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Michel Foucault
El cuerpo utpico. Las heterotopas
2010 Ed. Nueva Vision traducao Cepat
Depois de tudo, creio que contra ele e como que para apag-lo, que
nasceram todas as utopias. A que se devem o prestgio da utopia, da
beleza, da maravilha da utopia? A utopia um lugar fora de todos os
lugares, mas um lugar onde terei um corpo sem corpo, um corpo que
ser belo, lmpido, transparente, luminoso, veloz, colossal em sua
potncia, infinito em sua durao, desligado, invisvel, protegido, sempre
transfigurado; e bem possvel que a utopia primeira, aquela que a
mais inextirpvel no corao dos homens, seja precisamente a utopia de
um corpo incorpreo. O pas das fadas, dos duendes, dos gnios, dos
magos, e bem, o pas onde os corpos se transportam velocidade da
luz, onde as feridas se curam imediatamente, onde camos de uma
montanha sem nos machucar, onde se visvel quando se quer e
invisvel quando se deseja. Se h um pas mgico realmente para que
nele eu seja um prncipe encantado e todos os lindos peraltas se tornem
peludos e feios como ursos.
Mas h ainda outra utopia dedicada a desfazer os corpos. Essa utopia o
pas dos mortos, so as grandes cidades utpicas deixadas pela
civilizao egpcia. Mas, o que so as mmias? So a utopia do corpo
negado e transfigurado. As mmias so o grande corpo utpico que
persiste atravs do tempo. H as pinturas e esculturas dos tmulos; as
esttuas, que, desde a Idade Mdia, prolongam uma juventude que no
ter fim. Atualmente, existem esses simples cubos de mrmore, corpos
geometrizados pela pedra, figuras regulares e brancas sobre o grande
quadro negro dos cemitrios. E nessa cidade de utopia dos mortos, eis
aqui que meu corpo se torna slido como uma coisa, eterno como um
deus.
Mas, talvez, a mais obstinada, a mais poderosa dessas utopias atravs
instantes
permaneceu
imerso
numa
espcie
de
xtase.
os
possudos,
cujo
corpo
se
torna
um
inferno;
os