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OOODDDOOOOOD OOD CODDOOOOCOOC0O0OD0C0000000000000000e¢ BB Cad bs Pah Assembiéia Legislativa APANHADO TAQUIGRAFICO DA REUNIAO DA COMISSAO DE DIREITOS HUMANOS DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA PARAIBA, EM 24 DE AGOSTO DE 1995, QUANDO FORAM OUVIDOS FAMILIARES DE DESAPARECIDOS POLITICOS, PRESENTES O DEPUTADO FEDERAL, NILMARIO MIRANDA, PRESIDENTE DA COMISSAO DE DIREITOS HUMANOS .DA CAMARA FEDERAL, E OS DEPUTADOS ESTADUAIS FRANCISCA MOTA, LUIZ COUTO E ZENOBIO TOSCANO. 3 3 oO ° 3 ° ° 3 } 8 ° 8 ° 8 ° 5 ° o ° 8 3 ° 5 3 5 5 8 Oo 8 9 6 3 3 ° 3 3 oO 9 } ° 6 Oo 3 9. ESTADO Da PAK atlas ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ALAALO stAQUIGRARECO "DAN REGNITO DA 4 COMISSKO “PE DIREL TOS tiUMANOS DIA 24'DE' AGOSTO 995 * A SENHORA PRESIDENTA (Deputeda ‘Fraricisce Motta) Invocando 8 protegéo:de Deus-e em nome do povo parai- no, declaro aberto a presente eunido da -Cominsdo de —_uireitos Humsnos. Convido o Seerétévio de ‘literior “e'Justi¢e, voutor ' Jério Machado, para fezer parte de Mesa. Quero registrar 8s ipres¢nges ‘do ‘Dolitor Rubens “Pint Lira, Presidente do ‘Consélho Esteduol ‘de -Direitou ‘Humenos; Ale - “xendre Guedes, do ANistia “Internecionels; Verdni¢e ‘Roarigues, da FundegSo de ‘Direitos Humanos “WMargeride Merin Alves"; Olenize Santos, do Ceritro de -Direi'tos ‘liumanos "Joo ‘Pédro Teixeira? ‘Que~ tembém registrar ‘8 presenge ‘Wo ex-Depiitado ‘sindo ‘Atweida,; éo Vereador CBS, do PT; do Deputedo Podre Adeditio e toubém do Veres idente do ‘Cémera ‘Munivciipel ‘de Potos, bedé ‘Friiricisdo. Em nome de'Comiss&o de ‘Direitos da ‘Defese de Cideda - dor e Pre nia, Crianga e Adolescente, ‘eu ‘quero sgradecer o presenze ‘de De- putodo Federal Nilmério Miranda ‘que esté qui, ie nosse Cosa 4 com o objetivo de ouvir depoimentos Ge fomilivres doo mortos e desaparecidos politicos. A -ComiessSo de Direitos Hunerics, de Cémere dos Depute= dos, que tem como Presidente o Deputado Federel Nilinétio Mirenda promoveu, no més de maio, 0 1%. Forum iiotionel dé Recursos Hum = nos ce Assewbléies Legisletives, Realuente, eu tive » oportuni = Forum, como toubém o Déepulndo Luiz Cou ande de comperecer a: eat to eo Mombro e Deputedo Federal Wilven freire. Foi uin encontro velioso; foi um encontro proveitoso poraue diversen propostes fo. ESTADO DA taAikALBA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DOOT os ace te 1 Perte rem spresentadas; diversos Estados perticiperom, leveren suges ~ tSea-e, alguma coisa de concreto Micou,spois o Deputsdo me efim mare hoje, pele manh&, que duas Comissdes j4 forem crisdes, em outros Estados. Pera mim, pera o Deputedo Luiz Vouto e o Depute~ do Gilvon Freire, 0 meie importante foi o encerremento deavele ' encontro porque, na hore que o Deputedo Nilmério Mirande - mos - trando 8 sua responsabilidade e 0 seu velor ~ conseguiu que =o encerremento se desse com a presenge do Ministre de Juotign, e foi importante quendo o ministro, no seu discurso de enccrremen- to - por sinnl, scetando diversas propostes - dizia que o Minis- tério da Justiga estava recebendo, com muita simpatia, #s propos tas da ComiasSo de vireitos Humanos, da Cémaro dos Deputecos «* Por of, amigos, se vé @ importaéncie, o trebalho, o velor deste Deputodo. io é de hoje que elé estd vbragando esta couse. Abra- gou como cidadSo, como jornelista, como Deputado e hoje, como Presidente da Uomisséo. Deputedo Nilmério Mirends, eu lhe sou grete; eu, real mente lhe admiro muito. O Senhor abragou esta bendeira ne hore om que o Brasil esté querendo passar sue histérie a limpo. Passo'a palavra e a Presidéncia dos Trebslhos pera o Deputedo Nilmério Mirenda. SEWYOR DEPUYADO' FEDERAL NILMARIO MIRANDA: Prezsdo Douton ‘Jério Machado, Secretério de Interior e Justiga, figure histérica na lute pela democrecis, equi repre- sentondo 0 Governo do Estado; Deputedo Gilvon Freire, lienbro de ComissSo de Direitos Humanos; Deputeda Francisco liotte, Presi - dente da Comissio de Direitos Humenos squi, nu Perefba e que esté fozendo um belo trabalho, junto com o Deputedo Zenébio Tos- ceno, que foi o autor deste Requerimento, que levou e esta See 50; Deputados Luiz Couto, Chico Lopes, Pedre Adelino; Vereado ~ res; Doutor Rubens Pinto Lira, Presidente do Conselho Estadusl TOCOOOCODODVDOQOOTOODOOOCOCOOOCVD CODCOD NDODOCOCOCOOOOOD [FSOCONOOODOOO DODO OOO0O0DO00 0000000000000 0009000C y & i ESTADO DA itAhALBA ‘ ASSEMBLEIA LEGISLATIVA UE — -3 aR 19 Parte em Defesa dos Direitos Humanos; femilieres de vitimes de 64 , . oe ‘ que 0 objetivo desta Sessdo.é ouvi-low; © todow aquelen que oim- petizem com essa cousa, dos Direitos Humanos: Vou me permitir fezer um breve reléto de como nés chegamoe até aqui. U Governo tomou’e decisfo de, ne préxime ter~ ge-feira, enviar pera o Congresso Nacional um Projeto Ue Lei re~ conhecendo que o Estedo é responsével pelo desaperecinento de pessoas, com mortes, inclusive abrindo espego para novus casos , pera outros casos que estéo comtempledos na liets, criando, as ~ sim, uma Comissio Especial. Nés tivemos no Brasil uma ditndure, dentre os unos de 64 8 85. Todos sabem disso, muito bem, e todos sentirnm no corne o peso dessa ditadura. Uma.des coises gue e ditedure fez, elém de cancelar ng liberdades. politicas-partidéries; sindiceis; os direitos individueis; censurer e imprenze, e misicea, eo ertes , tem causado um imenso mal, neste ve{s; tem feito, teubéi, um pro cessemento econdmico concentrador de rende que levou o Prosil @ ser um dog pefses onde a renda tem # pior concentragfio do mundo. Isso nesceu, eli, dequele modelo implentudo. Esse ditedure vio - lou, sintematicamente, 08 Direitos Humanos e cla, durente o pe - riodo de 64 até 69 mais ou menos, vérios compatriotes nossos fox rem mortos sob @ agio de agentes policiais ou militores, indepen dente do Estado, ou fore dele. Naquele periodo se dizia, muito, que 8 pessoa se suicidou. Hevia ume preferéncie por forjer sui - eidios de peesoes que erem assassinedes. Em 69, quendo crierama Operagdo Bandeirente, depois os DOI-CODIs, ® repressio se agra - vou imensemente no Peis, Um m8jor, um capitéo tinha o direito de decidir se 8 pessoa que ele prendeu devia ficer vivo ou morrer ; eles tinhem o “direito” até de mater es pessoss. Nequele periodo houve uma série de mortes nas prisdes e néo havie nenhuma conse— quéncie juridica; nio hevia’ hebeas-corpus. Hevie Leputedos nas DOOCOVOOCODTCBOBOCOCOOOGOODCOODDOCOOGOODVBVGORVOVOKVVYYO BE Citado da Paratha, Assembléia Legislativa - MR * Parte Assembléios e ns: Camara Federal e uno poucos due, heroicomente, denunciavem; a igreja, sobretudo a catdlica, tembém emparou * aquelas vitimas, procurou denuncisr 3 no exterior tembém havie muitas dendncias @ cobranges. A pertir de um certo momento - que foi em 1972 --a ditadura resolveu desdperecer com es pes: soae e, ent&o, inventerem o chamado crime perfeito. Ai os dis - sidentes politicos, equeles que lutevem contra equele estado de tirenie, erem sequestrados; eram levados a cercéres privedos clendestinos; eram torturados, mor%os e 06 cadéveres erem ocul~ tedos, de variades formes, Inclusive, hoje nds aebemos que, in- felizmente foi o Bresil quem iniciou esse prética perverse, ume des meis cruéis do mundo. & considerade pelos Direitos Humenos' como uma des violagdese mais graves do mundo, esos modslidede de perseguigdo, assassinato politico seguido de ocultegéo de cadé- ver, onde ndo hé ocorréncia policiel, n3o hé processo; e pes + goa perde toda a comunicagao com o mundo; ela é totalmente isco- lade, torturada, morta, o cadaver ocultado e o Estedo simples - ‘mente dizia que es pessose nunca forem presas, No registro das prisdes nao hé responséveis. 0 desaperecimento teve vérios mo - mento: em 64, em 65 e se egravou # partir de 72. Por exemplo , em todo o ano de 74 no hd um caso de morto oficiel, reconheci- do. Todes as vitimas de ditedure de 74 s&0 desaperecidos; no eno de 75 hé trés casos de mortes reconhecidas, os demais sao * dessperecidos. Assim o Brasil difundiu, ensinou isso pere e Ar gentina, o Uruguai, o Chile. A Argentina levou isso #0 ebeurdo’ de colocer dezessete mil desaparecido; no Hoiti tem doze mil de separecidos; na Guatemala tem cinquente mil; no Peru, quese * trés mil; no Chile teve cerca de mil © oitocentos desaperecidos e dois mil e quinhentos mortos, no perfodo Pinochet. Infelizmen te foi o nosso Peis quem desencadeou esse processo. : _ Quando veio @ anistie, em 79, todos se lenbram que ainde tinhe vigéncia o Governo Militar; era o Governo Fi ~ gueiredo. Ele decidiu fazer uma eniotis, mes néo houve ume per ticipagdo da sociedede, uma consulta a sociedade, e eles fize - rem essa aberragdo que foi fozer anistia pera as vitimes, mas tembém, para os algozes. Eles ficeriem perdosdos. Crisrem essa aberragéo juridica, mas na época ~ segundo mesmo os pessoss DOV QBIBOIOHOODODODDOVDODBDOODDOOVOCOVVOBOB0VGVGR00: ee e Eitado da Paraiba, , sembiéia Legislativa MR 1* Pert ' v 4 comprometidsas com a democracia - ere o que podie ser feito. Os militeres tinhem muite forge. Enfim, @ correlagio de forges per mitiu, apenas, que houvesse aquela enfatia, que negundo-feire ¢ feré dezesseis anos, e essa enistia, de 79, foi um passo gigen- tesco pera o Brasil volter & democracia, Milhsres de peesoes es tavem no exilio, ne clandestinidade; centenos que estevom nes prisdes voltarem pera a vide do Peis, volterem pers o sociedede bresileira. No entanto esea anistia cometeu varies injustigas , deixou de fora os desapsrecidos. U Minietro da Justiga, que ere Armando Falco. dizi® - quando se spresenteva uma liste de dese~ parecidos - que esses pessoas nunce forem presas. Quer dizer , eles devolviom & sociedade e negavem - mesmo quando hevie tes — témunha - que o betedo tivesse prendido esses peenoas e, muito fombém, nequele momento o Coverno néo reconheceu menos, matedo. a responsabilidade sobre os mortos reconhecidos. Soltevem uma nota dizendo que a pessoa morreu, mas néo dizia que foi o Gover _ no. Prevelecio a veredo dade peles forges de repressdo. Por ' exemplo: Joo Alberto Borjes. A vers&o que eles deram foi que ele morreu afogedo; Roberto Pieto se suicidou deitedo; Viedemir Herzoc se suicidou e-meioi metro de alture; Menoel Fiel Filho." teria tiredo o ceadargo do sapato e se enforcedo; Weriguele te - rie sido morto num combate; os sessenta mortos do Araguéia te - riesm sido mortos num combate, Alids, eles negavam que tivesse ' tido a Guerrilha. A Guerrilha, oficielmente nunca foi reconhe ~ cida. Agora é que é reconhecida. Esse foi o maior oegredo de po lichinelo do Pafs, dizer que néo houve s Guerrilhe. Eles nao queriam dizer que houve-s Guerrilha pera néo assumir que houve vitimas. Entéo, o Exército bresileiro teria que prester relaté- rio, prester contas e, para néo prester contes, eles negeram que tivesse existido a Guerrilha do Aregudie. Muito bem, scon - tece que os familiares nunca desistirem desse lute. Eles fela - rem com 09 Ministros da Justiga, no Governo de 74. Quendo veio a democratizagioy no Pais, eles se encherem de esperengas. ° nosso grende emigo e lutador, Fernendo Lire, ere o Ministro da Justiga., Os militeres jé néo estavam no oder. & tento que Fer- nando Lira diz, hoje, que a maior frustregéo dele foi ndo ter GGBO0090000000000000000000000000000000000000000000 Zr e Estado da Paraiba. semibléia Legislativa = om 1° Parte podido resolver inso, tamanha eram as pressées, internos, dentro do Governo de José Sarney. Igso era um tabu, néo podie se feler Quendo veio o Governo Collpr - eleito pelo voto direto - nés fo mos so Governo, e os familiares tembém. U Collor chegou a dizer que ia resolver isso, Fez elgume coisa devolvendo os erquivos ' do Rio de Janeiro e Sio Paulo. No.entento, nemo Ministro Jer - bas vesserinho, que era da Justiga, nem o Célio Borges, que o sucedeu, moveu ume pelha para resolver o problema dos desopare- cidos politicos e doe mortos, dyrente o pericdo militor. Quendo veio o empeachment e a queda do Uollor, e sesumiu o Itnmer Fran co, Mauricio Correia, que era o Minintro da Justign,- foi seis vezes Presidente da OAB/DF; enfrentou Newton Cruz com —aquels estéris bonita da resisténcia democrétice - chegou a dizer, de pblico, que ia fezer um Projeto de Lei, junto conosco, para * sener esse injustiga. Depois houve ume crise interna, no Gover~ no e ele foi desautorizado. Hoje ele diz que foi uma tristeza , na vida dele, por ter sido desautorizedo quando ele ie enfren — , ter a questdo dos dessparecidos politicos. Bem, os familiares ‘ se orgenizoram numa Comissio Necionel de Femilieres e vérios Es tedos crierem os grupos “Zorture Nunca Meie." Esses grupos nun ca parsram de luter.:Em 1991, na Cémare dos Deputados, nés fi - zemos uma Comisséo Externa para os deseparecidos politicos, que foi aprovada em Plenério no die 13 de dezembro de 1991. Nos tra belhomos por trés anos, de 13 de dezembro de 1991 © 15 de dezem bro de 1994, e néo conseguimos quase nade. Tudo o que consegui- mos foi com os familiares, @ sociedade civil, mes nunca com Governo. Quem tinha as informagdes que podie resolver, se mos ~ trave impenetrével, mas acho que ajudemos a crier um espago po- litico, En 1990 tivemos, também, um feto muito relevante. 0 re- porter Caco Barcelos degcobriu no cémitério de Perus que tinhe pessoss enterredas com nomes felsos, como indigentes e com um T vermelho. Ele descobriu que aquele T era de terroriste e, en- téo.a Prefeita de Séo Paulo, Lufza Erundine - pereibens, mulher corajosa - mandou abrir a vela de Perus e, deli, seiu ure reve- lego, que es pessoas eram enterradss com nomes falsos e isso explodiu no Peis, Ent&o, tudo foi histérico; nunce perou; sem - pre houve um8 lute. A Anistie Internecional sempre lutou por e 0B000990900900000000000000000000' aaa aradete near ential ona I Eade da Paraiba. sembléia Legislativa -T- MR 1u&Perte isso. Inclusive o Secretério Gerel da Anintie gsteve no Breeil, em sbril, e na audiéncia com'o Presidente Fernando Henriaue , cobrou, erplicitemente, um especial empenho do Prenidente Fer - nando Henrique, como ex-exiledo; como vitime da ditndura; pea = soa que perdeu sue cétedra da.USP - ele era professor e foi afastedo com violéncie,de caétedre. Voltou antes de anistia mes ficou seis anos afostedo, da sua profiendo - e teve que re exi - lar no Chile, de 648169, por nao ter ambiente, aqui, pera tra - bolher, produzir, refletir em seu trabalho cientifico. Quendo née criamos, no infcio deste ano, & Cominsso Permanente dos Direitos Humanos, nas cuss primeiron reunides 4 ele deliberou, por unenimidede, que uma de sues meicres causes’ seria resgoter os que estaveam desaparecidos; der continuidade a Comisséo Externe, que era temporéria, que tinha encerrado en 15 de dezembro. Ent&o, quendo o Governo chega e envior, egora , esse Projeto,ele@ resultado dessa lute que nunca perou. Muita gente dizia, logo no comogo, em 91; “Que estérie é eosa de fi - cer remexendo osso, cedéver? Quando ne conseguia echer um corpo em Tocantins, em Goiés, no Paré, a gente ie reagotor, leveve pe rea femilie, trensferia pera onde fosse o jazigo de fenilie * dequela vitima, e havie eté gozegdes. be 14 pera cé eu scho que todos entenderam que essa é uma questio do nosso Peis. Esse no é questdo 86 dos femilieres; nao 6 questéo 9d dos Direitos Hu ~ menos; ndo é questBo de oposigéo ou situegéo, de esquerde ou di reite; essa é uma questéo do Pais. Hoje o nosso Peis inneriu is so ns Ordem Juridica, condenagéo da torture. Na Conrtituigao’ diz 0 seguinte: que é crime téo grave que é inafiengével; tor ~ turador ndo pode ter fienga; 6 imprescritivel; o crime néo pode prescrever por dez, vinte, trinta, cinguente anor. Ble pode ser apurado e é inafiangével. © Brasil sediou, em Belém, no die 19 de junho, uma ConvengSo da Orgenizagéo dos Estados Americenoe, que aprovou . ume ConvengSo Americena contra ou sobre o deseperecimento forge do de persoas. EntSo, desaperecer pessoss, metar e oculter ca ~ déveres é um crime, hoje, ~ no Direito Brasileiro - de Lesa-Hu- menidede. & um delito continuado, nao prescreve e tem que ser 2 Esade da Paola 5B “Assembléia Legislativa QOOCOOOOOODOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOCEOOHOOOOOOVDOOOO -8- MR 1? part apuredo em qualquer tempo. U Bresil tembém essinou © tratedo da ONU que condena a execugdo extra-judicial, sesessinote de pes ~ 8088, quando agentes do Estado decidem mater. Eu recebi a incumbéncia, héyquinze dian, de ir até Rondénia, quando houve aquele chacina em Corumbisra. Noo nabfe- mos que era ume chacina, 86 sabfamos que tinha havido ume tregé die com os Sem-Terras que foram vitimes de um despejo violento, com muitas mortes e, antes que decorressem vinte e quetro hores dos eventos que resulteram naquela tragédia, fizemos ume Comis- sSo Externe de Deputados, que eu coordenei, e fomos eté Corum - biéra. Tudo foi filmado. Eu tenho um relatério que vou deixer com a Deputads Frencisca’Motta pare Assembléis tomer conhecimen to, desse relatério, e no final a gente pede que on crimes se - jam apuredos. Nos pedimos ao Governador de Rondénie que, atra — vés do Ministério Piblico, fizesse uma epuragio rigorona pera saber quem foi o responsével por determiner o despejo, 5 4:00 horas da manhd, no perfodo noturno, que é profbido por Lei; que a Constituigéo ¢:0 Codigo de Processo proibem,e que procersas - se os policiais respons@veis pele tortura dos Sem-Terros, de - pois de dominados, e sob a custédia do Estado. Nés vimon pes - soas com cabegas despedagadas. Simples brsoileiros que estoven' lutendo peles terras;'execugio de pessoas. Dos nove posneiros * mortos, sete estavam.com tiros a cupte distancia; eles foram * executados, depois de dominedos, com um tiro no cabega e um tiro nas costes. Estamos recebendo denincias de ocultagées de cadéve res, ou seja, desaperecimento de pessoas, Entéo, nés estemos lu tando pela justiga de fatos gue acontecerem hé trinta enos, co- mo é.0 caso do Pedro Fazendeiro, do Nego Fuba e de outros, e estemos lutando por fatos'ocorridos hé quinze dies.. ( Continue ne 2# Parte $B Gitado da Parssb sembléia Legislativa ? 2. Q 2 Q oO oO oO ° ° Q ° ° ° 5 ° 5 ° 5 ° 5 O° 3 ° ° ° 3 o 0 ° ° Q Oo Q ° One o. ° ° O° ° ° ° o 3. 3. ° ° ° Eve 2% Parte 4 (Presidente da Comissio de Direitos Hu Q SENNOR NIIMARTO MIRANDA. ‘manos da Camara dos Deputados) aes quinze digo atrde, 6 a mooma coiva. F acho que lutar pelo direito das famflias, significa lntar também pelos direi tos dos brasileiros hoje, que naquela época eles. diziam que dro, 0 Joa Alfredo, o Jo&io Borges, que o Ezequias Bezerra, son Viana, Humberto Cémara Neto, que eram inimigos, falardo paraibanos, que eram inimigos do paie. Portanto faziam uma guer- ra. Def, tiraram a Lei de Seguranga Nacional, fizeram o Adicional, fizeram toda easa-barbaridade. Seria ridiculo dizer que, algiém & inimigo de algiém, quer dizer, que oposigéo e situacas conviven, se respeitando; sao udversdrios pol{ticos mas se recpeitam. [Mo entan~ to, 0 Estado Brasileiro ainda patrocina es mesmas coie%s da ditadu- : ra, em relagio cosexclufdos, pobres, mulheres e meninoa levados a prostitugéo, o preto, especialmente; as pessoas negras, os brancos pobres, os sem terra, 03 sem casa, esses sA0 tratadon como inimigos. 0 Comandante Geral da Polfcia Militar de Ronddnia, ele dava entrevista, eu tenho a fita da TV Vilhena. Ele dizia o seguin te: olm, nds fomos 14 pra expulear, cumprir aquela ordem judicial, esoubemos que o inimigo estava armado. Inimigo. fle estava dizen- do como se fosse inimigo, 0 povo, brasileiros. £ daf nds chegamos ao quatro horas pra comegar 0 cerco, e fizemos o cerco pra surpreen der o inimigo. Ent&o essa expressio pra ourpreender o inimigo. Pe- \ Ligmente vencemos o cumbate. ‘Ele foi exonerado jd, mas depois de ter feito essa tragédia,/ter.provocado isso. Mas isso uma concep Go que esta presente ainda, Entdo eu acho que a luta dos familiares é pra resga~ tar a justica, mas também é uma luta important{esima pra todo o nog "so pais, pra que todos brasileiros sejam tratados como igial, seja considerado um cidedéo. nessa Entdo esse é 0 objetivo de estarmos aqui hoje audiéncia pitlica, pra ouvir em primeiro lugar os familiares, mas DQOEVDVODBO VO DSOoOOoOooOoOoO OOD OD OOVOO0OVV0vV0v0v0 0 0000000000000 F Estado da Paraiba sempléia Legislativa e -2- EV , 28 Parte em seguida 03 Deputados © todas as pessoas quo quiserem ve promncs ar sobre as propostas que serio levadas. A proposta sempre serd es sa. * © Governo vai reconhecer aqueles centro e trinta e seis que jd publicou, que inclui parentes de pessoas que aqui es~ tdo. E segundo eu soube ele vai abrir uma portinha pra incluir no~ vos casos. 0 Governo ao reconhecer que ele é responsdvel. por essas mortes, os desaparecimentos, ele vai indenizar as pessoas, aquelas que sejam reconhecidas, uma dndenizacéo de cem acento e cinquenta mil reais. Essa indenizagéo serd por via administrativa; até isso achei uma férmula avangada, interessante, cria uma experitncia inte ressante pra a América Latina, Veja bem. 0 que significa indeniza so via administrativa? Que nao 6 preciso recorrer a justiga pra obté-la. Uma comissio que vai ser criada pela lei, ela propria de- signaré, esse recebe indenizac&o. E nao impede e famflia de posse do atestado de ébito o reconhecimento da responsabilidade do ote - do, de buscar outros beneficios, de entrar com outras agdes. Por isso que ela tem um avango muito grande, uma indenizacio imediata. Essa cria também uma comisséo especial. Wo inicio era composta de cinco membros. Wado sabfamos quais. Coma evolugao ~ dos debates, antes mesmo do Governo mandar o Projeto, née fizemos vma barreira. de criticas. Eu soube que o Governo vai mundaro Projeto, va. com missio de sete membros, que incluiria um membro da Comicoio de Di~ reitos Humanos da Camara dos Deputados, designada pelo Presidente de Repiblica, um representante dos familiares dos mortos desaparecidog, um membro do Ministério Piblico Federal, vm militar ligado ao Esta- do Maior das Forgas Ammadas, e trés outras pessoas, nao sabemos quais serao. De toda maneira, teré que ser uma comissao acima de qualquer suspeita, uma comissio isenta, uma comiosao que dé confian (ga a toda nogio, que ela tenha critérios, que vaf julgur casos de vidas humanas, pessoas humilhadas, pessoas que vem de uma longa his téria de ofenses e de humilnagées. E terd que eer muito criteriosa COLO KEOQOHOCOSDOODHSAVOGSDDODOOO ODDDOVDDOVDOVOOO QO OOGGE SP Cade da Varsha ‘Assembléia Legislativa EVC 2% Parte “ e muito sdbia essa comissao. . © que tenos eriticado, © queremos conavltar 0 seguin= t pelo Jeito que esti, exe Projeto oxclut peecous. Aqueleo que n&o tiveren morrido sob .a responsabilidade direte do Estado fica - rao de fora, 0u morrido em combate. Aquelas pessoas que eles di- zem que se afogou, que dizem que se suicidou, que dizem que morreu em tiroteio, que dizem que morreu em em plena fuga, ou atropelados, eles ficorinm de fora. As famf{lias 880 em separadas, entre incluf - das © exclufdas. Nés achamos que ioso af é um problema muito sério, querenos discutir aqui com todos. © segundo problema, «: ‘0 Projeto do Governo, ele prod be que se conte o que aconteceu. Ele reconheceria as pessoas, mor- tes, responsdvel pelo Estado, ou desaperecido como morto, daria in- denizagéo, ajudaria localizar corpos, mas néo diria como, e onde, e quem matou as pessoas. Ieso seria proibido, nds tanbém discordamos queremos ouvir vocés. Nés achamos que isso nao é justo. As fami- lias se preocupam muito mate com ipso do que uma indenizagio. Acho que a indenizacéo 6 importante, que é uma punicéo do Estado. O Es- tado que violou direitos humanos tem que ser punido, portanto, ele indeniza. Moe o que-as fam{lias querem, ou acho que toda nagio quer é saber o que aconteceu naquele perfodo. Més temos direito a verda de. To%-fim, antes de passar a fase mesmo de coleta de de~ poinenton, nessa fase de informes, eu ainda tenho uma coisa a di~ zer. A ComissGo de Direitos Humanos nao propde a punigaéo dos culpa dos. Nado porque eles nfo meregam. Acho que quem tortura vma pes~ soa que estar lutando, fazery,uma lute polftica, comete um crime em vissimo, um crime imperdodvel. Quem desaparece com uma pessoa, ten tando ocultar qve houve séquer o crime, cometeu um.crime mais agra wado ainda. Quem esquarteja, quem deu injegdo de matar cavalo no prego politico, depois esquartejou pra esconder os restos mostaia pra nfo ser identificado. Quem fez o que foi feito com Tedro e Jo OOTDDOOODODDOOODOOOOD DVO ODOVDDDDVVDDDOVDOOVOD OOO NCO OOOGE GP Eitado da Pars Assembléia Legislativa 4 EVC 28 Farte @o Alfredo, do soltar e depois sequestrar, matar, carbonizer, econ der 0 caddver, eGo coisas muito graves. Yo ontanto, née da comonao, fierfanoo, também ovvir a opiniao daqui. Nés temos tido a seguinte posigio: née néo queremos punigdo, nds no queremos vinganga, néo queremos, mesmo que ela fos se eticamente injusta, e que nés tenhamos o respaldo do direito in- ternacional. Nés achamos que jé pacsou o tempo. Os que fizeram is 30 estéo na reserva, muitos jé morreram, muitos estio af carre= gando as suas consciéncias, a maldade que fizeram. Eu fyi preso polftico, eu conhecf torturadores, vé- rios. 0 chefe da tortura em Séo Paulo ele vive em Brasilia escon-. dido, ninguém pode saber que ele estar 14, ele nfo se apresenta em lugar nenhum. 0 Senhor Carlos Alberto, ele era o todo poderoso, di za se como um péria. A prépria evolugiio da sociedade, a conqvista da : vocé morre, vocé fica vivo. E hoje estd 1d, estd vivendo qua— democracia trdnsforma pessoas em parias. Ms nao queremos lever as pessoas as barras dos Tribunais, nés queresos dar uma demonstragéo que querenos a paz, a justiga, mas também a pazy conciliaro —pa~ is, virar essa pégina, sem produzir inquéritos, processos, nao por néo ser justo. E pra nds ndo.se trata de impunidade. "da queremos a verdade, nés queremos que saia o que 6 que aconteceu, e quem fez’ aquelas barbaridades. A punigéo moral nio abrimos mao. Em que apa regam o nome de tados, sejam piblicos, que a hietéria registre quem foi que fez aquilo, até pra néo se.repetir nunca mis. 8 até pra que as Forgas Armadas nunca mais embarqve em aventuras como esca, & vertuzes assin contra, criando crimes que hoje a humanidade — toda. condena. : Esse é 0 objetivo da nossa avdiéncia. "és fonos a vd— rios Estados, Minus, dia 4 de agostos dia 7 em Recife; dia 9 com fomiliares 4° Brasilia; aia 11 em Sd Paulo; dia~18 no Hopf{rito San to, hoje estanos aqui. Amanh& estaremos no Ceard, o depois dx ama nbi na Bahia. Depois trarei enfoque, haverd uma grande concentra - DOOOODOOOVDOVDDDOUDOUPVUVUDUUUUUUUPUDUDUUUUUOOOODNDOE ss eu Extado da /araiba : Assembléia Legislativa EVC 2a Parte go em Preosiin,dos familiares, dia 28 6 29. Depolo farenos mata audiéncias, quando jd te, que precisom ser investigados. Eu “cho importante porque no momento aue a gente investiga a hintérie, q reconhecimento de * gue o Estedo cometeu um ato de torture, de assessineto contra ' brasileiros, é que nos vamos continuar porque investigsr casos’ como estes néo é investiger casos de mor to} de vivos. Como foi dito, @ dor, quem sabe & quem pes é invertigsr cesos 2 por ele, @ esses compenheiros e compenheires, que esto pursendo por ete dor estiio vivos.e, a menérie daqueles que form ensnscinnios * continus viva tambem. f preciso recuperar 8 hiotérie e nén estnmon recupe- réndo essa histéria. © SERNOR DEPUTADO NILMARIO MIRANDA: Com a palavre © Doutor Alexandre Guedes. OQ SENHOR ALEXANDRE GUEDES: Na condigéo de representente de Anistio Internecio - nel, equi neste Sessio, nos congratulemon com esre momento his- térico, que foi muito bem lembrado pelo beputedo Nilmério Miren de.’ 0 nosso Secretério Executivo Internacions1, o Loutor Pierre Sener, exigiu do Presidente de Repiblica umo tomade de posig&o, veemente, sobre 09 desapsrecidos no Brasil. O Presidente Fernan do Henrique - tembém perticipante desse perfodo, da lute pele resisténcie - tem uma obrigagSo histérice de dar uma recpoote . positive a essa questéo. Nés que fezemon parte de Anistia Inter nacionel, gqui, no Bresil, ~ um orgenicmo que tem um milhdo e trezentos mil membros em tode o mundo - ertemor vigilanten, nao 56 ogui no Brasil, mes com 6 situsgo dos denapsrecidos na Gue- temale, no Zaire, em Ruands, ne Colémbie, ne China. Entéo, a gente esté lutendo, diuturnamente, pars gue esses injustigas , esses barbéries possem ser superades. Nesse momento histérico, sgradecemor a honross pre - sengo dos Deputedos que compdem esta Comiando e erperames que o resultado seja aquele que a sociedsde brogileirs erpera. Que 8 impunidede seje quebrada; que 2 justigs aeje feite ¢ que os re- poragdes, devides,’ sejem-conseguides. Muito obrigado. BY Clade de Para. Assembléia Legislativa -4- MR 1* Parte © SENHOR DEPUTADO NILMARIO MIRANDA: 4 Esté franqueade a pelevre. Q SHRNOR ALMIR PEREIRA: . Eu queria dizer que o meu depoimento ere pura = ser mais enriquecido se as pessoas que conheceram o meu irmBo tives sem 8 corogem de der um depoimento, mas no interior, infelizmen te, e8 pessoes einde silenciam. Mes o que eu declorei nesre do- cumento eu assumo,.£ sabido, na minhe cidade, de we exirtem * pessoas que conviyerem como meu irnBo no Rio de Jenciro, ne época do desaparecimento dele, mas eeses pesroas, infelizmente, ndo querem se apresenter. © SENHOR DEPULADO NILMARIO MIRANDA: ‘Aqui tem ume Comias&o e o Deputedo Gilven Freire vei ficer reprerentendo e Comissio a e eu acho que esres pes goes podem ser convidedes @ prester exclorecimentor perente 8 Assembléia e perante o Deputedo a Freire. Acho aue n&o ha- -veré nenhume intimidag&o possivel. ICR ALEXANDRE: Bu quero informer que nés estomor fazendo contoto * com es femilias dos desaparecidos e torturados politicor pera * que possomos, a pertir desse contato, funder ume ossociegso * des vitimes para que a gente possa melhoror ense trebalho orga nizativo. Esté sendo proposto, estd sendo poritivo e, em breve, estaré acontecendo. © SENHOR DEPUTADO NILMARIO MIRANDA: ‘Gntinus fecultede @ pelevre. © SpUHOR anTONLo José DANTAS: Eu fui companheiro de Jofo Alfredo, o Nego Fuba, : quondo fui Seeretério Geral da Federagéo dw Ligan. Ume dos ve ~ zes em que fui preso, eu fiquei ne cela onde ele entevse 1d , convivemos por olguns dies. Conversemon muito pera tomer ume * medido porque eu tinha certeza - dede © experiéncin de prero * politico - que a gente ia ser posto em liberdode pere ser vigie do, para ver os contatos. Ent&o eu disse que, quando ele se soltasse, procurasse pessoas e aconselhei psre ele ndo ir pera 933993000000000000002000000000000000000000000 0208 88 Lotade da Paratha. Assembléia Legislativa oe aR 79 Parte Sapé porque ere perigoso. Foi justemente o quaeconteceu. Dies depois eu fui posto em liberdede e fiquei em pris&o domiciliar. Um dis eu fui pere Santa Rita visiter os meus femilieres e es - tava na casa de um comergiante quendo*chegou uma mulher choran- do porque o Prefeito da cidade, o Seu AntGnio Teixeira tinhe si do preso. Ent&o eu procurei saber se era verdade e soube que @ policie arrestou o Prefeito 6 prendei, por ordem do Major Cor. deiro que ere um cerrasco, Eu procurei entrer em conteto com 2 minho espose e fui informado de que a policia jd tinhe ido “1r* etrée de mim, Eu mendei' um recedo pera o minha espono dizendo que ndo se préocupasse e que quem procurense por mim dirresne que eu esteva viatjando. Depois eu soube que Jobo Alfredo tinhe sido preso em Sapé e tinhe levedo uma surra de Luiz de Rerros « Ele voltou pera a priséo para responder o procesro do Grupo de Onze, justamente o processo que eu estnve we refugiando. Esse, Najor Cordeiro me perseguiu, perseguiu minha erpora e suevgou = a de prendé-la se no dissesse onde cu estava. Nerre processo 0 “\Nego Fabs foi preso e nunce meis voltou, 0 Pedro Fezendeiro es- tova preso porque ele foi econselhodo para se entregsr. Segundo as informagdes, um advogedo, Alfredo Pessoa, uconselhou 8 femf- lie pers que Pedro Fazendeiro se entregesse e que ele is defen- dé-lo. Foi inso o que sconteceu e Pedro Fazendeiro nunce mais epareceu. lios jorneis da época, quando apsreceu o cad4ver, eu reconheci, cowo reconheci outros companheiron aue tinhom Fido assassinodos. Numa entrevista que eu dei v0 jornalicte Riu Ramos , eu disse que.e policia sabia de tudo ¢ o Mujor Cordeiro era 0 chefe de todo a perseguig&0, equi, no 15 RI. bu rei de muite coise que pode enriquecer este Comissio Q SEKHON DEPUL*DO NILMARIO MIRANDA: Obrigado, Senhor AntGnio Deutes, pele suo colsbore — gio. ho que fo- Bu vou resumir algumes questdes que eu ntes. © Doutor Jério Mechado fez um proporta pira que se inclua os mortos antes de 64. Ele defeudeu cue c is como o de Jo&o Pedro também constasse nesse Projeto. O cuso vai ser leve- do pera fazer parte das conclusdes. rom relevs a a Qi S | Assemblé Extado da Paraiba, Legislativa MR T* Parte 0 ceso de Francisco des Chegna Perejra, nds vemos * orienter - os Deputedos Zenébio Tosceno e Gélvon Freire tém ex- periéncie - para fezer uma espécie de roteiro je documento, de~ poimento, informagSes porque é importAnte recuperar um caso no~ yo. Nos vemos der uma orientegdo. Eu lembro o seguinte: nda ¢ vemos receber esse Projeto que vai correr por Com es da Céme ree do Senedo, vai passer pela Sangdo Presidenciol e, of, ¢é que vei se insteler a Comipsdo. Esperemos fazer iano o muis ra- pido possivel. Instalade a Comiesio, quando for colocado o caso novo, vai ter um tempo de cento e vinte dies pare estuder ° CBS0.- +e sees ( CONTINUA NA 8* PARTE ) ee Paratha “SH Assembléia Legislative “Ease do Pow" -1- Eve ; 20 Parte 0 SENHOR NILMARIO MIRANDA:- (Presidente da Comisedo de Direitos Hu- manos du Cmara dos Deputados) 7 +e» pra estudar o caso. Entio nos’ teremos no m{nimo seis meses pra poder rounir a documentacéio, ac testemunhas, o indf cios, que tem que formar uma convicgée de que Francisco das Chagas Pereira é uma vitima da agdo do Estado no perfodo. : Do Roberto Viena, a me teve que oair. A ris do Jofo Roberto, Dona Evlina, nés jé orientamos que tem que ir buscar em Ca tolé, toda presenca de CCC ou Senimar. Forque {cio no od no dil de 69 foi quando se deu ex:to, Sd a preserca do CCC e do Senimar, ov de pessoas estranhas em Catolé do Rocha nngqueles dias, eu acho que isso af dormba esse afogamento. B h como se tivesse afogado, tem testemunha, no caso no Recife. Fao inclusive um caso aqui préximo,de Bremias, que também cles dio foi o caso vinico de se simular afogamerto. Svicfdio tem vinte e s, te casos, vinte e sete casos de suicfdio. Quando nés apnrar.oa 6a. peguenos noventa e sete casos de pessous que a versio que a repres- so deu foi de suicfdio, atropelamento depois que tenton furir, de- pois preso, quer dizer, "entregar algnéo", on pseudo tiroteio, tira teios forjados, sdo noventa e sate casos, Que tem testemunha de que nado foi desse jeito. Tem pelo menos uma, alguns casos tem vé— riao testemunlind que ostiveram press com « pessoa ¢ pole daumentir a versio rolicial. En acho que a fam{lia do Pedro tem razéo. Flas oculta ran o fato da platina, foi exatamente néo fornecer wna informazao pra quem matou, pra quem matou e oculton o caddvey. Mos como os jornais de hoje estao dando que tem inclysive umaysoa que sabe e- té onda estd entorrado e que vai ser desinterrado a oreada pra iden tificacio, agora é importantieeimo, 6 ume prioridade quave fezer is so acompanhar pessoas ‘de confianga, eu acho que o Secretdrio de Se- garanga é de confianca. # exatamente reaguar#-poootbi1 idade de tor nrnva de ane acuela ossada seja dos dois, do Pedro Fazendeiro e roth - Assembléia ‘. Legislative "isa do Pom" Eve es Tarte Negro Fuba. 0 caso do Menoel Alexandrino, © Deputado Zendbio vai fazer contato com 0 irmio. Do José Odilon $ oncontrar a fomflia, a prioridade ¢ a familia, a famflia tem que prestar wn depoimento, esse irmmdo se for encontrado, Manoel Alexandrinb tem que rrester un depoinento, e a famflia de José Odilon também, pra comegar. 0 comeso é a famflia, se a familia nao prestar um depoimento, nao for localizado, rao se interessar 6 muito dificil recgatar atisté- ria, & quase impossivel. E também essa comissio que vai ser forma da a partir da‘lei, ela terd que ser sancionade yor familiares. In elusive nés falamos como Governo que quer{amos tanbéin que focse dado esse direito a organizag&o dos direitos humanos, até de femi- liares, mas 0 Governo alega 0 seguint : qne pra prestar a denineia é que podia ser,mads. dopois na consequancia, procurar despojos, in denizagdes, tem que ser a famflia mesmo, néo tem jeito,nao temou- trad, sé quem tem titnlafidade pra isso. Agora en acho que nés deviemos aqui, atendendo esr a pelo af da Josineide, da Dona Elizabeth, do Antonio José Dantas e Dr. Jério, chamar atengio pra essa queatao do camponés, do traba ~ \nador rural. le nao ser conbiderado vm cidadao, considerado uma pessoa de terceira classe, quer dizer, dar wma atengéio especial, ze cuperar essa histéria. mais diffcil. As fau{lias nunea procnraram 0 movimento du-Wwistia, eu seique é maio dificil. Mas é vm dese fio maior, 6 exatamente que essas fam{lias camponesas tenha o meamo tratanento do Jodo Roberto, do Robson Viana, do Viledrir, do Estu~ art Angel, que nés nao fagamos uma separagéo entre as faoilias vi- timas de 64, pele sua origem social, pelo segvimento da socieda— de que pertenciam. Alids, pra nds devo ser até o contrdério. Quan to mais exclnido, quando mais oprimido maio o Juiz manda se empenhar. Eu li na imprensa, eu tenho dossié préprio pra.receber, eu sei que a Comissio de Direitos Humanos aqui agiv nesse espfrito, porque poucas Acsembléias fizeram o trabalho que vocés fizeram, com ter Paratha Assembléia_- Legislativa *€asa do Powe" 3- Eve 89 Farte sido acionada, por iniciativa prépria. Nds temos feito avdiéncias, a partir daf, a Assembléia pergunta o que podomos fazer? Entéo a gente diz pra fazer o que vocSs jé fizeram, foi justamente procu — rar aproximar, ver novos casos, coletar dopoimentos, preparer, OF ganizar as fam{lias. “ nesse sentido eu acho que coca Avcembléta agui estdé de parabéns, sobretudo essa Comisséio de Direitos Humanos, por essa sensibilidade, todos eles, sem deotavar ningrém, mas um trabalho dos Deputados Zendébio, do Valdir, Porfirio foi mite im = portante pra esse reagate, af com a prosenga da Deyntata Chica Motta, que acho que oaiu 14 de Brasilia sbendo 9 que sinha que fa zer, e ajudon a organizar essa coisa. Logo pra o encerramento, vou passar pra o Deputado Ze- nébio, a Derutada Francised, mas antes eu queria dizer o seguinte: que no dia 26, segnnda-feira, hd dezesseis a anistia, o dia que vai ser entregue o Projeto na Camara, segundo os jormis o Gover no vem pegar. ‘esse dig os familiares dos mortos desararecidos vo se revnir em Brasflio, dia 28, ds 14:30 horas, vai comegar vma rey niGo dos femiliares em Brasilia, vou deixar aqui o convite com’ @ Comiss#o0. Os feiiliares véo se reunir, disvutir, se oreanizar, fa cer vima avalingiio do que aconteéeu no porindo, e 99 orsanizar. As eV tor um culto ecuménico em Brasilia, na frente do Congres~ so. Vai ser’ driuda wma grande barraca, ennan barracas de lona, f= quilo alf que vai ser o culto ecuménico. Tastores evingélicoe @ catélicos. Depois vai ter uma apresentaao artistica, vérios ar- tistas de Bras{lia, de Goids vio visitar oc se apresentar. Uns Sindicatos forneceram uns Gnibus que tem um video, tem vm telio, que vai ficar funcionando o tempo todo, a noite, © derois da apre- sentagao vai ter uma vigflia a noite, yao passar alin frente do Congresso com toches; ¢ 10-hores da manha du terga-felra, dia 29 aie que foi sancionada a anistia, vai ter nma Sesefio Solene na ca PPEEDEPEPPDOLOPPPDDODPLPPPPPPPPPPODLEVUVERVVVUPEP Rrowihs Assembiéia + Legislativa “Casa do Prove -4- EVC ‘ 83 Parte mera, comemorando o aniversdrio da anistia, com a preserga de to~ dos foniliares. Blea catio convidando muita gonte, Depntudoy, mas tamtém a sociedade civil, outros &miliares, os ‘apoiadores, os ami- gos, e na parte da tarde o pessoal vai fazer o corpo a corpo, visi tar Deputados, pedindo apoio. WNessas duas questdes que ev acho que foi a outra conclusio daqui. Por todas intervengdes que, ain- da néio tenha referido explicitamente, inclouive os familiares ped ram que sejam relatadas circunstancias, todos colocarum indeniza = 80 no plano secnnddrio, Indenizago ¢ decorrgncia, indenizasao é consequéncia, é a punigéo do Estado, é vma obrignzio do Estado zer indenizagio, mas nao é a reivindicagéo dos familiares, a rei - vindicacgdo 6 ajudar localizar despojos, os restos mortais, é nar- rar os fatos, o que 6 que aconteceu com as pessoas, essa 6 a ques tio bdésica. Ea Josineide falou: nao excluir nineném, nao dei- xar ningném de fora. Pras femflias pouco importa oe a veredo que sain foi de que Pedro Fazendeiro foi pra Cuba, que o Joiio Roberto teria se afogado, ou que o Robson como desapareceu, que versao eles queiram dar a isso, ou o Francisco das Chuges que ¢ um caso novo que foi apresentado. Mas quem perdev a dor é a mesma, a situagdo é a mesma, a perda 6 a mesma, é isso que tem que ser con= siderado. 0 ponto de vista ético, o ponto de vista fumilier, 0 ponto de vistada*histéria do Brasil, a histéria tem que cer conta, da. Mingvém pode ser discriminado. Acho que isso que a gente le- va também dessa oudiencia piblica pra Bras{lia pra tncorporar com as outras. 0 segundo tempo vai ser a semana que vem, a partir do Frojeto, nds vamos comegar, ai uma ampla negociagao com todos se~ tores pra esse Projeto crescer, e essa grandeza que ele tem, tran zer esse sentimento da nagéo, estava 14 no fundo, estavn soterra ~ 4o, trazer pra luz do dia, que ele néio seja asiesquinhado com a ex- elusGo de ningiém, que @ sua grandeza seja completa, seja uma se— gnda fase da anistia, @ assim eu acredito que o objetivo dessa au BODODPEOEOOOEOEOOPELOLLOOELEUV ELEC VVVTVEUEVUV ETT? Raratia Assembléia Legislative Ei do Pore’ EVC 4 88 Tarte diéncia piiblica foi alcangada. sn pacoo entdo a palavra a Dopntuda Chica Motta, o a. pois o Deputedo Zendbio fazer o encerramento. ' Muito obrigada. A SEPHORA PRESIDENTE ~ (Doputada Francisca Motta) Eu quero agradecer ao Deputado Nilndrio Miranda, acra- decer aos familiares, dizer ao Deputado o seguinte: sem a partici- pacdo de Valdir, sem o trabalho importante do Dejutado Zendbio, que foi realmente um trabelho muito bonito, ¢ semo Deputado Zendbio Toscano, e sem a purticipagio da imprensa que nos deu um grande espaco, esta sessdo naoteria sido realizada. Entéo realmente’g uma questdo de justica, querodizer aqui, que o trabalho de Valdir, que o Depvtado Zendbio Toscano, ele realmente fez um grandé trabalho, e sem o trabalro de Zensbio Tos~ cano esta secsdo nfo teria sido realizada. Ey passo a palavra para o Depntedo Zendtio Toscano, que pelo seu trabalho, en fago questio que ele encerre a cesnko. © SENNOR DEPITADO ZENGBIO TOSCANO:— Deputado Wilmério Miranda, en quero dizer que a preocu pagdo desta Casa, esta Assembléia em relagds a0 desaparecirento de Fedro'Fazendeiro e Jo&o Alfredo néo é de hoje. Hm 1981, rortanto h& quatorze anos atrds, aqui jd tinhe sido instaleda wma CTI, exa- tamente com dase’ objetivo. As pressdes certamente exintiran, que a CPI nfo chegou as conclusdes que eramde se esperar. E acerce de trés meses atrds aqui nds apresentamoa vm Requerimento que fod aprovado sor unanimidade, para que o Ministério da Justiga tomas— nte se conhecimento do pensamente dessa Assembléia, que 4 exats @ontro da linha do que estd pregando, que eatd 1vtando, a Cominsao dos Diritos Hymanosda Camara Federal. Ms achanos que o Gover no n&o pode se restringir apenas aos conto e’ dezesseia desrpareci— dos que estdo naquela relagéo divulgada pelo Ministério da Justi~ a)-mac deve logicamente ampliar essa relacdo, porque casos como Pamothr Assembléia | +. Legielativa "Gea do Powe” Eve Parte 4 surgiu aqui hoje, de Francisco das Chagas Tereira, trazido pelo seu irmio Almir Pereira, certamonte vio hpurecar niio nd nn Paral = a, como em outros Estados da federagiio. fF nada mais do quo cor- reto, e nada mais do que justo, de que também 9 moamo tratamento vi réa ser dado a aquelas pessoas, que nos pordes da ditndura, fale— ceran, foram torturedds, © mesmo tendo conhecimento de que eases femiliares diveram condigdes de enterrar 03 seus caddveres, rece berem nagrela ¢)oca 08 atestados de dbito. Bntdo eu quero neste instante final, antes de passar @ palavra pra o nosso Deputado Gilvan Freire, que irdé finalizar es- ta reunido, dizer quo no meu caso, acima de tudo, é nm compromisso com a minha geracéio, que 6 a goragao de Jo&o Roterto, de Simao Al-" meida, e de todos outros cosipanheiros que luteram por uma causa em que acreditava. Entdo en me comprometo aqui,em continuar junto com @ Deputada Francisca Motta, como Deputado Iuiz Couto, com outros companheiros aqvi da Assembléia, de prosseguir com ene trabalho e ajudarnos de alga maneira, dar a nossa contribuiyao para que & +6 que enfim essa justiga venkaa ser frita no nosso pafs, Muito obrigado. © SErTOR GILVAN FREIRE:- (Deputado Federal da Parafte) ©WlooaMasa eu j& ndo abro nem fecho senna, porque éum privilégio e honra dos Deputados que se acham aqui exercerdo 0 seu mandato. Aproveito a oportunidade, apenas pra me dirigir aos com panheiros, especiulmenté aos que estio tomando conhacimento desse ato através de radiagéo, de que a Comisniio de Direiros Hmanos atr vée de seu Presidente, tomou conhecimento do que acontecey recen- tement> a des paraibanos,origindrios de Tutos,qve foram ao Eotado @ao Alagoas vorder calgados e adquirirem ¢ sua propria sobreviven cia, e que foram gravemente extorquidos tortnrados, e trés de- les mortos pela Polfcia de Alagoas, que 6 0 esquadra> da morte ing : wa Raratdr E Assembléia Legislativa “Cau do Powe" Eve As Parte titucionalizado dentro do pprio Estado. A comissiio vai on mani - festar a partir da préxima semana sn bro‘ eunos acontecimantos, e@ eu eston indo provavelmente na segunda-feira ‘com a Deputade Fran— cisce Motta, a Alagoas para reiterar os cortatos qne jd& foram fei- tos por mim diretamente como Governador do Estado enca semana em Bras{lia, ¢ com ontras autoridades, para que também esse futo seja denineiado amplamente no Brasil. tf diffcil se compreender quo na democracia, # vida nao seja ym direlto fundnwental do cidadio, 2 qne 0 Rateds ce converta em algoz da vida, e qiese faga julgamenton sumdrion, como fox por conta do regime, em nome do proprio governo, @ que agor: se faga a lz do dia, em pleno regime, supostamente dewocrdticr. A demo cracia néo comporta esse tipo de confronts, 0 confronto da vida en tra o estrdo, e 0 estado tem o dever de gurantir a vida, © a comia so esté mito atenta a isso. Fico honrado com a delegayao que me deu o Tresidente para fazer o acompanhemento contra os casos de de saparecidos politicos na Parafba, vamos rromover diligéreias, ‘en corpaniia de Zerdbio e da Deputada Froncisce Motta, © outros compa nheirog da comissio, e Deputedo Luiz Couto, e quero dizer qe nds esterenos etento, mas especificamente esses cacos que nesve insten te diz respeito a interesses paraibanos, porque hd wma determina - gio da prépfiacomisedo, para que o acomparhemento denon casos 8g ja feito pelo Depytado que componha acomins&o e que seja origind- rio do estedo onde aconteceram os fatos. Muito obrigado a todos. © SETNOR FILNARTO NIRANDAt- (Presidente da Comisaiio de Direitos Hy manos da Camara dos Deputados) Retd encerrada a reunido. (Fm)

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