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PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA

NOME: Rita Alexandra JorgePires


DATA: 31 de Março de 2010
ÍNDICE

1.A MORTE E O MORRER 1


2.CUIDADOS PALIATIVOS 3
3.REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS VS
CUIDADOS PALIATIVOS 5
4.SITUAÇÃO ACTUAL DOS IDOSOS 6
5.CONCLUSÃO 9
6. BIBLIOGRAFIA 11
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A Morte e o Morrer

Viver e morrer são questões da vida obrigatórias. Todos nós precisamos viver para morrer e só
morremos após ter vivido, deste modo a morte é uma questão inevitável tal como a vida. A forma
como a encaramos, a forma como lidamos com ela é que nem sempre é a melhor. Prespectivar a morte
é encará-la como um fim, o qual pode ser trágico, bem conseguido e/ou esperado. Quando
vivênciamos situações de mortes cruéis e inesperadas penso que encaramos a morte com maior
dificuldade e chegamos muitas vezes a ter medo dela, mas lá no fundo sabemos que não podemos
fugir. Assim só há uma coisa a fazer, tomar consciência de que o fim da vida irá acontecer, não
interessa quando, mas é um “mal necessário”. Tornarmo-nos mais fortes perante o fim último não
deixa de ser uma aceitação pelo fim da vida e ao conseguirmos isso iremos estar preparados para
quando ela vier. Hoje existem já muitos apoios a nível social e de saúde que nos podem ajudar a
conseguir sentirmo-nos bem quando falamos na morte. “É talvez sinal de prisão ao mundo dos
fenómenos o terror e a dor ante a chegada da morte ou a serena mas entristecida resignação com que
a fizeram os gregos uma doce irmã do sono; para o espírito liberto ela deve ser, como o som e a cor,
falsa, exterior e passageira; não morre, para si próprio nem para nós, o que viveu para a ideia e pela
ideia, não é mais existente, para o que se soube desprender da ilusão, o que lhe fere os ouvidos e os
olhos do que o puro entender que apenas se lhe apresenta em pensamento; e tanto mais alto
subiremos quando menos considerarmos a morte como um enigma ou um fantasma, quanto mais a
olharmos como uma forma entre as formas.”1 seria talvez esta a melhor forma para encararmos a
morte, vê-la como algo natural e não com um sentimento de ódio. Seria sempre melhor olhá-la de
frente e tudo seria mais fácil. È correcto, mas nada disto é fácil, fácil sim é dizer, dissertar sobre, mas
encará-la como natural é demasiado complicado. A nível pessoal a morte é algo que me assusta, não
consigo lidar muito bem com ela e isso por vezes prejudica-me a nível pessoal. Sei que morrer é
inevitável, mas existem coisas tão boas na vida que perdê-las para mim é impensável. Sim, podemos
dizer que talvez depois da morte existem coisas melhores e todos nos encontremos por lá, mas isso
ficará sempre uma incógnita! Morrer é um fim, quer queiramos quer não e é como um fim que deve ser
vista! Talvez por experiência pessoal, por já ter vivenciado a morte de alguém muito próximo, por tê-la

1 Agostinho da Silva, Diário de Alcestes, in http://citador.weblog.com.pt/arquivo/273968.html


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visto chegar na hora e não poder fazer nada para a mandar embora, o sentir-me impotente perante ela,
o querer ajudar e manter alguém comigo e não conseguir trouxe-me uma sensação de desconforto
perante ela. Foi assustador encará-la não em mim, mas em alguém que para mim significava muito, o
deixar de a ver todos os dias, o não poder ouvir a sua voz, o não poder conviver com ela, foi como se
me cortassem um pouco de mim. Para mim morrer é perder tudo, é deixar tudo para trás, sonhos,
objectivos, vontades, é dificil...
No entanto, compreendo que a morte seja um ponto em que tudo vai, mas também se for de
uma forma digna e sossegada, será melhor aceite e deixará para os que cá ficam uma sensação de
conforto por tudo terem feito para que quem parta vá em paz. Aceito que a nossa felicidade também se
prenda com a forma como encaramos a morte, aceitá-la pode ser dificil, mas se aprender-mos a fazê-lo
deixaremos de ser tão pessimistas, tão inseguros, tão pouco motivados, já que ela é inevitável temos de
aceitá-la e ponto. Se vivermos constantemente agarrados à incerteza de quando vamos morrer, não
vivemos o suficiente, não conseguimos nada na vida e não podemos ser felizes nem fazer feliz quem
vive à nossa volta, por isso digo, aproveitar e viver a vida como se cada dia fosse o último devia ser
um lema para todos, incluindo eu. É estranho como tenho tanto “medo” da morte e do morrer, mas
como consigo perceber como deviamos reagir. Talvez o morrer não seja assim tão dificil, talvez se
estivermos numa situação penosa a consigamos encarar mais facilmente. A questão a colocar é a
dignidade de cada ser humano, já que temos de morrer um dia, ao menos que isso seja feito com
dignidade sempre que possível, ou se não for possível no momento da morte, então que cuidem do ser
humano depois de morrer, como um ser que merece ser respeitado possa voar ao céu em paz, digno por
ter vivido e digno por poder viver uma vida plena depois da morte, quero acreditar nisso!
Tal como afirma Goethe, “a vida é a infância da nossa imortalidade”, pois apesar de eu
encarar a morte com algum receio, também acredito que depois haverá mais que podemos viver,
embora de forma diferente mesmo que seja apenas com a alma, haverá algo que nos transmitirá a paz
que precisamos. Viver é uma passagem como tantas outras que existem na nossa vida, mas o viver em
si será o caminho maior e a passagem com maior duração e dificuldade que teremos que enfrentar,
como dizem muitos autores, viver pode ser bem mais dificil que morrer. Há uma frase que até hoje
para mim descreve bem aquilo que devemos sentir e perceber sem qualquer pudor e me dá talvez uma
voz de esperança: “Já viste, numa tarde de Outono, cair as folhas mortas? Assim caem todos os dias
as almas na eternidade. Um dia, a folha caída serás tu.” afirma Josemaria Escrivá.

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Cuidados Paliativos

Os cuidados paliativos são cuidados que encaram a morte como natural e não pretendem atrasá-
la ou apressá-la. O seu objectivo primordial é o bem-estar e a qualidade de vida do doente, para isso
pretendem aliviar os sintomas e prestar o maior conforto. Este tipo de cuidados não abrange apenas
uma área, a da saúde, pretendem e devem ser mais gerais do que isso, por tal formam uma equipa com
profissionais das mais diversas áreas em que é necessário apoiar o doente, de entre elas, a física, a
psicológica, a social e a espiritual. Assim, os cuidados paliativos não são oferecidos apenas com base
feita no diagnóstico do utente, mas também no prognóstico, não centram a sua atenção apenas no
doente, mas também na sua família e procuram sempre apoiá-la na fase de luto.
A sua filosofia não passa apenas pelo proporcionar de bem-estar, mas essencialmente por
questões éticas, como o respeito pela vida e a aceitação da inevitabilidade da morte, quando os
malefícios resultantes dos tratamentos para a preservação da vida ultrapassem os seus benefícios
potenciais devem esses tratamentos ser suspensos e proporcionar-se conforto na morte. Não será tarefa
fácil nem para o cuidador nem para o próprio, mas será uma necessidade a fim de se conseguir sucesso
e concretização do objectivo final.
Existem uma série de passos pelo qual a equipa de cuidados paliativios deve passar para que o
seu trabalho seja bem sucedido, primeiramente deve trabalhar como equipa, averiguando a situação
clínica e pessoal do doente, depois controlar os sintomas, nunca devem esquecer que a comunicação é
muito importanto tanto entre o profissional e o doente como entre o profissional e a família do doente,
devem estar sempre dispostos a explicar com clareza todas as dúvidas que ambos tiverem, pois quanto
menos dúvidas surgirem menos problemas se causarão. Para além da comunicação verbal existe outra
que é tão ou mais importante, sabemos que um olhar, um toque, o ouvir e muitas vezes até um silêncio
pode transmitir muitas coisas e a sensação e a forma como “tocamos” o outro no seu interior pode ser
satisfatória e confortante para o doente. O apoio à família é outro passo pelo qual o profissional passa
no acompanhamento do doente, uma pessoa dispõe, até ao fim, de actos de vida e uma vez que se fala
de preparar para morrer, trata-se de organizar estes últimos tempos de vida ou de emitir desejos, para
que se possa ajudar a alcançá-los, o escolher acompanhar na vida é permitir ao doente (e aos que o
rodeiam) suportar esta última etapa de vida que precede a morte. O tempo e uso do mesmo que resta

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têm sentidos diferentes para a pessoa em fase terminal, por isso há que conhecer muito bem tudo à sua
volta. Cada familía tem as suas necessidades, tanto cognitivas (de informação e ensino), como de apoio
socio-económico para se adaptar às necessidades do doente, como também apoio na procura da melhor
assistência de apoio domiciliário, por exemplo, quando o doente estiver em casa.
Se perguntar-mos à maioria dos doentes em fase terminal, onde gostaria de morrer, certamente a
resposta seria, em sua casa e não no meio hospitalar, mas é certo que é complicado para as famílias
aguentar uma morte em sua casa e saber reagir perante ela e até mesmo dar resposta às últimas
necessidades do doente, por isso morrer no domicilio só é possível se existirem familiares e/ou amigos
que assumam a tarefa de cuidar dele. Este apoio quando conseguido é muito importante, pois
possibilita o ajuste pessoal de cada um à situação, aumentando a capacidade de cuidar e proporciona
uma adaptação normal à perda (luto).
A equipa de cuidados paliativos deve como acima referi dar apoio nesta última fase do
processo de luto, este é bastante penoso para muitos e a incapacidade de lidar com a perda por parte de
muitos familiares, muitas vezes pode tornar-se em situações mais graves (patologias) nomeadamente
em problemas psicológicos e, a equipa deve visitar a familia mais frequentemente e sempre que
necessário encaminhar a pessoa para um centro de apoio psicológico e/ou social. A doença de alguém
é também doença familiar, pois afecta não só o doente como as pessoas que lhe são mais próximas,
pelo que devemos cuidar do doente e da família.
Assim sendo, o objectivo é proporcionar qualidade de vida, claro que sendo esta aquilo que a
pessoa considera como tal e, está relacionada com o grau de satisfação que a pessoa sente pela vida
sendo influenciada por todas as dimensões da personalidade (física, psicológica, biológica, social e
espiritual), claro que se prende principalmente com o controlo/alívio dos sintomas, para que a pessoa
possa morrer com dignidade. Dignidade é a palavra certa!
A filosofia deste tipo de cuidados ainda se prende com os direitos que o doente em fase
terminal tem, tais como, manter a sua dignidade como pessoa, não ser reduzido a mais um caso,
manter a sua identidade, o seu “eu”, com poder de decisão desde que se mantenha no seu estado
perfeito de consciência; devem ter sempre respeito pela autonomia do doente consciente. Na posse das
suas capacidades psíquicas, deixa de ser passivo para se tornar participativo nas decisões terapêuticas
ou outras. Não deve ser o profissional de saúde a decidir pelo doente aquilo que pensa ser o melhor
para o mesmo. A família decide muitas vezes onde o doente irá morrer e pede ajuda para que isso não
aconteça em casa, quando a maioria das vezes como já foi dito, o doente quer morrer em casa; o
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doente deve ainda ser informado com verdade e respeito, obter respostas verdadeiras a perguntas
formuladas com sinceridade, tem também direito de saber a verdade que ele próprio procura e não a
que lhe querem transmitir, tem ainda o direito à confidencialidade, ou seja, que os seus dados sejam
utilizados apenas com conhecimento do próprio; Todo o doente deve ser respeitado nas suas
convicções sociais e religiosas, deverá poder receber (ou prescindir) de conforto espiritual, poderá
manter os contactos estreitos com a família e com os amigos, tem também o direito de não sofrer ou de
não ser sujeito a sofrimento intenso ou prolongado e a receber a terapêutica analgésica adequada.
Morrer em paz e com dignidade é o último e talvez o mais importante direito do doente. Morrer assim
é a última oportunidade para o exercício da sua liberdade, o ideal seria que ocorresse em ambiente
familiar, mas por diversas razões isso não acontece. Na maioria das vezes o doente morre no hospital e
quase sempre sozinho.

Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados vs Cuidados Paliativos

“ A rede é constituída por unidades e equipas de cuidados continuados de saúde, e/ou apoio
social, e de cuidados de acções paliativas com origem nos serviços comunitários de proximidade,
abrangendo os hospitais, centros de saúde, os serviços distritais e locais da segurança social, a rede
solidária e as autarquias locais.”2
Dos seus objectivos fazem parte a melhoria das condições de vida e de bem-estar das pessoas
em situação de dependência; o apoio, o acompanhamento e o internamento técnicamente adquado á
respectiva situação; o apoio dos familiares a prestadores informais, entre outros.
“ Os cuidados continuados integrados incluem-se no serviço nacional de saúde e no sistema de
segurança social, assentam nos paradigmas da recuperação global e da manutenção, entendidas
como o processo activo e contínuo, por período que se prolonga para além do necessário para
tratamento da fase aguda da doença ou da intervenção preventiva e compreendem: a reabilitação, a
readaptação, a provisão e manutenção de conforto e qualidade de vida, mesmo em situações
irrecuperáveis.”3 Por outro lado, “os cuidados paliativos centram-se no alívio do sofrimento das
pessoas, na provisão de conforto e qualidade de vida e no apoio às famílias”4.

2 Diário da Républica-1ºsérie-A, nrº109 de 6 de Junho de 2006, artigo 2º


3 Diário da Républica-1ºsérie-A, nrº109 de 6 de Junho de 2006, artigo 5º
4 Diário da Républica-1ºsérie-A, nrº109 de 6 de Junho de 2006, artigo 5º
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Os cuidados paliativos integram a tipologia da Rede Nacional de Cuidados Continuados


Integrados, constituíndo unidades de internamento das mesmas, sendo equipas intra-hospitalares e
fazendo parte das equipas domiciliárias.
“A unidade de cuidados paliativos é uma unidade de internamento, com espaço físico próprio,
preferencialmente localizado num hospital, para acompanhamento, tratamento e supervisão clínica a
doentes em situação clínica complexa e de sofrimento, decorrentes de doença severa e/ou avançada,
incurável e progressiva.”5
Esta unidade é gerida por um médico e assegura serviços como: cuidados de enfermagem,
exames complementares, cuidades de fisioterapia, acompanhamento e apoio psicossocial e espiritual,
entre outros.
Como filosofia os cuidados paliativos e a rede apresentam os mesmos direitos do doente – os
quais visam a sua integridade enquanto Ser Humano, tais como o direito à dignidade, à privacidade, à
informação, ao consentimento informado de todas as intervenções, entre outros.

Situação Actual dos Idosos

Nos dias de hoje existem cada vez mais idosos dependentes por motivos de saúde diversos. A
isto devem-se factores tais como o aumento do índice de esperança média de vida e assim o
consequente aumento da população idosa. Infelizmente existem ainda poucos recursos para o apoio aos
idosos e à população em geral e, os que existem são apenas para acompanhamento temporário e muito
limitado, permitem de facto alguma recuperação, mas não a totalidade, como é o caso dos cuidados
continuados. Mas quando saem destes cuidados para onde vão? A quem devem pedir apoio? Quem os
auxilia? Quem os encaminha?
Os centros de saúde e hospitais são locais de assistência, mas também eles temporário e
imóveis, ou a pessoa se dirige a eles ou eles não se deslocam até ela, logo no nosso entender talvez
devesemos apostar mais no apoio domiciliário e quando possível introduzir nos meios de assistência
directa (centros de saúde e hospitais) um apoio mais diversificado e de acompanhamento constante,
tais como psicólogos e técnicos psicossociais que pudessem seguir o doente nas diversas necessidades
da vida, incluindo atitudes, pensamentos e necessidades básicas de saúde e da vida diária no seu geral,

5 Diário da Républica-1ºsérie-A, nrº109 de 6 de Junho de 2006, artigo 19º


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direccionando-os para o local certo no momento certo.


Os idosos são a população que por natureza e fisiologia, acarretam no seu processo de
envelhecimento quebras no físico originando os mais diversos problemas de saúde. É certo que
existem pessoas jovens que também necessitam de cuidados, mas são os idosos quem mais sofre de
desaconpanhamento, originando os mais diversos problemas sociais e pessoais, como a solidão e o
isolamento. E são estes os problemas que mais lacunas deixam por preencher nos nossos centros de
assistência.
A proposta seria criar centros com uma tipologia de serviços bastante diversificada que pudesse
colmatar todas as necessidades de doentes crónicos e dependentes. Se a curto prazo já existem,
devemos pensar em apoiá-los em todo o seu processo. Uma dependência é no caso do idoso
práticamente irreversível, pois pode recuperar de um estado grave, mas manter problemas psicológicos
profundos, os quais são difíceis de dissolver num curto período de tempo o que leva a introduzir na sua
vida, incapacidades não a nível físico, mas incapacitantes de igual modo ou ainda mais.
Os cuidados continuados de saúde são o serviço mais completo, pois como já referi abrange tanto o
internamento como o domicílio, mas para tal é necessário que a pessoa ingresse na rede, o que não
acontece na maioria das pessoas que fica dependente, não por motivos de saúde, mas pelo próprio
processo de envelhecimento. Por tal, o apoio domiciliário, não abrangido pela rede de cuidados
continuados, mas como independente, seria útil para práticamente todo o tipo de necessidades do idoso
e da sua família.
O apoio à família é muito mais reduzido, se não for por iniciativa própria, os familiares ficam
muitas vezes sem saber como reagir perante um “ente querido” com dificuldades, para não falar da
situação de luto. Hoje deparamo-nos com esse facto e encaramos muitas dificuldades, pois ao sairmos
de um hospital onde perdemos alguém, nunca mais somos contactados para qualquer tipo de
acompanhamento e, ou as pessoas procuram por si por decisão própria, seja ele amigo ou até um
profissional ou raramente somos encaminhados. Teria então de haver uma reestruturação mais severa
nos serviços de acompanhamento, pois as dificuldades têm um ínicio e podem ter um fim, mas o
mesmo não se passa com as necessidades, que por sua vez começam, mas parecem não acabar.
O sistema nacional de saúde encontra-se neste momento pouco flexivel e pouco abrangente, no entanto
procura hoje criar novos mecanismos de orientação estratégica, propondo que deixem de ser
descentralizadas. Para que tudo funcione o sistema de saúde só tem de encontrar formas de tornar os
serviços mais eficazes, produtivos e racionalizar os gastos. O objectivo seria proporcionar a todos os
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cidadãos um atendimento de qualidade, em tempo útil, com efectividade, humanidade e custos


sustentáveis ao longo do tempo.
Os apoios que temos são na realidade muito poucos e deixam um pouco a desejar, cada vez há
mais população a precisar de cuidados, as respostas são escaças e muito limitadas. Encontramos
pessoas que aguardam durante meses para serem chamadas para uma rede de cuidados, muitas vezes
não por atraso no trabalho, mas por sobrecarga de doentes. A solução passaria por aumentar o número
de redes a nível nacional, não só pelo facto de ser mais fácil dar resposta às muitas necessidades do
doente, mas também por haver uma maior probabilidade de o doente ficar perto dos seus familiares, o
que muitas vezes não pode acontecer por as redes mais próximas se encontrarem lotadas. Quando o
utente decide esperar, ou é obrigado a fazê-lo por ter de aguardar vaga. É inadmissível num país como
o nosso que se diz querer desenvolver mais que muito, ainda encontrarmos pessoas que necessitam de
apoio urgente para uma recuperação de sucesso e encontram-se meses em casa a aguardar, muitas
vezes sem condições essenciais. E mais cruel ainda é o facto de virem de um centro de assistência
como o hospital, para casa sem qualquer recomendação de apoio durante o tempo de espera. Assim
grande maioria das pessoas idosas que não têm capacidade para procurar soluções, vêem-se
desapoiadas, o que torna ainda mais dificil a sua recuperação. No meu entender, a proposta mais viável
e talvez a que melhor resposta pudesse oferecer seria a criação de mais respostas domiciliárias com
equipas multifucionais, ou seja, constituidas por profissionais das diversas áreas, tais como
enfermagem, psicologia, assistência social, sociologia, medicina, técnicos/auxiliares de limpeza e
geriatria, etc... Com esta equipa poderiam ser dadas respostas que abrangeriam qualquer idoso e
familiar que padecesse de doença crónica e ou dependência. Estas equipas deveriam ingressar outros
centros de assistência já existente como é o caso dos hospitais e centros de saúde. Neste último devia
ainda existir uma equipa multidisciplinar permanente, ou seja, uma equipa de apoio geral e não apenas
biológico do próprio idoso e da sua família. Com a existência de psicologos nos centros de saúde
muito do tempo de espera para consultas seria reduzido, pois é certo que muitos idosos procuram o
médico não por motivo de doença, mas para conversar um pouco e desabafar os males da vida.
Assim sendo, podemos concluir que a nossa assistência deveria passar por abranger qualquer área e ou
necessidade, não podemos partir do príncipio que só precisa de apoio aquele que se desloca ao hospital
e que por sua vez é encaminhado para uma rede que apenas o apoio no máximo durante três meses, há
necessidades básicas muito superiores a isso e as quais têm de ser controlados mais fortemente ao
longo de toda a vida do idoso. A ideia seria então criar um centro de apoio que funcionasse e
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abrangesse qualquer área, desde o ínicio da doença, ao longo do seu desenvolver e no final da mesma,
quer o idoso estivesse num centro de assistência de saúde ou na sua própria casa quando a situação já
não justifica uma vigilância apertada. Mas para que tal fosse possível, muitas mentalidades tinham de
mudar e muitas voltas tinhamos que dar para que um projecto desses resultasse.
A situação de luto é bastante complicada também, hoje já existem associações que apoiam
familas nesse sentido, mas ainda são escassas infelizmente e não existem em todo o país, estão muito
localizadas nos grandes centros. Estas formas de acompanhar a pessoa são bastante úteis no seu
aceitamemnto da situação, no entanto mostram-se ainda com muito poucas respostas e até com pouca
aderência por falta de conhecimento a maioria das vezes. Assim sendo, deveria existir nos centros de
assistência, tais como centros de saúde e hospitais, departamentos que apoiasse a familia não apenas
no decorrer da doença, mas também após tudo ter terminado, que muitas vezes é uma fase mais
complicada, pois o período de aceitação nem sempre é conseguido e acaba por desencadear grandes
patologias que se tornam depois dificeis de controlar. Aceitar a dor e viver com ela é bastante
complicado e, por isso merece atenção e apoio, deveriamos incutir nos nossos profissionais de saúde
uma orientação mais direccionada a esse apoio e promovê-lo nos centros mais acessíveis e de menos
localização de problemas graves – centros de saúde. Tal como daí deviam fazer parte equipas
diversificadas, a cargo do psicólogo e do sociólogo propunha e introdução de um gabinete de apoio
direccionada às familias em luto, para que o pudessem fazer confortávelmente e afasta-lo dos seus
pensamentos com a maior tranquilidade possível, permitindo assim seguir com a sua vida em paz.

Concluindo, a temática da morte é bastante delicada na medida em que ainda hoje sofremos de
um “trauma” de confronto com a mesma, a maioria das pessoas não se sente confortável quando se fala
na morte de alguém conhecido ou até alguém que nunca vimos, mas que apenas porque morreu de uma
forma inesperada, isso nos faz pensar na própria vida e em como somos seres fracos perante a morte
ineviável de todos nós. Somos seres humanos que de uma forma ou outra vamos ter fim e, tudo o que
criamos não passou de uma vivência passada que acabamos por construir para nos sentir-mos bem
connosco mesmos. É por esta razão que a morte não pode mudar a nossa forma de viver e de actuar, o
mundo é algo de dimensão inimaginável e nele podemos fazer milhares de coisas que nos confortem e
nos dão prazer. Viver, vivemos todos os dias da forma que entendermos, mas morte há só uma e por
isso devemos encará-la como um final necessário e que deve ser feito quando possível da melhor
forma. Ficaremos dignos, porque podemos morrer dignos e é essa a ideia da filosofia criado por todas
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as redes que apoiam o Homem no seu fim último da vida. Assim sendo, vamos apostar nisso como
algo essencial para que possamos terminar o nosso precurso de uma forma merecida por tudo o que
realizamos neste mundo palpável, vamos lutar para que nenhuma das nossas acções tenha sido em vão
e para que esperando haver um mundo melhor, ainda desconhecido por nós, esse seja um lugar onde
finalmente depois de muita azáfama na vida, possamos descançar em paz e viver numa dimensão mais
tranquila.

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Bibliografia

• Barbosa, Neto (2006) – Manual de Cuidados Paliativos, Lisboa: Lusociência;


• Berta, Carvalho (2002) – Cuidados Continuados: Família, Centro de saúde e hospital como
parcerias no cuidar, Coimbra: Formasau;
• Twycross, Robert (2001) – Cuidados Paliativos, Lisboa: Climepsi;
• Diário da Républica -1ª séria – A, nrº 109 de 6 de Junho de 2006;

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