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Victor Margolin Professor de Histéria da Arte da Universidade de Hlinois, Chicago, USA, Traducdo: Luiz Evanio Couto Estudos em Desiga, ¥.2, nul. ju 1994 A Idade da Comunicagao: um Desafio para os Designers Victor Margolin Desde a década de 1920, nao temos visto uma agitagdo de manifestos como tem aparecido nos anos recentes. A maioria das vezes eles tm sido publicados em jornais apropriados mais que pichados em paredes urbanas, mas esta troca de jurisdigao ¢ também um sinal dos tempos, Hoje em dia, reyolugOes so conduzidas dentro de computadores ¢ através de ondas magnéticas, assim como nas ruas. Ocasionalmente vemosrevolucionérios marchando nas ruas, mas as bandciras ¢ os gritos tém sido transmutados principalmente em softwares e videos Estaremos verdadeiramente no meio de uma mudanga compardvel & troca da cultura agriria para a Idade da Maquina? Acredito que estamos. O que caracteriza esta mudanga, em minha opiniao, é a intensidade da comunicagio entre as pessoas do mundo. Estamos definitivamente nos movendo em diregdo.a uma ordem mundial mais. descentralizadae menoshierirquica,a despeito daexisténcia de regimes autoritérios que ainda dominam bolsoes do planeta. Um maior miimero de pessoas quer tomar parte na decisdo sobre como os recursos do mundo deveriam ser usados e as estruturas politicas deveriam ser organizadas. Fomos informados no encontra sobre ecololgia, realizado em 1992 no Rio de Janeiro, que o meio ambiente pertence a todos e agora entendemos que politicas ambientais negativas numa regio remota do planeta pode afetar-nos na Main Steet ou na Via Veneto. Isto pode também tornar-nos irados e incitar-nos a protestar. Nao é mais uum cliché dizer que somos parceiros no gerenciamento do planeta. Mudangas nas condigGes ambientais tornam isto claro. Quanto mais nos tornamos envolvidos nas questdes da terr de informagiio, E queremos que nossa informagao seja verdadeira, nao mentirosa. Nunca houye um tempo melhor para jornais, magazines, boletins e uma grande vatiedade de publicagdes de interesse especializado, Uma vezenvolvidos, podemos nos sentir compelidos a monitorar eventos na Floresta Tropical do Brasil ou 0s efeitos continuados do derramamento de petdleo do navio Exxon Valdez na costa do Alasca tanto mais necessitamos N6s também queremos boas noticias de todas as partes da terra, A cultura mundial estd se transformando num exdtico ensopado de batidas de tambores 0 senegaleses, acupuntura chinesa, teoria literdria francesa e poesia guatemalteca. Editores de aventuras, companhia de discos € produtores de filmes esto colapsando as velhas culturas nacionais em um grande caldo de atividade cultural. Moremos nés em Chicago ou Atenas, Milio ou Lagos, Shangai ou Rio de Janeiro, podemos ter acesso a opinides, sons e visdes de nossos colegas cidadaos ao redor de todo 0 globo. Assim, a mudanga que acredito esteja ocorrendo ndo ¢ to caracterizada pela nova tecnologia quanto foi a transigiio da enxada para a maquina, mas pela comunicacio, A maioria de nds esté falando e entrando em conexdo com nossos Siléncios esto se transformando em declaragoes, auséncias em presengas. Os cidadios estao formando sua propria rede global, independentemente da vontade ou do apoio de seus lideres. Assim que estas redes se tomem suficientemente poderosas para agir, veremos um aumento continuado da preocupacao cfviea em relagdo as questdes do bem-estar comum, assim como mais regozijo e mais excesso com respeito a eventos que até entio haviam escapado a nossa consciéncia, Nesta ordem mundial em desenvolvimento descentralizado, ainda que compartilhado, © designer grafico tm um novo papel a Estudos em Design, v.2, n.1, jul. 1994 desempenhar. No cere desta reestruturagio da comunicagao pil a necessidade de projetar novas ferramentas, para promover a conexio entre muitas pessoas de todo o mundo, bem como de criar novos signos e simbolos, para transmitir valores de culturas individuais, assim como para representar valores e preocupagdes comuns. O novo designer pode ajudar fortemente esta reestruturagio. No passado os designers frequentemente esperavam que outros fornecessem os projetos. Mas hoje em dia, o designer grafico pode tomar a iniciativa, identificar 0 projeto e desenvolver a solugio. a esti Recordemos que, no muitos anos atrés, os designers graficos cram conhecidos como artistas comerciais. Seu trabalho era compor posters e uma miscelznea de 0s layouts coisas sem importincia das agéncias de publicidade ¢ das gréficas. Eles traziam sensibilidade artistica para o projeto, mas no tinham voz paraconduzi-lo, Entretanto, pouco a pouco, os artistas comerciais se transformaram em designers grdficos. Eles inventaram programas de identidade corporativa, sistemas de signos € planejamento estratégico. Por volta dos anos 60, ficou claro para a maioria dos designers que o projeto era principalmente social, mais que decorative. Mas a cultura {A Idade da Comunicagio nos anos 60, a despeito dos hippies, era mais hierérquica que hoje. O computador democratizou a comunicagao e a editoragao eletrénica deu acesso, para milhares de potenciais editores, a grificos decentes, a pregos razoaveis, Esta dispersdio de meios de comunicacao produtivos propoe agora um novo desafio ao designer grifica: como contribuir com um senso de ordem para o que poderia de outra forma ser uma cacofonia de formas de expressdes. Décadas de critica cultural deram-nos alguma maneira de sentir quando o mundo estd demasiadamente cheio de produtos. As forcas do mercado também indicam uma sobressaturagZo, Mas ninguém afirmou ainda que estamos nos comunicando demasiadamente. Se alguma coisa se pode dizer, nés estamos comunicando muito pouco, pelo menos acerca das coisas que interessam. Quando 0 criticos falam sobre o problema da poluicao e saturagao visual, eles nao esto tentando forgar as novas vozes do mundo de volta para 0 siléncio. Estao se opondo a0 excesso de "ruido visual" que atravessa © caminho da comunicagao que tem significado. Assim, o problema nao € diminuir a comunicacao, mas conferir-lhe maior valor. Umnicho tecnolégico que neces urgentemente de assist@ncia do designer Estudos em Design, v.2, n.1jul.1994 yy gréfico a interface de produto. Porque os mais novos participantes neste processo emergente de comunicagao global sao produtos, cles préprios. Quer sejam hardware ou software, eles esto desejosos de trabalhar para nés, mas pedem-nos que Ihes digamos 0 que fazer. A maioria deles fala diferentes linguagense podemos ser facilmente oprimidos por grossos e mal escritos manuais, que tentamos decifrar enquanto os produtos que acabamos de adquirir permanecem mudos, aguardando por instrugdes. Em muitos casos, estes produtos tém substituido antepassados mais simples,com 8 quais podfamos nos comunicar intuitivamente, Devemos lidar com esta nova complexidade ou seremos privados de obter servigos. Esta é uma situagao potencialmente perigosa. A comunicagio intuitiva foi substituida por linguagens complexas que demandam uma nova elite para domind-las. Aqueles que nZio podem fazé-lo so excluidos. Nao apenas os menos educados estio em perigo. Quem quer que ande por um aeroporto e veja um sem- ntimero de telefones que exigem diferentes cartes de chamada e cédigos de acesso pode facilmente sentir-se oprimidoe desistir de uma chamada. Dominar todas as. diferentes linguagens operacionaiscom que nos confrontamos hoje em dia requer trabalho duro e muito tempo. 2 Aqui é onde o designer gréfico, talvez.com um novo titulo de designer de interface, pode ajudar a restaurar nossa associagio com ebjetos complexes, no mesmo nivel da relago mais intuitiva que ainda podemos ter com a faca e 0 garfo, Mas fazer isto requer mais conhecimento do que era requerido do designer grafico para fazer um poster ou conceber um livro, Como 0 designer de signos, cujo trabalho esta intimamente relacionado com a arquitetura € o planejamento, o designer de interface deve entender os préprios produtos. N6s agora dependemos destes designers para fazer a intermediacAo entre nés e nossos produtos, para trazer-nos para junto de nossos produtos como colaboradores, no inimigos. Porque podemos facilmente ficar ressentidos com estes novos produtos se eles nos privam de nossos préprios projetos de vida. Quando eles impedem a acao, antes de facilitd-la, eles se tornam obstaculos. Isso ndo é sempre percebido pelos fabricantes, que sfo facilmentedeslumbrados pelas novas técnicas ¢ estao vidos para substituir objetos simples por objetos complexos. No setor da manufatura, 0 designer gréfico pode tomnar-se um advogado para simplificar 0 acesso a0s produtos, de modo que eles possam transformar-se em objetos que do, em vez de se transformar em abjetos que tiram. Esudos em Design, v2, nt, jul, 1994 ‘Todo mundo gosta da bicicleta porque ela € fécil de usar. Este € também o ideal de muitos projetistas de software: escrever um programa que seja como uma bicicleta. implicidade de produto precisa tornar-se parte integrante da mentalidade manufatureira. E ninguém pode falar melhor pela simplicidade que o designer grifico. Qutro desafio para o designer grafico é ajudar a nos orientarmos mais facilmente no mundo. No campo recentemente expandido da comunicagao global, precisamos de ajuda para encontrar nosso caminho.0 jesuita francés Teilhard de Chardin falou sobre a noosfera, aquela comunidade de almas que, conjuntamente, constituem 0 corpo espiritual do mundo. Na terra, no. podemos nem mesmo comegar a nos aproximarmos daquela comunidade, s estruturas e mecanismos que facilitem nosso impulso de conexio com os outros. Temos que saber onde as pessoas € as coisas estdo € como atingi- las. Como projetos comuns so moldados pela nova intensidade da comunicacdo, temos que manter grupos de pessoas juntas, aiuando como atores que tém propésitos comuns. Aqui, 0 designer grafico torna-se um facilitador da acdo social, ajudando a dar forma ao processo de comunicagio assim como ‘aos seus produtos, m A Idade da Comunieagio Se os designers gréficos desejam assumir um novo papel, eles precisam entender o processo de comunicagao: como as linguagens fazem intermedia’, comoos signos e simbolos representam conceito e valores, comoas formas grificas criam estruturas que dao forma ao Mluxo das narrativas, Se a comunicagio &a esséneia do design grafico, entio os designers devem encontrar seu caminho para o interior do processo de comunicagao ¢ ndo apenas produzir os artefatos que resultam dele. Design grifico ni é tio somente a visualizagao do discurso. Ele & uma forma de discurso em si mesmo. Nao reconhecer isto tem sido um erro de muitos designers, cujo trabalho € marginalizado pela cultura porque é, no fundo, visto como forma visual e niio como comunicagio. Até mesmo quando celebrado como belas artes em nossos melhores museus, & esséncia da comunicacio do design gréfico pode ainda sersilenciada Quando o designer grifico decide trabalhar para um cliente, ele se toma um um porta- voz do cliente. O designer traz a declaracio do cliente para dentro das formas de ‘expresso que compoem a comunicagao didria, dando forma & sua narrativa e dando-lhe movimento através do sistema social, de uma forma particular. Muito embora 0 design grafico ainda possa ser Estudos em Design, v2. nl. jul 1984 45 definido por alguns como uma fachada, uma decoragio de vitrine, para o discurso ele é realmente uma pratica ret6rica, mais do que formal. Quanto mais um designer gréfico conhece 0 mundo, suas formas de discurso, seus processos de comunicagao, mais ele pode colaborar com outros, que falem numa multiplicidade de vozes. Cada um precisa ser ouvido por alguém e 0 designer grifico € essencial neste processo. Paraeducar 0 designer gritfico como falanie é necessério uma nova postura. Portanto, scriaum erro simplesmente reproduzit 0 que tem sido feito em outros lugares para treinar estudantes em fundamentos visuais, ao invés ée treind-los em atos de discurso. Um novo programa educacional deve ser fundamentado em humanidades e em Literatura, poesiae arte, cigncia cognitiva, sociologia eteoria da comunicaeao, politica, economia e tipografia, todas estas di essenciais para o designer grfico tornar-se um lider neste novo mundo dacomunicagao ativa. Estou aqui fazendo uma chamada por uma maior conscientizagao sobre 0 que 0 design grifico significa para omundo onde a comunicagao intensificou-se até o alto grau que hoje aleangou, Os designers grificos precisam estar dentro deste processo mais do que em suas margens. Assumiresta posigdo requer conhecimento novo, acoplado.a um forte desejo. Fonte: MARGOLIN, Victor. A idade da comunicaca Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.9-14, jul. 1994. Estudos em Design, ¥.2, m1. jul, 1998 um desafio para designers, Estudos em Design,

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