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Jacob pôde vencer no combate somente por causa da força que Deus lhe
comunicou, e a lição dessa façanha foi que não lhe haviam de faltar a bênção e
a protecção divina nas dificuldades futuras1. Assim o expressa o livro da
Sabedoria: Concedeu- lhe a palma no duro combate para ensinar- lhe que a
piedade prevalece contra tudo2.
Ali está também o nosso lugar: no cume, ao lado de Cristo, num desejo
contínuo de aspirar à santidade apesar de conhecermos bem o barro de que
estamos feitos, as nossas fraquezas e retrocessos. Sabemos também que o
Senhor nos pede que escalemos a montanha mediante o esforço pequeno e
contínuo por lutar sem tréguas contra as paixões que tendem a arrastar-nos
para baixo. O que nos fará perseverar nesse combate é o amor pelo cume, o
amor profundo por Cristo, a quem procuramos incessantemente6.
A luta ascética do cristão deve ser positiva, alegre, constante, com “espírito
desportivo”. “A santidade tem a flexibilidade dos músculos soltos. Quem quer
ser santo sabe comportar-se de tal maneira que, ao mesmo tempo que faz uma
coisa que o mortifica, omite – se não é ofensa a Deus – outra que também lhe
custa, e dá graças ao Senhor por essa comodidade. Se nós, os cristãos,
actuássemos de outro modo, correríamos o risco de tornar-nos rígidos, sem
vida, como uma boneca de trapos. A santidade não tem a rigidez do cartão:
sabe sorrir, ceder, esperar. É vida: vida sobrenatural”7.
Deus conta com a nossa fragilidade e perdoa sempre, mas é preciso saber
levantar-se. Há uma alegria incomparável no céu cada vez que recomeçamos.
E ao longo do nosso caminhar teremos que fazê-lo em muitas ocasiões, porque
sempre teremos faltas, deficiências, fragilidades, pecados. Que não nos falte a
alegria de rectificar e de começar tudo outra vez.
Neste combate, contamos sempre com a ajuda da nossa Mãe Santa Maria,
que segue passo a passo o nosso caminhar em direcção ao seu Filho. Na
Liturgia das Horas, a Igreja recomenda todos os dias aos sacerdotes esta
Antífona da Virgem: Salve, Mãe soberana do Redentor, Porta do Céu sempre
aberta, Estrela do mar; socorre o povo que sucumbe e luta por levantar- se...8
Este povo que cai e que luta por levantar-se somos todos nós.
Cada vez que recomeçamos, que decidimos lutar uma vez mais, chega-nos
a ajuda de Santa Maria, Medianeira de todas as graças. Devemos recorrer a
Ela com pleno abandono quando as tentações se embravecem.
“Minha Mãe! As mães da terra olham com maior predilecção para o filho
mais fraco, para o mais doente, para o mais curto de cabeça, para o pobre
aleijado...
“– Senhora! Eu sei que tu és mais Mãe que todas as mães juntas... – E
como eu sou teu filho... E como sou fraco, e doente... e aleijado... e feio...”10
(1) Gen 32, 22-32; Primeira leitura da Missa da terça-feira da décima quarta semana do TC,
Ano I; (2) Sab 10, 12; (3) Ef 6, 12; (4) Santo Agostinho, Comentário ao Salmo 99; (5) São João
Crisóstomo, Catequeses batismais, 3, 9-10; (6) Tanquerey, Compêndio de Teologia ascética e
mística, n. 193 e segs.; (7) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 156; (8) Liturgia das Horas,
Antífona Alma Redemptoris Mater; (9) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, 52;
(10) São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 234.