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“18 SEMI MAPIO SecAo VIL Le Semimafic O Processo de Acumulacao do Capital A transformagaio de uma soma de dinheiro em meios de produgio e forca de trabalho é 0'primeiro movimento pelo qual passa um quantuin de valor que de- ve funcionar como capital. Ela tem lugar no mercado, na esfera de circulacdo. A’ se-" gunda fase ‘da movimento, o proceso de produc¢do, est encerrada tio logo os meios de produgao estejam transformados em mercadorias cujo valor supera o va- lor de seus componentes, portanto, que contenha’o capital originalmente adianta- do mais uma mais-valia. Essas mercadorias a seguir tem de ser lancadas de, novo a esfera da circulagio. Trata-se de vendé-las, realizar seu valor em dinheiro, transfor- mar esse dinheiro novamente em capital, e assim. sempre de novo. Esse, ciclo, que percome sempre as mesmas fases sucessivas, constitui a circulacéo do capital. A primeira condigo da acumulagio é que o capitalista tenha conseguido ven- der. suas_mercadorias e retransformar a maior parte.do dinheiro assim recebido em, capital. E pressuposto, a seguir, que o capital percorra seu processo de circulacao. de modo normal. A andlise mais pormenorizada. desse:processo, pertence ao Livro » Segundo. ¥ O capitalista que produz a mais-valia, isto 6, extrai trabalho n&o-pago direta- mente dos trabalhadores e o fixa em mercadofias, 6, na verdade, o primeiro apro- priador, mas, de modo algum, o Ultimo proprietério dessa mais-valia, Tem_de divi- dila, mais tarde, com capitalistas que realizam outras. funcdes na producao social como’um todo; com o proprietério fundiério etc. A mais-valia divide-se, portanto, em diferentes partes. Suas fragdes cabem a categorias diferentes de pessoas e'rece- bem formas diferentes, independentes umas das outras, tais como lucro, juro, ga- nho comercial, renda da terra etc. Essas formas mudadas da mais-valia somente podem ser tratadas no Livro Terceiro. Supomos aqui, portanto, por um lado, que o capitalista que produz a merca- doria a vende por seu valor, sem nos determos mais com sua volta ao mercado, nem com as novas formas que 0 capital assume na.esfera de circulacaio, nem com as condigdes concretas da reprodugao ocultas nessas formas. Por outro lado, consi- deramos 0 produtor capitalista como propiietétio da mais-velia inteira ou, se se qui- ser, como representante de todos os participantes no butim. Encaramos, portanto, de inicio a acurnulagao em abstrato, isto é, como mero momento do processo dire- to de producao. De resto, na medida em que a acumulacdo’se realiza, o capitalista conseque 143 144 0 PROCESSO DE ACUMULACAO DO CAPITAL vender a mercadoria produzida e retransformar em ¢apital o dinheiro recebido por ela: Além disso: o fracionamento da mais-valia em diversas partes nada muda em. sua natureza nem nas condicdes necessarias em que ela se torna elemento da acu- mulagéo. Qualquer que seja a proporcéo da mais-valia que o produtor capitalista retém pata si mesmo ou cede a outros, ele sempre se apropria dela em primeira mo. O que, portanto, é pressuposto em: nossa apresentacao da acumulacao, é pressuposto de seu processo real. Por outro lado, o fracionamento da mais-valia e © movimento mediador da circulagéo obscurecem a simples forma basica do pro- ~ cesso de acumulacdo. Por isso, sua analise pura exige a abstracéio provisoria de to- dos os fondmenos que escondem 0 jago intemo de seu mecanismo. CapftuoXXI* Reprodugao Simples Qualquer que seja a forma social do proceso de produgio, este tem de ser contihuo ou percorrer periodicamente, sempre de novo, as mesmas fases. Uma so- cedade néo pode parar de consumir, tampouco deixar de produair. Considerado em sua permanente conexao’'e constante fluxo de sua renovac&o, todo processo social de producao &, portanto, ao mesmo tempo, processo'de reproducao. As condiges da. produgao séo ao mesmo tempo as condigdes da reproduga Nenhuma sociedade pode produzir continuamente, isto 6, reproduzir, sem retrans- formar continuamente parte de seus produtos em meios de produgao-ou em ele- mentos da nova produg&o. Permanecendo constantes as demais circunstancias, ela 80 pode reproduzir ou manter sua riqueza na mesma escala 'substituindo os meios de producao, isto: é, meios de trabalho, matérias-primas e matérias auxiliares, con- sumidos, por exemplo, durante o “ano, in natura, por ‘um quantum igual de novos exemplares, separados da.massa anual de produtos e incorporados, de novo, ao processo de producao. Determinado quantum do produto anual pertence, porian- to, @ produgao. Destinado desde a origem ao consumo produtivo, esse quantum existe, em. grande parte, sob formas naturais. que por si mesmas excluem 0 consu- mo individual. Se a produgao tem forma capitalista, entao a tera a reproducdo. Como no mo- do de producao capitalista 0 proceso de trabalho sé aparece como um meio para - © processo de valorizacdio, assim a reproducao aparece apenas como um meio pa- 1a reproduzir 0 valor adiantado como capital, isto é, como valor que se valoriza. Uma pessoa s6 encama a personagem econémica do capitalista porque seu dinhei- ro funciona continuamente como capital. Se, por exemplo, a quantia adiantada de 100 libras esterlinas se transformou, neste ano, em capital e produziu uma mais-va- lia de 20 libras esterlinas, entao ter de repetir a mesma operaco no ano seguinte ete. Como incremento periédico do valor do‘capital, ou fruto periddico do capital em rocessamento, a mais-valia recebe a forma de uma revenue!” que provém do capital. ft * “Os ticos, que consomem os produtes do trabeilio dos outros, obtémnos apenas por atos de troca (compras de mer- cial a riqueza recebeu 2 forca da reproduar-s¢ por meio de trabalho allen, (..) A iqueza, como © trabalho € por meio do trabalho, forece um ffuto arual, quo pode ser destrufdo todo ano sem que 0 tivo se toxne mals pobre. Eese frulo € a revenue que provém do capita” (SISMONDI Nouv. Pine. dEcon Pol tp, 81.82) Renda, (N. dos.) 145 146 O PROCESSO DE ACUMULACAO DO CAPITAL, 4 Se essa revenue serve ao capitalista apenas corho fundo de consumo ou é des- * pendida com a mesma periodicidade com que é ganha, entéo tem lugar, permane- cendo constantes as demais circunstancias, reproducao simples. Embora esta seja mera repeticdo do processo de produgéo na mesma escala, essa mera repetico ou continuidade imprime ao processo certas caracteristicas novas ou, antes, dissolve __as caracteristicas aparentes que possui como episddio isolado. proceso de produgao é iniciado cém a compra da forca de trabalho por de- terminado tempo, e esse inicio se renova constantemente, tio logo 0 prazo de ven- da do trabalho esteja vencido, tendo decorrido determinado periodo de producdo, semana, més étc. O trabalhador, porém, s6 é pago depois de sua-forca de trabalho ter se efetivado e realizado tanto seu préptio valor como a mais-valia, em mercado- tias. Ele produziu, dessa forma, tanto a mais-valia, que consideramos por enquan- to apenas como fundo de consumo do capitalista, quanto o fundo de seu prdprio pagamenio, 0 capital varidvel, antes que este retone a ele sob a forma de salatio, e ele s6 fica ocupado gnquento nao deixa de reproduzio. Dai provem a formula dos economistas, mencionada no capitulo XVI, II, que apresenta o saldtio como participacio no proprio produto.” E uma parte do produto reproduzide continua- mente pelo préprio trabalhador, que reflui constantemente para ele na forma de sa- latio. O capitalista paga-lhe, contudo, o valor das mercadorias em cinheito. Mas o dinheiro n&o € nada mais que a forma transformada do produto do trabalho. En- quanto o trabalhador transforma parte dos meios de producéo em produto, retrans- forma-se parte de seu produto anterior em dinheiro. E com seu trabalho da sema- na anterior ou do iiltimo meio ano que seu, trabalho de hoje ou do préximo meio ano sera pago. A ilusdo, gerada pela forma monetéria, desaparece imediatamente tdo logo sejam consideradas a classe capitalista’e a classe trabalhadora em vez do capitalista individual e do trabalhador individual. A classe capitalista dé constante- mente classe trabalhadora, sob forma monetria, titulos sobre parte do produto produzido por esta e apropriado por aquela. Esses titulos, o trabalhador os restitui, do mesmo. modo consiante, a classe capitalista e retira-lhe, com isso, aquela parte de seu prépria produto que é atribuida a ele. A forma mercadoria do produto e a forma monetéria da mercadoria disfargam a transagao. O capital varidvel, portanto, ¢ apénas uma forma hist6rica particular em ‘que aparece ‘o fundo dos meios de subsisténcia ou fundo de trabalho, de que o traba- Ihador necessita: para sua propria manutengio e reprodugdo e que em todos os sis- temas de producao social ele mesmo sempre tem de produzir e reproduzir. O fun- do de trabalho sé flui constantemente para ele sob a forma de meios de pagamen- to de seu trabalho, porque seu proprio produto afasta-se constantemente dele sob a forma de capital. Mas essa'forma de aparicao do fundo de trabalho em nada alte- ra‘o fato de que o capitalista adianta ao trabalhador seu préprio trabalho’ objetiva- do.? Toiiemos, por exemplo, um; camponés submetidd a corvéia. Ele trabalha com seus préprios meios de produgao em seu proprio campo, por exemplo, 3 dias por semana, Nos outros 3 dias da semana realiza a corvéia na propriedade senho- tial. Ele reproduz constantemente seu proprio fundo de trabalho e este, em relacéo a’ele, nao assume nunca a forma de meios de pagamento adiantados por um ter- ceito, por sett trabalho. Em compensagio, seu trabalho forcado nao-pago nao as- sume nunca a forma de trabalho voluntario e pago. Se amanha o senhor feudal se apropriasse do campo, dos animais de tiro, das sementes, numa s6 palavra, dos 2 “Saléris, como também lucros, devem ser considerados partes do ptodulo acabade."” (RAMSAY. An Essay on the Distribution of Wealth. Edimburgs, 1836. p. 142). "A partiipago no produto, que cabe ao trabalhador sob a forma desaliti.” (MILL, J. Elements tz. — TradugSo de Paricot, Pars, 1823, p. 33.34 ) "Quando se emptega capital para adantar aa tabalhador set ealrio. nada s° adieiona ao fundo para a manutenggo do trabalho.” (CAZENOVE em nota 8 sua ed. de Malthus, Definitions in Polt. Econ. Londres, 1853. p. 22) \ “ REPRODUCAO SIMPLES 147 tras de produg&o do camponés submetido a corvéia, este, dai em diante, teria le vender sua forga de trabalho ao senhor. Nao se alterando as demais circunstan- jas, trabalharia, depois como antes, 6 dias por semana, 3 dias para si mesmo e 3 dias para 0 ex-senhor feudal, transformado agora em senhor do saldrio. Continua- tia, depois como antes, desgastando os meios de produgao como meios de produ- ¢a0 e transferindo seu valor ao produto. Depois como antes, determinada parte do produto continuaria entrando na reprodugio. Mas como a corvéia assume forma de trabalho assalariado, o fundo de trabalho depois como antes produzido e repro- duzido pelo servo assume a forma de um capital adiantado a este pelo senhor feu- dal. O economista burguds, cujo cérebro limitado nao é capaz de distinguir a. forma de: manifesiacéio do que nela se manifesta, fecha os olhos ao fato de que até hoje © fundo de trabalho aparece apenas excepcionalmente sobre o globo terestre na forma de capital." O capital varidvel, potém, 56 pertle ©. significado de um valor adiantado a par- tir do fungo proprio-do capitalista®= se consideramos 0 proceso de producao capi- talista no fluxo continuo de sua renovaco. Mas ele tem de comegar em algum lu- gai e em algum, momento. A paitir de nosso ponto de vista, desenvolvido até ago- ” 1a, € provavel portanto que alguma vez o capitalista sé tomou possuidor de dinhei- ro em virtude de uma acumulago primitiva, independente de trabalho alheio nao- pago, e por isso péde pisar no metcado como comprador de forca de trabalho. En- tretanto, a mera continuacao do processo de producao capitalista ou a reproducao simples efetuam, contudo, outras mudangas notaveis, que afingem nao somente o capital varidvel, mas também 0 capital global. * "Se a mais-valia produzida periodicamente, por exemplo, anualmente, por um capital de 1.000 libras esterlinas, for de 200 libras esterlinas e se essa mais-valia for consumida todos os anos, € claro que, depois de repetir-se 0 mesmo processo du- rante 5 anos, a soma da mais-valia consumida sera = 5 X 200, ou igual ao valor do capital originalmente adiantado de 1 000 libras esterlinas. Se a. mesma mais-va- lia fosse apenas parcialmente consumida, por exemplo so pela metade, teriamos o thesmo resultado, apés 10 anos de repeti¢&o do processo de producéo, pois 10 x 100 = 1 000. Em geral: 0 valor do capital adiantado dividido pela mais-valia con- sumida anualmente dé o ndmero de anos, ou de periodos de reproducao, ao cabo dos quais 0 capital adiantado originalmente {foi consumido pelo capitalista e, por- tanto, desapareceu. A concepgéio do capitalista de que ele consome o produto do trabalho alheio nao-pago, a mais-valia, e mantém o capital original nao pode alte- rar absolutamente nada no fato. Ao final de certo ntimeto de anos, o valor do capi- tal que possui é igual 4 soma da mais-valia apropriada durante 0 mesmo némero de anos, sem equivalente, e a soma do valor consumido por ele é igual ao valor do capital original. 'Certamente ele mantém um capital nas m&os, cuja grandeza nao se alterou, do qual parte, edificios, maquiitas etc., ja existia quando p6s seu ne- g6cio em andamento. Trata-se, porém, aqui, do valor do capital e nao de seus componentes materiais. Se alguém consome sua propriedade inteira assumindo di- vidas que se igualam ao ‘valor dessa propriedade, ent&o toda a propriedade repre- senta apenas a soma total de suas dividas. E do mesmo modo, quando o capitalis- fa consumiu o equivalente de seu capital adiantado, o valor desse capital represen- ta apenas a soma global da mais-valia de que se apropriou gratuitamente. Nao sub- sisie nenhum atomo de valor de seu antigo capital. lem sequer num quaito da Terra os meios de subsistincia des tabalhadores s30 adiantodos 2 ees pelos copitalis tas." (JONES, Richard, Textbook of Lectures on the Polt. Economy of Nations Flerord, 1852 p. 36.) 4 "Embora © manufacturer” (isto é, trabalhador da manufatural “tenha seu salirio ediantado pelo patio, ele no aca @ este, na realdade, nenhum custo, pois 0 valor do salétio junto com um Iuero é reconsttufdo geralmente no ‘valor enobrecido do objeto, 20 qual fo aplicado seu trabalho.” (SMITH, A. Op f., Livco Segundo, Cap. Il p. 355.) / { 148 0 PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL Abstraindo toda acumulaco, a mera continuidade do processo de producao, ua reproduggo simples, transforma apés um periodo mais ou menos longo neces- sariamente todo capital em capital acumulado ou mais-valia capitalizada. Se, ao en- trar no processo.de produgio, ele tenha sido propriedade pessoal adquirida me- diante trabalho de seu aplitador, mais cedo ou mais tarde torna-se valor apropria- do sem equivalente ou materializagao, seja em forma monetétia ou outra, de traba- tho alheio nao-pago. Vimos no capitulo [V: para transformar dinheiro em capital ndo bastava a exis- téncia de produgao de mercadorias e circulago de mercadorias.” Antes tinham de defrontar-se, aqui, possuidores. de valor ou dinheiro, la, possuidores da substancia ctiadora de’ valor; aqui,’ possuidores de meios de producéo e de subsisténcia, 14, possuidores de nada meis que a forga de trabalho, desempenhando os papéis ‘de compradores e vendedores. A separacao entre o produto do trabalho e 0 proprio trabalho, entre as condigdes objetivas do trabalho e sua forga subjetiva de traba- Iho, era'a Base realmente dada, o ponto de partida do processo de produggo capi- talista. f Mas o que era, no principio, apenas ponto de partida, 6 produzido e perpetua- do sempre .de novo, por meio da mera continuidadé do processo, da reproducéo simples, como resultado préprio da producao capitalista. Por um lado, 0 processo de produc&o transforma continuamente a riqueza material em capital; em meios de. valotizacao e de satisfacao para o capitalista. Por outro, o trabalhador sai do pro- Cesso sempre como nele entrou — fonte pessoal de riqueza, mas despojada de to- dos 0s meios, para tornar essa riqueza realidade para si. Como, ao entrar no pro- cesso, seu préprio trabalho jé esté alienado dele, apropriado pelo capitalista e incor- porado ao capital, este se objetiva, durante o proceso, continuamente em produto Como o processo de produg&o é, ao mesmo tempo, o processo de consu- mo da forga de: trabalho pelo capiialista, 0 produto do trabalhador transforma-se continuamente nao so em mercadoria, mas em capital, em valor que explora a for- ga crladora de valor, em meios dé subsisténcia que compram pessoas, em meios de produgdo que empregam o produtor.* O préprio trabalhador produz, por isso, constantemente a riqueza objetiva como capital, como poder estranho, que o domi: na e explora, e © capitalista produz de forma igualmente continua a forca de traba- Iho como fonte subjetiva de riqueza, separada de seus praprios meios de objetiva- G0 e realizacao, abstrata, existente na mera corporalidade do, trabalhador, numa 86 palavra, o trabalhador como trabalhador assalariado.§ Essa constante reprodu- go. ou perpetuacao do trabalhador ¢ a condic&o sine qua non™ da producao capi- talista. O consumo do trabalhador é de dupla espécie. Na propria produgéd, ele con- some meios de produgao, mediante seu trabalho, e os transforma em produtos de Valor mais elevado que o do capital adiantado. Esse 6 seu consumo produtivo, Ele é simultaneamente consumo de’ sua forca de trabalho pelo capilalisia que a com- prou. Por outro lado, o trabalhador utiliza o dinheiro pago pela compra da forca 5 “Isso 6 uma propriedade partculammente notével do consumo produtivo. O que & corsumido produtivamente & capi fal ¢ toma-se capital médarte.o consumo.” (MILL, J. Op. cit, p. 242) d. Mil, contudo, no descobriu a pbta dessa "proptiedade partcularmentenotivel". ©E de fato verdade que a primera introdugdo de uma manufatura ocupa muitos pobres, mas ees continuam pobres ¢.a permangnea de manufatura produz muitos mais dels." (Reasons for a Liniled Exportaton o) Wool. Londtes, 2077p 19) 10 arendatao at apr, conta a i, que le mann os pobre, Na vee sio mens 1 mista” (Reasons jor the Late Increase of poor Rates. Or & Comparative View of the Proes of Labour and Prout ‘sors. Londres, 1777 p. 31.) ee = t 4 F 4: exigao: produgéo de valor. (N, ca Ed. Alem.) Indispensavel. (N. dos T.) . er REPRODUCAO SIMPLES 149 de trabalho em meios de subsisténcia: esse 6 seu consumo individual. O consumo produtivo e o individual do trabalhador séo, portanto, inteiramente diferentes. No Primeiro, atua como forca motriz do capital e pertence ao capitalista; no segundo, Ppertence a si mesmo e executa fungdes vitais fora do processo de producao. O re- sultado do primeiro é a vida do capitalisia, o do outro é a vida do proprio traba- Ihador.~ Ao considerar a “jomada de trabalho” etc., mostrou-se oportunamente que o trabalhador é com freqiiéncia forgadg a fazer de seu consumo individual mero inci- dente do processo de producdo. Nesse caso, ele se abastece de meios de subsistén- cia a fim de manter sua forga de trabalho em andamento, como se abastece de gua e carvao a maquina a vapor'e de dleo a roda, Nesse caso, seus meios de con- sumo sao simples meios de um meio de-producao; seu consumo individual, consu- mo diretamente produtivo. Isso parece ser, entretanto, um abuso nao essencial ao processo de produgao capitalista.” A coisa muda de figura tao logo consideramos nao 0 capitalista individual e o trabalhador individual, mas a classe capitalista ¢ a classe trabalhadora, nao o pro- cesso de producao da mercadoria isolado, mas o processo de producéo capitalista, em seu fluxo e em sua dimensdo social. Quando o capitalista converte parte de seu capital em forca de trabalho, valoriza com jsso' seu capital global. Mata dois coelhos com ume s6 cajadada. Ele lucra no apenas daquilo que tecebe do traba- Ihador, mas também daquilo que lhe da. O capital alienado no intercambio por for- ga de trabalho é transformado em meios de subsisténcia, cujo consumo serve para teproduzir misculos, nervos, ossos, cérebro dos trabalhadores existentes e para produzir novos trabalhadores. Dentro dos limites do absolutamente necessatio, 0 consumo individual da classe trabalhadora é portanto retransformagéio dos meios de subsisténcia, alienados pelo capital por forca de trabalho, em forca de trabalho de novo exploravel pelo capital. Esse consumo é producao e reprodugaio do meio de produgao mais imprescindivel ao capitalista, 0 proprio trabalhador. O consumo individual do trabalhador continua sendo, pois, um momento da producdo e repro- ducao do capital, quer ocorra dentro, quer fora da oficina, da fabrica etc’, quer dentro’ quer fora do processo de trabalho, exatamente como a limpeza da maqui- na, se esta ocorre durante o processo de trabalho ou durante determinadas pausas do mesmo. Em nada altera a coisa se 0 trabalhador realiza seu consumo individual por amor a si mesmo e nao ao capitalista. ‘Assim, o consumo do animal de carga nao deixa de ser um momento necessario do processo de produco, porque o:ani- mal se satisfaz com o que come. A constante manutengdo e reprodugao da classe trabalhadora permanece a condic&o constante para a-reprodugao do capital. O ca- pitalista pode deixar tranquiilamente seu preenchimento a cargo do impulso de au- ' topteservacdo e’ procriacao dos trabalhadores. Ele apenas cuida de manter o consu: mo individual deles o mais possivel nos limites do necessério e esid muito longe da- quela brutalidade sul-americana, que obriga o trabalhador a ingerir alimentos mais substanciosos em vez de menos substanciosos.® . E por isso que o capitalista e seu idedlogo, o economista. politico, consideram produtiva apenas a parte do consumo individual do trabalhador, que é exigida pa- 7 Rossi nd enftizaria tanto esse ponto se houvesse realmente penetrado no sagredo da productive consumption® 0s trabalhadores das minas da América do Sul, cuja ocupagéo dria (tlsex a mais posada do mundo) consist em “evar sobre os ombros uma carya de 200 libras de peso, de uma profundidade de 450 pés a superficie, vivem apenas de plo e feito; eles dariam preferéncia apenas ao p80 como alimento, mas seus senhores, havendo cescoberto que ‘somente com o pio no podem trabalhar tanto, tratam-nos como cavalos e os cbrigam a comer feidc: 0 {elo 6 relati- vamente mais rico em fostato de célcio que © pio." (LIEBIG, Die Chemie in threr Anwendung auf Agricultur und Physiologe. 1862. Parte Primeira.p. 194, nota.) * Consumo produtive. (N. dos T) 150 (© PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL, Ta a perpetuacao da classe trabalhadora, que portanto, de fato, tem de ser consu- mida para que o capital consuma a forca de trabalho; o que, além disso, o trabalha. dor possa consumir para seu préprio prazer, é consumo improdutivo.? Se a acumu- lacao do capital causasse’ uma elevacao do salatio e, portanto, um aumento dos meios de consumo do trabalhador, sem consumo de mais forga de trabalho’ pelo capital, o capital adicional teria sido consumido improdutivamente.'° De fato: 0 con- sumo individual do trabalhador é para ele mesmo. improdutivo, pois reproduz ape- nas 0 individuo necessitado; ele é produtivo para o capilalista e para o Estado, pos- to que produz 4 forca produtora de riqueza allieia.™ ; Do ponto de vista social, a classe trabalhadora é, portanto, mesmo fora do sso direto de trabalho, ji acessinin.da.canial, ‘do mesmo modo que o instru- mento morto de trabalho. Mesmo seu consumo individual, dentro de certos limi- tes, @ apenas um momento do processo de reprodugao do capital. O processo, po- 1ém, faz com que esses instrumentos de produg&o autoconscientes nao fujam ao re- | i mover constantemente seu produto do pélo deles para 0 polo oposto do capital. 0 consumo individual cuida, por um lado, de sua propria manutencdo e reproducao, Por outro, mediante destruicéo dos meios de subsisténcia, de seu constante reapa” recimento no mercado de trabalho. O escravo romano estava preso por correntes a seu proprietario, o trabalhador assalariado o esta por fios invistveis. A aparéncia de que é independente ¢ mantida pela mudanca continua dos patrdes individuais e pela fictio juris do contrato. Antigamente, o capital fazia valer, onde lhe parecia necessdtio, seu dircito de propriedade sobre o trabalhador livre, ‘por meio da coagéo legal. Assim, por exem- plo, a emigragao de operadores de maquinas estava proibida na Inglaterra, até 1815, sob pena‘de pesada punicdo. A reproducao da classe trabalhadora implica, ao mesmo tempo, a transmissio ea acumulagao da habilidade de uma geracao para outra.* A extensdo em que o capitalista conta a existéncia de ‘tal classe trabalhadora habil entre as condigées de producio a ele pertencentes, ‘considerando-a, de fato, a existéncia real de seu capi- tal variével, revela-se assim que uma crise ameaca causar sua perda. Em conse- qliéncia da guerra civil americana e da crise do algod3o que a acompanhou, como se, sabe, a maioria dos. trabalhadores algodoeiros em Lancashire foi jogada na rua. Do seio da propria classe trabalhadora, como: de outras camadas da sociedade, er- gueu-se um clamor pelo apoio do Estado ou por uma coleta nacional voluntéria, a fim de possibilitar a emigrac&io dos “supériluos” para as colOnias inglesas ou para 05 Estados Unidos. Naquela ocasiéo, 0 Times (de 24 de marco de 1863) publicou suma carta de Edmund Potter, ex-presidente da Camara de-Comércio de Manches- ter. Sua carta foi chamada, com razéo, na Camara dos Comuns, de “manifesto dos fabricantes”.'* Damos aqui algumas passagens caracieristicas, em que se apre- senta, sem rodeios, o titulo de propriedade do capital sobre a forca de trabalho. MILL, James. Op. ct, p, 238 e! seqs. 10 "Se’o prego do tabelho subise tant, que apesar do acréscimo de capital n&o se pudeste empregar mais tatalho, sgftde eu cra que tal aciéscimo de capita consumido immprodutvamente." (RICARDO. Op et,» 163) “0 nico consumo produtivo em, senido proprio € o consumo cu a destugéa'de que (ele se refere ao consu- mo dos meios de produjo) “por capitaistes para fins de reproduczo.(..) O tabalhador (..) @ um consumidor produ: tho par 9 Peon que o emrogo, ¢ pam o Eso, mes, felardo estamert, nao para mem,” (MALTHUS, Deft nilors et. p. 12"A Gnica coisa da qual se pode dizer que & armazonada ¢ preporada com artecipagao & a hebildade do trabalhaor, (1 A acumuiagio e 0 armazemamento de trebalho hébi, azo importantisima operagio realizase, no que se relete & grande massa dos tabalhadores, sem fenhum capital.” (HODGSKIN, Labour Defended step. 12-13.) * 18 “Essa carta pode ser considerada 0 matifesto dos fabricanies." (FERRAND, Mos sobre o cotton famine, sesso dda Cémara dos Comuns de 27 de abril de 1863.) * Carandia de algodio, (N. dos.) © Fogo juridica. (N, dos T.) REPRODUGAO SIMPLES 151 “Aos trabalhadores algodoeitos se poderia dizer que sua oferta é grande demas (...) la teria de ser reduzida, talvez, de 1/3, e entdo surgitia uma saudével demanda para 0s 2/3 restantes, |...) A Gpinido pablica insiste na emigracao. (...) O patrao” (isto 6, 0 fabricante de algodio) “no pode ver de boa voniade que sua oferta de trabalho se afaste; ele pode pensar que isso € t80 injusto como equivocado. (...) Se a emigragao for sustentada com fundos publics, ele tem direito de pedir que seja ouvido e talvez de protestar.” O mesmo Potter prossegue explicando quao util é a indiistria de algodao e co- mo “‘ela indubitavelmente drenou @ populagao da Irlanda e dos distritos agricolas ingleses”; qisdo imensa é sua extensdo; como ela, no ano de 1860, forneceu 5/13 de todo 0 comércio inglés de exportacao e como logo em poucos angs expandir- sé-4 de novo mediante a ampliagéo do mercado, particularmente o da India, e me- diante a consecucao de, suficiente “‘oferta de algoddo a 6 pence a libra’. E conti- nua entao; “O tempo — 1, 2, 3 anos talvez — produziré a quantidade necesséiia. (...) Eu gosta- ia entéo de perguntar se no se deve conservar, essa industria, se nao vale a pena manter a maquinaria” (quer dizer, as. m&quinas vivas de trdbatho) “em ordem e se no é a maior loucura pensar em abandoné-lal Eu penso isso. Admito que os trabalha- dores no sfio propriedade (I allow that the workers are nat a property), que no s5o propriedade de Lancashire ou dos patides; eles séio, porém, a forga de ambos; séo a forca espiritual e instruida que numa geracdo nao podera ser substituida; a outra ma- quinaria, com que trabalham (the mere machinery which they work), ao contrério, po- deria, em grande parte, ser substitulda com vantagem e melhoradat em:12 meses.'* Encorajem ou permitam (!). a emigragao da forga-de trabalho, ¢ que seré do capitalista? (Encourage or allow the working power to emigrate, and what of the capitalist?)" Esse grito aflitivo lembra o marechal da corte Kalb.*" “(..) Tirem a nafa dos trabalhadores, ¢ 0 capital fixo soré desvalorizado em alto grau ¢ o capital circulante néo se exporé luta com oferta restrita de uma espécie infe- rior de trabalho. (...)-Dizem-nos que os prOprios trabalhadores desejam a emigracao. E muito natural que facam isso. (..) Reduzam, comprimam 0 negécio-do algodao me- diante a retirada de suas forcas de trabalho (by taking. away’ its working:power) pela ’ —minuiggo de seu cispéndio em salérios, digamos em 1/3 ou 5 milh&es, ¢ que serd en- 120 da préxima classe acima deles, os pequenos merceeiros? Que seré da renda da ter- 1a,, do aluguel das cottages? (...) Do pequeno arrendatario, do proprietatio de casas mais bem situado e do proptietario fundisrio? E digam agora se qualquer outro plano pode ser mais suicida para todas as classes do pais do que este, de enfraquecersa na- 1 Recorda-se que o mesmo capltal fale com outro tom, em circunsténcias ordindrias, quando se trata de rebelxar 0 sa lire, Entéo declaam “os paliées" em unfsiono (ver SegSo IV-note 188)- "Os vaballiadores de fbviea devon man ter em selutar meméria que sea trobalho €, de fato, uma espécie muito baixa de tabalho qualicade; que no hi ne- ‘hum outro mais fl de ser essimiado e que em corsideagSo 4 sua qualidade sea mals bem remunerado, que ne ‘hum outro modante breve instrugio podd eer ensinado 20 mene experionte em t5o pouco tompo com tanta abun. Sincia A maquinara do pata" {a qual, como ouvimos agora, pode ser substlufda em 12 meses com vantagens e rmalnorada)"“desemponhe, de fat, papel muito mais importante ro negécio da producSo do que 6 trabalho e a habil- ade do trabalhador” Ique agora nem em 30 anos podem ser substiutdos), “ax quais podem ser ensinados em 6 me- s2s de insu e qualquer camporis pode aprender” > Marx faz alvsdo aqui ao comportamento do marechal da corte Von Kalb na tragédia de Schiller Kabale und Liebe Na cena Il do ato Il, Kalb se recusa, de inicio, @ partcipar da intriga que ¢ tramada pelo presidente da corte de um principe alemao. Em consequenca disso, o presidente ameaca com sua rendncla, que sighficara smilteneamente 3 queda do marechal da corte, Seriamente chocedo brada Kalb. "E eu? — O senhor tem um bom discutso! O-senhor & um homem estudado! Mas eu — mon Dieu! O que sou eu entao, se sua alteza me demir?" (N, da Ed. Alena.) 152 O PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL Gao pela exportagéio de seu melhores trabalhadores febris ¢ pela desvelorizagao de par- fe de seu capital e de sua riqueza mais produtivos? Eu aconselho um empréstimo de 5 a 6 milhdes, dishibutdo em 2 ou 3 anos, administrado por comissétios especiais, aare- gados 4 administragio dos. pobres hos distritos algodoeiros, sob regulacSes legislativas sespeciais, com certo trabalho forgado para manter elevados os valores morais dos que recebem esmolas. (...) Pode haver algo pior para proprieténos fundiérios ou patrOes {con anything be worse for landowners or masters) do que renunciar a seus melhores trabalhadores, desmoralizando e desapontando os restantes, mediante emigracéo ex- tensa e esvaziante ¢ esvaziamento de valor e capital de toda uma provincia?” Potter, o érgaio escolhido dos’ fabricantes de algodao, distingue duas espécies de “maquinaria’, ambas pertencentes ao capitalista, das quais uma permanece na fabrica, enquanto a outra reside 4 noite e aos domingos externamente em cotfa- ges. Uma esta morta, a outra viva. A maquinaria morta nao apenas piora e se des- valoriza cada dia, mas grande parte de sua massa existente, por causa do continuo progress técnico, ‘envelhece constantemente’ tanto que € vantajoso substitui-la, ‘em poucos ‘meses, por maquinaria mais nova. A maquinaria viva melhora, ao con- trério, quanto mais ela dura, quanto mais acumula em si a habilidade de geragées. O Times respondeu ao magnata fabril entre outras coisas: “O Sr. E. Potter esté tio impressionado pela importncia extraordinéria ¢ absoluta dos industriais do algodio que, para manter essa classe e perpetuar seu negécio, quer enearcerar meio milh&o da classe trabalhadora, contra sua vontade, numa grande Workhouse moral. Merece essa, indGstiia ser mantida? — pergunta o Sr. Potter. Segu- ramente, por todos os meios hontados, respondemos nos. Vale a pena manter a ma- quinaria em ordem? — pergunta outra vez o Sr. Potter. Aqui ficamos perplexos. Por maquinaria entende o Sr. Potter a maquinaria humana; pois ele assegura que nao pre- tende traté-la.como proptiedade absoluta. Temos de confessar que nao achamos que ‘valha a pena’ ou, mesmo que seja possivel manter a maquinaria humana em ordem, isto é, encarceré-la e lubrificé-la até que dela se necessite. A maquinaria humana tem a propriedade de se enferrujar durante a inatividade, por mais que se a lubrifique e es- fregue. Além disso, a maquinaria humana, como a experiéncia acaba de nos ensinar, € capaz por si de aymentar a press&o do vapor e rebentar ou de perder as estribeiras, em nossas grandes cidades. Pode ser, como diz 0 St. Potter, que um tempo mais lon- go seja necessario para a teproducao dos trabalhadores, porém, com maquinistas e di- nheiro A mao, encontraremos sempre homens ativos, dutos e industriosos para deles fabricar mais mestres de fébrica do que jamais poderfamos utilizar. (...) O Sr. Potter fa- la de uma reanimagéo da indéstia em i, 2, 3 anos ¢ reclama de nds que nao se enco- raje ou permita a emigracao da forca de trabalho! Ele diz ser natural que os trabalhado- res desejem emigrar, mas ele acha que a nac&o deve encarcerar esse meio milhdo de trabalhadores juntamente com os 700 mil que dependem deles, a despeito de seus de- sejos, nos distritos algodoeiros e, como conseqiiéncia necessaria, sufocar pela forca seu deicontentamento, sustentando-os com esmolas, tudo pela possibilidade de que ‘0s patrées algodoeiros venham a necessitar deles de novo algum dia. |...) E chegada a hora em que a grande opinigo piiblica dessas ilhas deve fazer algo para salvar ‘essa for- @@ de trabalho’ daqueles que querem tratala como tratam 0 carvao, o ferro ¢ 0 algo- dio (to save this working power from those who would deal with it os they deal with tron, coal and cotton)”.2® ° O artigo do Times era apenas um jeu d’esprit.* A “grande opiniao publica” era, na verdade, a opiniao do Sr. Potter, de que os trabalhadores fabris eram acess6rios 'S Times: 24 de margo de 1863, © dogo de expitto, (N. dos T.) REPRODUCAO SIMPLES 153 méveis das fSbricas. Sua emigragdo foi impedida."° Encarcerou-se os trabalhadores na “Workhouse moral” dos distritos algodoeiros e conto sendo, depois como antes, “‘a'forca (the strenght) dos industriais algodoeiros de Lancashire” O processo de producao capitalista reproduz, portanto, mediante seu proprio procedimento, a separacdo entre forga de trabalho e condigées de trabalho. Ele re- produz e perpetua, com isso, as condicoes de exploracdo do trabalhador. Obriga constantemente o trabalhador ‘a vender sua forca de trabalho para viver e capacita constantemente o capitalista a compré-la pata se enriquecer.”” JA nao 6 a casualida. de que contrapée capitalista e trabalhador como comprador e vendedor wo merca- do. Ea armadilha do‘proprio processo que langa o tiltimo constantemente de no- vo ao mercado como vendedor de sua forga de trabalho e sempre transforma seu proprio produto no meio de‘compra do primeiro. Na realidade, o tabalhador per- tence ao capital antes que se venda 2o capitalista. Sua servidéo econdmica’® é, 20 mesino tempo, mediada e escondida pela renovago periddica da venda de si mes- mo, pela toca de seus patrées individuals e pela oscilacao do prego de mercado do trabalho.’ £ © processo de’ produgao capitalista, considerado como um todo articulado ou como processo de reprodugao, produz por conseguinte ndo apenas a mercadoria, no apenas a mais-valia, mas produz e reproduz a prépria relacao capital, de um la- do o capitalista, do‘outro o trabalhador assalariado.”* 16 0 Palamento no votow nenhum farthing? para a emigragio, mas apenas lets, que cepacitavem as municipalidades ‘para mantet os trebabadores entre vida e morte ou exploré-los, sem pagamento de saléros nermals. Quando, ac con- {Rarlo, 3 anos depois estalou a peste do gado, 0 Pariamento rompeu descontroledamente a prOpria etiqueta perlemen- tare votou, num piscar de olhos, milhOes para @lidenlzagzo dos rillonérios senhores de teres, cujos arendatios de toda maneira ja se tinham compensado des prejulzos aumeniando o prego da came. O mugido bestia dos proprieté- Ties fundirios, quando da abertura do Pailamento em 1866, cemprovou que nifo se precka ser hindu para adorar a ‘vaca Sabala, nem Sapte: para trensfommet-se num bot 530 banda demandive mos de mbit par wr, o cate demande srabalbo para ganhar.” (SISMON- p. city p. 9 ’ . 18 Uma forma camponcsa tosca dessa saridio existe no condado de Durham. E esse um dos poucos condades em dug as condligSes nko seeaguram ao arrendatirio titulo krestrto de propriedade sobre os jomaleitos aaricoes, A indi a de minoracio ofereco aos ctimos uma aitemaiva. 0 arrendatitio, em oposicéo 8 rear, s6 acelta aqui, portanto, ‘em arrendammento, terras nas quais encontram:se cottages para os trabalhadores. O aluguel das cottages constitu perte do salaio. Fssas cottages denominam-se hind's houses.” Els so alugadas acs tabalbadores sob determénadas obriga- ‘gees feuds, scb um contralo chamado ‘bondage (servidéo) e que obriga o trabalhador, por exemplo, a cologar em Seu higar sua fihe etc, dirante 9 fempo em que estdja ocipado em outre parte, O-trabalhador mesmo chama-se bondsman Essa relacto mostre também o consump individual do trabalhador como consumo para o capital ou con- sumo produtvo — ce um lado totalmente novo: "E curioso observar como proprio excremenio desse bondsman conta Como emolumento pago pot ele a seu petro: calulsta (..) O aendatério nao permite, em tod a vidnhanga, fhenhuma latina que nd a sua e no tolera a esse Tespeito nenhuma dminuigao de seu dreto de suseraro”. (Public Heath, Vil Rep. 1864. p. 188.) y g 2 Recorda'se que, no trebalho das crangas etc, mesino'aformalidade da venda de si mesmo desaparece. 2 "0 eapial pressupde 0 trabalho assiladado, 0 trabalho assalriado o caphal, Condicionar-se reciprocamente’¢ ‘am reciprocamente. Um trabalhador, numa fabrica de algodéo, produz apenas teckdos de algodo? Néo, ele produz ‘opltal, Ele produz valores que serveur de novo para comandar seu trabalho ¢ para ciiar mediante 0 mesmo novos va fores” (MARK, Keil. "Lofnarbelt und Kopta!”. in: Neue] Rifeinsche) Z[etung). n° 266, de 7 de absil de 1849.) Os “rligos sue, com esse tule, foram publcados na N. Hh. Z. so fragmentos das conierincas que dei em 1887 sobre que tema, ne AssociagSo’ dor Trabalhadores Alemées om Bruxelasée cua impressSo fol interrompida pela revolu- ‘0 de feverct. , + Um quarto de pent (N. dos 7.) ® Casas detrebalhedoresagrcols. (N. dos T) * Servo. (N. dos T.) 4A Assocagto dos Trabalhadowes Alemes (Deutscher Arbeteretin| fo fandada por Man ¢ Engele'em Braves, no fiel de agoso de 1047, pora exclareces plltcamente cs tatalhadores aloméos resdentas na Bélgen e para dat a\co- niecera sles as idéias do comunismo ientifea. Sob a diecio de Marx e Engels, assim como de seus companheiros {de lds, cosa assoclagdo trarsformouree num cento legal, em torno do qual jurtata-se as foreas revolicionsis pro- {eisras na Bélgca, Os melhores elomertor da Assocagko aderiam & comunidad de Brnelas da Liak dos Comunis- tas. A Associagto desempenhou destacado papel ra tundacSo da Sociedade Demozrtica de Bruxelas, Logo an6s a re Volugio de feverevo de 1848, na Franca, ‘endo a polca belga deido e expulsado os membros da Sociedade, a Asso- iaglo dos Trabalhadores Alemdes enceriou suas atvidades.(N. da Ed. Alem.) Capituco XXII Transformacao de Mais-Valia em Capital 1. Processo de producao capitalista em escala ampliada. Conversao das leis de propriedade da producao de mercadorias ém leis de apropriagao capitalista Antetiormente tivemos de considerar como a mais-valia se origina do capital, agora, comio 0 capital se origina da mais-valia. Aplicagéo de mais-valia como capi. tal ou retransformacao de mais-valia em capital chama-se acumulacdo de capital”! Consideremos, primeiro, esse processo do ponto de-vista do capitalista indivi- dual. Suponhamos que um fiandeiro, por exemplo, tenha adiantado um capital de 10 mil libras esterlinas; 4/5 do qual em algodao, maquinas etc., © ultimo quinto.em saldrio. Que prodiza anualmente 240 mil libras de fio, no valor de 12 mil libras es- terlinas. Com uma taxa de mais-valia de 100%, a mais-valia se encontra’no mais- | produto ou produto’ liquido de 40 mil libras de fio, 1/6 do-produto bruto, com um | valor de 2 mil libras esterlinas, a ser realizado na venda. Uma soma no valor de 2 | mil libras esterlinas € uma soma no valor de 2 mil libras esterlinas. Esse dinheiro nao revela pelo cheiro e aparéncia que é mais-valia. O caréter de um valor enquan- to mais-valia indica como ele chegou a seu possuidor, mas nada altera na natureza dovalor ou do dinheiro. * Para transformar a soma recém-adicionada de 2 mil libras esterlinas em. capital, © fiandeiro, permanetendo iguais as demais circunstancias, adiantaré 4/5 dela em compra devalgodao etc. e 1/5 em compra de novos trabalhadores fiandeiros, que encontrargo no mercado: os meios de subsisténcia cujo valor ele thes adiantou. En- td0, 0 novo capital de 2 mil libras esterlinas funciona na fiacéo e proporciona, por seu lado, uma mais-velia de-400 libras esterlinas. t i O valor do capital foi originalmente adiantado sob a forma de-dinheiro; a mais-valia, ao contrario, existe, desde o principio, como valor de determinada par- te.do produto bruto. Se este é vendido, transformado em dinheiro; o valor do capi- * tal readquire sua forma primitiva, mas a mais-valia muda seu modo de exist8ncia original. A partir desse momento, no entanto, valor do capi valia sio_am- ® “Acumulegao do capital: 0 emprego de parte da renda como capital” (MALTHUS. Definitions etc. Ed. Cazenove, . 11.) “Transformagao de renda em capital.” (MALTHUS. Prine. of Pol. Econ, 2."Ed., Londres, 1836. p. 320) 154 z TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL 155 bos sontas_de.dinheiro. ¢ sua retransformacdo em capital executa-se de modo intei- mente. idéntico. O capitalista aplica tanto um como a outa na compra de merca- dorias, que o capacitam a recomegar a fabricagao de seu artigo, e na verdade des- fa vez em escala ampliada, Mas, para comprar essas mercadorias, precisa encon- tra-las prontas no mercado, . Seus proprios fios $0 citculam porque ele leva ao mercado seu produto anual, como todos os demais capitalistas também fazem com suas mercadotias. Mas, an” tes de essas mercadorias chegarem ao mercado, jé faziam parte do fundo de produ- 0 anual, isto ¢, da massa global de objetos de toda a espécie em, que se transfor- ma, no decorter do ano, a soma total dos capitais individuais ou 0 capital social glo- bal, do qual cada capitalista tem nas maos apenas uma parte alfquota. As opera- + $6es no mercado efetivam apenas a venda das partes componentes individuais da Producao anual, enviam-nas de uma mao a outra, mas ndo podem aumentar a Producao anual conjunta nem modificar a natureza dos dbjetos produzidos. Qual o uso que poderd ser feito do produto anual total, isso depende de sua propria com- posicdo, de nenhum modo, porém; da citculacio. s Primeiramehte, a produgao anual tem de fornecer todos os objetos (valores de uso) com os quais tém de ser repostos os componentes materiais do capital con- sumidos no decorer do ano. Deduzidos estes, resta’ 0 produto liquido ou o mais. produto, no qual se encontra a mais-valia. E de que se compée esse mais-produ- to? Talvez de coisas destinadas a satisfazer as necessidades e aos apetites da classe capitalista, entrando, portanto, em seu fundo de consumo? Se isso fosse tudo, a mais-valia seria dissipada até a ultima migalha e teria lugar meramente reprodu- cao simples. 4 : $ Para acumular, precisa-se transformar parte do mais-produto em capital, Mas, sem fazer milagres, sé se podem transformar em capital coisas que sao utilizaveis no processo de trabalho, isto é, meios de produgao e, além destas, coisas com as quais 0 trabalhador pode manter-se, isto é, meios de subsisténci i Ag.parte do mate tabalho anval.tem de ser empregada na fabxicacao de meios ad dlonais-de“prodiigao'é de’ subs icla, em @xCesso sobre o quantum’ que foi neces- sario para a reposicao do capital adiantado. Enrune pasos Tas Vala 30 & trans- }. Tormavel em capital porque o mais-produto, do qual é o valor, ja dontém os com. | Ponentes matetiais de um novo capital». : Para fazer esses componentes funcionarem de fato como capital, a classe capi- talista necessita de um acréscimo de trabalho, Caso a.exploracao dos trabalhado- Fes ja ocupados nao deva crescer extensiva ou intensivamente, precisam ser empre- gadas forcas de trabalho adicionais. Disso o mecanismo da produc&o capitalista também j4 cuidou, ao reproduzir a classe trabalhadora como classe dependente do salatio, cujo, salério comum basta nao apenas para assegurar'sua manutencéo, mas também sua multiplicagao. O_capital. precisa. apenas. jncorporar essas forcas. de tra~ balho adicionais,anualmentefomecidas a ele em diferentes idades pela classe tra- Balhiadora, acs meios.de-producao.adicienais 74 confides na producéio anual, ¢ a transformagéo_da_mais-valia em capital esta pionia, Considetada concretamente, a: acumulagao se reduz, ‘oducae. do capital em_escala proaressiva. O circuito da u 0 Sai 2 E abstraido aqui o cométcio de expovtago, por mio do qual uma nogéo pode converter amigos de luxo em meloe e predugdo ou de subssténcia e vce-versa Para apreondr © obj da rceigncSc tov ee ne ce es lindas stcuncatias peturbedora, temos de comierer 0 mundo do eomerlo sono tine neree e hokey Progusdo capita Se estabeleveu por toda pare e apoderose de talos cere ee 156 oO PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL reproducao.simples se altera.¢ se.transfortha, na expresso de Sismondi, em uma @spiral.” se otinos ao nosso exemplo. £ a velha historia: Abrado gerou Isaac, Isaac ge- rou Jacé ete." O capital original de 10 mil libras esterlinas gera uma mais-valia de 2 mil libras esterlinas, que é capitalizada. O novo capital de 2 mil libras esterlinas gera uma mais-valia de 400 libras esterlinas; esta, por sua vez capitalizada, transfor- mada portanto num segundo capital adicional, gera uma nova mais-valia de 80 Ii- bras sclings etc. sO f \ a hvac 6s abstraimos aqui a parte da mais-valia consumida pelo capitalista. Tampou- co OS iiteréssa, no Ronen, 's@ 0$ capitais adicionais sao jun Bice a0 capital, ori- ginal ou so separados dele para uma valorizaco auténoma, se 6 mesmo capitalis- fa que os acumulou os explora, ou se ele os transfere a outros. Apenas nao deve- mos esquecer que, ao lado dos novos capitais formados, o capital original continua a se reproduzir e a produzir mais-valia e que o mesmo vale para cada capital acu- mulado em relacao ao capital adicional por ele produzido. t O capital original formou-se pelo adiantamento de 10 mil libras esterlinas. De { onde as obtém seu possuid6r? Por seu proprio trabalho ¢ pelo de seus antepassa- dos!, responedem-nos unanimemente os porta-vozes da Economia Politica,” e es- | sa suposic&io parece ser realmente a tinica coerente com as leis da producao de , | mercadorias, Mas a coisa é totalmente diver © capital adicional.de. 2.mil libras ester nas. Conhecemos”éxatamente seu processo de surgimento. E mais-valia. capitaliza- da, Desde a origem, ge ngo_contem.nenhum-Atomo-de, ue nao derive de Wabalho alheio ndo-pago. Os meios.cle praducao, aos quais a forca de trabalho adi- Gohal € Incomporada, assim Como os meios de subsisténcia, com os quais ela se mantém, nao sao mais do que compénentes infegrantes do mais: 2 - Jp-auue-anualmente.¢ extraid, Pel lista. Quan- «do esta, com parte dé fributo, compra forga de trabalho adicional daquela, mesmo por seu preco integral, de modo que se troque equivalente por equivalente — per- manece sempre o velho procedimento do conquistador, que compra as mercado- tias dos vencidos com seu proprio dinheiro roubado. . Quando 0 capital adicional ocupa seu proprio produtor, tem este, primeira- . mente, de continuar a valorizar o capital original e, além disso, de comprar de vol- ta o produto de seu trabalho anterior com mais trabalho do que o que esse produ- to custou. Considerada como transagao entre a classe capitalista e a classe trabalha- dora, n3o muda nada na coisa se com.o trabalho ndo-pago dos trabalhadores até agora ocupados forem empregados trabalhadores adicionais. O capitalista ‘alvez fransforme o capital adicional numa maquina que joga na rua o produtor do capital adicional e o substitui por algumas criangas. Em, todos - dora criou,.com 9 seu mals-tiabalho deste ano-o capital que no proximo ano gcupa: 1218 & andlise da acumiulagdo de Sistnondi tem o grandg defeito de que ele se contenta demis com a frase “converatio de tenda em captal”, sem investiga as cond.gdes materials dessa operagao* 2 "CO trabalho original ao qual seu capital deveu seu nescimento.” (SISMONDI. Op: ct, ed. Pars, tI, p. 109.) + SISMONDI, Sismonde de. NowweavxPuncpes¢'Economie Pltgue, Fans, 1819, v.l,p. 119. (N. da Ed. Alem) Abrado gerou Isaac, Isaac gerou Jacb ete. — O evangelho de Mateus relata no capitulo | como a descendenda de Aso, 0 Grog ongal os inet, creel poggestamens¢ amen sin da lo 0 Povo Jude. Y. ‘ TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL 157 ra trabalho adlional 22 Isso 6 6 que se denomina produzir. capital, mediante capital essuposio para a acumulagéo do_primeito.capital adicional de 2 mil libras eserbien or de 10 ‘mil libras esterlinas, adigniada nelo-capitals- -ta-e pertencente_acle em virtude de s seu “trabalho original” O gundo, eit adicional | ae a0 Mores este esterlinas, ao pont) Ed ia anais é aie a acumul révia do prim das 2 mil libras esterlinas, cuja mais-valia capitaliza- Fee ee eee oe cataio tbo paso mea ae cane TR condic&o para a apropriacéo presente de trabalho vivo ndo-pago, em dimenséo aes crescente. Quanto mais o capitalista houver acumulado, tanto mais podera acumular. _ Na medida em que a mais-valia, na qual consiste o capital adicional numero |, foi o resultado da compra da forca de trabalho por uma parte do capital original, compra que correspondeu as leis do’ intercambio de,mercadorias e, juridicamente considerada, néo pressupde mais do que a livre disposicSo por parte do trabalha- dor sobre suas proprias capacidades, por parte do possuidor dé dinheiro ou merca- dorias sobre os valores que Ihe pertencem; na medida em que, capital adicional nGmero I etc, é simples iesultado do capital adicional némerd I,-conseqtiéncia, por-; tanto, daquela ptimeira relacao; na medida’ em que cada transacao isolada corres- ponde constantamente a lei do interes GS ‘mercadorias, ‘i 3 capitalsta =nne compra, ¢ forga de taba s 2. wador seinipre_a'véide,“¢"ct Sita aon Om baseada na producdo de merea n { dentemente se converte medichie sua , Ineuitayel, em \ contrario ‘direto.” 0 int io de ex ruvalentes, cu ama eu_como_a_operacao original, se torceu’ jo que se troca apenas na aparéncia, pois, a z: : 2pé rimeiro, [que se. troca por for qui produto.de. trabalho alheio, apropria ser uivalente, 6, Seaund,.¢ a_NaO_so- mente € 1 opens tor, trabal had como este tem a ‘ep6-la Com | Ovo. exces apilalisia”¢tfabalhiedor toma-se portanto apenas mera mencente cs processo de ‘circulacao, mera. for- ma, que.é alheia is 9 ido « af a ‘e-apena istifica. A continua compra e venda da forca de traballio €'@ forina. iefido € que 9 capitalista, sempr. que parte <9 rabalo.albelo.ié_chicsacp, lo qual _se_apropria.i peste sem equivalente, por um quantum maior de ari Ineo Ona ‘Originalmente, o # diteito de. propriedade_apareceunos.. O trabalho. Pelo me- nos tinha de valer essa suposicao, j4 que Sancne ‘se defrontam possuidores de mercadorias com iguais direitos, e 0 meio de apropriacdo de metcadoria alheia po- 1ém é@ apenas a alienacéo da propria mercadoria e esta pode ser produzida apenas mediante trabalho. A propriedade aparece.agara,.do_lado_do-capitalista_como_ci- que, apatentemente, se agriava em sua identidede.* Por mais que 0 modo de apropriacdo capitalista pareca ofender as leis origi- nais da produce de mercadorias, ele nio se origina de maneira alguma da viola- Go mas, ao contrétio, da aplicagéo dessas leis. Um breve retrospecto da seqliéncia # RARER EE ere Gael empttaes 6 tabelbo, (Labour creates capital before 7 our.) (WAKEFIELD. E. G. England and América. Londres, 1833. v. inf 110) " on ome A propnedade do capalta sere o produto do mabaho ale "stile consqlncia dae da aptoptiagto, co prt undarenal ea, 2 conta, © tl exc de popedade de cae tabunader ste o prodlo de st Hon ulate. (CHEROULIEE Rtas on Pee Pts, 8H, p. 55 A, extent es onto dan 158 —__ 0 PROCESO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL das fases do movimento, cujo término é a acumulacao capitalista, tornard isso mais uma vez claro. Primeiro, vimos que a transformagao original de uma soma de valor em capi- tal se realizava inteiramente de acordo com as leis do intercémbio. Um dos con- traentes vende sua forga de trabalho, o outro a compra, O primeiro obtém o valor de sua mercadoria, cujo valor de uso — 0 trabalho — é ‘assim alienado ao segun- do. Este transforma agora,os meios de producao ja pertencentes a ele, com ajuda de trabalho do mesmé modo a ele pertencente, em novo produto, que por direito também lhe pertence. O valor desse produto inclui: primeiro, o valor-dos meios de produgao consu- midos. © trabalho itil nao pode consumir esses meios de produgao sem transferir seu valor’ao novo produto; mas, para ser vendavel, a forca de trabalho tem de ser capaz de fomecer, no ramo industrial onde ela deve ser aplicada, trabalho ttil. 0 valor do nove produto ‘inclui, de resto: o equivalente do valor da forga de trabalho e uma mais-valia, precisamente porque o valor da forga de trabalho vendi- da por determinado perfodo de tempo, dia, semana etc., € menor do que’o valor * que seu uso cria durante esse tempo. O trabalhador, porém, recebeu em pagamen: to o valor de troca de sua forca de trabalho e, com isso, alienou seu valor de uso — como é 0 caso em toda,compra e venda. © fato de que essa mercadoria particular forga de trabalho, tenha 0 peculiar va- lor de uso de fornecer trabalho, portanto de criar valor, em nada pode alterar a lei * geral da producao de mercadorias. Se, portanto, a soma de valores adiantada em salrio n&o reapareee simplesmente no produto, mas reaparece aumentada de uma mais-valia, isso n&o provém de o vendedor ter sido logrado, pois ele recebeu 0 valor de sua mercadoria, mas.do consume desta pelo comprador. A lei do intercdmbio requer igualdade apenas para os valores de troca das mercadorias reciprocamente alienadas. Ela até mesmo exige, desde o principio, a diversidade de seus valores de uso’e nao tem absolutamente nada a ver com seu consumo, que somente comega depois de realizado 0 negécio. A transformagao original do dinheiro em capital realiza-se na mais perfeita har- monia com as leis econémicas da produgdo de mercadorias e com o direito de pro- priedade delas dérivado, Nao obstante, ela tem por resultadé: 1. que o produto pertence ao capitalista e ndo ao trabalhador; 2. que o valor desse produto, além do valor do capital adiaritado, inclui uma mais-valia, a qual custou trabalho ao trabalhador, mas nada ao capitalista, e que to- davia toma-se propriedade legitima deste; 3. que 6 trabalhador continuou a manter sua forga de trabalho e pode vendé- la de novo, caso.encontre comprador. is A reprodugao simples é apenas a repetig¢So periédica dessa primeira opera- co; cada vez, sempre de novo, dihheiro é transformado em capital. A lei nao é, portanto, violada, ao. contrario, ela abtém apenas a oportunidade de atuar perma- nentemente. “Plusiours échanges successifs n'ont fait du demier que le représentant du pre- mier"* (SISMONDI. Op. cit., p. 70.) * “Vérias trocas sucocsivas fazem do tikimo apenas o representante dé primeito.” (N. dos T.) i \ TRANSFORMACAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL 159 E, sem embargo, vimos que a reprodugéo simples basta para imprimir a essa primeira operdcéo — na medida em que {oi enfocada como epis6dio isolado — um carter totalmente modificado. “Parmi ceux qui se partagent le reveitu national, les uns” (os trabalhadores) "'y ac- quigrent chaque année un nouveau droit par un noveau travail, les autres” (os capita- listas) “y ont acquis antérieurement un droit permanent par un travail primitif.’”°" (SIS- MONDL Op. cit, p. 110-111.) Como se sabe, a area do trabalho nao é a tinica onde a primogenitura faz mi- lagres. . . i * Também nao importa se a reprodugao simples é substituida pela reproducao em escala ampliada, pela acumulacéo: Naquela, o capitalista esbanja toda a mais- valia; nesta, demonstra sua virlude burguesa pelo consumo de apenas uma parte e __a transformagao do resto em dinheiro. A mais-valia é sua propriedade, ela jamais pertenceu a outro. Se a adianta pa- ta a producao, ele faz,’ exatamente como no diavem que pela primeira vez pisou no mercado, adiantamentos de seu prdprio fundo. Que, dessa vez, esse fundo se origina do. trabalho n&o-pago de seus trabalhadotes, nao altera absolutamente na- da na coisa. Seo trabalhador B 6 ocupado com a mais-valia que o trabalhador A produziu, entéo, primeiro,A forneceu essa mais-valia sem que se tenha deduzido um real do justo prego de sua mercadoria, e, sequndo, B nao tem absolutamente nada a ver.com esse negocio. O que B exige ¢ tem direito de éxigit é que o capita- lista lhe pague o valor de sua forga de trabalho. : “Tous deux gagnaient encore; ouvrier parce qu'on lui avancait les fruits de son’ tra- vail” (deveria dizer: du travail gratuit d'autres ouvriers) “avant qu’il fat fait” (deveria dizer: avant que le’sien ait porté de fruit); “le maitre, parce que. le travail de cet ouvrier, valait plus que le salaire” (deveria dizer: produisait plus de valeur que celle de son sa- laire).** (SISMONDL Op. cit, p. 138.) 7 1 . .Todavia, a coisa assume figura inteiramente diferente se consideramos a pro- duc&o capitalista no fluxo jninterrupto de sua renovagao e se, em vez de lan¢armos 0 dlhar sobre o capitalista individual e 0 trabalhador individual, langamos sobre a totalidade, a classe capitalista e, diante delas, a classe trabalhadora. Mas com isso Sphaniames um padrao de medida que é totalmerite estranho a’ producao de mer- cadorias. Na produgdo de mercadorias defrontam-se apenas, independentes umn do, ou- tro, vendedor e comprador. Suas relacdes reciprocas chegam ao fim no dia de ven- . Cimento do contrato concluido entre eles. Se a transagao se repetir, sera em conse- qiiéncia de novo contrato, que ndo tem nada a ver com o anterior e no qual so- mente por acaso 0 mesmo comprador e o mesmo vendedor estaréo de novo reu- nidos. . Se a produgao de mercadorias ou um procedimento/a ela pertencente deve ser julgado segundo suas proprias leis econémicas, temos de considerar cada ato de intercambio por si mesriio, fora de qualquer con¢xaio com o ato de intercdmbio que o precedeu e com o que o segue. E visto que compras e vendas sao efetuadas ¥ “Ehire aqueies que repartem entre si a renda nacional, uns (os tabalhadores) “adquirem cada ano um novo dir to.a esta por melo de novo trabalho, cuttos” (os capitalisias) “4 adquisrem anterormente um direlto permanente por meio de um trabalho primitive.” (N. dos T. “* "0s dais ainda ganhavam: o trabalhadcr, porque the aclantaram os futbs de seu trabalho” (devera dies: do taba- Iho gratuto de outros tabalhadores) “antes que ele o fizesse" (deveria dizer antes que o dele tenha dado fruto). "o cempresirio, porque o trabalho desse tatalhador velia mals que seu selério™ (deverla diver, produsiu mais valor do ‘que o de scu saléro). (N. dos) —————————— 160 0 PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL apenas entre’ individuos isolados, ¢ inadmissivel procurar nelas relagdes entre clas- ses sociais inteiras. . Por mais longa que seja a seqtiéncia das reproducées periddicas e acurnula- ees precedentes pelas quais tenha pasado o capital que hoje funciona, este con- setva sempre sua virgindade orginal. Enquanto em cada ato de troca — considera- do isoladamente — so mantidas as leis do intercambio, 0, modo de apropriacao pode experimentar um revolucionamento total sem que seja afetado, de forma al- Guma, o direito de propriedade adequado a producao de mercadorias. Esse mes- mo diteito vigora tanto no infcio, quando 0 produto pertence ao produtor e este, trocando equivalent por equivalente, pode enriquecer apenas mediante seu pré- prio trabalho, como tambem no perfodo capitalista, em que a riqueza social em proporco sempre crescente torna-se propriedade daqueles que estao em condi- GOes de apropriar-se sempré de novo do trabalho ndo-pago de outros. a Esse resultado tomna-se inevitavel tao logo a forca de trabalho é vendida livre- i mente como mercadoria pelo proprio trabalhador. Mas também sé a partir de en- tdo géneraliza-se @ produgéio de mercadorias, que se tornia a forma tipica de produ. co; somente a partir de entao cada produto , desde o inicio, produzido pata a venda e toda a riqueza produzida passa pela circulacao. Somente entao, quando o trabalho assalariado. se torna sua base, a producdo de mercadorias impée-se a to- da a sociedade; mas também somente ento ela desenvolve todas as suas potencia~ lidades ocultas. Dizer que a interferéncia’ do trabalho assalariado falseia a producdo 7 de mercadoties significa dizer que a produgdo de mercadorias, para permanecer auténtica, ndo deve se desenvolver. Na mesma medida em que ela evolui, segun- do suas proprias leis imanentes, até se tomar producdo capitalista, as leis de pro- priedades inerentes & produgio de mercadorias se convertem em leis de. apropria- Go capitalista.”* 2 Viu-se que mesmo fa reproduc&o simples todo o capital: adiantado, como quer que tenha sido originalmente obtido, transforma-se em capital acumulado ou mais-valia capitalizada. Mas no fluxo da producao todo capital originalmente adian- tado torna-se em geral uma grandeza evanescente (magnitudo evanescens, em sen- tide matemético) comparado com o capital diretamente acumulado, isto é, a 'mais- - valia ou o mais-produto retransformado em capital, seja funcjonando nas maos de quem acumulou ou em maos alheias. A Economia Politica apresenta, por isso, 0 capital. em geral como “riqueza acumulada” (mais-valia ou renda transformada) “que é empregada de novo pata a producio de mais-valia””*° ou também o capita- lista como “‘possuidor do mais-produto”.*° O mesmo ponto de vista aparece ape- | nas sob outra forma na expresséo de que todo capital existente € juro acumulado ou capitalizado, pois o juro é uma simples fracéo da mais-valia.” : 2. Concepgao errénea da reprodugao em escala ampliada por parte da Economia Politica ‘ Antes de tratarmos de algumas determinagées mais pormenorizadas da acu- + ™ Admire-se a asticia de Proudhon, que quer eliminar a propriedade capitalsta, fazendo valer em contraposicdo'a a as ls etemas da propriedade da protucto de mercadoris, ® “Capital é riqueza acurnulada, empregada para se obter lucro.” (MALTHUS. Op. cit. [p. 262].) “Capital (...) consis te em riqueza eccnomizada da tenda e ulizada para @ obtencio de lucto." (JONES, R. Textbook of Lectures on the Palited Economy of Notions, Hertiord, 1862. p. 16) 25"Os possuidores do mats-produto ou capital” (The Source and Remedy of the National Dificultes. A Letter to Lord dotn sel Londres 1821, [5 4) 2 Capital, com os Jaros sobre ceda parte do capital poupado, apodere-se de tudo « tal porto, que toda a rqueza do treo gure € cbt 6 rrwormen hd mato tenpo en juros de capt" (Loe, Exonomist de 19 de Julhe de 18 : TRANSFORMAGAO DE MAISVALIA EM CAPITAL 161 mulag&o ou da retransformagio da mais-valia em capital, cumpre esclarecer uma ambigiiidade criada pela Economia cléssica. As nlercadorias que o capitalista compra com parte da mais-valia para seu pro- prio consumo nao the servem como meios de producio e valorizacao; ‘do mesmo modo, 0 trabalho que compra para satisiazer as suas necessidades naturais ¢ so- ciais nao é trabalho produtivo. Em vez de transformar por meio da compra dessas mercadorias e desse trabalho a mais-valia em capital, ele, a0 contrario, a consome ‘ou despende como renda: Em face da velha mentalidade aristocratica, que, como Hegel corretamente diz, “‘consiste no consumo do existente”>" e especificamente se expande também no luxo dos servicos pessoais, teve importincia decisiva para a Economia burguesa preconizar a acumulagao de capital como primeiro dever do cidadao e pregar de forma incansavel: nao se pode acumular, quando se come to- da a renda, em vez de gastar-se boa parte dela na contratagao de trabalhadores produtivos adicionais, que rendem mais do que custam. Por outro lado, a Econo- mia butguesa teve de'polemizar contra o preconceito popular, que ‘confunde pro- dugio capitalista com entesouramento” e, por isso, imagina que tiqueza acumula- » da seja riqueza que foi preservada da destruigéo em sua forma natural preexistente e, portanto, do consumo, ou seja, foi salva da circulacgao. Trancar o dinheiro para que no circule seria exatamente o contrétio de sua‘ valotizagdo como capital, e acumulag&o de mercadorias com sentido de entésouramento, mera loucura.”* Acu- mulagao de mercadorias em grandes quantidades @ 0 resultado de uma patalisa- 0 da circulagao ou de superprodugio.” E certo que corre na imaginagéo popu- lar, de um lado, 0 quadro dos bens acumulados no fundo de consumo dos ricos e que lentamente vao sendo consumidos; de outro lado, a formacéo de reservas, umn fendmeno que pertence a todos os modos de produg3o e no qual nos deteremos por um momento, na anélise do processo de circulagao. Até esse’ ponto, a Economia classica esté certa quandd realca o consumo do mais-produto por trabalhadores produtivos, em vez de por improdutivos, como momento caracteristico do processo de acumulagao. Entretanto, aqui comega’ tam- bém seu erro, A. Smith tornou moda representar a acumulagéo meramente como consumo do: mais-produto por trabalhadores produtivos ou a capitalizacio da mais-valia. com sua mera convers&p em forca de trabalho. Ougamos; por exemplo, Ricardo: , “Deve-se compreender que todos 0s produtos de um pais sao consumides, porém, faz a maior diferenca imagindvel saber se so consumidos por aqueles que reprodu- zem outro valor, ou por aqueles que nao 0 reproduzem, Quando dizemos que a renda & poupada @ adicionada ao capital, isso significa que a parte da renda da qual se diz ter sido Adicionada ao capital € consumida por trabalhadores produtivos, em vez de por trabalhadores improdutivos. Néo existe maior erro que o de supor que o capital 6 aumentado pelongo-consumo”. % "Nenhum economist poltico pode, hoje em dia, entender por poupar apenas entesourar: ¢ abstraindo esse proced- ‘mento resumido ¢ insufcenie, nao se pode imagina: nenhum outio uso pare essa expressto, em rlagSo &riqueza na Cconal, que ndo aquele que deve provir dos dversos usos da poupance e que se base numa diferencagio real ene as diferentes especies de tabalho que s80 mantis por ela" (MALTHUS. Op. et, p, 38-39.) 28 fissim em Baliac, que estadou Wo proturoment todos 0s matzes da avaresa, 0 veho avarento Gobseck J se tor spuilnindecusnd> come oma: psa um eso de maa untae ““Acumulagdo de capita (..)exsaqdo do intercdmbio(.) superprodugso.” (CORBET, Th. Op. cit, p. 104, 50 RICARDG, Op. et, p. 163, nota, aaa’: eee) 5* HEGEL, Grundiinien der Philosophie des Rechts, ecler Noturecht und Staatewissenschaft im Grundrisse, Berlin, 1840, § 208, adendo. (N. da Ed. Alera: 162 ‘© PROCESSO DE ACUMULACAO DO CAPITAL N&o existe"maior ero do que o de A..Smith, que Ricardo e todos os econo- mistas subseqiientes repetem se pensar, que: “a. parte da renda, da qual se diz ter sido adicionada ao capital, é consumida’ por traba- thadores produtivos” Segundo essa’ concepeao, toda mais-valia que é transformada em capital tor- nar-se-ia capital varidvel. Ela se reparte, ao contrario, como valor original adianta- do, em capital constante e capital varivel, em meios de produgao e forga de traba- Iho. Forca de trabalho é a forma em que 0 capital varidvel existe dentro do proces- so de produgdo. Nesse processo, ela mesma é consumida pelo capitalista. Ela con- some, por intermédio de sua fungéo — o trabalho —- meios de produgio.. Ao mes- mo tempo, o dihheiro pago na compra da forga de trabalho transforma-se em meios de subsisténcia, que so corstimidos nao pelo “trabalho produtivo”, mas pe- lo “trabalhador produtivo”. A. Sinith chega, por. uma anélise basicamente equivo- cada, ao resultado absurdo de que, ainda que todo capital individual se decompo- nha em parte-constante e parte varidvel, 0 capital social se compée somente de ca- pital varidvel ou é.gasto apenas em pagamento de salérios. Um fabricante-de pa- nos, por exemplo, transforma’2 mil libras esterlinas em capital. Ele aplica parte do dinheiro na compra de tecelées e parte na de fios de 14, maquinaria para processar 1 etc. As pessoas, porém, das quais ele compra os fios e a maquinaria, pagam de novo com parte do dinheiro obtido, trabalho etc., até que todas as 2 mil libras ester- linas s¢jam gastas no pagamenio de salarios ou até que todo o produto representa- do pelas 2 mil libras esterlinas seja consurnido por trabalhadores produtivos. Vé-se: todo 0 peso desse arqumento esta na palavra “etc.”, que nos remete de Péncio até Pilatos. Na realidade, A. Smith interrompe a investigacao justamente onde co- mega sua dificuldade. Enquanto nos fixamos apenas-no fundo da producao anual, 0 processo de re- \produg&o anual é facil de compreender. Mas todos os componentes da produgdo anual tém de ser levados ao mercado, e af comeca a dificuldade. Os movimentos dos capitais individuais e das rendas pessoais cruzam-se, misturam-se, perdem-se numa troca geral de posic&o — a circulagao da riqueza social — que confunde a vi- $80 € propde a investigacao tarefas muito complicadas para resolver. Na Secdo Il do Livro Segundo farei a andlise das verdadeiras conexdes, — O grande mérito dos fisiocratas é terem feito, em seu Tableau Economique, pela primeira vez a ten- tativa de dat um quadro da producao anual com a estrutura que tem ao sair da cireulagao. 31 Apesar de sua “logica”, o Se. J. St Mill nfo ana nunca com a felha de tal anilise errénea de seus antecessores, 0 qual mesmo dentro do herizonte burguds, do ponto de vista puramente profesional, clama por comesSo. Por toda par- 4, rogistra com dogmatismo de discipulo a confusio de pensamanio de sous ests. Aqui também: “isto a longo > prazo, 9 capital dsslve.se totamenta em salfri, @ quando & reposto pela venda do produto, comere-s¢ de nove em salto.” ‘ 2A. Smith, na representago do processo de teproduio e, portanto, também no da acumulacio, nfo s6 néo fez, em ‘Vatios sentidos, nenhum proaresso, mas retrocessos decisivos em comparago com seus antecessores, ou seja, os fisio- crates. Relacionado com aquela sia fungéo menconada no texto esié o doama verdadeiramente fabuloso, por ee le- ado 8 Economia Falta, de que o prea das mecadeis ¢ ormado por slo, lucro (uto) ¢ enc da tera, asim, pois, exclusivamente por salétio e maisvalia, Partindo dessa base, Storch, pelo menos, confessa ingenuamente: “E im- [possivel decompor prego nezessério em seus elementos mais simples". (STORCH: Op. ci., Peterburgo, ed. 1815. t. Up. 141, nota.) Uma bela ciéncia, econdmica que declare ser impossivel decompor 0 prego das mercadorias em seus clementos mais simples! Mas pormenctes sobre sso enconrar-se-60 na Soyo Ill do Liwo Segundo e na Sexo Vil Ferceto. © 0 fisowraia Quosnay empreendeu em sev exqito Tableau Economique, em 1758, pela pimein ver, a tentava de tama represontagSosequomitin da reprodugso'« cteulgio do, cpitl ocil globe. Mork utlizou 8 disso: QUES. NAY, F Anelyse du Tableau Economique (1768) em Phisoowtes .. par Eugine Dair, Pacte Pimeis, 1846, Mar ta- ta minuciosamente do Table Economique em Theorien usber den Mehnset, Parts Primera, cap. Vi no cap. Xa Parte Segunda do livo de Enge's Anti-Duehring, escrito por ole, e em O Capital, v. I, cap. XIX. (N. da Ed. Alerns.) j TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL, 163 De resto, entende-se por si mesmo que a Economia Politica, no‘ interesse da classe cepitalista, néio deixou de explorar a proposigéio de A. Smith; que toda a parte do produto liquido transformada em capital é consumida pela classe trabalhadora. 3. Reparticao da mais-valia em capital'e renda. A teoria da , abstinéncia No capitulo anterior consideramos a mais-valia, respectivamente o mai: produ- to, apenas como fundo de consumo individual do capitalista, neste capitulo, até aqui, apenas como fundo de acumulagéo. Entretanto, ela nao é apenas um ou ape- nas © outro, mas sim ambos ao mesmo tempo. Parte da mais-valia € consumida elo capitalista como rénda,® parte 6 aplicada como capital ou acumulada, Com uma massa de mais-valia dada, uma dessas partes é tanto maior quanto menor for'a outra. Permanecendo iguais as. demais circunstancias, é a Proporgaio em que'se realza essa partilha que determina a grandeza da acumulagio. Mas quem procede a essa partilha é 0 proprietario.da mais-valia, o capitalista. Ela 6, Portanto, um ato de sua vontade. Da parte do: tributo por ele recolhido, que ele” acumula, diz-se que a poupa, porque nao a consome, isto é, porque exerce sua fungao de capitalista, a saber, a fungao de se enriquecer. Apenas na medida em que é capital personificado, tem 0 capitalista valor histé- Tico ¢ aquele ‘direito histérico existéncia que, como diz o espirituoso Lichnowski, nenhuma data tem.” Somente nessa medida sua propria necessidade transitoria es- ta embutida na necessidade transit6ria ‘do modo de producdo capitalista. Mas, nes- sa medida, também nao é 0 valor de uso a satisfagao, mas o valor de troca e sua multiplicagao o mével de sua ago. Como fanético da valorizagao do valor, ele for- g@ sem nenhum escrdpulo a humanidade a producdo pela producio ¢, portanto, a um desenvolvimento das’ forcas produtivas sociais e A criaggo de condigées mate- tiais de produgao, que-sio as Gnicas que podem constituir a base eal de uma for- ma de sociedade mais elevada, cujo principio basico 6 o desenvolvimento livre e pleno de cada individuo. Apenas como Personificagao do capital, o-capitalista é res- peitavel. Como tal, ele partilha com 0 -entesourador o instinto absolut do enrique- cimento. O que neste, porém, aparece como mania individual, é“no capitalista efci- to do mecanismo social, do qual ele 6 apenas uma engrenagem. Além disso, o de- senvolvimento da produc&o capitalista faz do continuo aumento do capital investi- do. numa empresa industrial uma necessidade e.a concorréncia impde a todo capi- talista individual as leis imanentes do modo de producao capitalista como leis coer- citivas externas. Obriga-o a ampliar seu capital continuamente para conserva-lo, e amplié-lo ele s6 0 pode mediante acumulacao progressiva. Na medida em que sua agao e omissdo sd apenas fungdes do capital que ne- le € dotado de vontade e consciéncia, seu préprio consumo privado constitui para- % 0 litor notaré que a palavra revenue é usida em duplo sentido. primeito, para desinar a male-valia como iruto que brote periodizamente do capital, , sequndo, pare desigar a parte desse frulo que’ capialisin perodicamente consome ou que ¢ adicionada a seu fundo de consumo, Eu manienho este duplo sentido, pois ele se harmoniaa com 2 termhologa usada pelos economists ingleses e franceses 7.0 lailundario reacionério siesiano Lichnowskl tomou a palavra em 31 de agosto de 1848, na Ascembléia Nacional de Frankfurt, © pronunciou-se contra 0 direto hisirico de Polénia a uma existénda independente. Para isso, ee ull zou véris vezes es polavias ctadas acima, & uals os presentes responderam todas as vezes com grandes gavgalhe. des. Essa cena cémica foi em sua époce reproduaida por Manx e Engels no jornal Neue Rheinische Zeltung.(N. da Ee. Alms.) 164 © FROCESSO DE ACUMULAGAQ DO CAPITAL ele um roubo contra a acumulacao de seu capital, da mesma forma que na contabi- lidade italiana os gastos privados figuram na coluna de débito do capitalista contra © capital. A acumulagéo é conquista do mundo da riqueza social. Ela estende ao mesmo tempo a massa de material humano explorado e o dominio direto e indire- to do capitalista.%* Mas 0 pecado original atua em toda parte. Com o desenvolvimento do modo. de producdo capitalista, da acumulacdo e da ‘iqueza, o capitalista deixa de ser me- Ta encamacao do capital. Ele sente um “enternecimento humano’® por seu pré- prio Ad&o ¢ torna-se téo culto que chega.a ridicularizar a paixdo pela ascese, corno preconceito do entesourador arcaico{ Enquanto o capitalista cldssico estigmatiza o consumo individual como pecado contra sua fung&o e “abstinéncia” da acumula- ¢40, © capitalista modemo é tapaz de conceber a acumulagio como “rentincia” a seu instinto.do prazer. nih vam reel re cteaianaicamausninnitfe ~“Duas almas meram, ah! em seu peito, ¢ uma deseja separar-se da outral”””” Nos prim6rdios historicos do modo de’ produco capitalista — e cada parvenu capitalista percorre individualmente essa fase — predomina a sede de riqueza e a avareza como paixées absolutas. Mas o progresso da produc&o capitalista nao, cria apenas um mundo de prazeres. Ele abre, com a especulacao e o sistema de crédito milhares de fontes de stibito enriquecimento. Em certo nivel de desenvolvimento, um grau convencional de esbanjamento, que é ao mesmo tempo ostentagao de ri- queza e, portanto, meio de obter crédito, toma-se até tma necessidade do negécio para o “infeliz” capitalista. O luxo entra nos custos de representagéio do capital. Além do mais, 0 capitalisia nao se enriquece, como o entesourador, em proporcao a seu trabalho pessoal e seu ndo-consumo pessoal, mas na medida em que ele ex- trai forga de trabalho alheia e impde ao trabalhador a rentincia a todos os prazeres da vida. Se bem que, por isso, o esbanjamento do capitalista nfo possufa nunca o % Na forma arcaica, embora sempre reiovada, do cepitlista, ou seja, © usundrio, Lutero lista muito bem a busca do poder como elemento da sede por riquezs, "Os pagioe puderam deduse, pela ro, que um usuréro exe umm quédiu- plo ladrSo e assassino, Mas ns cistios os manfemos em tSo henrose conia que quase os adoremos por seu dinhelra, (.) Quem extra, rouba e furta 0 almento de cutto, comeie um assassinato tip grande (no que lhe toca) como aquele aque deixa alguém morter de fore e 0 arruina por completo. Iso faz, porém, 0 usuiréro, enguanto fica centado tang lamente em sua cadeira, quando deveria estar pendurado de uma forca e comido por tantos corvos quantos foster os florins por ele roubados, desde que tivesse came sufcierte cue tantes corvor pudessem fazéla om podagcs ¢ repart la entre si Em lugar disso, enforcam-se os pequenos ladrées (..) Pequenos ladrdes fica prosos no cepo, os ladies gandes se pavoneiam em ouro ¢ seda.(..) Néo hé, assim, neahum inimigo maler do homem sobre a Terra (depots do demério) do que 0 avarento cu o usurdto, pois ele quer ser Deus sobre todos os homens. Turcos, guerrero, tra ‘nos s80 também homens malignos, mas estes tém de deixar a genie viver e de confessar que s&0 malgnos e inimigos E podem, até precisam, de vez em quando apiedar-se de alguns. Mas um usurériae avatento, este desea que todo ‘mundo perega de fome e de sede, de tisteza e miséria, no que Ihe conceme, pos ele quer tudo s6 para si € que todos recowram a de como a um Deus e se tornem etemamente seus serves, Vesiem mantos, crrentes de ouo, anéis, lim: por a boca e, fazem-se gboiicer ¢ passar por homens bons e virtuosos. (..) A usura é um grande e ferrfvel monsto, camo um lobisomem que devasta do, mais do que Caco, Gerido ou Anizu. E se enflia loco e quer passar por ple ddoso, pare que ninguéi descubra dade foram parar os bols qve ele leva recuendo para seu antro. Mas Hercules hi de ov ca gos dos tose ds psonelio ebuscrd a Caco ene a3 rochs eeubradas Mberaré os bot do pet ‘verso, Pois chama.se de Caco um perverse, que € um usuréro virtuoso, que 1ouba, furla ¢ devora tudo. E deseja pas: sar como se nfo fvazze feo nada, e penss que ninguém o descobiiré, porque os bols puxados por trés para seu ano cdetxam sirais e pegadas como se tvessem sido sollos. Portanto © usurdrio quer enganet 0 mundo, como se fosse dl ¢ ddesse bois 20 mundo, enquanto os toma 6 para sie os devora,(..) E assim como se submetem oo suplicio da tod e se decapitam, os assaltantes de estada, os astassinns @ os ladrées, com muito mols vaio todes oa usurétios deveriam passer pela moda e ser morte (..) expulses, amaldigoados e decapitedos. (LUTHER, Martin. An che Pforrherm wider den Wucher au predigen. Vermanura, Wittenberg, 1540.) Ver a nota 6 & neta 96 do Cap. Il, (v. 1, t. 1, p. 113). (N. do T.) 3 © SCHILLER Die Buerggchaf. (N. da Ed. Alem) 5 * Citacd0 modifiada do Fousto de Goethé. Parte Piimoira, “Ets Frente da Porta da Cidad®". (N. da Ed. Alera.) ss TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL, 165 carater de bona fide'® do esbanjaménto do prédigo senhor feudal, pois no fundo espreita sempre a mais suja avareza e o célculo mais angustioso, seu esbanjamento cresce, contudo, com sua acumulagéo, sem que um precise prejudicar a outra. Com isso desenvolve-se, ao mesmo tempo, no coracdo do capitalista um conflito faustico entre 0 impulso a acumular e o instinto do prazer. “A industria de Manchester”, diz-se num esctito publicado pelo Dr. Aikin, em 1795, “pode ser dividida em quatro periodos. No priméiro, os fabricantes eram forgados a trabalhar duro por seu sustento.” ag Eles enriqueceram-se particularménte furtando os pais que lhes mandavam os filhos como apprentices (aptendizes) e para isso tinham de pagar pesadamente, en- quanto os aprendizes eram estaimados. Por outro lado, os lucros médios eram bai- Xos € a acumulacao exigia grande economia. Eles viviam como entesouradores e nao consumiam sequer os juros de sou capital. “No segundo periodo, eles comegaram a adquitir pequenas fortunas, mas trabalha- vam assim mesmio tao duramente como antes”, pois a exploracéo direta do trabalho custa trabalho, como tédo feitor de escravos sabe, “e viviam, depois como antes, no mesmo estilo frugal, (..) No terceito perfodo comecou 0 luxo e 0 negécio foi ampliado mediante © envio de cavaleiros" (berittenen Commis voyageurs*'”) “‘para receber or- dens ‘em cada cidade mercaniil do reino. E provavel que poucos capitais, ou mesmo nenhum, de 3 mil até 4 mil libras esterlinas, adquiridos na indiistria, existissem antes, ce 1690. Por esse tempo, porém, ou talvez um pouco mais tarde, os industrials 4 ti- nham acumulado dinheiro e comegaram a construir casas de peda, em vez de madei- rae argamassa. (..) Ainda nos primeiros decénios do século XVIli, um fabricante de Manchester que servisse @ seus héspedes um jarro de vinho estrangeiro expunha-se 0s comentérios e ao menear de cabeca de todos os seus vizinhos.”” Antes do aparecimento da maquinaria, 0 consumo noturno dos fabricantes nas tabernas, onde se reuniam, nunca excedia.6 pence para um copo de ponche e 1 péni para um rolo de tabaco. Somente em 1758, e isso fez época, viu-se “uma pesséa realmente engajada no negécio com sua prépria cariagem. O quarto Perfodo”, o titimo terco do século XVIII, “6 o de grande luxo ¢ esbanjamento, apoia. dos pela ampliagio do negécio"” Que diria © bom Dr, Aikin, se ressuscitasse hoje em Manchester! Acumulai, acumulail Isso é Moisés e os profetas!'”* “A indistria fomece 0 material que a poupanca acumula.”36 Portanto, poupai, poupai, isto , retransformai a maior parte possivel da mais- valia ou do mais-produto em capitall A acumulacéo pela acumulacao, produgdo TgaktN: Dt. Desrption ofthe County jrom 30 to 40 Miles round Manchester. Londres, 1796, p, (181) 182 et seq. SStlTHL A. Op. et, ta Segundo, Cap. Il, p. 367, 4° De bow fé (N. dos) 1 Catpeizosvisjantes a cavalo, (N, dos 7.) 12 Gagunde 2 antiga legenda cists, os ures do Velho Tesamento da Biba foram estos pot Mosés e arande ntime- ro de proletas Os cinco lwros de Moisés, em espectl, consttuem a Lel, na relgao judaice, Marx empcega aqul essa expressio no tentdo: eso 6 o principal! bso 0 mandamento mass importaniel (N-da Ea. Alems ) ie ns 166 0 PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL z pela producao, nessa formula a Economia classica expressou a vocacao historica do periodo burgués. Ela ndo se enganou em nenhum momento sobre as dores do . Nascimento da riqueza,*” mas para que serve @ lamentac&o diante de uma necessi- dade historica? Se para a Economia classica o proletario € apenas uma maquina para a produgao de mais-valia, o capitalista vale para ela também apenas como uma maquina para a transformagio dessa mais-valia em mais-capital. Ela toma sua fung&o historica amargamente a sério. Para exorrizar 0 desgracado conflito:entre o instinto do prazer e a sede de riqueza, que Ihe corta 0 coracao, Malthus defendia, no comego dos anos 20 deste século, uma divisao do trabalho que airibui ao capi- talista realmente engajado na producao o negocio de acumulacao, aos outros parti- cipantes da mais-valia, a aristocracia rural, os prebendados' do Estado, da Igreja ‘etc, © negécio do esbanjamento. E da maior importancia, diz ele, “manter-se separadas a paixo pelo gasto ¢ a paixdo pela acumulagio" (the passion ' for expenditure and the passion for accumulation) ® Qs senhores capitalistas, ha muito transformados em gozadores e homens do murido, ‘protestaram. O quél, exclamou um de seus porta-vozes, um ricardiano, o Sr, Malthus prega alias rendas da terra, altos impostos etc., para que os industriais sejam continuamente esporeados pelos consumidores improdutivos! "Por certo, pro- dug&o, producao em escala sempre mais ampliada, é a palavra-de-ordem mas “a producdo mediante. tal processo sera mais obstrufda do que incentivada. Nem é muito justo (nor is it quite fair) manter na ociosidade certo ntimero de pessoas, apenas para pressionar outras, de cujo, cardter pode-se concluir (who are likely, from their ca- racters) que se fosse'possivel forg4-las a funcionar, funcionariam com sucesso”’.2? justo que ele ache. aguilhoar o capitalista industrial A acumulago, ti- , tando-lhe a manteiga do pao, tio necessétio lhe parece limitar o salério do traba- Ihador ao minimo possivel, “para manté-lo laborioso”. Também nao oculta, em nenhum momento, que a aptopriacao de trabalho nao-pago é 0 segredo da’ extra So de mais-valia. : “A demanda ampliada por parte dos trabalhadores nada mais significa que sua dis- osigSo para tomar, menos para si mesmos de seu prdprio produto e para deixar uma parte maior para seus empregadores, e quando se diz que isso, mediante a reducio do consumo” (por parte dos trabalhadores) “‘acarreta glut” (saturaco do mercado, su- perproducao), “posso apenas responder que glut é sinénimo de luctos altos." : . _ A erudita controvérsia sobre 0. modo mais proficuo para a acumulacao distri- \ buir, entre o:capitalista industrial e 0 ociosa proprietario de terras etc., o butim:ex- traido do trabalhador emudecou em face da Revolugio de Julho. Logo apés, 0 proletariado urbano tocou 0 sino de alarme'em Lyon e o proletariado rural come- cou na Inglaterra a atear fogo em fazendas. ‘Desse lado do canal, grassava 0, owe- sO) proRr Jc B Say ds: As poupancas dos ress, ts 8 cust doxpabres"*"0 politi romano via qua S lnteramente & custa da sociedade. (..) Poder-seda dizer que a sociedade modema vive & cusia dos proketérios, da [ate que eb thes tra ca rermuneragdo do tabalno”,(SISMONDI, Etudes et. p24) ; MALTHUS. Op. ct, p. 319-20, 2 Ain Inquiry into those Principles Respecting the Nature of Demand et. p. 67. #10p. et, p. 59. °SAY, JB, Trité d Economie Potique: 8. Ed, Pars, 1826, v, 1, p. 130-131. (N. da Ed Alera.) TRANSFORMAGAO DE NAIS.VALIA FM CAPITAL, 167 nismo, do outro lado, o saint-simonismo e o fourierismo, A hora da Economia vul- ger tinha soado, Justamente um ano antes de descobrir, em Manchester, que o lu- cro do capital (inclusive juros) é produto da “‘ilfima décima segunda hora de traba- tho” n&io-paga, Nassau W. Senior anunciou ao mundo outra descoberta. “Eu”, disse ele solenemente, ‘substitu a palavra capital, considerado como instru mento de produgao, pela palavra abstinéncia.""#* Uma insuperavel_améstra essa das “descobertas” da Economia vulgar. Ela substitui uma categoria econémica por uma frase sicofanta. Voilé tout, > “Quando © selvagem”, pontifica Senior, “fabrica arcos, exerce uma indistria, mas no pratica a abstinéncia.” Isso nos explica como e por que nas condigées sociais pretéritas, “sem a absti- néncia” do capitalista, foram fabricados instrumentos de trabalho. “Quanto mais a sociedade progride, tanto mais abstinéncia ela exige”,“* a saber, por parte daqueles que exercem a indiistria de se apropriar da inddstria alheia e do produto desta. Todas as condigdes do processo de: trabalho ‘transfor- mam-se de agora em diante em outras tantas praticas,de abstinéncia do capitalista. Que o 'trigo nao seja apenas comido, mas também semeado, abstinéncia do capita- lista! Que © vinho obtenha o tempo para terminar de fermentat, abstinéncia do ca- pitalistal*® O capitalista rouba a seu proprio Adao, quando “empresta ao trabalha- dor os instrumentos de producao” (!), alids, mediante incorporagao de forga de tra- balho, os valoriza como capital, em vez de comer méquinas a vapor, algodao, es- + SENIOR. Prnaples Fondamentaug de 'Econ. Pol. Trad. Anivabene, Pars, 1836. p. 309, Para os partdétios da ant- 1 escola clisica iso passou da medida. “O Sr. Senior substitu as expresses trabalho e capital pelas expressbes ta- foalho e ebsinénda. (..) Abstinéncie € mera negegao. Néo é a abstingncia, mas 0 uso do cepita produtivamente pregado que consti! « fonte doduao.” (CAZENOVE, John. Op. ct, p. 130, nota.) O St. J. St Mil, ao eonixéro, re- produ, por um lado, 2 teoria do Iucro de Ricardo e enexa, por oulko, a remuneration of dbstinence.de Senior. Por ‘hela que Ihe seja a “contradic” hegeliana, a fonte geradera de toda a dialétiza, tanto als versado.cle & em cont ees tv ‘Adendo & 2° edigSo, Ao economista vulgar nfo occrru jamale a simples rallexto de que toda ago humana pode ser coneebida como “ubsindneia” de seu cantéro. Comer & abstintnda de jetae, andar & abitinénca de estar para. do, trabalhar 6 abstnénca de folgar, flor abstinéncia de tabalhar ete. Os senhores fariem bem se mecitassem ma ‘vez sobre essa proposicSo de Espinosa: Deierminatio est negation © SENOR. Op. ct. p. 342-348, © "Nenhum ser huimano (..) por exemplo, semearé seu igo e o deixaré far um ano embaixo da tena’ ou quardaré seu vitho por anos na adega, em vez de coasumir Imediatamente essas coisas ou seus equvalentes (..) se no espera ‘bter um valor adcional etc.” (SCROPE. Pol. Econom. Ed. 6e A. Poter, Nova York, 1841, p. 133.) 4 Bemuneasto do abstinent (N- dos) A férmula determinatio est negatio (determinagBo & negogdo) encontte-se numa carta de Espinosa a urn ndo-nomine- da, 2 de unho Se 167 (ver » Conespondencn Se rach se Capon, eats 90, onde € ns no sender marta ‘ott determinacio 6 negagso. A {Srmula omnis déterminetio eat negatio e sua interpretagSo no sentido de que “toda de- terminagSo é a negaglo" encontramos nas obras de Hegel, mediante ar quale casa expresso tleangou ample divulge. ‘do. (Ver: Enzsklopoedte der philosophischen Wisserschofter. Parte Primera, § 91, adendo; Die Wisserschaft der Lo. dik. Livro Primeiro, Parte Primeira. Cap. Il “b. Qualitaet": Verlesungen ueber die Geschichte der Philocophic. Parte Piimeira, Seco, Cap. |, pardgrafo sobre Parménides))(N. da Ed. Alem} “Aqui & mencidnedo 0 iivto de Potter Poltcal Economy: ts Objects. Uses, and Principles. Nova York 1841 Como se depreende da intiodusio, grande pate do iyro é em essércia uma cépia' dos dez primeros capstulos do escito de Sctope, Principles of Folica! Economy, que foi publcado ne Ingatera em 1883, Pete eletion eq aguas altea (es. (N. da Ed. Alem.) NI bee 168 O PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL Z tradas de ferro, esterco, animais de trag&o etc. ou, como 9 economista vulgar infan- tilmente imagina, de dissipar “seu valor’ em luxos e outros meios de consumo.* Como a classe capitalista deva cometer isso é até’ aqui um segredo teimosamente guardado pela Economia vulgar. Basta, 0 mundo vive somente da automortifica- cao desse maderno penitente de Vixnu, 0 capitalista. Nao apenas a acumulacao,, também a simples “manutencdo de um capital exige um esforgo Constante para resist tentacio de co- méo”.® +E preciso pois, por simples humanidade, libertar o capitalista-desse martitio tentacdo, do mesmo modo que {oi recentemente libertado, pela abolicéo da escra- vatura, 0 senhor de escravos georgiano do doloroso dilema de dissipar em champa- nha tado.o mais-produto extraido a chicote dos escravos negros ou de retransfor- mé-lo parcialmente em mais negros e mais ters. ‘ Nas mais diversas formagées sécio-econdmias indo apenas tem lugar reprodu- (&o simples, mas, embora em diferente medida, feproducéo’ em escala. ampliada. Produz-se progressivamente mais e se consome mais e, portanto, mais produto é transformado em meios de produgio, Esse proceso, contudo, ‘nao se apresenta co- mo acumulagao de capital e, por conseguinte, também nao como fung&o do capita- lista, enquanto os meios de producao do trabalhador e portanto também seu pr duto e seus meios de subsisténcia nao se confrontam com ele sob a forma de capi- tal Richard Jones, falecido ha alguns anos, sucessor de Malthus a cadeira de Economia Politica na Universidade de Haileybury, nas Indias Orientais, discute isso bem a partir de dois importantes fatos. Como a maior parte do povo da India é composta por camponeses que produzem autonomamente seu produto, seus meias de trabalho e de subsisténcia nunca existem “sob a forma (in the shape) de um fundo que ¢ poupado de renda alheia (saved from Revenue), e que portanto percorreu um processo prévio de acumulacao (a previous process of acumulation)""*” = Por outro 'lado, os trabalhadores nao-agricolas.nas provincias onde o dominio inglés dissolveu em menor grau o velho ‘sistema sao ocupados diretamente pelos grandes, para os quais flui, com> tributo ou renda da terra, uma porcgéo do mais- produto rural, Parte desse’ produtu -. .- -sumida in natura pelos grandes, parte é \ 4 "A privacto que o capialista se impbe, ao ampresiar seus melos de produ ao trabalhador" (esse eufemismo 6 ut laado para, de acordo com a provada mnie da Economia wlgar,identicar 0 trabalhador assalariado, explocaco pelo capltaista industesl, com 0 mesmo capitaista industial, que toma dinheiro emprestado ao capiaista prestarista) “em ez de dat seu valor no seu prio ws, tarsfomando-s em objeto els ou andes (MOLINARL G. de, cit, ‘© “Lis conservation d'un capital exige ..) un effort (..) constant pour resister la tentation de le consomme.”* (COUR- ELL E-SENEUIL. Traité Théorique et Protque des Entreprises Industries, Pets, 1857. p. 20.) “6A, classes de rend partculares que mals contituem ao progresso do capil nacional varlam segundo os eiferen- ~ Mvels de seu desenwoWimento ¢ 540, por conseguinte, totalmente diferentes em nagies que ocupam diferentes po- ' esse desenwolvimenta.(..) Lucros (..) fonte de acumulagdo sem importancia, em comparagéo aos salrios & vide nas foses anteriores da Sociedade. (.) Quando tem lugar, de fato, um consideravelincremento. mas fogas da sta naonal, os lvetos edquirer importéncia comparativamente mafot como fonte de acumulagio."" JONES, Re ‘ard, Testbook ete. p. 16,21.) FOp. cit, p36 et. segs. (84. do FE sigdo. — Aqui se trata possivelmente de um equivoco, pois © trecho no foi encontra- “Aconservagéo de um capital exige .]um esforg ..)constante para ress enfaglo de constimido.” (N. dos.) TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL ‘169 transformada para eles em artigos de luxo e demais meios de consumo pelos traba- Ihadores, enquanto o restante constitui o saldrio dos trabalhaddres, que s&o pro- prietarios de seus instrumentos de trabalho. Producao e reprodugao em escala am- _ pliada seguem aqui seu curso, sem nenhuma interferéncia desse santo milagroso, desse cavaleiro da tiiste figura, 0 capitalista “abstinent”, 4. Circunstancias que, independentemente da divisao proporcional da mais-valia em capital e renda, determinam 0 volume da acumulagao: grau de exploragao da forca de trabalho — forca produtiva do trabalho — diferenga crescente entre capital aplicado e capital consumido — grandeza do capital adiantado Pressuposta como dada a proporcéo em que a mais-valia se divide em capital e renda, a grandeza. do capital acumulado reger-se-4 evidentemente pela grandeza absoluta da mais-valia. Supondo-se que 80% sejam capitalizados ¢ 20% consumi- dos, © capital acumulado seré de 2 400 libras-esterlinas ou de 1 200 libras ester nas, conforme a mais-valia total tenha sido ‘de 3 mil ou 1500 libras esterlinas, Por conseguinte, todas as circunsténcids que determinam a massa da mais-valia partici- © pam na determinagéo da grandeza da acumulagao. Resumimo-las aqui de novo, mas somente na medida em que nos oferecam novos pontos de vista em telacéo 4 acumulagio. Recordar-se-a que a taxa de mais-valia, em primeira insténcia, depende do giau de exploracao da forca de trabalho. A Economia Politica atribui tanta impor- tancia a esse papel, que ocasionalmente identifica a aceleraggo da acumulacdo pe- la elevacao da fora produtiva do trabalho com sua aceleragio mediante elevagéo da exploracao do trabalhador.** Nas secdes sobre a producao de mais-valia, foi su- posto constantemente que o salério era pelo menos igual ao valor da forga de tra- balho. A redugao forgada do salario abaixo desse valor desempenha, contudo, no movimento pratico, papel demasiadamente impariante para que nao nos detenha- mos nela por um momento. Essa redugao transforma, de fato, dentro de certos li. mites, o fundo necessario de consumo do trabalhador em um fundo de acumula- ¢&o de capital. “'Salatios’’, diz d. St. Mill, “no t@m forca produtiva; eles sao 0 prego de uma forca produtiva; saldrios nao contribuem, ao lado do préprio trabalho, para a produgéo de mercadorias, tampouco o préco da propria maquinatia. Se trabalho pudesse ser obti- do sem compra, os'salétios seriam supérlluos,”"? Se os trabalhadores, porém, pudessem viver do ar, ndo seria possivel compra- los por nenhum prego, O seu ndo-custo é portanto um limite em sentido matemati- co, sempre inalcangével, ainda que sempre aproximével. E constante tendéncia do capital rebaixar os trabalhadores a esse nivel niilista. Um escritor do século XVIII, freqiientemente citado por mim, o autor do Essay on Trade and Commerce, trai o segredo mais intimo da alma. do capital inglés, quando declara como missao vital 4 Rao dr: im dies egos dm odad n samo do capil oy dog not de ere be” (sto & de explorélo)"'€ ria ou menos répida tem, em todos os cases, de depender das jas do tra ao. Ar forges produvas do tabalhe so, em gers mares orde eniteebundini de temas feta. Se nessa Kase 13 forges produtvas do tobstho sgnifcarem a pequenes da pate alfquots de cada prodoto que eabe aquelescxjo tra tatho manual © prodiz, » fase ¢ tauolégiea, pos a parts ean é 0 fundo do qua, se seu propratirio o user if the ouner plese), pode ser acumuiads capital Nas, em ger, esse nfo 6 0 caso onde a terra 6 mais fet” (Observo- tion on Certain Verb! Disputes oe. p. 74.) 1 MILLS. JSt Esseys on some Unsettled Questions of Polt. Econemy. Londres, 1844. p. 90.91) * 170 © PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL histérica da Inglaterra rebaixar o salario inglés ao nivel do francés e do holandés.°° Ele diz ingenuamente, entre outras coisas: “Mas se nossos pobres’” (expressdo artistica para trabalhadores) “‘desejam viver Wu- xuosamente (...), seu trabalho tem naturalmente de ser caro. (...) Basta considerar a horripilante massa de coisas supériluas (heap of superfluities) que nossos trabalhado- es manufatureiros consomem, como, aguardente, gin, ché, agticar, frutas estrangeiras, cerveja forte, linhos estampados, rapé e furno etc”. Ele cita 9 escrito de’ um, fabricante de Northamptonshire que, com os olhos em direg&o aos céus, lamenta: “O trabalho na Franga é todo 1/3 mais batato que na Inglaterra: pois os franceses pobres trabalham duramerite e se, tratam com dureza quanto & alimentag&o ¢ vestud- tio, € seus consimos principais séo pao, frutas, ervas, raizes'e peixe-seco; pois comem muito raramente came e quando 0 trigo é caro, muito pouco pao”.® “Acresce ainda”, prossegue 0 ensafsta, “que a bebida deles consiste em agua ou licores fracos, de mo- do que, na realidade,.gastam surpreendentemente: pouco dinheito. (...) Um estado se- melhante de coisas é seguramente dificil de implantar, mas nao é inaleangdvel, como demonstra sua existéncia tanto na Franga Como na Holanda.’”** . Duas décadas mais.tarde, um humbug’ americano, o baronizado ianque Ben- jamin Thompson (aliés’conde Rumford) perseguiu a mesma, linha filantropica, com muito agrado perante Deus e-a hymanidade. Seus Essays sao um livro de cozinha com receitas de toda espécie, para substituir por sucedaneos os caros alimentos normais do trabalhador. Uma’ receita particularmente bem ‘lograda dlesse progigio- 50 “‘filésofo” é a sequinte: “Cinco libras.de cevada, 5 libias de milho, 3 pence de arenque, 1 péni de sal, 1 p2- ni de vinagre, 2 pence de pimenta e-ervas — a soma de 20 3/4 pence d uma sopa pa- ra 64 pessoas; com 03 pregos médios dos cereais, o custo pode ser rebaixado a 1/4 de pent” (menos ainda que 3 Pfennig) ‘por cabega”.** ® An Essay on Trade and Commerce. Londres, 1770. p. 44 Analogamente, o Times de:dezembro de 1866 e janeiro de 1867 publicou os deszbefos dos proprietéics ingleses de minas, nos quals era descrita a situacko felz dos minelros beleas, que nao demandavam, mais e nem recebiam mas,do,que o estitamente necessério pare viverem pata seus ‘mous ‘Ostabafadres tig tlm mul coca, mas fuse Times como woblinres rela ns ace 1867, a resposta fol dada pela greve, reprimida a polvora e chumbo, dos mineitos belgas (perto de 4 O icbiceutd He Norternpaisee comme impeto yevtok oe ie cuca evo pelo tnpelo do co, ue pave i face crane proiretnarie u vies Sos taualcoet uaatens toe ¢ kanseat| ip Coes at wages dopo oak atordoamento confessa, com as palavras acima citadas ele descreve os trabalhadores agricolas frangeses! BOprche ps S07” Nou Var cuss Pe gr coleonsres to eae Sra dee elds eae, nly cos on baw pelocs ete "Ge ¢ Shee” deters pores Comers eae ae gina tus ive Uo id ctym {peetinces echoes Aes poles ears rca Sacer ae re de seus concorrentes.”” (Times, 3 de setembro de 1873.) — Nao mais salérios confinentais; nfo, salétios chineses, este agora 0 objetivo almejalo pelo capital ings. ‘4 THOMPSON, Benjamin. Essays, Poltical, Economical, and Philosophical etc. 3 v., Londres, 1795. — 1802, v. |, p. 294, Em seu The State df the Poor, or an History of the Labouring Classes in England etc,. Sir. F. M. Eden recomen- dda com fervor a sopa rumfordiane de mendigos. ads dirigentes das workhouses e adverte os trabalhadores ingleses em tom de censura que “entre os escoceses existe muitas famfllas que, em vez de consumitem trigo, centeio e came, vi- vem por meses alimentando-se apenas coin farinha de aveia e cevada misturadas com gua e sal e ainda muito confor tavelmente (and that very comfortably too)". (Op. cit, v, |, Livro Segundo. Cap. Il, p. 503.) “Conselhos” semelhantes no século XIX. “Os trabalhadores agricolas ingleses”’, l@-se, por exemplo, “n&o quetem comer nenhuma mistura de ce- feos de epeces Minis Na lotsa ems’ edutmpof mehr a ramesalo reinens omemease (PARRY, Charles H. The Question .of the Necessity of the Existing Comlaus Considered. Londres, 1816. p. 69.) O frese Bie fe cuit bo aver que rtabule ml tees Gods matt agoes GELS] cal asruigay to ep de Bien GN * Mentira piedosa. (N. dos T.) “ 28" Farsante, IN. dos T.) ‘TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL 171 Com 0 progresso da produgao capitalista, a falsificacio de mercadorias tornou 08 ideais de Thompson desnecessarios.*>, Nos fins do sécul XVIII e durante ds primeiras décadas do século XIX, os ar- rendatatios e senhores de terra ingleses impuseram o salatio absolutamente mini- mo, pagando aos jornaleiros agricolas menos que o minimo sob a forma de sal- tio, 0 resto, porém, sob a forma de ajuda paroquial. Um-exemplo da farsa encena- da pelos Dogberries ingleses na fixagao “legal” da tarifa salarial: “Quando os squires,'*" em 1795, fixaram os salérios para Speerhamland, jé tinham almogado, mas evidentemente pensaram que os trabalhadores .ndo tinham’ necessida- de disso. (...) Eles decidiram que o salétio semanal por homem deveria ser de 3 xelins, se 0 pao com peso de 8 libras e 11 oncas custasse 1 xelim, e que o salario deveria cres. cer regularmente até que o pao cusiasse 1 xelim e 5 pence. Tao logo ele subisse acima desse prego, o salétio deveria diminuir. proporcionalmente até que o prego do po al- cancasse 2 xelins;“e entéo a alimentagéo do homem deveria ser 1/5 menos que an- wee “ A Perante o comité de inquérito da’ Cémara dos Lordes, em 1814, foi pergunta- do a um certo A. Bennett, grande arrendatério, magistrado, administrador da casa de pobres e regulador de salatios: “E observada alguma proporcao entre o valor do trabalho diario e a ajuda paroquial -a0s trabalhadores?” Resposta: “Sim. A receita semanal de éada familia é completada acima de seu salério nominal até o pao de 1 galio (8 libras e 11 ongas) e 3 pence por ca- beca. (...) Supomos que o pio de um galio séja suficiente para manter cada pessoa da familia durante 'a semana; e.os 3 pence sao para roupas; ¢ se a’ paroquia prefere ela mes- ma fomecer as roupas, os 3 pence séo descontados, Essa pratica predomina nao apenas "emi toda a regiao a oeste de Wiltshire, mas, como acfedito, em.todo 0 pais”.*? “Assim"” exclama um escritor burgués daquela época, “os amrendatérios degradaram, pot anos, uma classe respeitavel de seus conterréneos, ao forgé-los a buscar reftigio na workhou. se. (...) O arrendatirio, multiplicou seus préprios ganhos, ao impedir a acumulacaio do {undo de consumo mais indispensavel do lado dos trabalhadores,"” Que papel desempenha, hoje, o roubo direlo ao fundo de constimo necessé: , tio do trabalhador para a formagao da mais-valia e, portanto, do fundo de acumu- lacéo do capital, foi mostrado por exemplo pelo chamado trabalho a domicilio (ver cap. XIII 8, c.). Novos fatos no decorrer desta Seco. . Embora em todos os ramos industriais a parte do capital constante constituida de meios de trabalho tenha de ser suficiente pata certo niimero de trabalhadores, determinado pelo tamanho do empreendimento, néo é, entretanto, de forma algu. ma necessério que essa parte cresca sempre na mesma proporcdo que a quantida- de de trabalho ocupada. Suponhamos que numa fabrica 100 trabalhadores com 8 horas de trabalho fomegam 800 horas de trabalho, Se o capitalisia deseja aumen- ® Dos relatos da Gitima comissSo parlamentar de inquésto sobre falsficago de alimentos vésse que mesmo a fli. Site soe medicaments, na Ingle, const area ¢ nfo 2 exo, Px exam, o exame de anesns do 9 compradas em outras tants farmdas de Londres, mostiou que 31 eram falsifeadas com cépsula de papoula, fa. tina de trio, pesta de boracha, arg, aia etc. Muitas nao continham nenhur stom de mortina NEWNHAM, G. L. (barrster at law): A Review of the Euidence before the Commnitizes oj the two Houses of Parta- ‘ment on the Cornlaus. Londtes, 1815. p20, nota, 3 Op. ei, p. 19-20, ‘ '8 PARRY, Ch. H. Op. cit, p. 77, 69. Os senhores landlords, por sun'vez, ndo 86 "se indenizaram pela Guerra Antia- cobina, que condusirom em nome da Ingatera, mas também enrqueselam enormemente. "Suas fendas duplceram, ‘ilierom, quadruplicarom e, em caso: excepcionais, sextuplcaram em 18 anos” (Op et, p. 102-101). 14" Senhores rural. (N. dos T.) 172 @ PROCESSO DE ACUMULACAD DO CAPITAL tar essa soma em nietade, ele pode empregar 50 novos trabalhadores; entéo, po- rém, ele terd de adiantar também novo capital, nao somente para salétios, mas também para meios de trabalho. Mas ele pode ainda fazer os 100 trabalhadores an- tigos trabalhar 12 horas em vez de 8, ¢ entao os instrumentos de trabalho existen- tes serao suficientes, apenas se depreciarao mais rapidamente. Desse modo, o tra- balho adicional, produzido por um atrelamento mais elevado da forca de trabalho, pode aumentar 0 mais-produto e a mais-valia, a substéncia da acumulacao, sem aumento proporcional da parte constanite do capital. . Na inddstria extrativa, nas mihas, por exemplo, as matérias-primas nao fazem parte do adiantamento de capital. O objeto de trabalho nao aqui produto de tra- balho prévio, mas presenteado gratuitamente pela Natureza. Sao os minérios meta- licos, minerais, carvao de pedra, pedras etc. O capital constante aqui consiste qua- se exclusivamente em meios de trabalho que podem suportar muito bem uma ‘am- pliacéo do quantum, de trabalho (turnos diarios e.noturnos de trabalhadores, por exemplo). Porém, permanecendo constantes as demais circunstancias, a massa ¢ 0 “ valor do produto sobem em rezdo direta ao trabalho empregado. Como no primei- 10 dia da producao, aqui os formadores originais do produto, portanto também os formadores dos elementos materiais.do capital, homem e Natureza vao juntos. Gra- @@s a elasticidade da forca de trabalho, ampliou-se a area de acumulagéo sem au- mento prévio do capital constante. - : Na agricultura, ndo se pode ampliar a terra cultivada sem adiantamento de se- mentes e adubos adicionais. Mas, uma vez feito’ esse adiantamento, mesmo o culti- vo puramente mecdnico do solo, exerce efeito milagroso sobre a quantidade do produto. A maior quantidade de trabalho, executada pelo ntimero de trabalhado- Tes até aqui em atividade, eleva assirn a fertilidade, sem exigir novo adiantamento de meios de trabalho. E novamente a acao direta do homem sobre a Natureza que se torna fonte direta de acumulacao acrescida, sem interferéncia de novo capital. Por fini, na inddstria propriamente dita, cada dispéndio adicional de trabalho pressupde um dispéndio adicional correspondente de matérias-primas, mas nao ne- cessariamente de meios de trabalho, E, uma vez que a indiistria extrativa e a agri- cultura fomecem a indastria fabril suas préprias mpatérias-primas e a de seus meios de. trabalho, beneficia-se esta também pelo acrescimo de produgaéo que aquelas realizaram sem aumento de capital adicional. Resultado geral; ao incorporar‘as duas formadoras originais da riqueza, a for- ca de trabalho e a terra, o capital adquire uma forca expansiva que Ihe permite es- tender os elementos de sua acumulagao além dos limites aparentemente fixados por sua prépria grandeza, fixados' pelo valor e pela massa dos meios de produgéo JA produzidos, nos quais tem sua existéncia. Outro importante fator na acumulagéo do capital é 0 grau de produtividade do trabalho social. ° Com a forca produtiva do trabalho cresce a massa de produtos.na qual se re- presenta determinado valor e, por conseguinte, também mais-valia de dada gran- deza. Com taxa de mais-valia constante e mesmo decrescente, na medida em que ela decresca mais lentamente do que aumenta a forca produtiva do trabalho, a massa do mais-produto cresce. Permanecendo constante a divisdéo da mesma em renda e capital adicional, pode, portanto, o consumo do capitalista crescer sern di- minuigéio do fundo de acumulagao. A grandeza proporcional do fundo de acumula- So pode mesmo crescer & custa do fundo de consumo, enquanto o barateamento das mercadorias coloca @ disposico do capitalista quantidade igual ou maior do que antes de meios de satisfagao. Mas, com a crescente produtividade do trabalho, + segue, como vimos, passo a passo, 0 barateamento do trabalhador, portanto cres- cente taxa de mais-valia, mesmo se o salario real aumenta. Ele nunca sobe propor- cionalmente com a produtividade do trabalho. O mesmo valor em capital -variavel ° TRANSFORMACAO DE MAIS. VALIA EM CAPITAL 173 coloca, pois, mais’forca de trabalho e, portanto, também mais trabalho em movi- mento. O mesmo valor em capital Constante representa-se em mais meios de pro- dugao, isto é; mais meios de trabalho, material dé trabalho e’ matérias auxiliares, fornecendo assim tanto mais formadores de produto como formadores-de valor ou absorvedotes de trabalho. Com valor constante ou mesmo decrescente do capital adicional tem lugar, porianto, acumulagao acelerada. Nao apenas amplia-se mate- tialmente a escala da reprodugao, mas a producao da mais-valia cresce mais rapi- damente que o valor do capital adicional. O desenvolvimento da fora produtiva do trabalho teage também sobre o ca- pital original ou sobre o capital que jé se encontra no processo de producéo. Parte do capital constante em funcionamento consiste em meios de trabalho, como ma- quinaria etc., que apenas em perfodos mais longos sio consumidos e, portanto, re- produzidos ou substituidos por novos exemplares da mesma espécie, Cada. ano, porém, parte desses meios de trabalho perece ou atinge o objetivo inal de sua fun- do produtiva. Essa parte encontra-se, portanto, cada ano, no estagio de sua repro- dugao periddica ou de sua reposigéo por novos exemplares da mesma espécie. Se a forca produtiva do trabalho ampliou-se no nascedouro desses meios de trabalho — e ela se desenvolve continuamente com o fluxo ininterrupto da ciéncia e da téc- nica — entéo maquinas, ferramentas, aparelhos etc, mais eficazes e, considerando 0 volume de seu rendimento, mais baratos, tomam o lugar dos antigos. O capital antigo é reproduzido de forma mais produtiva, abstraindo as continuas mudancas de detalhes nos meios de trabalho existentes. A outra parte do capital constante, matérias-primas e matérias auxiliares, é reproduzida constantemente no decorrer do ano, e as originarias da agricultura, em sua maior parte, anualmente. Toda intro- dugo de melhores métodos etc. tem efeito, aqui, portanto, quase simulténeo so- bre o capital adicional e sobre o capital que j4 se encontra em funcionamento. Ca- da progresso da Quimica’ multiplica o nimero das matérias tteis e as aplicagSes Uteis das j4 conhecidas, e amplia assim, com o crescimento do capital, sua esfera de aplicacao, Ele ensina, ao’ mesmo tempo, ‘como lancar os excrementos dos pro- cessos de produg&o e de consumo de volta ao ciclo do processo de reproducdo e cria, portanto, sem prévio dispéndio de capital, nova matéria para o capital. Assim como a exploragao aumentada das riquezas naturais mediante mera tensao mais al- ta da'forca de trabalho, ciéncia € técnica constituem uma poténcia independente da grandeza dada do capital em funcionamento para sua expansio. Ela reage, ao mesmo tempo, sobre a parte do capital original que entrou ‘em seu estagio de reno- vagéo. Em sua nova forma 9 capital incorpora gratuitamente o progresso social rea- lzado atrés do pano de sua forma antiga. E certo que esse desenvolvimento da for- ¢a produtiva é, 20 mesmo tempo, acompanhado por uma depreciacao parcial de capitais em funcionamento: Na medida em que essa depreciagao se faz sentir agu- damente por meio da concorréncia, o peso principal recai sobre o trabalhador, ‘com cuja exploragao mais elevada o capitalista procura se indenizar. O trabalho transfere ao produto o valor dos meios de produgéo por ele consu= midos. Por outro lado, o’valor e a massa dos meios de producdo postos em movi- mento por dada quantidade de trabalho crescem na proporcéo em que 0 trabalho toma-se mais produtivo. Assim, ainda que a mesma quantidade de trabalho agre- gue sempre a seus produtos'a mesma soma de valor novo, cresce todavia o antigo valor-capital, que ela ao mesmo tempo hes transfere, com produtividade crescente do trabalho. < Um fiandeiro inglés e um chinés, por exemplo, podem trabalhar 0 mesmo nu- mero de horas com a mesma intensidade, de modo que ambos, em uma semana, produzem valores iguais. Apesar dessa igualdade, ha enorme diferenca entre 0 va- lor do produto semanal do inglés, que trabalha com uma poderosa maquina auto- 174 PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL matica, e 0 do chinés, que possui apenas uma roca de fiar. No mesmo tempo em que 0 chinés fia 1 libra de algodao, o inglés fia varias centenas de libras. Uma so- ma vatias centenas de vezes maior de valores antigos incha o valor de seu produ- to, no qual so conservados sob nova forma mais Util e assim podem. funcionar de novo como capital. : “Em 1782”, nos ensina F. Engels, “toda a safra.de 1a dos trés anos precedentes per- manecia ainda no processada, por falta de tabalhadores, ¢ teria permanecido ass se a maquinaria recém-inventada nao viesse em seu auxilio ¢ nao a tivesse fiado.”" O trabalho objetivado sob a forma de maquinaria nao produziu diretamente nenhum novo trabalhador, mas permitiu a um reduzido ntimero de trabalhadores, mediante a agregagéo de relativamente pouco trabalho vivo, néo apenas consumir de maneira produtiva a la e adicionar-lhe valor novo, mas também sob a forma de fios etc. conservar seu valor antigo. Fomeceu com isso, simultaneamente, os meios 0 estimulo para a reprodugéo ampliada de 1a, E dom natural do trabalho vivo conservar valores antigos enquanto cria valor novo. Com o crescimento da eficién- cia, do volume e do valor de seus meios de produgao, portanto com a acumulagio que acorhpanha o desenvolvimento de sua fora produtiva, o trabalho mantém é Perpetua, sob forma sempre nova, um valor-capital constantemente crescente.® Es- ENGELS, Fiiedich. Lage der arbetenden Klase in England. p. 20. © A Economia cléssca, devido & andlise defciente do procesyo de trabalho de valorzagSo, nunca compreendeu ade uadamente esse importante momenio da repredigéo, como se pode ver em Ricardo. He di, por exemplo: Qualquer {ue seja a varazao, da fora predutiva, “I mihgo de pessoas produ nas fabreas sempre o mesmo valots sso & core- to, quando a extensao e 0 giau de iniensidade de seu trabalho sao dades. Iso nao impede porem — e Ricardo nao 0 ve em certs conclusbes — que 1 mihao de pessoas kansforme em produtos masses mut diferentes de metos de pro- dud, com diferente forgs Produtva de seu trebalho, e por conseguinie conserve em seus produlos massas de valor ‘multo’iferentes, sendo, assim, consideravelmente dietentes os valores dos produtos que forece. Ricerdo, seja dito do pacsagem, procurou inutimente, com aquele exemplo, esclarecer a J.-B, Say a dletenga enise velor de’ uso (que cle aqui denomina wealth, riqueza material) valor de toca, Say responde: "Quanto & difeuldade que Ricardo levan- ta, quando dz que com melhores métodos 1 milhSo de pessoas pode produsi duas ou tres voaes mals riqueras, sem prodhzir mais valor, essa @ficuldade desaparece quando, corto s¢ deve, consderar-se 9 produgao como um Intercim. bio, em que se dé os servicos produtvos de sou trabalho, de sua tera e seu eaptal para obser proditos. Por moio des 28 sericos produtives 6 cue obtemos todos os produtos que existem no mundo. (.) Porianto (.) somos tanto mais tieos, 0s nosios servos produtivos tém mais valor, cuanto maior é 2 quantdade de cosas tteis que obtém no inler- cambio chamado de produgao, (SAY, J.B. Lettres & M. Molthus. Pars, 1820. p, 168-169.) A diffcute — ela existe pa ra ele, nBo pare Ricardo — que Say precésa exolcar & a seguinte: Por que nfo aumenia o valor dos valores de uo, iuando sua quantiade cresce em conseqiéncia de ume elevagdo da forca produtiva do trabalho? Resposta: A dificl- € resolvida dando-e ao valor de uso por genileza o nome de valor de toca: Valor de troca é uma cosa que pot one way or another® relaciona-se com intercémbio, Portanto, chame-se @ produgSo de “interckmbio” de trabalho e de imelos de produdo por produto, e @ claro como agua que se recebe tanto mal vale; de troca quanto mais valor de uso fornece @ produgdo. Em outras palavres: Quanto Mats valoyes de uso, por exemplo melas, uma jornada de traba- tho forneve ao fabicente de melas fanto mas rico ele ¢ em melas De repente ocorre,entetanio, a Say que “com a rmelor quantidade” de meles seu “prego” (que naturakmente rao tem nenhuma relagao'com o valor de troca) cal "por- que e concoréncia os obra (os produtres) “a dar os produtos pelo que Ihes custem”, Mas, de onde vem o hdc, se'0 capitalsta vende os mercadorin pelo piezo que lhe eustam? Enlreano, never mnd Say explca que, em corse: ainda do kvagto da produtvidade, an um recebe age, em tors df meso equivalent, dois pues de mes fm lugar de um ete, O resutado a que chega é precizamente a proposigéo de Ficrdo, que queria rfuter, Depols des: £2 viclento esforo mental, Say apestrofa, unfantements, Malthas, com as pslavras: “Esta é, meu serher. a tem fun damentada doutina, sem 'e qual, assim declare, nao é poisvel resclver az mais difcels questBae da Econ Politica, notadamente como uma nacio pode lomar-se mais rca quando taus proditos diminuem em valer,apesar Jo-que a ueza representa valer". (Op. ct, p. 170.) Um econamista ings observa sobre somelhartes proczas rs stiras de Say: “Essai maneizas aetadas de tagardar (those affected ways of talking) constitier 20 todo aqullo quv «St Say gosta de dencminar sua doutina e que recomenda calorosamente a Malthus que a ersine em Hertiord, 0 que ocome "a j8 dans plusieurs parties de I’Europe.° Ele dz: ‘Se encontrardes em todas esias armagies um carster paradoxal, ob serval as colses que elas exprimem, e eu ouso acreditar que das vos parecetao multo simples e muto razoéve. Sem duvida, 2 20 mesmo tempo em conseqiéncia do mesmo procesto, las parecer20 tudo, mencs originals ou importan: tes". (An Ingury into those Principles Respecting the Nature of Demand ete. p. 110) * Um modo ou outro, (N. dos 7.) Nido se preosupe. (N. dos T.) ‘Em nuumeroéas partes da Europa, (N. dos T) SaaanRRnimemimmemmmmsimansesceesscesensececinsetsceemmmmerme eae ‘TRANSFORMAGAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL. 175 sa forga natural do trabalho aparece como forga de autoconservacao do capital, ao qual € incorporada, do mesmo modo que suas forgas produtivas sociais aparece como propriedades dele e a constante apropriacao do mais-trabalho pelo capitalis- ta aparece como continua autovalorizagao do capital. Todas as forcas do trabalho Projetam-se como forgas do capital, do mesmo modo que todas as formas de valor Projetam-se como formas de dinheiro. Com 0 crescimento do capital cresce’a diferenca ‘entre o capital empregado e © consumido, Em outres palavras: crescem a massa de valor e a massa material dos meios de trabalho, como edificios, maquinaria, canos de drenagem, animais de trabalho, aparelhos de toda espécie, que durante periodos mais longos ou mais * curtos, em processos de produc&o constantemente-repetidos, funcionam em toda sua extensio ou serve para a obtencao de determinados efeitos ‘iteis, enquanto 86 se depreciam gradativamente, portanto perdendo seu valor por partes, transfe- tindo-o pois também ao produto apenas por partes, Na proporgéo em que esses meios de trabalho servem como formadores de produtos, sem Ihes agregar valor, . em que, porianto, sio aplicados em sua totalidade, mas apenas parcialmente con’ sumidos, prestam, conforme mencionado antes, 0 mesmo servigo. Esse. servigo gra- tuito do trabalho passado, quando apanhado e animado pelo trabalho vivo, acu- mula com a escala crescente da acumulagao. Como o trabalho’ passado se disfarca sempre em capital; isto é, 0 passivo do trabalho de A, B, C etc. torna-se 0 ativo do ndo-trabalhador X, burgueses e econo- misias politicos se excedem em louvar os méritos do trabalho passado que, segun- do o génio escocés MacCulloch, deve até mesmo receber um soldo proprio (juros, lucro.etc.)." O peso sempre crescente do trabalho passado, que colabora no pro- cesso vivo de trabalho sob a forma de meios de produgio, é atribuido, portanto, & figura em que o trabalho passado € alienado ‘pelo proprio trabalhador, como traba- Iho ndo-pago, isto é, & sua figura de capital. Os agentes praticés da producao capi- talista e seus rabulas ideologicos so incapazes de conceber'o meio de producao se- paradamente da méscata social antagOnica, que hoje adere nele, assim como um possuidor de escravos nao concebe 0 proprio trabalhador separado de seu carater de escravo. % Com o-grau de exploragao da forca de trabalho dado, a massa de mais-valia é determinada pelo ntimero de trabalhadores simultaneamente explorados, e, este corresponde, embora em proporcao varidvel, & grandeza do capital. Assim, quanto Mais 0 capital, mediante acumulag6es: sucessivas, cresce, tanto mais também cres- ce a soma de valor que se cinde em fundo de consumo e fundo de acumulacao. O capitalista pode, por isso, viver mais prodigamente e, ao mesmo tempo, “renun- ciar” mais. E, por fim, todas as molas da producao. atuam com tanto mais energia quanto mais se amplia sua escala com a massa do capital adiantado. 5. O assim chamado fundo de trabatho : Verificou-se no decorrer desta investigacéo que o capital néo é uma grandeza ‘ fixa, mas uma parte eldstica e, com a divisdo da mais-valia em renda e capital adi- & cional, constantemente flutuante da riqueza social. Viu-se ainda que, mesmo com ™ MacCulloch trou a patente de wazes of past labour® muito antes de Senior ter patenteado o wages of abstinence.® * Salano do trabalho passads.(N. dos T.) * Salasio da abstinencia, (N, dos T.) 176 0 PROCESSO DE ACUMULAGAO DO CAPITAL @ grandeza dada do capital em funcionamento, a forga de trabalho, a ciéncia e a terra (pela qual se deve entender, economicamente, todos os objetos de trabalho preexistentes na Natureza, sem interferéncia do homem) nele incorporadas consti- tuem poténcias elasticas do mesmo que, dentro de cettos limites, lhe permitem uma margem de agéo independente de sua propria grandeza, Chegou-se a isso abstraindo todas as circunsténcias do processo .de circulacéo que proporcionam graus muito diferentes de eficiéncia 8 mesma massa de capital. Uma vez que pres supomos os limites da produgfo capitalista, portanto uma figure puramente natural do processo social de producao, foi abstraida qualquer combinacéio mais racional, realizavel de maneira diteta ¢ planejada, com os meios de producgo e-as forgas de trabalho existentes. A Economia classica sempre gostou de conceber 0 capital so- Cial como grandeza fixa com grau fixo de eficiéncia. Mas 0 preconceito s6 foi solidi- ficado em dogma pelo | arquifilisteu Jeremias Bentham, o ordculo insipido, pedante ¢ tagarela do ‘senso comum burgués do século XIX. Bentham é,. entre os fil6so- fos, 0 que Martin Tupper é entre os poetas. Ambos s6 poderiam ter sido fabricados* na Inglaterra Com seu dogma os fenémenos mais comuns do processo de produ- gio, como, por exemplo, as siibitas expansdes e contragdes deste, e até a acumula-, G40, se tornam inteiramente incompreensiveis. O dogma foi mal usado ‘tanto pelo Proprio Bentham como por Malthus, James Mill, MacCulloch etc., para fins apolo- géticos, notadamente para representa parte do capital, a variével ou conversivel em forca de trabalho, como grandeza fixa. A existéncia material do capital variavel, isto 6, a massa dos meios de subsisténcia que ele representa para o trabalhador, ou © assim chamado fundo de trabalho, {oi imaginariarnente transformada numa parcela particular da riqueza social, cercada por barreitas naturais intransponiveis. Para colocar em movimento a parte da riqueza social que deve funcionar como ca- pital constante ou, expresso materialmente, como meios de producao, requer-se determinada massa de trabalho vivo. Esta é tecnologicamente dada. Mas nao é da- do nem o niimero de trabalhadores necessatio para realizar essa messa de traba- Iho, pois isso varia com o grau de exploracéo da forca de trabalho individual, nem “0 prego dessa forca de trabalho, mas apenas seu, limite mfinimo, que, além -do © Compare, enire outros: BENTHAM, J. Théorie des Peines et des Récomperses. Trad. Et Dumoit, 3.* ed, Pars, 1826.v.Il, Livro Quarto. Cap. I < ‘8 Jeremias Bentham é um fenémeno purimente inglés, Mesmo sem excetuar nose filéscfo, Chrstion Wolf, em ne- num tempo’ e em nenhum pats 0 lugar-comum mais comezinho jamais ro instalou com tanta auto casio, O princi. io da utlidade nao foi invencso de Bentham. Ele s6 teprodiziu, sem espfrito, 0 que Helvetius © outos franceses do século XVIII titham dito espirtuesamente, Se por exemplo se quer saber 0 que é atl a um eachor, precisa se pescul sar a naluweza cenina, Essa natureza no se pode consi a part do “pincipio de utildade”. Arlicado ao homem, is- 40 significa que'se se quer julgar toda a ago, movimento, condigées ete. humanos segundo o principio da utldade, ‘rata-se primeramente da natureca humana em geral e depois da natureza humena hstoricamente madificada em ca: da poca. Bentham néo perde tempo com sso. Com a mais ingdnua secura ele supée 0 filseu moderro, espedalmien. 1 0 fisteu ingles, como 0 ser humano normal, O que é Util pare esse otginal homem normal e seu mundo € em si € Dara st di E por esse padrao ele julga entéo passado, presenie e futuro, Assim, por exemplo, a relgldo crisia é “atl” Porque reprova religosamente os mesmos delos que 0 codigo peral condena juridicamente.'A crftea da arte € noc Ya porque pesturbe 0 prazer que-2s pessoas honestas enconttam em Martin Tupper etc. Com lixo dessa espéce, 0 tom homem,,cua divsa é nulla dies sine lieo,* encheu mantanhas de lines. Se eu tiessé a coragem de meu amigo Hf Hot, ou chamaria oS. Jeri de um go de esupier burg, & “Economisias poiticos 280 demadadamente inclnados a considerat determinaca quantiade de capital e determina- do niimero de trabalhadores como instrumentos de produgéo de forga uniforme e que opetarm com carta Intensidade tniforme (.) Aqueles que afirnam quo as moreadoras sfo_ os unicos agentes da produgdo, piovain que a produgto 10 pode de modo algim ser ampliads, pois pata fal ampliagSo teriam de ser aumentados artes os melus de subaisten.” a, as matérias-primas e as ferrementas, 0 que de faio equivale a dizer que nenhum creseimento da produgio sern Seu crescimento anterior pode ter liga, ou, em outtas palavras, que todo crescmanta & impossivel" (BAILEY. Mos 22y and 8 Vikstudes,'p$8 ¢ 70} Baley cia 0 deama'pincpsimenie co ponte de vst do proceso do lacSo. * Nenhum dia sem um trago, — Essas palavras so atibufdas ao antigo pintor grego Apslles, que adotou‘a regra de trabalhar, ainde que pouco, todo dia em seus quadros. (N. da Ed. Alem& | ‘TRANSFORMACAO DE MAIS-VALIA EM CAPITAL, 177 mais, é muito elastico. Os fatos que estéo na base do dogma sao estes: por um la- do o trabalhador no tem voz na partilha da riqueza social em meios de salisfagdo dos nao-trabalhadores e em meios de produgao; por outro lado, apenas em casos excepcionais favordvgis ele pode ampliar o assim chamado “fundo de trabalho” & custa da “‘renda’’ dos ricos.© | A que absurda tautologia leva o imaginar que a barreira capitalista do {undo de trabalho é sua barreira natural social, mostra o Prof. Fawcett, entre outros: “O capital circulante de um pais”, diz ele, “é seu fundo de trabalho. E, portanto, para calcular 0 salério médio que cada trabalhador recebe, temos simplesmente de di- Vidir esse capital pelo ndimero de membros da populacio trabalhadora”.®” Isso quer dizer que primeiro reunimos em uma soma os salarios individuais pa- gos, @ entao afirmamos que essa adic&o constitui a soma de valor do ‘“‘fundo de tra- balho”, outorgado por Deus e pela Natureza. Finalmente dividimos a soma obtida pelo nuimero de trabalhadores para voltar a descobrir quarito pode caber em mé- dia a cada trabalhador. Um procedimento singularmente astucioso. Ele nao impe- de o Sr. Fawcett de dizer, no mesmo {élego: “A riqueza global acumulada anualmente na Inglatetra é dividida em duas partes. Uma parte é aplicada na Inglaterra para a’ manutengao de nossa propria indéstria. Ou. tra parte é exportada para outros paises. (...) A iparte que € émpregada em nossa in- disiria no constitul porg&o significativa da riqueza ‘acumulada anuzlmente neste pais”. ‘ . ‘A maior parte ‘do mais-produto que acresce anualmente, extraido ao trabalha- dor inglés sem equivalente, nao ¢ portanto capitalizada na Inglaterra, mas em pat- ses estrangeiros. Mas com o capital adicional assim exportado é também exportada parte do “fundo de trabalho” inventado por Deus e Bentham.” © J. Si. Mill diz em seus Principles of Polit Economy, {Livro Segundo..Cap. |, §3} “0 produto do trabalho, hoje, é re- partide em propergéo inversa ao trabalho — a maior parle se destina dqueles que-nunca trabalham, a segunda maior parte Aqueles cujorabalho € quase s6 nominal, € assim, em escala decrescente, a remuneragioencalhe na medica fen que o trabalho se toma mais duro e mais desagradvel, até que o trabalho fsicamente mais cansativo e mais esgo- {ante nem pode contar com a certeza da saisagio das necessidades vitals”. Para evitar mal-entendido, quero deixar caro que, se homens como J. St Mil ec. devem ser censurados pea contradigBo entre seus velhos dogmas econdmi- 2s e suas tendénclas modemes, seria absolutemente injusto confundilos como sequito dos apologstas da Econonta yulgs | 'FAVICETT, H. (Prot. de Economia Paltca em Cambitdge.) The Economic Pasiton of the Brtish Latourer. Lon- es, 1365. p.'126. ‘7 Lombro ao leitor que ful'o primelto a usat as caracterfstces: capital vorlével & capital constante. A Economia Pottica desde A. Smith mista coniutamont as determina: conde ness catego. com as dlerengas de foe on in do processo de ciculagfo, de capial xo ecircularte, Permanores sabe ko no Livro Segundo, Sago S FAWCETT Op ct, p 125, 120" iow © Poder-se-a dizer que no’ apenas capital, mas também tratalhadores, sob a forma de emigrago, <0 exportados anualmente pela Inglaterra. Eniretanto, no texto, no se fala absolutamente nada do peciilium® dos emigrantes, que em grande parte n&o so trabalhadores. Os filhos dos anendatarios constituem uma grande porcio. O capital adicio- nal ings que se coloca anualmente no exterior a jures esta em properto desigualmente maior para a acumulagSo anual do que a que exse ene errigracso anual ecresciménto anual dx populecto, Pate dos bens que o hele da fama, na Roma Antign, podla doar a um lite, por exemplo, ao fiho, cua um esxa- vo pare que ele apicase ou o admirisvase. A posse do pec ndo sispentia, def, a dependenca do esea- vo dz seu senhor ¢,Judeamen © peeulum permanecle propriedade do dono da casa. Po exempo, eta permido 20 excavo — quando de pease do peculum — fazer scordos com uma tet pesioe, encanto apenas (uma ex: tenséo que excite o geno de quantas de Gita sufeienes para rents ttaknente de escvdeo, Acordos pit éilormente leans ou outer medidas que foram esperar une anpeayae serena do pecan exer normsh ‘mont eletaos plo ppt cele de fami (N da Ed. Alem.)

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