1) As ciências sociais estudam fenômenos sociais complexos e pluridimensionais, não realidades compartimentadas.
2) Embora as disciplinas das ciências sociais tenham ângulos analíticos distintos, elas estudam a mesma realidade social total e complexa.
3) As dimensões econômicas, políticas e simbólicas da ação social estão profundamente interligadas, não constituindo compartimentos estanques.
1) As ciências sociais estudam fenômenos sociais complexos e pluridimensionais, não realidades compartimentadas.
2) Embora as disciplinas das ciências sociais tenham ângulos analíticos distintos, elas estudam a mesma realidade social total e complexa.
3) As dimensões econômicas, políticas e simbólicas da ação social estão profundamente interligadas, não constituindo compartimentos estanques.
1) As ciências sociais estudam fenômenos sociais complexos e pluridimensionais, não realidades compartimentadas.
2) Embora as disciplinas das ciências sociais tenham ângulos analíticos distintos, elas estudam a mesma realidade social total e complexa.
3) As dimensões econômicas, políticas e simbólicas da ação social estão profundamente interligadas, não constituindo compartimentos estanques.
cincias sociais. In Silva, A. e Pinto, J. (Orgs). Metodologia das cincias sociais, 11. ed. Porto: Edies Afrontamento, pp. 17-18.
As cincias sociais e o fenmeno social total
Convm lembrar que h uma concepo errnea mas persistente, segundo a qual as cincias sociais estudariam realidades distintas, ou sectores distintos, compartimentados, da realidade as diferenas analticas proviriam de diferenas entre objectos reais. Tal concepo h muito que vem sendo ultrapassada pelos especialistas. J no sculo XIX, um Comte ou um Marx alertavam para que, por exemplo, os fenmenos econmicos so tambm sociais e polticos. Porm, a contribuio sistemtica mais relevante, aquela a que hoje recorremos, pertenceu, na dcada de 1920-30, a Marcel Mauss. Com o conceito de "fenmeno social total", ele estabeleceu dois princpios. Qualquer facto, quer ocorra em sociedades arcaicas quer em modernas, sempre complexo e pluridimensional; pode, pois, ser apreendido a partir de ngulos distintos, acentuando cada um destes apenas certas dimenses. Todo o comportamento remete para e s se toma compreensvel dentro de uma totalidade, quer dizer: constelaes compsitas de recursos, representaes, aces e instituies sociais intervm nas mais elementares relaes entre pessoas. A economia, a psicologia ou a sociologia distinguem-se, no porque na realidade
haja
factos
exclusivamente
econmicos,
psicolgicos
ou
sociolgicos, mas porque partem de perspectivas tericas distintas e
constroem distintos objectos cientficos (os quais, como j vimos, so sempre de natureza abstracto-formal, embora mais ou menos especificados). No se nega que algumas disciplinas tendam a privilegiar domnios reais diversos as sociedades que os historiadores e os antroplogos mais estudam so realmente diferentes das que a generalidade dos socilogos tm focado. Mas
isso secundrio em relao ao vector principal de diferenciao que de
ordem conceptual, que radica na diversidade das pticas de anlise seguidas. capital perceber que o econmico, o poltico ou o simblico no constituem compartimentos estanques so dimenses inerentes a toda a aco social, esto nela profundamente interligadas. Se designamos certas formas de conduta por econmicas, outras por polticas, outras por simblicas, no porque umas sejam na realidade exclusivamente econmicas, outras polticas e outras simblicas pelo contrrio, a aco humana, tomada na sua intrnseca complexidade, ao mesmo tempo econmica, poltica e simblica; se designamos, pois, certas formas de conduta por econmicas, fazemo-lo em virtude de uma classificao/seleco intelectual nossa, a qual privilegia certas dimenses, certos aspectos, em detrimento dos restantes, em funo da perspectiva que adoptamos (e que tem, no caso, correspondncia na grelha analtica prpria da cincia econmica). S assim compreendemos porque so to precrias e flutuantes as fronteiras entre vrias disciplinas falando em termos gerais, elas perspectivam, de diferentes maneiras, a mesma realidade; e precisamente por esta ser muito complexa que se faz mister, para torn-la inteligvel, multiplicar (e cruzar) prismas, princpios e instrumentos terico-metodolgicos. Torna-se agora necessrio esclarecer que a palavra "perspectiva" aqui usada em sentido amplo. Dizer que cada cincia social perspectiva de forma especfica a realidade e por isso se distingue das demais dizer que cada cincia, pelo menos tendencialmente: a) elabora o seu prprio conjunto articulado de questes a sua problemtica terica e define o seu objecto cientfico; b) determina um certo nmero de problemas de investigao centrais no contexto dessa problemtica; c) constri conjuntos de princpios, teorias, estratgias metdicas e resultados cruciais que servem de modelo ou quadro orientador s pesquisas produzidas na sua rea os paradigmas.
Silva, Augusto S. e Pinto, J. Madureira (2001). Uma viso global sobre as
cincias sociais. In Silva, A. e Pinto, J. (Orgs). Metodologia das cincias sociais, 11. ed. Porto: Edies Afrontamento, pp. 17-18.