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POR QUE NÃO ESTÁ PIOR?

Patrick Viveret1
PERIGOS PARA A HUMANIDADE E A BIOSFERA
Deterioração do nosso relacionamento com
•a natureza
•a economia
•a sociedade.
A saída desses perigos significa resgatar o “desejo de humanidade”. Essa
humanidade está num momento crucial de sua história: arrisca sair da estrada.
TER OU SER?
•Contrariamente ao que se pensa, o essencial dos problemas encontrados não
está no ser, por causa da escassez dos recursos físicos.
•Está no ser, porque a maior parte das escassezes é produzida por
relacionamentos sociais mundiais destinados a compensar o mal estar da minoria
que possui.
ENCONTRO DA HUMANIDADE CONSIGO MESMA
•A aventura da humanidade acontece ao mesmo tempo na singularidade de
nossas vidas na sua capacidade coletiva em se construir como sujeito positivo da
própria história.
•É na complementaridade dinâmica entre essas duas abordagens transformadoras
que se deve encarar a reforma das mentalidades e a reforma das estruturas.
NÃO SOMOS MAMÍFEROS RACIONAIS!!
•É preciso entender como pode desregrar-se o vínculo entre consciência e
paixão, entre razão e emoção.
•O liberalismo econômico e o socialismo de tradição estadista raciocinam em
termos de necessidades e esquecem o desejo e a angústia.
O DESEJO
•O desejo é potencialmente ilimitado porque expressa através a emergência da
consciência uma mudança radical.
•O homem, pela sua capacidade de distanciar-se da realidade, cria sempre um
universo duplo: seu mundo interior tornando-se tão misterioso quanto o cosmos
que ele percebe fora de si.
•É o relacionamento com a morte que se situa no coração desse duplo mistério:
–Ela manifesta a presença de um mundo possível além da nossa percepção
sensível do cosmos.
–Ela expressa, no coração do nosso universo interior, o relacionamento misterioso
que existe entre o possível, o impossível e o real.
•Por isso, o desejo é muito mais difícil de tratar do que a necessidade.

NECESSIDADES DE CONSERVAÇÃO
•Necessidade de subsistência: o alimento é o primeiro componente.
•Necessidade de proteção.
•Necessidade de informação e de balizamento para poder reconhecer os perigos
oriundos do meio ambiente.
1
VIVERET, Patrick, Pourquoi ça ne va pas plus mal?, Paris, Transversales Fayard, 2005
•Necessidade de reprodução.
Se o homem fosse simplesmente um animal racional, bastaria sua racionalidade
para determinar as condições ótimas nas quais ele subsiste e se reproduz,
descobrir meios de se proteger e atingir o equilíbrio de reprodução que garanta a
manutenção da espécie sem colocá-la em perigo.
O liberalismo e o socialismo funcionariam perfeitamente, talvez se opondo na
dialética eficácia contra justiça. A lógica de ajuste entre oferta e demanda
funcionaria também perfeitamente.
O DESEJO
•O ser humano não tem só necessidades: mais ele as satisfaz, mais ele é ser de
desejo.
•O desejo, por natureza, é ilimitado.
•Enquanto a necessidade se regula pela satisfação, o desejo expressa a carência
radical de um ser que se sabe mortal e que, por conseqüência, nunca pode ser
satisfeito enquanto ser mortal.
O QUE MOTIVA O SER HUMANO?
É precisamente o desejo que se organiza ao redor das quatro grandes paixões
humanas:
•a riqueza,
•o poder,
•o amor
•o conhecimento
que são o prolongamento e a mudança radical das nossas necessidades.

A RIQUEZA
A riqueza encontra sua raiz na necessidade de subsistência mas vai além: é uma
tentativa de fazer recuar a angústia da morte. Se este desejo for orientado mais
para o ter do que para o ser, será a fonte de uma paixão de apropriação bem além
do necessário.

O PODER
A necessidade de proteção vai gerar a política em todas as suas formas. Percebe-
se muito rapidamente que no caso em que não se procura simplesmente
responder a uma necessidade, se cria uma esfera autônoma animada por uma
paixão específica, a paixão pelo poder.
O AMOR
A necessidade de reprodução é largamente superada pela paixão amorosa. A
amizade e a camaradagem são os modos particulares desse desejo constante que
experimenta todo ser humano de amar e ser amado.
CONHECIMENTO, BUSCA DE SENTIDO
A necessidade de informação e de balizamento está na base da busca de sentido,
na forma da religião, da ideologia e/ou da ciência.
DESEJO E LIMITE...
•Sendo o desejo ilimitado, as paixões que ele gera o são também: nenhuma
paixão contém em si sua própria limitação.
•Quando somos confrontados a paixões que podem ser explosivas, o grande
problema é saber se, e como, podemos regulá-las.
•Portanto, somente as abordagens que levam em consideração os aspectos
emocionais no ser humano podem trazer alguma luz para nossas ações.
•Sem esse trabalho sobre nossos desejos e nossas angústias, o religioso conduz
para a guerra, a ciência para um progresso predador, o amor vira ódio de si e dos
outros.
DECLÍNIO E ESCASSEZ...
•O reaparecimento da miséria não é o resultado de uma crise de escassez; é o
produto de desigualdade e da injustiça crescente que solapam a convivência
social.
•As escassezes que estão na origem dos grandes males atuais são provocadas
pela guerra, pela cobiça, pelo medo, quer dizer por relacionamentos sociais
regressivos em relação ao potencial de riquezas que permitiria que o conjunto de
seres humanos pudessem satisfazer suas necessidades essenciais.
DEPRESSÃO ECONÔMICA OU CULTURAL?
•Existe uma relação entre a cultura de guerra econômica e os grandes
desregramentos psíquicos que estão na raiz do novo mal-estar da civilização
atual.
•As patologias mentais coletivas atuais são
–A guerra econômica que gera a exclusão com a volta da miséria.
–O integrismo que gera guerras de religião e purificação étnica.
•A depressão acaba gerando uma excitação patológica que permite aliviar o peso:
por exemplo o consumo de droga.
•As sociedades são obcecadas pelo medo de morrer e, portanto, pelo medo de
viver.
•O excluído também assusta e volta a lógica das “classes perigosas”. A guerra
social (civil) acaba sendo gerada pela guerra econômica.
AS TRÊS RUPTURAS
Estamos vivendo três rupturas de comunicação
•Com a natureza e o universo: não somos seres postos na natureza; somos da
natureza.
•Com os outros: na concepção guerreira da vida, o outro é um competidor
ameaçador que pode tornar-se um inimigo perigoso. A vida é considerada como
um combate e a morte como um fracasso. A vida pode ser vista como uma viagem
e a morte como uma transformação.
•Consigo mesmo: vivendo muito na tensão (corrida, estresse, rivalidade), nos
tornamos incapazes de atenção, principalmente de atenção interior, essa arte de
viver intensamente o presente.
TRÊS PERGUNTAS RADICAIS...
•Estamos vivendo uma tríplice mudança:
–De era (informação, biotecnologia)
–De ar (ecologia)
–De área (relação de territorialidade)
•Daí três perguntas radicais:
–O que faremos do nosso planeta?
–O que faremos da nossa espécie?
–O que faremos da nossa vida? Como pensar nossa vida fora da “sociedade de
mercado” e reaprender a “travessia da vida”?
•O que está em jogo é o domínio sobre nossa própria ciência e a busca de uma
sabedoria que não seja uma fuga.
SAIR DO CÍRCULO VICIOSO...
•...Da irresponsabilidade: o consumidor ignora o produtor, o poupador, preparando
a própria aposentadoria, negligencia o assalariado e o eleitor decepcionado
abandona seu poder de cidadão para se deixar transformar em átomo estatístico
de uma opinião pública manipulada pelas imagens selecionadas pela mídia.
•Como recolocar
–A técnica ao serviço da ciência?
–A moeda ao serviço da troca e não da dominação?
•Como recusar a fatalidade que vê
–A ciência submissa à técnica
–A técnica submissa ao mercado
–O mercado submisso à vontade de poder dos novos donos do mundo que não
conseguem mais controlar o próprio poder?

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