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Teun A. VAN Dyk | @ o wmcedivoracomerta comb. editoracontexto «cguir apoio da populacao e dos parlamentares para ages seja em ditaduras, seja em democracias formais, 1 esta obra é uma contribuigio da Editora Contexto ao lamento da questdo da anilise de discurso, que tantos ¢ bons listas tém no Brasil. mportante notar que esta obra foi traduzida e adaptada por uma 1c equipe da Universidade Federal de Pernambuco, coordenada por cone ¢ Judith Hoffnagel. (Os Editores 8 Discurso e dominagao: uma introducao Se definirmos Critical Discourse Studies (CDS) ou, em portugues, Estudos Cyriticos do Discurso (ECD) como um movimento cientifico especificamente interessado na formagao de teoria € na anilise critica da reprodugi discursiva de abuso de poder, efitio um exame detalhado do conceito de poder constitui uma tarefa central dos ECD. No entanto, assim como ‘ocorre com muitas das nogées fundamentais das ciéncias sociais, também a nogao de poder revela-se tio complexa quanto vaga. Nao é surpresa qu ja um vasto nuimero de livros ¢ artigos dedicado & analise desse conceito imperativo, portanto, que fo central em muitas disci naquelas dimensdes de poder que sio diretamente relevantes ao estudo do uso linguistico, do discurso e da comunicagao. Entretanto, meu objeto de estudo—a saber, a “reprodugao discursiva de abuso de poder ¢ desigualdade social” ~ também ¢ uma nogao problemética jortanto, também necessita de uma andlise teérica detalhada. Em outras palavras,interessa-nos investigar, por exemplo, de que modo uma entonagio specifica, um pronome, uma manchete jornalistica, um tépico, um item lexical, uma metafora, uma cor ou um Angulo de cimera, entre uma gama de outras propriedades semidticas do discurso, se relacionam a algo io abstrato e geral como as relagées de poder na sociedade. Isto é, de alguma forma precisamos rlacionar propriedades tipicas do micron fala, da interagao e das priticas semidticas a aspectos ipicos do macronivel da sociedade como grupos, organizasées ou outras coletividades ¢ suas relagdes de dominagio. ICD nao esto meramente interessados em qualquer tipo de poder, mas especificamente se concentram no abuso de poder, isto é, de dominagio que resultam em desi ‘Uma nogdo normativa dese tipo (abuso é ruim) requer uma andlise e termos de outras no ios normativos das ciéncias sociais, tais como legitimidade, que por sua vez pressupde uma ética aplicada e uma filosofia moral. Assim, neste livro tratamos frequentemente da reprodugao discursiva do racismo, ¢ uma anélise Em outras palavras, vemos que muitos conceitos dos ECD precisam ser formulados em termos das préprias nogées fundamentais das ciéncias sociais. Nest contribuir para esse debate acerca dos fundamentos dos ECD, desenvolvendo nogdes tedricas ¢ aplicando essas nogées em exemplos concretos da anilise critica. Nesta introdugio apresento essas diferentes contribuigées dentro de um coerente quadro tedrico. Estupos Criticos po Discurso Antes de apresentar 0 quadro tedrico para 0 estudo da reprodugao imeiramente defender o estudo discursiva do abuso de poder, preciso lo discurso em termos mais gerais. Embora 0 rétulo Critical Discourse Analysis (CDA) ou, em portugués, Andlise Critica do Discurso (ACD) seja agora amplamente adotado, gostaria de propor uma mudanga dessa expressio para Critical Discourse Studies (CDS), isto & Estudos Criticos do Discurso (ECD) por uma série de razées bvias. A principal razdo é que os ECD nao sio, como frequentemente se presume ~ especialmente nas ciéncias sociais -, um método de andlise do discurso. Nao existe esse tipo de método. Os ECD usam qualquer método que seja relevante para os objetivos dos seus projetos de pesquisa € tais métodos séo, em grande parte, aqueles utilizados em estudos de discurso em geral 10 De fato, e pela mesma razio, também a andlise do discurso em si nio € um método; at possuem métodos de estudo bastante diferentes, dependendo dos objetivos, da investigagio, da natureza dos dados estudados, dos interesses € das qualificagoes do pesquisador, bem como de outros parimetros do contexto de pesquisa. Assim, nesses dois campos, podemos encontrar maneiras de cestudar as estruturas ¢ estratégias da escrita e da fala, tais como: tica, lexical, seman fonoldgica, + Aandlise de estruturas espectficas (género etc.): narrativa, argumen- tacio, noticias jornalisticas, livros didéticos etc. + Anilise conversacional da fala em interagao; + Anélise semidtica de sons, imagens ¢ outras propriedades multimodais, do discurso e da interagio. Esses diferentes tipos de anilise (observagio, descrigao etc.) podem se combinar ¢ se sobrepor de muitas maneiras, de tal modo que uma investigagéo pode se concentrar na semantica da narrativa, na retérica da conversagio ou na semidtica do do discurso politico, na pragm: Dentro de cada tipo de an. neiras de fazé-la (0 que as vezes também é descrito como “métodos” ou “abordagens”), como por exemplo a andlise formal, a andlise funcional sempre hd, de novo, muitas ma- ul ia das vezes, essas andlises serio descrigées qual da estrutura discursiva, mas, se tivermos descrigdes podem ser quantificadas. No entanto, apesar de todas essas diferengas, podemos chamar essas abordagens de maneinas de fazer a andlise ou a descriio de discurso. Embora neste caso nao seja tZo comum falar de “métodos”, no se nao hd nen problema sério em descrever essas “maneitas de andlisc” ‘em termos de “métodos’. Além dessas diferentes abordagens analiticas, pesquisas em estudos do dis- curso podem recorrer aos métodos tradicionais das ciéncias sociais, tais como: * Observagao partici + Métodos etnogréficos; * Experimentos. mas também como. interagao situada, como uma pritica social ou como tum tipo de comunicago numa situagio social, cultural, histérica ou Assim, em vez de simplesmente analisar uma conversagao entre vizinhos, talver seja necessério fazer o trabalho de campo em uma como as pessoas falam em bares ou outros lugares pai muitos a situagao temporal ou esp: seus papéis comi ‘ao mesmo tempo, ¢ assim por Enquanto essas ‘ircunstancias espec as outras virias atividades que se realizam : s, muitos tipos de psicologia podem utilizar experimentos controlados de laboratério ou de campo para testar hipdteses especificas. H4 uma grande quantidade de pesquisas sobre os muitos pardmetros mentais que influenciam a produgio € ¢ frequentemente s6 podem examinarmos € como operam ao em um experi como as condigées experimentais especiais (circunstancias, dados, tarefas etc.) geram consequéncias especiais para 0 modo como falamos emos 0 discurso. 2 10, tanto os estudos do discurso quanto os estudos yem uso de uma grande quantidade de métodos de observagao, de ‘outras estratégias para coletar, examinar ou avaliar dados, para ICO ANALITICO ESPECIAL Nos ECD orta ; contudo, que apesar desse pluralismo metodolégico, incias e tendéncias em funco do enfoque especial dos ECD sobre os getalmente, sobre as condigées ¢ no infringem os las e que so compativeis com os interesses de grupos so s pesquisas. Em outras palavras, os métodos dos ECD sio escolhidos Jo que a pesquisa possa contribuir para a apoderacio social de grupos especialmente no dominio do discurso e da comunicacio. D concentram-se de forma € a estrutura ah geral, preferem métodos fica nas complexas relag6es entre a estrutura soci |, bem como no modo tomo as estruturas discursivas podem variar Jo, certas estruturas oracionais sio obrigat6rias (‘ais como os artigos precedendo os independentemente da situagio social do discurso, tanto, no vio variar diretamente em fungao do poder do falante. Se £6 da Esquerda ou da Direita, a gramética da lingua a mesma para Em outras palavras, o abuso de poder sé pode se manifestar na lingua existe a possibilidade de variacéo ou escolha, tal como chamar uma a pessoa de “terrorista” ou de “lurador pela liberdade”, dependendo G40 ¢ da ideologia do falance. Semelhantemente, noticias na snsa sempre tém manchetes desempenhando ou no um pi antes a forma eo significado dugao de preconceitos étnicos. Assim, a manchete do que sua propriedade estrutural em si que podem estar onados &situa¢io social. Embora esse tipo de perspectiva seja, em geral hd casos nos quais as estruturas de dominagio influenciam ni gu(stico ou do discurso, mas também lo, os géneros ¢ outras BS op¢6es ou variagSes do uso discursivos como um t Podemos concluir que os ECD se concentrario, em geral, naqueles sistemas c estruturas da fala ou da escrita que podem variar em fungio de condigées sociais relevantes do uso linguistico, ou que podem contribuir para consequen- cas sociais espectficas do , ais como influenciar as crengas © agbes sociais dos ouvintese leitores. Mais especificamente, os ECD preferem enfocar aquelas propriedades do discurso que séo mais tipicamente associadas com a expressio, a confirmagio, a reproducio ou 0 confronto do poder social do(s) falante(s) ou escritor(es) enquanto membros de grupos dominantes. Essas propriedades podem incluir, de um lado, uma entonagio especial, as propriedades visuais ¢ sonoras (cor, tipografia, configuragdes de imagens, iisica), as estrucuras sintéticas (tais como ativas e passivas), a selegdo lexical, aasemantica de pressuposigées ou as descriges de pessoas, as figuras retoricas ou as estruturas argumentativas e, do outro lado, a selesio de atos de fala «spectficos, os movimentos de polide ou as estratégias conversacionais. O discurso racista e, de forma mais geral, 0 discurso ideoldgico dos membros de um grupo (endogrupo), por exemplo, tipicamente enfatizam, de varias maneiras discursivas, as caracteristicas positivas de Nosso préprio {grupo ce scus membros, eas (supostas) caracteristicas negativas dos Outros, 0 grupo de fora (exogrupo). Os autores podem fazer isso ao selecionar tépicos especiais, como o tamanho ou a cor das manchetes, 0 uso de fotografias ou cartuns, por gestos ou a0 escolher itens lexicais especiais ou metéforas, por argumentos (¢ faldcias), a0 contar hist6rias, e assim por diante. Percebemos que uma estratégia geral envolvida na reproducao discursiva (por exemplo, racista ou sexista) de dominagao, a saber, a polarizacio endogrupo-cxogrupo (cxaltagéo do endogrupo versus derrogacio do exogrupo), pode ser realizada de virias formas e em muitos niveis de discurso. Nesse tipo de andlise, estruturas discursivas polarizadas desempenham um papel crucial na expressio, na aquisi¢éo, na confirmagio e, portanto, na reprodusio da desigualdade social. Note, no entanto, que esse tipo de relagio centre estruturas discursivas ¢ estruturas sociais nao é uma simples relagio causal ou de correlagéo. Antes, temos que considerar um proceso sociocognitivo bastante complexo, envolvendo, por exemplo, os modelos mentais ou outras representagSes cognitivas dos participantes, Também temos que explicar como «ses sio influenciados pelasestruturas discursivas, por um lado, einfluenciam ainteragio (¢, portanto, os discursos futuros), pelo outro. 4 METAs GeRAls Dos ECD Apesar da grande diversidade de métodos usados nos ECD, estes algumas metas bastante gerais com as quais a maioria dos estudiosos se campo concorda, Jé formulei uma dessas metas anteriormente, qual ja, 0 estudo da reprodugito discursva do abuso de poder. Em outras palavras, 0s ECD estao especificamente interessados no estudo (critico) de questées , da desigualdade social, da dominagao e de fendmenos ral, eno papel do discurso, do uso linguistico ou da is fendmenos, em particular. Podemos chamar isso ) dominio especial dos ECD: fendmenos sociais especificos, problemas eclficos e temas especificos de pesquisa. No entanto, isso nao é tudo. E também preciso tornar mais explicita nogio de “critico”. Estudar as questées ou problemas sociais é uma tarefa normal das cigncias sociais, mas esses estudos tradicionais nao sio nerentemente “criticos”. Em outras palavras, hé nos ECD um aspecto vo envolvido, uma perspectiva, uma atitude, uma maneira especial fazer pesquisas sociais relevantes. Nao é ficil definir as propritdades precisas dessa perspectiva ou atitude . € 0 que segue nao é nem totalmente explicito, nem exaustivo. Os rudos de Discurso, mais especificamente, podem ser definidos como fazem um ou varios dos seguintes critérios, em que inagio” significa “abuso de poder social por um grupo soci + Relagdes de dominagdo sao estudadas principalmente da perspectiva do grupo dominado e do seu interesse. + As experincias dos (membros de) grupos dominados so também tusadas como evidéncias para avaliar o discurso dominante. © Pode ser mostrado que as ages discursivas do grupo dominante sio ilegitimas. _* Podem ser formuladas alternativas vidveis aos discursos dominantes que so compativeis com os interesses dos grupos dominados. | Esses pontos claramente implicam que estudiosos dos ECD nfo sio ros’, mas se comprometem com um engajamento em favor dos grupos inados na sociedade. Eles assumem uma posigio efazem isso de modo ito. Enquanto muitas pesquisas sociais “neutras” podem ter uma posicéo 5 social, politica ou ideolégica implicita (ou, de fato, negar que tomam essa posigo, o que obviamente é também uma tomada de posigéo), estudiosos dos ECD reconhecem e refletem sobre seus préprios compromissos com a pesquisa e sobre sua posigao na sociedade. Eles no sio conscientes apenas

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