Frederico processa Geovana para anular a venda de um imóvel por R$80.000. Frederico vendeu o imóvel para pagar o resgate da filha sequestrada, mas ela foi encontrada viva antes do pagamento. Geovana sabia da situação e comprou o imóvel por valor muito abaixo do mercado. Frederico alega vício no consentimento por estado de perigo e pede a anulação do negócio.
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Trata-se da Petição Inicial da Aula 02 de Pratica Simulada 01, de acordo com o CPC 2015.
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Petição Inicial Aula 2 - Pratica Simulada 01 - Estácio de sá
Frederico processa Geovana para anular a venda de um imóvel por R$80.000. Frederico vendeu o imóvel para pagar o resgate da filha sequestrada, mas ela foi encontrada viva antes do pagamento. Geovana sabia da situação e comprou o imóvel por valor muito abaixo do mercado. Frederico alega vício no consentimento por estado de perigo e pede a anulação do negócio.
Frederico processa Geovana para anular a venda de um imóvel por R$80.000. Frederico vendeu o imóvel para pagar o resgate da filha sequestrada, mas ela foi encontrada viva antes do pagamento. Geovana sabia da situação e comprou o imóvel por valor muito abaixo do mercado. Frederico alega vício no consentimento por estado de perigo e pede a anulação do negócio.
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA
CVEL DA COMARCA DE SALVADOR/BA
FREDERICO, brasileiro, casado, profisso, portador da carteira
de identidade n ________, expedida pelo ________, inscrito no CPF n ________, residente e domiciliado rua ________________________, Fortaleza/CE,
vem
por
seu
advogado,
com
seu
endereo
profissional______________________, para fins do art. 106, I do Novo
Cdigo de Processo Civil, vem a este juzo, propor a presente AO DE ANULAO DE NEGCIO JURDICO pelo procedimento comum, em face de GEOVANA, nacionalidade, estado civil, profisso, portadora da carteira de identidade n ________, expedida pelo ________, inscrita no CPF n ________, endereo eletrnico, residente e domiciliada rua ________________________, Salvador/BA, pelas razes de fato e de direito que passa a expor. I - DOS FATOS Na data ___, o autor foi surpreendido com uma ligao exigindo o pagamento da importncia de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) pelo resgate da sua filha Jlia, que acabara de ser sequestrada. Aproximadamente uns 30 dias aps a referida ligao, os sequestradores enviaram a residncia do autor um pedao da orelha
de sua filha, junto com um bilhete afirmando que caso no fosse
efetuado o pagamento do resgate, esta seria devolvida sem vida. Ressalta-se que o autor, at aquela data, s havia conseguido arrecadar a importncia de R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), o que era insuficiente para o pagamento do resgate, desta forma, desesperado, decidiu vender seu nico imvel, situado em Fortaleza, Cear, pelo valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para a r, sua prima Geovana. Cabe informar que a r, por ser da famlia do autor, sempre teve cincia da situao em que o autor se encontrava, ou seja, que a filha deste havia sido sequestrada e corria eminente risco de vida, havendo assim grande necessidade do valor proveniente da venda do imvel. Esclarece-se desde j que o imvel em questo trata-se de uma casa de 04 (quatro) quartos, com piscina, sauna, duas salas cozinha dependncia de empregada, em condomnio fechado, tendo como valor venal, a importncia de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais). Contudo, antes do autor efetuar o pagamento do resgate e sete dias aps a celebrao o negcio jurdico, sua filha foi encontrada pela polcia com vida, no havendo assim a necessidade do pagamento do resgate. Assim, diante do que foi exposto, o autor entrou em contato com a r desejando desfazer o negcio celebrado, porm, no logrou xito. II - DOS FUNDAMENTOS A propositura da demanda advm do fato do negcio jurdico celebrado estar eivado de vcio de consentimento, vez que, o autor encontrando-se em extrema necessidade e sofrendo coao, em virtude
de
estar
em
estado
de
perigo,
assumiu
excessivamente onerosa como forma de evitar um dano.
obrigao
Assim, resta evidenciado uma das modalidades de defeitos do
negcio jurdico que ensejam sua anulabilidade, qual seja o estado de perigo, conforme o art. 156 do Cdigo Civil Brasileiro: Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa.
De mesmo modo, notrio o aproveitamento de tal situao
por parte da r, sendo certo que esta sabia do estado de necessidade em que o autor se encontrava, evidenciando-se o que alguns doutrinadores chamam de dolo de aproveitamento, haja vista a diferena exorbitante do valor pago, R$80.000,00 (oitenta mil reais), frente ao valor venal do imvel, R$280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais). Mediante ao exposto evidenciando-se a leso ao negcio jurdico realizado entre autor em face da r, deve ser este anulado com base no art. 171, II, e o art. 178, I e II, ambos do Cdigo Civil Brasileiro: Art. 171. Alm dos casos expressamente declarados na lei, anulvel o negcio jurdico: (...) II - por vcio resultante de erro, dolo, coao, estado de perigo, leso ou fraude contra credores. Art. 178. de quatro anos o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao do negcio jurdico, contado: I - no caso de coao, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou leso, do dia em que se realizou o negcio jurdico;
A anulabilidade do negcio jurdico em razo do estado de
perigo encontra fundamento na inexigibilidade de conduta diversa, ante a comparao dos dois males irremediveis. Tal anulabilidade consagra ainda o princpio da funo social do contrato, probidade e boa-f, verdadeira clusula implcita de
contedo tico e exigibilidade jurdica, que visa a uma equivalncia
material entre os contratantes, proibindo os contratos inquos, e com enriquecimento sem causa. III - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
A. Que seja designada audincia de mediao; B. a citao da r no endereo acima citado para apresentar contestao, no prazo legal sob pena de precluso, revelia e confisso; C. que seja julgado procedente o pedido, para anulao do negcio jurdico celebrado entre as partes sendo oficiado o cartrio competente de Registro Geral de Imvel, para a devida notificao da presente lide; D. a condenao da r dos nus sucumbenciais . IV - DAS PROVAS Requer a produo de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, a prova testemunhal, a prova pericial e o depoimento pessoal da r. V - DO VALOR DA CAUSA D-se a causa o valor de R$ 80 mil. Nestes termos, pede deferimento. (Local) e (Data)