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RAFAEL RAEL DE BARROS

PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM IDOSOS


RESIDENTES EM UM LAR GERIÁTRICO

Novo Hamburgo
2006
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM

PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM IDOSOS


RESIDENTES EM UM LAR GERIÁTRICO

RAFAEL RAEL DE BARROS

Monografia apresentada ao Curso de


Enfermagem como requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Profª. Clarice Fürstenau

Novo Hamburgo, novembro de 2006


A Comissão Examinadora, abaixo-assinada,
aprova a Monografia

PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM IDOSOS


RESIDENTES EM UM LAR GERIÁTRICO

Elaborada por

RAFAEL RAEL DE BARROS

Requisito parcial para obtenção do grau


de Bacharel em Enfermagem
no Centro Universitário Feevale

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________
Profª. Esp. Clarice Fürstenau
(Orientadora)

_____________________________________
Profº Esp.Neuri Kamler

_____________________________________
Profª. Ms. Lisnéia Fabiani Bock

Novo Hamburgo, 2006


NASCER, MORRER, RENASCER AINDA E
PROGREDIR SEMPRE. “TAL É A LEI” (inscrição na
lápide do túmulo, em Paris, na França, do professor
HIPOLYTE RIVAIL LEON DENIZARD, ou simplesmente,
ALLAN KARDEC, o codificador da Doutrina Espírita).

Hipolyte Rivail Leon Denizard


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a minha mãe, Sra. Reci Rael. Sem ela nada existiria em
minha vida (muito obrigado mãe) e ao seu companheiro Sr. Bento Rosa que sempre
esteve ao lado dela e, por conseguinte, me apoiando.

A querida tia Marta de Barros, que mesmo distante, muitas vezes sempre foi
solidária e voluntariosa, no que tange aos meus estudos e a difícil vida acadêmica, e
minha adorável madrinha Beatriz, que sempre se fez presente nas horas difíceis.

Um agradecimento “post mortem” ao meu amável e dedicado pai, Sr.


Geraldo Santana de Barros e a minha doce e eterna avó paterna Benigna de Barros.
Que Deus os tenha bem ao seu lado, pois saibam, fazem muita falta a mim.

Um agradecimento especial á professora Rúbia Maestri, que com muita


dedicação e denodo me auxiliou e orientou no desenvolvimento do projeto.

Seguindo, não poderia deixar de agradecer a professora Márcia Otero


Sanches, por sua conduta irrefutável, sempre disposta e prestativa com os
problemas dos alunos do curso que muito bem coordena, e em especial com as
minhas dificuldades apresentadas neste final de curso, concernentes a estágios,
orientações frustradas, e minha saúde que quase impossibilitaram a conclusão deste
que é apenas o primeiro passo que “galgo” em direção ao meu futuro profissional.
Muito obrigado, Professora Márcia.

Um agradecimento especial aos professores Neuri e Fabiani, por serem


imparciais no exame do projeto, e ao estímulo e elogio proporcionado por eles para
a continuação da pesquisa, sem dúvidas, me garantido um “norte” no
desenvolvimento final da pesquisa.
6

A minha querida orientadora e professora Clarice Fürstenau, que com sua


simpatia, calma, simplicidade e conhecimento me deram segurança para a
conclusão final do trabalho.

E por fim, a minha querida e solidária colega Ana Paula Nascimento e sua
família (Dona Maria, Sr. João, e sua filha Alice) por me acolherem tão bem em sua
casa, pelo apoio incondicional que prestaram todos esses anos de estudo e pelo
carinho, coleguismo, distração e momentos de indubitável alegria que me
proporcionaram. A eles todos e ao Centro Espírita Bezerra de Menezes de Porto
Alegre (refúgio, intelecto-espiritual, que tenho certeza, muito me amparou com seus
irmãos trabalhadores do bem), o meu sincero agradecimento.
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Sexo ......................................................................................................... 34

Gráfico 2: Prevalência de Hipertensão Arterial ........................................................ 35

Gráfico 3: Faixa etária (anos) .................................................................................. 36

Gráfico 4: Etnia ........................................................................................................ 37

Gráfico 5: Pratica atividade física ............................................................................ 38

Gráfico 6: Cuidado com a alimentação ................................................................... 39

Gráfico 7: Alimentação balanceada correlacionada com hipertensão ..................... 40

Gráfico 8: Ações importantes para controle da pressão arterial .............................. 41

Gráfico 9: Distribuição dos entrevistados segundo prevalência e atividade física ... 42

Gráfico 10: IMC relacionado com pressão alta ........................................................ 43


LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação da Pressão Arterial ........................................................... 16

Quadro 2: Índice de Massa Corporal ....................................................................... 32


RESUMO

Este estudo tem por objetivo verificar a prevalência de Hipertensão Arterial


Sistêmica em 30 idosos residentes em um lar geriátrico. A hipertensão arterial
sistêmica (HAS) é a doença crônica mais comum entre os idosos, sendo que sua
prevalência aumenta progressivamente com a idade. No Brasil, morrem anualmente
milhares de pacientes em conseqüência de doenças cardiovasculares e a
hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco para
doença cardiovascular no idoso que vive em instituições geriátricas. Esta pesquisa
visa corroborar minhas expectativas em relação da presença da doença nesses
lares, com outros estudos já realizados nesse âmbito. Fatores relacionados á
Hipertensão arterial nessa população asilada, como nutrição, prática de atividades
físicas, etnia, faixa etária e sexo, aparecem no estudo de modo estatístico, visando
uma percepção bem clara da cena encontrada no campo da pesquisa. Minha
preocupação em realizar esse estudo, era elencar os fatos desencadeantes da
hipertensão arterial nesta população e fazer um enlace, ou seja, de maneira
secundária relacionar e mensurar através do tratamento estatístico essa hipótese
diagnosticada com fatores já mencionados como nutrição, prática de atividades
físicas, etnia e sexo. Os resultados obtidos pelo estudo, confirmaram minha suspeita
sobre a alta prevalência nessa população e a correlação com os aspectos
multifatoriais, já citados, causando-me certa perplexidade sobre o resultado obtido
concernente á pouca significância estatística relacionada aos hipertensos de etnia
afro-brasileira, que no estudo, não confirmaram os índices já explorados por diversos
autores, que afirmam ser este grupo específico muito prevalente e portador de HAS.
Leva-se em conta, também, a pouca amostra de indivíduos dessa etnia em meu
campo de pesquisa, mas isso é objeto de maior discussão na amostragem dos
gráficos.

Palavras-chave:
Hipertensão arterial; Idosos; Lar geriátrico.
ABSTRACT

This study have for objective identity the prevalence of Systemic Arterial
Hypertension (SAH) in 30 elder people who live in a geriatric institutions. The
Systemic Arterial Hypertension is the most common chronic disease among elder
people; its prevalence increases progressively with aging. In Brazil, annually
thousands of patients die due to cardiovascular diseases; and the systemic arterial
hypertension is one of the most important risk factors to the cardiovascular disease in
elder people who live in geriatric institutions. This research aim at proofing the
expectations towards the presence of the disease in those houses, based on other
studies on this field. Factors related to the Arterial Hypertension in this population
such as nutrition, physical activity, ethnicity, age and gender appear in the study
through statistics and graphics, with the objective of obtaining a clear perception of
the scene found at the research field. The preoccupation laid on listing the
unleashing factors of the arterial hypertension in this population and interlace,
secondarily, so to relate and measure through statistic treatment the diagnosed
hypothesis with the factors above described. The results obtained by the study
confirmed the suspected high prevalence in this population and the correlation with
the multifactorial aspects, priorly mentioned, causing some perplexity on the result
obtained due to the little statistical significance related to the hypertense people
belonging to the Afro-Brazilian ethnicity. Those, in the present study, don't confirm
the index explored by many authors, that affirm that this group demonstrate high
prevalence and often carry SAH. It is also taken into account the small sample of
individuals from this ethnicity in the research field. But this is object of greater
discussion in the graphic display.

Keywords:
Arterial Hypertension; Elder people; Geriatric home.
SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................ 9

ABSTRACT......................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12

1 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14
1.1 Dados epidemiológicos................................................................................. 14
1.2 Diagnóstico e classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica.................... 15
1.3 A alimentação e a Hipertensão Arterial Sistêmica........................................ 18
1.4 Atividade física e a Hipertensão Arterial Sistêmica...................................... 20
1.5 Enfermagem e o atendimento aos idosos.................................................... 23

2 CAMINHO METODOLÓGICO......................................................................... 28
2.1 Tipo de estudo.............................................................................................. 28
2.2 Campo de estudo......................................................................................... 29
2.3 População e amostra.................................................................................... 30
2.4 Critérios de inclusão..................................................................................... 30
2.5 Critérios de exclusão.................................................................................... 30
2.6 Coleta de dados............................................................................................ 30
2.7 Análise dos dados........................................................................................ 32
2.8 Considerações éticas................................................................................... 32

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS................................................. 34

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 45

REFERÊNCIAS................................................................................................. 47

APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............................. 50


APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO...................... 52
INTRODUÇÃO

O advento da tecnologia, da evolução em novos conceitos de modernidade


no tocante a saúde e bem estar social, inegavelmente proporciona melhores
condições gerais no âmbito sócio-econômico dos indivíduos. Com uma maior
perspectiva de vida do cidadão brasileiro em geral e seu subseqüente
envelhecimento, traduz de forma bem objetiva minha preocupação e meu interesse
de realizar essa pesquisa.

Essa premissa geral, acrescida de fatores relevantes na esfera da saúde


como, os idosos asilados, sua relação com a Hipertensão Arterial Sistêmica e fatores
subjacentes e minha percepção como acadêmico de Enfermagem, motivou minha
incursão ao campo de pesquisa na intuição de aferir e mensurar minha hipótese de
que os idosos residentes em um lar geriátrico seriam portadores de Hipertensão
Arterial Sistêmica e ainda seriam incapazes de discernir nuances e variações da
doença que comprometam de maneira derradeira sua saúde, já fragilizada pelo
envelhecimento inerente a nós, seres-humanos.

Tratou-se de um estudo quantitativo, descritivo, de delineamento transversal


não controlado, para avaliar a prevalência de HAS entre idosos residentes nesse Lar
geriátrico do municio de Porto Alegre, com uma população de trinta idosos (30).

Atualmente, são comuns os estudos sobre hipertensão arterial sistêmica


(HAS), que motivam acadêmicos da área da saúde em geral, justificando assim o
objeto desta pesquisa. Em minha curta trajetória como profissional da área técnica,
pude observar a importância de conhecer a HAS e auxiliar pacientes e clientes com
o mínimo de informação científica sobre essa doença.

O interesse por idosos advém, como já foi dito da tendência brasileira que
preconiza o envelhecimento da população como um produto das condições de vida
melhores nestas últimas décadas. Muitos idosos são portadores de HAS, e as
seqüelas que esta patologia, muitas vezes assintomática e silenciosa causa, são
13

frequentemente irreversíveis e de difícil manejo para os profissionais da saúde,


causando-nos a real impressão que podemos trabalhar mais no intuito de minorizar
as desastrosas conseqüências desta doença em uma população tão fragilizada em
decorrência da própria natureza humana.

Cabe ressaltar que a curiosidade sobre a real prevalência de HAS nos


idosos deste lar geriátrico foi também objeto de motivação para o desenvolvimento
de tal pesquisa, uma vez que como profissional e futuro Enfermeiro, causou-me
preocupação a impressão de que a patologia é freqüente no grupo, além do suposto
desconhecimento desta por parte dos idosos.

O objetivo deste trabalho portanto, é o de identificar a prevalência de


Hipertensão Arterial Sistêmica em idosos de um lar geriátrico e relacionar com
fatores como idade, atividade física, idade, alimentação, obesidade.

Desta forma, é importante o conhecimento da prevalência de HAS em lares


geriátricos, para que no futuro a prevenção possa ser uma realidade cada vez maior,
bem como a adoção de medidas e condutas para minimizar os efeitos adversos da
doença, contribuindo assim para uma diminuição de idosos asilados com HAS.
1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Dados epidemiológicos

O envelhecimento populacional, fenômeno observado na maioria dos países


e também no Brasil, implica em aumento progressivo da prevalência de doenças
crônicas não transmissíveis – como as cardiovasculares –, tornando necessário que
seus aspectos epidemiológicos, clínicos, terapêuticos, preventivos e de reabilitação
sejam cada vez mais investigados.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença cardiovascular de grande


interesse para a saúde pública, é largamente conhecida como fator de risco para o
desenvolvimento de outras doenças cardiovasculares. Apresenta alta prevalência na
população adulta mundial, principalmente acima dos 40 anos (GUS, 2002).

A hipertensão arterial sistêmica apresenta-se em altos níveis também no Rio


Grande do Sul, e normalmente está associada à idade, sobrepeso e a presença de
dislipidemias (GUS, 2002).

Conforme a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2002), 25% das mortes


por doença arterial coronariana são causadas por hipertensão. Analisando a
prevalência de HAS em algumas cidades do Brasil, no ano de 1994, em Porto Alegre
26% da população adulta da cidade foi considerada hipertensa.

Em relação ao gênero, o número de internações hospitalares por HAS


mostra que as mulheres brasileiras apresentam uma prevalência maior de
internações, sendo responsáveis em média por 350.000 internações no período de
1998 a 2001. Os homens foram responsáveis por 200.000 internações no mesmo
período (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2002).

No estudo realizado por Gus (2002), sobre a prevalência de hipertensão


arterial sistêmica no Rio Grande do Sul, foi verificado que 14,4% da população do
estado são portadores de HAS. Dentre os fatores de risco associados, salientam-se
15

a idade, obesidade e as dislipidemias, sendo que o baixo nível sócio-econômico não


demonstrou relação com o aumento na prevalência da doença.

Frente aos dados acima, que demonstram que a hipertensão acomete


parcela significativa da população, é vista a necessidade de mudanças nos hábitos
diários, ressaltando-se o papel da dislipidemia e da obesidade no aumento da
prevalência da doença e suas comorbidades.

1.2 Diagnóstico e classificação da Hipertensão Arterial Sistêmica

Conforme Murray e Oster (1985), os valores normais da pressão arterial


variam conforme a idade. Em adultos maiores de 18 anos, dizemos que a pressão
está alta quando a medida ultrapassa o valor de 140/90 mm/Hg. Em crianças e
gestantes, valores superiores a 120/80 mm/Hg podem ser considerados anormais.

Conforme IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002) são


considerados hipertensos os adultos acima de 18(dezoito) anos cujos níveis
tensionais alcançam valor superior 140/90 mmHg. Este diagnóstico deve ser
cauteloso, principalmente pelo fato de estar evidenciado que vários são os
atoresque interferem nos resultados da pressão arterial.

No Quadro 1 são referenciadas as significâncias dos valores atribuídos aos


níveis pressóricos conforme a diretriz anteriormente citada, para adultos acima de 18
(dezoito) anos.
16

Classificação Pressão sistólica Pressão diastólica

Ótima <120 mmHg <80 mmHg

Normal <130 mmHg <85 mmHg

Limítrofe 130-139 mmHg 80-85 mmHg

Estágios Hipertensão

Estágio 1 (leve) 140-159 mmHg 90-99 mmHg

Estágio 2 (moderado) 160-179 mmHg 100-109 mmHg

Estágio 3 (grave) 180 mmHg 110 mmHg

Sistólica isolada 140 mmHg < 90 mmHg


Quadro 1: Classificação da Pressão Arterial
Fonte: IV diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2002.

Durante a avaliação dos dados pressóricos deve-se dar especial importância


para a técnica e ambiente para a verificação da pressão arterial, visto que
atualmente vários estudos comprovam que existe associação entre a reatividade
pressórica e as alterações do estado emocional das pessoas (OLIVEIRA JUNIOR,
2000).

Considerando-se a avaliação de um paciente com HAS, deve-se lembrar


que as duas principais formas diferem bastante em sua prevalência. A hipertensão é
arbitrariamente classificada como sendo essencial ou secundária. O primeiro
diagnóstico é estabelecido por exclusão de causas secundárias notificáveis.

A hipertensão secundária, que implica numa causa discernível e algumas


vezes reversível para a pressão arterial elevada, provavelmente contribui com
menos de 5% dos casos (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 1997).

A HAS é considerada um problema de saúde pública por sua magnitude,


risco e dificuldades no seu controle. É também reconhecida como um dos mais
importantes fatores de risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral
(AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM). Conforme a Sociedade Brasileira de
Hipertensão (2002), é necessário conhecer os motivos que desencadeiam a
17

hipertensão arterial, e, principalmente, os recursos para amenizar a doença, para


que se obtenha uma melhor qualidade de vida.

Segundo Braunwald, Zippes e Libby (2003) o quadro hipertensivo leva a


lesão endotelial, favorecendo formação de placa aterogênica e alterações fenótipas
das células musculares lisas, promovendo vasodilatação com conseqüente aumento
da permeabilidade vascular, permitindo a entrada de macromoléculas e favorecendo
a aderência leucocitária.

Devido à imposição de pressão aumentada sobre o ventrículo esquerdo,


desenvolve-se a hipertrofia ventricular, que conseqüentemente irá propiciar a
formação de placas ateromatosas nas artérias coronarianas. A presença de placas
nas coronárias irá promover o desenvolvimento da doença arterial coronariana
(BRAUNWALD; ZIPES; LIBBY, 2003).

Para o hipertenso, o risco para ocorrência de eventos coronarianos agudos é


maior do que para o indivíduo não hipertenso. Porém, quando a hipertensão está
controlada, os riscos para um evento coronariano são iguais para ambos (GUS,
2002).

Conforme estudo de Framingham apud BRAUNWALD, ZIPES e LIBBY,


(2003), a prevalência de morte súbita e IAM sem sintomatologia específica foi mais
prevalente entre os pacientes hipertensos, que tiveram índices de mortalidade pós-
IAM superior aos pacientes não hipertensos.

Simonetti, Batista e Carvalho (2002), realizaram um estudo para verificar o


comportamento dos pacientes hipertensos internados em uma unidade clínica, onde
foi verificado que 100% dos pacientes hipertensos apresentavam comprometimento
de órgãos alvo, com 43,8% de comprometimento cerebral, 34,3% cardíaco e
cerebral, e 18,8% com comprometimento apenas cardíaco.

Para Oliveira (1998), a hipertensão acontece devido a diversas causas


como: doença renal, hemorragia cerebral, insuficiência cardíaca e crises de edema
agudo de pulmão. Porém, vários são os fatores que podem estar associados à
18

elevação da pressão arterial como o sedentarismo, o estresse, o tabagismo, o


envelhecimento, a história familiar, a raça, o gênero, o peso e os fatores dietéticos.

Visto que a enfermagem trabalha na prevenção e na educação do auto-


cuidado, é fundamental conhecer os hábitos e as principais dificuldades que os
indivíduos tem em relação a sua saúde. Em especial o indivíduo idoso, que pode
apresentar dificuldade de compreensão, necessitando, muitas vezes, de estímulo
para desenvolver atividades rotineiras de auto-cuidado e de prevenção ou controle
de patologias.

1.3 A alimentação e a Hipertensão Arterial Sistêmica

Seguramente, a HAS aparece como uma das maiores e significativas


doenças de saúde pública no Brasil, justamente por sua grandeza, risco e
dificuldade de controle. É fator preponderante para o aparecimento de doenças
graves como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Infarto agudo do Miocárdio
(IAM). O controle e a prevenção de HAS são importantes para a diminuição de
seqüelas oriundas desta doença (MOLINA et al., 2003).

O mesmo autor afirma que o tabagismo, sedentarismo, estresse,


envelhecimento, fatores genéticos, raça, peso e condições nutricionais, além de
fatores desconhecidos ou ainda não confirmados através de estudos são as
principais causa da elevação da pressão arterial nos indivíduos adultos.

Os efeitos de uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e pobre em


gorduras são benéficos para a manutenção dos níveis tensionais pressóricos
adequados, mas ainda não existe uma consolidação entre a doença e o consumo de
alimentos, com exceção do consumo de álcool e sódio, que comprovadamente
elevam os valores da pressão arterial. Dentre os fatores de nutrição, outra
observação comprovada, é o peso do indivíduo. Uma pessoa mais magra e com
menos níveis de gordura sérica tende a manter uma pressão arterial mais nivelada
entre os parâmetros considerados normais. O problema da típica culinária regional
19

acarreta problemas de investigação para avaliadores nutricionais (MOLINA et al.,


2003).

O consumo de sal, seguramente é dentre os fatores nutricionais, o mais


relevante, pois num estudo sobre a associação entre a ingestão de sal e a
hipertensão arterial mostra índices de prevalência altos em amostras estudadas
(MOLINA et al., 2003).

As questões relacionadas á sensibilidade ao sódio parecem ser de difícil


resolução, quando são estudadas em seres humanos. Alguns indivíduos excretam
maiores quantidades de sódio sem um aumento da pressão arterial e outros não. A
resposta fisiológica a um aumento na ingestão de sódio resultaria na redução da
atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona e um aumento na liberação do
peptídeo natriurético atrial, sendo que esses sistemas interagem entre si, além de
auxiliar no controle da atividade renal. As diferenças genéticas destes indivíduos e
seus respectivos mecanismos de ação ainda estão em fase de comprovação, não
gerando ainda, informações significativas que possam acrescentar a este tema
(MOLINA et al., 2003).

No tocante ao ponto de vista racial, evidências apontam que indivíduos


negros têm uma maior sensibilidade ao sódio e conseqüentemente poderão
desenvolver quadro de HAS em maiores proporções que indivíduos brancos
(MOLINA et al., 2003).

Alem disso, os problemas nutricionais mais comuns em pessoas idosas em


hospitais e asilos é a desnutrição protéico-calórica que é encontrada em 30-50% da
população. A desnutrição protéico-calórica limítrofe é comum em pacientes idosos
ambulatoriais. Vários estudos epidemiológicos têm demonstrado que pessoas idosas
freqüentemente consomem menos de 2/3 da quantidade diária recomendada de
vários nutrientes (FORCIEA e LAVIZZO-MOUREY, 1998).

Este fato, combinado com os efeitos acumulados de doenças,


medicamentos e circunstâncias sociais, repleta as reservas calóricas corpóreas para
os estresse de doenças agudas ou cirurgias. Assim, com hospitalização, indivíduos
20

idosos freqüentemente desenvolvem desnutrição protéico-calórica com sua


morbidade e mortalidade associadas. Pacientes idosos ambulatoriais são menos
propensos a ter uma desnutrição explícita, a não ser que estejam se recuperando de
uma doença aguda (FORCIEA e LAVIZZO-MOUREY, 1998).

1.4 Atividade física e a Hipertensão Arterial Sistêmica

De acordo com Monteiro e Sobral Filho (2004), atualmente, o sedentarismo


aparece como preponderante fator de risco para HAS. Indivíduos que não praticam
exercício físico são mais propensos a desenvolverem HAS e sendo assim,
aumentarem a taxa de eventos patológicos cardiovasculares, bem como o número
de mortes e seqüelas decorrente da doença. Mulheres geralmente são mais
sedentárias que os homens na população brasileira.

O mesmo autor salienta que modificações no estilo de vida são necessárias


hoje, e o exercício físico é recomendado, fazendo parte deste novo panorama. A
atividade física, além de saudável, causa sensações agradáveis ao corpo devido à
liberação de um conjunto de substâncias opióides conhecidas como endorfinas,
além de manter a estrutura corporal mais magra e rígida, atendendo as exigências
atuais de estética e beleza. Mas é a melhora cardiovascular, sem dúvidas, o mais
importante benefício obtido com a prática regular do exercício físico. Um estudo
envolvendo pacientes com idade de 35 a 83 anos constatou que o exercício físico é
uma das condutas não farmacológicas que mais promoveu efeitos redutores dos
níveis de pressão arterial (FERREIRA, MELLO e SOBRAL FILHO, 1999).

A tendência de utilizar precocemente agentes medicamentosos está sendo


substituída cada vez mais pela implementação da prática gradual e regular das
atividades físicas, que visam não só uma redução estatística em números de
hipertensos, mas também uma melhora natural das condições de vida da população
(MONTEIRO e SOBRAL FILHO, 2004).

Paffenbarguer et al, apud Monteiro e Sobral Filho (2004), acompanharam em


um estudo de seis a dez anos, indivíduos norte-americanos que praticavam exercício
21

físico de forma regular, e constataram que estes apresentavam risco 35% menor de
desenvolver HAS que indivíduos sedentários.

Fatores hemodinâmicos, humorais e neurais, explicam a princípio a relação


entre a atividade física e HAS, sendo objeto de motivação pela busca de uma
explicação para o efeito redutor do exercício sobre a pressão arterial de indivíduos
nas comunidades científicas de todo o mundo (MONTEIRO e SOBRAL FILHO,
2004).

Os autores citam, em seu trabalho, que se justifica a redução da pressão


arterial em indivíduos hipertensos pelas alterações humorais relacionadas á
produção de substâncias vasoativas, como o peptídeo natriurético atrial ou
ouabaína-like, modulada centralmente. Outros autores correlacionam esse fato à
redução da noradrenalina plasmática, associada ao aumento da taurina sérica e
prostaglandinas e interferindo na recaptação da noradrenalina nas fendas sinápticas.

No que concerne ao efeito agudo do exercício sobre a curva da pressão


arterial nas 24 horas em pacientes avaliados através da monitorização ambulatorial
da pressão arterial, Marceau apud Monteiro e Sobral Filho (2004), apresentou que
indivíduos treinados a 50% e a 70% do Volume de oxigênio máximo apresentaram
diversos perfis de curva pressórica. O primeiro grupo manteve a redução
exclusivamente durante o período de vigília e o segundo grupo manteve a redução
durante o sono.

A sociedade Brasileira de Cardiologia (IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE


HIPERTENSÃO, 2002) preconiza que indivíduos com diagnósticos de HAS iniciem a
prática de exercícios físicos regulares, como forma de tratá-la de forma saudável e
natural, desde que exames preliminares atestem a capacidade do indivíduo e
direcionarem qual a prática mais recomendada, o tempo de duração e a intensidade
do exercício, sempre atentando para os índices de consumo máximo de oxigênio
que não deve ultrapassar os 80%. Entidades internacionais, com algumas ressalvas,
concordam com as normas dispostas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
22

Em resumo, pode-se dizer que durante um período de exercício, o corpo


humano sofre adaptações cardiovasculares e respiratórias a fim de atender às
demandas aumentadas dos músculos ativos e, à medida que essas adaptações são
repetidas, ocorrem modificações nesses músculos, permitindo que o organismo
melhore o seu desempenho. Entram em ação processos fisiológicos e metabólicos,
otimizando a distribuição de oxigênio pelos tecidos em atividade. Portanto, os
mecanismos que norteiam a queda pressórica pós-treinamento físico estão
relacionados a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais (MONTEIRO e SOBRAL
FILHO, 2004).

Representando um subgrupo de atividades físicas planejadas, o exercício,


quando realizado com repetições sistemáticas de movimentos orientados,
produzindo aumento de consumo de oxigênio no praticante e um conseqüente
dispêndio muscular, gerando assim, trabalho, é excelente maneira de prevenir e
tratar a HAS, promovendo, portanto a homeostasia do organismo (equilíbrio
fisiológico do mesmo) (MONTEIRO e SOBRAL FILHO, 2004).

O sistema cardiovascular é beneficiado de forma direta, se for bem


executado o exercício. Como ocorre um aumento das demandas metabólicas,
mecanismos específicos aceleram o funcionamento do sistema cardiovascular, onde
são acionadas sob a forma de arcos reflexos constituídos de receptores, vias
aferentes, centros integradores, vias eferentes e efetores entre outros. Esses
mecanismos são multifatoriais, permitindo ao sistema operar de maneira efetiva nas
mais diversas circunstâncias. Os ajustes fisiológicos são processados a partir das
demandas metabólicas, chegando ao cérebro através do tronco cerebral, onde se
situam os neurônios encarregados da regulação central do corpo humano (ARAÚJO,
2001).

Podendo ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos,


os efeitos fisiológicos do exercício físico podem auxiliar na redução dos níveis
tencionais arteriais (ARAÚJO, 2001).

Os efeitos do exercício físico sobre a capacidade funcional do idoso sadio


são benéficos, assim como alguns cuidados especiais como as condições
23

ambientais e a hidratação nessa faixa etária. Alem disso, é importante a prescrição


de exercício na cardiopatia aterosclerótica, que apresenta maior prevalência entre os
indivíduos idosos (PETROIANU e PIMENTA, 1999).

A indicação médica dos exercícios é benéfica em diversas situações e que a


sua prescrição deve ser quantificada de forma individual para professores de
educação física para os idosos sadios e por fisioterapeutas para os idosos com
alguma doença, sendo indicadas em diversas situações, comuns ao envelhecimento,
como a osteoporose, a hipertensão arterial e a obesidade (PETROIANU e
PIMENTA, 1999).

Os melhores tipos de exercícios físicos indicados aos idosos são a


caminhada, atividades aquáticas como natação, hidroginástica ou caminhadas na
água, porém todo exercício deve ser feito com cautela para evitar força contra uma
glote fechada e prevenir complicações cardiovasculares (PETROIANU e PIMENTA,
1999).

1.5 Enfermagem e o atendimento aos idosos

A forma acelerada da transição demográfica atual em vários países,


inclusive o Brasil, sugere um aumento da procura por instituições geriátricas ou
asilos. As relações sócio-econômicas e estruturadas das famílias conduzirão ao tipo
de asilo e o tipo de serviço a ser demandado. Idosos, moradores de regiões
metropolitanas do Brasil, apresentam alta prevalência de risco para
institucionalizações (CHAIMOWICZ e GRECO, 1999).

As doenças do indivíduo senil (crônico – degenerativas, suas seqüelas e


suas limitações físicas, motoras e psíquicas) são indícios de possíveis internações
nessas casas geriátricas. A queda acentuada da taxa de fecundidade, reduz a
disposição de pessoas que possam cuidar desses idosos em seus domicílios. Com o
fato de a mulher cada vez mais assumir um papel profissional na sociedade, acaba
reduzindo de forma drástica o cuidado a entes próximos dela, já que a figura
feminina sempre desempenhou o papel de “cuidador” nas civilizações modernas.
24

Outros arranjos sociais (divórcios, mães solteiras), contribuem para índices altos de
institucionalização de idosos (CHAIMOWICZ e GRECO, 1999).

A internação do indivíduo senil em instituições de longa permanência é


alternativa segura para o idoso, visto que em muitas situações, como reabilitações
longas oriundas de seqüelas neurológicas, ausência de um membro familiar
capacitado e disposto a cuidar, fases terminais de doenças e a dependência que
alguns transtornos mentais (Alzheimer, Parkinson, demências senis) acomete essa
população é bem significativa, denotando aí um aspecto positivo dessas
ocorrências. Já a internação de idosos com baixos níveis de dependência, pode
corroborar com a idéia do tratamento psiquiátrico baseado em manicômios, onde os
idosos estão por vezes institucionalizados por dificuldades da família, abandono ou
negligência tornando-se um modelo defasado em muitos países, onde as variáveis
governo, família e sociedade travam um conflito de cunho social, ainda muito
presente em nosso em país (CHAIMOWICZ e GRECO, 1999).

Maior importância deveria ser dada a essas últimas, pois possibilitariam ao


idoso continuar sob o convívio familiar. A Lei 8.842, de janeiro de 1994, artigo 4º,
parágrafo III, prioriza o atendimento do idoso pelas famílias, ao invés do asilar. Há
críticas, contudo, quanto à falta de políticas públicas que sejam condizentes com o
discurso governamental; isso se relaciona às poucas verbas e fiscalização. A
existência de inúmeros fatores, tais como os demográficos, sociais e de saúde,
conduzem ao aumento da demanda pela institucionalização (YAMAMOTO e
DIOGO, 2002).

Os mesmos autores (YAMAMOTO e DIOGO, 2002) informam que na


Portaria nº 810, de 22 de setembro de 1989, do Ministério da Saúde, estão descritas
as normas e padrões para o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas
e outras instituições destinadas ao atendimento de idosos, quanto à definição,
organização, área física e recursos humanos. Todavia, muitas instituições funcionam
sem estarem sob as condições ideais e, ainda que recebam o aval para
funcionarem, "estão longe de atenderem à população idosa”.
25

Atualmente, o estatuto do idoso é a cartilha que orienta, determina e fiscaliza


as ações de saúde ao idoso e conseqüentemente às instituições que os abrigam,
sendo casas de saúde, asilos, lar geriátrico e sanatórios. Segundo a LEI No 10.741
de 1º de outubro de 2003, nos artigos 15 e 37, reza que:

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio


do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e
igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a
atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. 1o A
prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio
de: I – cadastramento da população idosa em base territorial; II –
atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; III – unidades
geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e
gerontologia social; IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para
a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se locomover,
inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o
Poder Público, nos meios urbano e rural; V – reabilitação orientada pela
geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo
da saúde. 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente,
medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses,
órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou
reabilitação. 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. 4o Os idosos
portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento
especializado, nos termos da lei. Art. 37. O idoso tem direito a moradia
digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus
familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
privada. 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar,
casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da
família. 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada
a manter identificação externa visível, sob pena de interdição, além de
atender toda a legislação pertinente. 3o As instituições que abrigarem
idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as
necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene
indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas
da lei.

Alguns autores mencionam a inexistência da equipe multidisciplinar nas


instituições, que são compostas, muitas vezes, por profissionais pouco qualificados.
Sobre essa questão, particularmente em relação aos profissionais da equipe de
enfermagem, nos deparamos freqüentemente com instituições que não contam, em
seu quadro, com as diversas categorias da área, mas, sim, voluntários, que realizam
procedimentos de competência do auxiliar, do técnico de enfermagem e até mesmo
do enfermeiro (YAMAMOTO e DIOGO, 2002).
26

Também cabe destacar os aspectos legais, dispostos nos Documentos


Básicos de Enfermagem. Conforme consta no Artigo 15 da Lei nº 5.905, de 12 de
julho de 1973, compete aos Conselhos Regionais de Enfermagem “disciplinar e
fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do Conselho
Federal”. Também a Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a
regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências, em seu Art.
2º: “A Enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por
pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem,
com jurisdição na área onde ocorre o exercício”. O atendente de enfermagem,
embora não pertença a qualquer categoria referida no artigo 3º, parágrafo único, da
Resolução COFEN-191, pode exercer atividades limitadas, com autorização do
Conselho Regional (YAMAMOTO e DIOGO, 2002).

No entanto, como as instituições asilares não apresentam o perfil de


estabelecimento de assistência à saúde, mas nelas são exercidas ações de
promoção, proteção e reabilitação da saúde, a fiscalização sanitária é algumas
vezes precária, ou seja, não ocorre, com o devido rigor, uma fiscalização dos
documentos de habilitação inerentes ao âmbito profissional ou ocupacional dos
profissionais que prestam assistência e cuidados aos residentes (YAMAMOTO e
DIOGO, 2002).

Isso reforça a importância da atuação do enfermeiro na supervisão da


assistência adequada prestada aos idosos institucionalizados.

Além disso, a educação continuada do enfermeiro aos profissionais


componentes da equipe, facilita a compreensão das patologias mais freqüentes na
população idosa, entre elas a HAS e distúrbios nutricionais. Por meio da
compreensão, facilita a adesão da equipe nas medidas de controle da patologia e
com isso, otimiza e qualifica o cuidado.

Além disso, compete também aos órgãos fiscalizadores promover estudos


sobre a especialização do profissional de nível médio. Partindo do pressuposto de
que as alterações decorrentes do processo de envelhecimento exigem qualificação e
27

conhecimentos específicos por parte das pessoas que prestam cuidados aos idosos,
a fim de assegurar serviços sem riscos a essa clientela.

A instituição é "fruto das necessidades sociais", sendo objeto de seu controle


e, assim, "passível de ser influenciada por ele e modificada segundo suas
necessidades”. Cabe, portanto, à família, à sociedade e ao Estado assegurar ao
idoso sua cidadania e dignidade, bem-estar e direito à vida, segundo a Lei 8.842,
artigo 3º, parágrafo I (YAMAMOTO e DIOGO, 2002).
2 CAMINHO METODOLÓGICO

2.1 Tipo de estudo

Tratou-se de um estudo quantitativo, descritivo, de delineamento transversal


não controlado, que avaliou a prevalência de HAS entre idosos residentes em um
Lar Geriátrico. O tipo de estudo permitiu que a natureza determinasse seu curso no
qual o investigador mediu, porém não interviu na pesquisa.

O delineamento da pesquisa é o ponto de partida para uma investigação do


estudo do pesquisador. Através do delineamento pode-se traçar os objetivos da
investigação, a abordagem metodológica e as hipóteses do estudo (DUNCAN e
SCHMITD, 2005).

Os estudos transversais medem a prevalência das doenças e são


freqüentemente denominados estudos de prevalência (BEAGLEHOLE, BONITA e
KJELLSTRÖM, 1996).

Este tipo de estudo é útil para determinar a prevalência de fatores de risco e


a freqüência dos casos de uma doença para uma determinada população, medindo
ainda a situação de saúde vigente, planejando e incluindo prioridades para o
controle dessas doenças (JEKEL, ELMORE e KATZ, 1999).

Para Fletcher e Wagner (2002, p. 93 - 94) “qualquer fator que aumente a


duração da doença ou da manifestação clínica de um paciente aumenta a chance de
tal paciente ser identificado em um estudo de prevalência”. Alega ainda: “Os estudos
de prevalência podem ser usados para investigar potencias relações causais entre
fatores de risco e uma doença, ou entre fatores prognósticos e um desfecho”.

Na descrição quantitativa descrevemos a predominância, a freqüência, o


tamanho e os atributos mensuráveis de um fenômeno (POLIT, BECK e HUNGLER,
2004).
29

As variáveis quantitativas, por sua vez, envolvem distinções não-


substanciais, no sentido de diferenças ou desigualdades de grau, freqüência,
intensidade, volume. Referem-se às propriedades que mantêm a mesma natureza
em toda a sua extensão ou dimensão, que se mostram ora com maior, ora com
menor expressão, podendo ser manifestada em termos numéricos (ALMEIDA FILHO
e ROUQUAYROL, 1999).

Trata-se um estudo descritivo porque tem como objetivo fundamental expor


características de uma determinada população (grupo), ou seja, o sexo, a idade,
entre outros fatores (GIL, 2002).

O pesquisador é quem conduz a pesquisa descritiva, observando-a,


contando-a, descrevendo-a e classificando-a (POLIT, BECK; e HUNGLER, 2004).

2.2 Campo de estudo

O estudo foi realizado em um lar geriátrico, da região do município de Porto


Alegre.

Esse lar geriátrico é composto de dois andares, contando com serviço de


enfermagem 24 horas por dia, similar aos serviços de enfermagem implantados na
maioria das Instituições hospitalares do país. Conta também com serviço de
orientação psicológica, serviço de nutrição e equipe médica especializada deste
município. Atualmente o lar conta com 40 leitos dispostos em 20 quartos Alguns
custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), outros, em sua maioria particulares,
sendo o próprio idoso ou seu familiar responsável, o agente mantedor
financeiramente dos gastos relacionados á sua moradia, bem como seu tratamento,
no caso de doenças e cormobidades relacionadas as seqüelas e ao envelhecimento
típico dessa população
30

2.3 População e amostra

A população integrante deste estudo foram todos os idosos que residem


neste Lar Geriátrico desta Instituição Hospitalar de Saúde do município de Porto
Alegre. Existem no lar 40 idosos, porém a pesquisa foi aplicada em 30 indivíduos
senis, devido aos 10 restantes não se enquadrarem nos critérios de inclusão da
pesquisa. Nenhum idoso, ao ser esclarecido e incluindo nos critérios de exclusão,
deixou de participar da pesquisa.

2.4 Critérios de inclusão

 Idosos com idade superior a 60 anos.

 Alfabetizados.

 Residentes no lar geriátrico.

 Capacitados cognitivamente, sem quadros de demências senis.

2.5 Critérios de exclusão

 Não aceitar participar da pesquisa.


 Ser cognitivamente incapaz

2.6 Coleta de dados

Inicialmente foi solicitada autorização da direção do Lar Geriátrico para


realização da pesquisa, utilizando a Carta de Apresentação do Acadêmico.
31

A coleta de dados ocorreu através de entrevista estruturada, com aplicação


de instrumento de coleta de dados (APÊNDICE A) contendo questões fechadas, no
período de junho a julho de 2006. As perguntas foram formuladas aos idosos,
visando facilitar a compreensão, e as respostas registradas pelo pesquisador, no
instrumento.

Inicialmente, os idosos foram convidados a participar da pesquisa sendo


orientados sobre os objetivos do estudo, ainda sendo esclarecidos quanto a
preservação de sua identidade e respostas.

Mediante o aceite por parte do idoso, este foi esclarecido acerca do Termo
de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B), e após a assinatura do
mesmo, aplicou-se o instrumento de coleta de dados.

Foram utilizados os horários cedidos pela direção do Lar Geriátrico, a fim de


não interferir no processo de cuidado e atividades realizadas pelos idosos.

Para avaliar a prevalência de HAS na população, foram utilizados os


registros da equipe médica no prontuário dos idosos. Na ausência da descrição da
patologia no prontuário, são considerados hipertensos todos os idosos com níveis
tensionais acima de 140/90 mmHg (IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial,
2002) no registro de sinais vitais , ou os que fazem uso de anti-hipertensivo.

Para fins de análise, serão considerados idosos, neste estudo, todos os


indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos (YAMAMOTO e DIOGO, 2002).

Para cálculo e interpretação dos valores de IMC, foi utilizada a definição da


World Health Organization (WHO, 1995). Índice de Massa Corporal (IMC) é uma
medida do grau de obesidade uma pessoa. Através do cálculo de IMC é possível
saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para sua
estatura. O método de calcular IMC é o seguinte: dividir o peso do indivíduo em
quilogramas pela altura ao quadrado (em metros). Adaptando para indivíduos
idosos, o IMC:
32

Cálculo IMC Situação

Abaixo de 18,5 Abaixo do peso ideal

Entre 18,5 e 24,9 Peso normal

Entre 25,0 e 29,9 Sobrepeso

Entre 30,0 e 34,9 Obesidade grau I

Entre 35,0 e 39,9 Obesidade grau II

Entre 40,0 e acima Obesidade grau III


Quadro 2: Índice de Massa Corporal
Fonte: WHO (1995, p. 11)

Adaptando para indivíduos idosos, sobrepeso será considerado quando IMC


for superior a 27 Kg/m2 e baixo peso quando IMC for inferior a 22 Kg/m2
(LIPSCHITZ, 1994).

2.7 Análise dos dados

Os dados coletados foram armazenados em banco de dados eletrônico,


submetidos à tabulação em planilhas eletrônicas, e posteriormente submetidos ao
tratamento estatístico.

A análise dos dados foi realizada pelo software Excel. A análise estatística
foi realizada utilizando estatística descritiva, com médias e porcentagens,
distribuição de freqüências, média e desvio padrão que avaliou a associação entre
as variáveis e os desfechos.

2.8 Considerações éticas

Foi apresentado ao idoso o TCLE, onde está esclarecido que a sua


participação se deu de forma voluntária, que o pesquisado poderá por livre e
espontânea vontade deixar de fazer parte do estudo, se assim o desejar, sem
prejuízo à sua pessoa ou à sua assistência, que seus dados serão mantidos em
sigilo, preservando assim seu anonimato.
33

O Instrumento de coleta de dados somente foi aplicado após autorização do


responsável pelo lar geriátrico.

Os resultados da pesquisa estão disponíveis para apreciação pela direção


do Lar Geriátrico, bem como o pesquisador se compromete a fornecer possíveis
orientações sobre HAS aos idosos, quando se for solicitado.
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

O gráfico a seguir apresenta o perfil da população pesquisada por sexo:

Masculino Feminino

43,3% 56,7%

Gráfico 1: Sexo
Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

O Gráfico 1 mostra que 56,7% da população estudada era masculina,

totalizando 17 homens e 43,3% era feminina, perfazendo 13 mulheres.

Em relação a prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica na população


pesquisada, o Gráfico 2, abaixo, mostra de maneira bem clara o resultado do
objetivo principal do meu projeto.
35

Sim Não

70,0%
30,0%

Gráfico 2: Prevalência de Hipertensão Arterial


Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

Confirmaram-se as suspeitas iniciais de que era grande a prevalência de


HAS no grupo investigado, corroborando com o autor Gus (2002), que afirma em seu
artigo científico que a HAS, doença de grande interesse para a saúde pública, é
largamente conhecida como fator de risco para o desenvolvimento de outras
doenças cardiovasculares, apresentando alta prevalência na população adulta
mundial, principalmente acima dos 40 anos. Conclui também que no Rio Grande do
Sul, é alta a prevalência de HAS e esta é estritamente associada à idade e ao
sobrepeso, objetos esses de abordagem secundárias objetivamente em minha
pesquisa.

No gráfico observa-se que 70% da população investigada é hipertensa,


perfazendo um total de 21 sujeitos, e 30% não são hipertensos, totalizando apenas
9 sujeitos que não apresentam hipertensão.

Relacionando-se a Hipertensão Arterial Sistêmica que na população


investigada totalizou 21 sujeitos, com a faixa etária desta mesma população, foi
observado que:
36

30%
26,7%

25% 23,3%

20,0%
20%

15%

10,0% 10,0%
10%
6,7%

5% 3,3%

0%
Até 60 De 61 a 65 De 66 a 70 De 71 a 75 De 76 a 80 De 81 a 85 Acima de 85

Gráfico 3: Faixa etária (anos)


Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

Dentro da faixa de idade pré-estabelecida no Gráfico 3, em subgrupos


etários, em porcentagem, existe uma paridade de hipertensos que variam de 61
anos a 75, onde encontramos o maior número de hipertensos. O gráfico mostra que
na população pesquisada, 20% dos idosos hipertensos tem idade de 61 a 65 anos,
perfazendo o número de 4 idosos, 26,7% de idade entre 66 a 70 anos, totalizando o
número de 6, e na faixa compreendida entre 71 a 75 anos, 23,3% são hipertensos
perfazendo o número 5 idosos. Isto nos leva ao total de 15 idosos hipertensos na
faixa dos 61 aos 75 anos perfazendo 70%. Os outros subgrupos apresentam taxas
percentuais de prevalência da HAS bem inferiores, ficando na média de 30% todos.

Yamamoto e Diogo (2002) reforçam a idéia que é alta a prevalência de HAS


em idosos, não referindo em seus estudos qual subgrupo possa ser mais hipertenso
que o outro.

Com relação a etnia, o gráfico abaixo aponta:


37

Branco Afro-Brasieliro Indígena

60,0%
36,7%

3,3%
Gráfico 4: Etnia
Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

A população de etnia branca ou caucasiana como sendo a grande


prevalente na população idosa do lar pesquisado. 60% dos hipertensos asilados são
da etnia branca no total de 12 idosos, 36,7% são afro-brasileiros totalizando 7 idosos
e 3,3% são de origem étnica indígena, perfazendo o total de 2 idosos hipertensos.

No tocante ao ponto de vista racial, evidências apontam que indivíduos


negros têm uma maior sensibilidade ao sódio e conseqüentemente poderão
desenvolver quadro de HAS em maiores proporções que indivíduos brancos,
conforme Molina et al. (2003). Levamos em conta que a amostra da pesquisa era
estatisticamente de significância pequena nesse lar, assim contrapondo o que
Molina et al. (2003), afirmaram em seu estudo, pois a grande população, quase o
dobro dos hipertensos do lar, é de origem étnica branca.

No contexto da atividade física, podemos observar:


38

Sim Não

70,0%
30,0%

Gráfico 5:
Pratica atividade física
Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

O Gráfico 5 mostra de maneira bem clara que a grande maioria dos idosos
residentes nesse lar geriátrico, 70%, ou seja, 21 idosos não praticam qualquer forma
de atividade física, e apenas 30% deles, totalizando 9 idosos afirmam praticar algum
tipo de atividade física. No geral, praticam caminhadas, danças e outras atividades
menos citadas. Segundo Araújo (2001), o sistema cardiovascular é beneficiado de
forma direta, se for bem executado o exercício. Assim, os efeitos fisiológicos dessas
atividades podem auxiliar na redução dos níveis tencionais arteriais.

De acordo com Monteiro e Sobral filho (2004), o sedentarismo aparece como


preponderante fator de risco para HAS.

No tocante ao aspecto alimentar, podemos constatar no gráfico abaixo:


39

Sim Não

63,3%

36,7%

Gráfico 6: Tem cuidado com a alimentação


Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

O Gráfico 6 refere-se à toda amostra pesquisada. Percebe-se que a maioria


dos idosos residentes no lar, surpreendentemente, em minha ótica, afirmaram que
cuidam da alimentação no geral. Importante frisar, que nesse lar, existe serviço de
nutrição, supervisionados por uma nutricionista. Com certeza, a atividade desse
setor, surte efeito, pois 63,3%, perfazendo um total de 19 dos idosos, responderam
que cuidam da alimentação.

Já 36,7%, ou seja, 11 idosos responderam que não. Molina et al. (2003),


afirma que as condições nutricionais são fatores preponderantes para a manutenção
de uma população saudável, no que diz respeito as doenças cardiovasculares que
geralmente são resultados finais de estágios de HAS, não controlados e assim
agravados.

Correlacionando a alimentação com hipertensão, podemos observar no


gráfico abaixo que:
40

90% 84,2% Alimentação balanceada


80% Alimentação não balanceada

70%

60% 54,5%

50% 45,5%

40%

30%

20% 15,8%

10%

0%
Hipertensão Sem hipertensão

Gráfico 7: Possui alimentação balanceada correlacionada com hipertensão


Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

Aqui, encontramos duas cenas demonstradas no Gráfico 7, a primeira,


mostra o grupo de Hipertensos do lar e a segunda os sem hipertensão. Dos
pacientes que não fazem uso de alimentação balanceada, 84,2%, ou seja, 9 idosos,
são hipertensos como se observa no gráfico e 15,8%, ou seja 2 idosos, não são
hipertensos. Dos pacientes que fazem uso de alimentação balanceada (entende-se
por alimentação balanceada, o equilíbrio de fontes de energia, calorias e suporte
protéico, mineral/vitamínicos necessários á essa população), 45.5%, ou seja, 8
idosos, são hipertensos, enquanto 54,5%, perfazendo 11 idosos, não são
hipertensos

Forciea e Lavizzo-Mourey (1998), afirma que uma alimentação balanceada


é fator preponderante para obtermos índices menores de HAS na população em
geral. Relata ainda que a desnutrição protéico calórica é muito presente na
população idosa. Os idosos, em sua concepção consomem menos de 2/3 da
quantidade diária recomendada, conforme a preconização da Associação Americana
de Nutrição, um dos órgãos referenciais em questões alimentares.
41

80%
73,3%
70%

60%

50% 46,7%
40,0%
40%

30%

20%

10%

0%
Tomar os remédios prescritos Alimentar-se corretamente Praticar exercícios físicos
pelo médico regulares
Gráfico 8: Ações importantes para controle da pressão arterial
Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

O Gráfico 8 demonstra que minha preocupação inicial, lá na concepção do


projeto, se concretiza. Os idosos desse lar não conhecem informações atuais acerca
da patologia e ainda acreditam que “tomar remédios prescritos pelos médicos” ainda
seja a melhor maneira de ação para controlar os níveis tencionais arteriais. 73,3%,
perfazendo o índice de 22 idosos, corroboram dessa idéia, enquanto índices bem
menores para o alimentar-se corretamente são encontrados, 46,7%, ou seja, 14
idosos , e 40% totalizando 12 idosos apenas, acreditam no benefício do praticar
exercícios regularmente. Sabemos que cada caso deve ser tratado individualmente e
que o diagnóstico clínico aplica-se a cada idoso. No entanto, é consenso no mundo
científico, que uma alimentação correta aliada á prática de atividade física criteriosa
e adaptada a cada indivíduo, pois os limites de cada ser são diferentes, são ações
importantes para a profilaxia, bem como o retardamento da utilização farmacológica.

Os idosos desse lar ainda acreditam em sua maioria que a medicação para
a HAS ainda é a ação mais confiável e utilizada, demonstrando claramente em
minha ótica, falta de conhecimento e orientação pertinentes, que deveriam ser
passadas por profissionais da saúde que trabalham junto á essa população.
42

Conforme Monteiro e Sobral Filho (2004), a tendência de utilizar precocemente


agentes medicamentosos está sendo substituída cada vez mais pela implementação
da prática gradual e regular das atividades físicas, bem como uma alimentação mais
saudável e balanceada, que visam não só uma redução estatística em números de
hipertensos, mas também uma melhora natural das condições de vida da população.

80% Hipertensão Sem hipertensão


71,4%
70% 66,7%

60%

50%

40%
33,3%
28,6%
30%

20%

10%

0%
Atividade física Sem atividade
Gráfico 9: Distribuição dos entrevistados segundo prevalência e atividade física
Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

Correlacionando a atividade física com a hipertensão, o Gráfico 9 mostra


dois grupos distintos relacionados à prática de atividade física. O grupo de não
hipertensos que praticam atividade física representa 33,3% da amostra, ou seja, 3
idosos e o grupo de hipertensos que praticam atividade física está estabelecido em
28,6 %, perfazendo 6 idosos . Assim, dentre os idosos que não praticam atividade
física, pelo gráfico temos 71,4%, ou seja, 15 idosos hipertensos sedentários, e não
hipertensos temos 66,7%, totalizando 6 idosos não hipertensos e sedentários.

Desta forma, constatamos que na população temos 15 idosos sedentários e


6 idosos ativos que possuem hipertensão. E constatamos ainda, que temos 6
idosos sedentários e 3 idosos ativos que não são hipertensos.
43

Esse resultado comprova o que segundo Monteiro e Sobral Filho (2004)


afirmam, dizendo que atualmente o sedentarismo aparece como preponderante fator
de risco para HAS em adultos e idosos. Indivíduos que não praticam exercício físico
são mais propensos a desenvolverem HAS e sendo assim, aumentarem a taxa de
eventos patológicos cardiovasculares, bem como o número de mortes e seqüelas
decorrente da doença.

IMC abaixo de 27 IMC 27 ou mais


80% 76,2%

70% 66,7%

60%

50%

40%
33,3%
30% 23,8%
20%

10%

0%
Sim Não
Pressão alta

Gráfico 10: IMC relacionado com pressão alta


Fonte: Dados de pesquisa realizada pelo autor

O Gráfico 10 apresenta dois grupos distintos e relacionados com a


obesidade, um dos fatores preponderantes e freqüentemente observado em
populações, não só idosa, mas como numa variável presente na população em
geral, estritamente relacionada com a HAS.

O grupo da Esquerda mostra que 76,2% dos indivíduos idosos do lar


geriátrico que são hipertensos, ou seja, 16 idosos, apresentam IMC compatível com
sobrepeso e obesidade. Apenas 23,8% dos indivíduos idosos hipertensos,
perfazendo 5 idosos apresentam índices de massa corporal abaixo do considerado
sobrepeso/obesidade.
44

Molina et al, (2003) afirma em seus estudos que o peso, além de outros
fatores como o sedentarismo, o próprio envelhecimento, o tabagismo, o estresse,
fatores genéticos, etnia, condições nutricionais, além de outros desconhecidos são
as principais causas da elevação dos níveis tencionais e pressóricos em adultos e
idosos. É o que aparentemente ocorre nessa população investigada.

Já no grupo de não hipertensos existe uma paridade de peso concernentes


ao IMC, mostrando uma pequena população de sobrepeso/obesos de 33,3% dos
indivíduos ou seja, 3 idosos. Contudo nos idosos com IMC abaixo de 27, temos
66,7% , totalizando 6 idosos, que se enquadram no índice de massa corporal,
aceitável, conforme o autor Gus (2002) preconiza, já com a devida adaptação no
IMC para indivíduos idosos.
CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de pesquisa acadêmica, sobre a prevalência de HAS em uma


população idosa e residente em um lar geriátrico no Município de Porto Alegre
propiciou, através da visualização gráfica, a percepção da cena encontrada em
campo de pesquisa.

Pôde ser constatado que realmente os idosos residentes nesse lar são
portadores de HAS, em sua grande maioria e que eles no geral, desconhecem as
nuances da doença, bem como medidas de profilaxia, tratamento e as condições
saudáveis que os idosos poderiam desfrutar, caso tivessem um suporte mínimo de
informações sobre os mecanismos da HAS, a correlação com os problemas
cardiovasculares, as seqüelas definitivas que essa patologia implica em muitos
casos e os multifatores que influenciam direta e indiretamente na doença e sua
relação com os idosos e com o lar que os abriga.

Foi descrito no trabalho, conforme seus objetivos, a relação dos idosos com
a HAS e os multifatores importantes que aparecem como condição predisponente
para o aumento das chances dessa população pesquisada em adquirir a HAS, ou
complicar seu quadro, pois foi observado através das análises o quanto Hipertenso é
essa população investigada. Sexo, Etnia, prática de atividades físicas, nutrição
adequada, conhecimento das ações importantes para o combate da HAS por parte
dos idosos, peso foram alencados neste trabalho no intuito de proporcionar melhor
compreensão por parte do leitor e ao mesmo tempo servir de subsídios para uma
acurada discussão dos resultados, tendo em vista a facilidade que os gráficos
proporcionam na avaliação dos mesmos.

Tive o privilégio como acadêmico formando do curso de Enfermagem, de


realizar essa pesquisa, no tocante á sua importância, pois pesquisas do gênero não
são muito comuns no meio científico, devido á certo preconceito que temos no geral
de investigar a situação de vida de nossos idosos, suas dificuldades, limitações,
doenças, incapacidades e de lidar-mos com a pouca infra-estrutura que os lares
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geriátricos infelizmente dispõem, causando ainda uma consternação de inexorável


magnitude, no pesquisador, bem como naqueles que dependem do serviço de
algum modo.

Cabe ressaltar que o Estatuto do Idoso ainda é uma cartilha nova, que
carece de ajustes, de políticas fiscalizadoras mais presentes e rigorosas e ainda de
respeito por quem conduz a saúde de nossa famigerada e sofrida população idosa.

Com a idéia de que esse trabalho possa servir de algum modo para futuros
pesquisadores, para acadêmicos da área da saúde no geral, afirmo que muito tem
que ser feito em relação aos nossos idosos Hipertensos, pois concluir algum estudo
definitivo sobre esse tema seria surreal, ou no mínimo um sofisma. Devemos estar
embuidos de perseverança, de trabalho e de empenho para mudarmos essa
realidade ainda tão aquém de nossas expectativas, quer seja pela ótica científica,
quer seja pelo prisma social.
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APÊNDICES
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APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1. Idade
_____ anos
2. Sexo.
( )Masculino ( )Feminino
3. Etnia.
( )Branco ( )Afro-brasileiro ( )Indígena ( )Asiático ( )Outro________
4. Peso.
_________Kg
5. Altura.
_________cm
6. Você pratica atividade física?
( )Sim ( )Não
Se não, por quê: ______________________________________________

7 Você tem pressão alta?


( )Sim ( )não

8. Na sua opinião, quais as ações importantes para o controle da Hipertensão


Arterial?
( )Praticar exercícios físicos regulares
( )alimentar- se corretamente;
( )Tomar os remédios prescritos pelo médico.
( )Outros. Quais?_________________________________

9.. Você tem cuidados com sua alimentação?


( )Sim ( )Não
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10. Quantas refeições você faz por dia?


( )1x/dia ( )2x/dia ( )3x/dia ( )4x/dia ( )mais de 4x/dia

11. Você tem alimentação balanceada? (frutas, verduras (coloridas), carnes


variadas)?
( )Sim ( )Não

12. Dados a serem coletados no prontuário do paciente

12.1. Há registro pela equipe médica, o idoso ser portador de HAS?


( )Sim ( )Não

12.2. Há prescrição de medicamentos anti-hipertensivos?


( )Sim ( )Não
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APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Esta pesquisa tem o objetivo de obter informações sobre o conhecimento e adesão


ao tratamento da hipertensão arterial sistêmica nos moradores deste lar geriátrico.
Aceitando participar da pesquisa, você responderá a um instrumento de pesquisa
sobre seu conhecimento acerca de hipertensão, a prática de atividades físicas e
seus hábitos alimentares. Também será pesquisado o seu prontuário nesta
Instituição, sempre mantendo o sigilo das informações coletadas.

Com esta pesquisa, não haverá qualquer interferência na sua assistência e na rotina
das atividades do Lar.

O presente estudo é proposto pelo acadêmico de enfermagem Rafael Rael De


Barros, sob a orientação da professora Ms. Rúbia Natasha Maestri.

Declaro pelo consentimento informado que fui esclarecido de forma clara e


detalhada dos objetivos da pesquisa, e estou ciente: da garantia do esclarecimento
de qualquer dúvida a cerca do estudo, nos telefones 3339-7897 ou 3314-3690, da
segurança de que não serei identificado, mantendo confidencial todas as
informações coletadas e de que o trabalho será usado para fins de conhecimento
exclusivamente científico.

Estando ambas as partes de acordo,


____________________________
Assinatura do sujeito do estudo

________________________ _______________________
Rafael Rael Rúbia Maestri
RG 7038583841 RG 3095536269

Novo Hamburgo, ____ de _________________ de 2006.

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