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APRESENTAGAO Embora sejam materiais de Engenharia relativamente novos, com aproxi- madamente 50 anos de existéncia no mercado mundial, os geossintéticos ja se tornaram obrigatérios em praticamente todas as obras de infraestrutura, em aplicagdes de drenagem, impermeabilizagao, pavimentacao, controle de erosao e reforco de solos. No Brasil, muros e taludes em solo reforgado com geossintéticos sao construidos desde os anos 1980, porém ganharam um forte impulso na ultima década, com a introducao de geossintéticos e sistemas construtivos de melhor desempenho. Apresentar um livro escrito pelos engenheiros Mauricio Ehrlich ¢ Leonardo Becker sobre muros ¢ taludes reforgados com geossintéticos €uma missao muito gratificante, por se tratar de pessoas que merecem todo o meu respeito ea minha admiracdo. Na esfera profissional, possuem uma consistente carreira académica na Area do ensino e da pesquisa em Geotecnia, ao mesmo tempo que mantém um forte vinculo com a pratica da Engenharia. Considero que figuram atualmente entre os maiores especialistas brasileiros e mundiais na area de reforgo de solos com geossintéticos, Mauricio Ehrlich dispensa maiores apresentacdes. Professor da COPPE/ UFRJ ha muitos anos, é reconhecido nacional e internacional- mente por suas contribuig6es técnicas 4 Engenharia Geotécnica. Conheci o Prof. Ehrlich no inicio da década de 1990, quando ele fazia o seu p6s-doutorado na Universidade de Berkeley, California, sob a coordenagao do Prof. Mitchell. Na época, Ehrlich trabalhava na conceituagao e validacao de um novo método de dimensionamento de estruturas de contengio em solo reforgado, que considerasse as condigdes de trabalho dessas estruturas. Os métodos de dimensionamento de equilfbrio limite até entao consideravam apenas a resisténcia de pico dos materiais (solo e reforso), sem levar em conta a rigidez de cada um, subentendendo que a ruptura de todos os materiais ocorreria ao mesmo tempo. O método racional proposto MUROS E TALUDES DE SOLO REFORGAD 6 por Ehrlich e Mitchell passou a considerar, além da resisténcia dos materiais, a rigidez relativa solo-reforco ¢ 0 efeito da compactagao como dados de entrada para o dimensionamento. Esse método foi publicado na revista de geotecnia da ASCE (American Society of Civil Engineers) em 1995, cujo artigo foi agraciado com a “Norman Medal’, prémio concedido ao melhor trabalho publicado naquele ano. O Prof. Leonardo Becker é, seguramente, um dos engenheiros geotécnicos mais brilhantes de sua geracao, ¢ sua dissertagao de mestrado mereceu um prémio da ABMS (Associagao Brasileira de Mecanica dos Solos). Tive a oportunidade de interagir bastante com ele durante o seu doutorado, quando ele acompanhou ¢ monitorou a execugao de uma estrutura de contengio de grande responsabilidade, construida com solo fino compactado e reforcado por uma geogrelha de PVA, para o alteamento de uma barragem de contengao de residuos quimicos. Fle estudou também 0 comportamento ao arrancamento dessas geogrelhas no solo da barragem. Nesse periodo, superou todas as adversidades préprias de uma pesquisa de campo e conseguiu concluir o seu trabalho a contento. E atualmente professor e responsdvel pelo laboratério de Mecanica dos Solos da UFRJ. Este livro destina-se a quem quer projetar e construir muros de contengao ¢ taludes ingremes em solo reforcado com geossintéticos. Apresenta-se 0 método racional de dimensionamento proposto por Ehrlich € Mitchell e sua aplicagéo é minuciosamente detalhada. Também sao apresentadas tabelas com dados tipicos de solos brasileiros ¢ abacos de dimensionamento, de forma a permitir que 0 usuario possa utilizar essa metodologia de imediato. Uma atencao especial ¢ dada a parte pratica e discutem-se os diversos aspectos construtivos dos varios sistemas. Ao patrocinar a edicao deste livro, a Huesker espera contribuir, de a aplicacao no Brasil. Este ¢ 0 primeiro livro da “Colegio Huesker — Engenharia com forma técnica e responsavel, para o desenvolvimento des Geossintéticos”, langada em parceria com a Editora Oficina de Textos, com 0 objetivo de divulgar 0 conhecimento técnico sobre os geossintéticos € suas aplicacdes, com atencao especial as condigdes particulares dos solos brasileiros. Eng.° Flavio Montez Diretor da Huesker Ltda. (Brasil), subsididria da Huesker GmbH (Alemanha) PREFACIO O uso de reforgos representa uma revolugao no conceito usualmente adotado em projetos geotécnicos. Nao que se trate, de fato, de pratica nova, pois hd milénios se usam elementos fibrosos associados a solos. Incas, babildnios e chineses adotaram solo, bambu e palha em suas construgées. Também passaros, como 0 joao-de-barro, ¢ castores usam procedimentos similares. No entanto, entende-se que 0 uso racional da técnica se iniciou na década de 1960, com Henri Vidal, que patenteou e desenvolveu uma metodologia para projeto de um sistema que passou a ser denominado “Terre Armée”. Externamente, um muro de solo reforgado nao difere de uma estrutura convencional. A questao particular é a estabilidade interna. Tal qual nas pecas de concreto armado, os reforcos permitem ao solo melhor desempenho mecanico. Inclinagées e alturas de aterros que, de outra forma, seriam impossiveis, tornam-se vidveis. Este livro busca reunir, de forma didatica, conhecimentos que permitam orientar 0 projeto de mutos e taludes de solo reforcado. Também se tem por objetivo elucidar os mecanismos basicos associados a interagio solo-reforo. Procura-se apresentar os conceitos de forma adequada as necessidades praticas dos engenheiros envolvidos em projeto, construgao e fiscalizagao de estruturas de solo reforgado, sem descuidar do rigor tedrico. A filosofia tradicional de analise geralmente se baseia em métodos do equilibrio limite ou em procedimentos fortemente empiricos, ¢ restringe o uso de solos finos. Ao longo deste livro apresenta-se uma abordagem mais racional do problema, discutindo-se conceitos que explicitem a compatibilidade tensao-deformagao entre solo e reforgos, sem desprezar o bom desempenho dos solos finos tropicais, abundantes no Brasil. £ um grande desafio para a Geotecnia avangar na modelagem do comportamento real, possibilitando o desenvolvimento de projetos mais seguros e econdmicos. MUROS E TALUDES DE SOLO REFORGAD Apos a fase de ligagao dos filamentos, 0 geotéxtil pode ser ainda prensado para armazenagem em rolos de menor diametro, mais transportar, Os geotéxteis nao tecidos tem grande complexidade estrutural, além eis de de apresentarem caracteristicas fisicas e mecanicas mais isotrépicas do que os geotéxteis tecidos. A Fig, 2.2 apresenta fotos ampliadas das estruturas de geotéxteis tecidos € nao tecidos, 2.2.4 Geogrelhas Assim como 0s geotexteis, as geogrelhas sao fornecidas em rolos de largura comprimento determinados. Os dois principais tipos sao: unidirecional, quando apresentam elevada resisténcia a tragdo em apenas uma dire¢ao, ¢ bidirecional, quando apresentam ele- vada resisténcia a tragdo em duas diregdes ortogonais. Os polimeros mais utilizados na con- feccaio das geogrelhas sio 0 polietileno de alta densidade (PEAD), o poliéster (PET) ¢ 0 dlcool de polivinila (PVA), caracterizam-se pela baixa deformabili- Fig. 2.3 Fotografia de uma geogre!ha dade e a elevada resisténcia a tracao. A de PVA 28 Fig, 2.3 mostra a aparéncia de um pedago de geogrelha flexivel, fabricada a partir de fios de PVA com cobertura polimérica de protegao. 2.2.5 Tipos de polimeros A grande maioria dos geossintéticos é constituida de polimeros sintéticos. Aestrutura molecular de um polimero pode ser comparada a reuniao de muitas cadeias de moléculas que se repetem, chamadas de monémeros. Os polimeros mais empregados na fabricagio de geossintéticos si0 © poliéster (PET), 0 polipropileno (PP), 0 polictileno (PE) ¢ 0 alcool de polivinila (PVA). Consistem de longas cadeias de moléculas arranjadas em regides cristalinas (cadeias alinhadas) ¢ regides amorfas (cadeias entrelagadas de maneira aleatéria), obtidas por processos quimicos de polimerizacao. 2 # INTERAGAO SOLO-REFORGO 2.2.6 Fluéncia e deformabilidade A resisténcia a tragao nao confinada é determinada por meio do ensaio de tragao de faixa larga, com uma amostra de 200mm de largura por 100mm de comprimento fixada entre duas garras e tracionada até a ruptura. A carga aplicada no momento da ruptura dividida pela largura inicial do corpo da amostra é a resisténcia a tracdo, expressa em kN/m. O ensaio é normalizado pela ABNT (NBR 12824/93). Quando se realiza monitoramento das cargas e deformagGes durante © ensaio de faixa larga, pode-se tracar a curva carga distribuida-deformacao do geossintético. O formato das curvas varia muito, conforme o tipo de geossintético, seu polimero e sua estrutura. A Fig. 2.4 apresenta alguns exemplos tipicos. Percebe-se que os geotéxteis tecidos apresentam rigidez muito maior do que os nao tecidos, em razao da frouxa ligacdo entre os filamentos nao tecidos. A rigidez das geogrelhas, por sua vez, depende principalmente do polimero utilizado na sua fabricagao. Em geral, as curvas obtidas nao sao lineares e, dessa forma, pode-se calcular diferentes tipos de rigidez. Costuma-se utilizar a rigidez tangente inicial, que é a inclinacdo do trecho inicial da curva tensio-deformagio, ea © © Curva Tipo de estrutura A Tecido, monofilamento Tecido, slit fil Tecido multifamento Nao tecido, termoligado Nao tecido, agulhado s moae — Fortrac A Aramida — Fortrac M- PVA, ++ FortracT ~ PET ~~ Fortrac PET Carga distribuida de tragao (kN/m) Porcentagem da resisténcia nominal (%) \ 5 10 15 Deformagao (%) Deformagao (%) |. 2.4 Comportamento carga distribuida-deformacao de diversos tipos de geossintéticos: (A) geotéxteis (Koerner, 1990), (B) geagrelhas (Huesker) 29 MUROS E TALUDES DE SOLO REFORGAD Para determinar os empuxos de solo que a massa de solo nao reforgada exerce na massa reforcada (E), € possivel adotar as teorias classicas fundamentadas no equilibrio limite. Muitos autores recomendam a utilizagao da formulacgao de Coulomb, admitindo-se o atrito entre o muro (zona reforcada) eo terreno (zona nao reforcada) como equivalente ao Angulo de atrito interno do solo no estado critico (6 = -y). Entretanto, ha autores que consideram a mobilizagio de atrito improvavel, uma vez que a zona reforgada nao se comporta como bloco rigido. Dessa forma, a formulacao de Rankine seria mais adequada ¢ os empuxos ativos seriam paralelos & superficie do terreno (5 = 0). Caso seja prevista a aplicagao de sobrecargas externas sobre o terrapleno da estrutura de contengao, os acréscimos de tensao decorrentes (segao 3.9) devem ser obrigatoriamente considerados nas andlises de estabilidade externa. ‘Tal como na anilise da estabilidade dos muros convencionais, a verificagao da estabilidade externa pode ser realizada por meio da adogao de fatores de seguranga globais (postura deterministica), levando em consideracao a inclinacao da face da estrutura (v) eo material da fundasao, ou pela utilizacao de fatores de ponderagao (postura probabilistica). No caso da adogao de critérios deterministicos, a estabilidade externa devera TAB. 3.1 FATORES DE SEGURANCA E CONDICOES MECANICAS Verificagao Fator de seguranca Observacdo >1,5 Sistemas com w > 65° Reslaarienie 213 Sistemas com w < 65° Jombamento >2,0 Sistemas com a > 65° Capacidade de carga da fundacso > 2.5 213 Condig6es eriticas Estabilidade global 313 Condicdes nao criticas Estabilidade a sismos Pode-se utilizar FS equivalentes a 75% dos valores de FS para analises estdticas Verificacdo Condicdo mecanica __ Observacao Excentricidade e< Be Sistemas apoiados em solo e

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