era necess4 havia necessidade goes Criat todas as uldades o ato da oracao, nao havia’ “go coracio para os labios Mas desde que a heresia comegou a separar 0s coragdes dos homens, tiveram de instituir 0 envio de mansageiros. Para proteger e expressar OS dese- jos do coragio, eles eram forcados a empregar pa- lavras, como instrumentos. Assim é que a palavra se tornou veiculo de oragao ". Em certo sentido, a orago comega quando ter- mina a expressdo. As palavras que chegam aos nossos labios s€o muitas vezes ondas de uma torrente que alcangam a praia. Freqiientemente, procuramos e nao conseguimos, nos esforcamos e fracassamos, quan- do tentamos ajustat nossos sentimentos Unicos aos padroes dos textos. A alma pode somente expressar seu esforco persistente, seu labirinto de infelicidade, sua luta de viver entre a esperanga ¢ 0 temor. Onde esté a drvore que pode expressar inteira- mente a paixio silenciosa do solo? As palavras po- dem somente abrir a porta, e nds podemos apenas chorar na soleira de nossa sede incomunicavel do in- compreensivel. Em nenhum outro ato o homem ex- perimenta tao freqiientemente a disparidade entre o desejo de expressio e os meios de expressdo, como na oragdo. A inadequacidade dos meios 4 nossa dis- posigao aparece tao tangivel, tao trdgica, que a gente 5 Rabino Nota de Avrutsh, citado por Rabino David Shomo de Tultshin, “Hitoreruth Hatefillah”, Pietrkow, 1911, p. 17. Teoricamente, os Maimonides parecem preferir a oragio nao-fixa extemporanea, e véem a razao da instituicz0 da oracdo fixa na confusio ‘das linguas dos povos que s¢ estabeleceram desde 0 tempo do exilio. “Mishne Torah”, Tefillah, 1,3. 61 chega a jolgar uma graga poder sentir intimamente uma nuisica, um som, uma cangio, um cintico. A onda de uma cangio transporta a alma a al turas que nunca poderio atingit os meios otdindrios le expressio. Tal estado de abandono no € neahum escapismo nem falta de fidelidade & mente. Com feito, © mundo das significagSes impronuncidveis € 9 viveiro da alma, o berco de todas as nossas idéias, No € 0 ato de escapar, mas 0 ato de voltar 3s nnossas origens. O que a palavra nio pode dar, 0 homem con- segue através da plenitude da sua impoténcia, Quan. to mais profunda a necessidade na qual se encontra uma pessoa através da sua impoténcia, tanto mais © homem se revela na sua esséncia e se transforma ele mesmo numa expresso, A oracio € mais do que uma comunicagio, ¢ 0 homem € mais que uma palavra, Deveremos nos envergonhar de nossa incapaci dade de expressar o que trazemos em nosso coracio? Certa passagem da liturgia da manha foi. inter- pretada pelo rabino Wolf de Zhitomir da seguinte mancira: Deus gosta do que ficou esquecido no fundo do coraso © niu pode ser expresso em pala. vras ". Eo inefavel em nds que atinge Deus, antes que o sentimento expresso. A sobra inarticulével do que nds sentimos, os sentimentos que somos incapa zes_de expressar’ em palavras constituem 0 nosso Pagamento em espécie a Deus: Lemos nos Salmos: “O Senhor, dai ouvido as minhas palavtas, atendei ao meu gemido” (5,2) De acordo com Midrash, Davi disse: “Senhor do mundo, quando eu tenho forgas para ficar diante de wis em oragio, © de pronunciar palavras — dai © texto traz Beshire zymrah. Rabino Wolf explicou gama se_fosse “besheyare™ O Rabino Phinchas de. ark, Heshec Heephod, Lemberg, 1862, p. 226. 62 vido! Quando eu nio tenho forcas para proaun auvido! Quaemoreende 0 que ese mie coracio, Rimpreende o meu gemido"". — “Uma pessoa se poe em oragio © medita, no seu coragdo (sem pronunciar ye Pines Quando Si er car oustime’ (Sl 42). Devs ihe dine Su dizes: Quando cu vos invocar"; pela tua vida snesmo antes de me invocares, eu te atenderei, como esta escrito: “Antes de me invocarem, eu os aten derei” (Is 65,24)". Deus ouve, néo somente a ors , COMA O ce scjo de orar. O desejo e a intengio do homem puro e¢ honesto serio satisfeitos, mesmo quando ae ex: pressos, como esti escrito: “Ele apaga os descjos dos seus adoradores” (Salmo 145,19) © d Para ti o siléncio € oragio .enso do poder ¢ da forga das palavras © 0 senso da impoténcia da expressio humana sto igual mente caracteristicas da consciéncia religiosa. “Quem jeré narrar as poderosas obras do Senhor € apre™ goar todos os louvores que merece?” (SI tng 2) “Bendito seja 0 vosso glorioso nome, mais sublime 7 todo louvor e béncio” (Ne 9,5). “Mais subli ime que todo louvor e béngio e hinos ¢ exaltagoes jamais articuladas no mundo” (o “kaddish"). Esta € 4 orientagdo importante “Meditai em vossos coragdes... © calai-vos (sh 4,5) — “A forma mais elevada de oragia € o silencio 1 Mish Tdi, 36 1 Rabin Mon hen Toei dh Tran (130541385), Bet Biotin, Venera, 346 63 € @ esperanca”®. “A linguagem do coracio € a co principal; a palavra falada serve apenas como intés Prete entte 0 coragio e o ouvinte’". “As prepara es do coragio sto do homem, mas a expressio (ou resposta) da lingua é do Senhor” (Prov 161) “Com efeito, hi uma forma de conhecimento que precede 0 processo de expressio (compare o Salmo 139.4) © € Deus gue o entende” ® Lemos no segundo livro dos Reis que o pro- feta Elias, assim que chegou a cidade de Shunem 4 devia comer pao na casa de uma mulher rica. E disse ela a seu marido: “Eu noto que este é homem santo de Deus. Fagamos um quarto especial para ele”. Dis cutese no Talmude como € que ela veio a saber que ele era um santo homem. Naturalmente ela no. tou nele algum sinal de santidade. Ao rabino Nahmen de Kobryn, esta discussio & estranha necessério que haja um sinal? E tdo dificil assim reconher um homem santo? E explica a. passagem do Talmude. Hi quatro niveis de piedade, © cada tum deles tem sua propria natureza de adoracio a Deus. Lemos na liturgia do Sibado (na versio Ashkenazic) Pela boca do virtuoso serés louvado; Pelas palavras do justo sends abengoado; Pela lingua do fiel serds exaltado; E dentro do santo setis santiticado. Agueles que atingiram 0 mais alto grau de pic. dade sto chamados “virtuosos”, sua adoracio é ex. pressa pela boca, Mais alto estéo os “justos adotagio no é expressa pela boca, mas pelo simples movimento dos libios. Mais elevados do que estes estio os “fidis”; sua adoragio est na Jingua, nem mesmo chega aos libios. O grau mais alto é 0 do ® Ibn Gabirol, The Choice of Pearls, ed. Ascher, 66. 2% Tho Ezra, Commentary on Psalms, 45 ® bn Ezra, Commentary on Proverbs, 16h Por que ¢ @ sano: a soa adoro estd ocuta¢ es0 eee “dos See ios é a o Talmude Sarna: “Como € que ela reconheceu que ele ers m homem §. Porque, se ele € santo, 4 sus sanidade es ba Por io gue a mulher de Shunem necessitava de um sinal de que se um homem santo. - 1 Chegando a0 mais alto grau de compreensio, © hhomem fica reduzido 20 “Para ti o silencio € o “O Senhor esté no tem Que tod a Tee eo tence dante do Seohor Deus Figue em siléncio toda care diante do Seahor” (Sof 1,7; Zac 2,13 . “Porque nio hi uma palavta em minha lingua, Mas, Senhor, vs conheceis tudo” (st 139.4) santo; Nunca se deve esquecer a antiga mixima: “O melhor remédio é 0 siléncio. Quanto mais vocé elo. gia uma pérola sem jaga, tanto mais voce a depre- cia” le que tem mais conhecimento d Deus, menos sabe da sua esséncia; enquanto que aquele que alo 0 conhece, afirma que conhece 2 saa esséncia”*. E a consciéncia do patadoxo que di 0 direito de enunciar 9 seu louver. 3 O verbo significa estar calado, veja Rashi ¢ Targum. Compare também 0 Salmo 622 o Targum. & Megillah 183; Jerushalmi Megillah IX, comego; Mi rash Tehillim, cap, 19.2 % Babys, Os Deveres do Coracio. I, 10. 65 5-0 homem & procura de Deus TY “Eu anuncio 0 teu louvor, embora nio te tenha visto, Eu te descrevo, embora eu nio te tenha conhecido” (Cintico da Unidade) Certo leitor uma vez orou na dc ver orou na presenga do rabino Hanina dizendo: “O Deus, podetoso, reverenciado, Atajestoso, onipotente, forte, intemerato, onisciente, memuravel etc. etc.” 'O rabino esperou que ele ter. minasse ¢ em seguida The disse: * Ji esyotaste o louver de teu Senhor? Por que € que dives tanto? Mesmo os tr8s atributos nés recitamos (na oragio silenciosa grande, poderoso, reverenciado), nds o faz: por ue nosso mestre Moises 0s pds na Lei e porque os homens de Grande Assembléia os fixaram = ee E © mesmis que, se um rei antigo possufsse um mi Ihio de denitios de outo, ¢ nés 0 clogidssemos por. 1¢ ele possui mutta prata. Este louvor nfo ¢ um insult?” ® *Aguele que descanta os Iouvores do Santissi- ‘mw, bendito seia ele, esti inteiramente fora deste mundo, “Poder se-& intimito: — Falarei eu poderd alg vonsiderarse avassalado?” (Jd 37, 20)... Porque para ti o siléncio & oracio' 2), O methor medicamento de todos € 0 siléncio" Somente pode louvélo aquele que esté profun- damente consciente de sua habilidade de louvélo. *Se nossa boca cstivesse cheia de canto, como © mar esta cheio de dgua; € nossa lingua estivesse cheia de louvor como as ondas rumorosas, © 08 n0ss0s libios estivessem cheios de adoragi0, como a amplidio do firmaments, € se 108805 olhos estivessem brilhantes como % Berachor 33b. Megilah 16a, 6 sol on como a lua - Se nossas mios estivessem abertas em oragio como as dguias no céu € 05 nossos pés fossem tio velozes ‘como os cervos ainda seriamos incapazes dete louvar ¢ de bendizer 0 teu nome” * Em certo sentido, nossa liturgia € uma forms mais elevada de siléncio. Ela esti impregnada de tim senso respeitoso da gtandeza de Deus que resiste oda descrigao e supera qualquer expressiv. O.in viduo € silencioso, Ele néo manifesta suas proipriay palavras. O ato de ele dizer as palavras consa Fem esséncia 0 ato de escutar o que elas encerrant “0 espirito de Israel fala, o “eu” fica em silencio” © signiticado do siléncio € duplo. Um € a ausén da fala ¢ a auséncia do som, Duns coisas, interior, a auséacia de egoismo, solidio, Teme de ticular palavras na propria voz, mas fica em silér tio interiormente. A pessoa pode absterse de atti cular qualquer som ¢ contudo ser arrogance Ambos sio inadequados: tanto nossa fala como fo nosso siléncio, Contudo, hi um_ nivel gue esté alm de ambos: 0 afvel do canto. * mane! ras de uma pessoa expressar 0 sea profundo soft mento: o homem que esti no nivel mais baixo grisa, homem que esti 0 segundo nivel fica em siléncic 0 homem que esti no nivel mais alto sabe transtor- mat seu sofrimento em canto”®. A verdadeica ora a0 & um canto. % Da Liturgia de Sibado, O Livro de Orapdo Didris, ced, Phillip Birnbaum, p. 331. Seah Safe Kodesh, vol. 2, p. 92, § 318. Oragio © comunidade . (Liamames 4 atencio para 0 fato den onan contecimento que comea tia ating ial dh. Nav nos demranin bastante es yi tl nossa habilidade de ora depende de. terinee na de na comunidade le anne “nen pe on Nao € segura oat swzinho, A tradigie invise ro gins con a comunidale © conn parte a comunidade, yue 4 oragie priblicn & pretertvel male ra6io.paricula, privaa ‘Adit eaten dea te apeto da “poluridade di avagac", Waa unlag permanente entre a adoraginy ind ee dora, communi ; is Keach para exists, dn on tual” serif Con pod cada una Sqnvorar esta tyuinis depen simbiuse expt eta nue esquccer que tusen habilubarle oe cleo lat comida eM tradigans Apren ‘le uma comune de home queeccae te eet Deus, Somos muitay veres levado a oneghe ‘ Feivon: quand ouvinnos com ele $2 peryunts 19 immphora, coma dana, canny ne eee i peer ora genutia, © ve I catus de oragan poy caues de eave dade di aoragio pobicn de Inje pare a nel # oragde particular & 0 duive ccaminby, Ganado, a verdule € que a oragde.privad may sobrevivers, se niu fur inapirad ts piblica Osaminhe de eas wine ae pela salvasin. pessoal, a piedale iwlade’ decom widade € tm ato de. impledare " fant) iano wit» €4 advo « doutsins par culares © obseryinn ins as € rimatiamente ‘vive nia ordem exprivial do. pow den a mg judews do pasado e cum on jud sente, ud am on judeus do presen oO judaluna no € somente certs qualidade de un. se Iuumilha, cone 68 thos inulivldios, innunidlade de {sta talib jndnca Oe bate 0 que jurte ings primarlainente «existence Penviae ne tins, 0m VMisngn enti Dens © 8 in : ivlache acquit se I! \ secon. ieee conn Tented ae ie sean tha eterichale 0 judew nity etd 96 diante de Bous, fe cote wewhier dt conunidade que ele oath diante de Deus Nossa atu, nas "Nast Neb ns rae connie jv apace dav sestes div iin, A Situngin © sna cedene ia yd Hevea entat conn, membaen Csi de Toracd, Cala aes de adinaner cy atin he goat tipagien inane elie. eters, tne cotter de vedas ws ab teabas as Cpe longi & felt em unider conn com todos oy sees, neste mater as Cada ated toda a histrine Néw santificamos 7 vew some neste mundo, tom ees 0 sanifican tu tnsis Mey das buy Una cones verh concede ao Senor issn Deus, Velo anjor, as mvultiddes que esto no ou, fem uniier com Sveael ve gave reunide este mundo”, 1 comuda ist munca jamais devemon ex acer — a aio € prinatiamente um acute mento que se dé nas shins individuals, um ave de emanacdo, ni wmente um sty de participa 4 Veja p. 77-18 8 Kaddich* a Uivuryia pera a marhib do “tbat, “0 70 Mesnin o valor da ad rofinders de rage prlvtde, nie daqueles ques niaaten rides depenle da da adovayan grrivada nwtnarana no que. at tle pee Ceara IM le un ndividas paticaar i die web “tern few nena hiv oe apie an jv is was dle adage eens A tagédia extd n ei ny ee fewest © uma andlise da situagio de 2 Kiddushin, 40b. 4 Fepemtanwidade: eis a prieta Oran or recone csi presente pee daaltpa, Nao ave. cor ada ho haverd eurprrss, Dan | bala fasdy. ds fing Nae var ¥ val_acon (apreviateel 3 pessoa qyie. ora, Gla nar teyncaanicd transformar suas palavras erm suspiros. Navy aicat spectiva neva para a vicla © fogs se extity ida, morta mas nae Gard enbusr levando. © lema & “monotonia” suit de sta adoragan, que feou Fria F conus que coisas esto acnntecendo dentro da oragiv, ¢ sin na administragao dos lis. Nio hi templos expalhados por todo o pals icios estado se multiplicando. Ea ado- to, esta diminuindo, Ser texuplos ie A Oraga. std 56: trabalharn ria vinha_ da Jbe inspirar Sim, 08 ragio, 0 cul ultada? Ha muitos que praiGiia; mas quem sabe orar, quem outros a otar? HiLmuios que igbem sxzouar Naurimeme,as pessoas ainda Treqiiencam 0 culto religioso; mas o que significa para eles 3 p Senga no templo? Uma efusao da alma? Adoragio: a O alto, a freaiiéncia a0 templo no se tornaram um Arvigo da comunidade © ndo um servigo de Dewe As pessoas dio dinheito para causse filante6picas der wip 45 S64 tempo a0 templo. O temple wo demo sofre de uma frieza tremencls, Ox toh ‘man. tem uma distancia respeitosa entre 4 liturgia ¢ eles. Dizem as palavras: “Perdoaisnos porque ecamos”, 0 Seahey Aivida eles se excluem. Disem: “Aree, © Senhor teu Deus com todo o ten ring ms imparcial renee total, como se dessem ums soinidg rept AibEE UME, questo sem valor. "Em mente ‘emplos ha um ar de trangillidade, cle complacén Kinane te Pode sai de tal aimosterad Os meee? Bsias0s sto afetados, a vor & seca, 0 temple ¢ asseado g limpo, a alma da oragio j clamaré, ninguém chorard. as © povo espera que 0 tabino diri Criamos 0 hibito de “orar por procuragio" Muitos figis Parecem ter adotada o principio de “oragao vicdria”, O rabino e o cantor fazem oracio. Pelos fitis. Eles ficam quietos, passivos Esta atitude & em parte, um teflexo de nossas incertezas. A oracio se tornou win Besto vazio, uma figura de tetérics. E isso, ou por Sues de ig: fé gue eves de “tides religiosa”, Nao admitancs que devamos levar a oracio a sério, Pareceria pie. guise, sendo hipocrisia. Nés somos muito sofistica. dos. Mas se a oracio € tio importante quanto o es- tudo, se a oracio'¢ uma acio tio Preciosa quanto to dee epearidadle, nfo devemos ficar embartene 20 dizer “Bendito seja Deus” com devorte Nossa responsabilidade & grande. Pedimos que tepbrssoas venham fazer oracio, em vez de joser ta tebol, genbar dinheito ow fazer’ um iquenique. Por auc? Nés os desviamos? Eles gasiaim mite de con 72 t guns até chegam com precioso tempo no templo. Alg é les conse- des expectativas. Mas 0 que € que ue? O que € que eles recebem? gu ritual Absenteismo esi Jo: a perda da “graca”. No: da alma. Uma Hi outa privasio: « p nda da erimbniag religious tem pouco enc6 7 . O que é a “graca”? E a presence alma. ‘Urn a fem get gua pola dea, Fiedo pode set aiid oa sua vox: quarido os de jr de aaa anumin o 900 roo, Mas, Com reais ort” Conan econ alana (pessoas is noticias do jornal da se- nanual como se fossem_as_notic z if essoal — como se a OFa¢aG fosse um exercicio imp : mo ts ceaies fence int to emmetlice Aa pale esata as a alma, que tem de ea Sve es lavras e absorver todo o seu significado, au = ‘Recitam © invélucro das sflabas, mas ae soem, na dlucto. Em nossa fala jem nada dentro desse invdlu a thsi, 20 promuncatmos uma sentenga, nossa pala castieal comunicagao, vras tém uma qualidade tol i sm ening, ena ge inden o gue ne ueremos dizer com aquilo que dizemos, de modo gue postamos discernir se ouvimos ume perpen ma exclamagio ou uma afirmacio. om Ba entoaglo que comunier praca ao que dize mos. Mas quando oramos, as palavras apagam-se em nossos Iébios. Nossas palavras nao tém tom, nao tém forca, nao tém dimensao pessoal, como se nado auiséssemos dizer 0, que atticulamos, como se lése. ios os patigcalos de urn diiondrio, E ovagio sem arase, Sem divida, hi muitas leturas inspiradoras, que exigem uma teevosta da nossa parte. mas hg 73 Poucas respostas Aquilo que lemos. Ninguém sabe~ derramar uma ligsima. Ninguém esti preparado pata dar um suspiro. Nao hi ligrimas em nossas almas? “Nao hi bilsamos em Gilead? Nao hi médico ki? Por que a filha do mew povo Nao recupera a satide?” Na igreja acham-se reunidos 0 corpo, os bancos, 9s livros. Mas falta uma coisa: a alma, E como se todos nés sofréssemos de “absenteismo espiritual”. Numa boa orasio, as palavras tornam-se uma com a alma. Mas em muitas das nossas igtejas, pessoas que €m outras circunstncias, so sensiveis, vibrantes, en- tusiastas, ficam num canto, num banco, isoladas, dis traidas, sonolentas. “Os mottos nao louvam o Se. ahor” (SI115,17). Aqueles que sio espiritualmente obtusos nfo louvam o Senhor Nés julgamos um problema sétio a assiduidade no templo ¢ a assisténcia regular a0 culto. Como faremos para aumentar o mimero de figis que fre- qiientam 0 templo? Jé se fizeram muitas sugesties, inclusive compor oragdes mais curtas © com uma letra bem mais objetiva; convidar oradores famosos, comentaristas de ridio e TV, colunistas de jornais ¢ revistas, organizar encontros, mesas-redondas, simpé- sios, conferéncias ecuménicas etc. etc. Muitas outras sugestdes jd foram apresentadas, mas nenhuma delas vai até o mago da questo, até 0 cerne do problema F_que os as espirinais” nai ser resolv por “técnicas_administrativas” ~ O-probleia nia ¢ cackeroraeios mas ins iy ragdes. Eeste um problema ao Qual Giffellmente Se sede ‘aplicar_a técnica da psicologia 0 pioblera “una tein comercial. -nio_é de_uma fregiéncia a templo, mas de uma freaiiéncia espinitual problema nio é como alfair 05 corpos a en- 74 nite tbl ale aA rennaaiur mas a entrarem numa hora de concentracdo es piritual na presenga de Deus, © problema é “tem po”, no “espago” ! cam! ‘A oragio é um fendmeno extremamente cot plicado. Jase fizeram muitas tentativas de defini-la Prexplicé-a, Mencionarei brevemente quatro das prin cipais doutrinas trarem no espago de um templo, mas como inspirar J 1) Doutrina do agnosticismo © agnosticism afiema que, a orasio eth rad cada na superstigao. E um dos “maiores enganos ca jumanidade”, “um esforeo desesperado cle ctiaturas desnorteadas para enfrentar o mistério circundante Assim, a oragéo é uma fraude. Devemos dizer a0 homem que ora: “Louco, pot que procuras em vao, com oragées pueris, atingir coisas impossiveis de atin gic, ontem, hoje, e amanha?” ? _ Uma vez que a oracao ¢ uma fraude, as igrejas e casas de oracio de todas as religides devem set extintas. Grande ntimero de pessoas climinaram a ‘oracdo de suas vidas. Puseram um ponto final nests ilusao . ‘Muitas pessoas acreditam que 0 tinico meio de revitalizar a freqiiéncia a0 templo é encurtar as ceri- mbnias religiosas, diminuir as oragdes e minimizar 0 valor da adoracio ¢ converter os templos a, mais ‘ot menos, centros sociais ?. Encaremos a situacio com coragem, Esta lei é a lei da vida. Assim como 0 ho- mem néo pode viver sem almd, a religiéo no pode sobreviver sem Deus. Nossa alma enlanguece sem a ' Veja A. J. Heschel, The Sabbath, Its Meaning to Mo- dem Mar, New York, 1951, p. 8. ? Ovidio, ‘Trista, 111, ‘8 LL 3 Veja Shabbath, 316. 15 oragio. Um templo no qual os homens no. mais aspiram A oragio nao € um compromisso, ¢ uma detrota; uma perversio, no uma concessio. Oras com “kavanah” (devogio interior) pode ser dificil Orar sem devosio interior é ridiculo, 2) Doutrina do behaviorismo Hii pessoas que parecem acteditar que os atos religiosos podem ser feitos num deserto espititual, na auséncia da alma, com o coragio hermeticamente fechado; que a acao externa é © modo essencial de oragdo, que pedanteria € 0 mesmo que piedade. Co. mo se 0 que importasse fesse 0 comportamento do homem em termos fisicos, como se a religiio nao tratasse da vida interior Tal concepeao, que gostarfamos de chamar abehaviorismo religioso, reduz a religido a uma es péclete Mister sagram, desprezando inteisamente o que nela hi de imponderavel, de introspective, de metafisico. Como uma atitude pessoal, o behaviorismo re- ligioso reflete geralmente uma teologia amplamente diundida, na qual o supremo artigo da fé € 0 “res. peito pela tradigéo”. As pessoas devem observar os Tituais e assistir ao culto religioso por respeito 20 que nossos, antepassados nos legaram. A “teologia do respeito” defende a manutengio dos costumes her dados e transmitidos e das instituigdes estabelecidas € se caracteriza pelo espirito de conformidade, mo deracio excessiva e desrespeito pela espontaneidade. © ponto de vista dos behavioristas religiosos aprox masse muito da famosa sentenga de Seneca: “Tam: quam legibus iussa non tamquam dis grata” (obser. + Sobre a radical importincia de agit, veje p. 142-143, ‘a 0s costumes religosos porque eles sfo ordenados pela lei, néo porque eles sao agradaveis aos deuses B’’ Embora posse parecer sdbio, importante, essen ppedagogicamente util, o “respeito pela ttadi & grotesco e ridiculo fazé-lo artigo supremo em muitas mentes € até certo ponto € responsivel pela crise atual da ora 3) Oragio — um ato social Hii outra definigdo que vem ganhando terreno em todo o pafs, em sermées, livros ¢ publicagdes periddicas: “A oragio é a identificagio do adorador com 0 povo de Israel” ou, “a ocasido de nos imer- git na realidade viva” de nosso povo. Ao convidar as pessoas para a sinagoga, defende-se a idéia de que “a sinagoga € 0 instrumento através do qual os judeus se identificam com 0 seu povo. O senso de identificagio 36 se consegue através do culto comum”. Tal opiniao se apdia numa teologia que considera Deus como simbolo de acio social, como um epitome dos ideais do grupo, como “o espirito da querida comunidade” ’, ‘como “o espirito de um povo, en- quanto ha um mundo de humanidade....0 Espirito do Mundo” ®, como “Boa Vontade Criativa” que toma possivel a cooperacio em nosso comportamen- to moral’. “Um ato de identificagio com 0 povo e, feno- menologicamente, falando, a definigéo de um ato politico. Mas um fenémeno politico é 0 mesmo qu § J, Royce, O problema do Cristianismo, 1913, 1 pp. 172, 408. SE, S$ Ames, Religizo, 1929, p. 132 TE. W. Lyman A Signiticagio da verdade da Religtio, 1933, p. 33. 76 7 adoracio? Além disso, 0 ato de identificagio com Tsrael, em sii mesma, constitui_a esséncia da ado- racio? Quem € nosso modelo: Elias que se separou das congregagdes de seu povo, ou os profetas de Baal que conduziam e se identificavam com 0 seu povo? Os profetas_de Israel se v: muito de edtarem de acowdo com oF SAGE pulates. Embora espiritualmente importante, essen- cial © sagrada, a identificagio com Istael, néo deve mos esquecer-nos de que © que empresta importin- cia espiritual ¢ santidade a essa identificagio com Israel ¢ a unido intima com a _vontade de A douttina da oragio como ato social € 0 pro. duto do que pode ser chamado “falAcia sociol6gica”, segundo a qual o individuo s6 tem realidade enguan. to veiculo de idéias ¢ atitudes que provém da exis- nncia do grupo. Aplicada & £é judaica, € um desco- rhecimento total da sua natureza, enfatizar 0 aspeto social ou comunitério. E verdade que o judeu nunca fora como pessoa isolada, mas como membro de Israel. Contudo, € dentro’ do coragéo de cada indi- viduo que ora que se realiza a oragdo. E um dever pessoal, e 0 ato fntimo que néo pode ser delegado a outrem, nem mesmo a toda a comunidade. Ora- mos com todo Israel, e cada um por si, Contra. riamente as teorias sociolégicas, a oracio individual precedeu a oragio coletiva na’ histéria da religito. ‘Tais perspectivas sociolégicas no correspondem | 08 aspetos iinicos da adoracéo. No momento da oragio, nés nos concentramos no grupo? Lemos nos Salmos: “Senhor, meu Deus, busco-vos com solicitude, de vés tem sede a minha alma, por vés anela o meu corpo, langiiente como terra drida, sem gua. ¥ Assim, jd vos visitei no santudrio, ; 78 . para contemplar 0 vosso poder e vossa Noria; porque # vossa graga € mais preciosa do que 2 vida, meus labios ho de louvar-vos. Assim, vos bendirei em toda a minha vida, fe em vosso nome elevarci as minhas palmas” (SI 63,25) Pode-se aplicar a este salmo a definigao socio- légica da oragio como um ato de identificagao com © grupo? 4) Doutrina do solipsismo teligioso Esta doutrina afirma que o “eu” individual do adorador € toda a esfera da vida de oracio. Su- poese que Deus € uma idéia, um processo, uma fonte, um principio, um poder. Mas ninguém pode adorat uma idéia, Ninguém pode dirigir suas oragdes uma fonte de valores. Ninguém pode orar a “quem possa interessar”. A quem dirigimos a nossa oragao? Sim, temos uma resposta positiva a esta pergunta. Um’ escritor contemporénes responde: “Dirigimns rnossas oracées a0 bem que esté dentro de nés”* Nao queto minimizar 0 fato de que todos nés softemos de uma doenca chamada egocentrismo, Nossa alma tendé a concentrarse nas suas idéias, interesses © emosies. Mgs_por_que_temos_nés de clevar esta doenga egocéntrica 20 estado de viride? E precisamente a orayao que ajuda cura esta doen- # Pode se encontrar uma discussio sobre este ponto de vista G0. popular hoje em dia, em I. Second, A Oracio, stud de pstcologia teligiose, Baris, 1912, p. 52 E. uma definiso de oragdo que convém a0 pantelsmo, Se a'divindade € igual go univers € se nds smmor parte do niverso ov ds divindade, eno quando oramos 4 dieindade, nds estamos exsencalmente oranlo a abs mESBOS wv yw? 19 ee 64, que ajuda a ver o mundo de outro angulo bem diferente. O “eu” nio é 0 centro, mas 0 raio da roda que gira, A funcio da oragio & pr esta: mudar o centro da vida da consciéncia de si mesmo para a submissio de si’, O solipsismo religioso afirma que devemos con- tinuar a recitar nossas oragdes, porque a oracio uma atividade til. As idéias podem ser falsas absurdo acreditar que Deus “dd ouvidos a oracées e siplicas”, mas devemos continuar a otar porque faz bem a satide. Faz bem & satide? Como uma desones tidade_intelectual_pode faze ne A separacio entre a Igreja ¢ Deus Descendemos daqueles que ensinaram ao mun- do o que é a verdadeica oragdo. Nossos pais criaram a tinica linguagem universal, isto é, a linguagem da oragio. Todos os homens do mundo ocidental alam com Deus na linguagem dos nossos salmos. Nao de vemos, pois, perguntar aos nossos antepassados. 0 que realmente € a oragio: Mas fazemos esta per gunta? Estamos preparados e dispostos para en der a resposta? A dificuldade de nossa situacio est no_fato de que herdamos algumas caracteristicas ft sicas dé TowsGS aMepARrados, “mas aie herdasos suas qualidades espirituais;aem tentemos adquizi-las Biologicamente, somos judeus, camo homens, que so. mos;~teologicamente, agios-aié certo panto. Nosias_mios sioas mios de_Jacd, mas nossa voz é muitas vezes-a voz de Esai ~""H problemas sérios que a teligido tem de re solver: agonia, pecado, desespero. Hé uma escuridto no mundo. Ha horror nas almas. O que tem a co- munidade de Israel a dizer a0 mundo? 9 Veja acima p. 2333, 80 ccisamente | Preacupamo-nos bastante com o problema da Igteia e do Estado. E com o problema da Igreja ¢ Deus? As vezes parece haver uma separagio major entre a Igreja e Deus do que entre a Igreja € 0 Fstado, Tornou-se habito dos movimentos modernos truncar versiculos biblicos. Alguns destes versfculos iruncados tornaram-se “slogans” famosos. O movi- mento “BILU”” & uma abreviagio de “Casa de Jacd, vinde, caminhemos 4 luz do Senhor” (Is 2,5) A esséncia do versiculo ¢ “A luz do Senhor” Este final foi truncado. Os discipulos de Ahad Ha'am proclamavam: “Nao com o poder, nem com a forga, mas com o espirito” (Zac 4,6). Mas o profeta dizia: “Com o meu espitito”. O Fundo Nacional Judeu tem como lema oficial “A terra nunca serd vendida” (Lev 25, 23); mas o versiculo continua, “porque a terra é minha”. Este final foi omitido, Durante a dltima guerra, o “slogan” entre os judeus russos cra “Nao morrerei, mas viverei” (SI 118,17). Mas o versfculo continua: “e proclamarei as obras do Senhor”. Esta parte foi omitida. ‘A oracio € © microcosmo da alma. E toda a alma em um momento. E a quintesséncia de todos os nossos atos. O climax de todos os nossos pensamen tos. leva-se como os nossos pensamentos. Mas se a Biblia no passa de uma literatura nacional de Israel; se os mistétios da revelagdo sio desprezados como superstigdes, entio a oragio néo passa de soli- léquio. Se Deus nfo tem poder de nos falar, como teremos nds a forga de the falar? Assim, a ‘oragio faz parte de um problema mais profundo, Ela depen: de da situacéo espiritual total do homem e de uma °© Um grupo, de dedicados estadantes que emigtaram da Russia para a Palestina em 1882. . §'O nome literitio de Asher Ginzberg, pensador de muita influéneia (1836-1927 81 5-0 homem & procura de Deus mente dentro da qual Deus se sente em casa. Natu- ralmente, s¢ nossa vida é demasiado estétl para produzir'o espitito da oragio; se nossos pensamen. tos ¢ preacupagdes niio contém bastante substincia espititual a ser destilada dentro da oragio, uma trans formagio interior & assunto de emergercia, Festa emergencia que enfrentamos hoje. © sssunta-da_ ora Go néo é a oracio; o assunto da oracio € Deus. Ningueni pode ovat, se nao tiver 12 ne sua Capact dade de se aproximar do Deus infinito, 1ilsercoedio- $0,-eterno, a ‘Alem disso, oilo devemos esquecer_um princt pio_muito profutde. Ha alguma cosa que © muito aior do que meu desejo de orar, 1st0 20 desejo pe De rem Ge que eu Ore Hd aigummacotsa 1 Emit mator-do-que-men desejo de crer, isto & 0 deseja que Deus tem de que eu creia. Como é insignificante a efusdo de miaka elmato"imelo dee te grande universo! Se Deus ngo dGejaSe-qUE cu Grasse, se Deus nla deseasse. minha oracio ™, como seria ridfcula a minha prece! ~ Nao podemos alcancar o céu construindo uma Torre de Babel. O caminho biblico para Deus é 0 caminho de Deus. O fato de Deus esperar pela nossa oragéo_é que taz _nossa_oracio_tenha_ sentido. Como definitemat, pois, «-otagios Uma ver que elt , antes de tudo, um fenémeno da consciéncia_hu- maha, devemos perguniar: De qué € que uma pessoa tem Consciéncia num momento de oracio? Ha uma afirmagio clissica na literatura rabiniea que expres: sa 0 minimo espititual de oracdo como um ato da consciéncia do homem: *Conheca aquele diante do Qual voce estd”®, Tres idéias esto compreendides nesta definigao ™, © Veja Exodo Rabba 21,5; Midrash Tehillim, 5,7 13 Berachoth; 286; Aboth'de Rabino Nathan, Versio B., cap. 19, Orbor Hayim, 18 1#°A sentenga consiste em trés partes: o Verbo principal 82 Conhecer (ou compreender) Uma certa compreensio, uma certa consciéncia, uma atitude definida de espitito so condigdes “sine gua non” de toda oragio. A oragio nio pode viver num vécuo teoldgico, “ela provém de uma com: preensio”” A oragio nfo deve ser tratada como se fosse o resultado de uma visio intelectual superficial, co- mo se desse melhor no clima da vacuidade do pen samento. Temos necessidade de compreensio, de sa- bedoria do espirito para saber o que significa orar e adorar a Deus. Ou ao menos devemos procurar libertar-nos da loucura de adorar a gloria enganosa das divindades que fabricamos em nossa mente, li- bertar-nos do apego incondicional aos falsos dog- mas que povoam a nossa mente. Viver sem oragio € viver sem Deus, é viver sem alma. Ninguém seré capaz de pensar nele, se no aprendeu a orar a ele. Pois, é esta a mancira como o homem aprende a pensar no verdadeiro Deus — no Deus de Israel. Primeiramente cle toma cons- ciéncia_da_sua_presena,-e sé-depois é que pensa na suascénciaOrar-é-senrir a siia_puesenca Ha pessoas que afirmam que a oragio € uma questéo de/“emocio” Com o desejo de “revitali zat” a oracao, proclamam: “Que haja emogao!” Esta atitude se baseia numa falécia. A emogio é um “com- ponente” importante; néo & a “fonte da oragio”. O poder de orar néo depende de ser uma pessoa de temperamento colérico ou fleagmético. Uma pessoa pode. ser_extremamente emocional_¢_nio_ser_capaz de_criar este poder. Isto é decisivo: a adozagio pro std no imperativo *conheca”. Dependendo deste verbo prin: cipal esti a cldusula “diante de quem vocé esta” que pode set dividids cm dois segmentos: a parte adverbial “di {que contém 0 sujeito = 0 verbo da oragéo subordinada de quem” que contém o pronome relativo © “voce esta” a3 ém_da_compreensio. Nio € 0 resultado de uma sao getal superficial. ~~ O que € mais, a oragao tem 0 poder de criar a compreensio. Muitas vezes ela nos di uma com- preensio que nao poderfamos alcancar pela especu- lagio. Muitas de nossas intuigdes, decisdes e atitudes nasceram muitas vezes num momento de oragio. Freqiientemente, onde a reflexdo falha, a oracio triunfa. O que 0 pensamento € para a_filosofia, a oragio €-para a religiao. E a otaglo pode ir além Sr eopeculagas A verdade da santidade. nto é uma verdade de especulagio — é a verdade de adoracio. Disse 0 rabino: “Admiro-me de que a oracio compreensio nao esteja incluida na liturgia do 10, se nao hd compreenséo, como par. Sébado. Com fei € possivel orar?” “Conhece aquele diante do qual ests”. Nao se consegue facilmente este conhecimento, esta. com- preensio. Ela “no é nem um dom que recebemos sem o merecer, nem um tesouro que descobrimos inadvertidamente”. A arte da consciéncia de Deus, a arte de sentir a sua presenga, em nossa vida didria, io pode ser aprendida de improviso, “A grasa de Deus ressoa em vida como um “staccato”. Somente retendo as notas aparentemente desconexas pode-se conseguir apanhar 0 tema”, Nao procuramos mais adquirir esta compreen- so, este entendimento. Nos modernos. semindrios teoldgicos a arte de compreender 0 que ¢ a oracai i © que cla implica, ndo faz parte do curriculo. Con sultam-se filésofos em vex de escritores espiritua fem assunto de tanta transcendéncia, 45 Jerushalm: Berachoth, 44. 8b. A.J. Heschel, O Homem nio esté #4, p. $8, # x Diante de quem lito antes 0 qué, teria contradito o espirito da omnis "0 que" é muito individ Quando rguntamos “O qué”, estamos totalmente no at, reremrevisfo de nenhuma resposta definide. Qualquet resposta pode servir. Mas aquele que esté no ar, que rio espera nenhuma resposta definida, nao sabe a sig nificagio da Gnica interroga¢ao essencial, nao esta pre: patado para orar". Se Deus € um “o qué”, uma forca, a soma total de valores, como podemos orar a ele? Um “Eu” no pode dirigirse em oracio a um “o qué”. Se_Deus-ndo-for,-pelo-menos,tdo_zeal quanto eu, se no estou _convencide de_que Deus cai pelo menos tanta vida quanto eu tenho, como Vocé esti © ato da oracio € mais que um proceso da mente ¢ um movimento dos lébios. E_um_ato_que setealiza_entreo_hamem_eTeus,_na-presenca de Deus, Ler ou estudar o texto de uma oragio nao € © mesmo que orar. O que distingue 0 ato da oracdo, 6a decisio de entrar na presenca de Deus. Orar é expor-se_a ele, a0 scu_julgamento. Se a “oragio a expressio da sensacio de estar em casa no universo” ", entéo o salmista que ex- clamava: “Sou um estranho na terra, no escondas ‘os teus mandamentos de mim” (SI 119,19), nio en- tendia nada de oragio. Durante muitos séculos na histéria do povo judeu a verdadeira motivacéo para 4 oragio no foi a sensagao de “estar em casa no Tso", mis a sensacio de mio estar em casa no A, J. Heschel, Idem, cap. 8 (A Ultima Questo ES! Ames, Religto, p27 ee 85 yaiverso. Nao podiamos deixar de sentir preocupa- so, angtistia & desabrigo espiritual diante de tantos males ¢ solrimentos dianie-dos_exsmplos sem canta los qué nao vivem segundo a vontade de Deus. sa, tornou-se cada vez mais chocante, vendo-se que © préprio Deus nfo se sentiu em casa no universo, onde desafiavam a sua vontade, onde negavam 0 seu reino, “Q_Shechinah” estd_no exilio, 0 mundo estd_corrompido, “0 pt6ptio ufiveiso 1&0 se sente em_casa.—” Orar significa, portanto, trazer a Deus de volta cr-o_seu_reinado, proclamar_a ua gléria. Por isso € que nos maiores momentos de rrossa vida, nos Dias da Reveréucia_nés_clamamos do mais profundo de nossas_almas_atribuladas, uma oracio_de redencio: “E assim, Senhor nosso Deus, concede a tua Reveréncia a todas as tuas obras, e o teu temor a todos os que tu criaste, de modo que todas as tas obras te temam € que todos os que foram criados se prostrem diante de tie que todos se unam para fazer a tua vontade com todo coracio” Grande é 0 poder da oragio. Com efeito orar é “expandir a presenga de Deus” no mundo, Deus transcendente, mas nossa adoragiv o torna imanente Ine cook imelio ai idee ae tae Deus ‘ocesie: imanente depende de ~~ Quando dizemos “Bendito sejas”, nds estende- mos a sua gléria, ¢ comunicamos 0 seu espitito 20 mundo. “Engrandecido ¢ santificado seja o nome de Deus em todo o mundo...” Que haja mais de Deus reste mundo. AJ. Heschel, O Homem nao esté 56, cap. 23 O que é decisivo no é a experiéncia mistica de estarmos perto dele; decisive nao € o nosso “sen- fimento”, mas a nossa certeza de que ele estd perto de nés —- embora sua presenga esteja velada e além do aleance de nossas emogées. Decisiva nao a nos: Sa “emocio”, mas a nossa “convicgio”, Se falta esta GoAviegio, se a presenca de Devs-é um miro, éntéo qvoragio-t Deus é uma_ilusio, um engano, Se-Deus do € capiz de nos ouvir, entio nds somos loucos ar fatar-com el SETA verdadeita fonte da oragéo, dissemos acima, nio é a emogio, mas a compreensio, a intuicio iui Relaiet ie non capacia ova Se fecussimos tomar Conhecimento do que esti além de nossos olhos, além de nossa razao; se for: nos cegos ao mistétio do ser, 0 caminho que leva A oragao estaré fechado para nds. S¢_o-nascer. -da_so! io. paswar para nés de umaratina danatureza,-re0 Q pata dis Na iua misericérdia dé: a luz a terra e a todos os que nela habitam dia- tiamente, constantemente”, Sc 0 pio nia passa pare ads ds farinha mo thada, fermentada, Ievada-ao fono € posta na mesa nao tem_sentido—dizer:—“ Bendito—sejas—tu—__ que ras o pao_da terra”. SBS §-SSminho que leva A oracdo vai auavés de “atos de admiracio” ¢ “embevecimento_radical”. A. ie iittisbilidade toral-a indferenga a0-snis «fo. vehi em toda a parte, a loucura da autg-con fianga si0_sétios_obstaalos 1 nossa frente. F, nos mmoméilos, de.cofcentar o-mistéio-da-vide ¢ da mor- te, do conhecimento e do nao-conhecimento, do amor “€-da Thcapacidade de amar — que ozamos, que_nos “Por que 03 sébios dizem que uma pessoa que levanta a sua voz durante a oragio tem pouca té? Porque a orac3o implica que o homem acredite na 87 boa vontade de Deus de atender as stiplicas que e! The faz. A fé, a confianga em Deus, é uma adesio a um reino aitfssimo, 20 reino do mistério. Esta é a sua esséncia. Nossa f€ € capaz de alcancar o reino do mistério, Talvez por isto a palavra fé em hebraico (amen, amanah, emunah) comega com a primeira Tetra do alfabeto, chega até a origem de, todos os seres. “Aleph” —- 0 nome da primeira Tetra doa fabeto hebraico — consiste cas. mesmas. letras-que “pele”, que é um termo tanto para admitagio como ea_mistéri Uma pessoa que ora muito alto nfo chegou ainda ao reino altissimo, a0 reino do mistério. Ela tem apenas o senso do dbvio, do manifesto, e tudo (0 que & manifesto ndo esti ligado a0 reino altissimo, porque tudo o que altfssimo esté oculto” ®. O louvor € a nossa primeira resposta, Possuido da incapacidade de_dizex o que sus_presenca significa podemos apenas cantar, podemos apenas articular pa: lavas de adoracio. Por_isso_ of gar na nusis den judeus oeupa_6 primeizo lugar 0 “louvor” ¢ no a cel oe — a forma mais-profunda—porque-envalve_ tanto 0 sens0_da_prdpria_depeadéncia ¢_privacio, como 0 senso.da-majesiade e glésia-de Deus". Ao ean, 6s slsomor cud aus ¢enganos, ido que @ falso. Elevamo-nos a um nivel de vida mats elevad— ® Rabino Loew de Praga, Netivoth Olam, Netiv, Has vodlah, cap. 2. _ 2 Em grande parte os oragBes escritas em nosso tempo so essencialmente de petigio. As oragies de louvor muitas veres soam como autoclogi, 88 “Porque a ti, Senhor nosso Deus, Deus de nossos pais, devidos cnticos ¢ louvores, hinos e salmos, poder € dominio, vitéria, grandcza, poréncia, homenagem, beleza, santidade, reinado, béncios ¢ ages de gragas” (Liturgia didria). Nossa adoragio é humilde; nossos superlatives so insuficientes. Polaridade da oragio Hi uma dificuldade especifica na oragio judai- ca, Sao as leis: como orar, quando orar, 0 que orar. ‘Temos tempo determinado, maneiras fixas, textos fi- x03", Por outro lado, a oragio é a adoragio do coragio, a efusio da alma, um assunto de “kavanah” (devogio interior). Assim, a oragio judaica es dererminada por dois principios opostos: ordem ¢ elusio, regularidade e espontaneidade, uniformidade e individualidade, lei ¢ liberdade®, um dever e uma 89 prerrogativa”, empatia c auto-afirmagio, intuigéo e sensitividade, ‘credo e 6, a palavra'e ‘aquilo que esté além das palavras ®, Estes principios so os pélos em volta dos quais gira a £€ judaica, Como cada um deles se move em direcio oposta, s6 pode ser mantido 0 equilibrio, se ambos sio de forga igual. Contudo, o polo da regula ridade & na prética mais forte que 0 pdlo da esponta- neidade e, como resultado, existe um perigo constan. te de se tornar um mero hébito, um ato meciinico, um exercicio meramente repetitivo, O padrio fixo ¢ a regularidade de nosso culto tende a sufocar a espon: taneidade da devogio. Nosso grande problema, por- tanto, € nao deixar que o principio da regularidade prejudique 0 poder da espontaneidade (kavanah) E um problema que diz respeito nfo somente a oragio, mas 2 toda a esfera da observancia judaica Quem ‘nao tiver consciéncia desta dificuldade central demonsiza muita ingenuidade. Quem Ihe oferecer uma solugio superficial demonstra que é wn simplétio. E um problema de significagio universal. A po- laridade € uma caracteristica essencial de todas as coisas na realidade, ¢ na {€ judaica a relacdo entre “halacha” (lei) e' “agada” (interioridade) & uma relagio de “polaridade”. Tomadas em abstrato pa recem excluir-se mutuamente, contudo na vida pré- tica incluemse uma a outra A tuadigio judaice afizma-que-nio-hi*halache” sem “agada”, nem “agada” sem “halacha”; que njo deventos-nent”subestim: orpo_nem_sacrificar 0 « severo com os outros, nem brando com os outros ¢ severo ‘consigo. Veja “Aboth” 1,13 ¢ a explicasdo em “Aboth de Rabino Natan”, edicio Schechter, B. Versio cap. 23, p. Plo contrdrio tabino Semedo dia: “Quando voce ora faca da sva orapio uma coisa tixa “Keva", sus oragso no € tum ato de_graga (Mishnah Berchath 4,4) Veia p. 92. % Veja xima, p. 59. expitito, © compe é a disciplina, o_padrdo,_a lei; 1 é interior, a espontaneidade, cespitito €_a_devocio i acliberdade.O corpo sem_o cespinito € um cadsver; o_gspirito sem _o-corpo € um Fantasma. Se So calmer polaridade © € uma fonte de ansiedade constante e de tensao ocasional. Como manteremos a reciprocidade da tradigio e da liberda- de; como manteremos a “keva” © a “kavanah”, re fgolaridade e espontaneidade, sem prejudicar uma ¢ sufocar a outra? ‘A primeira vista, a relagio entre “halach: “agada” na oragio parece ser’ muito simples. A t digao nos dé o texto, nés criamos a “kavanah”. texto é dado uma vez por todas, a devogio interior acontece cada ver que se ora. O texto € propriedade de todas as épocas, “kavanah” é criagio do momento © texto pertence a todos os homens, “kavanah” € algo particular, préprio de cada individuo, Entre- tanto, o problema esté muito long de ser simples. © texto procede de um livro, € dado. “Kavanah procede do coragio. Mas estaré 0 coracio sempre preparado — trés vezes por dia — para esta atmos feta de devocio? E se estiver, seré a sua devogio de acordo com aquilo que o texto encerra? Primazia da intetioridade Com relacio a muitos aspetos da observincia a tradigdo judaica por razSes pedagégicas, deu 5 Zia a0 principio de “keva”; hi muitos rituais sobr 65 quais a lei afirma que, se uma pessoa os executa sem a propria “kavanah”, deve sez considerada “ex post facto” como tendo cumprido o seu dever. Ne acto, contudo, a “halacha” insiste sobre a prima a da interioridade, de “kavanah” sobre a realizacio ot exterior, a0 menos, teoricamente*. Assim, Maimo- nides declara: “A oragio sem “kavanah” no é oragio absolu- tamente. Aquele que ora sem “kanavah” deve orat uma vez mais. Aquele cujos pensamentos esto ocupa- dos em outras coisas nio deve orat até que recupere © seu recolhimento interior, Dai, se alguém volta de uma viagem, ou se esti muito cansado ou. an- gustiado, no deve orar enquanto nao se achat inte- riormente trangiiilo e recolhido, Dizem os sdbios que, a0 voltar de uma viagem, deve-se esperar trés ias até readiquirir repouso total ¢ ficar com a men- te calma, $6 entdo & que deve orar””. Baraca nia é wm culto-dos_léhins Ema adoragio do coragio. “As palaveas sio 0 corpo, 05 pensamentos sio a alma da oragio”, Se a alma estd ocupada Cont outros pensamentos, enquanto a lingua se movimenta incessantemente, ‘esta oracio é€ um corpo sem alma, como uma concha sem pérola. Tal pessoa pode ser comparada a um servo cujo senhor voltou para casa. O servo prepara tudo para que a esposa ¢ os membros da familia recebam bem seu senhor e the facam a melhor acolhida, mas ele, ele vai divertir-se com seus amigos por af * Enfaticamente, Nahmanides, contrariamente a outras autoridades, insiste que a’ “oragio no € um dever, mas uma prerrogativa, e que aquele que ora nfo ¢sté cumprindo um mandamento. da lei. Nio a lei -de Deus que_nos-manda.orar;¢ 0 amor ¢ “a graga de Deus Criador, bendito ‘seja ele, que % A Polatidide da oragio ¢ a decisio em favor do elemento de “Kavanah” estio implicitas na discussio. sobre se # oragio é uma “stplica” ou um “substituro do sacrificio”, Berachoth, 26a, 2 Mishneh ‘Torah, ‘Telillah, 4,6. 2 Bahya, Ibn Paguda, Os deveres do coracio, ed Harmson, vol. LV, p. 71. 92 nas ouve € Nos tes so invo- camos””. Na pritica, 0 elemento de regularidade levou muitas vezes vantagem sobre o elemento de espon- taneidade. A oragio tornou-se um culto s6 dos labios, uma obrigagao que deve ser cumptida, algo de que a gente se tem de livrar “O Senhor dizi... este povo com palavras fica perto ¢ me honra com os libios, mas 0 seu coracio vai para longe de mim eo culto que me prestam é obra de mandamentos hu- manos” ®, A primazia do elemento interior sobre todos os outros elementos pode ser esclarecida por uma parabola, Havia antigamente um rei que mandou que seus ctiados Ihe fizessem os pratos apimentados de que ele tanto gostava. Eles obedeceram. Prepararam 63 quitutes ¢ touxeramlhos, € 0 rei os saboreou com a mais viva satisfagao. Ora, apesar de a’ preparagdo daqueles prat exigir diferentes espécies de trabalho, como cortar madeira, buscar 4gua, matar animais, acender fogo, lavar panelas ¢ cagatolas, estar a beira do fogio, © rei sé deu uma ordem: preparar pratos apimenta- dos. E se fosse possivel ter preparado tudo sem estas medidas, sua ordem estaria também cumprida. Porque o rei no cstava interessado nem na madeira, nem na agua, numa palavra no estava interessado na preparagio do alimento nem nos seus elementos essenciais: estava interessado no alimento preparado. ‘Agora imagine o que aconteceria se, tendo che- gado a hora de comer, chegassem trazendo panelas € frigideiras, E quando o rei perguntasse: “o que & ® Nahmanides, notas sobre Maimonides, Sefer Hamit- oth, mitzvah, 5, ‘wTsaias 29,13, 93 isso tudo?" cles respondessem: “Vossa Majestade nos mandou preparar comida apimentada, Aqui estio, Senhor, os instrumentos com os quais nds prepara mos 05 alimentos que nos ordenou Vossa Majestade que prepardssemos”, Nao teria o rei razio de se irri tar € nao thes diria muito justamente: “Eu s6 mandei que vocés me trouxessem comida apimentada, Por acaso pedi a voces que me trouxessem ‘panelas © cagatolas?" " © mesmo acontece com as palavras da oracio, quando 0 coragdo est4 ausente. A ora um ato tri io se tora ial quando deixa de ser uma agio da alma. A esséncia da oragio é “agada”, interioridade. Contudo seria um fracasso urdgico nfo Jevar en conta o que o espirito de “halacha” faz para a oragio, elevando-a do nivel de um ato individual ao estado de um intercimbio eterno entre 0 povo de Deus ¢ Deus, elevando-a do nivel de uma experiéncia cocasional ao’ nivel de uma alianga permanente, F, através da “halacha” que pertencemos a Deus, nio ‘ocasionalmente, intermitentemente, mente, continuamente A regularidade da oracéo ¢ a expresso de que eu pertenco a uma ordem, a uma alianga entre Deus € seu povo, que permanece valida, quer eu tenh: dela conscigncia, quer nao. Como eu sou grato a Deus mas essencial x jorque hd para mim um dever de adorar, porque ba para mim uma_lei que lembra i_minha mente distraida que ¢ hora de pensar_em Deus, que é hora de deixar de lado o meu “ego” pelo menos por um momento! E nao é pequena afelicidade de pertencer a uma ordem da vontade divina. Nao estou sempre disposto_a_arar Nem sempre tenho a visio ¢ a forga de dizer uma palavra na presenga de Deus Mas quando eu estou 31 Rabino Menahem Lonzano, Derech Hayim, Lemberg, 1931, p. 84. 94 Cte $26.ut 0, & a tei que we dé forge, Quand ininha vide eats 7 Eo deyer que dd clatidad “Nio devemos pensar que “kavanah” € assunto. de pouca monta, € uma coisa facil. Hla exige esforgo Constante, © & maior o némero de vezes que na a conseguimos do que as ocasiGes em que a experi- ‘neatamos plenamente, Mas devemos continuar a batalha pura a alcangarmos, Agir diferentemente s- tia morrer de paralisia espiritual ; Para dar um exemplo, A fim de evitar a pritica da repetigio das mesmas palavras para finalidades dgicas ou supersticiosas, 0 Talmude ordena que uma pessoa que diz a palavra “Ouve” (6 Israel) ou a Eapressao: “Nos te agradecemos” duas veves, deve ficat em siléncio, Rab Pappa perguntou a Abbai Mas talvez a pessoa repetir a oragio porque quando tle disse as palavtay pela primeira vez nao tinha “Kavanah”. Assim ela repetiu as palavras, para ver se adquiria “kavanah”, Assim, nao ha lugar para suspeitas de préticas magicas ou supersticiosas. Por Que devemos ordenir que esta pessoa fique em dléncio? Abbai respondeu: “Alguém tem intimidade tom 0 céu?” Alguém tem o dircito de se diri Deus impensadamente, como se dirige a um amigo familiar? ‘Se esta pessoa nao dispde seu pensamento para a oracio, nés 0 forjaremos com um_ martelo Em brasa, se preciso, até que ele tome a forma de quem esti orando” ® : ‘A oragio nao existe por causa de alguma coisa mais, Oramos para orar. Este é 0 rei de todos os mandamentos. Nao se realiza um ato. religioso em que a oragio nao esteja presente. Nenhum outro mandamento esté téo dentro da nossa vida, como a majestade da oragio. O primeito tratado do Talmud, a primeira segdo do Cédigo de Maimonides, as- 2 Veja p. 126127, 3 Beruchoth, 33b-34a, sim como 0 Cédigo de Caro, tratam da oragio. Sa bemos que “a oragio & maior das nossas ages”. Que & “mais preciosa do que os sactiffeios...” Para o rabino Bahya ben Asher, a esfera espivi que a oragio pode aleangar é mais alta do que a da qual flit a inspiragio dos protetas A filosofia da vida ju filosotia de oragio, de adoragio. Com eteito, 0 que éo cumrimento, dos mandamentos de Deus, senio uma forma, —actoricig? On quesigni um ato, sageado2 “Uma oragio em_torma de cia Este € © modo certo de saber se servimos ou nao a Deus, se setvimos a Deus ou a uma idéia de Deus — através da oragio. Bo teste de tudo o que fazemos. Se esclarecemos uma idéia, se desenvol mos um conceito, transformemos tudo isso em 0} aio, Deus 0 quer. Doutro modo, nos sé temos a ‘abedoria deste mundo”. A oragio nao tem nenhu- ma importincia, se nao tiver a maxima importincia Ela ¢ uma das coisas que ficam “no cimo, no ponto mais elevado do mundo”, transcendendo o mundo & subindo até Deus, ¢ 0 homem ainda a trata supe ficialmente! © “A hora da oragio € 0 cere eo fruo maduro da vida de uma pessoa, enquanto que as outras ho: fas sto como que canais que levam a esta hora. « estdo na mesma relagae com a alma como o ali: mento para o corpo. A oracio € para a alma o que © alimento € para o corpo, ¢ a béngio que se tra da oragao dura até a outra oragao, assim como a forca fisica que tiramos de uma refeicio dura até fazermos a outra”™ ‘a é essencialmente uma SM Berachoth,, 32a, 3S Rabino Bshya ben Acher, Comentirio sobre o Penta- reuco, Devseronémio, 11,12 % Berachoth, 6a. F Rabino Jehuda Halevi, Kurari, V, 5. A oragito & um sacrificio A oragio & mais que uma meditagio, A leitura de um testo de oragio implica mais que wma repro agio vocal de palayras, mais que seguir os simbolos tom os olhos, tnais que dizer maquinalmente as palavras la Titurgia. Um erudito do séeulo TEL ad: Verte que é improprio dizer a wma pessoa que. age Romo leitor de oragies nas congregagdes judaicas: “Vinde orar”, Devemos antes dizer “Vinde, ka rev". Com efeito, a palavra hebraica “karev” tem {quatro significagoes. Por isso € que o convite que The € feito signitica as quatro tarefas que 0 Ieitor deve cumprir. "Karew™ significa — Oferecei _nossos sacrificios! =~ Satisfazei_ nos des! Combate’ nossas batalhas! — Levai-nos a ele! Afirmar que desde a destruigio do Templo de Jerusalém, a oragio tomou © lugar, do sactificio, ‘nto implica que 0 sactiticio foi abolido quando © fulto. sactitical deixou de existir. A’ oragio | nio Substitui o sacrificio, O que mudou foi # substincia Yo sacrificio: 0 “eu” tomou o lugar da coisa. O espi- tito é o mesmo, “Aceita as oferendas de louvor, & Senhor”, diz o salmista (119,108). “Que a minha Seago seja considerada como o incenso diante de ti, f que o ato de clevar as minhas maos seja para U como o sacrificio vespertino” (141,12). Nos momentos de oragdo procuramos vencer Vaidade, imolar 0 nosso orgulho, abandonar iss rortuosas, a hipocrisia, a inveja. Nés pomos \S palavra € um altar. Nov aia fazemos um _sacsticio Somer % Jerashalmi Berachoth, IV, 48b; ¢ Jac Levy, Neabe- bracisehes und Chaldacisches Woerterbuch, vol. 4, p. 3686. aT 7 © homem 2 procura de Deus Durante 0 ato da oragio, devemos “por-nos en- tre aqueles que estio dispostos a se sactificarem a si mesos para a santificagao do nome de Deus, reci tando com a maior devocio a contissio da unidade “Quando os romanos levaram o rabino Akiba pobreza, 20 batermos porta do Altssimo, di sear eee oe ee here ree ae eae bora eles estivessem rasgando as suas carnes com pen: ‘ io de humildade, ¢ passando logo & te de ferro cle continuava a tomar sobre si o jug oragao silenciosa, na qual nos sentiremos contritos, rabino Akiba continuou a expor as palavras de Deus e transmiti-las a todos. Entio ele foi preso condenado a ser executado. do reino do céu”, continuava a ler as palavras do pobres, necessitados. Em seguida devemos colocar-nos Shemar “ouve 6 Israel, 0 Senhor é noxo Deus, © ntsc} os] esatos kcommamncso) ceheontssceeppetiouy Senhor € um. ‘Amaras 0 Senhor teu Deus com todo Tudo isso devemos fazer para chegat 3 mao direita de © teu corapi, com toda a tua alma € com todas 3s Deus, que esta sempre estendida pata acolher 0 pe tuas forcas”. Seus discfpulos disseram-lhe: “Mestre, cador azrependido basta! (Embora sofrendo-tais agontas, vs ainda di Para os santos a oragio € um jogo de azar, | zeis 0 Shema!)”. E oCrabino Akibg-fespondeu-thes uma aventura cheia de perigos. Toda pessoa que “Em toda a minha vi Te preocupei com ora € um sacerdote no maior dos templos. Todo 0 universo € 0 templo, Com uma boa nragio ele pode | ragio e com toda a tua alma, © com todas as tas puriticé-lo, com uma oragio mal feita cle pode con. | forgas’, que significa ‘mesmo com a cua morte’. Eu tamind-lo. Com uma boa oragio ele pode “construir sempre me perguntava a mim mesmo: ‘quando serd mundos”. Com ums oracio mal feita ele pode “des- que eu vou cumprit este mandamento?” Agora que truir mundos”. De acordo com o rabino Ami a oracio chegou 2 oportunidade ado o cumpritci? do homem sé ¢ respondida quando ele poe nela a Ele prolongou a palavta “ehad” (“Us sua vida". “Bum milagre que um homem sobre- “Ouve, 6 Israel”). Até que sua alma deixou 0 corpo viva _a uma hog de —oragia”, disse Baal Shem. com a’ palavra chad nos libios. Uma voz do céu Antes de cada oragao da manh3, 0 rabino Uri de feese ouvir que anunciava: “feliz é tu, 6 rabino Strelisk despedia-se de sua familia dizendo a todos Akiba, que tua alma saiu do teu corpo com a palavra © que poderia acontecer com seus manuscritos se ele chad”"* morresse durante a oragio. A prontidio para fazer © sacrificio supremo por causa do seu santo nome, por causa da verdade de que “Deus é um” foi por este versiculo ‘amaras teu Deus com todo 0 teu co- em Como dissemos acima a oragio tem o poder de criar a intuigo, ela nos proporciona freqiiente- mente o entendimento que nio conseguimgs pela muito tempo a esséncia da nossa devocio ao pro- especulagio. A oragio é 0 caminho para'a fé, Muitys clamar “Ouve, 6 Israel” ; das mais profundas inepisaqies Sees Por ocasiio da rebeliio de Bar Koshba, o governo SasseTam om momentos de aracia. A cats soguinte de Roma proibiu que se ensinasse a Tord; o grande pode servir-de-idustzacio » Zohar, v 4 Berachoth, 61 eee 10 autor da carta escrita em hebraico Rabino Eisik © Taanith, 8a Epstein de Homel na Russia (1780-1856). Fei discipulo do $3 99 Uma carta sobre a fé Lembro-me dos dias de antigamente quando o amor que tinhamos um pelo outro era semelhante ao amor que se tem pela sua prdpria alma. Como poderia eu deixar de falar cm ti?... Ouve-me, querido irmao. Nao penses que 0 que cu digo é hetesia ou filosofia. O que eu estou di- zendo € a esséncia da £6 que tem o poder de ressus- citar os mortos ¢ através da qual até os ossos secos podem sentir 0 Deus vivo Todos os “hasidim” sobretudo os discipulos do nosso grande Mestre, cuja alma esta no céu, al- cangaram a espécie de'fé que eu agora escrevo. E algo que nés descobrimos ¢ experimentamos so- bretudo na “Oragio Silenciosa”, seguindo todas as meditagdes dos “Salmos de Louvor”, e do Shema. Em seguida vém a fé e a intuigio de que “Tudo € Deus” *. ‘vetho mestre” 0 fundador da Habad dentro do. movimento Hasidiso, rabino Shneur Zalman de Ladi (1745-1813) © seu filho rabino Baer (Morto em 1827) antes do ano de 1827. “A frase “tudo € Deus”, nio é reversivel. Nao deve ser confundida com 0 Panteismo. Deve ser entendida no contesto dos ensinamentos *Habad*. De acordo com o rabino Shneur Zalman de Ladi (Veja “Shear Hayichud Vhaemnah”, cap. 2 € 3), a obra de Deus que criou 0 céu © a tetra nio deve ser considerada andloga 2 obra do homem. Uma vez gue wm aie faz uma obra gualguer, cla nto mls depende dele para a sua existéncia, “Os insensatos imaginam que 0 céy ea terra sio igualmente feitos, mas nio véem a grande diferenga entre a obra do homem que consiste em fazer uma coisa de outra ji existente, ¢ a obra do criador que cria os seres do nada”. O milagre de chegar & existéncia do nada 35 € possivel através da acio continua de Deus. Seu poder testi constantemente presente dentro de toda a sua criagéo fe se ele se retirasse por um momento, elas voltariam ao seu estado natural, que € 0 nada, Contudo, porque este poder divine ‘esté oculto aos nossos olhos parece-nos que clas existem por si_mesmas. Num verdadeiro sentido portanto 100 ‘A carta foi escrita wei? a 5 E as trevas do “mundo de confusio", da con fusio do bem ¢ do mal, afastam-se de nossa vista. Pensamos ainda que o mundo é como era, que nada externamente mudou, mas nao importa, néo atinge em nada a nossa fé.".. : Esta intuigao, esta f€ puderam ser conseguidas de dois modos diferentes. Ou com uma contri¢ao profundissima, humflima em virtude da convicgéo do quanto somos insensiveis a verdade que € tdo clara diante de nés. Qu aquecendo-nos a luz desta fé, mesmo se ela ainda esté muito além de nosso alcance Esta f€ € concedida a todos os “hasidim”. Nos seus contrétios os “mitnagdim”... a fé existe em sua obscuridade muito imprecisa e muito vaga. Eles tém aquela fé que os filhos de Israel tinham quando eram escravos no_Fgito. Para eles, Deus € tudo para todo o povo. Eles acreditaram em tudo sobre ele, mas nao tém a capacidade de crer que tudo é Deus. O Hasidim sempre teve tal £6 Os hasidim de antigamente, os discipulos do rabino Nahum de Tshernobil * se transportavam em éxtases extraordi- nérios com tal {é. Mas isto era por causa do fato de terem eles negligenciado a via da andlise e da reflexdo. Nos discipulos de nosso mestre tal {é existe com maior lucidez e maior perfeigao. Eles conse- guem aquela intuigéo enquanto, oram como descre- vemos acima, isto ¢, da meditagdo para a experiéncia. Estes lampejos de intuicgo que nada existe a ndo ser ele 56, que tudo € Deus, vao e vém, penetram e se retraem, avancam ¢ se afastam, mas cles sabem que este € 0 modo como procede toda emanacio — a © mundo que nds conhecemos nio € nada comparado com © poder de Deus que 0 contém. As coisas nos aparecem como existindo por si mesmas, somente quando nés somos incapazes de perceber 0 divino. “Um discipulo de Baal Shem © 0 grande Maggid, motto em 1798, 101 luz sai dele ¢ a luz volta perpetuamente, das alturas mais elevadas aos abismos mais profundos Contudo esta f€ ainda num grau “inferior”, é da mesma espécie que 0 conhecimento que uma crianga tem de seu pai. O conhecimento do adulto Go tem mais verdade do que o conhecimento da crianga. Mas existe uma diferenga, A ctianga nfo sabe, por que ou por qual processo esta pessoa seu pai, O conhecimento da crianga nao € um conhe- cimento no sentido estrito, nem’ tem ela nenhuma necessidade de um conhecimento exato, Pelo contré- rio 0 adulto sabe claramente € distintamente como € Or que processo esta pessoa o gerou. Contudo 0 co- nhecimento exato do adulto, um conhecimento que procede da razio se desenvolven do conhecimento simples ¢ infantil. Se néo se tem este conhecimento infantil que esta pessoa é seu pai, nao se pode pen- sar que é esta pessoa de cuja substancia e esséncia ele procede. Conseqiientemente 0 conhecimento do adulto nio é uma realizagio somente da razio. O que € verdade do homem ¢ seu pai € verdade do homem ¢ Deus. As raizes desta fé mais alta em Deus nao se encontram no ambito da razdo, mas na alma divina*, da qual o homem € dorado, a qual, quando aper- feicoada, se torna consciente da sua {com clareza € distingio. O que a divina graga consegue nfo é uma intuigio especulativa mas pura {6 A espécie mais alta de {6 esté gravada em nos. sas almas como figura subtil gravacla em vidro trans licido. Aquele que olha 20 acaso nao vé nada. Aquele que otha cuidadosamente v8 que alguma coisa esti gravado nele Coniudo se nio usar uma lente para melhorar a sua visio, no perceberd claramente 0 que vé 45 Veja rabino Shneur Zalman de Ladi, Tinya, Likkute Amarin, cap. 9, 102 Segue-se portanto que duas coisas sio necessé tas. Uma, olhar persistentemente, A outra, consu!- tar um oculista competente para corrigir 0 defeito da visio. Tal uatamento foi recebido a0 se receber as boas € preciosas palavras da orientacio hasidica que nosso (velho) Mestre ¢ Professor, cuja alma estd no céu, pronunciou. As suas palavras eram um. remédio para a alma divina que esti em nés e des pertavam o seu poder de entender a sua propria fé (mais alta e profunda) com clareza e distingio. Este poder nos foi concedido nio porque suas palavras tinham a docura da lucidez. Era a luz que se radiava de suas santas palavras que tornavam possivel a alma entender com clareza ¢ distingio que tudo é Deus, Mesmo quando o mundo, pereebido no pri prio momento cm que cle nos estava falando, estava encoberto de trevas, nés sentlamos: Tudo ¢ Deus. Para achar tal (6, ew forgava todas as fibras do meu sere empregava todas as minhas forcas. Nosso Mestre e Professor, cuja alma esté no céu, colecou em mim a semente da {€ ao fazer 0 seu discurso, “dez mulheres cozinharao 0 seu pio em um forno” (Lev 26,26) *. Era ainda a espécie mais bai xa da fé Mas aquela fé comegou a cer ea florescer sob a direyiv de seu filho © seu sucessor, nosso Mestre e Professor. Contudo meus olhos eram bastante fracos e minhas forgas insuti cientes para nutrily, Eu desejava inteneumente mais orientacio pessoal ¢ direta. Assim fiz mumerosos apelos e solicitagSes a cle pedindo uma entrevista pessoal, mas nosso Mestre ¢ Professor recusou ter- minantemente tal entrevista particular. Figuei muito triste, desolado, angustiado aré que um dia minha solicitagio foi atendida finalmente... Como poderei ea transmitic o que ele disse?... Permaneci a0 seu & Q Discurso é encontrado em rabino Shneur Zalman, Likkute Tora, ad locum, 103 Ludo modo, esquscido do tempo ¢ do es que de terminoy, foi on algumas raz6es re me recordo que razdes fi Minha intengio ndo € oferecer sugestdes, pres- crever novas regras — a no ser uma: “a oracdo deve ter vida", nfo deve ser uma rotina, alguma coisa feita a0 acaso, alguma coisa que a gente tem que fazer para se livrar de uma obrigacio. Nao deve ser uma ficedo, no deve ser considerada como simples ceriménia, como ato de mero respeito por uma tra- dicao. Se a finalidade principal dos mentores religiosos & aproximar 0s homens de seu Pai que esti no céu, entdo uma de suas supremas tarcfas € orat ¢ cusinar os outros a orar. A Lei, a adoracio e a caridade sio as irés pilastras sobre as quais se apdia o mundo. Ser homem implica a accitagio do “privilégio de orar”. Para poder levar as outras pessoas a orar, devemos amé-las, entender as suas qualidades, com: preender 0 poder de exaltagio, purificagio © santifi cago, que encerram as nossas belissimas ¢ profun- das oragdes. Para conseguir esta sensitividade deve. mos estar em comunhio com os grandes mestres do passado e aprender a colocar nossos sonhos, desejos © softimentos dentro de nossa oracio, Devemos aprender a adquirir as virtudes bisicas de interiori- dade, as tinicas que qualificam uma pessoa para ser um “mentor de oray Uma destas virtudes € 0 senso de “delicadeza 104 pie ett GA Boon ene IM : & = 1 4 # Z circunstincias, a misturs dis € no contexto ecrado, que esti is ama volgaridade. © uso de meios peopr propaganda comercial para influenciar a opiniio so- opiniio publica um sssunto que pertence } esfera da vida intima, é vulgar ®. Para nds ¢ de vital importine! nos precaver contra a “vulgaridade intelectual”. Muitas categorias, conceitos ou palavras que sio empregadas com pro- priedade no campo das atividades polfticas, econd- micas ou mesmo cientificas, quando empregadas com Deus ¢ com a oragio sio uma afronta ao espi tito. Nao coloquemos nunca os sapatos na Arca; procuremos reconquistar este senso de separacio, esta delicadeza espiritual, procuremos reconquistar o signi- ficado da separagao. Nao hé senso de santidade abso- luramente sem um senso de separacio. Cada semana comegamos a nossa vida com um “ato de santifi- cagio 4 Uma boa ilustragio sie as palayras rabinicas: “Todos nds sabemos para que fim uma noiva& introdueida no quarto. nupcial, mas quem quer que abta a sua boca e diga alguma coisa, menos casta mo se um decreto di- vino de setenta anos de felicidade estivesse selado e patan. tido para ele, se Ihe converteria cm mal". Ketuboth, 8b, Em 1954 0 Seguinte andncio aparcceu em uma revista de New York: “Como ora € consequit resultados, aprenda as fGrmulas migicas da oragion infalfvel xperiénesa de thy dis. Mande apenas. sett nome cudetern tw délor para 0. corr gatantimos positivamente que. voce ficard mais do que satisfeito com os. resultado dentro de dex dias, ou 0 seu dinhciso seré devolvide promamente”, 105 Uma necessidade ontoligica O problema nao consiste em como revitalizar & oragio. O problema esti em revitalizar a nds mes mos. Comecemos a cultivar estes pensamentos ¢ vit tudes sem os quais a nossa oragio se torne necessa rlamente uma oragio para os mottos — para idéias que estio mortas aos nos 3es, Nito devemos nos entregar 4 torga da vulgaridade. Se nossos méto dos racionsissiodeficientes © muito fracos para sondar as profundezas da {é, recolhamo-nos e espe remos pela idade em que a razio saberd apreciar © espirito antes que aceitar as nogdes ordindtias, dronizadas que sufocam a mente’ e embotam a alma. Nao devemos levar muito seriamente frases ott idéias que a histéria do pensamento humano deve ter pronunciado sem seriedade, como por exemplo, que a oracio é “um simbolo de idgias de valores”, “uma tendéncia para idealizar 0 mundo”, “um ato apreciagio do préprio cu”, Houve um tempo em que Deus se tornou tao distante de nés que éramos quase tentados a negé-lo, se as psicdlogos ¢ socidlo- gos no quisessem permitir que acreditéssemos nele F como alguns de és éramos gratos quando nos diziam “ex cathedra” que a oragio nfo era toval- mente importante porque nao satisfazia uma neces- sidade_emocional Mas a oragio_no se_destina_a_satisfazer_uma necessidade-emocional. nec ocional, mas tima necessidade “ontoldgica” um ato que constivui @ propria esséncia do homem *. i as ge com fe que nunca orou inteiramente Rumrano. Sein plicam a oracao. ‘A dignidade do homem consiste nfo na sua ha- +8 Rabino Jehuda Loew ben Bezalel (Maharal) de Praga morto em 1609, Netivoth Olan, Haavodah, 106 se ditigi ~~ Toeste dom que fax parte da definigéo do ho- mem ®. Devemos aprender a estudar a vida interior clas palavras que enchem o mundo de nossas oragées Sem um estudo intenso de seu significado nos sen timos pasmados quando encontramos a multidio de seres esttanhos retirados que povoam o cosmos in tetior do espirito cristo, Nao € bastante saber tra duzir do latim para o portugués, nao & bastante ter encontrado a palavea no diciondtio € ter tido aven: turas desugradiveis com elas no estudo da gramatica, As pa alma e nds devemos aprender a penetrar na sua vida, Esta € a nossa tortura — nés_niio sabemos descobrir 0 significado profundo das palavras. Ne- gligenciamos descobrit o caminho que leva 3 palavra fazemos pouco caso de nos tornat intimos com al: gumas passagens de nossas oragdes. Somos familiares com todas as palavras, ndo somos intimos de nenhu- ma delas. Como resultado, dizemos muitas palavras € nio tomamos nenhuma decisio, esquecendo-nos que na oragio as palavras tém_ responsabilidade, compromisso, nao. sio matéria de reflexio estética nem sio vazias de sentido, se nds estamos cons. cientes daquilo que pronunciamos, se sentimos aquilo que aceitamos. “Uma palavra de oragio é uma pala- vra de honra dada a Deus”. Contudo perdemos 0 nosso senso de seriedade de palavras, de dignidade, de pronunciamento. A vida espiritual exige a santifi cagao da palavra, sem uma atitude de piedade para com as palavras ainda ficamos desorientados paca orar. Contudo as palavras ndo devem ser ditas para sufocar a mente ou endurecer 0 coracao. Elas devem as te Compare Midrash Tehillim, 4,5. 107 abrir a mente ¢ 0 coragio. Uma palavra pode ser uma béngio ou uma desgraca. Como uma béncio, ela é a intuicio de um povo na forma de som, um reservatério de significagio acumulada através dos tempos. Como uma desgeaca ela € o substituto da intuicdo, um pretexto ou um cliché. Para aqueles que se lembram, muitas das palavras de nossa Ii turgia sfo ainda quentes com o calor da devocio de nossos pais. Devemas lembrar-nos deles para nos inspirar na oragao. Aqueles que nfo sentem este calor devemos levéclos a sentir a vida espiritual que pulsa em todas as palavras das nossas preces Pregar para orar A luz de tal decisio sobre a preeminéncia da oragio, 0 papel e a naturera do sermio devem ser reexaminados. A prominéncia dada ao seemio como se cle fosse a pérola e a orago a concha, ndo é somente esgotar os recursos intelectusis do pregador mas também um desvio sério do espitito de nossa tradigio. O sermio diferentemente da oragio, nunca foi considerado como uma das supremas coisas deste mundo. Se o tempo considerivel ¢ a energia enorme que gastamos em procursr idéias ¢ artificios para a preaisio, se,0 fogo aside sobre o altar da orstia fosse_dedicado“i orécio, afoehiriamos muito _di- ficiLgransmitir a08 outtos o que signitica iar dlavet nv presence de Deas A proqacio € parte organica do ato da oracdo ou uma colsa fora de lugar. Sermées_que 1 to. se ditngulstenr tli dos_cilto. Tiais-de nossos grandes jomals, que nos levam a te des jornais, que nos levam a ter fe os_destinos do Ball ou que roca inate as ultimas teorias cientificas, dificilmente_nos wragio profundi a Deus, difieiimente spirardo uma oragio profanda a Deus, dificimente ios Tevardo a estas exclamacées 108 | | Através de todas as geragdes declaramos a tua grandeza; por toda a cternidade proclamamos tua santidade; tua oragio, 6 Deus, nunca saira de nossa boca. egar_para orar. Pregar pata inspirar as outros a otat D_ver a que pode sex convesticl Para o comum daqueles que oram muitos textos de significagio perene se tornaram vagos, um amon- toado de linhas e silabas, E portanto um costume muito louvavel enfatizar o significado dus oragdes aos figis. Infelizmente muitos rabinos parecem pen- sar que @ sua fungio é ensinar ciéncia popular € co- mo resultado o culto a que presidem se tornam pro- gramas de “educacio de adultos”. Demorando-se nos aspetos histéricos, discutem por exemplo a data da composicéo dos textos, as peculiaridades de sua for- ma literdria ou a suposta origem primitiva de algu- mas das leis e costumes do judaismo. E sobre o espfrito da oracio? E sobre o fato de estabelecer uma relagio entre 0 povo e as ver- dades das idéias da oracdo? Muito fregiientemente estas explicacSes sufocam e matam a inspiracio™. ‘A sugestéo de que 0 Dia da Reconciliagio se origi- nou de um festival pagio é, independentemente de seu mérito cientifico, dificilmente compativel com Estou informado que foi_ dito numa congregacio anes. do “Havdalah", 0 seguinte: “Na conclusdo do Sibado, quando a alma adicional parte, devemos usar ervas aromi: tas, porque nagusle momento, de acordo cont 0 Zohat, ‘ilng’e 0 espltto extio separidos e testes, ate que enka © perfume eos una e os forme [elizs! Contudo’ esta nao € Hen elda' vedadsra aio, A ovige auntie de terimfnia € que tm tempos anigos 9 pove comia muito 9 Sibado € sia uin olor desagradivel Ge sua boca, Para Alasiar este odor desagradivel eles wsavam especiaas*. 109 © espirito, com o culto vespertino deste Dia “Kol Nidre”, ‘A oragio também nao deve ser tratada como ‘uma instituigio antepassada. Ao explicarmos as secdes de um livro de oragio, nossa tarela nio é fazer dis- ccursos sobre costumes’ ou sobre a “maneira’ nossos pais costumavam pensar. A nie dum msseu_de antighidades imelecuais ¢ 0 templo, io é uma casa de leitura mus uma casa de oragio, A Fina arios € jnspirat_a_—cl coragio © nio satistazer a uma curiosidade Tome_a import como € ncia oculta das iddias e no claborar hipoteses sobre ongens perdidas no tempo. O livro desconhecido Ha um livro do qual muita gente fala e 9 qual pouca gente realmente leu — um livro que tem a distingéo de set um dos livros menos conhecidos fem nossa literatura religiosa. £ 0 livro de “oragées” Quantos momentos de inspitagio teriamos vivido se estivéssemos em contato intimo com cada uma de suas palavras. A mesma palavea pode evocar © des: pertar um conhecimento novo, quando lida com o coragio aberto. Ha luz em cada uma de suas pala vyras, mas nds desconhecemos isto, Quase cada pa lavra, cada passagem tem fontes inesgoraveis de sig nificagio, belezas paradoxais ¢ profundeza. Quantos de nds ji perderam seriamente as primeiras palavras do Salmo 145? Que orgulho intoleravel dizer: “E te exaltarei, meu Deus ¢ meu Rei”, € contudo n dizemos isto to freqiientemente. Que paradoxo prometer eu clevar aquele que é 0 Altissimo. Consi- deremos outros exmplos. “Cantai a0 Senhor um cintico n cantai ao Senhor todas as terras” (SI 96,1) 110 *Louvai-o, sole fua, louvai-no, todas, 6 estrelas fugentes (SL 148,3) Os sacetdotes egipcios ndo podiam evocar as estrelas pata louvar os deuses,Eles acredisavam que a alma de {33 brithava end Silios, a alma de Horus brilhava ef Horiom, que a alma de Tifon ‘hava na Ursa Matar; estava muito além da sua visto conceder que todos os seres estéo diante de Deus em reveréncia ¢ adoracdo; em nossa liturgia vamos além de uma especanca. Proclamamos tre qiientemente como um facto: “A alma coisas que vivem bendigam o teu nome de todas as Todas clas te agradecem, todas elas te louvam, tod: zem, nao hi nada santo como o Sen Que ouvidos jé ouviram como todas as dtvores entoam hinos a Deus? Nossa tazio por acaso jé pensou em invocar ao Senhor. Contudo o que 0 nosso vuvidu no pods perceber, 0 que a raxio nie pode conceber, a oragio 0 faz para E uma verdade mais sublime que pode atingir “Louvem-vos, Senhor, todas as vossas obras” (SE 145,10) Nao estamos sozinhos em nossos atos de lou- vor, Onde quer que haja vida, hd uma oragio siléncio. O mundo esté sempre pronto a se tomar jiverso.e na sua vide sesevela o seeredo da oraci um mundo em adoragio. nies é cgsmisa. O gue eso gredo da oracio de_dificil_em_nossas_oraches ¢ 3! A tradugio usual “bendiré” no diz em absolu significagio da passagem. que elas fo muito elevadas para nés, muito sublimes, uma ver. que deixamos de introduzir a nossa mente em sua grandeza, nossas almas ficam muitas vezes perdidas no seu deserto sublime. A liturgia se tor. nou uma linguagem estranha mesmo para aqueles que a estudam. Nao basta saber_o vocabulério. necessdrio entender o sentido verdadeiro ¢ profundo, 9 modo de pensar da liturgia. Ni fo Bate Ter as palavrasy-o- que" necessdrio“f dar lhes sesposee, © que é que a nossa Titurgia como um todo procura expressar senao_as realidades basicas ¢ as atitudes de nossa_f€? Adorar .é_experimentar, nao s6_aceltar stas_tealidades e atitudes. A Titurgia € 0 nosso ciedo.em forma de tima “peregrinacao espiritual”’ Nés_ndo _confessamos_nossa_fé_em Deus, Nés_o adoramos. Nés nao proclamamos nossa fé_na_reve- lagao; nds proclamamos nossa gratidio por cla. Nos nao formulamos a elei¢ao de Tstael; ns a cantamos Assim_a nossa _liturgianaoé simples memorial do passado, € ato de participagio num testemanho de unidade'e amor de Deus. E um_ato-le-alegria. Conta-sé dé cetto rabino que depois de cada oragio recitava com grande alegria as palavras do salmista: “Bendito Deus que nfo rejeitou a minha oragio, nem me negou o seu favor” ($1 66,20) Nosso livro de oracio tende a se tornar obscuto se os mentores espirituais pensarem que uma das suas tarefas principais ¢ s6 descobrir, explicar e in- terpretar as suas palavras. Necessitatmos—e-de um: egese sentida de nossas 0 SEG moviméntos religiosos de nossa hist6ria agi- 52 Rabino Meneahem Brody, Baer Menachem, prefacio Nyiregyhaza, 1937. Veja Ibn Ezra ad locum. 112 os movimentos-madernos— tam-se fregiientemente em volta do problema da li- turgia, Nos movimentos modernos igualmente a li- turgia tem sido um ponto central Mas hé uma diferenga. Para Kabala eo Hasi- dismo_o problema primgrio_¢ra “coma orar”, Para problema primdrio é %o que dizer”. O que realizou o Hasidismo? Ele inspirou a oracio a muita gente. Que conseguiram os modernos? Eles inspiraram a purificagao de gran- de niimero de oracdes. E muito importante que os mestres espirituais esclarecem 0 gue tém em vista Dar_ui wigdo a bibliografia ou-dar yo ¢_senso da devocdo Interior? Ja houve numerosas comissoes de liveos de oragées. Por que néo houve nenhuma comissio de oracio? Qs judeus_modernos sofrem de uma neurose que ousaria chamar “com- exo” “do Tivro-de-oragtn. DISKS -cevio Gue © Tvtode oragio apresenta dificul- dades a muitas pessoas Mas_a_ctise de_sragio “nao 4 no problema do texto. E um problema da alma © livro de oragdo nao pode ser usado como bode expiatério. Uma revisio do livro de oragio nfo re- solver a crise de oracio. Temos, sim, mas é neces. sidade_de_uma_revisdo_da_alma, 9 novo _corago,"¢ ndo_um texto novo. ‘As emendas textuais nao salvaram o espirito da oragio. Somente uma revolugao espiritual salvard a oragao do esquecimento. A natureza de “Kavanah” “Kavanah” & mais do que atencdo, mais do que © estado de consciéncia daquilo que dizemos. Se “Kavanah” fosse unicamente presenga da mente po- derfamos consegui-lo facilmente por um_ mero re- colhimento. Mas, de acordo com Mishnah “Kavanah” significa “dirigit 0 coracdo para o texto ou para o 113 8 O homem a procura de Deus contetido da oracio”®. “Kavanah" pottanty € mais do que prestar atengio & significacdo literal de um texto. E “a atencéo a Deus, um ato de reconheci- mento por termos sido julgados capazes de ficar na sua presenca” Reconhecimento nfo é 0 mesmo que reflexio, E 0 fato de ser alguém levado para a preciosidade de alguma coisas diante da qual se encon: Sentir a preciosidade de ser capaz de orar, entender a signi- ficagio suprema de adorar a Deus é 0 comeco de um “Kavanah” mais clevado. Orar sem “Kavanah” € como um corpo sem alma”. “Uma palavra pronunciada sem temor ¢ amor de Deus nfo se eleva a0 céu”. Uma vez um rabino Levi Yitzhak de Berdythev, ao visitar uma cidade foi ter 4 sinagoga, Chegando ao porto recusouse a entrar, quando seus discipulos Ihe perguntaram 0 que é que havia de errado na sinagoga, receberam sposta: “a sinagoga esti cheia das palavras da Tori © de oragio”. Isto parece a seus discipulos ‘© mais alto louvor e mesmo uma maiot razio para que entrasse na sinagoga. Mas ao Ihe perguntarem mais, 0 rabino explicou: “palavras pronunciadas sem 9 temor de Deus, pronunciadas sem amor, nao se elevam ao céu. Eu penso que a sinagoga esta cheia da leie cheia de oracio”. O_judaismo_ndo_¢ uma ‘religido Para dizé-lo mais_profundamente e com 3 Rabino Yonah, comentério sobre Alfassi, Berachoth, cap. 4, comego, Rabin Hama Ben Hanina ¢ 0 rabino Oshaya estavam passeando perto de sinagoga de Lud, O rabino Hama orgu- Thavarse: “Quanto dinheiro meus antepassados investiram estes ediffcios". © rabino Oshaya respondeu: " Quantas almas eles pecderam aqui!” O rabino Abin doou um porto A Grande Sinagoga. Quando o rabino Hama velo ter com le, se vangloriava. Vooé viu o que ou fiz? diz o tabino Haina: “Quando Israel esquece 0 seu criador, eles constrdem templos" (Oséias 8,14). 114 & melhor_ter_oragio_sem_a_sinagoga_do_queter_a sinagoga sem_oracio®. Contudo estamos sempre fa- fando di Freqaéncia i “sinagoga” © no de freqién cia A oragao. Ea palavra certa para o espirito ertado. 4 no espago de uma sinagoga, enquanto se reali za 0 culto néo é cumpriz o seu dever de religito Muitos dos que assistem aos cultos do Sabado che gam durante a leitura da let semanal e saem sem lec a *Shema” ou ter feito a “oracio silenciosa” — as duas partes mais importantes da oracio. Nem € finalidade primordial da oragéo “pro- mover a unidade do povo de Deus”. Como disse mos acima, a oraggo é um dever pessoal e um ato fntimo que no pode ser delegado nem ao cantor nem a toda a comunidade. Nés oramos com toda a comunidade, ¢ cada um de nés por si mesmo. De- ‘vemos tornar claro que 0 dever de todos € orar © no ser um mero espectador de auditério. Trinta séculos de experiéncia © papel do rabino na hora sagrada da adoragio vai muito mais Jonge do que manter a ordem e 0 decoro. Sua tinica tarefa € ser uma fonte de inspi- ragio, de comunicar 20s outros um senso de “Ka vanah”. Como dissemos “Kavanah” € mais do que um toque de emogao. “Kavanah” € intui¢io, entendi- mento, reconhecimento. Para adquirir esta’ intuigio, ara alcangar este conhecimento, para aprofundar este reconhecimento devemos nos esforgar durante todos os dias de nossa vida. E algo pelo que vale a pena viver. Devemos levar aos outros esta intuisio, este conhecimento, este reconhecimento, Pode ser dificil comunicar aos outros “o que nés sentimos”, mas no € dificil aos outros “o que nds vive: % Midrash Tebillim, 4,9; veja acima p. 60, 115 mos”. Nossa tarefa é ser 0 eco ¢ refletir a luz eo espirito da oragio. Aquilo que eu defendo é a eriagio de uma atmos- fera de oracao. Tel azpostere nile cia com cer | ménjas, gestos, ou palavia elo_exemplo | Otasio, por uta pesioa Gque_ont Nio”Sr CEST atmosteta_emredor de nds, mas denise de_né: Fago parte de umia congregacao € sel por experiencia prdpria como é diferente a situagio quando o rabino estd preocupado com a oragdo em vez de estar preocupado com o niimero de pessoas que estio na singgoga. A diferenge entre um culto em que 0 rabino vem preparado para corresponder 4 experién. cia de trinta séculos e outro no qual ele vem para examinar 0 livro do més e as novidades do dia. ‘Com a finalidade de produzir ordem e boa dis- posicdo em algumas sinagogas, os rabinos e cantores esolveram ocupar a posicio de frente para 0 povo. E inteiramente possivel que um reexame de todo 0 problema da adoracio levaria a conclusio de que esta inovagéo foi um erro. A esséncia da oragio nao ¢ a boa disposicio externa mas algo que se passa na vida interior do homem. “Aquele que ora deve bai- xar os olhos ¢ elevar o seu coragdo” *. O que vai no coragio se reflete no rosto. Eembaracoso estar ex. posto aos olhos de toda a congregacio em momentos Speak ee oe cantor que-encara_a_santidade-da_aza antes que_a cutiosidade dos homens, pensard que a sua audién cia é Deus. FJ sara que a sua tarela nao € €n- ‘reigy_mas representar 0 povo de Deus EI= verd tHanapOTiad6-S pana Tes quay que do_e ignorard a congregasio ¢ seté toad pela 4 consciéncladaquele em cuja presenga ele se encontra. 4 A congregagao entao ouvird © sentita que o cantor | % Yebameh 0%, Veja 2 opingo. do ribino. Jude do tabina Bashi’, Nosh Hashanah, 2¢b ts 116 ‘darmte a Bice mesma 1m recital mas adorando a Deus, ar um cantor, mas idea- td sendo proclamado em no esté dando w que orat nao significa escut: tifiear-se com aquilo que es! seu nome %, “Kavanah” requer preparacio. Qs milage ‘et_mas nfo se deve co os_mil dem acontecer_mé ares O espirito da oracao é freqiientemente decidico hora que precede o momento da oracao. Negativamente niio devemos empreender certas ativi- dades, ou mesmo conversar coisas fiteis antes da oracio. FE. positivamente devemos conseguir certo grau de putificacZo interior antes de nos aventurar 2 ditigie-nos ao Rei dos reis. De_acordo com Mai- monides, “devemos-tibertar_o_nosso coracio de to- dos 05 outros-pensamentos i te piesenca_do “Shechinah”. Por isto antes de come- gat a oragéo 0 adorador deve se recolher um pouco para se colocar numa estrutura devocional de es pitito e s6 entio deve orar tranqiilamente ¢ com sentimentos, nfo como alguém que eleva um peso ¢ lanca.o fora e continua” *. ‘Oremos como conversamos. Nao pronunciemos ‘apenas vogais ¢ consoantes. Aprendemos a cantar as ossas oracdes. E. uma de nossas tragédias que nao Saibamos apreciar a alma de nossa fala antiga, 0 canto e em vez dele adotamos uma maneira pom posa e mondtona. Procuremos alcangar os ultimos tracos de nosso antigo canto. Aprendamos a “ex- pressar” o que ads dizemos. 57.0 tabino Israel Tho ALNakawa, Menorat Hamaor ed, Por H. G. Eneloy, New York, 1929, vol. I, p. 84 % Mishuel Torab, Tefllah, 416 47 A finalidade da oragio no é orasio Repetindo, a finalidade da oracio nao & oracao. A finalidade da oracto € Deus. Ja se disse_muitas eres ‘nos tempos_modemas que o judafmo no tem teologia, que ele nao se incomoda com aquilo que a_pessoa quer dizer com_a_palavra Deus, contanto que acredite que hé um Deus. Seri Fealiieite pouco importante aquilo que nds queremos dizer quando pronunciamos a palavra Deus? O que é Deus? Uma generalidade vazia? Um 4libi? Alguma idéia que nés desenvolvemos? Eu me tenho debatido durante toda a minha vida, com o problema do que realmente, significa Deus, quando Ihe fago uma oragao, se con- seguirei conhecer aquilo de que eu estou falando ¢ aquele com quem estou falando. Ainda nfo sei se ir VC ou_se_siryg a qualquer outra coisa Infelizmente muitos de nds tomamos um termo tra. tado por um fildsofo qualquer, muito depois que aquela filosofia j4 morreu na histéria do ‘pensamen. to, e Ihe damos 0 nome de Deus. Podemos perguntat qual deverd ser a nossa atitude para com a oracao daqueles que nao aceitam o conceito antigo de Deus que discutimos. A lidade_néo é a formu. lagas conceit acd uma definigao. Ni femos_conceito. nés temos é fé. Fé na _sua_boa yontade ouvir. Nos nao temos perio _de nds de Deus iio ¢ um povo de_definidores fio_mas_um “povo de teste munhas” de seu interesse pelo home: “~“Enitegaino nos i nossa experi@icis religiosa, nfo a distorcemos. Nao estamos dispostos a emendar o texto € come¢ar a “oragSo silenciosa” dizendo: “Ben- dito seja 0 Conceito Supremo, 0 Deus de Spinoza, de Dewey ¢ de Alexandre”. Realment 1 mente_o-terme—Deus de_Absaio, Isa é sematticamente diferente de_um termo como “O Deus da verdade, az bone 118 idéias, principios ou valores abstratos. Nem_sio. am paves professors © pensaiors, eo texno asad ct comig_o do “Deus de Spinoza, Dewev ‘iblia ndo sao prin- acontecimentos que econteee ‘continuados, A vida daquele qué particips da a fiqua_a_vida de Abrato Abiaio peti TRG I conceitos que possmor aplicar pa designar a grandeza de Deus, ou representé-lo & nos- sa mente, Ele niia_¢am—ser-ewia_xisiéncia, pode Z ser_provada_por_silogismasE_ums_realidade, ne of -f.5, face da qual” todos os conceitos_se_tornatn dichés. Oragio genuina nao deriva_de_conceitos. Ela procede da consciéncia do_misiério de Deus, ode uma informacio sobre ale. Nach ninguém c nid ténha wma teologia. Sio as falsas teologias am—atespeito di os Tiipedem gs bloqueiam em_nossa_resposta a ele. E nossa certeaa nial dingids, € Rosso fogma infundede que sufocou o coragio da oracio judaica, Todos hoje em dia concedem que ha uma divindade suprema que tem 0 poder supremo no Aimbito do ver ¢ dos valo- res. Mas porque nfo & Deus que tem 0 poder de penetrar a vidi humana? O poder de atingir 0 seu povo? Scré que ele € somente onipotente em geral € nao de fato? E igualmente injusto colocé-lo além de tos os alén, como foi antigamente velo den- 9 de cada peda. Aquele que afirma saber que Deus esti encerrado sum sistema fechado de silencio sem nenhuma relacio externa, atrés das barras do infinito, que ele nao pode se dirigir a nds, ¢ mais dogmitico do que eu. Com esta espécie de dogma. tismo_temos nds que lutar. - Como dissemos acima, se Deus nfo for pelo me nos to real quanto 0 nosso préprio ser, se eu ndo 119 estou certo de que Deus tem pelo menos tanta vica quanto eu tenho, como & que eu posso orar? Se Deus nio tem 0 poder de nos falar, como possuiremes 1nds 0 poder de falar com ele? Se Deus nio pode me ‘ouvir, entio é loucura da minha parte falar com ele. O que € muito estranho em muitos dos nossos contemporaneos é que a sua vida é mais nobre do que a sua ideologia, € que a sua fé & profunda e os seus pontos de vista ndo tém profundidade, que sufocam suas almas e proclamam seus slogans. Ni: podemos continuar a alimentar uma teoria, exatamen- “te porque a abracamos ha quarenta anos. A. fé nfo € alguma coisa que adguirimos uma yee poeodes. uma Taleo —uma_comareens Tanigformacomprecaslo gue. deve ser adquirida a cada mamento Tema e ore Nio pretendemos julgar aqueles que procuram honestamente, que se esforcam ¢ fracassam. Que cles orem para serem capazes de orar, e se ndo 0 conse. guirem, se no tiverem légrimas para derramat, que desejem as légrimas, que procurem descobrir seu co- ragio, e ganhar forca, na certeza de que esta € tam- bém uma forma valida de oracao Um homem intelectual perdeu todas as suas fontes de renda e estava procurando um modo de ganhar a vida. Os membros da sua comunidade que © admiravam pelo seu conhecimento, pela sua cule tura e piedade, sugeriram-lhe que servisse de cantor no Dia da Lamentacao, Mas ele se considerava indigno. de servir como mensageiro da comunidade, como pessoa que deveria levar as oragies de seus’ irmaos até a face do Onipotente, Foi tet com o seu mestre, 120 rabino de Husiatin, ¢ Ihe contou a sua situagio it ee lat ats ei me cantor nos Dias da Lamentagio, ¢ que estava teme roso de accité-lo ¢ de rezar pela sua congregas “Tema e Ore”, foi a resposta do rabino % A. J, Heschel, “O Homem nio esti 36°, p. 256, Ed. Paulinas, Sio Paulo, 1974 121 4 A continuidade é 0 caminho A meta e 0 caminho dos ate de seach te aah fi ori = far uma disciplina dié- ria. Confundindo o controle interior com tirania ex- terna, preferem o capricho a autodisciplina e 4 abne. gacdo. Gostam mais de ter ideais do que normas, €sperangas do que orientaco e fé do que férmulas. Mas a meta e 0 caminho nfo podem durar muito separados. Os dias da semana, 0 alimento que co. memos, 0s feriados do ano, as agdes que fazemos — so as fronteiras da f€. Se a vida externa nio ex Pressar o mundo interior, a picdade ficard cotagnada € a intencdo decai. O homem esta constantemente produzindo palavras ¢ agdes, transmitindo-as a Deu: ou as forcas do mal. Cada movimento, cada porme- nor, cada ato, cada esforco para unir o espiritual ¢ 0 material tem muito de seriedade. O mundo no é um abandonado. A vida nfo € um campo neutro. Nesta vida quem nfo tem uma diregio certa se extravia. O casual se torna castico, 0 que fica entregue a oportunidade abandonado. Ja dissemos que a oracdo ¢ a quintesséncia da vida espiritual, isto ¢, 0 climax das aspiracSes. Mas a £€ nao pode satisfazer-se com climax, ela nao pode contentar-se com esséncias. A fé no conhece fron- teiras entre a vontade de Deus e toda a vida. Por isso fomes ensinados a nos preocupar com a signifi- 122 casio daquilo que se encontra nas agSes, a assent no que é santo, na vida de cada dia, a nos dedicar 4 rotina diétia, do mesmo modo que nos dedicaria mos a feitos extraordindrios, a nos interessar pelo ciclo, tanto quanto por urn aconteci Antes de orarmos, podemos ter pensado que a oragio € um “hobby” que se pode ter de ver € quando. Depois da oragao, sabemos que a otacio é um privilégio que devemos adquirir durante a vida Para orar aquilo que sentimos devemos viver aquilo que cramos. Uma vez que 0 homem é corpo ¢ alma, ambos “seu coracio ¢ sua carne deverao cantar lox- vores 20 Deus vivo”. Uma vez que 0 mundo interior é sagrado, 0 mundo exterior deve ser mantido limpo. Uma vez que a meta € grande, 0 caminho deve ser bem dizigido Nosso problema € saber 0 que oramos, como fazer da nossa vida um comentério didtio em nosso livro de oracéo, como viver em consondncia com 0 que prometemos. Como manier a f com a visio que nds pronunciamos. Entreguemo-nos portanto a0 estudo da lei, @ andlise da significacao da obser: Do ponto de vista de Deus filosofia, Procurava um sistema de Ansia de estuc peisamento, tna protundidade de espfrito, uma nificago da existéncia. Sabios eruditos ¢ profundes davam cursos de légica, epistemologia, estética, & e metafisica, Abriam as portas da histéria da filo- sofia. Fiquei exposto a austera disciplina da pesquisa profunda e severa ¢ da autocritica. Entrei em con- tato com os pensadores do passado que sabiam en- frentar a diversidade intelectual com fortaleza ¢ apren- 123 di a dedicar-me ao exame das premissas basicas, com risco de fracasso. Contudo, apesar da forca intelectual e da ho- nestidade, que tive o privilégio de presenciar, torne: sme cada vez mais consciente do abismo que separara meus pontos de vista dos pontos de vista defendidos na Universidade, Eu tinha chegado com grande aa- siedade, ber_como. ionalmente_en- ce um caminhy is iltimo da_vida,_o-inodi viver, segundo o qual nao se perdesse Wan altace ee ale que Finalmente eu estou aqui? Equal € o meu fim? Nem eu mesmo sabia como expressar a finali- dade da minha vida, Mas para os meus mestres isto Ado eta questio digna de uma anilise filoséfice. Eu pensava que os meus professores estavan escravizados a maneira de pensar greco-germanica Eles estavam imbuidos de categorias que pressupu- ham certas, de principios metatisicos ce ‘ines po deriam ser provados. Be ve ‘do_podiam ser nunca convenientemente expressas pelas categorias do seu_pensamento, Um dos meus Principios cra: a dignidade do hamem consiste em ter sido criado a imagem de Deus. Minha pergunta era: como pode o homem, um ser que é na essen a imagem de-Deus, pensar, sentir € mpi? Pare-oles 4 religito era_um sentimaito. Para inim_a seligiao inclufa as intaigées da Tord, que & uina viet edo homem do ponto de vista de Deus. Eles falavam de Deus do ponto de vista do homem, Para eles Deus era_uma idéia, aim utadoda razio. Eles the con- cediam_o_ estado de_sex uma possiblidade Togien Mas supor que ele tinha existe mn crime contra_a epistemologia. O problema para meas pro. fessores cra como st us a questo soava: como set santo, Naquele tempo ea ensava; “HI Matto quea Hlosofia pode aneender da vida dos judeus. Para os filésofos a idgia do bem 124 a idéia jis exaltada e a diltima idéia. Pay falling 2 ea do Bom t+ penims Om ode _existirsem_o santo. O bom, € 2 base, se no procura ser santo. : Ter uma idéia do bem & 0 mesmo que vive pela inuigio, "Bemaventurado 0 homem que né0 se esquece de ti”. Eu_nio_fui sabia_a idea doe n, mas pare a idéia do bem valida, porque sé significagao. Contudo, descabri_ qu a_universidade porque_nio 2 rendef por que valor ham “03 valores do- ces_aq_paladar_mostraram-seamargos_na_andlise. nas os modelos fracos. Os proistipos cram tirmes mas osm wveriam_a especulagéo ¢ a existéncia_permanecer ceria peas panicles € infinitas que nui sé encontram? Ou talvez a possibilida seja © resultado do fato de que nossa especulagao sofre daquilo que é chamado em asttonomia uma paralaxe, do deslocamento aparente do objeto causado pela mudanga atual do nosso ponto de observacio? O desejo de Deus que eu adore Nestes meses em Berlim eu passei_momentos le profunda amargura. Eu me sentia muito s6, com eee problemas e ansiedade. Andava sozinho 3 tarde através daquelas magnificas ruas de Beclim. Admirava a solidez da sua arquitetura. O impeto avassalador e a forga da sua civilizagao dinamica Havia concertos, teatros, conferéncias por famosos bios a respeito das dltimas teorias e invengées. Pensava se devia ir ver 0 novo drama de Max Rei- nhardt ow assistir a uma conferéncia sobre a teoria da relatividade. De repente norava que o sol se tinha posto 125 Ge mth at Oden 4 que a noite chegava. “Desde tecitar o Shema a tarde?” ! dado F'sfith* ss9uecido a Deus — eu tinha esque- ido o Sinai — eu tinha esquecido que o por-dosol ado me era indiferente — que minha missio era taurar o mundo para o reino do Senhor” Assim, comec . ‘cia pronunciar as palavras da oragio da noite: i que horas se pode Bendito és tu, Senhor Deus, Rei do universo Que por tua palavra produzes as noites...” Eg tamoso poema de Goethe soava aos meus ouvidos: “ ‘Ueber allen Gipfeln ist Rut’ ” Sobre todas as colinas reina a quietude’ ". Nao, aquilo cra um pensamento pagio, ao olho pagio o mistétio da vida ¢ quietude, morte, esque- cimento*. Para nds, judeus, ha uma significagio além do mistério. Nés dirfamos “Splue—vodus—ss_culinas estd_a_palavra de Deus”. A significagio. da_vida € fazer a sua vontade... produ us notes ¢ 0" aed an ae Hanes en nos ensing-a-EeCEis-precélins: “Sobre todas as colinas esté o amor) de Deus pelo homem”. 1°Ke primeiras palavras do “Mishna” que tratam da oragéo da tarde, Sobre “Shema”, ver acima p. 57, nota 8. 2 Goethe se caracterizou como um “velho pagio”. Uma vez exclamou: “Queremos permanecer pagaos! Viva o pags: hismmo!” Goethe's Gespriche, II (1909), p. 354 126 A ake olycune, me cle change. ps4 Ged me me cake qe cle pry! Tu amaste a casa de Israel com amor eterno . Tu nos ensinaste a Tord, “mistzvot”, leis, regras ant orient das 2 nossa Mturgia! Como sou grata a Deus_por- sas Tn dever de adorat, = minha_mente_distrai Jado © meu ego, pelo menos por _uin_ mx F_uma_telicidade esti iss r yontade_divina. “Er ago esiou sempre disposto a orar. Nao tenho sempre a visio ¢ a forca de dizer uma palavra na presenga de Deus. Mas quando me sinto {raco, é 3 fei que_me di forca. Quando minha visio esti obs cura, €0 dever_que ata care ne x siguma coisa maior do_que o meu desejo_de isto €, o desejo de Deus _que eu_ore. Exist eee age € muito malar do que ounba vontade 4 - 1S ae de De ta fo, quanta intuigio esto cont camo seta tidicula_a_orag: quela noite nas ruas de Berlim eu nuo estava dis- posto a oraz, Meu coracio estava pesado, minha Bina estava triste. Era muito dificil para as subli mes palavras da oracéo penetrar através das nauens escuras da minha vida fntima. Mas como é que es Gusaria nao orar? Como € que eu ousaria perder a minha oragao da noite? “Por causa de emah, por causa do temor de Deus, nés lemos os Shema (Me: Smah-thai, a primeira palavra do tratado Berachot rabino Levi Yizhake) Brno £ mivigmbile a emaahe no mas ch peer cosmia! & melpe fm wk, 127 us redinke & cap: D eden s dle suk main ooh die L Eu te desposarei para sempre Na manhi seguinte, acordei no meu quarto de estudante. Agora, os trabalhos magnificos no campo da fisiologia e da psicologia ndo diminuiram sem dGvida, antes aumentaram a minha admiragio pelo corpo humano ¢ pela alma. Assim et orava “Bendito sejas tu que formaste o homer com sabedoria Meu Deus, a alma que colocaste dentro de | mim € pura Como continuarei eu a manter pura esta alma?” | © problema mais importante que_um_ser_hn- mano_tem_gue enfrentar_diariamente:_como a Sua integridade em um mundo ondeo poder._o sucesso ¢ 0 dinheira-sio ox maiores valores? Como permanecet puro na lama da falsidade © da malicia que enxovalha a nossa sociedade? A alma é pura, mas dentro dela existe o poder do mal “um Dexs esttanho”* que “procuia_constantemente veneer. 0 homem ¢ matido; e se Deus nio ajudar, cle aio poderd resistir e, como ja se disse,_o mal observa ohonesto e procura mati-lo” © ‘das as manhis eu pego um pedago de fa zenda — nem elegante nem solene, de ‘nenhuma beleza estética particular, um véu muito simples, en- brutho-me nele ¢ digo: “Como é preciosa a tua ben dade 8 Deus! Os filhos do homem se refugiam nas sombras das tuas asas, Eles se fartam no alimento cescolhido da tua casa ¢ tu thes dis de beber da tor- rente das delicias. Porque contigo esté a fonte da vida. Pela tua luz, nds vemos a luz, Continua tua bondade com aqueles que te conhecem, e tua justiga | | | | | | i | 3 Shabbath, 0b. 4 Sakkah, 52b, 128 ‘om os retos de corago”. Mas entio eu me per gunto: tenho dircito de me refugiar nele, de beber Bo fonte de suas delicias? De esperar que ele con- tinue a sua bondade, Mas Deus quer que eur esteja bem perto dele, mesmo para colocar cada manhi 4 sua palayra como wm sinal na minha m Gs meus olhos. Lembrar-me-ci da palavra que Deus me falou pelo profeta Oséias oe entre “Desposar-te-ei para sempre, despasar-te-ei conforme o direito € a justica, com misericérdia afeigio. Desposar-te-ei com fidelidade, ¢ travarés conhecimento com o Senhor (Os 2,21-22) # um ato de noivado, uma promessa de casa- mento. E um ato de Deus, apaixonando-se pelo seu povo. Mas 0 compromisso'depende da honestidade, da justiga, da delicadeza, da misericérdia. A perda do “tudo” Por que resolvi levar a sério a observancia reli- giosa, apesar das indmeras dificuldades que tenho de enfrentar? Por que devo orar, embora nao esteja disposto para isso? E por que sou capaz de orar, apesar de nao estar preparado para a oragio? Qual foi a minha situagdo depois que fui alertado que estava na hora de fazer minha oragio da noite? O dever de orar apresentou-se-me como um pensamento, inefével. A ddvida, a descrenga, estavam prontas para um desafio, Mas onde havia lugar para 0 com- promisso? Num ato de reflexio, o dever de orar é lum mero pensamento, timido, fraco, uma pura som- bra da realidade, enquanto a voz da descrenga é uma forga, bem armada com 0 peso da inércia e a pre- 129 8 © homem & procura de Deus feréncia pela abstenio. Em tal situacdo, a oragio deverd ser combatida “in absentia”, e/a questzo sera decidida sem uma batalha propriamente dit Contudo, € bonito dar uma oportunidade a0 adver rio mais fraco: orar antes, combater depois fig octet gue, como voc# nfo pode estudar filoso ia_por_meio “da oragio, voc’ também nio_pode ona aT aT 5 -da TlosohiaE-o que se aplica 4 oracao Pode ser aplicado a todas as observincias religiosas ue “eu queria evitar era no 36 nao orat durante toda a noite da minha vida, mas nao perder 0 todo, nio perder o previlégio de pertencer 4 ordem espiritual dos filhos de Israel. E verdade que algu Mas pessoas vivem tdo ocupadas em recolher mi galhas e trechinhos da lei que nem pensam em tecert © padrio de um todo harmonioso, Mas ha tam bent o perigo de se estar tio encantado com 0 todo que se perca 0 pormenor de vista. Acho que € bas. tante claro que a vida espiritual nao é um amontondo le rituais desconexos, mas o conjunto de tudo 0 que ha na existéncia do homem, num todo rico de signi: ficagdo espiritual, englobando todos 0s verdadeitos intetesses humanos. “Nao se trata da execugio ma. terial de atos isolados, um apés outro, como seal. guém dese um passo, de vez em quando, para che- gar a um destino; nem mesmo do fato de executar uma tarefa por obrigagio de estado, Nao. Viver numa ordem superior, espiritual, significa que todas as ages individuais, todos os sentimentos religiosos, 08 sentimentos esporsdicos, os episédios morais fa. zem parte de um todo completo” (270) * Esquecemos de pronunciar o nome inefavel. Es- quecemos quase de 0 articular. Pode até acontecer que esquegamos de o reconhecer. SOs niémeros entre parénteses neste capftulo referemse as piginas do livro do autor “O Homem 130 Obedecer & vontade de Deus ou brincar com ela Ha muitas idéias a respeito da Lei judaica, se gundo as quais ela nijo pode sobreviver. Discutamos duas destas idéias. A primeira ¢ 0 presuposto de que, ou vocé observa tudo ou nada, todas as suas regras slo de igual imporcincia. Se vocé remover um tijolo, todo o edificio ruiré. Tal intransigéncia, por mais louvavel que possa ser como expresso de devota- mento, nio se justifica nem histérica nem teologica- mente. Houve épocas na historia judaica em que alguns aspetos da observancia ritual da lei nao eram observados pelo povo que, e apesar disso, viviam de acordo com a lei. Aliés qual € 0 homem que se orgulha de afirmar que € capaz de viver literalmente 0 “mitzvah” do “Ama teu proximo como a ti mesmo?” —Oriile esta a preocupacdo com a inadaptacio es piritual daquilo que positivamente no poderia ser abandonado? Onde esté a nossa preocupagiio com a aridez da oragao, com o convencionalismo de nossa obedigncia? O problema que exige uma solucio nao é “tudo ou nada”, o descaso total ou a obediéncia a lei. O problema’ é a observancia auténtica ou forjada, ge nuina ou artificial. Q problema nao é “quanto” obser- ) problema nao é “ quanto” obse lei, mas “cOmo” a observamos, O problema apalavra de Deus. SE segundo Tugar vem o_pressuposto_de que cal os le fot tela fox U2 Ni, no Monte Tsto_é uma extenséo nfo compro vada_pelo concetto_rabinico de_revelagio, —“Poderia Moisés ter aprendido toda a Tord? Diz-se da Tord que “sua medida é maior que a da terra e mais vasta gue a do mar” (Jé 11,9). Como Moisés poderia t@la aprendido em’ quarenta- dias? 131 Mio! Foran somenie os prin bios de interpretarem a palavea idade de emitir novas ordenagées judaica para os quais mm sania no Deuterondmio da navureza aberta da lei ju daica {oi expressa admitavelmente pelo grande santo inde autoridade que foi o rabino Isaias Horovivs livro “As Duas Tabuas da Alianga” “Tentarei explicar agora o fendmeno que em cada geracio o niimero de restrigdes (na ei) ser t2, No tempo de Moisés, somente aquilo que take sido explicitamente recebido no Sinai (a let 4 obrigatorio. Havia também diversas on gue ele acrescentou po tes. (Conty os da lei_{elalim) nagies Tarbes que julgou convenien. (Patudo) os profetas, o Tannaim, os rebinny de cada gersgia (contin ultiplicar estas res trigdes tazao € a ve, fai: @_vene- ae x impiera povas que anda hoje en Sesto Seo veneny protege’ a fei’ ait nagies de acordo beracdo' © estas teri a mesma Hd scasibes ta hiséria dy pov jude 8 Guestéo principal nda ¢ no 90. ue partes da lei ndo po. Eras aba, 414, vy, ty ‘tia Rabing You T, Li onehith een Tip; is ce She Labo Hoey, oe 1 i podem € gem set cumpridas, mes que partes da te pode a dlevem sez cumpridas, obedecidas como lei, resso ¢ interpretag3o da vontade de Deus. a PIS'HA muitos problemas que temos de, etre mui : entre 5 reflexdes sobre a quest3o da observa em n0ssas reflendes sobre a4 0 2 jadaica, Gostarla de discu alguns destes roble mes brevemente, como por exemplo, a relaci = coms ue vontade de mas bi Deus exige alguma coisa do homem? de vista racionalista no parece plau- que 0 ser infinito, dltimo € supremo se interesse ou se preocupe com o fato de ex. por “Tellin” di Realmente, parece estr é Deus se incomode que uma pessoa oma pi com fermento ou sem em determinados dias do ano, Contudo, & este para doxo, isto ¢, que um Deus inf com 0 homem finite e suas a5 € a essencia da {6 profética. 114 pessoas que nio' se conformam que nés possamos taber qual seja a von. tade de Deus 4 nosso respeito, 0 que Deas quer de cada um de 6s. Contudo, todos nbs aceitamos as palavras de Miquéias: “Fe ado, 6 home: € 0 que Deus exige de ti; nada mais do que praticar a justiga, amar a misericérdia $ proceder com fumildade para com teu Deus” (Miquéias 6%), 9 que € bom, 133 Se cremos que ha algo que Deus exige do ho- mem, entio © que serd a nossa crenca sendo “fé na vontade de Deus, certeza de saber 0 que sua von- | tade exige de nds?” Se sstamos dispostos a crer que Deus quer de_nés que pratiguemas ai é diff. Santos? Se estamos dispostos a crer que € Deus jue exige de nds que “amemos a misericérdia' ve ditt para nds crer_que Deus quer que santifiquemos > Sabado ¢ que nig vi 2 as palavras de Miquéias sio a expresso da vontade de Deus na qual nés cremos, € néo um cabide no qual dependuramos as opinides que tira. mos das filosofias tacionalistas, entao, “praticar a justiga” € tanto um artigo da lei, como a proibicio de acender fogo no Sétimo Dia. Mas se tudo 0 que podemos ouvir nestas palavras sio os ecos das filo. sofias ocidentais e nfo a voz de Miquéias, nao sig- nifica que o profeta néo tem nada para dizer a ne- nhum de nés? Um salto de ago Uma dificuldade séria é 0 problema da “signi- ficagéo da observancia judaica”. O judeu moderno niio pode aceitar 0 modo de obediéncia estatica como um atalho para o mistério da vontade divina. Sua situagdo religiosa no conduz a uma atitude de sub- miss4o intelectual ou espiritual. Ele ago esté pre- parado a sacrificar sua liberdade no altar da leal dade a0 espirito de seus maiozes. Ele quer sabe: © sentido do que The mandam fazer. Sua dificuldade Priméria no est4 na incapacidade de compreender a “origem divina” da lei; sua dificuldade essencial estd na incapacidade de sentir “a presenca da von- tade divina no cumprimento da lei” Nunca nos esquesamos de que as conclusdes te0- 134 a as bisicas do judaismo nfo podem ser justifi as em tetmos da rao humana. Seu conceito da catmrezn do homem, como um set criado imagem Je Deus, seu conceito de Deus, da histéria, da gracio o até da moralidade, desafiam algumas ‘conclusses $s quais chegamos honestamente no fim de muita gnélise e pesquisa 7 a ones eogancias de pieda um mistério dian! do qual aitenent se reduz a reverépeia ¢ a0 silencio. aga woctedatte—ecnotigien, quando _a_religiao_se coraa cma fngio, « pidale, ambi um Ss ara satisfazer as 5. Der S, ter um cuidado particular em nio nos mos, portanto, ter um cui : fabituar a ver na religiio uma méguina que pode ser operada, uma organizagio que pode ser adminis- trada de acordo com os planos de cada um. (O problema de viver de acordo com a lei nio pode ser resolvido em termo de senso comum nem de experiénca, Tratase de uma ordem espinal! Tem uma légica espiritual prépria que no pode ser apreendida, a nao ser que seus termos hésicos sejam_vividos. rem relagéo a este problema devemos ter em mente trés coisas. ee . 2). Signifcagio diving e sigificagio “esptiual”. b) O fato de apreender a significagao divina de- pende da preparacio “espiritual” c) Tem-se experiéncia dela em “atos” mais que fem especulagao. a) © problema de ética ¢: qual 40 ideal o a rincipio de umento — fo =f Hfiedvel> Enguanto para a teligiio o problema de vi ver €: Qual é o ideal ou principio de procedimento que € espiritualmente"jussilicduel? A pergunta legt tima a respeito das formas da observancia judaica ¢, portanto, a pergunta: “Sao espiritualmente significa tivas?” : Nao devemos, conseqiientemente, julgar 0 135

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