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Capitulo vigésimo sexto A Cs calamari nlefu 4b = I. Génese, desenvolvimentos e@ programa da Escola de Frankfurt * A Escola de Frankfurt surgiu do Instituto de Pesquisa Social, fundado em Frankfurt nos inicios da década de 1920, Em 1931 Max Horkheimer torna-se di- retor do Instituto; com ele a Escola se caracterizou como centro de elaboragao e propagacao da teoria critica da sociedade, De orientacao “socialista” e “materialista", a Escola elaborou suas teorias e desenvolveu suas pesquisas a luz das categorias de totalidade e de dialética: a pesquisa social ndo se dissolve em pesquisas especializadas e setoriais; a sociedade deve ser pesqui- sada "como um todo" nas relacdes que ligam uns aos outros os ambitos econémicos com os culturais e psicolégicos. E aqui que se instaura a liga¢ao entre he A teoria critica: uma ligacao entre hegelianismo, marxismo ¢ freudismo jelianismo, marxismo 5" e freudismo, que tipificara a Escola de Frankfurt. 6 ‘A teoria critica pretende fazer emergir as contradigdes fundamentals da so- ciedade capitalista e aponta para “um desenvolvimento que leve a uma sociedade sem exploragao”. * Com a tomada do poder por parte de Hitler o grupo de Frankfurt emigra primeiro para Genebra, depois para Paris e, finalmente, para Nova York. Depois da Segunda Guerra Mundial Marcuse, Fromm, Lowen- thale Visfoge| permanecem nos Estados Unidos; a0 passo que heimer e Pollock voltam para Frankfurt, onde, em 1950, renasce o Instituto para a pesquisa social. Adorno, Hor} daw Totalidade e dialética como categorias fundamentais da pesquisa social A Escola de Frankfurt teve sua origem no Instituto de Pesquisa Social fundado em Frankfurt no inicio da década de 1920, com um legado de Félix Klein, homem abastado e progressista. O primeiro diretor do Instituto foi Karl Grtinberg, marxista Didsporae volta @ Frankfurt 352 austrfaco, historiador da classe operaria. Sucedeu-lhe inicialmente Friedrich Pollock e mais tarde, em 1931, Max Horkheimer. E {oi precisamente com a nomeagio de Horkheimer como diretor que o Instituto passou a.adquirir importancia sempre maior, assumindo a fisionomia de uma Escola, que elaborou 0 programa que passou para a histéria das idéias com 0 nome de “teoria critica da sociedade”. A revista do Instituto era 0 “Arquivo de histéria do socialismo ¢ do movimento operario”, onde nao apareciam somente 470 estudos sobre 0 movimento operdrio, mas também escritos de Karl Korsch (inclusive seu trabalho Marxismo e filosofia), Gyorgy Lukacs ¢ David Riaznov, diretor do Instituto Marx-Engels de Moscou. Em 1932, porém, Horkheimer deu vida a “Revista de pesquisa social”, que pretendia retomar e desenvolver a tematica do “Arquivo”, mas que se apresentava com ‘um posicionamento certamente “socialista” e “materialista”, cuja tonica, porém, era posta na totalidade ¢ na dialética: a pes- quisa social é “a teoria da sociedade como um todo”; ela ndo se resume ou se dissolve em investigagoes especializadas ¢ setoriais, W Teoria critica da sociedade. fa teoria proposta e desenvolvida pela Escola de Frankfurt, contraria ao tipo de trabalho da sociologia empirica americana. Para os de Frankfurt (Adorno, Hork- heimer, Marcuse etc.), a sociologia ndo se reduz nem se dissolve em pes- quisas setoriais ¢ especializadas, em Pesquisas de mercado (tipicas, estas, da sociologia americana). A pesquisa social para eles é, ao con- trario, “a teoria da sociedade como. um todo”, uma teoria pasta sob 0 signo das categorias da totalidade e da dialética, e dirigida ao exame das relacdes existentes entre os Ambitos econémicos, psicolégicos e culturais da sociedade contemporanea. 1 Tal teoria € critica enquanto dela ‘emergem as contradigdes da socieda- de industrializada moderna e particu- larmente da sociedade capitalista. Para maior precisdo: o tedrico critico "€ 0 tedrico cuja Giniea preocupaczo consiste em um desenvolvimento que leve a uma sociedade sem ex- plorago”. © primeiro trabalho importante da Escola de Frankfurt é 0 volume co- letivo Estudos sobre a autoridade e sobre a familia (1936): a familia ~ as- sim como a escola ou as instituigses Teligiosas - 6 vista aqui como tramite da autoridade e da insercio desta na estrutura psiquica dos individuos, Um trabalho andlogo sera sucessiva- mente projetado na América: seusre- sultados estéo publicados no volume A personalidade autoritéria. Oitava parte - O marxismo depois de Marx e a Escola de Frankfurt mas tende a examinar as relades que ligam reciprocamente os ambitos econémicos com 08 hist6ricos, bem como 0s psicolégicos ¢ culturais, a partic de uma visio global critica da sociedade contemporaine. E aqui que se instaura o lago entre hegelianismeo, marxismo e freudismo que caracteriza a Escola de Frankfurt e que, embora nas diversas variantes apresentadas pelos varios pensadores da Escola, viria a ser um constante ponto de referéncia da teoria critica da sociedade. Na intengdo de Horkheimer, a teoria ctitica da sociedade surge para “encorajar uma teoria da sociedade existente considera- da como um todo”, mas precisamente uma teoria critica, ou seja, capaz de fazer emergir a contradicao fundamental da sociedade capitalista. Em_poucas_palavras: 0 te6rico éritico € “o tedrico cuja tinica preocupaca Consiste no desenvolvimento que con a Sociedade'sem exploracao”. A teoria critica ‘pretende ser uma compreensio totalizante e dialética da sociedade humana em seu conjunto ¢, para sermos mais exatos, dos mecanismos da sociedade industrial avai ada, a fim de promover sua transformagao racional que leve em conta o homem, sua liberdade, sua criatividade, seu desenvolvi mento harmonioso em colaboragao aberta e fecunda com os outros, ao invés de um sistema opressor e de sua perpetuacao. Para compreendé-las corretamente, as teorias da Escola de Frankfurt devem ser adequadamente enquadradas no arco do periode histérico em que foram elaboradas: trata-se do periodo do pés-guerra, que fez a experiéncia do fascismo e do nazismo no Ocidente, e a do stalinismo na Russia; ge oes foi atravessado pelo furacao da egunda Guerra Mundial ¢ que assistiu a0 desenvolvimento macico, onipresente ¢ irre- fredvel da sociedade tecnolégica avangada. Desse modo, podemos encontrar no centro das reflexdes da Escola de Frankfurt tanto as mais importantes questdes politicas como também os problemas tedricos sobre 0s quais se delongara o marxismo ociden- tal (Lukécs, Korsch), em contraste com pensadores como Dilthey, Weber, Simmel, Husserl ou os neo-kantianos, contraste que os francofortianos ampliarao também para o existencialismo e 0 neopositivismo. O fascismo, 0 nazismo, 0 stalinismo, a guerra fria, a sociedade opulenta ¢ a revolucio nao realizada, por um lado; ¢, por outro lado, a relacao entre Hegel ¢ o marxismo ¢ entre este ¢ as correntes filo- Capitulo vigésimo sexto ~ A Escola de Frankfurt sOficas contempordneas, como também a arte de vanguarda, a tecnologia, a industria cultural, a psicandlise ¢ o problema do indi- viduo na sociedade moderna séo temas que se interligam na reflexao dos expoentes da Escola de Frankfurt. Da Alemanha ee para os Estades Unidos Mas auety ‘Sd esses expoentes da Esco- la de Frankfurt? Os primeios membros do grupo foram os economistas Friedrich Pollo- & (autor da Teoria mancisea do: dinbeitos 1928, ¢ da Sitwardo atual do capitalisino ¢ perspectivas de eordenaco plamificada da deonbmnia, 1930), e Henryk Grosetnann (at tor de A let da acumulacéo e da derrocada no sistema capitalista, 1929), 0 socidlogo Karl-Angust Winlogel (edlebre agtor de Economia e sociedade na China, 1931, ¢ do escrito sobre © Despotismo oriental, 1957, mvqul esteem eae sovittica), o historiador Franz Borkenau © filésofo Max Horkheimer, aos quais se coi pose dene a esocidlogo Theodor Wiesengrund Adorno. Entrariam depois para o grupo o filésofo Herbert Marcuse, 0 soctdlago € icanalista Erich Fromm, 0 filésofo e critico. iterario Walter Benjamin (autos, entre ou- tras coisas, de A origem do drama barroco aleniZo, 1928, e de A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica, 1936), 0 eeciologs, da literatura Leo Lowenthal (au- tor de Sobre a situagao social da literatura, 1932) eo politélogo Franz Neumann. ‘Com a tomada do poder por Hitler, 0 grupo de Frankfurt foi obrigado a emigrar, 471 primeiro para Genebra, depois para Parise, por fim, para Nova York. Mas, apesar das peripécias ¢ dificuldades, foi nesse periodo que apareceram alguns’ dos trabalhos de maior destaque da Escola de Frankfurt, como os Estudos sobre a autoridade ea familia (Paris, 1936) e A personalidade au- toritaria (obra que seria ultimada em 1950). Este tltimo, font coletivo (de Adorno e colaboradores) é desenvolvimento muito sagaz dos Estudos sobre a autoridade e a familia, Entretanto, também por causa dos exemplos escolhidos somente entre os estudantes norte-americanos, este ultimo trabalho apresenta-se como obra certamente menos estimulante do que a primeira, onde, ‘a0 contrario, o leque das tematicas tipicas da Escola de Frankfurt encontra tratamento. muito preciso. Ela, com efeito, discute a centralidade ¢ a ambigitidade do conceito de autoridade, a familia como lugar privilegia- do para a reprodugao social do consenso, a aceitagac wy hamens'de condigdes inst portaveis vividas como naturais e imodifica- veis, a critica da racionalidade tecnolégica, a necessidade de uma colocacao metodolégica ‘em condig6es de neutralizar os defeitos das pesquisas setoriais “positivistas”, ¢ assim por diante, Depois da Segunda Guerra Mundial, Marcuse, Fromm, Léwenthal ¢ Wittfogel ficaram nos Estados Unidos, ao passo que Adorno, Horkheimer e Pollock voltaram para Frankfurt. Alias, em 1950 renasceu o “Ins tuto de pesquisa social”, dele saindo socidlo- 305 ¢ fildsotos como Alfred Schmidt, Oskar legt ¢ Jiirgen Habermas, omais conhecido de todos (de cujas obras deve-se recordar pelo menos A l6gica das ciéncias sociais, 1967, e Conhecimento e interesse, 1968). 472 Oitava parte - O marxismo depois de Marx ¢ 4 Escola de Frankfurt IL. Theodor Wiesengrund Adorno iva (1966) que Adorno (1903-1969) rejeita a dialética ‘escolhe a dialética negativa, uma perspectiva que a filosofia de agarrar, com a forca do pensamento, revelar seu “sentido” escondido e profundo. Apenas ne- identidade de ser e pensamento possivel desmascarar 5 sist fies a csitics (idealismo, positivismo, marxismo oficial, e adialética jluminismo etc) que “eternizam” o estado presente, proibem negativa qualquer mildana ¢ tentam ocultar aquilo que, ao contrério, a 351 ialética negativa traz a luz: 0 individual, o diferente, o marginal, omarginalizado. A teoria critica quer ser uma defesa do individual, do qualitativo. E coloca-se como dentincia de uma cultura “culpada e miseravel": “toda a cultura depois de Auschwitz [...] € varredura”. * Adorno € tenaz e duro critico da cultura contemporanea, uma vez que ela serve ao poder ao invés de dar voz a realidade arruinada da sociedade ca- pitalista. Dialética do iluminismo (1949) é um livro que Adorno escreve junto com Horkheimer para combater aquele tipo de razao que de Xendfanes em ante pretendeu racionalizar o mundo para tornd-lo mani- Critica pulavel e subjugavel por parte do homem; essa razdo € raz&o darazio |, _ instrumental: cega em relacdo aos fins; prepara instrumen- instrumental t9s para atingir fins desejados e controlados pelo “sistema”. ‘Assim como acontece com a industria cultural, ou seja, com © aparato poderoso, constituido essencialmente pelos mass- media (cinema, televisdo, radio, discos, publicidade, material ilustrado etc.), por meio do qual o poder impde valores @ modelos de comportamento, cria neces- sidades e estabelece a linguagem. O homem desejado pela industria cultural ¢ um ser funcional, “é o absolutamente substituivel, o puro nada”. E é exatamente pelo motivo do fato de que esta € a situagdo, que aquilo que entao € preciso é “conservar, estender, ampliar a liberdade, em vez de acelerar [...] a corrida para o mundo da organizacéo". the P"dialética negativa’ Em Dialética negativa (1966), Adorno (1903-1969) faz uma opsio precisa pelo He- ético” em contraposigao ao Hegel "; escolhe o potencial critico (ou “negativo”) da dialética desenvolvida na Fenomenologia do espirito, rejeitando a dialética como sistema, assim como ela se delineia na Logica e’na Filosofia do Direito. Contra a dialética da sintese e da conciliagao, Adorno baseia-se na dialética da negacaa, na dialética negativa, isto é na dialética que nega a identidade entre realidade € pensamento e que, portanto, desbarata as pretensdes da filosofia de caprat a totalidade do real, revelando seu “sentido” oculto e profunde. Em seu trabalho de 1931 (A atuali- dade da filosofia) Adorno ja dissera que guem escolhe hoje 0 tabalho.flosotico como profisso deve renunciar a ilusao da gual partiam anteriormente o& projets loséhicos: a ilusio de que, por forsa do Perisamento, ¢ possivel captar a totalidade do real”. Trata-se precisamente de uma ilusio, como o demonstra a faléncia das metafisicas tradicionais, da fenomenologia, do idealismo, do positivismo, do marxismo oficial ou do iluminismo. Quando essas teo- rias se apresentam como teorias positivas, clas se transformam em ideologias, como escreve Adorno: “A filosofia, como hoje é apresentada, serve apenas para mascarar a realidade e eternizar seu estado presente”. Somente afirmando a nao-identidade entre ser e pensamento é que se pode ga- Capitulo vigésimo sexto ~ A Escola de Franlefuet Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969) foi filézofo expoente entre os mais sigaificati da Escola de Frankfurt amusicélogo, fileisofns rantir a nio-camuflagem da realidade, que no se nos apresenta em absoluto de forma harménica ou, de qualquer modo, dotada de sentido: nds vivemos depois de Auschwitz, € “o texto que a filosofia deve ler é incomple- to, cheio de contrastes e lacunas, onde muito pode ser atribuido ao génio maléficc Somente afirmando a nao-identidade entre sere pensamento podemos esperar des- mascarar os sistemas filos6ficos que tentam “eternizar” o estado presente da realidade e bloquear qualquer agao transformadora e revolucionaria A dialética éa uta contra o dominio do idéntico, éa rebeliao dos particulares contra © mau universal. Na verdade, escreve Ador- no nos Trés estudos sobre Hegel (1963), “a razdo torna-se impotente para captar 0 473, real, nao por sua propria impoténcia, mas porque 0 real nao € razao”. Por isso, é fun- a0 da dialética megativa subverter as falsas Segurangas dos sistemas filos6ficas, trazendo luz 0 ndo-idéntico que eles reprimem, Panda «arta pare o mderidual'¢.6 diferente que eles deixam de lado. Em suma, a dialética negativa de Adorno procura quebrar as “totalidades” em filosofia na politica. Trata-se de uma salvaguarda das diferencas, do individuale do qualitativo. Pretende ser defesa confra uma cultura “culpada e miseravel”, ja Aue, como diz Adorno em Dialética neghtiva, ninguém pode esconder 0 fato d& que, “depois de Auschwitz, toda a cultura é [... varredura”, GET) Bag Adorno e sua colaboragao com Horkheimer: a dialética do Tluminismo Uma vez entendida a intengao de fundo da dialética negativa, nao € mais dificil com- preender 0 modo como Adorno se defronta nao somente com as correntes da filosofia moderna ¢ contemporanea, mas também com as concep¢des politicas, os movimentos artisticos ¢ as mudancas sociais de nossa época. Declaradamente préximo ao marxis- mo, Adorno também nao deixa de rejeitar todas as suas formas dogméticas que, a prio- ri, saben em que prateleira devem catalogar um fenémeno, sem, porém, nada conhecer do fendmeno. Conttario a saciologia de tipo humanista (“a sociologia nao é ciéncia do espirito”, jf que seus problemas nao sao os da consciéncia ou do inconsciente, porém problemas referentes “a relagao ativa entre Ghomem ¢ a natureza eas formas objetivas da associagao entre homens, nao redutiveis 0 espirito como estrutura interior do ho- mem”), Adorno criticou duramente, como veremos melhor adiante, a sociologia de tipo empirista (ou positivista), pois ela seria incapaz de captar a peculiaridade tipica dos fatos huumanos e sociais em relagao aos fatos naturais. Esse ataque frontal (as vezes violento, as vezes injusto, mas 96 raramente pouco in teressante) contra a cultura contemporanea, com efeito, € ataque contra aquelas imagens 474 jue Adorno considera imagens desviantes di reslidade, para onde mde voles tneoens que, assim, nao desenvolvem outra fungao senao a de servir ao poder, ao invés de dar voz a uma tealidade desordenada como a da sociedade capitalista. E € exatamente dessa sociedade capi- talista, ou melhor, da sociedade moderna, capitalista e comunista, que Adorno ¢ Horkheimer nos apresentam seu juizo na conhecida obra Dialética do Ilwminismo (1949), que se apresenta como andlise da sociedade tecnologica contempordnea, Por Iluminismo os dois autores nao entendem somente o movimento de per sémento que caracterizou a eta das luzes; eles_pensam muito mais em um itinerdtio a_Fazdo, que, partindo ja de Xendfanes, pretende racionalizar 0 mundo, tornando-¢ manipulavel pelo homem. “O Tluminismo, fo sentido mais amplo de pensamento em continuo progresso, sempre perseguit 0 objetivo de tirar o medo dos homens e tor- né-los senhores de si proprios. Mas a terra, inteiramente iluminada resplandece sob a égide de triunfal desventura”. Com efeito, 0 Huminismo vai ao en- contro da autodestruicéo. E isso ocorre porque ele ficou “paralisado pelo medo da verdade”. Prevaleceu nele a idéia de que o saber € mais uma técnica do que uma critica. E 0 medo de afastar-se dos fatos “€ coisa esireitamente unida ao medo do desvio so- éial”. Desse modo perdeu-se a confianca na Fazdo objetiva, pois o que importa nao é a veracidade das teorias, e sim sua funciona- lidade, funcionalidade em vista de fins sobre 0s quais a razio perdeu todo direito. Em outros termos,a razio é pura razao instrumental. Ela € inteiramente incapaz de fundamentar ou propor em discussao os objetivos ou finalidades com que os homens orientam suas préprias vidas. A razio é ra- 240 instrumental porque $6 pode identificar, construir ¢ aperfeigoar os #nstrumentos ou meios adequados para alcangar fins estabe- lecidos e controlados pelo “sistema”, 6s vivemos em sociedade totabmerste administrada, na qual “a condenagio natural los homens ¢ hoje inseparavel do. progresso social”. Com efeito, “o aumento da produ- tividade econdmica, que, por um lado, gera condi¢ées para um mundo mais justo, por outro lado propicia ao instrumental técnico €a0s grupos sociais que dele dispdem imensa superioridade sobre o resto da populacio. Diante das forcas econdmicas, 0 individuo € reduzido a zero. Estas, ao mesmo tempo, Oitava parte - © marxisme depois de Marx ¢ a Escola de Frankfurt levam a nivel jamais alcangado o dominio da sociedade sobre a natureza, Enquanto 0 individuo desaparece diante da maquina a gue serve € por ela aprovisionado melhor lo que jamais o fora. No Estado injusto, a impoténcia ¢ a dirigibilidade da massa ¢rescem com a quantidade de bens que lhe sao fornecidos”. (EIEN) wa A indéstria cultural Para alcangar sua funcionalidade, 0 “sistema”, que € a sociedade tecnoldgica contemporanea, entre seus principais ins- trumentos, pds em funcionamento uma poderosa maquina: a indiéstria cultural. Esta € constituida essencialmente pela midia (cinema, televisio, radio, discos, pu- blicidade etc.\. E com a midia que o poder impée valores e modelos de comportamento, cria necessidades e estabelece a linguagem, E esses valores, necessidades, comportamentos elinguagem sao uniformes porque devem al- cangar a todos; so amorfos, assépticos; nao emancipam, nem estimulam a criatividade; pelo contrario, bloqueiam-ria, porque habi tuam a receber passivamente as mensagens. Aindeses cilttal pechmenr rele © homem como ser genérico. Cada qual € cada vez mais somente aquilo pelo qual pode substituir qualquer outro: ser consu- mivel, apenas exemplar. Ele proprio, eomo individuo, €0 absoluramente substituivel, o puro nada [...]”, Eisso pode ser visto também no diverti- ‘mento, que nao mais o lugar da recreacao, da liberdade, da genialidade, da verdadeira alegria, £ a industria cultural que fixa 0 divertimento e seus hordrios. Eo individuo se submete. Como também submete-se as re. gras do “tempo livre", que é tempo progea- mado pela indiistria cultural. “A apoteose do tipo médio pertence ao culto daquilo que ébarato”. Desse modo, a industria cultural nao vincula propriamente uma ideologia: cla propria € ideologia, a ideologia da aceitacao dos fins estabelecidos por “outros”, isto é, pelo sistema, Foi assim que o Iuminismo transfor- mou-se no seu contrario. Queria eliminar ‘9s mitos, mas criou-os desmedidamente. Na definigao de Kant, “o lluminismo é a saida do homem de’im estado de menoridade do qual ele préprio é culpado. Menoridade é a incapacidade de valer-se de seu proprio intelecto sem a guia de outro”, Entretan- ATS. Capitulo vigésimo sexta - A Escola de Frankfurt 475. 0, hoje o individuo é zero e é guiado por “outros”. Outrora, dizia-se que o destino do individuo estava escrito no céu; hoje, podenios dizer que & fixado e estabelecido pelo “sistema”. Para Adorno e Horkheimer, portanto, a situagio estd assim. Mas eles nao se desespe- ram, advertindo que, “se o Huminismo nao capta a consciéncia dese momento regres vo, esta assinando sua prépria condenagio”, © que nao deve acontecer, pois 0 que € ne- cessario é “conservar, ampliar ¢ desdobrar a liberdade, ao invés de acelerar (...] a corrida em direcio ao mundo da organizagio”. Adorno foi ritico te do aparato constituido pela “incistria cultural”

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