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A liturgia relembra hoje umas palavras de São Cipriano que exortam assim
os cristãos do século III: “Irmãos muito amados, devemos recordar e saber
que, já que chamamos Pai a Deus, temos que comportar-nos como filhos, a
fim de que Ele se compraza em nós [...]. Seja a nossa conduta tal qual
convém à nossa condição de templos de Deus [...]. E como Ele disse: Sede
santos porque eu sou santo, pedimos e rogamos que nós, que fomos
santificados no baptismo, perseveremos nessa santificação inicial. E pedimo-
lo cada dia”5. É o que fazemos agora nestes minutos de oração: Concedei-
nos, Senhor, um vivo desejo de santidade, que sejamos exemplares nos
nossos afazeres, que Vos amemos cada dia mais.
II. O SENHOR NÃO SE CONTENTA com uma vida interior tíbia e com uma
entrega pela metade. E a todo aquele que der fruto, Ele o podará para que dê
mais fruto6. É por isso que o Mestre purifica os seus, permitindo provas e
contradições. “Se o ourives martela repetidamente o ouro, é para tirar dele a
escória; se passa a lima uma e outra vez pelo metal, é para aumentar o seu
brilho. O forno prova o vasilhame do oleiro, o homem prova-se na tribulação”7.
Toda a dor – física ou moral – que Deus permite, serve para purificar a alma e
para que dê mais fruto. Devemos vê-la sempre assim, como uma graça do
Céu.
Com muito maior razão devemos nós crescer na vida cristã, pois foi o
nosso Pai-Deus quem escolheu o terreno e nos concede as graças para que
demos fruto. A terra em que o Senhor nos colocou é a família de que fazemos
parte e não outra, com as virtudes, os defeitos e o modo de ser das pessoas
que a integram. A terra em que devemos crescer e desenvolver-nos é o
trabalho, que temos de amar para que nos santifique; são os colegas de
profissão, os vizinhos... A terra em que devemos dar frutos de santidade é o
país, a região, o sistema social ou político vigente, a nossa própria maneira de
ser... e não outra. É aí, nesse ambiente no meio do mundo, que o Senhor nos
diz que podemos e devemos viver todas as virtudes cristãs, com todas as
suas exigências, sem reduzi-las. Deus chama-nos à santidade em todas as
circunstâncias: na guerra e na paz, na doença e na saúde, quando parece
que triunfamos e quando chocamos com o fracasso inesperado, quando
temos muito tempo livre e quando andamos com a língua de fora de tanto
correr de uma coisa para outra. O Senhor nos quer santos em todos os
momentos. Mas os que não contam com a graça e encaram as coisas com
uma visão puramente humana, estão dizendo constantemente: este tempo de
agora não é tempo de santidade.
(1) Mt 5, 48; (2) cfr. Mt 7, 28; (3) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 39; (4) ib., 40; (5)
Liturgia das Horas, Segunda leitura da terça-feira da décima primeira semana do Tempo
Comum; (6) Jo 15, 2; (7) São Pedro Damião, Cartas, 8, 6; (8) São Josemaría Escrivá,
Questões actuais do cristianismo, n. 116; (9) 2 Tim 2, 6; (10) Ti 5, 7-8.