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Sistemas Agroflorestais e a Legislacao Ambiental nas de es as ae esti ‘Quando procuramos saber se algo esté ou nio esta dentro da Lei, € importante pensarmos que, na verdade, nao existem s6 as Ieis como regras do que pode e do que nao pode ser feito, nem de como deve ser feito aquilo que é permitido. Exster regras co- locadas de diferentes maneiras, dispostas em diferentes tipos de instrumentos legais, que formam um conjunto de normas a serem aplicadas,e existe uma hierarquia entre ela. Em primeiro lugar, nenhuma regra ou instrumento legal esta acima ou pode ser contraditério ao que propée a Constituigao Fe- deral. Tendo como referénciaa Constituigao, cabe ao Poder Leg lativo a elaboracao de Leis, sejam elas federas, estaduais ou mu- nicipais. Os espacos do Congresso Nacional (em nivel federal), das Assembléias de Deputados (em nivel estadual) e das Camaras, de Vereadores (em nivel municipal) sao, em um Estado democré- tico, os espagos de construcao das leis. As eis entretanto, so em geral bastante generalistas indican- do a grosso modo 0 que deve e o que nao deve ser feito, ouo que é legal ¢ 0 que no é legal. Nem sempre uma lei detalha tudo 0 ‘que esté relacionado ao tema que ela tratae, para que elas sejam, implementadas de fato, € preciso que haja esse detalhamento. A regulamentacao das leis, tornando.as “praticaveis’, cabe muitas vvezes ao Poder Executivo, por meio de decretos. Via de regra, a ta dos decretos éelaborada por 6rgios relacionados a tem- a das leis, sendo sempre sancionada pela autoridade maxima da instancia do Poder Executivo associada ao émbito de Lei. En relacdo a regulamentacao de uma Lei Federal relativa a0 meio “ambiente, por exemplo, pode caber a elaboracao de uma minuta, ‘ou de ume proposta de Decreto, pelo Ministério do Meio Am- biente. Essa proposta s6 vira Decreto depois de passar pela apro- vvacio da Casa Civil ou seja, da Presidéncia da Repii Para a aplicagdo de Leis ou Decretos, pelos drgios executores das politicas (no caso do meio ambiente, rgaos executores do Sistema Nacional do Meio Ambiente) por veres ainda é necessé- rio 0 detalhamento dos procedimentos edministratives, pra cos, do contetido destes instrumentos. Nestes casos, € de res- ponsabilidade dos érgaos executores - tais como, na rea am- biental, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), 0 IBAMA, 0 Ins- tituto Chico Mendes (ICMBio), 0s 6rgaos estacuais de meio am- biente, as secretarias estaduais e municipais de meio ambiente, etivas aS etc -a elaboracao de Instrucdes Normativas, ou ainda Portarias, para este detalhamento, Na rea ambiental, éimportante ressaltar também o papel dos Conselhos de Meio Ambiente, em nivel federal (CONAMA), esta- dual (CONSEMAs) e municipal (COMDEMAs). A estes conselhos,, Cabe elaborar Resolugdes sje no sentido de criar regulamenta ‘Ges sobre temas nao diretamente tratados em Leis, seja visando detalhar o contetido das mesmas. Grande parte dos instrumen- tos legais hoje vigentes, na drea ambiental, sao Resolugdes do CONAMA. Obviamente, qualquer tipo de instrument legal nao pode ser contraditério 4 Constituigao Federal. Da mesma forma, um De- creto, uma Resolugao ou uma Instrucao Normativa nao podem ser contradit6rios as Leis. Além disso, na érea ambiental, Leis mu- nidpais no podem ser menos resritvas do que Les Estaduas, € estas ndo podem ser menos restritivas do que Leis federais. Essas diferencas de tipo e hierarquia dos instrumentos legais podem dar a impressio de confusao, mas é justamente por causa dessas diferengas que é possivel a consirucdo gradativa da participagao ¢ do controle social no estabelecimento de regras coletivas. “Nao sao as leis que modificam 0 mundo. 0 mundo é que modifica as leis.” Vivemos num mundo em construcao, quando se fala no es- tabelecimento de regras coletivas. Na area ambiental, os paises comegaram a fazer regras ha pouco mais de 30 anos, Quando pensamos que fazemos regras sobre como devemos nos rlaco- far uns com os outros ha milhares de anos ~ por exemplo, desde as cvlizagdes antigas exstem regras relacionadas a como puri quem roube ou mata- é facil perceber que estamos ainda engati: nhando no processo de fazer regras na area ambiental © problema é que os impactos ambientals nos citimos anos nao esto crescendo devagar... pelo contrario, 03 efeitos ambien- tais negativos da industrializacao, da urbanizacao e do aumento: de dreas agricola condunidas de forma a aumentar a erosio © a contaminagio ambiental por agrotéxicos tem sido crescents. De maneira geral, ha varios nstrumentos legais que propoem medi- das para redue ou mitigar esses efeltos, mas nem sempre les so suficientes, sa porque muitas vezes sio incomplets, seja Porque os 6rgaos ambientais em geral nao tém estrutura e recur- sos adequados para torné-los efetivos, ou seja, principalmente, regr cc porque a sociedade ainda nao tomou paras, com todaa participa- $20 e controle socal, a gestao sobre o ambiente. Em relago aosimpactos das atividades sobre os ambientes na- turais,alégica de compensagio ambiental tem sido muito utliza- da na elaboracao de instrumentos legals. Nessa ligica, assume-se que é possivel desenvolver priticas produtivas que geram grandes impactos ambientais, desde que haja dreas onde a conservagio ambiental - que possa em principio compensar esses impactos ~ esteja ocorrendo. Aqui, entretanto, hi um grande problema: as relagSes ecoligicas nao sao simples contas de matemitica e, por traz da compensacdo, existe uma forte pressdo para o crescimento econdmico. Hoje, por exemplo, o Brasil é 0 maior consumidor de agrot6xicos do mundo, utiizando 20 % do que se usa desses pro- dutos no planeta. A agricultura convencional e em larga escala, no Brasil eno mundo, usa quase 80 % da dgua doce disponivel, para irvigagio e para misturar os agrot6xicos. Em um mundo em que, em 2056, seremos 9 bilhoes de pessoas, sedentas de crescimen- to econémico (e também de agua), é bem provavel que sobrem Si st lore Observando 0 texto da Constitvicio Federal, é importante anal sar alguns elementos que apresentam uma certa relacao com 0 de- senvolvimento de agroflorestas ou sistemas agroflorestais, ainda {que de forma generalista [No Artigo 5°, Iniso XXII, € definido que “a propriedade atende- +4 asua fung3o social”. A definigio de fungao social é dadano Artigo 186, dispondo que a mesma é cumprida quando hé “aproveitamen- to racional e adequado, utlizagio adequada dos recursos naturais disponiveise preservacao do meio ambiente, observancia das dispo- sigdes que regulam as relacoes de trabalho e exploracio que favore- $2 obem-estar dos propritirios e dos trabalhadores.” artigo 225 da Constituigao Federal, por sua vez, abordando a questdo ambiental, define que “todos tém direto ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen- cial saci qualidede de vida, impondo-se ao Poder Piblico ea cole- tividade o dever de defende-o e preservé-to para as presentese fu- turas geracées.” No Pardgrafo 1' desse Artigo,Inciso | esta disposto que, "Para assegurar a efetividade desse direito,incumbe ao Poder Pibiico preservar e restaurar 0 processos ecoldgics essenciais © prover o manejo ecologico das especies e ecossistemas.” muito poucas éreas para compensar impactos ambientais. Nesse melo em que é comum os espacos serem clasificados em “espacos de producao” ou “espacos de conservacao", praticas produtivas de diferentes grupos sociais, que juntam producio com conservaco ambiental namesma area, muitas vezes nao en- contram correspondéncia em leis, decretos ou outros instrumen- tos legais, levando a pressuposigao equivocada de que sio ilegais. Esta pressuposigdo € muitas vezes corroborada pelos prdprios 6rgios ambientais, apesar da Constituicdo Federal ser clara a0 afirmar que “a falta de norma regulamentadora nao pode tornar invidvel o exercicio dos direitos e liberdades constitucionais e das pretrogativas inerentes a nacionalidade, & soberania e a cidada- nia.” Ou seja, mesmo que ainda nao existam normas detalhadas sobre determinada prdtica produtiva, nao significe que ela seja ilegal, mas apenas que ela néo foi ainda reguiamentada Considerando estes aspectos, a participacao social ea discus- sao politica dos instrumentos legais deve ser umn elemento funda- ‘mental em um Estado que se quer realmente democratico. Assim, de uma forma geral,portanto, dias questdes princiaisin- dicam a ‘consttucionalidade” dos Sistemas Agroflorestais * 0s Sistemas Agroflorestais permitem o condicionamento dda fungao social da propriedade? +05 Sistemas Agroflorestais restauram processos ecol6aicos essenciais e/ou promovem 0 manejo ecolégico das espécies ¢ dos ecossistemas? Se arespostaa estas duas questoes € afirmativa, em tese os Sste- mas Agroflorestais nio s6sio respaldados pela Consttuigdo Federal quanto merecem apoio do Poder Pblico, No ambito da Cooperafio- resta, estudos realizados recentemente em parceria com o Instituto CChico Mendes de Conservacao da Biodiversidade (ICMBio), a Em- bapa Florestas e a Universidade Federal do Parana demonstraram que estas respostas 0 de fato afirmativas: as agroflorestas,além de produzirem alimentos em grande quantidade, gerando cada vez ‘mais autonomia e seguranca alimentar para as familias agricultoras, apresentam grande biodiversidade e fixam mais de 6 toneladas de carbono por ano, no mesmo espago. O Codigo Florestal, a Lei da Mata Atlantica e as areas de especial protecao © atual Cédigo Florestal (Lei 12.651/2012) e a Lei da Mata ‘Atlantica (Lei 11.428 2006) sao as duas les federais mals impor- tantes para a definicdo de espacos em que as atividades produti vvas devem ser limitadas, para que haja conservagao ambiental. © Cédigo Florestal define basicamente dois tipos de areas em ‘que iso deve ocorrer: as Areas de Preservacao Permanente (APPS) ‘eas dreas de Reserva Legal ‘As APPs depenclem do relevo e da hidrografia (ou dos morros e dos ros, nascentes e banhados) de uma propriedade, As matas ci liares nas margens de rios, em diferentes proporgaes, 0s topos de ‘morro eas éreas muito declivosas so consideradas de preservasao permanente. Em principio, nessas dreas, como 0 nome diz, nao se move, salvo em exceces descritas no Cédigo Florestal como dle Uilidade pablica, interesse social ou baixo impacto ambiental A quantidade de drea de Reserva Legal, dferentemente das APPs, no depende do relevo e da hidrografia da propriedade. Na maior parte do Brasil, incluindo toda a regido Sul e Sudest, deve-se manter uma area de 20% da propriedade como Reser- va Legal, além (ou dentro, em alguns casos) das Areas de Preser- vagio Permanente. Na Reserva Legal, € permitide pelo Cédigo Forestal unir producao com conservacao ambiental, a partir de projetos de manejo florestal sustentavel ‘Alem das dreas de Reserva Legale de Preservagiio Permanente, ‘existe um outro tipo de drea que deve ser protegida, na regiao de ‘ocorréncia do Bioma Mata Atlantica ~ as areas de estagio médi ‘eavangado de regeneragio de florestas, ¢ as florestas que nunca foram desmatadas (chamadas de florestas primérias). Em linhas ‘gerais, a Lei da Mata Atlantica define que, mesmo fora da Reserva Legal ou da APP, sea floresta estverjé bem formadsa, no se pode mexer, salvo em algumas excecdes. Nessa Lei, no Decreto que a regulamenta (0 Decreto Federal 6660/2008) e em Resolugées do CONAMA sao detalhadas as caracteristicas das florestas em esté- Giomédio e avancado de regeneracao, para cada Estado em que ‘corre o Bioma Mata Atlantica. E bom lembrar que, por mais que ‘nome do Bioma sugira que ele 56 ocorra perto do oceano atkin- tico, ele envolve diferentes ecassistemas, ocorrendo desde o Rio, Grande do Norte ao Rio Grandle do Sul. 0 Estado de Santa Catar 1na, por exemplo, esté totalmente inserido na regio de ocorrén- cia do Bioma, que também cobre grande parte dos estados de Si0 Paulo e Parana. A delimitagao do Bioma Mata Atlantica esta definida em um mepe, elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica). Fora dessas areas de especial protecio (APPS, Reserva Legal e florestas primérias ou em estégio médio ou avangado de regenera- (20) € possivel legalmente a impiantacao de praticas produtivas, Conforme colocado anteriormente, é com base nessa légica de “ou se produz ou se conserva’ que, fora dessas éreas,temos realmente impactado negativamente o ambiente no Brasil, em larga escala, a partir de praticas produtivas agroquimicas e geracoras de erosao e contaminacio ambiental. Além disso, em fungdo da forte pressio economica do agronegécio brasileiro e dos problemas estruturais ‘04 de orientacao politica dos Grgaos ambientais e do Poder Judici- tio, muito pouco tem se respeitado as APPS, as éreas de Reserva Legale as florestas bem formadas, Na realidade, quem cruza 0 in- terior brasleiro, em regides como 0 Norte do Parana, o interior de Si Paul, 0 Noroeste do Rio Grande do Sul, 0 cerrado ou tantas ‘utas facmente percebe que 0s plantios de soja, mitho, algodo, ‘ana ou outras culturas vao geralmente até as margens dos rios, denunciando crimes ambientais em larga escala ea olhos vistos. ais com grad 0 de Allagica de “ou se produz ou se conserva anatureza’ nao é, de finitivamente, @légica das familias agricutoras que fazem agroflo- restas, no ambito da Cooperafloresta. Estudos recentes demonstraram que, além das agroflorestas produzirem dezenas de toneladas de alimentos por hectare, a ‘cada ano, existe em média 47 espécies de arvores ou arbustos ‘em cada érea (a maioria de ocorréncia comum no bioma Mata Atlantica), em uma densidade superior as reas de florestas nati- ‘vas em regeneracao. Por causa do manejo dessas areas, especial- mente da poda e da disposicio cuidadosa do material podado ro solo, hé um incremento da entrada de luz e da reciclagem de nutrientes no sistema, gerando uma retirada de 6,6 toneladas de carbono da atmosfera por hectare, anualmente. ‘As agroflorestas, em uma propriedade, ndo sao todas implen- tadas ao mesmo tempo, nem ocupam toda a area da proprieda- de. De forma geral, para cada hectare de agrofloresta implantada, ‘azer agrofloresta en e em Reserva No Cédigo Florestal, esté definido que “a intervengao ou a su pressao de vegetacao nativa em Area de Preservacao Permanen- te somente ocorrerd nas hipoteses de utilidade puiblica, de resse social ou de baiso impacto ambiental prevista nesta Le”. Entre as definicoes de atividades de interesse social, estd a “exploracio agroflorestal sustentavel praticada na pequena pro- priedade ou posse rural familiar ou por povos ¢ comunidades ttadiconais, desde que nao descaracterize a cobertura vegetal existente e nao prejudique a funcao ambiental da area”. Além disso, entre as atividades de baixo impacto ambiental possives,estéa “exploragio agroflorestal e manejo floresta sus- ‘tentavel, comunitario e familiar, incluindo a extracao de produ- tos florestais nio madeireiros, desde que nao descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a fungao ambiental da rea” Assim, fazer agrofloresta, na forma praticada pelas familias agricultoras da Cooperalloresta, & considerado de interesse social e de baixo impacto ambiental, sendo, portanto, possivel de ser implementada legalmente em APPs, Caracterizada como atividade de baixo impacto ambiental implementada por agr- cultores familiares, comunidades tradicionais ou assentamentos de reforma agraria, o Cédigo Florestal também define que é pos- sivel fazer exploracao agrofiorestale manejo florestal sustenté- Legal est: 0 ambient: tém sido mantidos quatro hectares de florestas em regeneragio natural (Capoeiras). Essa logica de producao faz com que mais de 80% da area das propriedades, no ambito da Cooperafloresta, estejam cobertos com florestas nativas ou agroflorestas. Ou seja, a légica de fazer agrofloresta € justamente 0 contrério da légica de separacao entre espaco produtivo ou espaco de conservacao. Fazer agrofloresta significa produzir bem e conservar o ambien- te, independentemente dos limites entre APPs, Reserva Legal € areas produtivas. Os instrumentos legais na drea ambiental nio foram construi- dos pera regulamentar légicas de produgio dessa natureza, Entre- tanto, como resultado do aumento crescente da vsibilidade da im- portancia das agroflorestas desenvolidas por agricuitores familia- res € comunidades tradicionais para a conservagio ambiental, exis- tem possibilidades de alguma associacao entre o manejo agrotlo- restale a protecao da natureza, também nos textos leg} Preser ntro da Lei? vel nas reas de Reserva Legal, Neste ambito, esté definido que poderao ser computados, como area de Reserva Legal, “os plan- tios de rvores frutferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exdticas, cultivadas em sistema intercalar ou em con sorcio com espécies nativas da regiao em sistemas agrofiorestas.” Para que agricultores familiares, assentamentos de reforma agriria © comunidades tradicionais regulamentem @ pritica agrofiorestal em APP ou em Reserva Legal é necesséria uma sim- ples declaracao a0 érgao ambiental competente, desde que esteja o iméyel devidamente inscrito em um cadastro, chamado de Cadastro Ambiental Rural (CAR). 0 detalhamento da maneira que este cadastro deve ser efeti- vado esta sendo estruturado nos 6rgaos ambientais, jé que 0 Cédigo Florestal, nessa forma atual, existe somente desde malo de 2012, De qualquer forma, esta definido no Cédigo que para 05 tipos de agricultores citados acima a inscrigaio no CAR obser- vara procedimento simplificedo, no qual seré obrigatéria apenas a apresentacio dos dados do proprietarioe da propriedade e de ‘roqui indicando o perimetro do imével, as Areas de Preservagio Permanente e os remanescentes que formam a Reserva Legal. A captacao das coordenadas geograticas para o registro da Reser- vva Legal, no CAR, cabers aos érgios ambientais ou a instituigdes por eles habilitadas Conforme jé explicado acima, em regio de ocorrénda do Bioma Mata Atéantica, existem restrigbes as priticas produtivas em florestas que nunca foram desmatadas ou que estejam em es- tagios médio ou avangado de regeneragio, de acordo com a Lei dda Mata attantica (Lei 11.428/2006), Entretanto, nesta Lei "as atividades de manejo agroflorestal sustentavel praticadas na pequena propriedade ou posse rural fa miliar que nao descaracterizem a cobertura vegetal eno prejudi- quem a funcio ambiental da area” também sao consideradas ‘como de interesse social ¢, como tal, podem, em principio, serde- senvolvidas em florestas em estagio médio de regeneracao. ‘Além disso, a Lei da Mata Atlantica descreve algumas priticas produtivas possivels, legalmente, em remanescentes de florestas. Entre elas, determina que € possivel 0 corte, a supressio e a ex- ploracio da vegetacao secundaria em estagio médio de regene- ragao quando necessirios ao pequeno produtor rural e popula: ‘Ges tradicionais para o exercicio de atividades ou usos agricolas, pecuarios ou silviculturas imprescindivels a sua subsistncia e de sua familia (aqui, 6 importante lembrar que o termo “subsistén- cia”, de acordo com os trabalhos cldssicos de sociologia e econo- ‘mia rural, envolve a alternatividade entre o autoconsumo ¢ a venda, endo somente o autoconsumo). A Lei também coloca que €admitida a prética agricola do pousio nos Estados da Federacao ‘onde tal procedimento ¢ utilizado tradicionalmente, Alem disso, dispde que ¢ livre a coleta de subprodutos florestas tais como frutos, folhas ou sementes - de espécies medicinals, ornamentals ¢ alimenticias nativas-, bem como as atividades de ust desde que nao coloquem em risco as espécies da fauna e flora, Essasatividades, de alguma forma, sao priticas comuns em siste- mas agroflorestais Esté disposto igualmente nesta Lei que “o poder piblico fo mentaré o enriquecimento ecolégico da vegetacao do Bioma Mata Atlantica, bem como o plantio eo reflorestamento com es- pécies nativas, em especial as inciativas voluntérias de proprie trios rurais.”| la Mata Atlantica também determina que “é necessiria a ado¢io, pelos érgaos competentes do Poder Executive, de normas € procedimentos especais para assegurar a0 pequeno produtor € as populacdes tradicionas, nos pedidos de autorizacao de que trata esta Lei, acesso facil 3 autoridade administrativa, em local proximo 20 seu lugar de moradia, procedimentos gratutos, céleres € simplifcados, compativeis com 0 seu nivel de instrucao e analse ¢ julgamento priritérios dos pedidos.” Considerando estes aspectos, existe um reconhecimento dado naLei da Mata Atlantica a algumas praticas tradicionais de agricul totes familiares inclusive a sistemas agroflorestais, ao menos em florestas em estagio médio de regenerarao, afios a Foi explicado acima que, de acordo com 0 Cédigo Florestal e coma Lei da Mata Atlantica é possivel agricuitores familiares, co- rmunidades tradicionais e assentados da reforma agréria fazerem agrofloresta em Areas de Preservagao Permanente, em éreas de Reserva Legal ¢ em florestas em estagio médio de regeneragao (na regido de ocorréncia do Bioma Mata Atlantica). De certa forma, isso era de se esperar, poi agroflorestais, na forma que eles vem sendo desenvolvidos no “ambito da Cooperafloresta, seria contradizer a propria Constitui- 40 Federal, que determina que “incumbe ao Poder Piblico pre servar e restaurar os process05 ecoldgicos esseniclais € prover 0 manejo ecol6gico das espécies e ecossistemas’, Esso, em ultima analise, que as familias da Cooperafioresta vém fazendo, Entretanto, por mais que os instrumentos legeis definam que 6 possivel fazer agrofloresta, inclusive em areas de especial pro: teca0, existem dificuldades para regulamentar 0 consumo de al- gumas espéciese, especialmente, a comercializagao de produtos produzidos em agrafforestas. De forma geral, tanto o Cédigo Fiorestal quanto a Leida Mata ‘Atlantica nio impoem restrigdes a0 comércio de frutos,folhas ou sementes de espécies medicinais, omamentais e alimenticias, na- tivas ou nao, provenientes de agroflorestas. Entretanto, tal nao se di em relacao a produtos madeireiros, Ou seje, regulamentar a venda de madeira plantada em agroflorestas ainda é um pro- blema nio resolvido, do ponto de vista legal. Essa comercial $40, a partir des agroflorestas, poderia representar um impor- tante incremento de renda. Outro problema nao resolvido é a comercializacao de produ- tos de espécies ameacadas de extingéo, No ambito das fariias agrofloresteiras da Cooperattoresta, o palmito jucara (Euterpe a enfren tar... edulis) & uma das trés espécies mais plantadas. A pritica do plan- tio de palmito vem servindo inclusive para a dispersao da espécie ‘na regido, na qual ela esté em extingao, recuperando areas degra- dads ¢ incrementando relagoes entre flora ¢ fauna. Em fungio da proibigdo legal da venda de palmito, uma importante fragio da renda que podetia ser incrementada, a partir da prati florestal,éinviabiizada. Existem outros problemas ainda de origem mais profunda re- lacionados ao ambito das polticas publicas de forma geral No Brasil, ainda optamos por oferecer mais crédito e mais beneficios a0 agronegdcio do que a agricultura familar, a qual é responsavel pela maior parte dos empregos no campo e da producao de ali 'mentos, ¢ que consome proporcionalmente muito menos agrot6 xicos € contaminam muito menos 0 ambiente. Estes problemas tém como uma das origens mais importantes Co fato da legislagao nao ser construida tendo como foco as prt «2s agroflorestals ou outras praticas conservacionistas, mas sim sistemas produtivos opostosa possibilidade de conservacao am- biental. Nos instrumentos legais, sistemas agroflorestais ainda sao tratados como excesao, © desafio é justamente envolver a sociedade, cada vez mais, ‘em othar e perceber os beneficios das agroflorestas. € agregar cada vez mais 03 6rg80s ambientais, as insttuigdes de pesquisa, ‘os agricultores e agricultoras, os consumidores ea sociedade em geral no proceso de gestao ambiental, detalhando regras coleti- vas que sejam realmente edequadas & conservacao ambiental possibilitem praticas produtivas eficientes. E tornar cada vez ‘mais prético o lema de que, emum mundo que se quer democra- tico, “nao sao as leis que modificam 0 mundo...0 mundo € que ‘modifica as leis.” t Reaiaca0 AGROFLORESTAR. id PETROBRAS < PAIS RICO £ PAIS SEM POBREZA CGooperatoresta- Asacigdo tas Agicultores Aroflorestais de Barada Tuo © Aiandpols- Estrada SP 852/230, hnZ8§ ‘Barra de Tere ~ SP -fone, (6) 357-1460 wnw.cooperarestacre.t site de projet. wow apfirestacore tr

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