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HISTORIOGRAFIA
ANTIGA E MEDIEVAL
AUTORA: GABRIELA BELMONTE MUNIN
4. Introdução
5. Biografia – Caio Júlio César
6. Guerras da Gália
7. De bello Gallico
8. Fonte: Caio Júlio César
9. Análise sistemática: Caio Júlio César
13. Biografia – Nennius
14. História da Bretanha
15. Fonte: Nennius
17. Análise sistemática: Nennius
20. Comparação entre os autores
21. Referências Bibliográficas
INTRODUÇÃO
Toda a nação gaulesa é muito dada a superstições; por isso os que são
acometidos de graves enfermidades, os que se acham em perigo ou em
combate, imolam vítimas humanas ou fazem votos disso; e para tais
sacrifícios ocupam os druidas. Pensam que só pela vida de um homem
se pode remir a vida de outro e que este é o único meio de conjurar a
cólera dos deuses imortais, havendo até quejandos sacrifícios
instituídos pelo bem comum. Costumam fazer enormes simulacros,
cujos membros são tecidos e de vime, e os enchem de homens vivos,
deitando-lhes depois fogo para que sejam abrasados. Creem ser mais
agradável aos deuses o sacrifício dos que são apanhados em furto,
latrocínio ou qualquer outro crime; mas quando faltam criminosos,
imolam até mesmo os inocentes.
(…).
Tempo houve quem que os Gauleses sobrepujavam em valor os
germanos, faziam-lhes a guerra e por causa do excesso de população e
aperto de território mandavam colônias para além do Reno. Assim foi
que os Volcas Tectosagens ocuparam e colonizaram as férteis regiões da
Germânia adjacentes à floresta Hercínia, da qual, pelos gregos
chamada Orcínia, vejo que tivera notícia Eratóstenes. Esse povo até
hoje ali se mantém e goza de grande reputação de justiça e valor
guerreiro: ainda se conserva na mesma nobreza e endurecimento dos
Germanos, com o mesmo modo de vestuário e alimentação, enquanto
que aos outros Gauleses a vizinaça da Província Romana e o
conhecimento das coisas ultramarinas têm proporcionado outros
recursos e abastanças. Afeitos aos poucos a serem vencidos,
destroçados em muitas pelejas, não podem ser comparados àqueles em
valor.
Esta floresta Hercínia de que falo, tem de largura nove dias de viagem
para um batedor; não há outro modo de avaliar, nem os Germanos
conhecem medidas itinerárias. Começa nas fronteiras dos Helvécios,
Nemetos e Rauracos, e acompanhando o rio Danúbio, vai até os limites
dos Dacos e Anartas; dali se inclina à esquerda para regiões afastadas
do rio, e pela grandeza de sua extensão, atinge os territórios de muitas
nações. Ninguém há nesta parte da Germânia que diga ter ido ao fim
dessa floresta, ainda que após sessenta dias de viagem, ou que saiba
onde é o fim dela.
Crítica Externa
Natureza do texto: Relato
Origem: Roma (50 a.C.)
Autoria: Caio Júlio César
Crítica Interna
Termos: superstições, druidas, simulacros, furto, latrocínio,
ultramarinas.
Outras obras do autor: De bello Civili
Público: Classe média romana, a fim de relatar as campanhas
do autor, durante as guerras gálicas.
Análise Externa
Do livro VI, 16.
Tempo: 58 a.C. até 52 a.C.
Espaço: Gália
Temas: Religiosidade e rituais.
Narrador: 3ª pessoa.
Método: Narrativa.
Fontes: Testemunha ocular, campanha de Júlio César no
território gaulês.
Análise Interna
Do livro VI, 16.
Personagens e características: Gauleses: povos que
habitavam a França, Bélgica, Itália e populações célticas. /
Druidas: Juristas e sacerdotes para o povo celta.
Ações: superstições dos gauleses, imolação de vítimas dos
druidas, sacrifícios instituídos pelo bem comum, construção de
simulacros para abrasar homens vivos.
Sujeitos: Druidas, responsáveis pelas imolações – ocupados
pelos gauleses.
Objeto: Homens apanhados em furto, latrocínio ou qualquer
outro crime, mas quando faltavam criminosos, imolavam até
mesmo os inocentes.
Agentes: Druidas executam a ação à ordem dos gauleses, que
buscavam proteção divina para a guerra, oferecendo
sacrifícios aos deuses imortais.
Acontecimentos: Superstição materializada em sacrifícios
humanos, para evitar a cólera dos deuses.
Fatos: Sacrifícios.
Processo: Segundo a fonte “Costumam fazer enormes
simulacros, cujos membros são tecidos de vime, e os enchem
de homens vivos, deitando-lhes depois fogo para que sejam
abrasados. Creem ser mais agradável aos deuses o sacrifício
dos que são apanhados em furto, latrocínio o ou qualquer
outro crime; mas quando faltam criminosos, imolam até
mesmo os inocentes.”
Episódios: Homens (culpados e inocentes) são oferecidos em
sacrifício aos deuses, em troca de proteção para a guerra.
Análise Externa
Do livro VI, 24.
Tempo: 58 a.C. até 52 a.C.
Espaço: Território germânico.
Temas: A guerra e cotidiano do povo gaulês.
Narrador: 1ª (“Esta floresta Hercília de que falo, tem de
largura novo dias de viagem para um batedor; não há outro
modo de avaliar, nem os Germanos conhecem medidas
itinerários.”) e 3ª pessoa (“Tempo houve em que os Gauleses
sobrepujavam em valores os germanos, faziam-lhes a guerra e
por causa do excesso de população e aperto de territórios
mandavam colônias para além do Reno”).
Método: Narrativa.
Fontes: Testemunha ocular, campanha de Júlio César no
território gaulês.
Análise Interna
Do livro VI, 24.
Personagens e características: Gauleses: povos que
habitavam a França, Bélgica, Itália e populações célticas. /
Volcas Tectosagens: colonizadores de certas regiões férteis da
Germânia / Gregos: denominavam a floresta Hercínia de
Orcínia / Eratóstenes / Germanos: nobreza e endurecimento /
Helvécios, Nemetos e Rauracos: povos que dominam a
fronteira do território germânico.
Ações: Entre gauleses e germanos: “Tempo houve em que os
Gauleses sobrepujavam em valor os germanos, faziam-lhes a
guerra e por causa do excesso de população e aperto de
território mandavam colonias para alem do Reno.” / Volcas
Tectosagens: “(...) ocuparam e colonizaram as férteis regiões
da Germânia(...)” / Gregos: “(...) Hercínia, da qual, pelos
gregos chamada Orcínia(...)” / Helvécios, Nemetos e
Rauracos: “Começa nas fronteiras dos Helvécios, Nemetos e
Rauracos(...)”
Sujeitos: Gauleses
Objeto: Germanos
Agentes: Território germânico para expansão gaulesa.
Acontecimentos: Ocupação das regiões adjacentes à floresta
Hercínia, pelos Volcas Tectosagens.
Fatos: Disputa territorial entre gauleses e germanos.
Processo: Gauleses faziam guerra aos germanos, mandavam
colônias para além do Reno, causando assim a ocupação de
territórios germânicos por povos gauleses.
Episódios: 1. Guerras entre Gauleses e germanos.
2. Ocupação e colonização de terras germânicas pelos Volca
Tectosagens.
3. Povo se mantendo na área colonizada, se conservando “na
mesma nobreza e endurecimento dos Germanos, com o mesmo
modo de vestuário e alimentação, enquanto que aos outros
Gauleses a vizinhança da Província Romana e o conhecimento
das coisas ultramarinas têm proporcionado outros recursos e
abastanças.”
4. Gauleses destroçados em muitas pelejas pelos Germanos.
BIOGRAFIA – Nennius
54.
São Patrício ensinou o Evangelho às nações estrangeiras pelo espaço
de quarenta anos. Investido de poderes apostólicos, deu visão aos
cegos, purificou os leprosos, cursou os surdos, expulsou demônios,
ressuscitou nove dentre os mortos, redimiu muitos cativos de
ambos os sexos por sua própria expensa e deixou-os livres em nome
da Santa Trindade. Ensinou os servos de Deus e escreveu trezentos
e sessenta e cinco livros canônicos e outros relativos à fé católica.
Fundou muitas igrejas e consagrou o mesmo número de bispos,
fortalecendo-os com o Espírito Santo. Ordenou trezentos mil
presbíteros, converteu e batizou doze mil presbíteros, e converteu
e batizou doze mil pessoas na província de Conatcha (Connaught).
Em um dia batizou sete reis, que eram os sete filhos de Almogith.
(…) Depois de uma vida dedicada à conversão do bem da
humanidade, São Patríciom numa idade madura saudável, passou
deste mundo para o Senhor, e mudou sua vida para uma melhor,
com os santos e eleitos de Deus ele repousa para sempre. Amém.
55.
São Patrício parecia-se com Moisés em quatro particularidades: o
anjo falou-lhe no ramo ardente; ele vagueou quarenta dias e
quarenta noites numa montanha; ninguém conhece a sua sepultura,
nem onde ele está enterrado; esteve dezesseis anos como cativo.
No seu vigésimo quinto ano, foi consagrado bispo por São Mateus, e
foi oitenta e cinco anos apóstolo dos irlandeses. Seria mais
proveitoso tratar a vida desde santo no seu conjunto, mas não é
hora para concluir a epítome dos seus labores.
56.
Naquele tempo, os saxões se tornavam mais fortes em virtude do
seu grande número e cresciam em poder na Bretanha. Após a morte
de Hengist, no entanto, seu filho Octa cruzou da parte mais ao
norte da Bratanha para o reino de Kent, e dele procederam todos
os reis daquela província até hoje.
Então Artur, juntamente com os reis da Bretanha, lutou contra eles
(os saxões) naqueles dias, mas Artur mesmo era um comandante
militar [dux bellorum]. Sua primeira batalha foi na foz do rio que é
chamado Glein. Sua segunda, terceira, quarta e quinta batalhas
foram acima de um rio chamado Douglas e [que] está na região de
Linnuis. A sexta batalha foi às margens do rio chamado Bassas. A
sétima batalha foi na floresta de Celidon, que é Cat Coit Celidon. A
oitava batalha foi na fortaleza de Guinnion, na qual Artur carregou
a imagem de Santa Maria sempre virgem sobre seus ombros; e os
pagãos foram postos em debandada nesse dia.
E sob o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo e sob o poder da
sagrada Virgem Maria, sua mãe, houve uma grande mortandade
entre eles. A nona batalha foi travada às margens da Cidade das
Legiões. A décima batalha foi travada às margens do rio Tribuit. A
décima primeira batalha foi realizada na montanha Agnet. A
décima segunda batalha foi no Monte Badon, no qual caíram em um
dia novecentos e sessenta homens de uma investida de Artur e
ninguém os golpeou, exceto o próprio Artur, e em todas as batalhas
ele saiu como vencedor.
ANÁLISE SISTEMÁTICA
Crítica Externa
Natureza do texto: Relato
Origem: Bretanha
Autoria: Nennius
Crítica Interna
Termos: poderes apostólicos, leprosos, ressuscitou, redimiu,
expensa, livros canônicos, saxões.
Público: Nennius clama que o texto é voltado para seus
inferiores conhecerem a história de seu povo.
Análise Externa
Tempo: 858 d.C.
Espaço: Bretanha
Temas: Religiosidade e batalhas de conquista da Gália pelos
Bretões.
Narrador: 3ª pessoa.
Método: Narrativa descritiva
Fontes: (como mencionado no capítulo 1 e 3) Anais dos
romanos, as Crônicas dos santos padres, Jerônimo, Eusébio,
Isidoro, Próspero, e os Anais dos escotos e saxões.
Análise Interna
dos capítulos 54 e 55
Personagens e características: São Patrício: dedicou-se a
levar o Evangelho às nações estrangeiras por quarenta anos /
bispos: fortalecidos pelo Espírito Santo, por intermédio de São
Patrício / presbíteros / reis: filhos de Amolgith / Moisés: São
Patrício é comparado ao profeta bíblico / anjo / São Mateus /
irlandeses.
Ações: São Patrício: leva o Evangelho às nações estrangeiras
por quarenta anos, dá visão aos cegos, purifica leprosos, cura
surdos, expulsa demônios, ressuscita mortos, redime cativos
de ambos os sexos, ensina os servos de Deus, escreve
trezentos e sessenta e cinco livros canônicos, funda igrejas,
consagra bispos, ordena presbíteros, converte e batiza pessoas
e batiza reis e foi oitenta e cinco anos apóstolo dos irlandeses.
/ anjo: fala com São Patrício no ramo ardente / São Mateus:
consagra São Patrício como bispo.
Sujeitos: São Patrício
Objeto: nações estrangeiras.
Agentes: O exercício da fé.
Acontecimentos: A religião católica será colocada na região
dos Bretões, através do exercício da fé praticado por São
Patrício.
Fatos: Juntar novos fiéis para a Igreja Católica.
Processo: “São Patrício ensinou o evangelho às nações
estrangeiras pelo espaço de quarenta anos.”
Episódios: Milagres, conversão de pessoas e fundação de
igrejas católicas colocam São Patrício como eleito de Deus.
Análise Interna
do capítulo 56
Personagens e características: saxões: fortes e poderosos na
Bretanha / Hengist: pai de Octa / Octa: filho de Hengist /
Artur: comandante militar
Ações: saxões: cresciam em poder na Bretanha / Hengist:
morte / Octa: cruza para o reino de Kent / Artur: luta contra
os saxões
Sujeitos: Artur
Objeto: Saxões
Agentes: Território da Bretanha
Acontecimentos: Doze batalhas travadas por Artur e reis da
Bretanha.
Fatos: Batalhas de Artur com objetivos religiosos.
Processo: Batalhas travadas por Artur contra os saxões.
Episódios: Primeira batalha na foz do rio Glein, segunda,
terceira, quarta e quinta batalhas acima do rio Douglas, na
região de Linnuis, sexta batalha às margens do rio Bassas,
sétima batalha na floresta de Clidon, oitava batalha na
fortaleza de Guinnion, nona batalha às margens da Cidade das
Legiões, décima batalha às margens do rio Tribuit, décima
primeira batalha na montanha Agnet e décima segunda
batalha no Monte Badon.
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