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amorosamente
sobre
as
suas
qualidades
admirveis:
Pois ento. a mim que os senhores levam boca, todos
os dias, e me cobrem de beijos enquanto bebem o ch. Sou
feita de porcelana delicada, com belas florzinhas pintadas de
dourado, que refletem a luz e brilham como num sonho. No
qualquer um da casa que pode me tocar.
O Bule, muito sensato, tentou transmitir uma lio:
Mas, minha amiga, o que realmente importa o nosso destino. O que disseste sobre tuas
florzinhas somente vaidade, mas ir boca dos senhores o teu dever. E sou eu que fervo a
gua e preparo o ch no meu interior, o qual servido por ti. Tal o meu destino. Tu percebes
que ns dois, juntos, temos um sentido na vida?
Dona Xcara riu-se e disse com desprezo:
Oh, sim! Ento no sou diferente dos copos de vidro grosseiro que as crianas usam para
beber? Escuta, filsofo, serei franca contigo: tu tens inveja...
Inveja? perguntou o Bule.
Sim! respondeu a Xcara. Pois eu estou sempre cheirosa e doce, e tu tens cheiro de bule
velho e borra de ch. Lavam-me cuidadosamente, e guardam-me no armrio de vidro, junto com
as louas finas e os cristais, para embelezar a casa; enquanto tu s lavado com palha de ao e te
escondem dentro da pia, para que no te vejam. Sou estimada, e quanto mais velha eu me torno,
mais valiosa fico. E tu? s velho, manchado, cheio de amassadinhos, e s feito de metal
ordinrio...
O Bule ia responder alguma coisa, porm desistiu. Como poderia argumentar com uma xcara
vaidosa e cabeuda?
Nesse momento o gato da casa, inesperadamente, pulou em cima da mesa da varanda tentando
caar um besouro. O gato foi to rpido e desastrado que nem escutou os gritos do senhor Bule e
da dona Xcara:
Cuidado!
Mas era tarde demais, e os dois caram no cho. O velho Bule, que tinha uma base pesada, caiu
e rodou como um pio, ficando em p quando parou. E a bela Xcara, pobrezinha! Espatifou-se
nas lajes da varanda.
Uma lgrima de ch deslizou suavemente pela fronte do senhor Bule, enquanto observava a
pequena luz de vida que aos poucos desaparecia dos caquinhos de porcelana.
Minha amiga disse o Bule, entristecido , escarneceste dos meus amassadinhos. Pois so
as marcas da experincia, dos muitos tombos que levei na vida...
E a Xcara, definhando, respondeu num fio de voz:
Sem essa, convencido! Se no fosse eu, tu no terias a oportunidade de ficar a, fazendo pose
de sbio!...
Eduardo Cndido. A Xicara e o Bule: um aplogo.
Disponvel em: ecandido.webs.com/texto039.htm. Acesso em: 5 set. 2013.
Predicado______________________________________________________________________
d) O s morcegos foram soltos e seguidos com o rdio.
Sujeito________________________________________________________________________
Predicado_____________________________________________________________________
BOA SORTE!