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Documento bilíngue – Bilingual document

Intervenção do Ministro Celso Amorim na


Conferência do Desarmamento
Genebra, 15 de junho de 2010

Statement by Minister Celso Amorim at the


Conference on Disarmament
Geneva, 15th June 2010

English original available after the version in Portuguese (p.8)

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Intervenção do Ministro Celso Amorim na
Conferência do Desarmamento
Genebra, 15 de junho de 2010

Senhor Presidente,

Embaixadores,

Senhoras e Senhores,

É um prazer dirigir-me à Conferência do Desarmamento, que por duas vezes


tive o privilégio de presidir. No momento em que uma nova presidência
brasileira se inicia, gostaria de reiterar a confiança de meu país neste órgão.

Por experiência própria, posso dizer que, por tempo demais, a Conferência do
Desarmamento tem tido o fracasso e a frustração como parte de sua rotina.

Agora, o ambiente é favorável para que a Conferência do Desarmamento seja


fundamental nesta área crucial da segurança internacional. A CD pode ser
protagônica em uma mudança ainda mais profunda: a efetiva participação de
nações em desenvolvimento e de Estados não-nuclearmente armados em tais
assuntos.

Em função das crises econômicas dos últimos anos, emerge o consenso de que
a legitimidade e a eficácia nas relações internacionais demandam decisões
tomadas de maneira democrática, com a participação de um grupo amplo e
representativo de países.

A governança global está sendo reconstruída. O mundo não pode ser gerido
por pequenos grupos que se auto-intitulam tomadores de decisão.

No campo econômico e financeiro, já houve algum progresso. No entanto, no


campo político, as lacunas de legitimidade e de eficácia ainda não foram
preenchidas.

Isso é particularmente verdadeiro na esfera da paz e da segurança


internacional. A infeliz identidade entre os cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança das Nações Unidas e os cinco Estados reconhecidos
pelo TNP como nuclearmente armados torna decisões sobre esses assuntos
objeto de certa “reserva de mercado”.

Ações decisivas da CD no campo do desarmamento nuclear podem auxiliar na


mudança dessa realidade anacrônica.

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Senhor Presidente,

Nós saudamos iniciativas que promovem o desarmamento nuclear,


empreendidas tanto em nível bilateral quanto em nível multilateral.

O Brasil foi à VIII Conferência de Exame do TNP convencido de que o encontro


representaria a chance de sobrevivência do TNP como um instrumento
multilateral eficaz.

Estamos contentes em observar que cada vez mais pessoas – cientistas,


ativistas, líderes políticos – passam a compartilhar da nossa visão de que a
melhor garantia para a não-proliferação é a eliminação total das armas
nucleares. Da mesma maneira, a forma mais eficaz de reduzir os riscos do uso
indevido de materiais nucleares por atores não-estatais é a eliminação
irreversível de todos os arsenais nucleares.

Armas nucleares não têm função no mundo mais pacífico, democrático e


próspero que queremos todos construir. Necessitamos não apenas manter,
como também incrementar a segurança para todos, especialmente para os
países que não possuem e não anseiam possuir armas nucleares.

Faz-se necessária uma mudança de mentalidade. Deve-se abandonar a lógica


da Guerra Fria, a lógica da capacidade de destruição mútua. Devemos
reconhecer a simples verdade de que as armas nucleares diminuem a
segurança de todos os Estados, inclusive daqueles que as possuem.

O mundo não atingirá estabilidade sustentável enquanto a protelação do


desarmamento nuclear e a contínua modernização dos arsenais estimularem a
proliferação.

A Conferência de Exame teve êxito modesto. Esse resultado relativamente


positivo permite um otimismo cauteloso. Pode-se ter a esperança de que
estejamos adentrando uma nova fase no desarmamento nuclear.

O fato de que fomos capazes de avançar a partir dos “13 passos” para o
desarmamento nuclear e que os Estados nuclearmente armados reafirmaram o
seu “compromisso inequívoco” de eliminar seus arsenais nucleares são boas
notícias.

A decisão de convocar, dentro de dois anos, uma Conferência para a criação de


uma zona livre de armas nucleares e de outras armas de destruição em massa
no Oriente Médio foi de suma importância.

O Brasil está pronto para colaborar com a Conferência. A despeito das evidentes
complexidades da situação do Oriente Médio, as lições do exitoso processo de
construção de confiança entre Brasil e Argentina no campo nuclear poderiam
representar uma contribuição técnica à busca desses objetivos na Conferência do
Oriente Médio.

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Entretanto, somente palavras não tornarão o mundo um lugar mais seguro.
Elas devem ser acompanhadas por ações concretas.

Há dez anos, nós achávamos que havia razões para comemorar. Contudo, a
maioria das promessas pactuadas na Conferência de Exame de 2000
permaneceu no papel. Na verdade, a primeira década do novo milênio assistiu
à virtual paralisia no âmbito do desarmamento nuclear.

Ações positivas em relação a alguns aspectos não nos podem cegar para a
falta de progresso em outras áreas, tais como o estado de alerta e a
modernização de arsenais. De fato, em alguns casos, nós regredimos.

O Brasil saúda a promessa de reduções quantitativas nos arsenais dos Estados


nuclearmente armados. No entanto, isso está longe de ser suficiente. Os cortes
nos arsenais foram contrabalanceados por melhoras qualitativas das forças
nucleares, pela modernização das armas nucleares e de seus sistemas de
lançamento, bem como pelo papel definido para as armas nucleares nas
doutrinas de defesa nacional.

É preocupante o fato de que uma grande porção, senão a totalidade de tal


redução, não implica a destruição ou o descarte dessas armas.

Um calendário mais rigoroso para o desarmamento nuclear também é


essencial. Causa certo desapontamento o fato de que o documento final da
Conferência do TNP se refere apenas a um “sentimento de urgência”.

Ainda assim, se houver vontade política, o novo plano de ação fornece uma
base sobre a qual avançar na busca do objetivo de um mundo livre de armas
nucleares.

O diálogo positivo entre a Coalizão da Nova Agenda, os P-5 e vários outros


Estados não-nuclearmente armados foi determinante para o consenso.

Os Estados não-nuclearmente armados têm cumprido a sua parte do acordo.


Ansiamos agora pela continuidade da vontade política e pela aceleração dos
passos em prol da realização dos compromissos de desarmamento nuclear
consagrados no Artigo VI do Tratado. É nesse ponto que reside o “déficit de
cumprimento”.

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Distintos Delegados,

O impulso trazido pela recente Conferência do TNP nos encoraja a acabar com
a paralisia da Conferência do Desarmamento. Devemos retomar
imediatamente as negociações e buscar objetivos guiados por ações.

Enquanto vinha para cá, reli uma intervenção que fiz nesta Conferência dez
anos atrás. É lamentável mas surpreendente o quanto dela poderia ser
repetido, hoje, sem qualquer alteração. Não podemos mais escolher a inércia
como procedimento padrão da CD.

Se a CD deseja retomar seu lugar como órgão negociador relevante, devemos


agir imediatamente.

Um Comitê “ad hoc” para lidar com o desarmamento nuclear certamente


auxiliaria na construção de um caminho para novos trabalhos multilaterais
sobre o assunto.

Na medida em que avançamos nas negociações de um Tratado sobre Materiais


Físseis (TMF), necessitamos de outro órgão subsidiário que lide com os passos
que levam ao desarmamento nuclear.

Um tratado sobre materiais físseis não deve assegurar somente o banimento


verificável da produção de materiais para aparatos nucleares. Deve, também,
tratar dos estoques existentes de materiais utilizáveis em armamentos.

Acredito que existam maneiras que poderiam ser exploradas para superar as
atuais dificuldades de começar as negociações sobre o TMF.

O Brasil está apresentando um documento de trabalho com esse fim.

Outros órgãos subsidiários para questões relacionadas a garantias negativas de


segurança e à prevenção de uma corrida armamentista espacial também
devem ser estabelecidos.

As Garantias Negativas de Segurança reforçam a noção de que a segurança


internacional deve fundamentar-se no Direito, e não no uso da força. O
progresso rumo a um instrumento juridicamente vinculante sobre garantias
negativas de segurança permanece sendo um importante objetivo desta
Conferência.

Deve-se preservar o espaço sideral do “armamentismo”. A crescente


dependência de nossas sociedades de atividades espaciais torna imperativo
que as preocupações com os usos impróprios do espaço sideral sejam
adequadamente tratadas. Na qualidade de país em desenvolvimento engajado
em um programa espacial totalmente pacífico, o Brasil almeja acesso irrestrito
ao espaço sideral livre de armas.

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Senhor Presidente, Senhoras e Senhores,

O sucesso relativo da Conferência de Exame do TNP prova que as diferenças


entre as nações são melhor enfrentadas por meio do diálogo e da diplomacia.

A Declaração de Teerã, assinada pelo Brasil, pela Turquia e pelo Irã sobre
questões relacionadas ao programa nuclear iraniano, ilustrou como essas
ferramentas podem ajudar na redução de distâncias e na superação de
obstáculos. Recriminação e suspeita deram lugar a pacientes negociações.

É importante repetir as razões que inspiraram dois países em desenvolvimento,


membros não-permanentes do Conselho de Segurança, a ousar lidar com
assunto de tal relevância na esfera da paz internacional.

A Turquia e o Brasil guiaram-se primordialmente pelo objetivo – o qual, estou


certo, é compartilhado por todos neste recinto – de encontrar uma fórmula que
garantisse o exercício do direito do Irã ao uso pacífico da energia nuclear, ao
mesmo tempo em que fornecesse garantias de que o programa nuclear
iraniano possuísse propósitos exclusivamente pacíficos.

Nós não inventamos um novo esquema.

Nós meramente demos nova vida (ou, como disse um grande jornal do
Ocidente, “nós ressuscitamos”) uma proposta originalmente feita pelo Grupo
de Viena, levando em consideração os parâmetros que nos foram
repetidamente indicados como chaves para um acordo de criação de confiança.

O resultado foi reconhecido por instituições e personalidades altamente


respeitadas – do Dr. El Baradei ao Embaixador Pickering; da Associação para o
Controle de Armas nos Estados Unidos à Organização da Conferência Islâmica
– como uma conquista que valia a pena ser seguida.

É difícil compreender porque não lhe foi dada pelo menos uma chance de gerar
resultado. Seu valor como medida de criação de confiança, como plataforma
para novas negociações, não foi posto à prova.

Ainda é cedo para saber, com precisão, quais serão os efeitos das novas
sanções.

Só podemos esperar que a oportunidade mais promissora de engajar o Irã em


um diálogo sobre seu programa nuclear não tenha sido perdida.

De qualquer maneira, se e quando as partes decidirem retornar à mesa de


negociação, enfrentarão um desafio ainda maior.

A presença de inspetores da AIEA é a melhor garantia para apaziguar as


preocupações de que nenhum material está sendo desviado para finalidades

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não-pacíficas. O Brasil está convicto de que o convencimento alcançará mais
do que as ameaças; de que a construção de uma atmosfera positiva é o único
caminho viável para uma solução que seja satisfatória a todos.

Senhor Presidente,

Esta Conferência deve fazer sua parte ao manter o ímpeto criado pela
Conferência de Exame do TNP. Deve engajar-se em debates substanciais a
respeito de todos os tópicos da agenda, em particular o desarmamento
nuclear. Deve reafirmar, por intermédio de sua ação prática e que almeje
resultados, a utilidade de investir capital político em iniciativas multilaterais.

Os Estados-Membros podem contar com nosso compromisso inabalável de


restituir à Conferência do Desarmamento seu papel central no tratamento das
questões cruciais de segurança do nosso tempo.

Caros amigos,

Peço licença para fazer algo que não é do meu hábito: citar a mim mesmo.

Não em virtude da sabedoria das palavras, mas pelas lições nelas contidas e
pelo que aconteceu e não aconteceu a seguir.

No ano 2000, logo após a bem-sucedida Conferência de Exame do TNP, o Brasil


alertou que “a continuada paralisia da CD coloca um véu de dúvida sobre o
valor do progresso alcançado em outras instâncias”.

(...) “A verdadeira questão com a qual nos deparamos é a seguinte: é ou não


verdade que, a despeito de nossas prioridades e preocupações divergentes,
compartilhamos todos o mesmo interesse universal no reforço do mecanismo
multilateral para o desarmamento e a não-proliferação? E, sendo esse o caso,
até onde estamos preparados para demonstrar a flexibilidade necessária para
fornecer soluções construtivas e que não coloquem em jogo interesses vitais?”

Nenhuma resposta convincente a essa pergunta foi dada nos últimos dez anos.

Que dessa vez seja diferente.

Muito obrigado.

Este material foi originalmente publicado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty).

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Statement by Minister Celso Amorim at the
Conference on Disarmament
Geneva, 15th June 2010

Mr. President,

Ambassadors,

Ladies and Gentlemen,

It is a pleasure to address the Conference on Disarmament, which I had the


privilege to preside twice. As a new Brazilian presidency begins, I wish to
reiterate my country’s confidence in this body.

From my own personal experience, I can tell that, for too long, the Conference
on Disarmament has had failure and frustration as part of its routine.

Now the environment is favourable for the Conference on Disarmament to be


instrumental in this crucial area of international security. The CD can
spearhead an even more profound change: the effective participation of
developing nations, non-nuclear weapon States, in such matters.

Thanks to the economic crises of the last years, a consensus is emerging that
legitimacy and efficacy in international relations demand decisions that are
taken democratically, with the participation of a broad and representative
group of countries.

Global governance is being rebuilt. The world cannot be run by clubs of self-
appointed decision-makers.

In the economic and financial fields, some progress has been achieved. But in
the political domain, the legitimacy and efficacy gaps have not been filled.

This is particularly true in the realm of international peace and security.

The unfortunate identification of the five permanent members of the UN


Security Council with the five nuclear-weapons States recognized by the NPT
renders decisions on such matters the object of a certain “market reserve”.

Decisive action by the CD on nuclear disarmament can help change this


anachronistic reality.

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Mr. President,

We welcome initiatives to promote nuclear disarmament that have been


promoted both at bilateral and multilateral levels.

Brazil went to the Eighth NPT Review Conference convinced that that meeting
would be the NPT’s chance of survival as an effective multilateral instrument.

We are glad to see that more and more people – scientists, activists, political
leaders – are coming to share our view that the best guarantee for non-
proliferation is the total elimination of nuclear weapons.

Likewise, the most effective way to reduce the risks of misuse of nuclear
materials by non-state actors is the irreversible elimination of all nuclear
arsenals.

Nuclear weapons have no role in the more peaceful, democratic and


prosperous world we all want to build.

We need not only undiminished, but indeed increased security for all, especially
for countries that do not possess and do not aspire to possess nuclear
weapons.

A change in mentality is needed. The Cold War logic of the ability of mutual
destruction must be left behind.

We have to embrace the simple truth that nuclear weapons diminish the
security of all States, including of those who possess them.

The world will not achieve sustained stability as long as proliferation is spurred
by protracted action on nuclear disarmament and by the continued
modernization of nuclear arsenals.
The Review Conference achieved a modicum of success. This relatively positive
result allows for cautious optimism. One is entitled to hope that we may be
entering a new phase in nuclear disarmament.

The fact that we were able to build on the “13 steps” to nuclear disarmament
and that the Nuclear-Weapon States reaffirmed their “unequivocal
undertaking” to eliminate nuclear arsenals are good news.

Of highest importance was the decision to convene, in two year’s time, a


Conference on the establishment of a zone free from nuclear weapons and
other weapons of mass destruction in the Middle East.

Brazil stands ready to contribute to the Conference. Despite the evident


complexities of the situation in the Middle East, the lessons learned from the
successful confidence building process between Brazil and Argentina in the

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nuclear field could provide a technical input to the goals pursued at the Middle
East Conference.

But words alone will not make the world a safer place. They must be matched
by deeds.

Ten years ago we thought we had reasons to celebrate. But most of the
pledges agreed in the Review Conference of 2000 remained on paper. The first
decade of the new millennium faced virtual paralysis in nuclear disarmament.

The positive moves in relation to some aspects should not blind us from the
lack of progress in other areas, such as de-alerting and modernization of
arsenals. Indeed, in some cases, we went backwards.

Brazil welcomes the promise of quantitative reductions in arsenals by nuclear


States. However, it is far from enough.

Cuts in arsenals were offset by qualitative improvement in nuclear forces, by


the modernization of nuclear weapons and their delivery systems and by the
roles ascribed for nuclear weapons in national defense doctrines.

It is disturbing that a large proportion if not the entirety of such reduction does
not mean that the weapons will be actually destroyed or disposed of.

A more stringent timeline for nuclear disarmament is also essential.

It is rather disappointing that the final document of the NPT Conference refers
only to a “sense of urgency”.

Still, if the political will is there, the new action plan provides a basis to move
forward in pursuing the goal of a world free from nuclear weapons.
The positive dialogue between the New Agenda Coallition, the P5 and a
number of other non-nuclear weapons States was instrumental to the
consensus.

The Non-Nuclear Weapon States have been delivering their part of the deal.
We now look forward to continued political will and to more expeditious steps
to fulfill the nuclear disarmament commitments enshrined in Article VI of the
Treaty. There is where the “compliance deficit” lies.

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Distinguished Delegates,

The impetus given by the recent NPT Conference encourages us to put an end
to the paralysis of the Conference on Disarmament. We must resume
negotiations immediately and pursue action-oriented goals.

As I came here, I re-read a statement I made in this Conference ten years


ago. It is sad but impressive how much of it could be repeated today without
any change.

We must stop choosing inertia as the CD’s preferred procedure.

If the CD is to retake its place as a relevant negotiating body, immediate action


must be taken.
An “ad hoc” Committee to deal with nuclear disarmament would surely help
pave the way for further multilateral work on this issue.

As we proceed in negotiations on a Fissile Material Treaty (FMT), we need


another subsidiary body dealing with steps leading to nuclear disarmament.

A fissile materials treaty should not only ensure the verifiable ban on the
production of materials for nuclear devices. It must also address the existing
stocks of weapons-usable material.

There are ways, I believe, which could be explored to overcome the present
difficulties on how to start negotiations on a FMT.

Brazil is presenting a working document with this aim.

Other subsidiary bodies on the questions of negative security assurances and


the prevention of an arms race in outer space must also be established.

Negative Security Assurances reinforce the notion that international security


must be based on the rule of law, rather than the use of force. Progress on a
legally binding international instrument related to negative security assurances
remains an important goal for this Conference.

Outer space must be preserved from “weaponization”. The growing


dependence of our societies on space activities makes it imperative that
concerns related to the improper uses of outer space are adequately
addressed. As a developing country engaged in a space program that is totally
peaceful, Brazil expects unrestricted access to a weapons-free outer space.

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Mr. President, Ladies and Gentlemen,

The relative success of the NPT Review Conference proves that differences
among nations are always better tackled by means of dialogue and diplomacy.

The Tehran Declaration, signed by Brazil, Turkey and Iran on questions relating
to the Iranian nuclear programme, illustrated how those tools can help bridge
gaps and overcome obstacles.
Recrimination and suspicion yielded to patient negotiations.

It is important to repeat the reasons that inspired two developing countries,


non-permanent members of the Security Council, to dare deal with an issue of
such relevance in the realm of international peace.

Turkey and Brazil were chiefly guided by the aim – which I am sure is shared
by all in this room – of finding a formula that would ensure the exercise of
Iran’s right to the peaceful use of nuclear energy, while providing assurances
that Iran’s nuclear program has exclusively peaceful purposes.

We did not invent a new scheme.

We merely revived (or as a major Western paper puts it, we resuscitated) a


proposal originally put forward by the Vienna Group, taking into account the
parameters that were repeatedly indicated to us as key to a confidence-
building agreement.

The result was acknowledged by highly respected institutions and personalities


– from Dr. El Baradei to Ambassador Pickering; from the Arms Control
Association in the United States to the Organization of the Islamic Conference
-- as an achievement worth pursuing.

It is difficult to understand why it has not been at least given a chance to bear
fruit. Its value as a confidence building measure, as a platform for further
talks, was not put to test.
It is still early to know precisely what the effects of new sanctions will be.

We can only hope that the most promising opportunity to engage Iran in a
dialogue about its nuclear programme is not missed.

No matter what, if and when the parties decide to go back to the negotiating
table, they will face an even steeper challenge.

The presence of IAEA inspectors is the best assurance to allay the concerns
that material is not being deviated for non-peaceful purposes.
It is Brazil’s conviction that persuasion will do more than threats; that the
construction of a positive atmosphere is the only viable path towards a solution
that is satisfactory to all.

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Mr. President,

This Conference must do its part, by maintaining the momentum created by


the NPT Review Conference.

It must engage in substantive discussions on all the topics of the agenda,


particularly in nuclear disarmament. It must reaffirm, by its practical, result-
oriented activity, the utility of investing political capital in multilateral
initiatives.

Member States can count on our steadfast commitment to restore the


Conference on Disarmament’s central role in dealing with the crucial security
issues of our time.

Dear friends,

I would ask your indulgence for doing something which I do not normally do –
self-quoting.
Not because of the wisdom of the words, but because of the lessons contained
in them and in what happened or did not happen afterwards.
In the year 2000, just after the successful NPT Review Conference, Brazil
alerted that “the continued paralysis of the CD cannot but cast doubt over the
value of progress achieved elsewhere”.

(…) “The real question we face is this: is it or is it not true that, in spite of our
divergent priorities and concerns, we all share the same interest in reinforcing
the multilateral machinery for disarmament and non-proliferation? And, if this
is the case, how far are we prepared to go in displaying the necessary
flexibility to allow for constructive solutions that do not jeopardize perceived
vital interests?”

No convincing answer has been given to this question for the last ten years.
Let us hope it will be different this time.

Thank you.

The present material was originally published by Brazilian Foreign Affairs Ministry (Itamaraty) .

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