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- Introdugao . A sociologia como disciplina Neste capitulo analisaremos a ideia de aprender a pensar socio- logicamente e sua importincia no entendimento de nés mes ‘mos, uns dos outros e dos ambientes sociais em que vivemos. Para isso, iremos considerar a sociologia uma prética discipli- nada, dotada de um conjunto pr6prio de questdes com as quais aborda o estudo da sociedade e das rlagoessociais Em busca de distingao ‘A sociologia engloba um conjunto disciplinado de priticas, ‘mas também representa considerivel corpo de conhecimento acumulado ao longo da historia. Percorrer com o olhar a segio de sociologia das bibliotecas revela um conjunto de livros que representa essa drea de conhecimento como uma tradiga0 de ‘publicagio, Essa obras fornecer considerdvel volume de infor- ‘magio para novatos na rea, queiram eles se tornarsociGlogos ‘ow apenas ampliar seu conhecimento a respeito do mundo em ‘que vivem. S40 espagos em que os letores podem se servir de tudo aquilo que a sociologia é capa de oferecere, com sso,con- ‘sum, digert, dela se apropriar e nela se expandit Esa ciéncia configura-se, assim, uma via de constantefluxo, € 08 novatos actescentam ideas e estudos da vida social As estantes originals. 2 Aetendendos pane com solo ‘A sociologi, ness sentido, € um espaco de atividade continua «que compara o aprendizado com novasexperitncaseamplia 0 conhecimento, nudando,nesse proceso, forma eo contetdo da propria displ Isso parece fazer sentido, Afinal, quando nos perguntamos “o que € a socioogia,podemos nos referir a uma cole de ivros em uma biblioteca, que do conta do conteido da dis: ~ esse é um modo aparentement Sbvio de pensar sobre a , Posto que, salguéi nos perguntar“ que € um leio? ppodemos pegar um livo sobre anima eindicar uma imagem espectica, Nese sentido, estamos apontando part ligasio ‘nite palavras e objetos. Assim, portanto, palavras referem-se 4 objeto, que se tornam referents para esas pala, en- estabelecemos conexdes entre uns ¢ outras em condigdes «specfcas. Sem essa capacidade comum de compreensio, seria Jmpossvl a comunicagio mais banal, aquela que no costumna- ‘mos sequer questinar so, entretant, no & suiciente para tum entendimento de maior profundidade, mais sociolégico, dbessasconexdes Esse process, contudo, no nos posibilita conhece 0 objeto em si-Temos entio de acrescentar algumas prguntas, po exer plo: de que manera ese objeto é peculiar De que forma eee ferenca de outros, para que se justifique o fato de podermos a cle nos eferr por um nome diferente Se chamar umn animal de eto conreto mas chamiclo de igre io, deve haver algo que oes tenham etigres nfo, deve haver distingBes entre eles, $6 deco brindo esas diferencas podemos saber o que caractria um ledo ~o que ébem diferente de apenas sabera que objeto corresponde a palavra lao” Bo que acontece coma tenatva de caractriara maneira de pensar que podemos chamar de socioogic. Satisa-nosofto dea palavea“sociologia” representa cer- to corpo de conhecimentos e certa prticas que utizam ese conhecimento acumulado,Entretanto, o que fz esses conted- dose esas priticasserem exatamente “socolgcos"? O que os toma diferentes de outros corpos de conhecimento e de outras Aliscipinas que tém seus préprios procedimentos? smatés Para responder a essa pergunta, poderiamos, voltando a nosso exemplo do leio, buscar distinguir asociologia de outras dlisciplinas. Em muitas biblioteca, as estantes mais préximas de sociologia t2m etiquetas como “histora’ “antropologia’, “ciencia politic’ “direito, ‘politcas pablics’ “cigncias conts- ‘eis "psicologi’“céncias da administra’, “economia “eri- rminologi’, “filosofia’, "servigo social’, “linguistica’ “literatura” <"geografia humana’. Os biblotecérios que as organizam talvez ‘suponham que 0s eitores que pesquisam a segio de sociologia podem eventualmente chegar a um livo desses outros assuntos. [Em outras palavras,considera-se que o tema central da sociolo- gia deve estar mais pr6ximo desses corpos de conhecimento que {de outros. Tlvezas diferengas entre os livros de socologiae seus vizinhos imediatos sejam, ent, menos pronunciadas do que as txistentes entre sociologiae, digamos, quimica orginica? Faz sentido essa catalogagio. Os corpos de conhecimento dessus matérias im muito em comum, sendo preocupasao de todas elas o mundo feito pelos seres humanos,aquele ques existe «em decorréncia de nossas ages. Todos esis sistemas de pensa- ‘mento, cada um & sua maneira, se referem a agdes humanas € suas consequencias. Se, entretanto, exploram 0 mesmo territ6- rio, o que os distingue? O que os faz to diferentes um do outro ‘que justifique cada qual ter um nome? ‘Somos tentados a oferecer uma resposta simples para essas _questoes: divisdes entre corpos de conhecimento devem refletir as divisdes em seu universo de investigagdo. Sto as agdes huma- nas (ow os aspectos dessas ag8es) que diferem umas das outras,¢ as divisbes entre os diferentes corpos de conhecimento simples- ‘mente levam em conta esse ato. Assim, a historia diz respeito as ages que tém lugar no passado, enquanto a sociologia se con- contra nas ages atuais, De modo similar, a antropologia trata de sociedades humanas em estigios de desenvolvimento diferentes daquele em que se encontra a nossa (independentemente da ‘maneira como isso sea defnido). "No que diz respeito a outros parentes proximos da sociolo- sia, a cigncia politica tende a discutir agbes relativas a0 poder “ Aerendendo spent com a socslogia «© a0 governo; a economia lida com aquelas relacionadas a0 uso de recursos em termos de maximizagio de sua utlidade por in- dividuos considerados "racionas’, em um sentido particular do termo, assim como a produgioe & distribuigao de bens; odireto ‘ea criminologia esto interessados na interpretacio e aplicagio de Ieis © normas que regulam 0 comportamento humano ena ‘maneira como essas normas esto articuladas, como se tornam ‘obrigatrias, sio executadas e seus efeitos. Todavia, esse modo de justificar as fronteiras entre disciplinas torna-se problemé ‘ico, pois assumimos que o mundo humano reflete divisdes tio precisas que demandam ramos especializados de investigaio. CChegamos entéo @ um debate importante: como a maioria das crengas que parecem autoevidentes, esas divides #6 se mantém ‘Sbvias enquanto nos abstemos de examinar os pressupostos que assustentam. Entdo, de onde tiramos a ideia de que as agbes humanas podem ser dvdidas em categoriast Sera do fato de que clas tém sido assim classifcadas, e a cada uma tem se atrbuldo nome expecifco? Ou do fato de que hi grupos de especalstas com credibilidade, considerados conhecedores ¢ confidves, que cl ‘mam direitos exclusivos para estudar determinados aspectos da sociedade e nos suprit com opinides fundamentadas? Do ponto de vista de nossas experiéncis, contudo, faz sentido reparti a sociedade entre economia, cincia politica ou politcas pablicas? ‘Afinal,ndo vivemos um momento sob @ dominio da ciéncia po- Iitica © o seguinte sob o da economia; nem nos deslocamos da sociologia para a antropologia quando viajamos da Inglaterra para alguma reido, digamos, da América do Sul ou da histéria para a sociologia de um ano para outro! Seré que somos capazes de separat esses dominios de ativi- dade em nossas experiénciase, assim, categotizar nossas ages ‘em poiticas num momento e econémicas em outto porque an- tes de tudo foros ensinados a fazer tal distinglo? Entdo 0 que ‘onhecemos nio seria 0 mundo em si mas o que nele estamos fazendo em termos de como nossas priticas s80 conformadas por uma imagem daquele mundo. Trata-se de um modelo cons- eos 6 truido com os blocos derivados das relagées entre linguagem cexperitncia. Desse modo, nao ha divisio natural do mundo hu- ‘mano que se refita em diferentes disciplinas académicas. 0 que hh, pelo contrrio, uma divisio de trabalho entre os estudiosos {quese debrugam sobre as agdes humanas,eiss0€ reforgado pela imiitua disting2o dos respectivos especalstas, com 0s direitos texclusivs de cada grupo quanto decisio do que pertence e do {que ndo pertence a suas reas especificas. Em busca da “diferenga que faz a diferenga’, deparamos ‘coma questio: em que as prticas desses ramos de estudo dife- ‘em tumas das outras? Exist similaridade nas atitudes de cada tum dels em relagdo a0 que escotheram como objeto de estudo. [Afinal, todos exigem obedigncia as mesmas regras de condu- ta ao lidar com seus respectivos objetos. Todos buscam coletar fatos relevantes e garantir sua validade, e,entao, testam ¢ vol- tama testar esses fatos no sentido de confirmar a confiabilida- de das informacdes a respeito deles. Além disso, todos tentam colocar as proposigbes sobre esses fatos de tal maneira que elas sejam clara e inequivacamente compreendidas e confirmadas por evidéncias. Fazendo isso, rocuram antecipar-se a contra digBes entee proposigdes ou mesmo elimin-las, de modo que ‘nunca duas afirmagGes opostassejam consideradas verdadeiras ‘a0 mesmo tempo. Simplificando, todos eles tentam fazer jus & ideia de uma disciplina sistemsticae apresentar seus achados de ‘modo responsével, ‘Agora podemos afirmar que no ha diferenga na maneira ‘como a tarefa dos especialistas, bem como sua marca registra- ‘da ~a responsebilidade académica -, ¢ entendida e praticada. ‘Quem reivindica acondigao de especialista parece empregar es ‘ratégias similares para coletar e processar seus fatos: observa aspectos das agdes humanas ou emprega evidéncias hist6ricas ‘e busca interpreté-las segundo modos de andlise coetentes com essa agbes. Logo, parece que nossa titima esperanga de encon- trar 0 trago distintvo esté nos tipos de questio que motivam cada campo, ou seja, aquelas que determinam os pontos de vis- ta (perspectivas cognitivas) pelos quais as ages humanas sio 6 -Aetendendo spans com a soclogia ‘observadas, pesquisadas, descritas ¢ explicadas por estudiosos dessas diferentes disciplinas. ‘Vejamos 0 tipo de questio que motiva os economistas. Nessa abordagem, 0 que é levado em consideragio se deslocaria para. relagio entre cusos e beneficis das agbes humans, ava~ liadas do ponto de vista do gerenciamento de recursos excastos ‘edos modos possiveis de maximizar seus beneficios. lém disso, as relagbes entre os atores seria examinadas como aspectos da producio e das trocas de bens e servigos, todos eles conside- tados regulados por relagées de mercado de oferta e procura © pelo desejo dos atores de conquistar suas preferencias de acordo ‘com um modelo de agio racional, Os achados seriam, entio, arranjadosem um modelo do processo pelo qual os recursos sio

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