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Para Christopher Tolkien 11 July 1972

[Acerca da sua Lúthien]

Finalmente, ocupei-me do túmulo da Mamã. [...] Gostaria do seguinte epitáfio:

EDITH MARY TOLKIEN


1889 – 1971
Lúthien

É breve e simples, a não ser por Lúfhien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de
palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien.
[...] Diz o que sentes, sem quaisquer reservas, a respeito deste acrescento. Comecei isto sob a pressão de
uma grande emoção e tristeza e, seja como for, sou de vez em quando atormentado (cada vez mais) por um
esmagador sentimento de perda. Preciso de um conselho. No entanto, espero que nenhum dos meus filhos
sinta que a utilização deste nome é uma fantasia sentimental. Pelo menos, não comparável à citação de
alcunhas familiares em obituários. Nunca chamei Lúthien a Edith, mas foi ela a fonte da história que, a seu
tempo. se tomou parte de Silmarillion. Começou por ser concebida numa pequena clareira cheia de cónios
em Ross, em Yorkshire (onde, durante um breve período, tive o comando de um posto avançado da
Guarnição de Humber, em 1917, e onde ela pôde viver comigo durante algum tempo). Nessa época, o cabelo
dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que vocês viram, e sabia cantar... e
dançar. Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e não posso suplicar perante o inexorável Mandos.
Por agora, não direi mais. Mas gostaria de ter brevemente uma longa conversa contigo. Pois se, como parece
provável, eu nunca vier a escrever uma biografia encomendada - seria contra a minha natureza, que se
expressa sobre coisas que se sentem mais profundamente em contos e mitos - deveria haver alguém a quem
muito estimasse que soubesse algo sobre as coisas que os registos não registam: os terríveis sofrimentos da
nossa infância, de que nos salvámos mutuamente, mas não fomos capazes de sarar os ferimentos que mais
tarde viriam muitas vezes a revelar-se incapacitantes; os sofrimentos que suportámos depois de o nosso
amor começar... tudo isso (além das nossas fraquezas pessoais) poderia contribuir para tornar perdoáveis,
ou compreensíveis, as falhas e trevas que por vezes deterioravam a nossa vida e explicar como foi que estas
nunca tocaram as nossas profundezas nem esmoreceram as memórias do nosso amor de juventude.
Continuámos a encontrarmo-nos (especialmente quando estávamos sós) na clareira do bosque, de mãos
dadas, muitas vezes para fugir à sombra da morte iminente antes da nossa última despedida.

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