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A HISTÓRIA DE UM CASAL DE PEIXINHOS

Rodolpho Caniato

ERA UMA VEZ um casal de jovens peixinhos (alevinos, é


como se chamam peixinhos recém-nascidos. Eles haviam nascido
em um remanso de um grande rio brasileiro. Subitamente, suas vidas
tomaram rumos muito diferentes dos milhares de outros peixinhos
que haviam nascido da mesma desova. Nosso casal de
peixinhos havia sido capturado por um professor que queria fazer
com seus alunos uma experiência fundamental da Natureza, sobre
os seres vivos. O professor havia preparado um aquário especial
para o experimento que ia realizar. Esse aquário tinha em seu
interior dois dispositivos fundamentais, indispensáveis. Um
desses dispositivos continha Oxigênio sob alta pressão. Esse
gás, indispensável a quase todos os seres vivos, seria liberado de
dentro do aquário para dentro da água, automaticamente, à medida
que fosse sendo consumido pelos peixinhos. O outro dispositivo,
também dentro do aquário e também automático, estava carregado
de alimento para ser liberado para dentro da água, à medida que
fosse sendo consumido pelos peixinhos. Ambos os dispositivos
automáticos estavam programados para suprir os peixinhos
aquário, tanto de Oxigênio quanto do alimento necessários por
muitas semanas. O aquário estava preparado de modo a poder ser
fechado hermeticamente: nada poderia entrar nem sair, nem mesmo
gás.
A história toma agora novo rumo. Os peixinhos são colocados
dentro do aquário, ao mesmo tempo que os dois dispositivos
automáticos, de Oxigênio e alimento. Cada um destes
dispositivos tem um ponteiro que indica quanto do conteúdo vai
sendo usado.
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Nossos peixinhos começam agora uma vida diferente, dentro de um


sistema fechado, porém com todos elementos necessários e
suficientes para manter a vida por muito tempo.
Agora, todo o conjunto, isto é, o aquário com os peixinhos e os
dois dispositivos de suprimentos, é fechado hermeticamente e
colocado sobre um dos pratos de uma balança. Logo depois, a
balança é equilibrada com pesos no outro prato, até que o
ponteiro, isto é, o fiel da balança, esteja bem no meio. A balança
agora está equilibrada: qualquer peso, acrescentado ou retirado de
um dos lados, alteraria seu equilíbrio.
É nesta fase que começa o experimento propriamente dito e
que levará muitas semanas para ser concluído. Imagine que se
passaram já algumas semanas, desde que “bebes” peixinhos foram
fechados no aquário e este colocado sobre a balança. Os peixinhos
cresceram.
- O que você acha que aconteceu com a balança ? Ela continua em
equilíbrio ?
Imagine que mais algumas semanas se passaram. Os
peixinhos cresceram mais e se tornaram adultos. Chega a época da
reprodução. A fêmea solta na água (desova)uma imensa quantidade
de óvulos que são logo cobertos pelo esperma do macho e
fertilizados. Em mais algumas horas os ovos eclodem. Nasce uma
multidão de novos “bebês” peixinhos (alevinos).
-O que você acha que acontece com a balança?.... ( pare !...
pense...! discuta...!.)
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Mais algumas semanas se passaram .Os novos peixinhos também


cresceram. O aquário está ficando super-povoado. Os ponteiros dos
reservatórios de Oxigênio e alimento agora estão descendo mais
rapidamente.
-E agora, o que “diz” a balança ?
-Continua ela em equilíbrio ? .....( pare!..., pense!..., discuta!....) .
......................................................................................................
..................................................
Os peixes aumentaram muito em número e tamanho. Já começa a
faltar o espaço vital.
O alimento já é insuficiente para tantos peixes. O
ponteiro do suprimento de alimento chega a “ZERO”, com o
aquário repleto de peixes.
-E a balança, o que “diz” ? ......(pare!.....,pense....!, discuta!.....)
...................................................................................................
....................................................
Com a falta de alimento e de espaço vital, aparece o canibalismo:
os peixes começam a se comer uns aos outros. Muitos são
devorados por seus semelhantes maiores. Muitos morrem por
diferentes razões, em meio ao caos provocado pela falte de alimento
e pelo superpovoamento do aquário. Ainda há no entanto, um
último sobrevivente. Era o maior dos peixes e que havia
devorado muitos peixes menores. Por fim, também o ponteiro do
Oxigênio chega a ZERO. Morre o último peixe de nosso aquário,
por falta do gás indispensável à vida. Seu corpo se junta a tantos
outros, boiando na água, dentro do aquário.
................. -E a balança, o que “diz” ?
-Continua em equilíbrio, ou pende
para um dos lados ?
-Qual dos lados, porque ? ( pare!,
pense!....,discuta!......)
...............................................................................................
...........................................
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Depois da morte do último peixe, muitas semanas se passaram. Os


corpos dos peixes se decompuseram. De toda aquela fervilhante
vida, do começo da história, resta uma borra inerte e sem forma
junto aos esqueletos dos peixes. Já não há nenhum sinal da vida
que enchia o aquário. Os ponteiros dos dois dispositivos
automáticos indicam que, tanto
Oxigênio quanto o alimento,
terminaram......................................................................
..................-E a balança, o que diz ?
-Continua em equilíbrio ? ( pare!...., pense!....,discuta!...)
...............................................................................................
..........................................
Fora do aquário, uma plantinha que havia sido plantada para
marcar o tempo do experimento e que havia posto a primeira
folhinha quando o aquário estava sendo fechado, estava toda
florida, indiferente à tragédia vivida dentro dele. Também, ela
estava “por fora” de tudo que havia acontecido dentro daquele
sistema fechado. Ela nada tinha a ver com a vida dentro do aquário.
Assim, os peixinhos de nossa história, que haviam nascido no
remanso de um rio, dentro do aquário cresceram, se tornaram
adultos, se reproduziram, viram sua descendência também crescer e
se multiplicar, até que todos morreram. Aquele ambiente já não
suportava mais habitantes. Os recursos do aquário eram limitados:
o espaço, o alimento e o Oxigênio eram insuficientes.....
..................Mas......... e a balança, como se comportou?.......
-Como foram suas respostas a cada lance de nossa historinha ?
A essa altura, pela discussão com seus amigos e talvez com o
professor, você já se tenha dado conta de que a balança nunca saiu
do equilíbrio .
–É isso mesmo.
Quando os peixinhos cresceram e quando apareceram novos
peixinhos, seus corpos foram “montados” com a substância
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fornecida pelo alimento, pela água, e pelo Oxigênio. A


quantidade de matéria dentro do aquário não se alterou.
Os átomos que estavam dentro do aquário no início da história,
ai permaneceram.
Também não entraram novos átomos : a matéria se conserva.
Você se lembra do Princípio enunciado por LAVOISIER?:“na
Natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma.” Em
todas as transformações ocorridas dentro do aquário, como
crescimento, respiração, reprodução, digestão,
envelhecimento e morte, sempre
estiveram presentes os mesmos átomos. Não se perdeu nenhum,
não se criou nenhum.
Os mesmos átomos apenas se “arrumaram” de maneiras diferentes
em cada transformação.
Esse princípio é uma das leis básicas da Natureza e se aplica a
todos os fenômenos, tanto da química quanto da biologia. Essa
descoberta, feita por Antoine Lavoisier, pouco antes da Revolução
Francesa (1889) mudou as bases científicas do estudo, também dos
seres. A contribuição desse grande homem não evitou que ele
perdesse a cabeça na guilhotina por causa de uma multidão
ignorante, enfurecida pelas injustiças e liderada por demagogos
violentos.
...................E assim termina a primeira parte de nossa
história........................................
SEGUNDA PARTE.

ERA UMA VEZ um grande aquário. Esse aquário era...


muito.........muito .......maior que o aquário da história que acabamos
de contar. Sua forma era a de uma bola de mais de 12.000
quilômetros de diâmetro e ele estava suspenso no espaço vazio.
Esse aquário, que não era propriedade de ninguém, só há pouco
tempo recebeu um nome: ele foi chamado de TERRA.
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Em muitos aspectos esse “aquário” pode ser comparado


ao de nossa historinha. Do ponto de vista dos seres vivos, ele
também pode ser considerado fechado, isto é, nada entra, nada sai.
Nossa história sobre o “aquário” Terra começa há muitos milhões de
anos, pouco antes de começar a aparecer a VIDA em nosso
“planetinha”. A Terra ainda era muito diferente do que é hoje. A
superfície de Terra, o clima e as águas já começavam a se tornar
propícios ao surgimento da VIDA. Essa ainda aparecia apenas no
nível e tamanho molecular. Imagine agora que pudéssemos colocar
aquela Terra, ainda jovem e sem vida aparente, sobre um dos
pratos de uma imensa balança. A primeira coisa a fazer seria
colocar pesos do outro lado da balança, até que ela ficasse em
equilíbrio. Dessa forma teríamos medido a massa da Terra ainda
jovem e sem vida, como o aquário do começo de nossa historinha.
Agora os tempos não são mais medidos em semanas mas em
períodos, ou ERAS, de muitos milhões de anos. Depois de alguns
milhões de anos, as águas já estavam povoadas de muitas e variadas
formas de VIDA. Com o aparecimento e a multiplicação das
formas de vida, muitos seres vivos foram saindo das águas e se
adaptando à vida terrestre. As terras também começaram a ser
povoadas por formas primitivas de vida animal e
vegetal....................................
Com o passar de muitos milhões de anos, a Terra, em terra e
nos mares, foi superpovoada de vida animal e de uma grande
massa de vida vegetal. A toda essa vida natural, soma-se hoje
uma multidão de mais de seis bilhões de pessoas e de tudo que o
homem construiu: cidades, navios, estradas de ferro, automóveis e
tudo mais que tem sido fabricado ou construído. Tudo que o
homem tem construído: as cidades, os trens, os navios, etc., foi
feito com material tirado em algum outro lugar da Terra e em
igual peso (massa). A Terra não teve alterada sua massa, por
conta disso. Tudo que se retirou de um lado foi colocado do
outro, em igual quantidade. Isso também é verdade para a
construção dos seres vivos.
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Já dissemos que, do ponto de vista dos seres vivos, a Terra


pode ser considerada como um sistema fechado; nada entra, nada
sai, como o aquário de nossa história. Todos os seres vivos,
dos mais simples aos mais complexos,como também o homem,
foram “montados” com material tirado da Terra. Quando animais
e plantas morrem, seus constituintes voltam para a terra, de
onde saíram. A VIDA é uma organização especial da
MATÉRIA. Quando nascem ou morrem os seres vivos não
alteram a MASSA do planeta Terra. Os ELEMENTOS que os
formam são sempre os mesmos e apenas CIRCULAM numa fina
camada que envolve a Terra e que se chama BIOSFERA. Ainda
que toda a VIDA na Terra fosse destruída, a MASSA do
sistema não se alteraria. Se todas as florestas da Terra fossem
queimadas e reduzidas a cinzas, ainda assim a MASSA da Terra
não se alteraria . Se a Terra estivesse sobre uma balança, o
equilíbrio desta não seria alterado, mesmo que toda a VIDA
animal e vegetal desaparecesse. Todos os ELEMENTOS, apenas
teriam mudado de lugar. Eles teriam voltado para SOLO, para
o AR ou para a AGUA. O lugar onde acontecem todas essas
transformações da VIDA e MORTE é o que chamamos de
BIOSFERA. Ela é formada pelo SOLO, pelo AR e pela ÁGUA.
Se comparada com as dimensões da Terra, essa camada, a
BIOSFERA é muito fina, como se fosse apenas uma “pele” de
VIDA a envolver nosso pequeno planeta. É nessa finíssima
“pele” que vivem todos os seres que povoam a Terra.
Isso nos dá uma idéia de como é limitado e pequenino nosso
habitat, mesmo quando comparado com nossa Terrinha .

Agora já sabemos que não podemos destruir a MATÉRIA.


Mesmo todo ímpeto destruidor não conseguiria alterar a
quantidade da MATÉRIA sobre a Terra. Poderíamos no entanto,
tornar a s condições piores ou mesmo impossíveis para a VIDA. Os
recursos da Terra são limitados. A qualidade e as condições da
BIOSFERA podem ser alteradas e para pior. É o que já está
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acontecendo. Até há pouco o HOMEM tem agido como se os


recursos da NATUREZA fossem ilimitados. Os danos às
condições da BIOSFERA já são notáveis e graves, em muitos casos.
Quando POLUIMOS os rios, não estamos destruindo matéria, mas
estamos tornando a VIDA mais degradada,
de pior qualidade, dentro e fora deles. Um dos RISCOS GRAVES a
que logo estaremos expostos é o da FALTA DE ÁGUA
POTAVEL: água limpa.
A água não desaparecerá. Estará sempre toda na
Terra. – Mas, que água ? Mesmo que a água pudesse ser
destruída, como substância composta de Hidrogênio(H) e Oxigênio,
esses átomos não desapareceriam. A miséria, além de
cruel, PROVOCA a DEGRADAÇÃO dos recursos da
Natureza.
A Terra tem tudo de que necessitamos para
VIVER BEM. No entanto, nada nos garante que sempre será assim.
Isso depende de COMO administrarmos os
RECURSOS NATURAIS.
A ERRADICAÇÃO DA MISÉRIA também É TAREFA E
DEVER DE TODOS, pois a degradação dos recursos naturais
pela IGNORÂNCIA, pela NECESSIDADE e pelo ABUSO
atingirá a todos.
Para uma SOCIEDADE MAIS JUSTA E
MENOS PREDATÓRIA sobre os recursos da natureza serão
necessárias muitas condições.
CONTROLE DA NATALIDADE, também será condição
necessária, embora não suficiente. Nosso “aquário” esta
ficando super povoado.

Nossos desmandos e mau uso dos recursos da NATUREZA, não


conseguirão “desequilibrar a balança” de nosso “aquário”, a Terra.
Poderão, no entanto, tornar NOSSAS VIDAS, muito difíceis e
DEGRADADAS.
- VOCÊ, o que pensa de tudo isso ?
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- Qual será sua AÇÃO ?


- Sua MANEIRA DE VIVER será a resposta .
A Terra é um lugar propício à vida humana e à de tantas outras
formas de vida.
Ela nos dá tudo de que necessitamos para viver bem e em paz, além
do Bem Maior que é a VIDA,
Campinas, agosto de 1977
Este foi o texto básico do audiovisual “O homem e a Terra”
gravado e publicado naquele mesmo ano e reproduzido em
150 cópias que circulam pelo Brasil e por alguns paises latino
americanos. O texto primitivo foi publicado em livro anexo à tese
de doutorado(1973) deste mesmo autor.

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