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sninva a apepljeniuidse e opuezijeinuajod eweibeaus O ele RO er@ paler ae) ise Soest cr Ay ctt Pina relaTentt tora) ee @onsecae esos aos Refer Coe E MN fe -ee-MUSSiu) moeda: compreender a natureza Ut FeTE © eneagrama nao promete mil gres. Saber mais acerca de nos mes Gieekae encodes egies tio um processo de fé-conversao, Aristoteles dizia que a liberdade Ga ituteteirl altar) ceaiceei cir CCIM Oa eT ulIe ee Riremes eta Monae ( clu) SOR thane muestra Lary cultura que tenham virtude. We eT ROE CoReel ued Siecle eleseel ieee ar Ieee GEC OMM Ciel meee C006 oy tentamos encarar 0 nosso crescimen- to numa perspectiva puramente hu- mana, baseando 0 trabalho de cresc! MeO aaron Seeder) desafio, portanto, é sair da esfera pu- ramente humana, abtindo-nos a gra ¢a de Deus, para que seja seu amor aalavanca do nosso crescimento. Em einer eel ieee tues aut ors aon Crema ler ire ree MUN aerlCce) Geiss QUE IMAGEM DE DEUS E VOCE? Datios Internacionais de Calalogagao na Publicagdo (CIF) (Camara Brasieira do Livo, SP, Brasil) ‘Cunha, Domingos ‘Que imagem de Deus ¢ voc8? : 0 eneagrama potenciaizando a cespirtuaidada J Domingos Cunha, Luis Carlos, — Sao Paulo : Paulus, 1998, = (Avulso) ISBN 978-65-349-1011-8 1. Deus ~ Adoragio @ amor 2. Eneagrama 3, Psicologia religiosa 4. Vida cespitual I. Carlos, Luis Titulo. Il. Série. grittg cop-28.4019 Indices para catalog sistematic: 1, Enoagrama o ospitualidade: Aspectos psicoldgicos : Cristanismo 248.4019 PE. DOMINGOS CUNHA, CSh. PE. LUIS CARLOS, CSh. QUE IMAGEM _ DE DEUS E VOCE? O eneagrama potencializando a espiritualidade Comunidade Shatom Fi Lopes Filho, 303 - Parquelandia {80455-670 Fortaleza-CE Tel. (085) 281-1085 Reviséo ‘Alexandre Santana Impressao @ acabamento PAULUS 5* edigdo, 2011 © PAULUS - 1998, ua Francisco Cruz, 229 (08117-081 Sao Paulo (Brasil) Fax (11) 8579-9627 Tol. (11) 5087-700 www. paulus.com br editoria@paulus.com br ISBN 978-85-949-1011-8 Este trabalho é a continuagao do livro “Quem & voc? ~Construindo a Pessoa Luz. do Eneagrama’. Por isso, pressupde a leitura-reflexdo das duas primeiras partes (cursos) apresentados na obra an- terior. Apresentacao “A Liberdade sé funciona numa sociedade onde haja virtude”, dizia Aristételes. O Eneagrama é um caminho de liberdade! Liberdade que nasce do autoconhecimento, gerando uma pessoa cons- ciente de si mesma, de suas energias e de suas potencialidades, de suas amarras e de seus desatios; liberdade que devolve a cada um 0 direito sagrado de ser sujeito de sua vida, decidin- do conscientemente sobre suas atitudes, sem ficar escravo de suas compulsées e determinismos. “Ama e faze tudo 0 que quiseres”, dizia Santo Agosti- nho. Essa liberdade é capaz de assustar, pois coloca nas maos de cada um a capacidade de fazer opgdes por si mesmo, nunca em funcao de segurancas externas, mas tendo o “ama” como pré-requisito para a liberdade! O Eneagrama pode tornar-se uma bomba nas maos da pessoa: coloca em suas mos um instrumental de sentido, uma chave de leitura abrangente, uma liberdade ampla! Mas, se a pessoa nao tiver 0 alicerce da espiritualidade, tudo isso pode ser uma auténtica “bomba” ou um grande “abacaxi”. O Eneagrama s6 funciona onde houver a “virtude”, poderia- ‘mos dizer trangiiilamente! Essa conviccao profunda nos levou a organizar esta ter- ceira etapa! Na primeira, propomos a descoberta de quem somos e por que somos assim; na segunda parte, vislumbramos um 7 caminho de crescimento, descobrindo “para onde vamos”. Mas tudo isso pode acabar caindo no labirinto do psicologismo, no beco sem saida do crescimento procurado apenas através do esforgo pessoal. A terceita parte propée uma mudanga de ética: passer do crescimento como esforco pessoal ao crescimento como abertura ao amor incondicional de Deus que faz crescer pela experiéncia de ser amado. Sem esse “salto qualitativo” o uso do Eneagrama pode nao funcionar, por faltar a espiritualidade, ou pode acabar num esforgo pessoal frustrado, por faltar 0 oxigénio da aber- tura ao amor de Deus. Viemos do Amor e para o Amor ca- minhamos, nés 0 sabemos pela fé. E entéo, é preciso que caminhemos com o Amor! Na primeira etapa citamos o exemplo da pessoa que se descobre dentro de uma jaula com uma fera. Saber 0 nome da fera ajuda alguma coisa... mas é preciso também desco- brir a porta da jaula, para poder fugir da fera! Fizeros isso nas duas primeiras etapas. Mas talvez alguém possa dizer: “E. af, se a fera continuar correndo atrés de mim, vou passar a vida fugindo dela?”. Boa perguntal E é isso, talvez, que pode ajudar-nos a mudar a ética nesta terceira etapa. Que tal, se em vez de fugir da fera, a gente tentar domestica-la fazendo amizade com ela, para podermos sair por af, passeando com uma fera domesticada, andando com ela tranqtiilamente pe- los espagos imensos da liberdade, sem medo da fera corren- do atras de nés 0 tempo todo?! Talvez ndo possamos ter a liberdade de ser 0 que quiser- 10S... mas podemos ser livres com aquilo que somos! Pe. Domingos Cunha, CSh. e Pe. Luis Carlos, CSh. Esquema Geral 1. Introdug&o (tempo: 10 min.) 2. Apresentagao (tempo: 5 min. individual + 15 min. de plenario) 3. I Parte: A RELACAO COMIGO MESMO 3.1. Quadro de afirmagdes — Reflexao indivi- dual (tempo: 5 min.) 3.2. Explicagao — Chave de leitura do Quadro de Afirmagées (tempo: 5 min.) 3.3. Reflexao in 3.4, Plenario (tempo: 5 min.) 3.5. Reviséo das dimensdes negativas de cada tipo — Reflexao individual (tempo: 15 min.) idual (tempo: 5 min.) 3.6. Fazer o desenho do “Dragao” (tempo: 20 min.) 3.7, Plenario (tempo: 10 min.) 3.8. Escrever uma carta ao “Dragao” (tempo: 30 min.) 3.9. Complementagao (tempo: 10 min.) 3.10. Orac4o: “Peregrino de mim” (tempo: Ihe 30 min.) 4. Il Parte: A RELACAO COM OS OUTROS 4.1, Introdugao (tempo: 5 min.) 4.2. “Os nove niveis” — Reflexao individual (tem- po: 20 min.) 4.3. Reflexdo individual (tempo: 20 min.) * Considerando 0 meu “Tipo”... o que mais facili- ta meu relacionamento com os outros? * Considerando o meu “Tipo”... o que mais difi- culta meu relacionamento com os outros? 4.4. Folha com “Dificuldades de relacionamento de cada Tipo” — Reflexdo individual — Ti- rar conclusées (tempo:30 min.) 4.5. Plenario (tempo: 25 min.) 4.6. Oracdo: “Peregrinos da solidariedade” (tem- po: 30 min.) 5. III Parte: A RELACAO COM A NATUREZA 5.1. Introdugao (tempo: 15 min.) 5.2, Reflexao individual: “Como percebo minha relago com a natureza?” (tempo: 30 min.) 5.3. Plenario (tempo: 15 min.) 5.4, Complementagao: Como a relago com a natureza pode ajudar cada Tipo a crescer (tempo: 30 min.) 5.5. Oragao: Eucaristia/“Peregrinos do cosmo” 6. IV Parte: A RELACAO COM DEUS 6.1, Introdugao (tempo: 5 min.) 6.2. Reflexao individual: “Como vocé imagina Deus?” (tempo: 15 min.) 6.3. Plenario (tempo: 15 min.) 10 6.4. Complementago: A imagem de Deus em cada (tempo: 30 min.) 6.5. Oracao: “Peregrinos do Absoluto” — Fazer um salmo (tempo: 30 min.) 6.6. Reflexdo: Jesus e o Eneagrama (tempo: 30 min.) 7. V Parte: A ORACAO 7.1. Introdugao (tempo: 5 min.) 1.2, Reflexao individual (tempo: 20 min.) © Como é minha experiéncia de oracio? * Que dificuldades percebo em mim para rezar? © Que tipo de oragéio me ajuda mais a rezar? 7.3, Plenario (tempo: 15 min.) 7.4, Complementagao: A oragao para cada Tipo e para cada Centro (tempo: 30 min.) 7.5. Entregar Folha com textos biblicos para cada Tipo (tempo: 5 min.) 8. SINTESE 8.1, Reflexao individual: “Como caracterizo a minha espiritualidade?” (tempo: 20 min.) 8.2, Plenario (tempo: 15 min.) 8.3. Exposicao/sintese sobre espiritualidade (tem po: 30 min.) 9. CAMINHANDO E CRESCENDO... 9.1, “Dicas” para o crescimento de cada Tipo — Reflexao individual (tempo: 30 min.) 10. MONICAO FINAL (tempo: 15 min.) dd: Lista do material necessdrio para o Encontro 1. Crachas-alfinetes 2, TE/A-Apresentagso 3. Quadro de 20 afirmagées para cada tipo 4. Texto com “dimensées negativas de cada tipo — niicleo negativo” (para cada tipo) 5, Material de desenho (lapis, pineéis atomicos, papel ofi- cio...) 6. Esquema de oraco “Peregrino de mim” (um para cada participante) 7. Quadro “Os nove niveis de crescimento” (para cada tipo, 0 respectivo) 8. Texto “dificuldades de relacionamento de cada tipo” (para cada tipo, o texto respectivo) 9, Oracao “Peregrinos da solidariedade”: canticos, espelho coberto com fotos de rostos, marcar leituras biblicas, fo- Ihas de papel com a frase “Os outros para mim séo...” {urna para cada participante) 10. Eucaristia “Peregrinos do cosmo”: tocha, jarro com plan- ta seca, jarro com agua, pétalas e folhas, arame farpa- do, pao e vinho, bacia com terra amassada, bacia com gua e toalha, Oracao eucaristica da Natureza, canticos 11. Texto “Jesus e 0 Eneagrama” (0 texto completo para cada participante) 12. Folha com “textos biblicos” para cada tipo (para cada pessoa, o respectivo) 13. Texto ““Dicas’ para o crescimento de cada tipo” (para cada pessoa, o respectivo) Nota sobre o horério: Como 0 contetido deste Encontro é muito denso, seria conveniente que os trabalhos come- assem a noite, fazendo-se ai a introducao e a apresenta- 12 do e deixando dois dias integrais para o contetido especi- fico do Encontro. Nota sobre o local: Tendo em conta a exigencia de reflexao, concentracao e profundidade que o Encontro pressupée, @ fundamental que o trabalho se realize em ambiente que tenha condicées naturais de silencio e tranqiilidade, espa~ 0, natureza... Nota metodolégica: A dinamica do Encontro esté muito centrada na reflexdo individual. Mas também seria opor- tuno considerar a possibilidade de alguns momentos de pariilha-reflexdo em grupos. Estes grupos seriam forma- dos, de preferéncia, pelas pessoas do mesmo tipo. Nao havendo possibilidade para tal, os grupos podem ser for- mados por pessoas de tipos do mesmo centro (1,8 e 9 / 2,3 e 4 / 5,6 e 7). Ao longo do esquema, indicaremos os momentos mais oportunos para que a reflexao seja feita em grupos. Outra opedo seria, no fim do primeiro dia e no fim do segundo, haver um tempo de partilha esponta- nea nesses grupos. 13 ai INTRODUGAO *Conhece+te a tl mesmo. A principal preocupagio néo é estudar Deus; ‘o estudo adequado da Humanidade é a pessoa humana.” Alexander Pope Na primeira parte do Reencontro “Quem é vocé?” vive- mos a aventura de descobrir 0 nosso tipo. Na segunda parte, tentamos descobrir perspectivas de crescimento. E ai comegou um tempo novo, um novo desafio na vida de cada um: crescermos na dimensao da estatura de uma pessoa livre, soltando amarras de nossas compulsdes e de- senvolvendo as potencialidades que nos podem fazer ser pes- soas em plenitude, sendo o que somos chamados a ser. Cada ser humano @ ao mesmo tempo interessante perigoso, A conduta dos outros e a nossa as vezes é estranha @ perturbadora. Se nao refletimos sobre isso, a pessoa que acreditévamos conhecer pode aparecer como um monstro ou terrivelmente egocéntrica. Compreendermo-nos a nés mesmos ¢ os outros deveria tomar-nos mais felizes! Compreender-se a si mesmo e compreender os outros so duas faces da mesma moeda: compreender a natureza humana, Eneagrama nao promete milagres. Saber mais acerca de nés mesmos é apenas urn meio. Conhecimento néo é virtude. E necessario um processo de {é-converséo. ‘Arist6teles dizia que a liberdade s6 funciona numa so- ciedade que tenha virtude. Assim, também, poderiamos dizer que o Eneagrama s6 funciona numa pessoa e numa cultura que tenham virtude! 15 Certamente, durante essa caminhada, desde que toma- mos contato com 0 Eneagrama, descobrimos que ela nao é facil; sobretudo se tentamos encarar o nosso crescimento numa perspectiva puramente humana, baseando o trabalho de crescimento apenas no esforco pessoal. Nesta parte da nossa caminhada, vamos dar um salto qualitativo: o desafio é sair da esfera puramente humana, abrindo-nos a graca de Deus, para que seja seu Amor a ala- vanca do nosso crescimento. O Eneagrama nao tem espiritualidade; mas, se falamos na primeira parte que ele se propée como ponte entre a psicologia e a espiritualidade, trata-se agora de descobrir a partir dele os elementos que podem potencializar nossa vivéncia da espiritualidade. Comegamos assim uma nova caminhada: nao mais en- tregue a nés mesmos, mas abertos ao amor de Deus, capaz de resgatar em nés aquilo que profundamente somos: sua imagem e semelhanca. Damos a este encontro 0 titulo: “Que imagem de Deus é vocé?”, Nas outras duas partes perguntamos: “Quem é vocé”, Trata-se agora de mergulhar profundamente no mis- tério da nossa existéncia: de onde viemos e para onde va- mos? Lembramos que o Eneagrama também foi chamado pelos sufistas de “As nove faces de Deus”, acentuando a com- preensao de que cada um de nés, cada tipo, ¢ uma face do Amor total de Deus. Por isso chamamos a este Encontro: “Que imagem de Deus é vocé?”. Vamos olhar paranés como imagens de Deus. Assim, é esse o desafio desta parte da nossa caminhada: como estamos, enquanto imagens de Deus? De novo, e talvez mais do que antes, é tempo de abertu- 1a, de viajar ao mais profundo de nés mesmos, de mexer nas raizes daquilo que somos. De pouco adiantara o Eneagrama se ficar para nés como um conjunto de conhecimentos ra- 16 cionais... De pouco adiantaré o Eneagrama se ele nao des- cer ao amago de nossa existéncia e ai nao fizermos com ele um encontro pessoal, transformador e libertador. Ai, onde Deus habita e, por isso, tudo pode acontecer! De novo, e talvez mais do que antes, é tempo de bus- car... Mais importante que ter respostas, é ser pessoas que buscam! Sempre explicamos o contetido da palavra “Shalom” como harmonia consigo mesmo, harmonia com os outros, harmonia com a natureza e harmonia com Deus. Também na Educagao Libertadora se propéem trés niveis de didlo- go da Pessoa Conscientizada: com os outros, com a natu- reza e com Deus. Esse é 0 itinerdrio que vamos seguir nes- te encontro: a relagdo comigo, a relagéo com os outros, a relacdo com a natureza ea relacéo com Deus, peregrinan- do nessas quatro dimensées, em busca da Harmonia. 17 2) APRESENTACAO, — Desde que conheci o Eneagrama... ‘+ em que me ajudou a crescer? ‘que dificuldades tenho encontrado? => Reflexao individual. = Plenario. 18 Primeira parte A RELACAO COMIGO MESMO 3.1. Introducao Comegamos olhando para nés mesmos. Caetano Veloso canta que “cada um sabe a dor e a alegria de ser o que 6”. E facil embarcar na onda moderna do “descobre como funcio- na 0 outro”, deixando de lado a tarefa fundamental do “co- nhece+te a ti mesmo”... Nao basta “saber o que somos”, é preciso conscientizar- nos disso. E dificil crescer, quando nao se parte de uma auto- imagem realista. Este primeiro trabalho vai nessa linha: retomar toda a rellexdo que fizemos até agora, resgatar nossas descobertas, colocando-nos perante nés mesmos, do jeito que hoje somos © estamos. = Cada um vai ler um quadro com 20 afirmacées a respeito de seu tipo. => Tendo em conta “o que eu sou hoje”, cada um vai assinalar as afirmacées que o identificam, que sao realidade a seu respeito. => Uma afirmagao pode ainda nao ser (ou j4 nao ser) (olalmente verdadeira a seu respeito: trata-se de ver se, no eral, j pesa (ou ainda pesa) na sua personalidade. * Entregar folha “Quadro de Afirmagées” (para cada pessoa se entrega a folha correspondente ao seu tipo). * Reflexao individual. ai 10. ls 22 . Tenho opi TIPO 1 As pessoas que esto erradas receberao o que merecem, ainda que eu mesmo tenha de me ocupar disso. . Até aceito que posso torar-me obsessivo e bastante exi- gente a respeito de algumas coisas, mas acredito que as coisas devem ser feitas do modo correto. . Estou tao convencido de que tenho razao acerca da meioria das coisas da minha vida, que é praticamente impossivel que possa estar errado. Nao tenho obrigago de tolerar disparates, e quando as pessoas estéo erradas, acho que o meu dever é ensinar- Ihes a verdade. . O que esta certo esta certo e o que esta errado esté erra- do, e nao vejo razao para haver excecées. . Acho que os outros estariam melhor se fizessem com mais freqiiéncia o que Ihes aconselho, ido propria sobre a maioria das coisas e acho que tenho razio a respeito delas; se no fosse assim, no poderia sustentar minhas opiniées. . Nao acho que seja viciado em trabalho, mas ha tantas coisas que precisam da minha atengao, que fica dificil encontrar tempo para relaxar, Poucas pessoas fazem as coisas tio conscientemente como eu: a maioria das pessoas é muito vagarosa e larga as coisas facilmente. Fregilentemente sinto que se nao fizer alguma coisa nin- guém mais o fard; e, realmente, na maior parte das ve- zes tenho razao. Para que as coisas {uncionem e estejam sob controle, é necessario ser organizado. 19. . As vezes os outros me véem como uma pessoa fria ou estereotipada, mas isso é porque nao me conhecem realmente. . E dificil aceitar, mas é verdade: torna-se esgotante estar sempre lutando para atingir meus ideais. Sinto o dever de melhorar as coisas quando percebo que estao mal, para que o mundo seja melhor. A integridade € muito importante para mim; nao pode- ria dormir tranqtiilo se sentisse que tinha prejudicado gravemente alguém. . Procuro sempre ser o mais justo possivel, nao permitin- do sobretudo que meus sentimentos interfiram na mi- nha objetividade. . Minha consciéncia me leva a fazer o que acredito ser 0 melhor, seja ou nao o mais conveniente para mim e para meus interesses imediatos. . Compreendo e aceito os outros, com suas canviccées & atitudes, mesmo que ndo concorde com eles ou lhes dé razéo. ‘Tenho uma consciéncia forte e um sentido muito claro do bem e do mal. Sou criterioso e muito prudente: essa é uma das minhas capacidades mais fortes. 23 TIPO 2 1. Os médicos nao sabem por que fico doente com tanta freqliencia, embora eu ache que as doengas que tenho tido j4 vao além da minha cota. 2. Por amar muito, também sofro muito, sobretudo por que as pessoas me acham satisfeito ¢ nao se interessam muito por minhas necessidades. 3. Um dia, os outros terao de cuidar de mim como eu te- nho cuidado deles. 4. Nao acho que eu manipulo os outros, mas quando as vezes 0 faco, é para conseguir que fagam o que é mais, conveniente 5. Se faco algo por uma pessoa e as vezes menciono isso, @ ‘apenas para ajudé-la a ter consciéncia de que me interes so por ela. 6. Francamente, sou uma pessoa muito generosa e consi- derada, e os outros tém sorte por me terem como ami- go. 7. Talvez eu seja demasiado bom; deveria pensar mais em mim, em vez de interessar-me tanto pelos outros. 8. Acredito que eu “necesito de ser necessitado”; mas, isso nao acontece com todo o mundo? 9. Nao acredito que seja possessivo com as pessoas, em- bora sinta que me custa “soltar” aquelas que so impor tantes para mim. 10. Gosto de estar rodeado de minha familia e meus amigos ¢ fico feliz quando me pedem conselhos e orientagdes. 11. Penso muito nos meus amigos e nas minhas amizades e acho que poderia contar facilmente cinco ou dez amigos intimos. 24 19, 20. E bom estar préximo das pessoas e nao me envergonho de expressar meus sentimentos, especialmente abracan- do e beijando meus amigos. . Faz parte do ser um bom amigo permitir que os outros saibam o quanto lhes quero bem. O valor maior na vida é 0 amor. O que seria a vida sem amor? . Sou uma pessoa carinhosa, e meus sentimentos pelos outros me fazem estar profundamente interessado neles. . Fico feliz quando acontecem coisas boas aos outros e faco um esforco extraordinario para ajudar os outros do jeito que possa. Posso ser abnegado sem chamar a atengao sobre mim mesmo ou sobre o que fiz pelos outros. . Pode ser que algumas pessoas me considerem um santo, mas conheco minhas imperfeigdes e nao me vejo assim. ‘As pessoas acham que sou altrufsta e me preocupo ver- dadeiramente com o bem-estar dos outros. No meu melhor estado, quero bem aos outros incondi- cionalmente e nao me preocupo se as pessoas retribuem © que faco por elas. 25 z. ad 10. 11. 26 . Ha “vencedores” ¢ “perdedores”, e eu, defi . Para mim, TIPO 3 . Se as pessoas me humilham de alguma maneita, posso fazer coisas bastante ruins para me vingar delas, e geral- mente faco isso. Tive varios relacionamentos em que a outra pessoa ficou de mal comigo quando nos separamos, mas elas tem de aprender a responsabilizar-se por si mesmas. Muitas pessoas me conhecem como sou, embora eu nao goste muito de me aproximar delas, pois acho que, se pudessem, me utilizariam. As vezes, enveredei por atalhos pata chegar na frente dos outros; mas todo o mundo faz isso, por que me preo- cupar? . Acho-me melhor que a maioria das pessoas: mais inteli- gente, mais elegante, consigo mais éxito. tivamente, sou um vencedor. importante o que os outros pensam a meu respeito, @ fico chateado quando alguém faz uma ma imagem de mim. Quando alguma coisa nao funciona bem, é preciso mu- dar a estratégia e fazer o necessario para obter 0 que desejamos. . As pessoas criam sua propria realidade. Se nao querem agir ou se fracassam, essa foi a sua op¢ao e terdo de aceitéla Se a pessoa quer ter éxito, é importante projetar uma imagem adequada. Querer causar uma boa impressao ndo tem nada de mal, mesmo que para isso a pessoa se apresente como gosta- ria de ser e nao como realmente é. 12. Sou eficiente, sei como conseguir que as coisas aconte- cam e no aceito que a agenda de outras pessoas se interponha no meu caminho ou na minha carreira 13. Sei que sou competitivo; aqueles que ndo 0 sao, talvez sejam perdedores que no conseguem enfrentar a reali- dade. 14. Os outros geralmente nao o dizem, mas posso assegurar que freqiientemente ficam com citmes de mim, por uma ou outra razao. 15. Sempre me distingo, de alguma forma, das pessoas co- uns, @ os outros me véem como alguém que sobressai, como um “triunfador”. 16. Sou ambicioso e acho que os outros também deveriam dedicar tempo e esforgo para se aperfeicoarem, 17. Tenho muita auto-estima. Sinto-me valioso e desejavel ¢ gosto de ser quem sou, 18. Os outros me vem como uma pessoa segura de si mes- mae equilibrada, como alguém que tem muita auto-esti- ma 19. E facil me afirmar a mim mesmo como pessoa, porque me sinto util e valioso. 20. Aceito-me como sou e sou honesto acerca de minhas limitagdes e qualidades. 27 TIPO 4 1. A vida 6 cheia de dor, perdas e tristezas; pelo menos, a minha vida tem sido assim. 2. J& pensei em suicidio: € uma saida que algum dia poderia ver-me forcado a tomar. 3. Eu me critico muito: hé uma certa voz interior que me diz as coisas mais cruéis e depreciativas. 4. Parece que nao consigo “juntar os pedagos” ¢ me arru- mar. Nao sei por onde comesar e, se consigo progredir um ouco, parece que tudo pode se perder de uma hora para a outra. 5. Os outros parecem ser mais felizes do que eu, tenho a sensagao de estar emocionalmente ferido e incapaz de viver harmoniosamente. 6. Ha momentos em que sinto tanto tédio das pessoas, que nem sequer consigo estar no mesmo ambiente que elas e, muito menos, dizer-lhes 0 que me chateia. Isso é dolo- Toso para mim. 7. Quando me sinto vulnerével, a tendéncia é me retrair dentro da minha couraca, para me proteger e nao conti- nuar sendo ferido. Freqiientemente me sinto incomodado com as pessoas, incluindo meus amigos, e nem sempre sei o por qué; talvez, simplesmente, eu seja uma pessoa solitéria. 9. Quando alguém diz algo que me perturba, nao consigo fazer outra coisa senao refletir profundamente sobre isso, até resolver tudo. 10. Talvez os outros achem que eu nao sou decidido ou sufi- cientemente ambicioso, mas ser agressivo ou competiti- vo nao faz parte de mim. 28 % iL. 16. 19, Eu me questiono a respeito de tudo: minhas motivagoes e minhas atitudes, 0 que digo a alguém, se serei ou nao competente para certa tarefa... a ponto de as vezes isso me impedir de fazer outras coisas. . Tenho sensibilidade poética, mesmo que isso, infeliz~ mente, me faca sentir melancélico e emocionalmente vulnerdvel. . Dedico muito tempo a longas conversas e a fantasiar sobre elas na minha imaginacao. Felizmente ou infelizmente, tenho uma imaginacao mui- to viva e sou capaz de criar um mundo de fantasias que € muito real para mim. . Tenho consciéncia do que sinto e procuro ser honesto comigo mesmo a respeito do que os meus sentimentos me dizem. A forca da minha criatividade provém da expresso de meus sentimentos mais profundos, seja pessoalmente ou de forma artistica. Estou profundamente convencido de que devo ser fiel a mim mesmo e, na medida do possivel, procuro atuar de maneira auténtica. Quando sigo as minhas intuic6es, quase nunca me en- gano. Nos meus melhores momentos, sou capaz de criar algo que parece brotar do nada, como um tipo de “inspira- a0”. ‘Uma das minhas grandes potencialidades é ser uma pes- soa sensivel ¢ tirar 0 maximo de proveito das minhas experiéncias, mesmo quando isso implica sofrimento. 29 TIPO 5 1. Pode ser que meus pensamentos mais secretos sejam estranhos e aterradores, mas eles expressam a minha visio do mundo. 2. As vezes, meus pensamentos parecem ter vida propria: vem um atrés do outro, com tanta velocidade, que fica dificil frear a mente, relaxar ou conciliar 0 sono. 3. E mais facil e mais seguro viver sozinho, nao gosto que 08 outros se aproximem muito ou saibam o que estou fazendo ou pensando. 4. A maior parte das religides satisfazem as necessidades infantis e supersticiosas, sem as quais as pessoas nao podem viver. 5. Na realidade, a maioria das pessoas é demasiado esttipi- da para compreender o que est ocorrendo ou para cap- tar soja 0 que for. 6. Sou fascinado por assuntos politicos, especialmente por- que sempre desconfio daqueles que tém algum tipo de poder sobre mim. 7. Algumas vezes descobri introspec¢ées extraordindrias, uma “chave de leitura” que explica muitas outras coisas ej vinha sendo largamente procurada. 8. Geralmente 0 génio é incompreendido, e as minhas teo- rias sao tio avancadas para nosso tempo, que nem procuro discuti-las com os outros. 9. Habitualmente minhas relagGes sio tormentosas, porque posso assustar os outros com a minha curiosidade, intens- dade, paixdo e desejo de compreendé-los profundamente. 10. As minhas idéias séo tao complexas que as vezes te~ nho dificuldade de expressé-las e os outros também tém 30 12. 13. 20 dificuldade de compreender 0 que estou tentando ex- plicar. ‘Algumas pessoas tém rido de mim porque pensam que SoU um pouco estranho. Jé me chamaram de “rato de biblioteca” ou “doido”, e acho que, até certo ponto, isso. é verdade Sou uma pessoa bastante intensa: posso concentrar-me totalmente em meus interesses, porque me envolvo com- pletamente neles. Tenho muita atracao pela investigacao e pelo saber, € gostaria de um dia ser um especialista ou um perito em alguma area, reconhecido mundialmente. ‘busca do conhecimento me encanta: deixem-me soz nho com um livro e serei perfeitamente feliz. A vida ligada & atividade mental é 0 tipo de vida mais excitante. As pessoas me procuram, buscando respostas para pet- guntas técnicas ou académicas, porque acreditam que eu sei do que estou falando. Acho que tenho tido mais pensamentos originais ¢ ino- vadores que 0 comum das pessoas. Sempre tive a capacidade de me concentrar profunda- mente no meu trabalho ou naquilo em que coloco mi- nha atencéo. A previdéncia é uma das minhas grandes capacidades: parece que sou capaz de prever o resultado das coisas, antes que elas acontegam. Sou capaz de ter “introvis6es” profundas do mundo que me todeia e quase sempre percebo coisas que os outros nao véem. el TIPO 6 1. Tenho tendéncia a ficar tenso e a reagir quando estou perturbado ou sob pressiio e quando as coisas ndo saem do jeito esperado. 2. Tenho tendéncia a ser receoso em relacao a algumas pessoas ¢ sinto que nao lhes agrado e elas procuram me atrapalhar, ou o fariam se pudessem. 3. Posso chegar a ter édio de mim mesmo por nio ser tao agressivo e independente como gostaria de ser, especialmen- te se com isso decepcionei alguém que contava comigo. 4. Posso tornar-me realmente agressivo e teimoso quando tenho que ser, mesmo que nao me sinta agressivo inte- riormente. 5, Existe uma parte de mim que fica contente quando os ou- {ros “apanhamn uma licao” por “terem ido além” ou por nao terem obedecido as regras como o comum das pessoas. 6. Fico furioso quando vejo que as pessoas infringem a lei e no sao castigadas. 7. Descobri que posso me “vingar” das pessoas “jogando sujo”, como perder “acidentalmente” suas cartas ou chama-las anonimamente e logo cair fora. 8. Embora geralmente faca o que me ordenam, ha momen- tos em que também me rebelo contra isso. 9. Acho que as vezes dou mensagens ambiguas as pessoas, dizendo sim quando realmente quero dizer ndo, ou es- tando de acordo com o desejo de outra pessoa sem que eu deseje isso. 10. O meu senso de humor despista as pessoas, porque digo © contrario do que realmente quero dizer e assim, nio sabem se estou falando sério ou nao. 32 a1. 17. 18, 19, 20, Nem sempre estou seguro a respeito do que os outros pensam de mim, as vezes, sinto que Ihes agrado, outras vezes acho que nao. . Tenho tendéncia a ficar indeciso e me angustio quando tenho de tomar decisées por mim mesmo. Quando tenho de decidir sobre algo importante, geral- mente peco conselhos aos outros ou, se possivel, procu- ro as respostas em alguma “regra” que seja aplicével. Nao me custa cumprir ordens, se quem as da é uma pes- soa de autoridade ou alguém que respeito profunda- mente. Sou um trabalhador confiavel e muito constante, e tenho trabalhado intensamente para construir uma vida segura. ‘Sou muito comprometido com aqueles que tem compro- misso comigo: minha farnilia e meus amigos sabem que podem contar comigo, E importante para mim sentir-me seguro no meu traba- lho e nos meus relacionamentos. Geralmente, os outros procuram me proteger de algum jeito e curto a sensacao de Ihes agradar. ‘As pessoas me acham atraente e cativante e ja tem fala~ do sobre o quanto sou agradavel. Em meus melhores momentos, dou-me conta de que sou igual aos outros e t&o capaz como qualquer outra pes- soa. 33 TIPO 7 1. As vezes me sinto aterrorizado e angustiado, mas af eu me lango em alguma coisa nova e a sensacéo de angiis- tia desaparece. 2. Houve periodos em que estive fora de controle ou quase. 3. Talvez algumas pessoas digam que insisto demasiado para obter 0 que desejo, mas nao me importa 0 que os outros pensam: corto atrés daquilo que desejo na vida, 4. E melhor ser um “escapista” do que andar deprimido e triste. Prefiro estar em movimento e nao olhar para tras. 5. Tenho tendéncia a dedicar-me a diferentes coisas ao mesmo tempo, pois quando me acostumo a uma coisa, desejo usufruir ao maximo dela. 6. Os inconvenientes e outras frustracées podem enfurecer- me tanto que as vezes me da vontade de gritar até obter © que quero, e, geralmente, 0 obtenho. 7. Concordo com afirmagées do género: “nada tem tanto éxito como 0 excesso” e “jamais alguém podera ter 0 suficiente de uma coisa boa”. 8. Tenho tendéncia a me exceder. Para mim, ou é um “ban- quete” ou passo fome, e eu, geralmente, procuro me “banquetear” o mais possivel. 9. Nao me importa se as pessoas pensam que sou “mate- tialista”; gosto do que é belo e caro, e desejo isso. 10. Sou uma das pessoas mais desinibidas e francas que co- nego: digo © que os outros gostariam de conseguir di- zer. 11. E muito divertido conversar, fofocar, dizer coisas engra- cadas, “deixar que saia tudo”, mesmo quando as vezes sou imoderado ou me excedo nas coisas. 34 12. 13. 19, 20. Detesto estar aborrecido (com tédio) e gosto de estar o mais possivel em movimento: minha agenda esta cheia de coisas para fazer, e isso me agrada, Tenho um apetite muito forte e tendéncia A cobica: se desejo uma coisa, nao vejo por que renunciar a ela, . Mantenho-me distraido fazendo muitas coisas diferentes; além de tudo, a gente s6 tem uma vida e, como se diz, 6 preciso aproveita-la bem. Gosto de ir a festas, receber convidados, verlir com meus amigos. Sou muito pratico e produtivo: tenho os pés na terra @ sei como conseguir que as coisas sejam feitas. jajar e me di Tenho muitos dons diferentes ¢ sou uma das pessoas mais versateis que conheco; realmente, tenho habilidade para muitas coisas diferentes. . Desfruto muito das coisas e sou entusiasta a respeito de tudo, pois tudo parece me dar prazer. Quando estou muito feliz, sou alegre, espontaneo e cheto de vida. De fato, sou uma das pessoas mais felizes que conheso. A vida é realmente maravilhosa e, quando paro para pensar, encontro muitas razdes para ser agradecido. 35 10. 11. 36 TIPO 8 . Se n&o posso conseguir 0 que desejo, procuro que os ‘outros também nao 0 consigam. .. Acredito em mim: sou o melhor; deveria ter sido um rei ‘oualgo desse género. O modo como estruturo as coisas me da 0 controle de tudo, e mais ninguém consegue obter nada, a néo ser que coopere comigo. . As vezes, no passado, minha légica chegou a ser: “O que © poder faz, esta correto”, e cheguel a ser bastante impiedoso quando tive de aplicar isso. . Sou conhecido como uma pessoa muito dura e, como resultado disso, muitas pessoas desejaram nunca terem chegado a se envolver comigo. . Temos de infundir medo aos outros pois, sem divida, eles nao farao 0 que queremos sé por sermos agradé- veis. . Nao me importo de “atropelar os outros” quando tenho de fazé-lo. Quando a gente quer conseguir uma coisa, as pessoas $6 respeitam a forca. 3. Nao acredito no amor desinteressado nem no altruismo de fazer o bem; essas coisas sao para “débeis sentimen- tais” que nao consequem triunfar por si mesmos. Quando me agarro (dedico) a uma coisa, é questo de vida ou morte: ou eles ou eu; e eu serei a pessoa que acabaré ficando por cima. As pessoas nao se atrevem a nao fazer o que digo, por que eu sei obter o que quero. Sou um negociador duro: sei como pressionar e como dizer ndo e ndo cedo. 12. 13. 19, 20. O dinheiro @ importante porque ele é poder. Se tenho iinheiro suficiente, ninguém tera poder sobre mim. Sou um bom negociante e comerciante, e meus projetos sempre terminam muito melhor do que quando entrei neles. . Sou persuasivo, um vendedor natural, e quase sempre tenho algum tipo de oportunidade lucrativa para mim. Eu infundo respeito: os outros me respeitam e obede- cem. Gosto da excitacdo do perigo e de aventura. Com fre- qliéncia entrei em situacées dificeis e consegui triunfar, apesar das adversidades. ‘As pessoas me procuram para que eu seja o seu lider, porque sou forte, decidido e consigo tomar decisées difi- ceis. . Tenho muita “agilidade”; sou valente, e com freqtiéncia tenho aceitado a provocagao de desafios dificeis e tenho conseguido éxito. Consigo ver as oportunidades e o modo como quero que sejam as coisas, e posso congregar os outros minha volta para consegui-las, Sou uma pessoa afirmativa e tenho muita confianga em mim mesmo. 37 TIPO 9 1. Se me acontece alguma coisa ruim, 6 como se de repen- te tudo fosse irreal, como se fosse um sonho e nao esti- vvesse acontecendo realmente comigo. 2, De vez em quando, a ira e outros sentimentos perturbadores parecem surgir do nada, mas também logo se acabam 3. As pessoas as vezes se “chateiam” comigo e eu nao en- tendo por qué; sou uma pessoa boa e nao faco nada para ferir os outros. 4. O que passou, passou, e é melhor deixar os problemas para tras, logo que seja possivel. 5. Descobri que quando a gente nao se preocupa com os problemas durante um certo tempo, eles desaparecem, 6. Nao preciso refletir muito sobre mim mesmo: nao. adianta de nada... para que se preocupar? 7. Aceito a vida do jeito que vier, porque as coisas vo acon- tecer de qualquer jeto, independentemente do quea gente fizer. 8. As pessoas, na realidade, nao mudam, é preciso aceité- las do jeito que sao. 9, Talvez algumas pessoas achem que sou “esquecido” ou “desligado”, mas hé coisas a que eu preferia nao prestar atengao, e por isso simplesmente n&o penso nelas. 10. A maioria dos problemas, na realidade, nao sdo tao pro- bleméticos e geralmente, com o tempo, todos se resol- vem bem. 11, Gosto que tudo seja tranatilo e agradavel e nao me agra~ da quando as pessoas discutem, lembram problemas ou causam “chatices”. 38 12, 13. 19, 20. Muitas pessoas séo demasiado criticas e se preocupam, cexageradamente; eu nao entendo para que se preocupar com a maioria das coisas. ‘Acho que tenho tendéncia a ser conservador e antiqua~ do nos meus pontos de vista, especialmente no que diz respeito 4 minha familia e outros valores. Sinto necessidade de estar proximo de minha familia e de meus amigos; quando procuro estar de acordo com ‘alguma coisa que eles querem que eu faca por eles, pare- ce que isso os faz felizes. Tenho um lado contemplativo e mistico: me encanta entrar em comunicac&o com a natureza e freqiientemente me sinto em comunhao com 0 universo. Acho que n&o sou uma pessoa muito complicada: sou otimista e estou satisfeito comigo mesmo e com a vida do jeito que ela é. As pessoas séo essencialmente boas e eu confio nelas, sem ficar questionando se tém motivos ocultos. ‘As pessoas acham que eu nao sou agressivo nem vivo julgando os outros, mas que sou agradavel e uma boa companhia. Gosto de criar um ambiente caloroso, de apoio, onde os outros possam florescer, ser felizes e querer-se bem en- tre eles. No meu melhor estado, sou capaz de me impor, mas continuo proximo das pessoas, especialmente de meus familiares ¢ amigos. 39 3.2. Plenario * Explicacao do Quadro de Afirmacées: As 8 primeiras afirmacdes identificam a atitude nao redimida, as 6 seguintes identificam a atitude média e as 6 Uiltimas identificam a atitude redimida. 3.3. Reflexdo indi ual Agora, tendo esta chave de leitura do Quadro de Afir- macées, cada um vai retom-lo, vendo em qual das atitudes se situa mais e deixando-se interpretar por isso. O que isto me diz? Como me sinto ao tomar consciéncia destes dados a meu respeito? Como confronto estes dados com a imagem que tinha de mim mesmo? 3.4, Plenario Cada um pode partilhar 0 que quiser e julgar oportuno. 3.5. Revisiio das dimensées negativas de cada tipo Dizia a tradicao sufista que a pessoa era estragada por seus dons: prendendo-se a estes ¢ criando sua auto-imagem 40 ‘a partir deles, a pessoa “esquecia” o lado negative de sua personalidade e por isso 0 seu crescimento ficava compro- metido. Por isso, a mesma tradigéo lembra que o contato com aquilo que em cada um existe de mais negativo é que pode dar a largada para o caminho de crescimento. Na tradi¢ao crista, falamos que a consciéncia do pecado 6 condigo para iniciar 0 proceso de converséo. Por isso, neste processo de descoberta e crescimento @ luz do Eneagrama, damos importancia a esse niicleo de dimensées hegativas que caracterizam cada tipo. Ai esta a energia ge- nuina de cada tipo. Essa é também a energia vital de cada lipo. Da maneira como lidamos com esse niicleo negativo, depende nosso crescimento, porque dele depende a cons- ciencia de nés mesmos, nossa auto-estima, O cerne da tipologia do Eneagrama passa pelo contato com esse nticleo negative. Também o segredo de nossa feli- cidade e de nossa realizacao como pessoas livres passa por ‘A ciéncia nos diz que a maior parte das doencas sao psicossomiaticas (tém origem em problemas de ambito psico- logico, que provecam problemas em nivel fisico). Por af, jé podemos avaliar a importancia que esse nticleo pode alcan- gar na nossa vida e 0 quanto se torna necessario trabalhé-lo adequadamente. ‘Temos consciéncia do quanto isso pode ser doloroso & de quantas defesas isso pode suscitar em nés; mas, a palavra le Cristo no evangelho de Joao pode animar a gente nessa ‘aventura: a verdade déi, mas “a verdade vos libertaral”. + Nesta reflexdo individual, cada um vai ler e meditar sobre esse “nticleo negativo” de seu tipo. * Nesse “niicleo”, sintetizamos aquilo que na primeira parte do Reencontro chamamos de "pecado de raiz”, “fuga”, mnecanismo de defesa”, “armadilha”, “tentacio” 41 * Entregar folha com a sintese das dimens6es negativas de cada tipo. * Cada pessoa se concentra no seu tipo. * Cada pessoa vai tentar tomar consciéncia desse nii- cleo negativo e da forma como ele se manifesta na sua vida, Nota: Sendo possivel, este trabalho pode ser feito em grupos (por tipos ou por centros). 42 DIMENSOES NEGATIVAS DE CADA TIPO — O NUCLEO NEGATIVO TIPO 1: O Pecado de raiz é a ira oua raiva. Essa com- pulsdo coincide com a fuga. A pessoa vive a compulsdo da iva e ao mesmo tempo foge dela inconscientemente, evitan- do-a, por sentir vergonha dela, uma vez que se apresenta como uma “imperfeicio”. Por isso a pessoa nao percebe nem admite que esta com raiva. A dificuldade de admitir essa “imperfeigao” desenvolveu na pessoa o Mecanismo de defe- sa que consiste no controle da reacao, isto é, censurar a ira, reprimHla inconscientemente. O “critico interno”, a voz que constantemente censura e vigia, é a antena desse mecanis- mo de defesa. Essa ira reprimida pode gerar “uma panela de presséio” no interior da pessoa e geralmente s6 é percebida quando somatizada. Assim, a Armadilha deste tipo & a \itabilidade, o ressentimento, o melindre, a suscetibilidade, como um sentimento constante de ressentimento, como uma personalidade que se “fere”, se irrita, se sente incomodada por qualquer coisa. A pessoa vive “escorregando” nessa ar- modilha, que @ também o alarme, o sinal de que a pessoa sta se deixando tomar por sua compulséo negativa. Por isso, Tentacdo do tipo é a perfeigao: a busca da perfeicéo domi- naa vida toda da pessoa, numa ansia de “nao ser criticada” elo seu eritico interno ou pelos outros. Essa busca se torna Compulsiva, massacrando a pessoa e fazendo que seu rela- clonamento com os outros se torne estressante, para simes- tha e para os outros. TIPO 2: O pecado de raiz é 0 orgulho, nao tanto no ntido de vaidade ou narcisismo, mas sobretudo como um "eu inchado", Acha que todos precisam dela e ela nao preci- 43 sa de ninguém. Até na relagao com Deus a pessoa pode ter dificuldade, pois esse orgulho Ihe diz que até Deus precisa dela para ajudar os outros. Esse orgulho dificulta também a tomada de consciéncia de suas necessidades e defeitos. O mesmo sentimento de orgulho pode gerar uma légica de autocompensagao e gratificacao: “Fiz por merecer...” Por causa desse orgulho, que se configura como certa auto-su- ficiéncia ou visio exageradamente bondosa de si mesma, a pessoa vive a Fuga da caréncia, pois tudo 0 que cheire a caréncia pode minar esse conceito orgulhoso de si mesma. Dai, também, se entende o Mecanismo de defesa: repres- sao, sobretudo dos sentimentos negativos no campo da agressividade e sexualidade. Os sentimentos reprimidos se tornam “veneno” dentro da pessoa e, as vezes, um simples gesto ou olhar pode envenenar todo um ambiente. A Arma- dilha é a adulacdo ou amabilidade: lisonjear 0 outro, desper- tando nele dependéncia que o leve a ter manifestages de gratidao. Isso gera um sentimento constante de “ser utiliza- do”, 0 que pode deixar a pessoa retraida, amargurada, ou leva-la a se prender com unhas e dentes a sua liberdade. Tam- bém pode gerar certo “complexo de vitima”, o achar que “estao todos contra mim...” A Tentacdo é a ajuda: a pessoa vive no dilema constante de ajudar sempre os outros e fugir de si, No fundo, sua compulsao de ajudar € uma forma de egofsmo: ajuda para receber reconhecimento, gratidao, de- pendéncia (do outro em relacdo a ela), porque, no fundo, ama a si mesma. TIPO 3: O Pecado de raiz é a mentira. A mentira se estrutura como “forma de vida", por causa da pressao do éxito, por sentir a compulséo de criar uma imagem de si que seja agradavel, que crie impacto, que lhe permita vencer. A pessoa se engana a si mesma, achando que a mentira é a verdade, pensando que verdadeiro @ o que funciona, venden- do sua imagem, sem desejo de profundidade. A mentira leva 44 a pessoa “ignorar” aspectos negativos, a ocultar o que cheire a fracasso, a “envernizar” o que realmente nao foi éxito. A Fuga é em relago & recusa: evita compulsivamente tudo 0 que possa gerar reprovaco ou recusa por parte dos outros, pois sua preocupacdo é com a aceitacao da imagem que pro- jela. A dificuldade de aceitar 0 fracasso se entende nesta logi- ca também: se fracassar, os outros poderdo rejeita-la, uma vez que a propria pessoa condiciona sua aceitago ao éxito, Assim, criou-se como Mecanismo de defesa a identificagao: ‘a pessoa se identifica de tal modo com o papel que represen- {a, com a funco que desempenha, com o lugar ou cargo que ‘ocupa, que se “despersonaliza” vestindo essa “mascara”, a ponto de chegar a nao saber quem é ela mesma. A Armadi- Iha 6a vaidade: esta pode materializar-se em exterioridades secundarias como a roupa, a aparéncia (pois ajudam a ven- der a imagem) e num sentimento de arrogancia, auto-suti éncia, superioridade. A superestima, da qual pode tornar- se prisioneira, leva a pessoa a ser “convencida de si mesma”, lornando-se autoritéria e utilizando os outros para atingir seus {ins pessoais. A vaidade @ também armadilha que faz trope- gor na superficialidade. Por tudo isso, a pessoa tem como Tentagéo a eficiéncia: é o dilema constante em sua vida Lanca'se compulsivamente no ativismo, buscando ser efi- ciente, lutando a todo o custo, contra tudo e contra tados se preciso for, para continuar vendendo sua imagem de compe- \ncia. TIPO 4: O Pecado de raiz é a inveja: por carregar em si um sentimento de “inferioridade”, fruto da sensacéo de perda, a pessoa vive se comparando com 0s outros e achan- Jo que eles tém o que lhes falta. Essa sensibilidade agucada pola inveja faz com que a pessoa seja capaz de perceber ime iatamente tudo 0 que nos outros possa ser superior a ela. Isso torna a pessoa egocéntrica, voltada para si mesma, com diliculdade de viver em funcdo dos outros de forma gratuita, 45 porque os outros sio para ela ameagadores uma vez que os usa como termo de comparacao. Foge de tudo o que seja banalidade, comum, trivial, pois isso lhe rouba a sensagaéo de ser “especial”, até entender que essa “mania de ser especial” nasce de um sentimento negativo de inferioridade e nao de uma auto-estima sadia. Como Mecanismo de defesa, a pes- soa desenvolve uma sensibilidade e capacidade de sublima- Go artistica, o que ajuda a minimizar a dor da “rejeicéo”. Vive mergulhada, sempre ou num vai-e-vern constante, no mundo de sua imaginacao, vivendo “na sua”, e o interesse pelos outros tanto vem como se vai. A Armadilha, que atrai e onde a pessoa tropeca, é a melancolia, a “doce tristeza’ sente-se bem quando fica deprimida, pois na tristeza encon- tra a felicidade. Mas isso faz com que a pessoa fique reme- xendo ainda mais na negatividade de seus sentimentos, na morbidez de suas experiéncias frustrantes, na magoa de seu sentimento ferido... e feche-se cada vez mais “na sua”. A Tentacéo ou o dilema da vida é a busca compulsiva de auten- ticidade; e quanto mais se esforca por ser auténtica, mais artificial pode parecer. TIPO 5: O Pecado de raiz é a cobiga: a compulsio de armazenar, de guardar, de acurnular, sejam bens materiais ou espirituais. A cobiga é um apego ao que se tem, mesmo que seja pouco, para nao correr o risco de precisar de alguém e ter de inter-agir para pedir ajuda. A cobica nasce do senti- mento de “vazio” que carrega consigo: o sentimento de algo no preenchido, uma “sede” de se preencher, um “comple- x0" de que nunca sabe o suficiente. Por isso a pessoa foge desse vazio, procurando preenché-lo continuamente. Como Mecanismo de defesa, desenvalveu-se o habito de “cair fora”, ‘0 mecanismo da retirada: 0 envolvimento emocional assusta a pessoa e, quando as coisas comegam a tomar esse rumo, ela simplesmente cai fora, refugiando-se no “conhecimen- to”, isolando-se no “seu mundo”. Outro Mecanismo de de- 46 fesa 6 a segmentagao: a pessoa divide a sua vida em compar limentos separados ¢ cada departamento fica isolado, para garantir a seguranca; assim, cada coisa no seut lugar, & mais ficil evitar 0 risco do imprevisto, que poderia desencadear reagées descontroladas. A Armadilha é a avareza: uma an- sia de ter, sobretudo 0 que se refere ao seu eu. Pensa que, possuindo, ficard sequra e teme doar-se, por achar que assim se vai perder. Isso pode chegar ao caso patolégico do ava~ rento, mas certamente se manifesta mais na “sede” insacia- vel de saber, pesquisar, que o faz sentir-se sempre “nao-pre~ parado”. A Tentacdo € 0 conhecimento: vive compulsiva- nente atraido por conhecer, mas isso cava ainda mais o seu vazio, que ele tanto evital Geralmente, brilha por ser “inte- lectual”, mas sua “forca” é na verdade seu pecado, TIPO 6: O Pecado de raiz é 0 medo. Esse medo se configura com a hesitagao, a divida constante, o questionamento permanente. E um medo que impede de confiar, um medo que faz a pessoa desconfiar sistematica- mente de tudo e de todos, sobretudo das intencdes dos ou- los. Medo que impede de tomar decisées, medo que faz re- car sempre para o lugar ou a situacéo “segura”. Esse medo é localizado na cabega: séo “fantasmas cerebrais” que ator- mentam a pessoa, pois, objetivamente, talvez nao existam motives reais para esse medo. O mesmo medo faz a pessoa se apegar a “coisas” que lhe “oferecam seguranga", por sen- lirse internamente insegura. A Fuga é sempre da atitude crrada: evita tudo 0 que possa ndo ser correto, pois isso dei- xaria a pessoa entregue A sua inseguranca. Por isso pensa muito antes de agir e pode até ficar paralisada, com medo de agir errado. Como Mecanismo de defesa, a pessoa desen- volveu a projecdo: aprendeu a minimizar seu medo projetan- do-o nos outros, criando “cenérios apocalipticos”, imaginan- do 0 pior, arquitetando motivos para justificar seu medo, “in- ventando” para os outros intengdes perversas que justifiquem 47 © fato de ter medo deles... Isso leva a pessoa a levantar hip6- teses engenhosas “sobre os motivos inconscientes” dos ou- tros. No fundo, é sua auto-desconfianca que projeta nos ou- tros inimizade, ddio, pensamentos negatives, por indicios insignificantes. A Armadilha, na pessoa fobica, é a covardia: recuat, refugiar-se nas suas “segurancas”, no se expér, es- conder-se, omitir-se, podendo levar a pessoa a uma atitude de passividade e de obediéncia cega. Na pessoa contrafobica, aarmadilha é a ousadia: reagir ao medo encarando-o de fren- te, de forma audaciosa, mas sempre movida pelo medo e isso pode levar a atitudes agressivas e comportamentos radi- cais. A Tentacdo é a busca constante de seguranga. Esse é 0 grande dilema da pessoa: ela se sente compulsivamente em- purrada para procurar seguranga nas leis, nos sistemas orto- doxos, no fundamentalismo, nas instituigSes, nas pessoas, nas coisas... fora dela. E, enquanto nao a descobrir dentro de si, sempre sera insegura. TIPO 7: O Pecado de raiz é a intemperanga ou a imoderacao ou a gula. Isso se traduz numa “fome compulsi- va" de excitagdes e experiéncias prazerosas. E 0 vicio da adrenalina, a necessidade da estimulacao mental, da energia fisica que precisa ser “bebida” fora. Ea compulsao do exage- 10, “Mais é sempre melhor": comer, trabalhar, beber, fazer projetos, criar relacionamentos, comprar, brincar, divertir-se... Por isso, foge do sofrimento: tudo o que possa cheirar a sofrimento ou tudo onde a dor possa espreitar, a pessoa evita instintivamente. Isso leva a pessoa a ter “medo de si”, do seu mundo interior, onde presume poder encontrar sofrimento, da profundidade, onde sua inconsisténcia pode fazé-la sofrer. Como Mecanismo de defesa, desenvolveu a racionalizaca a forma de arranjar motivos racionais, justificagdes intelec- tuais, para minimizar as experiéncias dolorosas ou tudo 0 ‘que possa colocar a pessoa em maus lengéis. Assim, a dor & deslocada e a pessoa nao toma consciéncia dela, e pode ir 48 vivendo sem nunca tomar consciéncia de seu lado negativo. Isso também pode gerar uma viséo exageradamente otimista de si mesma, pois a pessoa nao consegue enxergar seu lado sombrio. A racionalizagao é a fachada que esconde o sofri- mento, a dor, a angustia. A Armadilha é o planejamento: ficar continuamente fazendo planos de experiéncias agrad4- veis, prazerosas, com 0 objetivo de intensificar o prazer, de energizar a vida. Isso leva a pessoa a viver “na fantasia do futuro”, para “almofadar” a dureza que o presente pode re- presentar. A Tentacdo ¢ 0 idealismo: € compulsivamente atraida para idealizar, fantasiar, imaginar, criar cendrios agra~ daveis, curtir na sua imaginacao experiéncias prazerosas que vai planejando para o futuro. Mas isso tira a pessoa do chao do presente e a impede de entrar em contato com o sofri- mento que carrega TIPO 8: O Pecado de raiz é a luxtiria, como utilizacio do outro por prazer. Isso se concretiza na falta de respeito pela vulnerabilidade do outro, fazendo dele objeto, usando-o, pisando em cima dele, oprimindo-o e fazendo-lhe sérias exi- géncias morais, sem que a propria pessoa as cumpra. E certo descaramento, um gozo com 0 risco e 0 escandaloso, com a provocago e o limite. A luxtiria se concretiza também na busca excessiva de prazer que satisfaca seus instintos, sem que isso cause sentimentos de culpa. Quando sua atencio se fixa num prazer, é dificil desvid-la. Essa agressividade leva a pessoa a encontrar satisfagao no proprio sofrimento: por isso & capaz de aguentar, de trabalhar exageradamente, de sacri {icar-se, encontrando prazer nisso. A falta de respeito pelo outro faz com que nao sinta constrangimento em manifestar sua raiva ou em agir conforme seus sentimentos. Foge de tudo 0 que é sinal de fraqueza: por isso tem dificuldade de lidar com seus sentimentos, com afeicéo e ternura, com a emogao. Por isso também é dificil aceitar seus erros e limita- (G6es, seus fracassos e derrotas, ou ainda a doenca ou qual- 49 quer situacao de “impoténcia”. © Mecanismo de defesa é a negagao: negar tudo 0 que pode ser sinal de fraqueza, @ a maneira de defender sua auto-imagem de pessoa forte. Nega tudo 0 que nao condiz.com seu conceito de verdade e justica. Nega e reprime suas proprias fraquezas ¢ os limites de seu poder e capacidade. Pode negar também seus sentimentos, ou até a dor fisica e emocional. A Armadilha 6 a vinganca aura retribuicdo, j4 que assim é seu conceito de justica: se a blanca da justica foi desequilibrada, é preciso recolocar as coisas no lugar, punindo o culpado, resgatando o oprimido, para repor a justica. Compulsivamente vive fazendo esse jogo de retribuigdo: sua mente capaz de ficar imaginando vin- gangas, para “pagar a cada um aquilo que merece” ou para recolocar as coisas no seu devido lugar. A compulsdo é cega, 6 tudo ou nada, e, quando entra numa briga, é ganhar ou ganhar... ei vale tudo. A Tentagdo é a luta pela justica. Ai esta seu dilema, pois, sendo esse também seu ponto forte, pode destruir a pessoa, uma vez que é levada instintivamente a confundir justia com retribuigao e vinganca. Isso pode le- var a pessoa a buscar sempre um culpado a quem possa cas- tigar. TIPO 9: O Pecado de raiz é a preguica, nao tanto no sentido de nao fazer nada, mas no sentido de nao perceber o curso correto da aco nem conseguir ficar no rumo sem se desviar para coisas nao essenciais. E uma sensacao de confu- sdo interna, de falta de clareza, de falta de prioridade, de “deixa correr por nao saber direito para onde ir”. Isso se manifesta numa acomodagio e passividade, na lentidao para agit, pois para a pessoa é dificil tomar iniciativas, assumir e realizar tarefas. E uma apatia, uma “moleza”, que passa a sensacdo de que a pessoa esté se arrastando, sem Animo, sem garra. A Fuga é em relacao ao conflito: evita conflito, pois este pode comprometé-los, exigir resposta, trazer-lhe complicagGes, problemas, trabalhos, roubando-lhe a acomo- 50 dac&o na sua “tranqtilidade” onde se sente bem e em “paz”. Como Mecanismo de defesa, desenvolveu o habito de anestesiar-se, narcotizar-se. E possivel que fuja para algum vicio, para nao ter de enfrentar a realidade e 08 conflitos. Recorre a estimulantes externos para poder agir, sua energia vital vem de fora, pois intenamente se sente perdida. Sem ‘alguma coisa externa que a estimule, a pessoa se sente dor- mente. A Armadilha é a indoléncia ou o comodismo: “deixa star para ver como é que fica”, “nao vale a pena fazer esfor- ‘60, porque tudo é muito complicado e cansativo"... O lema é “nao esquentar”. Sua indeciséio acaba iludindo a pessoa, le- vando-a a achar que nao é@ capaz, que pouco vale, que o melhor é resignar-se. Pode haver também uma atitude passi- vo-agressiva: a pessoa nao se engaja por achar que nao vale 4 pena, que os outros néo merecem que ela se canse. Pode reagir como se nada tivesse acontecido, fazendo de conta (que “nao entendeu”’ Evita a vida, o mundo, o bem e o mal, alé a si mesma. Pode, por medo de conflitos, reprimir as energias da agressividade e da sexualidade, e ai a indoléncia ( geral. A Tentacdo @ 0 auto-rebaixamento: é o dilema de ia vida, pois constantemente a pessoa sente-se inclinada a e menosprezar, a achar que nao tem valor, diminuindo-se, hii mostrando seus dons... o que & primeira vista pode pa- tecer humildade, é no fundo uma falsa modéstia e um medo (lo se expor. Mas isso afasta a pessoa ainda mais do tngajamento e a deixa mergulhada no mundo intemno de sua confusao paralisante. 51 3.6. Exercicio individual: desenho do Drago Diza lenda que Sao Jorge lutou com um Drago, e pa- rece que arrastou sua luta e no teve muito sucesso. Ouira lenda reza que também Santa Marta teve proble- mas com um Dragao. Mas ela resolveu domesticé-lo, doma- lo, edizem que depois o Dragao a seguia para onde quer que fosse, décil e manso. ‘Cada um de nés também tem um Dragao cruzando sua vida. Chamamos “Dragao” a esse nticleo negativo que faz parte da personalidade de cada pessoa. Nao se pode ignorar © Drago! E preciso aprender a lidar com ele! E tudo comeca por “dar nome aos bois”, no caso, ao “Dragao"! Na reflexo anterior, recordamos como ele se manifesta na nossa vida. Agora, vamos olhar para ele, tentar “personalizé-lo”, dar-lhe cor e movimento, tomar conscién- cia dele. E um trabalho bem pessoal, Trata-se de cada um tentar identificar 0 seu “Dragao”, ver qual é, concretamente, a manifestacao principal de seu nticleo negativo, descobrir qual é a sua pedra de tropeco, qual é o buraco que vive apa- recendo na frente de seus pés. © Cada um vai fazer um desenho do seu “Dragao”. * Tente materializar esse nticleo negative que 0 inco- moda, 52 © Use a cor, 0 movimento... Expresse de maneira sim- bélica 0 jeito como vocé percebe em si mesmo a presenca desse nticleo. © No final, dé um nome ao “Dragao”. O nome é muito importante! Por isso, escreva-o no desenho. 3.7. Plenario Cada um pode apresentar seu desenho do Dragio e fa- lar como se sentiu neste exercicio. 3.8. Exercicio individual: escrever uma carta ao Drago Tentamos identificar 0 Dragao, darlhe cor e nome, ‘personalizé-lo”. Foi o primeiro passo. Agora, ele ja néo & apenas uma idéia abstrata, mas algo que conseguiros visualizar na nossa vida. ‘Agora vem 0 segundo passo: o que vamos fazer com a lera? Como nos sentimos perante ela? O que ela suscita em nds? Como lidamos com ela? Pois bem, vamos escrever uma carta ao nosso “Dra- jio”. Nessa carta, vamos conversar com ele. Dizerhe tudo que queremos dizer. Falar como 0 vernos, como nos senti- nos em relacao a ele, desabafar com ele, como se estivésse- mos escrevendo a uma pessoa concreta. E importante que essa carta seja bem pessoal, sem cen ura, sem omissées. * Cada um escreve uma carta ao seu Dragao. + A carta @ pessoal e intima, ninguém precisaré parti- thorla. 3.9. Plenario Cada um poderd dizer como se sentiu neste exercicio. 53 g&o” nem tentar ignoré-lo. Nao adianta ficar a vida toda jo- gando a culpa nos outros ou nos ambientes. A fera esta den- tro de nés e nés a carregamos para onde quer que formos: 08 outros @ o ambiente apenas fazem “acordar a fera” que carregamos, de maneiras diferentes, com matizes diversos. O segredo da questo é.a maneira como lidamos com 0 Dragao: seguimos 0 exemplo de Sao Jorge ou o de Santa Maria? Vivemos angustiados, lutando contra ele, prenden- do-o ereprimindo-o dentro de nés? Missao imposstvel... ape- nas estaremos aticando a feral A tarefa fundamental @ “do- mar” 0 Drago. Dar-lhe nome, identificé-lo e conversar com ele, domesticé-lo, colocé-lo ao nosso servigo e nao ser mais escravo dele e de seus caprichos. Nunca conseguiremos elimina-lo! Se o fizéssemos, correriamos 0 risco de nos tor- nar pessoas sem vida, sem energia vital. Isso porque, queira~ mos ou no, af reside nossa fonte de energia: nosso Dragio pode ser nosso carrasco, ou pode tornar-se o motor sadio de nossa vida. No Livro dos Nameros, quando as pessoas eram picadas pelas serpentes, Deus manda fazer uma serpente de bronze: quem a tocasse, depois de ser picado, seria salvo. A serpente mata, a serpente salva (Nm 21,8-9). Nao temos culpa da existéncia desse “Dragao” em nés, mas somos res- ponsdveis pela maneira como lidamos com ele. Reprimi-lo sera para cada um, além de tarefa ingloria, fonte de angiistia e sofrimento, desgaste de energia e ninho de problemas. ‘Uma pessoa que mata suas paixdes corre o risco de se tornar uma pessoa sem paixao! Precisamos dessa energia! Mas precisamos colocé-la a0 nosso servico e nao andar a reboque delal A pessoa livre no é a que nao tem problemas, mas aquela que aprendeu a conviver com eles, aquela que os domina, aquela que conseguiu domar seu Drago. Assim fala a parabola do cego: ele estava perdendo a vista, pouco a pouco, Lutava contra a cequeira, com todas as suas forgas. Quando a medicina nao Ihe deu mais esperan- 54 as, comegou a se revoltar contra ele mesmo, lutando com suas emogées. Ai um amigo se encheu de coragem e Ihe disse: “Sugiro que vocé aprenda a amar sua cegueira”. “Amar minha cegueira? Como poderei fazer isso, se isso é 0 motivo de minha infelicidade?” Ele recusava-se a admitir sua cegue' ra, aceité-la. Com 0 tempo, foi perdendo a batalha e um dia yesolveu conversar com ela: foram palavras de ressentimento cde amargura. Jogou nela toda a raiva que sentia. Mas con- linuou conversando e, aos poucos, as palavras foram se tor- nando resignadas, tolerantes, aceitando o inevitével. Um dia, finalmente, com grande surpresa até para si mesmo, elas se tornaram palavras de amizade e de amor! E chegou o dia em que ele foi capaz de colocar o braco no ombro de sua cequei- rae dizer num abraco: “Eu te amo!” Nesse di sortir de novo, depois de muito tempo! E que sorriso! Claro que a cegueira continuava. Sua visio era irrecuperével. Mas como ficou lindo o seu rosto! Muito mais lindo do que era antes da cegueiral E isso ail Abragar nosso Dragao, aceité-lo e amdlo. No dia em que conseguirmos fazer isso, no dia em que conse- quirmos lembrar dele sem amargura, mas com catinho... seremos livres! Como foi a nossa carta? Qual foi o tom de nossas pala- vas? Conseguimos dizer ao nosso Dragao: “Eu te amo"?! Se conseguimos, podemos seguir em frente! 3.10, Oragaio © Teremos agora um momento de oragio. Vamos rezar ludo © que descobrimos até agora. E um momento muito pessoal e um desafio de profundidade, E fundamental vivé-lo intensamente. © Até aqui, estivemos refletindo sobre nés mesmos. Fi- zemos essa viagem pelo nosso mundo interior. Neste mo- 55 mento de oracéo, vamos colocar-nos numa atitude de “pere- grinos”; peregrinos de nés mesmos. Vamos peregrinar por ‘esse nosso mundo interior, mas vamos fazé-lo na presenca e na companhia de Deus, numa atitude orante. 56 PEREGRINO DE MIM Procure um lugar trangiiilo, onde vocé possa se con- centrar. © Reze o Salmo 139 (“Senhor, tu me sondas e me co- nheces..."). © Prepare-se para deixar sua imaginagao fluir... © Nao lela a histéria toda de uma vez: va lendo, lenta- mente, passo a passo. Em cada niimero, pare, reflita e anote stias reflexdes. Nao passe ao ntimero seguinte sem ter refle- lido sobre 0 passo anterior e anotado. * Em cada passo, procure imaginar a cena, colocar-se nela, ¢ s6 depois reflita. * Imagine que vocé ficou sabendo desta estranha noti- cia: Deus criou uma pessoa exatamente igual a vocé! Fisica, psicolégica e espiritualmente igual a vocé! 1. E ai?! Por que Deus teria feito isso? O que vocé acha desse gesto de Deus? O que Deus teré “sentido” e “querido” ao fazer isso? Como vocé se sente ao refletir sobre isso? © Bem, seja como for, 0 certo é que voce ficou curioso para encontrar essa pessoa. E af, vocé parte para uma longa caminhada. Depois de muito andar, sem ter chegado ainda ao lugar em que essa pessoa mora, vocé chega a um peque- ho povoado. Ai vocé resolve pernoitar. A casa da pessoa que vocé procura fica bem perto, talvez a mais um dia de viagem. A noite vocé senta na praca, com uma roda de gente. Vocé pede informacdes acerca do lugar que esté procurando e, cutfoso, todos conhecem a pessoa que voce est’ buscando! 57 2. E af? O que dizem a respeito dela? Como a descre- vem? Que qualidades Ihe apontam? Que defeitos the atri- buem? Qual é a caracteristica fundamental que lhe trans- mitem? Como vocé se sente ao ouvir tudo isso? * No dia sequinte, bem cedo, vocé bota o pé na estrada, Enquanto caminha, as conversas da noite anterior vao pipo- cando na sua cabeca, mas vocé ainda se pergunta: ser que esta gente conhece realmente essa pessoa? Sera que ela mesmo dese jeito? E a curiosidade aumenta a vontade de chegar logo e ver a pessoa, cara a cara, olhos nos olhos! O sol jé vai caindo... Vocé chega ao alto do monte, na curva da estrada e vé! Nao ha divida! E a casa onde mora essa pes- soa, aquela ali, descendo a encosta! Bate certo com a descri- go que vocé tinha! 3. Eaf? Como é0 lugar? Como é a natureza em volta? Como é a casa? O que esse ambiente Ihe mostra a respeito da pessoa que vocé procura? Como vocé se sente olhando tudo isso? * De repente, vocé enxerga alguém, perto da casa: é a pessoa! Nao hé dividal E como se vocé estivesse se olhando no espelho! 4, Eaf? O que vocé esté sentindo? O que vocé acha da pessoa? Qual a sua primeira impressdo? * Depois de um bom tempo, vocé decide realmente ir ao encontro dela! E vai, descendo a encosta... 5. E ai? O que vocé esté sentindo enquanto caminha? Qual é a reacéo quando os olhares se encontram? O que vocé faz quando chega junto? O que vocé sente? * Rolou entao um longo papo, noite adentro... 58 6. Ei? Sobre o que vocés conuersam? Como vocé se sente ao ir conhecendo a pessoa? O que vocé sente por ela? * Bem, o cansago bateu! Afinal, vocé vem de uma longa viagem! Resolvem ir dormir. Voc? entra no seu quarto meio alordoado com a experiéncia que esta vivendo, 7. E.ai? Como voce se sente agora? O que voce acha da pessoa? Que qualidades encontrou nela? Que defeitos Ihe transpareceram? Como vocé caracteriza agora a perso- nalidacle dela? O que vocé sente por ela? O que mais o incomoda nessa pessoa? O que mais o atrai nela? * Acontece que vocé perdeu o sono! E vocé sente ne- cessidade de rezar! Entao, vocé comeca a conversar com Deus a respeito dessa pessoa. Voce para um pouco e relembra toda a caminhada que fez... (leia a histéria que foi escre- vendo). 8. O que voce diz a Deus a respeito dessa pessoa? O que Deus diz para vocé a respeita dela? © A sua peregrinacao termina por aqui; mas, antes de encerrar esta historia, dé um nome, simbélico, a essa pessoa! 59 Segunda parte A RELACAO COM OS OUTROS 4.1. Introducao “O inferno sao os outros”, dizia Sartre! Talvez a gente ja tenha sentido isso, e talvez os outros j4 tenham dito isso a nosso respeito! O certo & que nao estamos sozinhos! Feliz- mente ou infelizmente! Nossa vida se cruza continuamente com os outros e isso é fonte de alegrias e tristezas, e sempre nos perguntamos: “Por qué?”. * Vamos abrir um novo capitulo no nosso encontro. Vamos agora olhar para os outros, ou melhor, vamos conti- nuar olhando para nés! Nés em relaco com os outros! © Comecamos fazendo uma reflexao individual sobre a nossa situac&o, o nosso nivel de crescimento dentro da esca~ la dinamica do Eneagrama. 4.2 . Os nove niveis de crescimento — Reflexao individual No proceso de amadurecimento de cada tipo, que se situa no longo caminho entre os pélos de desintegracdo e de Integragéo, ja referimos trés niveis que podem caracterizar a siluago da personalidade: ndo redimida, normal e redimida. Embora nao sendo degraus com separacdo rigida e bem de- limitada, estes nfveis se propdem como pontos de referéncia ‘ui como indicadores de crescimento para a propria pessoa. 63 Dentro dessa légica, estendemos agora a escala de refe- réncia, caracterizando em cada tipo nove niveis de desen- volvimento (trés na atitude nao redimida, trés na atitude nor- mal e trés na atitude redimida), indo do nivel 9 (o que mais se aproxima do ponto de desintegracéo) até o nivel 1 (que se identifica com 0 ponto de integracao). ¢ Numa primeira reflexdo, cada um procure situar-se numa das trés atitudes (nao redimida, normal, redimida). * Num segundo momento, o objetivo seré cada um si- tuar-se na escala de crescimento (grafico dos 9 niveis), identi- ficando 0 nivel em que se encontra. * Por tiltimo, a fim de tirar conclusées para o crescimen- to, a pessoa deve caracterizar qual @ seu préximo objetivo na linha do crescimento e os passos que precisa dar para atingi-lo. ¢ Entregar folha “Os nove niveis do crescimento” (para cada pessoa se entrega a folha do seu respectivo tipo). * Cada um vai refletir e tentar situar-se, tendo em conta que © Eneagrama é uma tipologia dinamica, nao estatica e, possivelmente, nao nos encaixamos totalmente em um ou outro nivel. O importante é identificar onde nos situamos globalmente, a partir do que somos hoje. 64 Na atitude n&o redimida, o Tipo 1 é extremamente dogmatico, inflexivel, farisaico e intolerante. Sé ele conhece a verdade e posiciona-se a partir de seus principios absolutos © proibitivos. Os outros nao tém razdo, e 0 Tipo 1 usa todos 08 artificios “racionais” para manter a “ldgica” de suas posi- Ges. Tem obsessao pela maldade dos outros, embora para- doxalmente faca o mesmo ou piot. Por isso se torna hipéc la, fazendo o contrario do que prega e racionalizando suas atitudes contraditérias. Se os outros nao Ihe “obedecem”, torna-se cruel e sédico, condenando os outros e providen- ciando que sejam castigados. No auge da desintegracao, tor- na-se deprimido, envergonhado, severo juiz de si mesmo e destrutivo, com pensamentos suicidas. No minimo, é prové- vel um colapso nervoso ou uma forte depresséo, mesmo que soja breve, Na atitude média, o Tipo 1 sente-se obrigado a me- thorar tudo pessoalmente, e por isso comeca “querras san- las": converte-se em reformador, altamente critico ¢ idealis- ta, E capaz de se entregar a uma causa que lhe pareca impor- lante e nela trabalhar com afinco. O medo de cometer erros lorna-se grande e, por isso, procura que tudo o que faca seja coerente com seus ideais. E organizado, puritano, metédico, \igico e detalhista, rigido, impessoal, exigente, pontual e con- vencido, sério e retraido emocionalmente, Seu jeito de pen- 1" é hierarquizado e dedutivo, dividindo tudo em bom ou nut, preto ou branco, certo ou errado. E muito perspicaz e vive corrigindo as pessoas e pressionando-as para que fagam vo que segundo ele é 0 certo. Ealtamente critico e impaciente 65 consigo mesmo e com os outros. E moralizador e se irrita e indigna com qualquer pessoa ou coisa que ache errada ou fora do lugar. Na atitude redimida, 0 Tipo 1 é conscientizado com profundo sentido do bem e do mal e de sélidos valores morais. E racional, razoavel, autodisciplinado e moderado. E altamente ético, acentuando os valores da justica e da verda- de, E pessoa cuja retidao e integridade faze dela um teste- munho vivo de autoridade moral. Deseja ser imparcial, justo, objetivo e assume principios elevados, cultivando a virtude e com isso atingindo 0 equilfbrio. No nivel mais integrado, extraordinariamente sdbio e justo, criterioso, sabe o que & moralmente melhor em qualquer circunstancia a tem clareza quanto as prioridades, o que lhe dé uma perspectiva transcendental. E tolerante com os outros e por isso escuta a verdade. DA conselhos sébios e tem grande visdo e grandes objetivos. A INTEGRACAO, 1- Realista, sabio, tolerante 2: Razoével e racional 3: Mestre de principios, objetivo 4- Reformador idealista 5+ Organizado, logica rigida 6-Perleccionista e julgador 7-Intolerante 8: Hipécrita obsessivo 9- Vingador e punitive DESINTEGRACAO, 66 TIPO 2 Na atitude nao redimida, o Tipo 2, por sentir que nao é apreciado e correspondido pelo bem que faz, torna-se ressentido e queixa-se amargamente. No pior estagio de de- sintegraco ataca aqueles que no retribufram seu amor, po- dendo até tornar-se fisicamente agressivo, exatamente com ‘as pessoas por quem havia demonstrado sentimentos mais préximos. Comega a enganar-se a si mesmo a respeito de seus motivos, nao enxergando suas atitudes agressivas e egocéntricas, tornando-se manipulador e interesseiro, des- truindo os outros ¢ explorando suas fraquezas. Na atitude média, 0 Tipo 2 fala mais dos sentimentos om vez de ajudar, Fala constantemente do amor, que é para cle um valor supremo, tornando-se emocionalmente “melo- 50", efusivo, demasiado amigavel, cheio de boas intencdes a respeito de tudo. Procura agradar, elogiat, adular. Torna-se muito intimo, intrometido e solicito, pois tem necessidade de que precisem dele e por isso interfere na vida das pessoas com 0 pretexto de ser um amigo carinhoso. Torna-se uma pessoa pegajosa, que nunca se contenta com o que faz pelos ‘outros, criando necessidades nos outros e desgastando-se para tisfazé-las. Ao mesmo tempo, revela-se possessivo, zeloso © ciumento em relaco as pessoas em quem investiu. Sente- 2 indispensavel, menospreza 0 que faz pelos outros, sente «que os outros estao em débito pelo que lhes fez. Manifesta-se com ares de superioridade, arrogancia e despotismo. Espera que sempre Ihe agradegam e o retribuam por sua bondade, & pode tornar-se hipocondriaco ou assumir uma postura de “martir”. 67 Na atitude redimida, 0 Tipo 2, em seu melhor es! gio, torna-se capaz de um amor desinteressado e incondicio- nal, verdadeiramente altruista, sem esperar retribuicao. Sen- te que seu verdadeiro privilégio é poder estar presente na vida dos outros, de forma caritativa e humilde. E empatico, compassivo, sensivel e se coloca no lugar dos outros, preocu- pando-se com as necessidades alheias. E sincero e afetuoso, agradecido e incentivador, E capaz de perceber nos outros 0 lado bom, O servico é para ele um valor importante e conse- gue doar aos outros o que realmente precisam, mesmo que isso exija sacrificio de sua parte. A] INTEGRACAO 1- Atruismo, gratuidade 2- Pessoa carinhosa, empatica 3- Ajuda incentivando, generosidade 4- Amigo efusivo, adulador 5 Intimidade possessiva 6-Abnegacio envaidecida 7- Manipulador que se engana asi mesmo 8 Dominador coercitivo 9- Vitima psicossomatica DESINTEGRACAO 68 Na atitude nao redimida, 0 Tipo 3 torna-se maldo- so, preocupado em destruir os outros e desgastado pela pré- pria hostilidade. Percebe que é distante dos outros e, em vez de sentir-se culpado, seus sentimentos se “apagam”, e ai vem 1a despersonalizacao ¢ 0 vazio interior, Pode tornar-se opor- tunista ¢ explorador, temendo o fracasso ¢ a humilhacéo. Utiliza os outros para se garantir. Torna-se vil, imoral, ment roso patolégico, indigno de confianca, sabotando ¢ atrai- oando as pessoas pelas costas, destruindo relacionamentos @.a boa fama das pessoas e sentindo nisso um gosto de vito- ria, Pode chegar a ser vingativo e sédico e, em tiltima instan- cia, revela tendéncias violentas e psicopaticas. Na atitude média, o Tipo 3 assume a postura de camaleao. Torna-se competitive para mostrar-se superior, comparando-se com os outros em busca de status, prestigio c éxito, Torna-se carreirista social, pragmético, orientado para metas eficientes, calculista, frio e polido. Tem consciéncia de sua imagem e preocupa-se muito com a maneira como os outros 0 vee, procurando projetar a imagem “correta”. Comegaa ter problemas com 0 compromise ea intimidade, a desonestidade e a falsidade. Promove-se constantemente, apresentando-se de forma narcisista e pretensiosa e sentin- dose inchado no seu amor préprio, arrogante e exibicionista. Na atitude redimida, 0 Tipo 3 consegue aceitar-se a si mesmo, quiando-se por normas préprias, de forma genut- ha e auléntica: consegue ser o que parece ser. Accita suas limitages e sabe conviver com elas. E seguro e autoconfiante, 69 sente-se desejado e goza de auto-estima. Adapta-se facilmen- te, éenérgico, cativante e popular. Preocupa-se com seu cres- cimento e freqiientemente sobressai em algum aspecto, tor- nando-se um ideal humano que encarna qualidades admira~ veis. Os outros procuram imita-lo. E bom comunicador, con- segue motivar e empreender, sabe como apresentar algo de forma atrativa e aceitavel. 4 INTEGRACAO 1- Auténtico, normas proprias 2- Seguro de si, adaptavel 3-Exemplo que se sobressai, ambicioso 4- Procura status, competitive 5- Pragmético, progeta sua imagem 6-Narcisista, autopromove-se, despreza os outros 7- Oportunista, explorador 8 Traldor maldoso, falso 9- Psicopata vingativo DESINTEGRACAO 70 TIPO 4 Na atitude nao redimida, o Tipo 4 desiste da espe- ranca de se realizar e entra em colapso emocional. Torna-se dependente dos outros e odeia-se a si mesmo e acaba des- truindo seus relacionamentos. Se as suas expectativas e fan- lasias fracassam, se enfurece consigo mesmo e fica deprimi- do, tem vergonha de si mesmo e afasta-se dos outros. Apre~ senta-se profundamente cansado, mentalmente confuso, emo- cionalmente bloqueado e incapaz de trabalhar. Mergulha no autodesprezo, odiando-se, criticando-se severamente, com pensamentos mérbidos e atormentado por seus fracassos. ‘Tudo se transforma em fonte de culpa e acusagao. Sente-se indtil, sem esperanca e se autodestréi, possivelmente abu- sando do Alcool ou de drogas para escapar do édio assusta- dor que sente de si mesmo. Na atitude média, 0 Tipo 4 comeca a se questionar constantemente, duvida de sua capacidade, vé tudo de forma pessoal, torna-se hipersensivel, sentindo que é diferente dos outros e “estranho”. Vive mal-humorado, sentindo-se facil- mente ferido e muito vulneravel emocionalmente. Em vez de se expor, comeca a dar uma orientacao estética, artistica ¢ romantica aos seus sentimentos. Vive intensamente a reali- dade fantasiando-a na sua imaginag&o e exagerando senti- mentos apaixonados. Geralmente se retrai, assustado, tor- nando-se timido. Sente-se cada vez mais diferente dos outros ©, por isso, isento de viver como eles. A autocompaixao pode levao a tornar-se decadente e sensual ou a envolver-se num mundo de sonhos e ilusdes. Torna-se maldosamente volunta- rioso, altivo, pouco pratico e improdutivo. 71 Na atitude redimida, o Tipo 4 desenvolve ao maxi mo sua capacidade regeneradora e auto-renovadora, a pon- to de transformar todas as suas esperancas em algo valioso. E uma pessoa introspectiva, em busca de si mesma, convi- vendo com seus sentimentos e impulsos internos. E sensivel c intuitivo em relagao a si e aos outros, é compassivo, atento, discreto e respeitador. E altamente personalizado e afirma sua individualidade. Gosta de estar sozinho, para que seus impulsos inconscientes tomem forma. Torna-se emocional- mente honesto, auténtico e fiel. Tem uma visao irénica de si mesmo e da vida, podendo ser sério e ao mesmo tempo engracado, comovendo-se facilmente sem deixar de ser emno- cionalmente forte. a INTEGRACAO 1: Criativo, inspirado 2: Intuitivo, autocauteloso 3 Revela sua it idualidade 4- Artista imaginativ, fantasia 5: Introvertido, ensimesmado, reprimido 6- Esteticista, auto-indulgente, isento 7- Depressive alienado, inibido 8- Emocionalmente atormentado 9 Autodestrutivo DESINTEGRAGAQ. 72 TIPO 5 Na atitude nao redimida, o Tipo 5 isolou-se comple- tamente e tornou-se incapaz de atuar em seu ambiente. Tor- na-se impulsivo e histérico, instével e imprudente. Recusan- do todos os lacos sociais, retrai-se e isola-se das pessoas e da realidade, tornando-se cada vez mais estranho, excéntrico e instavel, altamente hostil e agressivo, mas ao mesmo tempo com medo das agressées dos outros. O medo faz com que projete sua maldade nos outros, tornando-se parandico e alucinado, com grandes possibilidades de ingresso na loucura ¢ esquizofrenia. Na atitude média, 0 Tipo 5 se torna um especialista, altamente analitico, examinando constantemente as coisas de forma intelectual. A medida que se envolve nas especula- Ses complexas e abstratas, vai se desligando dos fatos reais, mergulhando em detalhes, temas esotéricos e te compli- cadas, sem perceber 0 contexto mais amplo. Torna-se “um cérebro sem corpo”, apesar de se tornar também tenso e agressivo, como defesa ao seu estado emocional assustado. Procura ter certeza de suas idéias, para agarrar-se a isso. Se 0s outros n&o concordam com suas conclusées, mostra-se cinico e agressivo, considerando-os estipidos demais para compreender as coisas. Na atitude redimida, o Tipo 5 adquire uma extraor- inaria capacidade de percepgao e introvisao. Desenvolve uma inteligencia agucada e curiosa, capaz de concentrar-se © ir fundo naquilo que chama a sua atengao, conseguindo prever o desfecho de uma série de eventos. Apaixona-se pelo 73 saber e geralmente se torna perito em algum campo. E um. pensador independente, inovador, inventivo e original, com- preendendo o mundo de modo amplo e penetrante. Conse- gue ser imparcial, vendo as coisas em sua totalidade e em seu verdadeiro contexto, fazendo relagdes adequadas, vendo as coisas como realmente sao. ¢1 INTEGRACAO 1- Sébio, pioneiro 2- Observador perceptivo 3: Perito, erudito 4- Especialista analitico 5-Teérico, muito envolvido, preocupado 6: Reducionista extremo 7-Nilista isolado, retraido &-Paranéico delirante, distorcilo 9- Esquizbide vazio, transtornado DESINTEGRAGAO, 74 TIPO 6 Na atitude nao redimida, o Tipo 6 vive extrema- mente angustiado e torna-se masoquista, assustado com sen- limentos de inferioridade e inutilidade. E capaz de atacar vio- lentamente os outros, ou para driblar seus sentiments de inferioridade ou para ferir quem o feriu. Suas agressdes, que antes pareciam intolerancia autoritaria, agora se manifestam como violencia psicopatica e sadica. Com medo de ser conde~ nado e recusado pela autoridade, sente-se muito inseguro e ex- cessivamente dependente, menosprezando-se com comple- xos de inferioridade. Entra em depressao e se autodiminui, sentindo-se covarde e intitl, incompetente e atormentado por sous medos. Exagera os problemas, sente-se angustiado e & capaz de achar-se perseguido pelos outros, imaginando que .sto todos contra ele. E capaz de se auto-rebaixar e diminuir perante a autoridade, para que esta 0 “resgate” e apdie. Pode as- sumir dimensdes patolégicas, tendo uma postura masoquista Na atitude média, o Tipo 6 tem medo de tomar deci- ses e assumir a responsabilidade por si mesmo, e entao se Klentifica com uma figura ou um grupo que se lhe apresente como autoridade, obedecendo-lhe cegamente. Cumpre tegras, trabalhando em equipe, sendo tradicionalista e preso is normas. Torna-se ambiguo, reagindo contra a autoridade através de posturas passivo-agressivas indiretas, com atitu- des contraditérias e confusas. Essa ambiguidade faz com que teaja de maneira imprevisivel. Fica indeciso, cauteloso e eva- 10. Quando a tenséo aumenta, torna-se resmungao e negativista. Para superar a divida e a tensio, frutos da sua inseguranea, torna-se contrafébico, adotando uma atitude 75 rebelde e agressiva, Pode ser altamente parcial, radicalizar suas posi¢des, tornar-se maldoso e intolerante, fazendo dos outros bodes expiadores e atacando quem o ameaca, Na atitude redimida, 0 Tipo 6 adquire seguranca e autoconfianca, conseguindo equilibrar a independéncia e a interdependencia, A autoconfianga o leva a assumir uma postura positiva e a manifestar valentia, lideranga, criativida~ de e capacidade de expressar seus sentimentos. E capaz de obter das outras pessoas respostas emocionais intensas, pois torna-se carinhoso, atraente, cativante, amigavel e engraca- do. Os outros sentem ternura por ele e procuram ajudé-lo e protegé-lo, Desenvolve um sentido de confianca nos outros, compromete-se, é leal aos amigos e ao grupo, coopera, & responsdvel e trabalhador. J] INTEGRACAO 1- Autoconfienca 2- Atraente, comprometido 3 Leal, cooperador 4. Tradicionalista obediente 5- Ambiguidade, evasso 6 Agressivo, defensive 7- Insegurana, inferioridade 8 Histérico, reage impulsivamente 9- Masoquista, autodestrutivo DESINTEGRACAO 76 TIPO7 Na atitude nao redimida, o Tipo 7 perdeu o auto- controle e procura impor uma ordem arbitraria, tornando-se obsessivo e vingativo. Fixa-se obsessivamente em algo ou al- guém que Ihe parega solugao para sua infelicidade. Frustra-se rapidamente e torna-se agressivo e abusado, e exige algo para manter-se distraido. Fica um escapista infantil e impulsivo, perdendo-se em ataques de ira, com dificuldade de se contro- lar. Pode refugiar-se no alcool, nas drogas e em outros exces- sos, tornando'se libertino, pervertido e depravado. Como nao consegue controlar a angtistia, vive de maneira instavel e com- pulsiva, como se nao houvesse limites para ele. Facilmente entra em panico, quando suas defesas falham. Na atitude média, 0 Tipo 7 procura a variedade de experiéncias, divertindo-se até a “tltima gota”, buscando avi- damente o maximo de sensagées. Nao é capaz de dizer “nao” ¢ torna-se hiperativo. Com medo do tédio, aumenta o esti- mulo e a excitacao para se manter em constante movimento, distraindo-se com novidades, fazendo muitas coisas de modo superficial e tornando-se falador e diletante. Vive sem inibi- cio, é volivel, extravagante, aberto, barulhento e descarado. Fala 0 tempo todo, sempre fazendo comentétios engraga- dos, enganando e enrolando para manter-se animado. Sente que nunca se satisfaz e torna-se imoderado, egocéntrico, exi- gente e impaciente, insensivel com os outros e com tendén- clas para o alcool e as drogas. Na atitude redimida, 0 Tipo 7 responsdvel e entu- siasmado com suas experiéncias, extrovertido e aberto ao 77 mundo real das sensacdes. E espontaneo e curte todas as experiéncias. Reage prontamente aos estimulos e tudo lhe parece excitante. Ealeare, dinamico e estimulante, flexivel e animado. E pessoa com capacidades diversificadas e conhe- cimentos variados, capaz de fazer varias coisas distintas. Pra- tico, produtivo, versatil. E capaz de se encantar com as coi- sas maravilhosas, olhando a vida de forma positiva, vivendo com alegria. Comeca a olhar a vida além do fisico, abrindo- se para a realidade espiritual e um sentido de bondade em relacdo a vida. Zl INTEGRACAO 1+ Apreciador extasiado, gratuidade 2- Entusiasta feliz 3- Generalista versstil, produtive 4- Mundano experimentado, avido 5- Extrovertido hiperativo, impulsivo 6- Materialista imoderado 7- Escapista impulsivo, disperso ‘8: Compulsive maniaco 9- Histérico apavorado, DESINTEGRACAO 78 TIPO & Na atitude nao redimida, o Tipo 8 converte todos os que 0 rodeiam em inimigos e torna-se paranéico, com medo que 08 inimigos se voltem contra ele. Comeca a desenvolver s delirantes a seu proprio respeito (megalomania), sen- lindo-se onipotente, invencivel e invulneravel. Sentindo-se em perigo, é capaz de destruir tudo e todos que nao acatem sua vontade, podendo tornar-se psicopata, barbaro, assassino. Apega-se ao seu poder e quer prevalecer sempre, a qualquer custo, podendo ser cruel, violento, imoral, sem piedade, nao admitindo culpa nem qualquer outro sentimento. E ditador, liranico e rege-se pela “lei da selva”. Naatitude média, 0 Tipo 8é orgulhoso ¢ egocéntrico, impondo sempre sua vontade e sua visio, mandando nos ‘outros como se fossem seus criados, ndo respeitando as pes- soas como iguais nem suas necessidades. Tem de ter sempre opiniao em tudo, torna-se confrontador, beligerante, amedrontador e desafiante. Faz de tudo uma prova de forca «nunca cede. Ameaca com represalias aqueles que nao lhe obedecem, para manté-los impotentes. Os outros se sentem inseguros e oprimidos e 0 tratamento injusto que recebem faz com que se sintam ressentidos e com ddio. Deseja ser auto- uficiente, usar seu poder e sua forca para seu proprio interes- so, E audaz e encanta-se com aventuras, corer riscos para se por a prova e se confirmar. Quer dominar completamente o ‘ambiente, tornando-se enérgico, agressivo ¢ expansivo. Na atitude redimida, o Tipo 8 é uma pessoa modera- ‘la, magnénima, misericordiosa e tolerante, com capacidade 79 de se dominar, apoiando os outros e satisfazendo as necessi dades alheias com sua fortaleza. E valente, capaz de se arris- car para avancar, herdico e possivelmente com grandiosidade historica. E positivo, autoconfiante e forte, aprendeu a lutar para conseguir aquilo de que precisa e que deseja. Orienta-se para a acdo, com uma atitude de confianca e com motivacio interna. O desafio 0 encanta e tem grande capacidade para iniciar projetos, tomando a iniciativa e fazendo com que as coisas acontecam. E lider natural, que os outros respeitam e procuram em busca de decisées e orientacées. E decidido e dominante, conquista o respeito sendo honrado, protegendo as pessoas e agindo como promotor de causas nobres e em- preendimentos valiosos. 4] INTEGRACAO 1-Heréi magnanimo, moderado 2- Autoconfiante 3- Lider construtivo, influente 4- Aventureiro empreendedor, auto-suficiente 5-Poder dominante, enérgico 6- Adversério confrontador, amedrontador 7-Tirano sem piedade, crue! 8 Megalomano onipotente 9- Destruidor violento DESINTEGRACAO 80 TIPO 9 Na atitude nao redimida, 0 Tipo 9 distanciou-se tan- to da realidade que j4 nao consegue funcionar. Vive aterrori- zado pela angtistia que emerge de sua consciéncia. Torna-se irracional e masoquista, atacando os outros e ao mesmo tempo fazendo-se dependente. Torna-se reprimido e converte-se numa pessoa fraca e incapaz, com necessidade de que os outros intervenham para salvé-lo. Fica obstinado, negando a cexistencia de problemas e conflitos. E negligente e irrespon- savel, perigoso para qualquer pessoa que precise dele. Se os problemas persistem, desliga-se de tudo 0 que o ameaca e fica desorientado, despersonalizado e imobilizado. Corre pe- rigo de entrar em colapso emocional, com a personalidade fragmentada e miltipla. Na atitude média, o Tipo 9 torna-se humilde, acomo- da-se e aprova demasiadamente os outros. E décil, excessi- vamente adaptavel e conciliador, aceitando ingenuamente e incondicionalmente as expectativas convencionais, subordi- nando-se aos outros, vivendo através deles e idealizando-os. FE conservador e teme mudangas, transtornos ou pressées. ‘Torna-se passivo, fleumatico, indiferente, complacente. Afas- ta-se de conflitos e esconde os problemas debaixo do tapete. E indolente, vive maldisposto e fica indiferente, sem se esforcar, cesperando que os problemas se resolvam por si. Comeca a alastar-se da realidade, esquecendo o que nao quer ver. Vive dosligado, desatento e irrefletidamente. O pensamento é confur so e 0 aspecto, meditabundo. Pode tornar-se estéico, fatalista resignado, como se nada pudesse fazer para mudar as coi- sas, e espera solugdes magicas para resolver os problemas. 81 Na atitude redimida, 0 Tipo 9 torna-se sujeito de sua prépria vida e atinge profunda satisfagio interior. Sente-se auténomo e realizado, com unidade interna, capaz de gerar relagdes profundas, e vive mais desperto e atento a si mesmo e aos outros. & profundamente receptivo, aberto, menos re- traido, emocionalmente estavel e sereno. Confia em si mes- mo @ nos outros, aceita-se e aceita os outros, vive relaxado, em harmonia consigo e com a vida. Paciente ¢ amavel, mo- desto, inocente, simples e agradavel. E otimista e bondoso, capaz de incentivar @ apoiar os outros, fazendo com que os outros se sintam a vontade, harmonizando-os, confortando- 08 e protegendo-os, Tem dignidade, profunda serenidade e paz auténtica, provenientes da aceitagéo de sua natureza. INTEGRACAO 1- Sujeito de si, autonomo 2 Receptivo, atento ao outro 3- Cor lor, capaz de apoiar 4- Acomodado, aceita papéis, humilde. 5: Passivo, desligado 6- Fotalista resignado 7-Negligente 8 Desligado 9- Auto-abandono DESINTEGRACAO, 82 Nota: Antes de passar ao trabalho seguinte, 6 oportuno sugerir que cada pessoa compare rapidamente o resultado desta reflexdo com o resultado da reflexdo sobre 0 “Quadro de 20 afirmagées sobre cada tipo”, realizada na “Relacéo comigo mesmo”. 83 4.3. Reflexdo indi idual =>Considerando o meu tipo, o que mals facilita meu re- lacionamento com os outros? =sConsiderando 0 meu tipo, o que mais dificulta meu relacionamento com os outros? Nota: E importante que esta reflexao seja feita a partir de mim, e nao a partir dos outros. Nota: Sendo possivel, este trabalho pode ser feito em grupos, por tipos iguais ou por tipos do mesmo centro. * Plenério. 4.4, Dificuldades de relacionamento de cada tipo Assim fala a parabola do homem que comprava o jor- nal: todo dia, de manh, ele saia de casa, andava cem metros 2 comprava 0 jornal, na banca da esquina. O homem que. vendia jornais era grosseiro, mal-educado e sempre tratava pessimamente o cara que comprava o jornal. E ele continua- va comprando o jornal na mesma banca, com o mesmo vendedor de jornais. Até que um dia um amigo lhe disse: 84 “Homem, como é que pode?! Todo dia vocé compra o jor- nal nesta banca; todo dia esse vendedor lhe atende mal. Bem do outro lado da sua casa, & mesma distancia, tem outra banca. O vendedor é supersimpatico, atencioso, delicado. Por que vocé nao muda de banca? E ai o homem, tranqliilo, respondeu: “Eu nao vou deixar a estupidez do vendedor de- cidir 0 lugar em que eu vou comprar o jornal” Il! “O inferno so os outros”!, podemos continuar dizen- do. Mas, j& nos perguntamos como os outros se sentem 20 nosso lado? Ja nos questionamos a respeito do que nosso jeito de ser causa nos outros? Jé tomamos consciéncia do. quanto podemos fazer os outros sofrerem com nossa perso- nalidade? © Vamos agora refletir sobre isso... # Cada um vai ler e refletir sobre as dificuldades de rela- cionamento de seu tipo, imaginando-se em contato com as pessoas. © No final, cada um procure tirar conclusdes para seu relacionamento. = Entregar folha “Dificuldades de relacionamento de cada 85 DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO DE CADA TIPO TIPO 1: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: uma pessoa obcecada pela perfeicdo, que no aceita falhas ou imperfeigéio alguma. Uma pessoa que sempre acha falhas no ambiente, sempre tem algo para reclamar. Uma pessoa que se presume moralmente superior, que considera os ou- tros incapazes e “coitados”, bons apenas se forem manda- dos, Uma pessoa que tem mania de economizar, de guardar, que sempre reclama de qualquer gasto, que sempre implica com limpeza e orcem. Uma pessoa que nao aceita opinides diferentes, que acha que sé existe uma visdo correta ¢ um Uinico jeito certo de fazer as coisas. Uma pessoa agarrada com unhas e dentes aquilo que considera certo e é capaz de viver continuamente obcecada por isso. Uma pessoa que vive insistindo em aspectos que achou serem importantes, mas que é capaz de nao dar atencdo a outras coisas importantes que esti indo por agua abaixo. Uma pessoa que acha ter sempre razo, que pensa que sua verdade é sempre a tinica, Uma pessoa cujo estilo de falar é uma constante lamtiria moralizante, sempre cortigindo, criticando, aperfeicoando. Uma pessoa que se encanta quando algo lhe parece perfeito, mas logo se decepciona e fica frustrada quando comeca a notar as imperfeigées, por isso logo passa a ver tudo negati- vo. Uma pessoa cujo comentario freqiiente é dizer: “Pense como isto poderia ser perfeito”, “j4 pensou se fizessem as- sim”, Uma pessoa que vive sob a compulsao do tempo, da pontualidade, martelando os outros com isso. Uma pessoa séria, que geralmente nao conta piadas nem consegue rela- xar, que nao consegue divertir-se gratuitamente, mas sempre 86 esta querendo ver o lado pratico, util, funcional e s6 se diver- te fazendo coisas “tteis". Uma pessoa que muitas vezes voce ve fervendo de raiva, mas que dificilmente admite estar com raiva e sempre fica culpando os outros por suas raivas pro- prias, Uma pessoa que aqui ¢ ali explode em acessos de fé- tia, as vezes por questdes de pouca importancia. Uma pes- soa que vive na compulsio de corrigir tudo e todos, de aper- feicoar o mundo, mas que nunca se sente satisfeita com aqui- lo que consegue aperfeicoar. Uma pessoa que tem dificulda- de em aceitar uma critica de alguém, que sempre atribui a critica aos outros. Uma pessoa que vocé vé arrastando conti- huamente um sentimento de irritacdo, um estado constante de ressentimento, como se qualquer coisa, por menor que seja, a irrite, a magoe. Uma pessoa que pode até ser farisaica ¢ hipécrita, exigindo dos outros uma rigidez moral que ela mesma no vive. Uma pessoa que, por tudo isso, se pode lornar um “saco”, pois 0s outros se sentem continuamente julgados por ela, porque ela ndo consegue compreender que 0s outros n&o se esforcem por ser melhores. Uma pessoa que até 6 capaz de perdoar, mas que fica guardando na sua cabeca listas de defeitos ¢ erros dos outros e, um dia qual quer, joga tudo isso na cara deles. Uma pessoa que acaba stressando as pessoas com as quais convive, a ponto de elas deixarem de levé-la a serio. => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusées voc’ tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 2: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: uma pessoa que vive na compulsio de ajudar os outros para se fazer notar e para ser amada. Uma pessoa que tem neces- idade de ser prestativa, que acha que todos precisam dela e 87 por isso superprotege os outros e faz com que eles precisem dela, Uma pessoa que pratica toda essa ajuda, mas sempre esperando receber em troca o carinho e a aprovacao dos outros. Pessoa vaidosa, convencida de si mesma, orgulhosa por achar que tanta gente depende de sua ajuda, que precisa exageradamente de elogios. Quando nao recebe o reconhe- cimento por aquilo que faz ou nao é elogiada, se queixa e fica ressentida ¢ logo reclama: “Como podem fazer isso comigo, depois de tudo o que fiz por eles?” O ficar se queixando é um jeito de chamar a atencao para a ajuda que prestou e para a obrigacdo que os outros tém de reconhecer e retribuir isso. Uma pessoa que é capaz de ajudar sem que ninguém Ihe pega, que é capaz até de inventar necessidades para os ou- tros e depois reclamar que os outros a estéo explorando. Uma pessoa que, quando nao recebe atencao e gratidao, fica ressentida e amargurada. Uma pessoa que sempre est de antena no ar, medindo e testando se os outros gostam dela ‘ou nao. Uma pessoa que acaba cansando os outros, pois estes se sentem continuamente cutucados por ela: “prestem ateng3o em mim, acariciem-me, tenham necessidade de mim...” Uma pessoa que vive se lamentando, se achando martir: “nao preciso de ninguém, mas todos precisam de mim”, Uma pessoa que se diz amiga de muita gente, que facilmente faz amigos, mas que os manipula, que os mano- bra para que gostem dela, que os “compra” com seus agra~ dos para que se sintam dependentes dela. Uma pessoa que sempre se orgulha de que muita gente desabafa com ela e vive dando conselhos e solugSes que prometem éxito. Uma pessoa que tem uma grande capacidade de manipulacao, de se intrometer na vida dos outros sem que estes 0 pecam. Uma pessoa que s6 se dé bem em lugares e ambientes onde receba aprovacéio. Uma pessoa que é capaz de fazer arandes amizades, mas que também é capaz de aprontar grandes confusées, com intrigas, mexericos ¢ fofocas, envolvendo-se na vida emocional dos outros. Uma pessoa que esta sempre 83 bajulando, “puxando o saco”. Uma pessoa que nao é capaz de “ficar sozinha”, pois entra em parafuso por Ihe faltar 0 reconhecimento que espera dos outros. Uma pessoa egoista, que no fundo ama a si mesma, pois sua “generosidade prestativa” é uma maneira de conseguir dos outros amor e carinho para preencher suas caréncias afetivas. Uma pessoa possessiva nas suas amizades, ciumenta, que torna os outros dependentes e alimenta essa dependéncia para poder manipulé-los. Uma pessoa que s6 acha que os outros gostam dela se estiverem sempre acariciando-a, dando-lhe atencao, com manifestacao de gentilezas. Uma pessoa que dificilmen- te se abre com os outros, que nao partilha suas necessidades, Uma pessoa orgulhosa, que dificilmente reconhece seus er- ros. Uma pessoa que, por reprimir seus sentimentos e neces- sidades, @ capaz de envenenar todo um ambiente, apenas com um gesto ou uma palavra, e é capaz de projetar suas necessidades nos outros. Uma pessoa que, pelo fato de aju- dar muito os outros, acha que tem direito a se gratificar. Uma pessoa que, a menor critica, ja acha que todos esto contra ela. => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? = Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 3: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho.... onde haja urna pessoa deste jeito: Uma pessoa que vive sob a compulséo do éxito e do sucesso, evitando a todo 0 custo o fracasso, pois acha que s6 sera ‘mada se obtiver éxito. Uma pessoa que parece sempre em competi¢éo com os outros, tentando aparecer, dar nas vis- las, causar boa impressio, criar impacto, projetar uma ima- jem vitoriosa e de sucesso. Uma pessoa que é capaz de se \entificar tanto com aquilo que faz ou com a instituigo a «que pertence, que os outros chegam ao ponto de nao saber 89 quem ela é realmente, até porque vive constantemente mu- dando de personalidade para se adaptar as expectativas dos outros e se sair bem. Uma pessoa cuja preocupacao perma- nente parece ser: “terei éxito?” “Darei conta do recado?”, Uma pessoa que sempre trabalha por recompensas exter- nas, esperando sempre 0 elogio e a aprovacao. Uma pessoa que vive atulhada de coisas para fazer, com a vida sempre muito ocupada. Uma pessoa intolerante com os outros, nio admitindo que eles trabalhem abaixo de suas capacidades. Uma pessoa que sempre busca causar impresséo, que sem- pre busca o prestigio e o status, que é perita em se autopromover, que pode até aparecer como impostora, como, alguém que vai se safando na vida a troco de mentiras e de enrolar os outros. Uma pessoa que “esquece” o lado proble- matico das coisas e s6 vé © positive daquilo que faz. Uma pessoa carteirista, que assume qualquer disfarce e nele se da bem, como um eterno vendedor, sobretudo de sua propria imagem. Uma pessoa que sempre arruma um jeito de se fa- zer notar, de “fazer publicidade” de seus éxitos, a fim de rece- ber elogio ¢ louvor. Gosta de falar de suas experiéncias bem- sucedidas e sente vaidade pelo que faz, apresenta-se a si mesma e a seus projetos de forma convincente. Pessoa que nunca se farta de elogios e de louvores, pois seu combustivel € 0 elogio. Pessoa que quer ser autoridade, que é capaz de armar esquemas para chegar até ela e no relacionamento assume ares de autoritarismo. Pessoa que vé os outros em termos do que eles t@m ou do que podem fazer para ajudar em seus proprios projetos. Pessoa cujo estilo de falar é pro- pagandistico. Pessoa que faz da mentira um modo de vida habitual, procurando sobretudo encobrir o lado probleméti co das coisas e exagerando suas vantagens. Pessoa superfi cial, que nao se preocupa em aprofundar as coisas, pois ge- ralmente se da bem na superficialidade. Pessoa que conside: ra verdadeiro apenas aquilo que funciona. Pessoa que conse: gue vender tudo, e vende em primeiro lugar a si mesma, 90 Pessoa que, além de tudo isso, est convencida de sua solidez psicolégica. Vive fugindo do fracasso e da rejeicsio. Quando nao pode esconder o fracasso, “enverniza-o” como vitéria parcial, ou joga a culpa nos outros, ou entéo abandona rapi- damente o projeto e se lanca em outro. Pessoa que tem uma auto-estima exagerada, mimada pelo sucesso, acreditando que tudo o que faz é certo. Uma pessoa vaidosa, que valoriza exterioridades secundarias, como a roupa, a aparéncia, aati- vidade externa, deixando de lado 0 essencial. = Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? = Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 4: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde tem uma pessoa deste jeito: Uma pessoa que vive basicamente voltada para si mesma, com a sensacdo de que falta sempre algo a sua vida e os outros tém aquilo que lhe falta, o que a leva a viver se compa- rando com os outros e sentindo inveja de tudo e de todos. Nao ha nada que nao possa invejar. Uma pessoa que mesmo quando aleanca sucesso se sente insatisfeita, concentrando sua atencao em detalhes refinados que faltam, fazendo das pequenas falhas motivo de irritagio. Uma pessoa que vive como que ausente das coisas, por viver mergulhada em si mesma, procurando o inalcancével. Uma pessoa que muda de humor facilmente, Uma pessoa sempre preocupada com © que os outros pensam dela, procurando perceber se esté se destacando, Uma pessoa que se acha especial, diferente do comum dos mortais, que as vezes se torna esotérica, excén- rica, extravagante, exdtica. Acha-se no direito de estabele- cer as proprias normas e tem uma consciéncia elitista, const- derando os outros como “uns coitados que nao entendem”. Por outro lado, uma pessoa que tende a “idealizar” as massas 91 incultas, mas apenas como visdo lirica, pois na realidade é incapaz de conviver com a pobreza, a sujeira eo comum, Uma pessoa que acha que as regras e as leis nao se aplicam a ela, porque ela é “especial”, e por isso cria uma certa “amoralidade”. Uma pessoa que gosta de viver no limite do “escandalo”, que tem fascinio pelo proibido e necessidade de se auto-afirmar assumindo atitudes que mostrem sua “liber- dade” em relacéio aos outros e as normas. Uma pessoa que pretende aparecer como simples e espontanea, mas que pla- neja tudo meticulosamente para ser atraente, estética, até na maneira de vestir. Detesta e despreza tudo o que € comum, rotineiro, banal. Uma pessoa que pode acabar sendo rejeita- dae abandonada, por se ter voltado demasiadamente para si mesma. Uma pessoa que demonstra um ar melancélico, que tem a depressao como estado de espitito freqliente. Uma pessoa que é capaz de pedir um conselho e logo em seguida © desprezar e ridicularizar, achando que ninguém é capaz de compreendé-la. Uma pessoa que, quando se sente abando- nada, é capaz de apelar para todas as emocdes, fazendo ce- nas teatrais e violentas acusagées, gestos suicidas e de deses- pero. Uma pessoa que vive na compulsdo de ser auténtica e, quanto mais original procura ser, mais artificial se torna, Uma pessoa que aparece como uma crianga com sentimentos de inferioridade, invejosa que consegue perceber de imediato quem € mais ou quem tem algo mais do que ela, o que a faz sentir-se diminuida. Uma pessoa que entra em panico quan- do lhe exigem que seja como os outros ou assuma regras. Uma pessoa que tem vergonha de si mesma, que nao se aceita por achar que os outros ficariam desiludidos se a sem do jeito que é, e por isso tenta se “enfeitar”, expressan- do-se de modo artistico. Uma pessoa cujo entusiasmo pelos outros 6 inconstante, dando as vezes a impressao de que nao esta nem ai para os outros. Uma pessoa que, para se sentir feliz, precisa ficar deprimida de vez em quando, correndo 0 risco de desenvolver uma personalidade maniaco-depressiva, 92 e quando esté em depressdo, no aceita ajuda de ninguém, Uma pessoa que leva muito a sério seus sentimentos, que fica magoada quando eles sio feridos, que vé tudo de modo subjetivo. Uma pessoa que nao aceita criticas e que se retrai quando alguém a critica, => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 5: Imagine-se num grupo, numa familia, nur ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: Uma pessoa distante, que mais parece um castelo impene~ travel. Uma pessoa que se retira sistematicamente, evitando © contato, o relacionamento, refugiando-se no mundo isola~ lo de suas idéias e conhecimentos. Uma pessoa que, para se sentir feliz, precisa da solidéio. Uma pessoa que sempre se sente vazia por dentro e é incapaz de pedir, apegando-se ciosamente aquilo que ter, Uma pessoa que s6 experimenta © prazer de viver quando est sozinha, que tem averséo a colocar seu tempo disposicdo dos outros, por achar que os outros vo roubar sua energia. Uma pessoa que tem dificul- dades em pattilhar ou falar acerca de assuntos que envolvam aletividade e sentimentos e por isso se retrai, caindo fora «quando 0 ambiente tende para esse lado, pois acha que “sen- limento € para seres inferiores”. Uma pessoa que gosta de prever tudo, ter tudo sempre bern explicado e sob controle, pois teme que o imprevisto desperte nela reagdes que ela io possa controlar. Uma pessoa que divide sua vida em com- partimentos absolutamente isolados entre si, padendo ter ‘amigos em varios setores de sua vida, mas sem que estes se conhegam entre si. Uma pessoa que pensa muito antes de ‘gir, que mais parece um cérebro vagando no ar do que uma pessoa humana, Uma pessoa que se sente insequra, como se 93 nao tivesse lar, 0 que a leva a se fechar em si mesma, como um animal que finge estar morto quando se sente em perigo. Uma pessoa que da a impressio de ser petulante e fria, supe- rior aos outros, como se nao precisasse de ninguém e se considerasse superior. Uma pessoa que até é capaz de gran- des amizades, mas de quem nao se pode exigir iniciativa, proximidade corporal ou doacdo constante, pois teme esten- der o dedo para que nao Ihe tomem a mao. Uma pessoa que passa a vida se preparando para alguma coisa, mas que nun- ca se sente apta para assumir algo concreto. Uma pessoa que faz de tudo para fugir das atengées, do relacionamento, do envolvimento emocional, da partilha. Uma pessoa que pode até apresentar tracos “esquizbides”, desenvolver for- mas de autismo ou acabar completamente isolada da realida- de. Uma pessoa que se acha sabia, que faz do conhecimento sua seguranca e, quanto mais conhecimento busca, mais va- zia se sente e mais se isola. Uma pessoa marcada pela compulsao da cobiga, que tudo quer pegar, captar, aprender, armazenar. Uma pessoa que tem facilidade em explicar 0 mundo, mas que pouco ou nada faz para transiormé-lo. Uma pessoa que tem medo de se perder ao se doar e por isso pode tornar-se avarenta. => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusdes voce tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 6: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho.... onde haja uma pessoa deste jeito: Uma pessoa que nao confia em si mesma, que se sente inse- gura, cautelosa, medrosa, desconfiada, sempre farejando perigo, as vezes até com “complexo de persequicao”. Uma pessoa que sente o mundo como algo perigoso, e por isso fica sempre de pé atrés, buscando segurancas externas. Uma 94 pessoa emocionalmente dependente dos outros, por nao achar em si motivos de confianga. Uma pessoa que busca seguranca nas autoridades, nas leis, nos sistemas rigidos em que tudo esta bem definido, e se apega a isso com unhas e dentes, ou as vezes se revolta contra isso e passa por cima de tudo. Uma pessoa que é capaz de ser extremamente obe- diente ou agressivamente desobediente. Uma pessoa que teme a agresséo dos outros, mas que as vezes se torna altamente agressiva. Uma pessoa que geralmente é amével e ajustada, mas que de repente pode se tornar vulgar e cheia de édio, mesquinha e destruidora. Uma pessoa que teme o castigo, mas que as vezes 0 procuta ¢ 0 atrai sobre si mesma. Uma pessoa que quer verdades prontas e definidas para levar para casa, Uma pessoa ambigua, que os outros nunca saber 0 que esperar dela e, no pior dos casos, é capaz de desenvolver uma energia de tipo “nazista", exigindo de maneira totalita- ria e presuncosa que a realidade seja do seu jeito. Uma pes- soa que é capaz de colocar em diivida sua propria posicao, om vez de sustenté-la. Uma pessoa sistematicamente pes- simista, com medo do sucesso, que esquece rapidamente seus exitos ¢ 86 vé 0 negativo do seu passado. Uma pessoa que, quando a elogiam, sempre fica desconfiada dos motivos e sempre olha os ambientes buscando os menores indicios de perigo. Uma pessoa capaz de ver insinuacdes maldosas ou segundas intengdes em conversas objetivamente inocentes Uma pessoa que, mesmo quando a situacaio em geral é boa, se concentra em detalhes negativos. Uma pessoa que estabe- lece para si mesma requisitos sobre-humanos e depois desis- le, por ver que nao consegue alcancé-los. Uma pessoa que desconfia da ajuda dos outros e prefere passar pelas dificul- dades sozinha, pois é capaz de desconfiar até da propria som- bra, Uma pessoa que pensa muito e vai retardando a acdo, por medo de tomar atitudes erradas. Uma pessoa que tem medo da raiva aberta e por isso a atribui aos outros. Uma pessoa que no aceita critica ou rejeigéo daquilo que acha ser 95 correto e defende isso até o fim, Uma pessoa cujo estilo nor- mal de falar é sempre podando os outros, impondo-lhes limi- tes, cortando-os, desautorizando suas posicées, desprezando e ridicularizando suas sugestdes. Uma pessoa que busca com- pulsivamente segurangas, mas que cada vez se sente mais insegura, pois vive procurando a seguranca fora dela mes- ma, Uma pessoa que aparece como “advogado do diabo”, & sempre do contra, desconfiando, levantando suspeitas ou hipéteses engenhosas a respeito dos motivos dos outros. Uma pessoa que vive sob a compulsao do medo e cujos medos, geralmente, séo “fantasmas cerebrais”, criados por ela mes- ma, pois objetivamente podem até nao existir razdes que jus- iquem tais medos. Uma pessoa que esté sempre observan- do meticulosamente as regras e cuidando para que ninguém as infrinja. Uma pessoa que, por nao ter consciéncia dos proprios medos, os projeta nos outros. Vive fantasiando 0 pior, projeta nos outros inimizade, édio, pensamentos nega- tivos. Uma pessoa que, no fundo, se sente fraca e vulneravel. + Come voeé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 7: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: Uma pessoa que usa um charme desarmado e a jovialidade para enrolar os outros. Sempre entregue aos mais diversos prazeres e a muitos planos. Uma pessoa narcisista, convencida de suas qualidades excepcionais, que se acha superior aos outros. Uma pessoa que gosta de aproveitar o melhor da vida, sempre em busca de aventuras e de experiéncias culmi- nantes. Uma pessoa que esté sempre tagarelando, fugindo das responsabilidades: o “papo-furado” é para ela uma ma- neira de substituir 0 esforco real e o trabalho. Uma pessoa 96 ; 3 que gosta de manter abertas todas as opeSes e por isso di cilmente assume compromissos definitivos. Uma pessoa que vé bondade e beleza em tudo e néo consegue enxergar as dificuldades nem o lado negativo das pessoas e das coisas. Uma pessoa que substitui o aprofundamento pela imagina- do de coisas prazerosas e por isso vive fazendo planos, fa- lando, intelectualizando. .. embora nunca cheque a assumir 0 que planeja. Uma pessoa que esta convencida de consequir enrolar os outros através de um “bom papo”, escapando as- im de situacdes dificeis ou de compromissos nao cumpri- dos. Uma pessoa que s6 consegue perceber e lembrar as coisas boas da vida. Uma pessoa que @ capaz de trabalhar duro, mas apenas quando o projeto em questéo Ihe agrada. Uma pessoa que, quando os outros nao reconhecem seus meritos, racionaliza, isto é, fica inventando justificacGes ra- cionais para minimizar seu sofrimento ou tentar disfarcar seu fracasso. Uma pessoa que tem muita facilidade em combinar coisas, assumir compromissos casuais, mas que depois néo ‘0s cumpre. Uma pessoa que tem medo de ir fundo nas coi- sas, pois teme que isso desmascare sua superficialidade e sua Inconsciéncia, deixando que o sofrimento e a frustracao es- preitem, Uma pessoa que &s vezes parece ser até um charla- tio. Uma pessoa que procura nivelar a autoridade, nao acel- lando ninguém acima dela, por ser egoista e convencida, nem abaixo dela, por n&o querer sentir responsabilidades. Uma pessoa relaxada, fantasiosa, brincalhona, mas que usa isso para esconder o profundo sofrimento por experiéncias dolo- Yosas que carrega consigo. Uma pessoa que acaba chatean- do 08 outros por dar a impressao de nao levar nada a sério e perdendo, com 0 tempo, o crédito e a confianca dos outros. Uma pessoa que vai “empurrando com a barriga” as tarefas desagradaveis e parece viver no mundo da lua, como se a vida fosse s6 festa. Uma pessoa que nos primeiros contatos déia impresséo de ser muito versatil e muito versada em ci- versos assuntos, mas que depois se vai mostrando superfi 97 e balofa, pois nao aprofunda nada, é apenas generalista, com- binando engenhosamente alguns poucos fatos, de forma a dar a idéia de um todo completo. Por isso, domina a arte de “blefar”, & pessoa gozadora, que gosta de “fazer hora com a cara dos outros”, Uma pessoa que no fundo é autoritaria e por isso nao gosta de trabalhar dependendo de outros. Uma pessoa basicamente egocéntrica, que sempre acaba fazendo aquilo que deseja e Ihe agrada, quer alguém a acompanhe ou nao. Uma pessoa que faz contatos muito facilmente, mas que ainda mais facilmente esquece as pessoas, nao conse guindo também aprofundar as amizades. Uma pessoa que quando sente raiva, a manifesta debochando do problema ou ridicularizando aqueles que se preocupam com a questao. Uma pessoa que vive sob a compulsio da intemperanca, uma gula generalizada que a leva a procurar tudo o que seja agra~ davel e prazeroso, de forma ilimitada e insacidvel, exageran- do em tudo o que seja prazer e diversdo, achando que “mais 6 sempre melhor”. Uma pessoa que nunca admite sua dor e sofrimento, pois os desloca, racionalizando-os. Uma pessoa que é capaz de passar a vida sem conseguir enxergar seu lado negativo e sem aprender a conviver com seus proble- mas. Uma pessoa que tem uma viséo exageradamente posi- tiva de si mesma, que sempre foge da dor e, quando as coisas se apresentam complicadas, logo escapa dizendo que tudo vai melhorar. Uma pessoa a quem é muito dificil criticar, pois suporta a critica com um sorriso desconcertante, dando a impressaio de que esta nao a atingiu. = Como voce se sentria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 8: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: 98, mieten ome Uma pessoa que acha que os fortes dominam o mundo e os fracos levam a pior e, por isso, desenvolve a forca como autoprotecao. Uma pessoa cuja questo central é 0 controle: saber quem esta no poder, controlar todas as situacGes, asse- gurar seu dominio pessoal. Uma pessoa que vive testando os outros, pressionando seus pontos fracos. Uma pessoa que é capaz de sentir prazer em ser “o mau da fita”, cuja vida apa- rece guiada por agressées, alguém que nunca volta atrés para pedir perdao. Uma pessoa que quer tudo bem claro e previ- sivel, mas que sente tédio quando nao tem uma posicao para defender e brigar. Uma pessoa que gosta de regras bem defi- las, mas que é a primeira a quebré-las. Cria problemas, compra brigas por qualquer besteira, intromete-se na vida dos outros... Uma pessoa que geralmente, perante novas idéias, pessoas ou situagdes, se mostra renitente. Uma pes- soa que dificilmente mostra seu lado terno e seus sentimen- tos de carinho ou suas emogées, pois sente-se insegura quanto crianga que existe dentro dela. Uma pessoa que, quando est no poder, é capaz de fazer com que os outros se sintam seus “capachos”, oprimidos e jogados, enquanto ela mesma nem percebe o quanto sua atitude intimida e fere os outros. Uma pessoa que nao sente o menor constrangimento em expressar suas raivas de forma aberta e direta. Usa a “luta”, a briga, como forma de estabelecer contatos, sem perceber que isso acaba ferindo e intimidando os outros. Uma pessoa que nota com muita rapidez os pontos fracos dos outros e disso se aproveita, sem escripulos, para tirar vantagem. Uma pessoa cuja agressividade provoca também agressividades nos ‘outros e por isso é facilmente odiada, Uma pessoa que tende ‘a considerar sua opiniao e viséo como as tinicas corretas e por isso se fecha a opinides contrarias. Tem um pendor para a arrogancia e 0 autoritarismo, ¢ ai daquele que se mostrar altivo para com ela. Uma pessoa que detesta covardia e mo- leza, que é amante do risco e de desafios perigosos. Uma pessoa de extremos, cujo lema é “tudo ou nada”. Uma pes- 99 soa cujo estado preferido ¢ o do excesso, seja de trabalho, comida, bebida, prazer... Uma pessoa que age sem pensar, e, quando se entusiasma por uma coisa, ninguém consegue desviar a sua atenc&o. Uma pessoa que, sentindo-se aperta- da, se torna furiosa e inflexivel. Uma pessoa que vive sob a compulsao de desejos de vinganca, de retribuigao, de repor a justica, achando que o culpado precisa ser punido e sempre é preciso encontrar um culpado quando as coisas vo mal. Uma pessoa que nao se preocupa com sua imagem piiblica e gos- ta de experiéncias marginais. Uma pessoa que detesta ser excluida de qualquer circulo ou decisao e nao admite ser en- rolada. Uma pessoa culo estilo de falar é estar sempre cutu- cando os outros, provocando-os, instigando-os. Uma pessoa quie nao se preocupa em respeitar a vulnerabilidade ou digni- dade dos outros, que os usa sem escréipulos, fazendo-os de objetos, para satisfazer seus interesses. E capaz de fazer em relacdo aos outros sérias exigéncias, sem que ela mesma as cumpra. Uma pessoa que sistematicamente nega tudo o que seja sinal de fraqueza, limitaco, ou tudo o que nao condiz ‘com sua prépria verdade. Uma pessoa para quem o mundo é dividido em preto e branco, amigos ¢ inimigos, que prefere estar “totalmente errada que ligeiramente certa”.. => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusdes vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? TIPO 9: Imagine-se num grupo, numa familia, num ambiente de trabalho... onde haja uma pessoa deste jeito: Uma pessoa aparentemente muito tranqtila, mas que pode estar fervendo de raiva, guardando-a s6 para si mesma. Uma Pessoa que nao sabe o que quer e por isso se deixa absorver pelos desejos dos outros, andando a reboque, dispersando sua atenc&o com coisas secundarias e esquecendo as essen- 100 ciais. Uma pessoa que dificilmente diz no, mas que também nao diz sim, preferindo ficar na posigéo cémoda de dar a impressdo de ter dito sim, sem na verdade ter se comprome- tido. Uma pessoa que vive numa sonoléncia continua, descomprometida, em que as decisées ficam pendentes ¢ vao sendo “empurradas com a barriga”, até que outros as resol- vam ou elas mesmas se resolvam por si ou “apodrecam” Uma pessoa teimosa, que, quando se sente forcada, nao se mexe nem um milimetro e, quando esta chateada, sabendo 0 que 0s outros esperam dela, nao o faz, precisamente para “chatear”. Uma pessoa cuja decisao @ nao tomar decisao alguma, e por isso sua mente vive cheia de assuntos néo concluidos, ficando assim presa ao passado, sem conseguir evoluir ou se comprometer com o presente, Uma pessoa que vive “no automatic”, agindo pelo habito, dando a impres- sao de viver desligada das coisas, das pessoas ¢ da realidade. Uma pessoa que muitas vezes nao se esforca para mostrar 0s outros seu talento, ou entao a quem falta vontade para tal. Uma pessoa que facilmente se deixa levar pela “onda”. Uma pessoa que vive com tal delicadeza e brandura que as vezes dé a impresséo de nem se tratar de uma pessoa. Uma pessoa que prefere o caminho do menor esforco e por isso nao é muito de se engajar para transformar as coisas. Uma pessoa que fica se auto-rebaixando constantemente, dimi nuindo-se, achando que nao presta, que nao vale grande cot- sa, mesmo quando tem grandes qualidades. A primeira vista, isso aparece como humildade, mas no fundo é uma falsa modéstia, por medo de aparecer e de se comprometer. Uma pessoa que evita sistematicamente tudo o que seja conflito e por isso se omite ¢ se acomoda. E lenta para agir, a ponto de, com sua “lerdeza”, irritar os outros. Uma pessoa que, se nao ficarem bem definidos os contratos com ela, provavel- mente nada fara, e muitas vezes “se finge de égua”, agindo como se nada tivesse entendido. Uma pessoa que tem ten- déncia a se anestesiar, se narcotizar, isto é, arrumar algum 101 vicio como escape para sua indecisdo. Uma pessoa que sem- pre precisa de alguém que a cutuque para poder agir e dé a impress4o de viver no mundo da lua, divagando, sem se con- centrar no que faz ou no que fala. Uma pessoa que, quando se encontra em situagao alflitiva, se retrai e @ incapaz de sair da “fossa” por suas proprias forcas. Uma pessoa indolente e comodista, que acha tudo complicado e trabalhoso e dificil, que “nada vale 0 esforco”, que tudo é imprestavel, que culti- va uma atitude de desconfianca em relacao ao mundo e por isso desenvolve uma atitude passivo-agressiva: “Nao me engajo”, o que significa também uma atitude de arrogancia, achando que os outros néo merece seu esforco. Embora seja geralmente tranqiila, de repente pode ter acessos explo~ sivos de raiva e de futria, assustando todo o mundo. Uma pessoa que geralmente demora muito tempo para tomar ini- ciativas e fazer opcdes definitivas. Uma pessoa que vive bem perto da possibilidade de passar pela vida sem nada fazer, pela propens&o que tem para a omissao. => Como vocé se sentiria, convivendo com uma pessoa assim? => Que conclusées vocé tira para a sua vida, para o seu relacionamento? 102 4.5. Plendrio: Cada um pode partilhar como se sen- liu, que conclusées tirou. * Complementacéo: Quando a gente vai ao dentista, ele faz o exame dos nossos dentes, vai batendo em um por um... Quando ele bate num dente que esta estragado, a gen- te sente a dor e até dé vontade de brigar com o dentista! Mas o dente doeu, nao porque o dentista bateu, e sim porque estava estragado! No nosso relacionamento com os outros, nossos pon- tos sensiveis vao sendo tocados e isso nos faz. sofrer. As ve- zes, & mais f4cil jogar a culpa nos outros, mas, no fundo, problema @ nosso, ficamos chateados com nés mesmos, porque alguém mexeu num ponto sensivel que nao aceita- mos ou é doloroso para nés. Os outros apenas fazem acordar dentro de nés a “fera” que carregamos.... E ai, temos duas op¢des: ou continuamos 0s culpando e assim fechando os olhos para nao enxergar a “fera” que vive dentro de nés, ou entdo aproveitamos esses momentos dificeis do relacionamento para trabalhar conosco, aceitando-nos, aprendendo a lidar com nés mesmos. => Dentro desta ldgica, ha tipos que mexem mais comi- go, que eu rejeito inconscientemente ou mais instin- tivamente, precisamente porque “acordam” em mim mais aspectos negativos: é normal que uma pessoa 103 do mesmo tipo que o meu desperte mais dificuldades, Precisamente porque funciona para mim como um “es- pelho”, embora em muitas dreas a sintonia seja facil. ‘Também é normal que a tejeicdo apareca em relago a pessoas do tipo que corresponde a minha “asa rejeita- da” e do tipo que corresponde ao meu “ponto de integracao”. Quando tomamos consciéncia do mal que podemos cau- sar aos outros com nosso jeito de ser, em vez de ficarmos apontando os defeitos dos outros, sera talvez mais facil co- megar um caminho de conversdo. Quando nos aceitarmos e nos compreendermos, talvez sera mais facil compreender e aceitar os defeitos dos outros. Quando percebemos o “infer no” que somos para 0s outros ¢ o aceitarmos, talvez ficara claro que afinal “o inferno nao sao os outros” e & possivel fazer o “céu” num relacionamento entre imperfeitos. Podemos lembrar aqui que aprendemos com a “Janela de Johari”: crescemos medida que nos relacionamos. Cres- cemos & medida que nos revelamos aos outros e aceitamos a revelacao que os outros nos fazem do nosso“Eu cego”. Por isso que 0 relacionamento é o instrumento primeiro ¢ mais saudavel do autoconhecimento e do crescimento pessoal. * Vamos agora rezar tudo isso! No primeiro momento de oraco nos colocamos como peregrinos de nés mesmos Neste momento, depois de termos reiletido sobre nosso rela~ cionamento com os outros, vamos rezar juntos, como “Pere- grinos da solidariedade”. Vamos rezar a nossa vida, 0 nosso relacionamento, nessa perspectiva: estamos ai para peregr- nar em busca da solidariedade, através do relacionamento que vivemos com os outros. 104 oom 4.6. OragSo: Peregrinos da solidariedade. (comunitaria) => Cantico. => Arranjar um espelho grande, coberto com muitas fo- tos de pessoas, pessoas de todos os tipos. => Convidar cada um a passar na frente desse “quadro” e, a partir dele, recordar (para si mesmo} suas dificulda- des de relacionamento. => Depois de todos terem feito isso, arrancar as fotos ¢ deixar o espelho aparecer. => Convidar cada um a passar na frente do espelho e se olhar, recordando ai as suas proprias dificuldades de relacionamento. Cantico > Leituras biblicas: Mt 5,20-26 Mt 5,38-48 Mt 7,1-5 Mt 7,12 Mt 18,15-18 Mt 18,23-35. * Pode se cantar um refrao entre cada leitura. > Entregar a cada um uma folha com a seguinte frase: “Os ‘outros, para mim, séo...”. » Cada um vai completar a frase, de forma sintética. > Depois, cada um é convidado a partilhar sua frase. > Cantico. > Leitura: Rm 15,1-7. > Abraco da paz. > Cantico. 105 Terceira parte A RELACAO COM A NATUREZA. 5.1. Introdugao Viemos de um tempo em que prevalecia a razio, espe- cialmente a racionalidade técnica e cientifica. Esse era 0 cri- tério de verdade, a alavanca que prometia felicidade, desen- volvimento e superacéio de todos os problemas. Uma menta- lidade marcada pela eficiéncia, pelo pragmatismo, em que o homem se colocava como dono absoluto do mundo, explo- rando-o e escravizando-o sem dé nem piedade. Contava ape- nas 0 critério econdmico, 0 lucro, a produgao de riqueza a qualquer preco. Entao correu solta a devastagéo da natureza, a exploracao inconseqtiente dos seus recursos. Numa visio egoista e individualista, cabia apenas o interesse imediato, sem importar a conseqiléncia. ‘Nao deu certo! A pessoa humana continuou infeliz, sem ‘que seus problemas fundamentais ficassem resolvidos. O abis- mo do seu vazio interior se aprofundou ainda mais, gerando uma sociedade de infelizes e neurdticos, onde o sentido da permanece como grande interrogagdo. O ser humano se desvinculou dos outros e de qualquer compromisso de so- lidariedade universal, perdendo também seu vinculo com o cosmo, esquecendo a dimensao da integragéio do mundo criado. A miséria de milhées foi salario facil: a exploracao foi meio de vida para uns poucos, a custa de grandes massas de oprimidos; a natureza foi exaurida, esgotada alé a titima gota, 109 pondo em risco 0 equilibrio ecolégico e a continuidade da vida no planeta, Vivernos um tempo em que muitos abragam perdida- mente uma posicao de apatia, de relativismo absoluto, achan- do que nada vale a pena porque nada tem sentido. Ai o indi- vidualismo @ levado ao extremo: cada um vive “na sua”, to- talmente alheio a tudo, voltado apenas para seu umbigo, preocupando-se apenas em satisfazer suas necessidades ime- diatas, curtindo o momento, sem valores e sem critérios. Mas, enquanto isso, uns tantos continuaram se preocu- pando com a justica, na luta pela dignidade humana. E 0 tempo foi ensinando que a dignidade humana nao se reduzia a esfera das relagdes entre as pessoas, mas precisava ser alargada e acoplada a justica ecolégica. ‘Surge entao uma nova forma de entender e experimen- tar a vida: a nova sensibilidade para com o planeta. Novos valores, novos sonhos, novas atitudes diante da natureza. Eo caminho de regresso & nossa “patria”, porque anda- vamos num mundo de méquinas e de ntimeros. Estévamos fascinados por esse mundo, agora estamos de volta grande comunidade cdsmica. O verde comeca a nos fascinar de novo. E vai surgindo, como um grito novo, a compaixao pelos que sofrem, na natureza e na humenidade. ‘A natureza era vista como maquina, como algo a ser explorado; hoje ja se fala de “direitos da natureza”. Ela pos- sui identidade, autonomia e dinamismo proprio. Emerge uma atitude de encantamento com a natureza, percebendo nela uma nova mistica, uma sacralidade que lhe é intrinseca, Rea- parece assim a unidade do universo, superando as dicotomias da mentalidade moderna, colocando a técnica ao lado da natureza e a seu servico, jamais contra ela. Dentro dessa reviravolta césmica, nés nos descobrimos como parte do universo. A nossa libertacao nao se concreti- za apenas no plano humano. A libertagao humana é a ma- neira de continuar, no plano humano, 0 processo de evolu- 110 do que acontece no plano da natureza. Um processo nao acontece sen o outro: a libertagao integral pressupde uma cumplicidade intrinseca entre a pessoa e a natureza. Isso cria uma interdependéncia entre os seres, que leva a ver o univer- so como um ser global. Eo ser humano é parte disso... nds somos a natureza que pensa! O universo consciente! O divino de Deus perpassa toda a realidade césmica, 0 que exige do ser humano uma attitude de profunda contempla- ao e didlogo com a natureza. E entéo nasce 0 desafio de resgatar os lagos quebrados entre as pessoas e a natureza. A libertacdo vai-se caracterizando assim como a lula para tornar efetiva a complementaridade entre todos os seres criados. Resgatar esses lacos significa redescobrir uma sabedoria profunda da mais auténtica tradicao biblica e crista. O proje- to primeiro de Deus passa pela harmonia césmica, em que o ser humano se realiza na comunhao com todos os seres cria- dos. Isaias fala da era messianica como o tempo da grande reconciliago césmica. A tradicdo cristé redescobre nas suas fontes mais auténticas essa atitude contemplativa perante o universo: seus hinos cantam o ritmo césmico, a harmonia do universo. Sua liturgia encarna o ritmo proprio do dinamismo da natureza. A histéria de santos e misticos fala dessa alianga e dessa consciéncia de integragao universal A volta a natureza seria apenas saudosismo ou moda pas- sageira, nao fosse ela uma exigéncia profunda, uma necessi- dade vital, um pressuposto basico para a realizado da pessoa. Resgatar a sensibilidade pelo natural, pelo verde, pela vida, redescobrir a beleza da vida presente nas plantas, nos animais, nas aguas e nas florestas, retomar o artesanal e cultivar o reen- contro com o rutal, entender a vida numa perspectiva de har- monia césmica é simplesmente uma questo de reconhecer ‘que nao ha outro caminho de realizacdo para o ser humano. => Por isso, vamos nesta etapa colocar-nos perante essa realidade: a nossa relacdo com a natureza 111 5.2. Reflexao individual Colocar-se em contato com a natureza, ficar perante uma planta, um animal... Deixar-se envolver pela nature escutar o seu “siléncio sonoro”, ver as suas cores e suas for- mas e procurar refletir: Como percebo minha relagéio com a natureza? 5.3. Plenario Cada um pode partilhar. . 5.4. Complementagao Como a relacao com a natureza pode ajudar cada tipo a crescer, * Sabemnos que o Eneagrama é explicado pelos sufistas. como um sistema completo, integrado, dinamico nas suas relacées internas, Além disso, eles mesmos o definem como um “espelho” da plenitude do préprio Deus: os nove tipos do Eneagrama, se plenamente integrados e complementados entre si, corresponderiam & totalidade que o proprio Deus encerra em si. * Ora, se 0 préprio Deus se manifesta, nao apenas atra- ves da criagéo dos seres humanos, mas também através de todos os outros seres criados, no sera despropositado pres- 112 supor que o Eneagrama também se coadune com essa viséo césmica do ser humano e com essa harmonia planetéria como casa de realizagao plena da pessoa. © Vejamos, pois, algumas intuigdes e dicas a esse respei- to, tendo em conta a personalidade de cada tipo e seu cresci- mento: TIPO 1: Este tipo tem dificuldade de aceitar suas limita ges e de encarar seu crescimento como um proceso, como algo que se situa entre 0 “ja” e o “ainda nao”, Por ser ansio- 50 impaciente quanto ao seu crescimento, querendo resul- tados praticos, rapidos e eficientes, este tipo tem dificuldade de se aceitar como uma pessoa em proceso. * Ora, no contato com a natureza, no perceber o ritmo proprio da natureza, que nao se pode forgar, o Tipo 1 pode encontrar um exercicio de aceitacao de si mesmo. A nature- za nunca esta pronta, @ dinamismo constante. Uma planta demora para crescer: a gente pode ajudar seu crescimento mas nao pode forgé-lo. Assim, lidar com a natureza, cuidar de plantas ou de animais se torna para este tipo uma oportu- hidade de conviver com seu préprio limite e “imperf percebendo sett crescimento como um proceso. E 0 Tipo 1, por gostar de “hobbies” praticos, tem afinidade natural com isso. Trabalhando a natureza, no intuito de embelezar, aper- feicoar, este tipo encontra também um espago hticido e de “aperfeigoamento” do mundo, o que encaixa muito bem com o sentido do seu crescimento. Em contato com a natureza, 0 Tipo 1 pode experimentar a sensacdo de contemplar algo “perfeito”, belo, harmonioso, o que também pode ser para cle fonte de trangiiilidade e satisfacao. TIPO 2: Este tipo tem dificuldade de fazer algo sem esperar retribuicdo. A gratuidade & um ideal e um desafio para este tipo. Também tem dificuldade de perceber e aceitar as proprias necessidades e caréncias. Vive a compulséo do 113 fazer, do “ajudar”, tem necessidade de se sentir util. E um tipo com tendéncia para o orgulho e a auto-suficiéncia (“nao preciso de ninguém"). * Ora, 0 contato com a natureza pode ajudar o Tipo 2a perceber a gratuidade da criagéo, a prodigalidade generosa da terra, as flores que oferecem seu perfume e sua beleza sem nada esperarem em troca, Contemplando a natureza, este tipo pode perceber também a interdependéncia que existe entre todos os seres, entre as diversas cadeias bioldgicas, a lade que as plantas tém de cuidados, de atenc&o e até de carinho, e entao deixar-se perceber suas proprias necessi- dades e sua interdependéncia em relacdo aos outros. Amar a natureza, para este tipo, é amar gratuitamente, sem esperar nada em troca, nem gratidao, nem aprovagao. E bom para 0 Tipo 2 aprender a ficar sozinho perante o siléncio da nature- za, isso pode ajuda-lo a se encontrar com 0 mundo interior de seus sentimentos e necessidades, Trabalhar a natureza, por “hobby” e nao com intengaio de lucro, pode ser escola de generosidade e gratuidade. TIPO 3: Este tipo depende exageradamente do elogio dos outros. Age para ser elogiado. Gosta do contato com as pessoas, com as massas que possam garantir aplauso, vive no ativismo, para garantir o sucesso. E um tipo pragmatico: 0 verdadeiro é o que funciona, o que é eficiente, o que da resultados. E um tipo com tendéncia para passar por cima do ritmo das coisas, atropelando tudo, se necessério for, aldravando, se isso ajudar a atingir seus objetivos. E um tipo que tende a usar os outros em funcdo de seus préprios obje- tivos. * Ora, 0 contato com a natureza, uma atitude contem- plativa da natureza silenciosa, podem ajudar este tipo a tra- balhar o problema da “necessidade de elogio”. Para um tipo que vive no ativismo e chega a pensar que o trabalho é a melhor diversao, contemplar simplesmente a natureza, 114 apreciéla ¢ acolher seu siléncio pode ser uma bela porta para entrar em contato com seus reais sentimentos. Con- frontar-se com a beleza gratuita da natureza pode ser um alerta para perceber o verdadeiro que existe no “belo” das coisas, no as enxergando apenas pelo seu lado “lucrative” Perceber e respeitar o ritmo proprio da natureza pode ser a oportunidade de aprender a respeitar a verdade intrinseca das coisas, que possuem uma dignidade propria, que n3o pode ser atropelada. Ficar simplesmente contemplando a natureza pode ser um bom exercicio de “ficar sem fazer nada” TIPO 4: Este tipo tem dificuldade de perceber 0 valor da realidade presente, pois vive procurando a felicidade no futuro. E um tipo que também tem dificuldade de se envol- ver em tarefas praticas, objetivas, por ter tendéncia a mer- gulhar no seu mundo interior. E um tipo muito preocupado ‘com 0 genuino, com a simplicidade, com a harmonia e com a beleza. Tem dificuldade de aceitar o que é comum. E difi- cil também para ele conciliar liberdade e seguimento de re- gras. * Ora, o contato com a natureza, com a qual, alids, este lipo tem grande afinidade, pode ser muito benéfico. Con- \omplar a natureza é perceber realidade objetiva que tem va- lor, que se mostra como algo belo, harmonioso ¢ assim nao é preciso procurar a felicidade s6 no futuro de sua imaginacao. Trabalhar concretamente a natureza pode ajudé-lo a sair de si mesmo, a expressar-se, a engajar-se e se envolver. No con- lato com a natureza, este tipo pode encontrar uma fonte de {elicidade, pois ai pode experimentar o belo, o harmonioso. Perceber a beleza das maravilhas da natureza pode ajudé-lo a ver o valor das coisas simples, pequenas e comuns, e a des- cobrir um exemplo de autenticidade. Meditar sobre a harmo- nia da criagdio, onde cada ser ocupa seu lugar, seguindo as grandes regras do cosmo, ver os astros que seguem suas 6r- bitas, as plantas que tém suas préprias leis de crescimento ou 115 os passaros que, na sua liberdade, sao fiéis as leis da nature- za, pode ajudé-lo a entender que a liberdade é sobretudo uma atitude perante a vida que se alcanca quando cada um assu- me seu papel de servico e colaboracéo para a comple- mentaridade da criacdo. TIPO 5: Este tipo tende a se isolar no castelo de sua solidao intelectual, no mundo de suas idéias, refletindo muito eagindo pouco. Tem dificuldade de interagir, ¢ dificil para ele aceitar sua vulnerabilidade, suas emogées e sentimentos. E capaz de saber explicar tudo e de nao fazer nada para trans- formar o mundo. Tem tendéncia a armazenar, quardar, cap- tar, reter. * Ora, para este tipo pode ser extremamente util o exer- cicio de trabalhar a natureza, interagindo com ela, perceben- do como ela interage, transformando-a, pois isso lhe da a oportunidade de fazer algo concreto, saindo do mundo abs- trato de suas idéias. Cuidar da natureza pode ser oportunida- de de cultivar seus sentimentos, apercebendo-se de suas emo- c6es. Respeitar a propria natureza, numa atitude de despren- dimento, evitando a tentagao de reté-la, pode ser um bom, exercicio de aprender a doacao. Perceber a “confianga” que anatureza demonstra (os lirios do campo, que nem fiam nem tecem, os passaros que no semeiam e Deus os sustenta...) pode ser uma escola de gratuidade para quem se preocupa tanto em garantir 0 necessario para néo depender de nin- guém. Nao seria muito aconselhavel, para este tipo, ficar apenas contemplando a natureza ou tentando entendé-la e explicé-la: é bom que a trabalhe, de preferéncia em conjunto com outras pessoas. TIPO 6: Este tipo tem problemas com a autoconfianca € vive sob a compulsio de procurar segurancas externas. A. desconfianca em relagéo aos motivos dos outros o leva a ficar de pé atrés. E um tipo que pensa muito e age pouco. 116 A Carrega a dificuldade de perceber o lado positivo, o bom, 0 agradavel, o prazer. E um tipo também muito cerebral * Ora, 0 contato com a natureza, para este tipo, pode ser muito proveitoso, sobretudo se ele tentar perceber a “ino- céncia” da criacdo: contemplar a palmeira que confia no vento, a flor que se abre sem reservas a borboleta, 0 agricultor que confia na chuva e nao fica pensando se vai chover ou nao para lancar as sementes na terra, na confianea global da na- tureza que da seus frutos no devido tempo... (Olhar mais a inocéncia dos pombos que a astticia das serpentes!) Traba- har diretamente a natureza pode ajudé-lo a se engajar mais na aco, num exercicio que néo depende tanto do muito pensar, mas que é mais instintivo. Contemplar o valor da natureza, o valor de cada pequena obra da criacéo, adinirar sua beleza e curtir o Kidico que ela propicia pode ajudé-lo a ver que a vida nao é tao “negativista” como se lhe apresenta. Envolver-se com uma atividade mais pratica, mais afetiva e instintiva, pode ajudé-lo a equilibrar sua tendéncia racionalista e fria, TIPO 7: Este tipo gosta do que é belo e harmonioso e se encanta com as maravilhas da vida. Tem dificuldade com ‘compromissos que exijam continuidade, e para ele 6 compli- cado manter-se aplicado numa festa quando ela nao Ihe di prazer. E dificil para ele lidar com o sofrimento e a dor. Tudo (© que significa profundidade o assusta. O amadurecimento é uma dificuldade e um desafio. Entrar em comunhao com o mundo interior de seus sentimentos é tarefa exigente. * Ora, tendo tendéncia a beleza e sensibilidade, a se encantar com a maravilha das pequenas coisas, este tipo pode cultivar sua afinidade com a natureza, descobrindo nela um espaco de satisfacdio pessoal. Tendo dificuldade com os com- promissos e sua continuidade, podera ser atil para ele assu- mir um trabalho concreto de cuidar da natureza, cultivando ‘alguma coisa, 0 que vai ajudé-lo a desenvolver um sentido de 117 continuidade, através de uma atividade que Ihe pode dar pra- zer. Tendo dificuldade com o sofrimento e a dor e com © processo de maturacéo, pode ser de grande ajuda contem- plara dinamica inscrita na natureza, onde a beleza, os frutos, o crescimento pressupéem um longo processo de maturacao, silencioso e lento: 0 trigo que é esmagado para ser pao, as sementes que morrem para chegarem a ser vida, a borboleta que passa por diversas metamorfoses para chegar & beleza que é... 0 milagre da vida que se interliga continuamente com o mistério da morte. A solidez das grandes arvores, que demoram séculos para serem robustas, pode ensinar-lhe o segredo da profundidade. Ficar silencioso e quieto, numa ai- tude contemplativa perante a natureza, pode ser a porta de entrada para estabelecer cantato com © mundo interior de seus sentimentos, em vez de ficar pulando de aventura em aventura. Admirar a beleza da natureza pode levé-lo a encon- trar nela um espelho da beleza interior que precisa descobrir ¢ cultivar dentro de si mesmo. Contemplar a natureza, trans- formar a natureza num trabalho continuo, e ndo apenas des- frutar dela, sugando o prazer que ela pode proporcionar! TIPO 8: Este tipo gosta de espaco e aventura sem limi- tes. Mas sua luxtiria © leva a se utilizar dos outros, sem cons trangimento. Sua compulséo de dominar leva-o querer for- ‘ar as coisas, para que elas sejam do seu jeito, Seu imediatismo dificulta a paciéncia de saber esperar resultados que demo- rem, Tem dificuldade de aceitar seu lado terno, meigo e fra «il. Quando aprende a respeitara individualidade e a verdade sagrada de cada um, @ capaz de reconhecer o genuino de cada um e ajudé-lo a desenvolver seus potenciais. * Ora, este tipo se sente bem em contato com a nature- za, pela sensacao de liberdade que ela lhe passa. Pode apro- veitar essa afinidade para desenvolver uma atitude contemplativa de respeito pela integridade dos seres, apren- dendo a nao explorar nem subjugar as criaturas. Percebendo 118 0 ritmo proprio de crescimento que na natureza se expressa, este tipo pode cultivar a paciéncia de saber esperar o tempo certo de cada coisa, sem forcar seu proprio ritmo. Entrando em contato com a ternura da natureza, com o encanto das pequenas coisas, admirando a fragilidade das criaturas e sua dependéncia absoluta do Criador, este tipo pode aprender a lidar com seu lado terno e meigo, aceitar seu lado frégil e vulneravel.e descobrir sua condico de criatura em relacio com o Criador, para equilibrar sua compulsao de ser “dono do mundo”, Contemplando a verdade prépria de cada plan- ta, de cada ser, e cultivando-a para que seja plena, ele pode desenvolver sua potencialidade de perceber o genuino de cada pessoa e de ajudé-la a atingir aquilo que pode ser. O respeito pela dignidade intrinseca da natureza, pelos direitos dos se- res criados, pode ser uma grande escola para este tipo. TIPO 9: Este tipo tem afinidade natural com a paz que a natureza transmite e gosta de curtir sua tranqiillidade. Mas tem tendéncia a divagar, voar, tem dificuldade de lidar com a confusdo interna de seus sentimentos, é dificil para ele engajar- se, comprometer-se, entrar em aco. O comodismo é uma tentagdo compulsiva. Necessita de estimulos extemos para ter energia vital. Pela propensao ao auto-rebaixamento, tem. iculdade de manifestar seus dons. E um tipo que tem difi- culdades em lidar com sua raiva e conilitos. * A contemplagao da natureza pode ser veneno para este tipo, pois pode alimentar sua tendéncia ao comodismo de ficar s6 olhando, divagando. Seria oportuno que sua rela- cdo com a natureza se colocasse numa perspectiva de traba- tho direto, de aco transformadora, intervindo sobre ela, trans- formando a criacao. Na natureza, a ordem e 0 caos andam de maos dadas: a ordem que a natureza expressa brota de uum proceso evolutivo que emerge do caos. Ora, a perceps’io desse dinamismo da natureza pode ajudar este tipo a entender que, de sua desordem e confusio internas, pode brotar a cla- 119 teza, a priorizacéo, a organizacdo, se, como a natureza, ele aceitar esse dinamismo evolutivo. Por ter necessidade de re- ceber de fora estimulos vitais, ele pode encontrar na nature- za uma fonte de energia estimulante, que acorde nele o dina- mismo que adormeceu, Descobrindo e contemplando 0 va- lor de cada ser em si e confrontando-se com a gratuidade confiante das criaturas, que oferecem tranqliilamente seus dons e suas belezas, este tipo pode aprender a se valorizar mais e a colocar seus dons a servigo dos outros, nao escon- dendo seus talentos. Perceber a relagao de conflito e equili- brio que existe na natureza pode ajudé-lo a lidar com sua agressividade, vendo no conflito um caminho de equilibrio. ) Para os tipos do Coracéo, 0 contato com a natureza pode ajudar a mergulhar no mundo interior de suas necessi- dades, e para o Tipo 4 a relacdo deve ser mais objetiva ¢ voltada para fora. Talvez as pessoas deste centro tenham di- ficuldade de criar relagao com a natureza, pois ela nao Ihes dé 0 retorno de aprovacao imediata que buscam e encon- tram mais facilmente no contato com os outros, mas a natu- reza pode ser para este centro uma grande ajuda para cult: var a gratuidade ¢ a ndo-dependéncia do retorno imediato de aprovacio. 4 Para os tipos da Cabeca, 0 contato com a natureza pode ajudar a trabalhar o racionalismo e a frieza, envolven- do-os afetivamente e despertando neles uma atitude de autoconfianga. Talvez este centro seja o que tem mais dificul- dade de relacionamento com a natureza, por ser cerebral e, assim, mais desligado da energia vital priméria (mas, tam- bem por isso, talvez seja o centro que mais pode crescer no contato com ela). 4 Para os tipos Viscerais, o contato com a natureza pode ajudar a cultivar 0 respeito pelo ritmo sagrado e pela dignida- de intrinseca dos seres, numa atitude mais contemplativa, e para o Tipo 9 seria mais aconselhavel a inter-agéo 120 transformadora. Talvez este centro seja o que tem mais afini- dade com a natureza, por ter sua energia vital situada no plano dessa matéria-prima vital, instintiva, criadora, e a natu- teza pode ensiné-lo a entender-se e aceitar-se. = Se for possivel, pode ser oportuno fazer neste mo- mento um trabalho de partilha em grupos, por tipos iguais ou por tipos do mesmo centro. da fui “Peregrino de mim”, na oragéo da primeira par- te. Fui “Peregrino da solidariedade”, rezando o relaciona- mento com os outros. Agora seremos “Peregrinos do cos- mo”, rezando nossa relacao com esse universo por onde pe- regrinamos em busca da harmonia. A nossa Eucatistia seré essa festa de peregrinos pela grande patria-mae chamada natureza. 121 5.5. Oracdo: Peregrinos do cosmo (Eucaristia) (Sugestio de esquema) = Seria bom que a Eucaristia fosse celebrada em conta- to direto com a natureza. O ambiente de vida e a presenga de elementos vitais formariam um cenario ideal = A colebracao seria a noite (isso encaixa na progra- magio do encontro). => Nao haveria céntico de entrada: nese momento se tia feito um convite para escutar “os sons ¢ o silén- cio da natureza”, para que cada um entre em harmo- nia com ela. = Ritos iniciais. = Ato penitencial: trazer simbolos (uma tocha apagada, uma planta seca, jarro com aqua, folhas e pétalas de flor, arame farpado....). = Colocar os simbolos e convidar para se deixar interpelar por eles, = C&antico: “Lamentacao”. => Momento de louvor: uma pessoa recita pausadamen- te 0 salmo 8. Enquanto isso, outras pessoas acen- dem a tocha, colocam as folhas ¢ as pétalas no jarro em que esté a planta seca e aguam = Coleta 122 = Primeira leitura: Gn 1,1-31 => Salmo de meditagao: Cantico: “Louvado sejas. = Cantico de Daniel (Dn 3,57-90). . = Aclamagao: “Hino a Palavra de Deus” (E como a espada....). = Evangelho: Le 12,22-32 => Em vez da homilia, neste momento haveria um novo convite para “escutar os sons e o siléncio da nature- za”, para cada um entrar em didlogo com ela = Apresentagao de dons: levar 0 pao e o vinho, fazen- do uma reflexdo sobre cada um deles. (O pao: 0 pro- cesso de vida e morte inscrito na natureza; a semente que morre na terra, a terra que é trabalhada para que asemente germine o seu tempo; a planta que cresce Ientamente, no seu ritmo proprio, dé os gréos; os graos que sao amassados ¢ triturados para virarem farinha; a farinha amassada que vira po; 0 pao que alimenta e gera vida, O vinho: a uva que recolhe e elabora a seiva; a uva que é pisada para ser mosto; 0 mosto que fermenta para virar vinho; 0 vinho que alegra e anima, 0 vinho da festa, da alegria de viver, da fantasia da vida; a vida que precisa passar pelo softimento e pelo longo processo de maturagéo para gerar alegria.) => Oracao eucaristica (como sugestao, propomos a Ora~ co eucaristica da Natureza: anexo, p. 204). => Santo: Deus infinito (Te Deum), = Abraco da paz: = (Monigao explicando a paz como harmo- nia césmica, como reconciliagao universal) => Arranjar uma bacia com terra molhada amassada ou argila. Cada um “marcar” o vizi- nho com essa terra, dando a isso o sentido de reconciliagdo com a nossa “patria mae”). => Aco de gracas: Cantico: “Obrigado, Senhor...”. 123 Quarta parte A RELACAO COM DEUS 6.1, Introdugao Cada um de nés tem a sua “imagem de Deus”, Nao é necessariamente o que aprendemos na catequese ou na teo- logia o que mais influenciou essa “imagem de Deus” que car- regamos. Essa “imagem de Deus”, gravada no nosso inconscien- te, é fruto de nossa sensibilidade, de nossa personalidade, e resiste & “evolucdo racional” da nossa compreenséo de Deus, E ela, que, no fundo, determina o modo como nos rela- cionamos com Deus e 0 papel que ele ocupa em nossa vida. Por isso, é fundamental refletirmos sobre a “imagem de Deus” que esté em cada um de nés. ‘» Vamos agora confrontar-nos com a nossa “imagem de Deus”. 6.2, Reflexao individual: Como vocé imagina Deus? Plenario Cada um partiha sua “imagem de Deus’. 127 6.4. Complementagao duntaram nove cegos e colocaram no meio deles um elefante. Mandaram que descobrissem o que era, através do tato, Um deles, segurando 0 rabo, disse que era uma corda com a ponta desfiada; outro, passando a mao na tromba, falou que era uma mangueira grossa; outro, que estava sequ- rando a perna, disse que era um tronco de arvore; outro estava mexendo na orelha e disse que era uma placa de bor- racha; outro, tateando, encontrou os dentes e achou tratar- se de dois espetos; outro encostou a mao na boca do elefante @ pensou que era uma bolsa de borracha se mexendo; outro sentiu as mos encostarem nos furinhos da tromba e disse que se tratava de uma esponja furada; outro enfiou o dedo no olho do elefante e disse tratar-se de uns éculos; 0 outro apalpando a bartiga do elefante, achou que seria um carro- pipa. Cada um deles estava apalpando apenas uma parte do elefante! Talvez seja dificil, mas @ preciso tomar consciéncia de que somos todos “idélatras”! Como resposta inconsciente ao nosso pecado de raiz, acabamos fazendo “imagens de Deus”. Essa imagem de Deus que cada tipo faz, no minimo, é parcial: € uma nona parte do Deus verdadeiro! E como a histéria do elefante e dos cegos: cada um de n6s percebe apenas uma parte e, como nao consequimos sentir 0 todo, fica dificil termos a compreensao clara de Deus. “Nao fareis para vés imagem alguma...” @ norma do Antigo Testamento. Mas acabamos fazendo a nossa imagem de Deus e vivemos agarrados a ela. O problema é que essa imagem de Deus pode ser falsa, eaia gente reza, reza... e esse “deus” nao responde, porque nao existe, porque é falso! E preciso ir em busca de um Deus maior, porque o “deus” de cada tipo é muito pequeno! 128 TIPO 1: Vé Deus como 0 “todo-perfeito”, o “juiz jus- to”, o “contabilista” que passa o recibo e faz o balancete. Um Deus majestoso e poderoso, que concentra em si o poder. Deus é como um “grande olho" que vé tudo, que de longe nos vigia e, por isso, que nos faz sentir medo, Desta forma, este tipo sente a obrigagao de se comportar bem, afinal, “tera de prestar contas a cle”! TIPO 2: Vé Deus como aquele que ajuda, o eterno doador, a imagem do Sagrado Coragao de Jesus: segurando © coracdo na mao, a espera de ser seduzido. E este tipo pen- sa; “eu tenho de seduzir esse Deus, jogando o jogo do amor melhor que ele”. A pessoa chega a achar que Deus nao é suficientemente amoroso com alguém que esta sofrendo ou precisando de ajuda, e entao ela procura fazer isso: ser 0 amor de Deus para esse alguém. Este tipo entra assim numa relacéo destrutiva com Deus. A verdade é que Deus nao pre- cisa ser sedurido. Ele ja esté do seu lado, vocé ja @ amado, nao é necessdtio “comprar” 0 amor dele. E preciso deixar Deus ser maior que o amor que vocé tem. TIPO 3: Vé Deus como co-criador. Este tipo pensa que ¢ ele quem esta “criando o mundo” e Deus é seu ajudante. E acha que Deus nao esta trabalhando suficientemente depres- sa. Deus é 0 divino arquiteto, que traca o plano do mundo, e 0 Tipo 3 tem de dominar esse processo. E uma imagem fria de Deus: um Deus tecnocrata. O Tipo 3 quer posicionar-se & altura de Deus, competindo com ele (Jacé), ¢ isso destréi uma relacéio verdadeira. TIPO 4: Ve Deus como o criador sensivel da beleza, mas um Deus escondido, ausente, inalcansavel. Um Deus que se escondeu de sua vista, e por isso fica fantasiando so- bre ele, imaginando o que Deus deveria ser. Pela auséncia, 0 ‘Tipo 4 pode chegar a experiéncia de Deus, mas ha 0 perigo 129 de se deixar levar tanto pela auséncia, que nao permite que Deus se mostre, que Deus revele sua face e sua presenca, até porque isso o livraria da “depresséo” e nao haveria mais inte- resse algum neste jogo. ‘Tem a sensagao: “Deus me rejeita”, e isso, para o Tipo 4, & “doce amargura”. E preciso deixar que Deus se faga presente, que mostre sua face, sendo a pessoa nao vai perce- ber a graca, quando ela chegar. TIPO 5: Ve Deus como a fonte absoluta de sentido, de significado, que ajuda a entender a vida. E 0 “Logos”, o Deus da Filosofia, a idéia eterna, a inteligéncia perfeita, oniscien- te. E um Deus que nao encarna nem morte na cruz. O Tipo 5 se sente bem com esta imagem de Deus: ela explica tudo e nao compromete, deixa-o solto, abstrato. E preciso com- preender que o “Logos” do prélogo de Sao Joao nao ficou satisfeito em ser apenas palavra... encarnou! (Jo 1,14) TIPO 6: Vé Deus como 0 véem os salmistas do Antigo Testamento: a rocha protetora, o salvador, o libertador, 0 que oferece seguranca. Deus como aquele que afasta as inse~ urancas e as incertezas, e sso pode tornar-se um “deus 6pio do povo". O verdadeiro Deus vai levar o Tipo 6 para mais insequranca. O senhor da montanha oferece insegurancas... Deus é a seguranca da inseguranca! TIPO 7: Vé Deus como a felicidade absoluta, a luz eter- na, delicia eterna, criaco eterna, beleza eterna. Eo Deus da Pascoa, glorioso. Mas esse @ apenas metade de Deus! Falta 0 Deus que encarnou e morreu na cruz. O verdadeiro Deus que veio ao mundo nasceu num chiqueiro, caminhou durante trinta, anos na sujeira e morreu numa cruz TIPO 8: Vé Deus como 0 onipotente e justo. “O nosso Deus @ um Deus guerreiro, o seu nome é Onipotente”, diz 0 salmo. O Deus que resolve tudo, para que, no final, tudo dé 130 certo, O Tipo 8 espera que Deus apareca de repente e resolva tudo, com seu poder. Fica desapontado com as “falhas” de Deus, com sua falta de “poder”, e eficacia. “Deus nao é tao poderoso como devia ser” pensa o Tipo 8. Ai, gera-se um conflito: 0 Deus da fraqueza eo Deus da forca. O Cordeiro de Deus... que deveria ser o Tigre de Deus! E preciso despertar a crianca que est dentro, para entender outras imagens de Deus e, sobretudo, para entender o Deus que se revela na fraqueza, Deus como fraqueza forte, como fala Sao Paulo. TIPO 9: Ve Deus como paz absoluita, como serenida- de, como presenca calma, suave, paciente, que nao exige tanto. E a “brisa suave” de Elias. Por isso, 0 Tipo 9 nao precisa se preocupar muito: “No final vai dar tudo certo”. Nao é preciso trabalhar muito, porque “Deus esta trabalhan- do”. E preciso entrar em acao com esse Deus-presenca: criar com ele, interagir, tornar Deus mais vivo, mais ativo. E preciso deixar cair essa “imagem de Deus” pequena, parcial, falsa. * E preciso passar pela escuridao, pelo deserto espiri- tual, buscando o Deus verdadeiro! © Deus é 0 Totalmente Outro, nao é uma imagem que fabricamos a nossa semelhanca! * “Peregrino de mim”, “Perearinos da solidariedade”, “Peregrinos do cosmo’, e agora “Peregrinos do Absolu- to”. Vimos a necessidade de partir em busca de um Deus maior que nossas imagens parciais, descobrimos como é importante fazer a aventura de se abrir ao absoluto de Deus. Agora vamos peregrinar em busca desse Deus, 0 Absoluto que se deixa encontrar, que vem ao nosso encon: tro para se revelar. “Peregrinos do Absoluto”: a vida intei- ra como um longo peregrinar! Neste momento de oracéo, vamos fazer essa aventura: peregrinar em busca de Deus, o Deus auténtico e verdadeiro, revelado em Jesus Cristo. 131 6.5. Oragao: Peregrinos do Absoluto * Cada um vai compor um salmo: “O meu Deus é. * Rezar os “salmos” em plenario, 6.6. Reflexao: Jesus e o Eneagrama Falamos que é idéia entre os sufistas considerar Deus como a totalidade perfeita dos nove tipos do Eneagrama, jA que este representa “as nove faces de Deus” Seré interessante olharmos agora para a pessoa de Je- sus Cristo, a revelacao plena de Deus, 0 proprio Deus que se tornou visivel. Vamos ver como nele se podem encontrar os tragos de cada tipo, a concretizacao daquilo que de melhor existe em cada tipo. Sao Paulo nos convidaa crescermos “A estatura de Cris- to", e na carta aos Colossenses diz: “Aprouve a Deus fazer habitar nele a plenitude...". Podera ser um incentivo para cada um de nés ver realizadas em Cristo aquelas potencialidades préprias do nosso tipo, que somos chama- dos a desenvolver, Sendo imagem plena de Deus, Cristo re- presenta a esséncia do mundo, © verdadeiro ser. Olhando para Cristo, vemos nele, ao mesmo tempo, a face de Deus € a face do homem auténtico. 132 * Entregar folha “Jesus Cristo e o Eneagrama”. * Seria oportuno entregar o texto completo (corn os Nove tipos), mesmo que neste momento a pessoa se concentre s6 no seu tipo. * Reflexdo individual. Nota: Se possivel, este trabalho pode ser feito em gru- pos, por tipos iguais ou por tipos do mesmo centro. 133 JESUS E O ENEAGRAMA TIPO 1: Pedagogia, tolerancia, paciéncia Como judeu, Jesus valorizava a Lei e nao queria aboli- la, mas completa-la (Mt 5,17). Queria que a Lei fosse cum- prida, nao de mado formal e moralista, mas assumida como verdadeira justica, para que as boas obras brotassem de um corag&o novo e nao fossem apenas cumprimento do dever (Mt 5,20). No sermao da montanha, Jesus diz: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Essa idéia, tao discutida, volta em Mt 19,21, quando Jesus chama o jovem rico a perfeic&o. Mas a idéia da perfeicdo crista (melhor se- tia dizer: da santidade) vai além das tentativas morais e dos ideais que cada um se impée. S6 a experiéncia do amor in- condicional de Deus leva a aceitagao do pecado proprio, no caminho da conversio. Para o Tipo 1, 0 Evangelho diz que nos tornamos perfeitos medida que aceitamos nossas im- perfeicoes como parte do proceso de crescimento. desus nao reprimiu sua ira, nem a escondeu atrés de uma fachada simpética. Em Mc 3,1-6, que relata a cura de um homem que tinha a mao seca, Jesus olha para os fariseus com “indignacao e tristeza” ao perceber seus interesses, Em Mc 9,19 mostra sinais de impaciéncia com seus discipulos: “O gente incrédula, até quando vou suporta-los?”. Jesus n&o era pessoa de moral dupla. Ele fazia aquilo mesmo que falava. Era um professor brilhante: as parabolas, as compara- Ges e, sobretudo, 0 seu exemplo eram uma escola de vida paraos discipulos. Apesar da lentidao dos discipulos para com- 134 preender, Jesus era paciente e sempre fazia novas tentativas, apresentando a mensagem de modo simples e acessivel. Jesus no condenava ninguém e nao tolerava que as pessoas julgassem uma as outras. Perdao e reconciliacdo so palauras-chave em sua boca, como sinais de um recoego, de uma nova chance de ser (Jo 8,11). As parébolas sobre o crescimento (Mc 4) sao muito dire- tas para 0 Tipo 1, que é perfeccionista e apavorado, convi- dando a confianga na evolucao lenta do Reino de Deus. A paciéncia consigo mesmo, com os outros e com Deus é 0 caminho para 0 Tipo 1 se tornar verdadeiro mestre da verda- de e da justiga TIPO 2: Assisténcia, misericérdia, solidariedade _ Apalavra Jesus significa “Deus salva” ou “Deus ajuda” E muito facil visualizar a figura de Jesus como aquele que atende as necessidades corporais e espirituais das pessoas: 0 pastor que vai em busca da ovelha perdida, o amigo que acolhe e abraca as criangas. Jesus entendeu sua missao como “o servo de todos”: “Nao vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). E sua morte na cruz € 0 gesto maximo de entrega e doacio. Quando ele cura os dez leprosos (Lc 17,11-18), sente a ingratidao dos nove curados que nao voltam para agradecer ese alegra coma gratidao do tinico que reconhece seu amor. Foi extremamente solicito e solidario, mas sem manipu- lar as necessidades dos outros e sem querer “comprar” 0 amor de Deus e o reconhecimento humano. Jesus percebia suas proprias necessidades, por isso se retirava para conversat com o Pai recuperar suas forgas. Ele nao s6 amava, mas também aceitava o amor dos outros (Jo 12,1ss), deixando que a mulher ungisse seus pés. Na agonia, ao aproximar-se a morte, pediu aos discipu- os que o ajudassem naquele momento de luta espiritual. Par- 135 tilhou com eles seu medo e ficou triste quando adormeceram na hora mais dificil. Jesus nao prendia as pessoas: mandou para casa alguns que queriam sequi-lo e, depois da morte e ressurrei¢ao, con- fiou aos discipulos a continuidade de sua misao, sem a pre- senca fisica dele. O Tipo 2 @ chamado liberdade: a liberdade de nao se prender aos outros nem deixar os outros presos a si, a liber- dade de ajudar gratuitamente e se deixar ajudar, a liberdade de estar s6 e de estar em companhia dos outros. Em Jesus, 0 Tipo 2 encontra o modelo da pessoa que ama e liberta, que ama sem perder a liberdade e sem “usar” a liberdade dos outros TIPO 3: Ambicao, ativismo, visio Jesus tinha uma viséo clara de seu ideal: o Reino de Deus. E tudo fazia para realizar essa misséo, empenhando nisso a vida toda. Assumiu o papel que Deus lhe confiou ¢ identificou-se com sua vontade. Na sinagoga de Nazaré apre- senta claramente seu programa, ao citar o profeta Isaias (Le 4,16-21), ese auto-apresenta como o protagonista do plano de Deus. Concentrando-se nessa missdo, sente também as tenta- es, na narrativa do deserto (Mt 4, 1-11), e afasta a seducdo do ter, do status, do sucesso imediato, do éxito aplaudido. Depois da multiplicagao dos pes, quando a multidéo queria fazé-o rei, ele se afasta. Resistiu a tentagio do tipo 3: procu- rar © sucesso sem fracasso e rejeicéo, fazer milagres para receber aprovacao pilblica, querer a vit6ria sem passar pela cruz. desus era um lider. Escolheu seus companheiros e tor- nou-os capazes de agir responsavelmente. Delegava neles sua atividade de pregar e curar, e deixou claro que eles iriam partilhar seu destino de sofrimentos e perseguicdes. 136 Sua capacidade de comunicagéo era impressionante. Sabia como falar as massas e para cada situacéo encontrava a palavra adequada. Sabia discutir com os doutores e sabia comunicar-se com os pequenos do povo. fracasso afetava Jesus: quando entrou em Jerusalém, chorou sobre a cidade, porque esta no reconheceu a paz que ele vinha trazer (Lc 19,41ss e Mt 23,37). Mas Jesus tinha consciéncia clara de que a vitbria de sua misséo passa- va pelo paradoxo da derrota e da rejeicao. Isso porque a confianga que tinha no Pai era maior que o medo da derrota @ do fracasso. S6 esta confianga em Deus pode fazer com que o Tipo 3 nao fique apegado aos seus sucessos aparentes ou a seguranca do dinheiro e do status. TIPO 4; fidade, sen: idade, naturalidade Jesus era muito sensivel ao meio ambiente e tinha uma vida sentimental muito rica. Expressava sua alegria (Mt 11,25-27) e se entristecia (Le 22,39-46). Varias vezes os Evangelhos falam que ele chorou: ao receber a noticia da morte de seu amigo Lazaro (Jo 11,35); a0 ver a situagso do povo, sentindo compaixao (Mt 9,36; 15,32). Deixava-se possuir pela tristeza e ndo se envergonhava de suas légri- mas. Tinha uma sensibilidade especial para a beleza da natu- reza: encantava-se com 0s lirios do campo e as aves do ceu (Mt 6,28ss; 10,29). Jesus também tinha sensibilidade especial para o simbé- lico e para os efeitos dramaticos: a gua no poco, a mulher que procura a moeda perdida, os trabalhadores brigando pelo salario, os milagres, a saliva misturada com terra para curar 0 cego (Jo 9,6),a entrada em Jerusalém montado num burrinho (Mt 21,1-9), fazer secar a figueira (Mt 21,18-22), 0 paoe o vinho na altima ceia, Isso lembra 0 agir simbdlico téo carac- \eristico dos profetas do Antigo Testamento. 137 Usa 0 “psicodrama” ao esperar os discipulos na beira dolago, com a fogueira acesa, perguntando trés vezes a Pedro se este o ama (Jo 21,1-17). Mas, apesar dos efeitos dramaticos, Jesus tinha um jeito de viver e de falar muito natural. Como 0 Tipo 4, também ele no aceitava a divisio en- tre sagrado e profano. O mundo todo estava perpassado pela sacralidade e o mais sagrado era também o mais natural. Embora cercando-se de amigos proximos, afastava o cheiro de elitismo, convidando precisamente pessoas sim- ples do povo, e quando os discipulos discutiam acerca de lugares especiais, ela falava sobre a humildade e o servico (Mt 18,4), Embora rejeitado pela propria familia, pela sua terra e pelos poderosos, e apesar de seus préprios discfpulos nao 0 compreenderem, Jesus nao cai na autocomiseracéo melancé- lica. Apesar do medo da derrota, nao abandona seu caminho. TIPO 5: Distancia, sobriedade, sabedoria Jesus sabia distanciar-se, retirar-se, buscar para si um. lugar tranaiiilo, “protegendo-se” do assédio e das exigéncias da familia e do povo. Quando se perde na visita a0 Templo, aos doze anos, manifesta sua sabedoria entre os doutores (Lc 2,40-52). Quan- do sua familia o procura, ele se desapega dos lacos familia- res, dizendo que sua familia so aqueles que ouvem a palavra @ a praticam (Mt 2,46-50). Jesus recusa o seguimento de alguns ousados e imprudentes (Le 9,57ss; 14,28-30). No sermao da montanha, exorta os discipulos a serem sabios e a nao construirem a casa sobre a areia (Mt 7,24-27) Sua doutrina era profunda e pensada. As pessoas reco- nheciarn que ele sabia o que estava falando (Mt 7,28ss). Jesus se retirava freatientemente para a solidao, a fim de ordenar suas impressGes e buscar seu equilibrio através da 138 oracdo. Mas ele nao cedeu a tentago de ficar como especta- dor imparcial do mundo: a encarnaco revela precisamente a proximidade e o engajamento total. Jesus recusava também a arrogancia intelectual e nunca deixava de partilhar com os outros os seus conhecimentos, mesmo que n&o os entendessem. Sua sabedoria era profun- da e reconhecida, mas no era puro saber intelectual: era a sabedoria que brotava da vida, do contato com a realidade e da comunhao profunda de Deus. TIPO 6: Fidelidade, obediéncia, confianga Jesus tinha uma “autoridade interna”, uma autoconfianga profunda, nascida de sua confianga no Pai. Essa confianca interna mantinha- livre em relacdo a autoridades e normas externas: em relacdo a Lei, as tradicées, opunharse as nor- mas que escravizavam o homem (Me 2,27), embora frequen- tasse a sinagoga. Chama Herodes de “raposa” (Le 13,32); toma uma posig&o profunda sobre a questéo dos impostos (Mc 12,17) e é acusado por isso (Le 23,2). Obediente, no sentido mais profundo da palavra, Jesus s6 era em relacéo ao Pai e a sua missio. Mas, nesse caso era obediente até ao fim (Fl 2,6-8). Constantemente Jesus convidava as pessoas a vencer 0 medo e a confiar em Deus (Mc 5,36; Jo 16,33). Ele mesmo superou o medo da morte através da confianca em Deus (Mc 14,36). Nao aceitava a pretenséo de hierarquia entre seus discipu- los (Mt 20,25-27), mas, antes, apontava o critério do servico. Jesus era perspicaz para perceber os motivos escusos dos seus adversérios, mas isso nao o deixava de pé atras em rela~ Go as pessoas: pelo contrério, ia ao encontro delas, convivia sem preconceitos e medos, confiava. Mesmo em relacao aos grandes e poderosos, de quem conhecia bem as intencées, Jesus no os isolava nem evitava © contato com eles, 139 “Nao tenhais medo” @ uma das frases mais repetidas no Evangelho. O cristianismo auténtico e genuino é uma reli- gido de liberdade plena, de responsabilidad pessoal e comu- nitaria, e nunca uma religiéo de segurangas externas. Mesmo nos momentos de divida, o medo nao impede Jesus de agir e de seguir sua missao. Pela confianga em Deus, ele encontra a autoconfianga para continuar seu projeto. TIPO 7: Festividade, alegria de viver, sofrimento Jesus nao era um asceta ou um homem triste. Seu mo- vimento era criticado em comparagao com o movimento de Jo&o Batista, porque seus discipulos nao jejuavam (Mt 9,15), Sua mensagem do Reino é alegre, e ele mesmo gosta de enfeitar a realidade do Reino com a imagem de banquete, casamento, festa. A alegria de viver e a sensibilidade as coisas boas da vida eram tao fortes que ele e seus amigos eram acusados de “co- mildes e beberrdes” (Mt 11,19). Aceitava convite para co- mer em casa das pessoas, sem fazer distingSo de sua classe social. Jesus comeca o seu ministério numa festa em Cana, preocupando-se com a falta do vinho, para que nao se estra- gue a festa (Jo 2,1-11). A historia da multiplicagao dos paes mostra que no se interessa apenas pelo bem espiritual, mas pelo bem-estar corporal das pessoas (Jo 6,1-15). Sua mensagem poderia ser resumida na idéia de que Deus gostaria que os homens se alegrassem. Seu nascimento anunciado como uma grande alegria (Le 2,10), e antes da morte pede que a tristeza dos discipulos se converta em ale- gria e sua alegria seja completa (Jo 16,20; 15,11). Mas 0 mesmo Jesus adverte contra a falsa alearia: “ai de vis, ricos, fartos, elogiados...” (Le 6,24-26). A alegria pascal nao existe sem a cruz: Jesus nao elude © softimento, mas 0 assume como caminho de ressurreicao e deixa claro que também para nés esse é o prego da vida. 140 Diz 0 Evangelho que, sofrendo na cruz, Jesus se rectisout a beber vinagre misturado com fel, uma bebida usada como entorpecente, e suportou a dor fisica e psicolégica, até o sofrimento de experimentar o abandono de Deus (Mt 27,34- 46). TIPO 8: Confrontagao, clareza, plenos poderes Jesus tinha grande autoconfianga e defendia suas opt nides de forma independente e segura. Sabia o que queria e sabia como querer, Nunca usou disfarces e rodeios para dizer © que pensava. Ensinava aos discipulos: “Que 0 vosso sim seja sim e 0 vosso nao seja nao! (Mt 5,37). A atitude clara e decidida de Jesus ameacava os circulos dominantes. O povo sentia sua autoridade interna; os sim- ples sentiam nele protecdo e defesa de suas causas. Os ad- versarios buscavam sempre pega-lo em falso, mas Jesus con- seguia virar 0 jogo, desmascarando-os e deixando-os enver- gonhados. Jesus provocava seus opositores e nao os deixava sem resposta. Entrou no Templo com o chicote e expulsou os vendilhdes que exploravam o povo. Suas pardbolas eram recados diretos para os fariseus ¢ para 0s poderosos, & dizia frases duras sobre eles: “Ai de vés... cegos guiando cegos” (Mt 21,23). A imagem de Jesus como meigo e doce 6 unilateral: quando era preciso, ele sabia ser severo em suas palavras e agdes. Quando fala para “oferecer a outra face” coloca ai a perspectiva de uma nao-violéncia ativa. Est do lado dos fracos e toma seu partido. E severo com 08 poderosos, mas muito carinhoso com os pequenos (Mc 10,13; Jo 8,3). Jesus era forte, mas nao era invulnerdvel. Resistiu: & tentagao do poder, quando teria sido facil conquista-lo. Es- colheu a forca da fraqueza, para desmascarar a fraqueza da forca 141 TIPO 9: Serenidade, pacifismo, amor Jesus era uma pessoa que irradiava paz e serenidade, apesar do seu trabalho intenso. Ele diz: “Vinde a mim... que sou manso ¢ humilde de coragao... pois meu fardo 6 leve e meu jugo é suave” (Mt 11,28-30). Nas situacdes mais difi- ceis, mantinha a calma: no meio da tempestade, dormia no barco. Esta calma é sinal da paz interior e da confianca em Deus (Mt 4,35-41). No Antigo Testamento 0 sono era considerado dom de Deus: “Em paz me deito e logo adormeco, porque 56 tu, Senhor, me fazes viver em seguranga’ (SI 4,9). Mas a Biblia também condena 0 sono enquanto fuga das decisdes impor- tantes: Jesus critica os discipulos por adormecerem na ago- nia do Horto, por ndo se sentirem preparados para enfrentar ‘© momento, e diz: “Vigiai e orai, para nao cairdes em tenta- 0” (Mt 26,41). A calma de Jesus nada tinha que ver com falta de iniciativa. O amor o torna ativo, Agia de modo deci- dido e objetivo. Nao temia conflitos nem fugia de suas res- ponsabilidades, mesmo quando isso acatretava problemas para ele. (O seu Reino é de paz! Mas a violencia do amor @ requi- para aqueles que o querem seguir. Ha momentos de hesitacao, de confuséo interna, como durante a agonia. Mas nao foge deles nem se acomoda: en- frenta, discernindo a vontade de Deus e agindo de acordo com ela, As pessoas se sentem bem em sua companhia, nele encontram trangililidade e paz, mas Jesus as desperta para a aco, para o compromisso, para a huta. Busca a tranqtillidade e 0 repouso, nao como escape, mas como momentos de recuperar 0 eixo de sua vida e reu- nir energias para continuar a missdo, Nada o dispersa desta misao assumida. 142 Quinta parte A ORACAO 7.1, Introdugao Durante este Encontro, fizemos varias experiéncias de oracdo: “Peregrino de mim”, “Peregrinos da solidariedade”, “Peregrinos do cosmo”, “Peregrinos do Absoluto”. Agora, vamos aprofundar um pouco essa dimensao da oracao: ela & condigao do peregrino. Quando fizemos a primeira parte desta caminhada, vimos alguma coisa a respeito da oracao. Se a oracao é uma postura que envolve a pessoa toda, alma e corac&o, corpo e mente, é a pessoa toda que reza, com tudo © que dela faz parte. Assim, 6 0 nosso tipo que reza: 0 nosso jeito de ser e de encarar a vida, a nossa perso- nalidade, com sua sensibilidade prépria. ‘Vamos aprofundar isso partindo de nés mesmos, anali- sando nossa vida de oracdo, nossas dificuldades e nossa des- coberta do jeito proprio de rezar. Muitas vezes sentimos dificuldades no campo da ora- cdo e ficamos angustiados e “forcando a barra”, sentindo ao mesmo tempo que algo nao esta certo e nos impede de avangar. Cada tipo tem sua sensibilidade propria: se no re- lacionamento com os outros caca um de nés é diferente e estabelece uma relacao diferente, nao podera ser diferente com Deus, se com ele quisermos estabelecer uma relagao pessoal. 145 Diremos assim que cada tipo tem seu jeito de rezar. Ten- taremos descobrir e aprofundar o porqué de tudo isso, para podermos enxergar um estilo de oracao que realmente per- mita a expresso daquilo que somos, em toda a nossa com- plexidade e respeitando o ritmo préprio e as potencialidades ‘especificas do nosso tipo. * O trabalho de reflexao individual que faremos agora tem esse objetivo: olharemos nossa histéria de oragao. Va- mos ver nossas dificuldades e afinidades nesse campo. Va- mos sobretudo lembrar os momentos em que a orago foi para nés uma experiéncia boa, vivida, plenificante, que per- mitiu uma real comunhao com Deus. A partir desses mo- mentos, vendo o modo como rezamos, 0 modelo de oracao que seguimos, ficara mais fécil visualizar 0 caminho a se- gui. * Em todas as religides, ha trés modos ou trés tipos basicos de oragdo: 1) De fora para dentro (algo que vem de fora: um texto, um simbolo, uma imagem, que provoca em mim um impulso); 2) De dentro para fora (Deixo aflorar © que existe em mim, expresso isso de algum jeito); 3) Va- zio (abandonando os impulsos exteriores e interiores, pro- curo a paz total como meio de entrar em comunhao com Deus). « Vamos ver como nos situamos dentro disso, como te- mos experimentado cada um desses caminhos e que frutos eles nos tém proporcionado. 7.2. Reflexao individual: = Como é minha experiéncia de oragio? > Que dificuldades percebo em mim para rezar? = Que tipo de oragao me ajuda mais a rezar? 146 7.3. Plenario Cada um partilha... 7.4. Complementacao (Estes topicos poderdo ser entregues a cada fipo, para reflexdio individual): 1. Cada tipo e suas dificuldades: TIPO 1: Um obstaculo para rezar é 0 ativismo proprio deste tipo. E um tipo “voltado para fora”. Ter dificuldade de aceitar suas limitagGes e seus sentimentos, por ser dominado compulsivamente pelo mecanismo da “perfeicao”. Tem difi- auldade de se concentrar em atividades que a curto prazo no mostrem resultados eficazes e praticos. E um tipo que se cobra muito. => Para este tipo, a oracéo deve ir na linha da gratuidade: estar na presenca de Deus, sem preocupaco com conclusdes, resultados. => “Sede perfeitos..." é uma frase que nao deveria cons- tar na Biblia do Tipo 1, a nao ser que ele descubra que, para ser perfeito, é preciso aceitar suas imper- feigdes. > Talvez fosse mais oportuno rezar como Sao Paulo: “Quando sou fraco € que sou forte...” ou meditar a parabola do joio, para aprender a paciéncia do Rei- no que cresce no meio do pecado e da imperfeicdo. = Abandonar-se em Deus significa aceitar seu designio de crescimento gradual, por etapas, e aceitar a pré- pria condi¢io ¢e criatura. A santidade é mais um pro- cesso de crescimento do que um cumprimento de normas, Cada ser é perfeito medida que se encontra num de terminado estégio do seu desenvolvimento. 147 TIPO 2: O orgulho pode dificultar o acesso a Deus, pois este tipo chega até a pensar que nao precisa de Deus (porque nao tem necessidades), mas @ Deus quem precisa dele (para ajudar os outros). A dificuldade de perceber as ne- cessidades préprias pode ser outro empecilho, pois a pessoa nao toma consciéncia de sua real situagdo interna e de sua condi¢ao de pecadora, o que é fundamental para estabelecer uma relacdo com Deus. Também 0 medo de confiar, praprio deste tipo, dificulta o acesso a Deus, 0 abandonar-se nele. => Para este tipo, é fundamental aprender a rezar sozi- nho, superando o medo de se confrontar com seu mundo interior e evitando a tentagao de sé fazer aquilo que agrada aos outros. = A otacao deve criar espago para um contato com as necessidades préprias. A medida que assume suas necessidades, 0 Tipo 2 se abre a graca de Deus, que- brando a barreira do seu egoismo e auto-suficiéncia. = “Fazei aos outros 0 que quereis que vos facam” é veneno para este tipo, a nao ser que a pessoa descu- bra a gratuidade absoluta e o amor desinteressado. => Melhor seria rezar na linha do “tendo feito a minha obrigagao, nada me resta sendo considerar-me um servo initil = A hist6ria de Marta e Maria também pode ser muito oportuna, => Abandonar-se em Deus passa por um caminho de oracao silenciosa. Passar algum tempo a s6s, com Deus, significa fazer algo por si mesma, recebendo a agraca de que precisa. TIPO 3: O ativismo e o ser “voltado para fora” podem dificultar 0 acesso a Deus, Também a dificuldade de entrar em contato com seus sentimentos pode impedir-lhe uma pro- fundidade maior na oracéo. O medo da rej 148 em Deus, pode levar este tipo a nao se aceitar abertamente perante ele. O mecanismo da eficiéncia, do sucesso, do éxito imediato, também pode fazer com que este tipo ache inittil perder tempo com a oracao. A dificuldade de parar, ficar sem fazer nada, é um drama para este tipo e ao mesmo tem- po uma fonte de medos: sobretudo o de se confrontar com sua propria imagem. Pode também acontecer que este tipo “faca chantagem” corn Deus ¢ lute contra ele (Jacé lutando com Deus e tentando “enrola-lo”), chegando ao ponto de achar que é Deus quem deve ajudé-lo a resolver os proble- mas do mundo e nao o contrario. => Também é importante para este tipo aprender a re- zar sozinho, superando a tentacdo de até na oragao buscar 0 aplauso a aprovagao dos outros. => Rezar os seus sentimentos, seu lado negativo, seus fracassos numa atitude de confianca em Deus que o ama do jeito que ele realmente @, sem méscaras, € no por aquilo que ele faz. => O texto de Marta e Maria pode ser muito util. = O texto em que Jesus diz: “muitos chegarao e dirao: fizemos milagres em teu nome! — no vos conheco”. => Abandonar-se em Deus significa entregar sua vida a servico dos fins, objetivos e planos do projeto de Deus. Seus planos prdprios deixam de ser absolutos e pas- sama ser relativos ao plano de Deus. Assim também os fracassos deixam de ter um peso absoluto. A con- fianga em Deus é um antidoto para a excessiva compulsao de competir. TIPO 4: O sentimento de inferioridade e de rejeicéo pode dificultar uma relacdo cordial deste tipo com Deus. Tam- bém o tédio, a melancolia, a compulséo de remexer o passa- do podem criar uma relagio negativa com Deus. O exagero dos sentimentos subjetivos pode criar uma relagao intimista com Deus ou despertar nesse tipo a sensacao de que sé reza 149 quando atinge sentimentos profundos, Pode até achar-se re~ jeitado por Deus, cultivar em relacio a ele um sentimento de inveja ou citime. => A oracdo para este tipo deve ser na linha da esperan- ¢a realista, baseada em ver o positive de sua vida, desenvolver um olhar mais positivo e confiante, de gratidao. = Sua oracao deve buscar formas mais objetivas: = A oracéo comunitéria, com expressio e partilha de sentimentos, em que a pessoa se envolve, pode ser um bom caminho. = Abandonar-se em Deus significa viajar até ele. Bus- cando a uniao com Deus acima de todas as coisas, a pessoa vé as experiéncias da vida como elementos de crescimento. Isto exige viver o presente, pois Deus 86 se encontra no “agora”. Vivendo sua vida como tesposta a Deus no presente, a pessoa se liberta da nostalgia do passado, TIPO 5: Este tipo tem facilidade de contemplar, de se isolar, de se recolher e rezar sozinho. Mas tem dificuldade de agir, de partir para o compromisso concreto, e por isso a sua ‘oracdo pode ser alienacao da realidade, A pessoa pode nao. se achar preparada para rezar, por ndo se valorizar o sufi ciente. A dificuldade de partilhar, de se envolver, é um obsté- culo na oragéo comunitaria, sobretudo quando ela requer par- tilha de sentimentos. = A oracéo de estilo oriental @ um veneno para este tipo. => E fundamental desenvolver uma oragao de estilo afetivo, pois so o amor de Deus pode preencher 0 vazio que este tipo sente. => O amor de Deus e o amor a Deus passam pelos ou- tros: é fundamental descobrir isso! 150 = Seria aconselhdvel uma forma de oragéo mais con- creta, mais engajada, que leve aco e ao compro- misso. > Aprender a rezar em comunidade é um desafio. = Meditar 0 mistério da encarnagao é um grande cami- nho. — “Escondeste estas coisas aos sabios ¢ as revelaste aos mais pequeninos” é uma pérola para este tipo. = “Quando quiseres rezar, entra no teu quarto e ora em silencio” pode ser veneno! = Abandonar-se em Deus significa, de maneira pratica, implicar-se com os outros na vida, descobrindo assim uma sabedoria que nunca havia sonhado. O Espirito de Deus que habita nos outros e no mundo suscita respostas novas na pessoa e faz descobrir uma sabe- doria inscrita no coracao. TIPO 6: O medo de castigo pode levar este tipo a nao confiar no proprio Deus, a ter medo dele. A vida de oracao pode parecer seca e abstrata (embora, através de reflexdes “racionais”, este tipo possa experimenter sentimentos calo- rosos). O pessimismo e a tendéncia de ver sé o lado negative também podem dificultar uma oracdo mais trangiiila e con- fiante, Pode ser dificil abandonar-se nas maos de Deus, mas também esse é 0 desafio. => Rezar, para este tipo, deveria ser sobretudo rezar seus medos e fantasmas. = “Nao tenhais medo” deveria ser a palavra repetida continuamente! => “Sede prudentes” pode ser veneno. Melhor lembrar: “sede simples como os pombos”, = As formas de oracao mais objetivas so mais apro- priadas, mas também é importante rezar de um jeito mais afetivo. 151 => Deve ser tarefa da oragao fazer brotar a fé, como autoconfianca da pessoa toda. => Abandonat-se em Deus significa confiar no seu amor como seguranca iiltima de sua vida. Ao encontrar seguranca no amor de Deus, a pessoa descobre que muitos de seus medos anteriores se desvanecem. TIPO 7: Este tipo tem dificuldade de ficar sozinho. Tam- bém é dificil para ele confrontar-se com a profundidade, por- que ai espreita o sofrimento. Tem dificuldade de perceber 0 negativo, de assumir seu “pecado”. A tendéncia é procurar formas de oragao mais “alienantes” que lhe permitam fugir de seus proprios medos e sofrimentos. = “Estai sempre alegres” @ uma frase de Sao Paulo que este tipo nao deveria levar muito em conta, a nao ser que, como Sao Francisco, descubra o segredo da “perfeita alegria”, aquela que brota da presenca de Deus inundando o interior da pessoa. = Rezar interiorizando; parar, olhar para si. = Rezar 0 mistério da paixéo, o mistério da cruz que 6 caminho para a ressurreic&o. Querer a ressurreicdo sem a cruz, nao da, especialmente para este tipo! => Oracao como atitude de fé, de autoconfianga, de ac taco propria. = Este tipo sente-se bem rezando em lugares agrad&- veis e com formas de oracdo mais objetivas. Mas a oracao comunitaria também é necessaria, sobretudo como partilha profunda de sentimentos. = Abandonar-se em Deus significa envolver-se no seu proceso criador, sabendo que isso traz como conse- qiiéncia aceitar o sofrimento, 0 trabalho arduo e o des- prezo. Em vez de fugir da dor, pelo idealismo a pessoa aceita levar sua cruz para conseguir qualquer bem. 152 TIPO 8: O ativismo proprio deste tipo pode dificultar a parada para rezar. Também a dificuldade de aceitar a fraque- za propria é empecilho para que se coloque perante Deus numa atitude de criatura. Para ele, é dificil lidar com 0 afetivo, e sua oracao pode refugiar-se na superficialidade do racio- nal, A consciéncia de pecado também é dificil de alcancar, por causa da auto-suficiéncia e da “amoralidade” préprias do tipo. E dificil para este tipo se deixar conduzir por Deus, pois acha que sabe "como fazer as coisas”. Por ter uma vida inte~ rior muito intensa, fervilhando, pode ser dificil parar. = Eveneno para este tipo olhar aquela imagem do An- tigo Testamento em que Deus aparece como justo vingador. => E mais util rezar na linha de Sao Paulo: “Quando sou fraco é que sou forte”, “trazemos um tesouro em vasos de argila’, “perdoai sempre”... A sabedoria da cruz € caminho de aceitagSo e de crescimento para este tipo: “Deus escolhe aquilo que é fraco para confun- dir os fortes”. = Rezar 0 Deus-compaixio. => Esvaziar-se (oracao de estilo oriental). = Oracdo afetiva: deixar-se amar, experimentar, sabo- rear 0 amor gratuito de Deus. = Abandonar-se em Deus consiste em assumir sua com- paixdo através de uma atitude especial para com os inimigos, que se expressa por meio da graca, do per- dao, da nao-violéncia e da tolerancia, Assim, a pes- soa se torna “como crianga” e usa sua sabedoria e forca para servir os outros TIPO 9: A dispersao interna pode ser uma grande difi- culdade. E dificil também para este tipo identificar seus senti- mentos, por ter uma atencao difusa. O conflito interno de davidas, de falta de clareza, pode gerar uma situacao de tédio 153 onde “nem rezar vale a pena”. O fato de se auto-rebaixar compulsivamente pode gerar o sentimento de nao se valori- zar aos olhos de Deus, achar que Deus 0 esqueceu ou querer que Deus nem se lembre dele, para nao ter complicagées. Fugir de Deus, como Jonas, para nao precisar comprome- ter-se. => “Nao valeis vés mais do que os passarinhos e do que a erva do campo?”. E uma passagem boa para este tipo. = A historia de Jonas pode ser uma rica fonte de medi- tagio: Jonas que foge e se acomoda, Jonas que rea- ge contra Deus, Jonas que confia e vai, e vé que nao era to complicado assim. => A oragio de esvaziamento, estilo oriental, pode aju- dar, uma vez que cria o siléncio interior necessario para se encontrar e encontrar Deus. Mas @ bom que nao fique s6 nisso: é preciso que a orac&o produza frutos, que leve a um engajamento concreto, que seja voltada para © agir, para o compromisso. = Abandonarse em Deus significa descobrir a realida- de incondicional do amor que Deus nutre por cada pessoa. Experimentar esse amor profundamente, sen- tindo-se amado como é e pelo que é. Assim, a pes- soa bebe a forga da aceitagao de si mesma e @ capa- cidade de amar incondicionalmente os outros. Em gratidao ao amor de Deus, a pessoa pode transfor- mar-se de espectadora indolente em trabalhadora pa- ciente e metédica, porque o amor de Deus a motiva. 2. Os centros e a oracdo VENTRE: Os tipos deste centro se sentem internamen- te como um barco em alto-mar, agitado por tempestades continuas; precisam serenar, silenciar. Por isso, é importante 154 para eles a oracao de estilo oriental: oracdo de esvaziamen- to. Criar esse vazio interior, esse siléncio profundo dentro de si mesmos, é condicao para entrar em comunhao com Deus de modo afetivo. Ai, estes tipos podem experimentar o amor de Deus deixando-se amar por ele, gratuitamente. = A relaco com Deus se faz mais naturalmente pela pessoa do Ps = A tarefa da oragao é fazer brotar 0 amor. CORACAO: Os tipos deste centro sentem-se bem em ambientes de orac&o que tenham calor humano trangtili- dade, como as comunidades de oracéio. E mais facil a oracao de estilo partilhado, que passa pela expressao de sentimen- tos (oracao de dentro para fora). Mas é importante aprender a rezar sozinhos => A relacdo com Deus se faz mais facilmente pela pes- soa do Espirito Santo. > A tarefa da oracdo é fazer a esperanca a partir do muito que esperam. CABECA: Os tipos deste centro sentem-se bem com formas de oracéo mais objetivas, esquemas mais racionais, reflexivos. Facilita para eles o estilo de oragéo em que ha um estimulo vindo de fora — um texto, um simbolo, uma figura (@ a oracdo de fora para dentro). E uma tarefa importante passar do isolamento, da oraco individual, a oracéo comu- nitéria. => A relagio com Deus se faz mais facilmente pela pes- soa do Filho. = A tarefa da oracdo é fazer brotar a 1 no meio das muitas dividas, como autoconfianga da pessoa toda. © No processo de amadurecimento, cada tipo deve ir desenvolvendo a oragao propria do centro a que correspon- de seu tipo de integracdo. Esse seria um segundo estagio. E preciso passar pelo primeiro estagio (a oracao mais apro- 155 priada a cada centro), mas nao ficar nele, pois isso poderia significar estagnagao e acomodacao. Assim, nesse segundo estégio, o Tipo 1 iria para o centro da Cabeca; 0 Tipo 2 continuaria no centro de Coracao; 0 Tipo 3 iria para o cen- tro da Cabeca; 0 Tipo 4 iria para o centro do Venire; 0 Tipo 5 iria para o centro do Ventre; 0 Tipo 6 iria para o centro do Ventre; o Tipo 7 continuaria no centro da Cabega; 0 Tipo 8 iria para 0 centro do Coracio; e 0 Tipo 9 iria para 0 centro do Coracao. Nota 1: Se for possivel, seria oportuno fazer aqui um trabalho de partilha, em grupos com tipos iguais ou tipos do mesmo centro. Nota 2: E importante relembrar aqui: O desenvolvimento da asa que foi rejeitada em cada tipo é fundamental para um bom desenvolvimento da dimensaio da oracdo e da espiritualidade em geral. 7.5. Entregar folha com textos biblicos para cada tipo * Entrega-se a folha correspondent a cada tipo. * Cada um poderd usar esses textos na stia oracdo indi- vidual. * Pata cada tipo, ha textos que ajudam a rezar a condi- 40 de pecador e textos para rezar os proprios dons. 156 PARA REZAR A CONDICAO DE PECADOR *Mt 13,2430 — — Pardbola do joio +FL3,6-10 — _ Perfeicio... limites Le 15,2532 — O filho mais velho *Gl6,15 — — Carregar os fardos *Mc 4,26-29 — _ Pardbola da semente © Mt 23,2324 = — — Hipocrisia dos fariseus #1s 38,17 — Deus esquece o pecado # Jo 81-11 — Mulher adiltera © Mt 25,14-30 — _ Pardbola dos talentos © Mt 7,15 — Sobre o julgamento #15 55,89 — _ Pensamentos de Deus *GI5,19-21 — Argumentac&o e amor préprio *Jo2,12-13 — —_dulgar sem misericérdia *Lc1,26-38 — — Anunciacdo °Mt5,3842 — Gratuidade 2 2Cor9,7-8 — — Doacao livre ©Mt5,43-44 = — Amaro inimigo Mc 525-34 — Cura da hemorrofssa *Lc5,27-32 — — Jesus e os pecadores eLc15,11-32 — Filho prédigo Rm 8,31-39 = — Oamor de Deus °Hb 214-18 = — Jesus ea humanidade ¢ Hb 12,1-4 — Fidelidade de Jesus °Ez34,1-16 — _lrresponsabilidade dos lideres Tg 5,78 — Paciéncia com a realidade Gn 11-24 — Deus viu que tudo era bom *Jo13,1-11 — Olava-pés 157 © 1Cor 4,1-5 © Mt 6,19-21 © 2Cor 11,30-34 ¢ 1Cor 12,4-11 * 1Cor 13,4 * Mc 6,30-34 S6 Deus 6 juiz O verdadeiro tesouro Sobre a ostentacio Os dons O amor nao invejoso desus e 0 povo PARA REZAR OS DONS oMt5,1-12 °FL3,7-16 Mc 3,1-6 °F2,1-5 * Mc 10,35-45 + Jo 4,1-42 Mc 7,1-13 © Mc 11,15-19 * 2Cor 12,7-10 * Mc 1,16-20 *Mc 1,14.32 *1Tm 4,12-16 © Mt 10,17-25 # Jo 10,118 +1 9,51-56 * M68 * Lc 4,16-22 * Lc 9,10-17 °G12,11-21 * Mt 15,21-28 + IRs 3,4-9 * Me 1,40-45 158 Bem-aventurancas Busca da perfeicao Cura da mao seca Unidade e humildade Lideranga como servigo Samaritana Tradigées dos fatiseus Limpeza do templo Basta a graca Chamado dos discipulos A missio de Jesus O dom espiritual As provas dos discfpulos O Bom Pastor Os filhos do trovao dustica, ternura e humildade A misséo da boa nova Jesus cura e alimenta Paulo x Pedro Jesus e a mulher cananéia Oragao de Salomao desus cura a lepra TIPO 2 PARA REZAR A CONDICAO DE PECADOR 31103 e1c1,5-25 Lc 17,7-10 © Rm 12,3-13 edo 131-16 # Jo 6,59-71 © 175 519-22 © 27s 3,13 2175 5,14-18 ° Mt 26,36-46 o1Sm 2,110 ° Mc 5,35-43 odo 14,23-31 *Pr 29,5 © C13,16-17 * Cor 7,1-4 Rm 15,1-6 ¢ Mt 6,25-34 * Le 10,38-42 ° Mc 4,35-41 * Le 8,49-56 Jo 17,611 Jo 121-11 1139 Mc 3,20-21 * 1do 3,18-20 27g 313-18 Deus aceita nossa fraqueza Zacarias nao cré na gratuidade Chamado & hurildade Humildade e caridade Deixar Jesus lavar os pes Respeito de Jesus pela liberdade Nunca abafar o Espirito Nao cansar de fazer o bem Paciéncia com o fraco Jesus mostra suas necessidades Necessidade de Deus O carinho de Jesus Partilha intima de Jesus Sobre a bajulaggo * Sobre o “dar conselhos” As raz6es da seguranca Assumir dificuldades Confiar na providéncia Marta submersa no servico Confiar nas tempestades A multidao ri de Jesus Jesus nao se apodera dos seus Néo ver apenas o lado prético Deixar Deus conhecer o coraao Jesus livre em relagdo aos seus O amor nao é s6 conversa Como mostrar a sabedoria 159 *Mc 8,31-33 Jesus desafia Pedro *E234,11-16 A bondade de Deus Le 4,16-30 Rejei¢ao de Jesus em Nazaré * Mc 10,35-40 Buscar os lugares melhores *Mc 1,35 Jesus olhando para si mesmo PARA REZAR OS DONS * Mc 5,25-34 desus vé as necessidades * At9,26-30 Apresentando os outros Rm 18-16 Agradecimento de Paulo Mc 9,41 Dar um copo de agua * Mc 10,46-52 Acura de Bartimeu *F14,10-20 Agradecimento de Paulo + Rm 8,31-39 Fidelidade do amor de Deus °Cl4,5-6 Sobre a sensibilidade * Mc 6,30-34 desus atento as necessidades *Mc 1,29-31 Cura da sogra de Pedro * Mc 10,13-16 desus e as criangas © Mt 26,17-19 PreparagGes e detalhes Le 23,39-43, Escutar os outros, mesmo na dor Le 19,1-10 desus vé Zaqueu na multidao © Mt 20,1-16 Responder a necessidade eLe7,1-10 Jesus aprecia a fé do centuriao * Mc 6,45-52 Jesus confortando edo 13,16 Deus amou tanto o mundo Le 14,7-11 Tomando um lugar menor + Mi 20,24-28 Jesus percebe as tenses * Le 6,36-38 Chamado & compaixéo 160 PARA REZAR A CONDICAO DE PECADOR * Mc 6,1-6 Ef 41-6 # Is 30,15-18 * Le 19,41-44 °Ef3,14-21 * Mc 9,33-37 © Mc 7,14-23 ©5162 Lc 17,7-10 + Jo 15,9-17 ° Jo 3,17-21 F4,6-9 + Rm 13,8-10 * Rm 12,9-10 e dt 31,33-34 * Mc 10,13-16 © Mt 11,28-30 © Ex 34,6-7 * Mc 6,17-29 + Jo 6,67-71 © 1Cor 10,1-13 ° Mc 4,35-41 * 1Cor 1,26-35 © Mt 23,8-12 edo 14,23 © Mt 23,5-7 # do 11,32-38 Jesus é rejeitado em Nazaré ‘Chamado a unidade_ Chamado a confianga Jesus chora sobre Jerusalém Paulo e seu inconsciente O maior é 0 que serve O impuro vem de dentro Esperar somente em Deus Servico humilde Amor a Deus e ao proximo Viver a verdadee Os valores O amor resume a lei Amor sem pretensao Aalianca interior Jesus abengoa as criancas Jesus manso e humilde Paciéncia de Deus Morte de Joao Batista Lealdade Aprender com os defeitos Jesus acalma a tempestade Deus escolhe os fracos Nao assumir titulos Amorada de Deus desus critica os fariseus Jesus chora a morte de Lazaro 161 ¢Rm 12,15 ° Le 22,24-27 * Mc 12,41-44 © Rm 8,26-27 * Lc 6,39 Empatia com os outros O maior é 0 que serve 0 ébolo da vitiva O Espirito esta presente Pardbola do guia de cegos PARA REZAR OS DONS + $1131 * ldo 4,7-10 ° Ef 4,7-16 «Mt 14,13-21 + Mt 9,35-10,1 oF 3-11 # Le 6,12-16 «Tq 1,22-25 + Le 7,36-50 * Le 12,35-48 +Jo17 + Jo 1,35-39 «Lc 14,12-14 * 1Cor 3,5-9 *Le 19,1-10 * Mt 12,33-37 + Lc 16,18 * 1Cor 13 *At6,1-7 *G16,7-10 162 Confianga de crianga O amor de Deus Construir 0 Compo de Cristo Jesus alimenta a multidéo Envio dos doze Relacionamento Escolha dos doze A escuta da Palavra A mulher pecadora Parabola do servo fie! Oracao universal Chamado dos discipulos Convidados para o jantar Deus trabalha por nds Zaqueu As palavras e © coracéo O servo astuto O amor A nomeagio dos sete Viver no Espirito TIPO 4 PARA REZAR A CONDICAO DE PECADOR 1c 24,1335 — _ Discipulos de Ematis *Mc10,13-16 — Jesus eas criancas + Mt 5,37 — — Convite a simplicidade °F4,4-9 — Ser feliz no Senhor °1g 4,13 — Citme edn4 — — Queixa do profeta *Mc 10,4652 — Desejo de Bartimeu Mt 15,2128 = — Cura da filha da Cananéia ©13,12-15 — Asnormas ° Mt 9,9-13 — — Chamado de Mateus * Lc 9,28-36 — Transfigtracao 21s 43,1-5 — Deus chama pelo nome Le 19,1-10 — Zaqueu Lc 19,29-37 = — O bom samaritano S122 — Agradecer no sofrimento 214,56 — Sobre as conversas © Mt 23,8-12 — _ Titulos © 1Jo3,16-20 — Oamoréreale ativo °Mc 8.2733. — Pedro x Jesus ®Mc 140-45 = — Acurado leproso © Eclo 3,18 — Ha tempo para tudo ° J 38 ¢ 39 — Sabedoria de Deus *Mc6,30-44 — Jesus e as multidées *Jo 18,2340 — Jesus diante de Pilatos *Gn 218-24 — Naoébom ficar s6 Mt 18,2135 — Perdoar 70x7 163 PARA REZAR OS DONS © S143,13-37 Le 10,23-24 * Le 1,67-79 # Jo 2,1-12 * Wo 1,14 * At 10,34-36 2 Wo 413 Rm 8,113 © Ef 4,25-32 @ dr 18,1-12 oF 41-6 * 1Cor 2,10-14 * Jo 13,1-16 * 1Cor 3,10-17 21s 6,19 * 1Cor 10,31-33 S18 164 Alegrar-se com a natureza Ouvir e ver Benedictus Maria em Cana A experiéncia de Jesus Todos aceitos por Deus Reconhecer o Espirito A vida no Espfrito Respeitar os outros O dom do oleiro A vida digna do chamado As profundidades de Deus Sensibilidade de Jesus Trabalhar com cuidado Abertura para servir Sentir-se util Grandeza da criagéo. TIPO 5 PARA REZAR A CONDICAO DE PECADOR 1s 55,1-3 * Le 10,29-37 #18 52,7 + Jo 21,15-17 ° dr 1,4-10 * Jo 21,1-14 © 27s 3,6-15 + J09,4-5 + Mt 9,36-37 #15 55,7-9 * do 8,15-20 *Rm 14,17-21 °G16,1-5 do 11,3234 * 1Pd 3,8-12 Lc 19,1-10 © S1112 1Pd 4,7-11 © 11m 6,17-19 °C12,68 *Jo4 © Mt9,27-31 * Mt 25,31-46 © Gn 22,1-19 © Gn 2,18-24 ©C13,12-17 °Mt7,7-11 Saciar a sede em Deus O bom samaritano Sobre os que anunciam ‘Se me amas, alimenta ‘Nao tenha medo Sobre a sabedoria ‘Trabalhar Urgéncia do trabalho Compaixao pelas necessidades Nao sabemos tudo Nao julgay Sobre 0 exagero da objetividade Espirito de delicadeza Jesus no relacionamento pessoal Regras da felicidade Jesus convida Zaqueu a agir A pessoa envolvida na vida Colocar-se a servigo dos outros Generosidade Nao perder a viséio do todo Jesus e a samaritana Ouvir as interpelacbes Os critérios do juizo final Béngaos da generosidade Nao é bom estar s6 Chamado 4 abertura e ao amor Pedir 165

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