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UNIVERSIDADE DE COIMBRA BOLETIM DA FACULDADE DE DIREITO véneeno SSvECIAL ESTUDOS EM HOMENAGEM A0 PROF. DOUTOR J. J. TEIXEIRA RIBEIRO 1 TURIDICA * COIMBRA 1979 A UNIDADE DO SISTEMA JURIDICO: © SEU PROBLEMA E O SEU SENTIDO* @idlogo com Kelsen) A partir da Idade Moderna, a nossa cultura —a cultura ceuropeia—, 20 absofutizar a sciéncias (decerto a ciéneia também ‘em sentido moderno, que se emancipava da esapiénci), postalou © primado do teorttico. Isto &, 0 teorético deixou de ser moda- lidade de um logos ou de uma ratio constitaida pela unidade mais profunda do teorético ¢ do pritico, para pasar a ser 2 propria definigi0 do legos ow da ratio: © que fora modalidade converte-se em esséncia. Que ia nisso uma metafisica assumida actiticamente em dogma, é um dos paradoxos desta nossa cultura desde entio, paradoxo justamente posto em evidéncia pelo actual «realismo eriticor!: 0 que pretendia ser uma des- dogmatizante superago da cultura antiga ¢ medieval era afinal também uma cultural dogmatizagio. Nem seri dificil reconhecer-te que detrés deste esti um outro paradoxo a melbor explicar as coisas — é como st a humilhagio cosmolégica que a0 homem, teria infligido Corisnaco se pretendesse com- pensar no orgulho da plena autonomia humana, zssumida titular * Este etudo teve por bite uma comunicagio que o autor fez no cxlbquio sobre «Hons Keen e 0 tori cntempordn do Estado e d0 Dien, realizado em Lisboa de 1 2 2 de Fevereio de 1979. Corn modifcagSes sa4i Cali calguns dscavolvineates, «indole de comnicario mantémae—o rate mento temitico é 9 eboso de una investigaio a retonasr, ao indo muits vezes além de linhss de sugesio. © letor, gue tiver pecigacia de 0 se, prolongatd algumas desarlinhas © apagarh ciscaments aquelas ous que The pategam nip sufcientemente definidas ou de tago mais gt080. 1" Cli. H. AunERT, Trokat ier krsche Vern, 3." ed 1, 8, pai. 74 Homenagem 0 Prof. J.J. Texcte Ribeiro do seu préprio destino, que desde a prudéncia do hipotético etiamsi darcmus (...) non esse Deums até & consumago da proclamada «morte de Deus nfo mais cessara de acentuar-se, € que na submissio do alogon, radicado no mistério do ser, penetragio iluminante da ratio, analiticamente clara e distinta, receberia 0 seu cumptimento. O que nio deixou de ter, bem se sabe, um prego ¢ prego muito alto, pois se, come o mostrou Vico, 0 homent % pode conhecer acabadamente o que ele pro prio faz, tudo resultava afinal no narcfsico fechamento do homem nas suas operatérias, envolvide de um mais mundo além de si, no «céu ¢ na tettay, com que a sua axiomitica de imanéncia se rompia —e entio as meras ciéncias de factos criam meros homens de facto». Nao foi assim jé sistematica- mente em Hosass >, no foi pot isso que a ciéncia se veio a iden~ tificar com a técnica ¢ a ética com a pragmitica, e pela mesma rario nfo chegimos a ser naquela hipertrofia de uma s6 das nossas plérimas dimensées, a justificar que uma das personagens de A. Huxzzy nos dissesse os ebdrbaros do intelector? O certo & que comesou a verificar-se entio uma frustrada tentativa (reconhecemo-lo hoje, niio obstante muitas acriticas insisténcias) de reduzir o pritico ao teorétice (estrito), tentativa de que os jumaturalismos racionalista e iluminista foram as mais evidentes manifestagées. E se cla teve como resultado os eteezentos anos de fracasso» de que nos falou ORTEGA y Gasser 4, nem por isso a atitude de uma boa parte (diremos ainda dominante?) do pensamento europeu peranite esse fracasso foi a de uma radical reassungio problemética ¢ refundamen- tagdo critica, mas antes a de uma como que cirurgia de amputagdo que pretendeu salvar 2 infentio originéria climinando 2B, Husswat, La eis delle scenze europe la fenomenologia wanscendetae, trad. it. de E. Filippini, 35. 2°, Sraquss, Natural right and History, cap. U0, 4 Hinbria como sistema, col. Arguero, 23. ‘A Unidaie do Sisene Jurdico 2 © qiid em gue cla se mostrava filhada. Nio é com Sag sentido, na verdade, que vimos repel 0 pritico para ferris exceioren, quer do dogmatismo obscura, 288 dito pela primeira vez no Tluminisnto, quer 40 sbjenivime « irraonalismo (ou «ncesticidades) dos julzor de valor, ne mo cents emprico-mecanicisa de cltoceates som = Wertfreiheit do empirismo critico-analitico dos eal ’ ie go sem-sentido pura ¢ simplesmente no neopositin eae as, Vom Sion meer Ord, 19) o pritico esava condenad fade, oa deus anénime Chie pare met es wi jalmence rompa —v. W. Masons, Ted, 2) rian Rehabiitenang der prakiscken Phltophe, 2 vO 1M, Rumen 1972, Vide também R. Poun, Eihiqe et poli’ aed ee ME Sac o ange de Slants psa 3 OEE sarc fe raga a part da Kade Mov, anaits P asic Se i een Verdes nat Saziphiophi in Thee Praxis, ed. Subrkamp, 48, 5+ ar 1S No Prefécio & col. cit. na nota anterior, 11. sere, Teoria genvel de les ites, Poe mre Rensle Method und Senter Homenagem ao Prof. J. J. Teiseita Ribeiro evemos fazer’) assim como a ponderagio ¢ a ex e acgio (‘como podemos viver)». E ae fae egitimidade nos nosos dis inegivel, nto +6 pela sua indi pensive fngo pda (ou, dito om mais der, por s Semper de aa fino ‘gue a pos ao pode dips ma 2 porque a prépria intengio teordtco-cognitiva se ext jo citiceepistemologicamente conta de que a ese nivel ou dominio reabltado tem ea um dos seas momentos rine do que isso, 0 seu préprio fundamento ** fee lestes texmos, nfo teria sido ait yperado : See ds at Gor Se ene no eed ds 3 tomar gor ago specter polices Dente oui jputas entre 0 «tacionalismo xiticos ¢ a hermentutica, p tam ldo, ¢ entre aquee pensamento Sloss ony Rucontas ob. foc diy m8 nota anteroe, 11, Be Uinsltdtonepch, ci 72. ile sind, ex geal a bibliog ct eee Hlomenogem oo Prof. J.J. Téstiva Ripe E dizendo 0 que vai dito, nfo se quer decerto. excluir que 0 direito possa ser um objecto teorktico de varias ciéncias, nem se minimiza 2 legitimidade de metaciéucia da actual Rechistheorie” —e poders perguntar-se sea Teoria Pura do. Dieito nfio cabe exclusivamente aqui, diga-se ela uma +geometria dos fenémienos juridicos, uma légica juridica, uma metodologia joridica, uma formal teoria geral do direito, etc. O que se afirma que os problemas prético-normativos do pensamento jurfdico, em sentido estrito.€ préprio, se nfo tém' de. condicionar por hheterSnomas exigtncias epistemolégicas-on por ema qualquer petvia epistemologia. E.se 0 problema que queremos considerar ‘9 vemos:como um problema juridico (problema de direito, no problema de-um qualquer pensamento sobre ow: acerca de 0 direito) *, vento: tudo isto foi. para: dizer que esse nosso problena no ¢ epistemolégioo, mas normativo (prético-norma- tivo) e que hé alguma justificagfo para ndo ser daquela natureza ‘mas: desta $4 Sobre a ie obje e 13 deg # eci,ot ee schist, den Rechttheori, col. p. p- Aut. KavMann; K. ‘Reches- eat ele 1 es Za Sing ceva Relea ts Rechtssoxiologic und Rechtstheorie,- vol. 1 R. Damm, Was ist und wozw aligercine. re? ; KL, Komz, Die analytische Redustheorit: cine wRechts stherie ohne Recht? ; Ka " 7 “a sephie ond aeara Easaneas {lee Ties in 2shoet ‘od wismhfde Beran 21, = res uprrie_ Ao srmurnny vps eo ae oe ‘Gucremos enunciat que se exencidliza como normative « pitica, ace ent eat Gidigeranc soot olen as eae aaron saa ee ‘mice 9 de ‘normas, ¢ sim porque a sua Per agingee mage th oeeenl = ‘Seon, ao porqur apenat'so ocupe ext foes sa conse pv spicata, pores os pot E. jurdico —H6 que ete problems, enguanta a ‘A Unidede do Sistema unico +4. @ problema ~ eo is, 0 da unidade do, sistema 4) © nos problema & pots 0 de oniade do snes : i iy do sistema do jutidico, em 5 mesto, Tai aces noratvidade objective node qualger cies ceordico da ciéncia do dircito®, A unidade que 92. Homenagem ao Prof j. J. Teixeta Ribeiy consideraremos nfo € assim aquela que a Wiener Schule sobre~ tudo® estuda quando a diz, com Kesin ¢ Meri, «um postuldo do conhecimento juridicos§* e sim unicamente a que vai pensada no direito como ordem pritica e por isso a dizemos antes um postulado da intengio prética do direito. Por outro lado, também nos nfo ocupatemos de toda a problemética que a unidade do sistema juridico, mesmo nesta pperspectiva, pode suscitar. Deixaremos de parte o problema ‘da unidade objectiva (a pér. a questio tanto da independén- mente como wonexio dis coitan, a que se refece 0 pentamento, ¢ como econexio de verdaden, em que obtém validade ov detcmninagio objectiva aguee real que é,¢ se uma eoba ¢ osisa i ofetecem juntas eso insepariveis 4 priors, emabora snseparabilidade (que) no € identidade> mas a corslatividade do wer em sinc da everdade em sin (v, Hussam, ob. cit 282, 5), ditemos nnés tambémn que 0 wdizsito em tir © o epensamento juridico em si #30 ‘lemester consittives (inscpariveis ¢ corelativos, mss nio idéatics) do siema ji 4 "Isto, porgue qualquer que seja exactamente a telagdo gnoscolbgica ae, ua Teoria Para do Difcto, se deva reconhecet entre 0 wobjector € 0 méodo (¢ 0 cothecimento) —v, sobre ste ponto, WINKLE, ob. cit, 8 3 RR Watrm, ob. lc, ci. 15, o62 to, Reine Rechlee wad «Wertbetrachune tim Rech, ia Feswcrift Hans Keluen Zum 90. Geburseg, 314, © pas L. Vaanova, As esruturs, city 108, 3. —e asim 2 indole que 4 Grundnornt cotresponda, sia ela apenss a de epresuposto gnoteolégicos, sei também de eprestposto ontolégicor — segundo Vaanova, Ibid, 120, seria wanto condigio ds cognoscbilidade do object, como wn. momento integrame do ser do objector, sempre se terh de dizer que, jf pelo neokantemo sgnoseolégico que com maior ou menot acentuasio perstiu naguela Teoria, 48 pela sua intencio expecifcamente epistemolégica, a unidade do sistema Jutidio foi por Kansan © a sua Escola considerada antes de mais na perspectiva 0 problema do conhecimento cletifco do direito enquano sera & ‘idade dese conhecimento que consttuiria a jursprudénciaverdadciramente ‘em ciéacia — vide Kates, Das Problems des Sowerdntat und dle Theorie des Votkerehis, 105, 152 (6A jurispradéncia torna-se citacia va medida em ‘a0¢ ea se conforma com 0 porulado da nidade do eeu conhecimento, quando consegue apreender todo © dircito como um sistema unitirio); Ip, Relne Rechtltr, tty 73, 3. 5 Quanto 2 Kaisin, vide nota anterioe eas obs. a refeides, Quanto 2 Manx, Das Problem der’Recicontnutat ond die Forderung der einkelishen rechdichen Welles, in Die Wiener rechstheneische Séuie, 3, \26. A Unidade do Sistema Juridico 3 Unidade do Sistem Jurdicg _"° ca ® como da uniidade ou pluralidade dos ordenamentos,¢ que desde Santi Romano € Cc ‘SpoRza *7, por um lado, — ¢ Guavircd, por outro, se no pode mais ignorat) “, para Sshectsmos apenas sobre 0 problema da anidade inten {¢ rigorossmente normative) da ordem jusdiy, ainda que os ois problemas sejsm decerto conexos aK quanto da independéneia é, no fando, 2 questo da identfcarto Bee coca daw substan poem, praie 5 sex conreyto, 0 emundo» com qu ext er relagio, ik perante outros sesDay CoieaS ce’ siemas andlogos no tempo ¢ no cspago), © ame vi § 57 Dirito dei privat, passim. oi hee on der Rechiskaf, entwiket aut dem Recuseeif. V- i ie rdw dnt posi dora nnd Iranaonal ii 1935, ide Philosophie du Droit @ ie Socialagie Jridique, 1934-1 act a rst to pst), 13 I Tapes jr a errr stele de dri Scbee © problems ds fonts do dirito 0x2 ‘pluralismo, no pensamento de Gurvrras, vide 0 nosso rule 4 fri - dbo « 0 probena ds posi ee 1, in Boletim da Facul de Direi de Coimbra, LI (1976), s EE selabcn, sbre 0 yroblema da pluralidade de sistemas © a5 suas * wide, tino, iota “Wanstncen, Die Pluralitat der Normensysteme, BRST aT TS do penamento a nidade jotta lpiosiems- ‘tica (g unidade de um sistema juridico Kgico-teorétice ¢ endencialert: - te eee eve a sua peimea difcaldade 20 enfeatar 9 problen relaggo entre a ordem interna ou estadua ‘¢ a ordem internacional armaped Made que Kinses prexndeu reolver aravés de uma sluvto me a Signa do postlado epstemel6gio da wridade do conhecimento, pox eniinci 0 Pcmprecier Die Ein des redlihen Welles da comhecida monografia de A. Vexpx0ss, de solugio também aria Gras a favor da order internacional e com outra indole ee pollen se ate sade giorno (Dat Polen des Souverdnitat, cit.) _ 0 cefto € que uote tal possibilida’ weraem caus 20 reconhecer-e = sutonomia do jurdico rebnvamens tio léglco-normati é irkcicon Pols que da comprecsio da avtonomia sae (eecasutonomia n-aconal insiiconl fo jusament expres jo orbcumearo do plualame normative objective, + nega em i 4) Simplesmente, este nosso problema nfo pode jé hoje enunciar-se na cmoda tranquilidade de uma simpies postulagio: © préprio problema exige que sumariainente se justifique. Pois no é certo que no pensamento juridico do nosso tempo se tem oposto vivamente © sistemético 20 problemético ¢ © axionidtico-peremptério a0 tépico? Isto & o sistema do tunidede normativstca ¢ que sempre se traduziria em unidade objectiva. B se © problema da unidade objeciva do jusdico deixou de eset voclerse sem mais pela unicidade do ordenamento jurico ¢ das suas fontes, também a unidade intencional exclirf, como veremos, a solugio de uma redutiva inicidade de fundamento (a redugio a um ‘nico fundamento l6gico) antes se ted de pemar relativamente 2 um pluralism de fundamentos constiutivos. EE veremos ainda que unidade intencional ¢ 2 unidade objectia (c igual= ‘mente os respetivos problemas) acabardo por ser corelativas se eta sustenta saucy ern coma prin: ‘confrontarmos 2 disinclo que acaba de ser feta, quanto sos problemas fimdamentais da problemtica global do sistem jeridio, com a itingdo que nos oferece, p. ex, Josunt Raz, The concept of a legal sytem, kta pox ua peptone, Ras da ‘mina sat peincipais na teoria sistema jordico: © Hem benencise podem th denidekse pelemade cuwras copie: biema do contesdo, No problema da identidade acsbam por it implicadss também as questdes da mdependéacia e da unicidade ou pluralidade, tal como as ‘aracterizimos ¢ que sio subproblemas do problema da unidade objectiva. Os problemas da esrutura ¢ do contetido veremos que nfo poderio dedigarse ou Sequer compreender-se autonomamente do problema 4a unidade intencional = problema que Raz no considera especificamentec que éafinl 0 decisivo, (© problema da existncs, por sua vez, nfo € outro que o problema dx positvidede juridica em geral Por tudo 0 que estamos em crer que a disingfo aludida no texto, ainda que menos dicriminadamente analtic, prefeive: deerminando-se mais por objectivos prético-normativos do que zpenas teorttico-anlticos, drigese Aquilo que 20 juria, © nio 20 tebrico do direito, veedadeiramente imports, Para uma consideracio do problema do sistema normativo-juridico em perspectiva debntico-analitca, vide também Cantos E. Atcnouax6w and Evmao Butyam, Nermative Sytens; Vuanova, oh i 108, w. « pin ‘A partir sobretudo, como se sabe, de T. Vanrwno, Topi und Juris pndenz, com a suz t.* ed, em 1953 hoje jf na 5"), © de J. Essin (Grundste und Norm in de richterlichen Farbildung des Pivatrechts, com 2 1." ed. fem 1956 (cendo sido publicada em 1974.2 3.* ed). Por Skimo, discutindo também a hip6tee da altemativa caunciada no texto, v. CaNARS, ob, ely 125, @H. Orv, Mth and System inde Reholaen, 6 ARSE, 49, a. A tems Jurdico PEPE Hert a eee Ol cee ee juridico ou no dircito & um modus que se pode pressupor ou ‘antes s6 alternativa numa posslvel antinomia a que se deveré atender na intengio juridica? "Trata-se no entanto de uma dévida, sobre a conaturalidade de sistenta com o direito, que, considerada nestes termos gerais, podemos desde jf afstar. Basta ponderarmos que ordem, 0 set fordem, vai necessariamente implicada no direito — que poderd ‘mesmo dizer-se que ordem é uma nota analitica da sua esséncia. © que nada diz sobre 0 sentido éltime da ordem do dircito ‘ou sobre o significado dessa ordem s10 éschaton humano: se 2 ordem da desordem (2 ordem da cupiditas na desordem do amor), aquela ehumana, demasiado humana» pax et socitas humana pela qual o dircito «aio é s6 na desordem, mas é a desordem organizando-se ¢ ordenando-se para melhor subsistin; ou se, pelo contrério, € a ordem em que tem wma das suas manifesta~ (goes a ordem essencial da criagio e do ser, © entio o dircito jf serd ne ordem; ou se nem uma coist nem outra, ¢ antes a ‘ordem em que se constitui aquela mediago antropologicamente necessiria de organizagio € de paz que confere objectividade 3 acgio “ — posto que «sempre provisbria ¢ insuficienter © mesmo easociada a0 mal como é toda a paz no tempor—e pela qual © direito € também uma mediadora mecessidsde existenciab, sem que por isso se Ibe possa atribuir eum papel definitivo © suprenio», ¢ que se manifesta nfo s6 como modus objective da correlatividade ¢ cstrutura da sociabilidade ©, mas ainda como dimensio de existéncia ¢ condigie-possbilidade da reali- C&, quanto a ese ponio, embora por perspecivar diferentes, Max Mian, Decisén existencial y éhica racional, in Crisis de le meteflca, trad. esp. 101, ssi F. Lovez pe ORArs, Le certezza del dito; M. Consats, Le ceruzzs del dirito. %S Vide, neste sentido, embora de um modo muito particilar, Y Mason, Vom Sinn menschlider Ordnung; fi. V. Paosin, Le strata dirt Homenagem 00 Prof. J.J. Teixeira Ribeiro 2340 humana (da reafizagio do homem como pessoa), Seja gual for destes sentides, to agudamente discriminados pot S. Corra®, que ordem do direito caiba, o certo & que ele nunca deixard de ser, como tal, uma ordem: sempre o direito objectiva uma ordem na convivente existéncia humana e é objectivamente nesa objectivacio, Aqui, como na histéria (Fecordemos de novo S. Agostinho), & pelo direito como ordinatio que o homem recusa a necessidade € no aceita © arbftrio 6, E dito isto sem mais, a sistematicidade do direito ests perante nés ¢ a sua unidade sistemstica impoe-se como uma exigincia ¢ um problema icrecustveis, Com 0 que também se Compreende que a unidade de uma ordem ou sistema qua, como quer que seja, 0 diteita constituiré sé pelo facto de o set, nfo pode deixar de superar as antinomias a que aludimos, as quais ou se situam afinal a outro nivel—nio 20 nivel snediatamente constitutive, em que o problema da ordemysistema Juridico se poe, mas a0 nfvel imediatamente metodoldgico da concreca realizago do diteito—ou nio sio verdadeiramente antinomias ¢ sim a expressSes dicotémicas em que se afitmam. duas dimensdes necessirias e complementares da juridicidade, 54 que clas, sendo embora contrétias numa sua cansideragio abstracta, se véem integradas no todo da ordem do dircito come ni, ae So tH 9 bomen fo fo coneido com peso, Srpaneertpane nam oo gic o viz eames, «oo smbre rapes ‘af também no haveri direito, pura e simpleymente, “fagmenticl do hemm aes eae son, aoe Seneton echt to in Rs It Fl, Dist, 209 8. —ensaio 2 que pertencem a formulagSex repr no texto, CE. Crt Dat Win ae nnn remodels no A Unidade do Sistema jutdico 7 € como momentos da sua dialdctica constitutiva. No primeico caso esti, com efeito, a oposicio entre o axiomético-peremptério € 6 tépico; € no segundo caso a oposicio entre o sistemstico € 0 problemitico. Este segundo ponto comprovi-lo-emos a0 longo do presente estudo— que tem mesmo nele um dos seus “objectos principais— e quanto ao primeico bastam aqui algumas répidas consideragies. ‘ Pois a tépica € sobretudo uma metodologia que nio deixa também nunca de operar no pressuposto de uma ordem invocada hermeneuticamente em termos, poderi dizer-se, do common sense {ainda que © common sense juridice). Os topoi vio implicados por um problema ¢, correlativamente, especi- ficam-no, s6 que o problema surge em funcdo das exigéncias de um contexto significante, aquele mesmo contexto de que 5 topoi, na sua pré-compreensio, te alimentam ¢ vio precipi- tando nos seus critérios ®, Por isso a t6pica foi historicamente sempre associada 4 hermentutica ¢ a hermentutica sb se realiza adequadamente 20 madur thpico™. B, como se sabe, um dos princfpios tradicionais da hermentutica é 0 ecinone da unidades (cesquema, se quisermos, da relago todo e partes) 7, O mesttio se passa, numa estreita analogia, com os direitos ¢ os pensa- mentos juridicos de indole e estrutura casuistca (e 0 modo directo da casulstica no & 2 thpica?), fossem eles ontem os do ins romanum% sejam ainda hoje os da common law: uma ordem © Che, Oro, ob, le, cits, 506, 909,85; Formvrscaey, ob, 349. 7 Vide HL. Come, Die jarticher Aus gmpmethoder and die Leben de aligencinen Hemeneate, 13, 4 © pasin, Vide H-G. Gapanna, Welseit wed Methode, 2.* ed, 275, 5 ¢ postin; B. Berm, Die Hermencutk als allencine Method der Geiseoviser ‘chien, 15, s5 ID, Teva generale della inerrtezone, } 307, 3 COmG, ob, ay 4. fag E30 dom Max Rasy Ba tm a madi mane Grad. op), pain, 73k, por todos, G. Rapsnuce, Der Geis des englachen Rect 4. ed ‘Essun, Granditz und Norm, et, 41, sy. 183, 58 © pss. ’ 98 Homenagem 00 Prof. J. f. Teireira Ribeiro © um sistema juridicos vio neles implicados do mesmo passo ue 08 constituem, numa dialéctica de constituldo e constinendo bbem conhecida. Por outro lado, que © racionalismo jusnatura- lista modemo e depois o racionalismo positivsta (quer do legae lismo codificado ¢ exegética, quer do conceitualismo ecientificos € do normativismo analitico) concebessem 0 direito no modo de uma sistemitica axiomético-peremptiria, mio era isso sono uma forma epistemolégico-metodolégica de 0 perspectivar decerto diferente da forma tépica, mas pressupondo ambas ou Go podendo qualquer delas deixar de levar referida uma cordem especifica no direito— pelo que, se a forma sistemitica (exiomitica) se no pode identificar com ela, também a forma ‘Spica a ndo pode excluir. Nem se ignora— diga-se ainda — que o sistemftico © © tépico deixaram de ser considerados pela metodologia juridica como antinémicos, ¢ se ttm antes como duas intengdes indispensiveis e complementares, depois que o sistema juridico se compreenden «abertor ¢ a reilizacio do ditcito se sabe de indole problemética — sem prejulzo embora de se poder pretender uma maior eacentuagios (F. MOxL=x) de um ou de outro, Por tudo 0 que, se no confimdirmos o sistema com o sistema axiomitico (ou, mesmo para além dese estrito tipo de sistena, s¢ nio identificarmos 0 sistemético com uma sua definigao 4 priori) 7 e reconhecermos que uma ordem & sempre ™ Vide, por todos, Essan, Grundatz u, Norm, ct, 7, s8, 141, ,zastin; Wu Ververnindnit und Methodenwehl in der Rechefindung, 16,2. 251, sy passim; M. Kilt, Theorie der Rechtsgevinnung, 2* ed, 133, s27 ‘op. 180, 383 F, Winacem, Zur prateschen Leising der Rechslognath, in Hereneutik und Dislehik, Oy 311, exp, 326, 3 F. Minion, Nome tnd Nermativi, 56,8, € pain (exclindo a «puts topic, mas sectando ¢ shermenéutic epic» no peasamento jurdico); 0 nose O Insta. dor saselan © a fungi jive tox Supremes Trikemas, 23), % Que s exclisi, na intengfojuridics, de um sistema axiomdtico ou ‘igorosamente dedutiva, info tem de significa a exchsto do samitico, ou 1 um qualquer tipo de sitems, © que ants x fingdo pitico-normtive do A Unidede & Sisema aide tum sistema (unitiria e congruente pluralidade) — posto que manifesta uma qualquer forma de racionalidade, que exclui o arbitrio, ¢ logra um qualquer todo, susceptivel de realizar ania consisente integrapo—, teremos, na verdade, de dizer com Mancic 7 que orden ¢ sistematicidade sio «transcendentais do direito; tal como o arbitrio ¢ a desintegrago (com a conse~ quente anomia), quer intencionalmente quer no plano da realizagio, sio 0 contrétio do direito ”. Mas que sisteniaticidade e que unidade?—¢ 0 problema. On melhor, sendo certo que a sistematicidade & uma categoria formal que $6 concretamente se especifica pelo tipo de unidade ito © exigir’— embora decerto apenas o sistemitico que Ihe seja adequado — E'S que hom pode dns comananmte terenbelde, le, dole Boma (eb, pasin Varveraindns, cit, M, 52) a R. Ewovcn (Sime ad Tr jariischer Systemati in Stadium Generale, 10 (1987); 1D. tecensio de Topikw. Jur. de Visrrwnc, in ZstW, LXIX (1957), 595, 8.); de Witackun (Privatrechtsgeschichte der Newxeit, 2." ed.; Gesetz und Richterkuunst; in Rechestheorie i (1970), 207, #6.), aH. Orro (6b. cit) © Lamenz Gakkai, cy 4 8, 429, i 2 Cannas (0b. ci); 3 Enormerscen (ob, city IV, 84, 1, 129, ss, © passim J inten lchatsmene (Semple Radon a eect ‘gud Caxans, ob. ct, 135, nota 1, insurpindove contra at rradatinterpreta~ ‘ges do seu pensamento, o qual 96 ptetenderia denunciar © sistema dedu- ee Redan, 108, 5 cf, 162, 4, Cle. Pmerscam, oh, cit, 96 77. logue, e4 msde ques dine nye na nt 6 uma compro ds relizagto do dreto como a que sutenta,p. ex, G. Cou, Exteel snd Rediwivenheft (onde, dose en toni, 0 xieencalmo 130, € verdadciramente considerado ¢ vai mesmo implicitamente incompreendido, fo sev auténtico sentido), de um radical fionismo, é de todo inacei~ Bie Vesiose note de o gar ado dea de eed uma, sude do que sera de cpr que p cea tcpiio do jt Bee seteatane notte, acted c formal (da Begrfiurigndenz tuna paler) iors, como aleranve oecesriy © pur decsionano € © iracoralime, Ino quanto soe preuporon tenons e mezodallgios do mesino estudo, pos © que dle realmente nor ofeece € afin o-s6 uma ‘smn do ee doen cnc sean do isha at em , é decerto exacto € quc numa perppectiva aniloga 4 de Coun, no ameues cates cae pnioe dma if avia sido posto em relevo por Isay, Rechtmorm: und Entscheiduong, 100 Homenagem ao Prof. J.J. Teixeiva que a constitua (um sistema é 0 que for a sua unidade, a natureza da unidade caracteriza esencialmente a indole do sistema): qual a unidade, a congruente consiseéncia, que a ordem ou sistema do direito manifestam na realizagio hist6rico-social da sua intengio normativa? 8) Nao compreenderemos, no entanto, com exacto rigor © problema que acabamos de enunciar, se ndo tvermos cm conta alguns esclarecimentos mais. Desde logo, a unidade, com ser a dimensio fundamental, no ¢ a tnica dimensio, jé intencional, jé constitutiva da ordem do direito ou do sistema Jjurldico, © s6 através da distingZo ¢ posigio relativa da unidade pperante estas outras dimensdes atingiremos o verdadeiro sentido do problema e da sua importincia Com efeito, uma ordem no constitai x4 uma unidade, qualquer que ela seja. Instoura (ou pretende instaurar) também uma estabilidade ¢ no menos assegura (ou pretende assegurat) ‘uma continuidade. B certo que a estabilidade, a continuidade ¢ a unidade so correlativas ¢ mutuamente se sustentam, mas nem por isto deixam de traduzir tanto dimensies como aspectos diversos e de visar mesmo valores diferentes. Diremos que estabilidade ¢ a dimensio estrutural de institucionalizagio que logta superar em socizbilidade a inso- ciabilidade humana (Kawt), através de uma integragio comuni- téria que tem, on visa ter, por resultado a paz. A instituciona- lizagdo, a integragdo ¢ a paz sio as notas da estabilidade. S6 que a paz pode ser visada com demasiado empenhp ou como © objectivo absoluto e imediato do dircito, tal como aconteceria, segundo a interpretagio de Pounn 8, nas sociedades arcaicas, que por isso mesmo seriam ordens rigidas ¢ fixas; ou pode reconhecer-se nela o objectivo tiltimo, aquele objectivo final que 7% Lo spvito della «Common Lau» (trad. ix.) 127, Hlosofa do die (ead. beat), Cap. 1, 34, 8, > Introdio A Unidade do Sistema Juidico 01 6 ser autenticamente alcangado pela mediago realizada da pluralidade dindmica dos outros objectivos hurnanos —neste sentido disse hé pouco Joko Pauto Il que a paz ¢ a diltima palavra da hisréria. Mas ¢ sempre um valor sem referéncia 20 qu a ordem do direito, como ordem social, deixa de ter sentido. Pelo que bem se compreende que PaRsons sustente, embora numa perspectiva de «aso limiter, que para o socal system, ¢ no menos para o subsistema juridico, a integraglo institucional é uma das suas caracteristicas essenciais 7°, Podemos mesmo dizer que 2 estabilidade, enquanto 0 equilibrio insti onal dinamicamente conseguido que impede ov vence a desa- gregagio andmica, é para a sociedade humana 0 que a orga- nizacio reconstitutiva, que impede ou vence a entropia, é para © organismo. ‘A continuidade, diferentemente, oferece-se como a dimensio intencional que impse uma constincia & mudanga ¢ 29 movi- ‘mento, através de uma subsistente racionalizagio da contin ggéncia conatural 4 dinimica histériea, e tem por objectivo, obteré como resultado, a seguranga. ‘Também aqui poderemos estar perante um objective imediato que sacrifique unilateral- mente outros objectivos humano-sociais (e ser uma continui- dade convertida cm imobilidade ¢ estagnagdo, em que o cnesmo» tende a converter-se emt nico) ou perante um objective mediatizado pela assimilagio enriquecedora do novo (evolutiva ou mesmo em mutagio) que exclua a ruprura, ‘mas igualmente no haveré ordem, ¢ orem jurfdica sobretudo, se no houver uma permanéncia consequente ®. Se a estabi- 79 ‘The Social Ste, $6, $8 132, by 167, $84 © passin; 1D. Recht und Sede Kono i Sen i Marin Recs 2 12, fe. R. Dasa, Systenthore und Recht, 114, #120, 3 © pes, ee Ue Pnaronam, Peblonat de Inertsejuiopades, on NG.W. 1958, 1960, =. 12 Homenagem ao Prof J.J. Teixeira Ribeiro Tidade cath em dialéctica com a insociabilidede desagregadora ¢ anémica ¢ é assim mais directamente social —dir-sod a dimensio espacial da ordem ou sistema do dircito, tomado © sespacials decerto em termos analdgicos e para traduzic o sincrénico —, a continuidade esté em dialéctica com a contin- géncia ¢ a ruptura, sendo por isso mais directamente histé- ica e dizsend a dimensio temporal ou diacrbnica da mesma cordem ou sistema—; e ambas encontram o seu negativo nas posigfes de conflito, $6 que, quanto a estabilidade, no conflito que p6e em causa a paz da institucionalizagio e, quanso 4 continuidade, no conflito que poe em causa a seguranga da consisténcia — conflito que, todavia, no suprimirs ume e oueca enguanto couber jé na controlivel indeterminasdo institu ional, jé na potsfvel abertura da continuidade. Por outro lado, como jé se aludiu, no deixam estas dimensdes de ser correlativas de mutuamente se condicionarem: a continuidade &a dimensio dindmica da establidade © a estabilidade ¢ a dimensto estrutural da continuidade *, A ordem do diceito, como qualquer ordem, estiolate se a sua estabilidade no for compativel com a variagio, se nio admitir a renovagio ou 0 input assimilador do novo (como forma adaprativa 2 mutagio do seu «exterion), assim como ruirl se a aquisigio € © novo, enguanto coorde- nadas da continuidade, romperem a comsisténcia estrutural da institucionalizagio que ¢ aficmada pela estabilidade. Corre~ latividade e miitua condicionalidade das diversas dimensbes daordem do direito que atinge o seu ponto de mais alta complexi- dade, ¢ 0 seu momento decisive, com a considerasio da unidade, posto que é nesta que a estabilidade a continuidade afinal vio encontrar tanto a sua possbilidade como os seus limites. 8 Che, © noso Instiuto dor sasenton « furyio jurdiea dos Supremos Tronas, ot, 115, 38. A Unidade do Sistema Juridica 103 E € assim, porque a unidade, como quer que especificamente se venha « entender, nfo pode deixar de taduzic, jf uma asimilagio material, j6 uma convergéncia teleol6gica, jé memo 86 uma organizagio relacional ou formal contra 0 que, nio obstante ou para além deste comum (ou de um qualquer desses tipos de comum) ¢ diferente e diverso— comum que nos seus vvirios tipos possiveis (os aludidos) pode oscilar entre as modali- dades da redugio 2 um (que teri na identidade © seu caso extreme), da solidariedade mum, todo (unidade intencional, org’- nica ou teleolégica, que teré na sua fundamentacio por um inico princlpio 0 seu caso éltimo) ¢ da mera compossbilidade de uma selado (anidade celacional ou de conexio, que teré no sistémico em si ou puramente estrutural-funcional © seu caso limite) ®, Or, © dircito 5 por ser uma realidade social, uma expressio social e de socializacio, sempre levaria implicado um modo de comunicagio ¢ de convivéncia — ele & mesmo um modo essencialmente espectfico de comunicasio ¢ de convi- véncia—de homens diferentes e divergentes de uma deter minada comunidade. Pelo que ndo pode deixar de ver-se nele 2 instauragio (ou a manifestagio) de um comum (social) na diversidade (também social), quer 20 nfvel significative, quer ao nivel da acgio — se s6 a um destes nfveis ou se simultanea- mente nos dois ¢ de que modo, vélo-emos. E assim, sem ultapassarmos esta perspectiva de uma simples analitica formal, compreendemos que na unidade constituriva dese comum temos, por um lado, 0 pressuposto (possibilitante) tanto da cextabilidade como da continuidade e, por outro lado, a dimensio decisive da ordemsistema do diteivo. E uma e outra cols, % Cremos, asim, que serd insufciente considerar, com Lane, Metho- Aerlehe, cit, 20,6. 16 dois tipos de unidade, a unidade orginica e a unidade ogico-formal —muito embors sejam enes os sobretudos ateadidos pelo pensamento juridico, desde Saicw. 104 Homenagers Prof, J. J. Teiveina Ribeiro Jjustamente porque ¢ unidade que, a0 constituir aquele comum, substantiva a ordemltistema juridico que se considere. «O cle~ mento fundamentante da ordem é a unidade: principium unitatis, ubi unitas, ibi ordo — diz-nos Marcie ®. (© que mais se evidencia, quanto a esse caricter decisivo desde logo, se pensarmos que a forma mais elementar que pode oferecer a unidade de ordem on sistemitica é a austncia de contradigio e quea ausincia de contradigf0, com a coeréncia e a consequéncia niela implicadas, & para o direito uma exigéncia, no s6 légica ¢ assim de possbilidade em geral , mas ainda normativa, pois que vai imediatamente postulada pelo principio da ignaldade, neste sentido que Conc *, p.ex., nos diz que a gurispru- déncia sistemitica» se detenvolven em cumprimento do principio da igualdade perante a lei— ea jurisprudéncia sistemftica tem como firm pritico precisamente ese: assegurar com a unidade € a ausincia de contradisfo da lei a igualdade da sua aplicagios. Depois, se pensarmos ainda que o principio da igualdade & uma ddas expresses do postulado ou principio da justia (¢ assim da ideia do direito), comipreendemos também qual o valor capital © Ob, city tM. M4 Enexsci, Die Finhet der Rechuordnung, 54, considera que 0 funds~ smentacio dette principio nfo ¢ I6gica, mar oneogica: ninguém pode peestar simulaneamente uma aceio ou omiséo ¢ 0 veu contraditirio ov contin. Camas, ob. et, 123, dia, no entanto, duvidoso ae até ave ponto a ordem engquanto ‘proposigdes normativas € antes 0 da validade e nfo-raldade, neste sentido invoca também 2 posigio de Kitsen, Reine Rechislehre, 2," ed., 76, s. — cf. também L. Vuzavova, As Esra lépcas, it. 108, st ¢ Teoria da norma fundamental, loc. cit. 23, s. Contra, porém, os Autores da dégica juridics, desde Mavnaz, Kiuc, Scuraser, Warmnmncin, KALINOwSES, ctc., até, por diimo, 1. Tamaevo-H. Scrmumen, Grindziige und Grundverfahren der Rechislosik, sistema juridico nio seri considerado em sentido légico ou ontoldgico, nem simpleymente em seatido normativo ¢ sim em sentido axiolégico. V. infa, Die jaristschen Auslegungimethoden, cit, 19. A Unidad do Sema juin __398 a que a umidade, como dimensio da ordemjsistema do dircito, se tefere ¢ tem por objectivo: o valor da justiga exactamente. Por isso podentos acompanhar Cananis quando ele acentua que o principio da igualdade, como afirmagio da ideia de direito e do principio da justiga, € 0 que sem mais exige tanto a consequéncia racional de um todo de osdem como a unidade da ndo-contradigZo normativa, e que em ambas estes exigncias se tess de ver 0 «postulado axiolégicor e o definens da sistematividade jurldica (do direito ¢ do pensamento jorf- dico) ", O que — vistas a5 coisas por outro lado —bem te entende, Pois, como quer que a justia se conceba, ela traduz sempre a exigéncia de a todos ser reconhecida a faculdade de patticiparem com todos no todo comuitirio ou social. para que assim todos ¢ cada um se nfo excluam nessa participario, € decerto necessério que cada um e todos sejam unitariamente © Ob ity 16 sy 45, 107, : 1 Greate, Die Binh ct 6, consider, por ves lado, gues widade dade juin pose compen em i ei, eam ein 0 iG come poled ou nen). No prick set, 2 EE aoc eco re ten ss pegs : ri a ms apaglo por slo como leva ma rere sers ets cituendo ov tarefa a reilizar pelo pensamento juridico. E decerto que coms oe 2 ied pe cncpeo lgcococra¢ ‘hormativitca do stem jurdico, pela Bepifulomudene, enqnanto 2 unidado- --portutide € a que melhor comesponde 30 entendimento pritico-normative Bjecdico © do seu sitema— ch, infe, Por iso se comprecnde que ‘5. Ennicx, com base justamente numa concepeio peitico-concrera do direito ‘e da sua realizagdo, tivene criticado—na sua fundamental, em muitos aspectos ‘e nem sempre recordada como devia ser, Die jurinische Logih, realidade, 4 anidade nfo é 0 resultado de uma interpretacio, mas de cringlo juridica.... Homenagem a0 Prof. J.J. Teixeira Ribeiro (i & em correspectiva conexio) chamados a stotalidade soli- dician 8 que & @ comunidade ®. Comesa a aparecer-nos, deste modo, o problema da tunidade do sistema juridico em toda a sua importincia prético- -normativa, Mas ainda no a acabada compreensio dessa impor- tincia, Pois a exigéncia de unidade que temos estado a referir poderia pensar-se cumprida sem mais ao nfvel da normatividade abstracta, pela simples nio-contradicio das normas ou dos princlpios juridicos. Quando é certo que nio jé aceitével que © préprio principio da igualdade esgote 0 seu compri- mento a0 nivel do abstracto (em termos de igualdade-gencrali- dade formal), antes se exige uma sua continuacio até ao nivel das circunstincias socalmente reais ¢ concretas (a igualdade material); € se sabe, por outro lado, quanto a aplicagio do direito deixou jé de poder conceber-te como uma mera dedugio (deducdo sistemstico-conceitual) para te revelar cada vez mais como uma coucreta realizagio normativamente constitutiva. Ora, estes dois pontos, se traduzem a consideratio, simultanca- ‘mente, de uma intengZo material (de justica) e de uma dimensio de tempo {de historicidade)—sendo certo que ambos sio centre si correlativos e se assimilam na axiolbgica intangio do direito, e intengio assim necessariamente «abertar®—, nio % L, Lacaz ¥ Lacasana, Sobre a estudura del Derecho, in Estudos em homenagem ¢ Miguel Reale, 98, Em sentido andlogo, embora de outa perpectiva, considera também Lumeann, Rechuryiem und Rechsdogalib, 20, s, 28, 4, ¢ pesrim, que a justga & aquele pélo que refere a unidade do stems judi como um todo, 4 Pelo que, ainda nesta ‘perspeciva 2 unidade da ordem ou sistema judico ¢ exigida pela ideia do direito e pelo principio da justiga. Na verdade acc jie ek emp mat uno de jf implica di com Masons, Vor Sinn menshlicher Ordnung, dit, 79, 2 2 docalizagico (Crtung) 01 0 reconhecimento do tec de cada membro participant na unittia ia do mundo social—€ por isso invoca Lansetz: susiia nihil alind ext quam ordo seu pecfestio circa mento. 79 Vide Pooxanascam, b,c TV, 103, 18, 113, 18 116; ifr A Unidade do Sistema Jib a de Sistema Jurteo impli sso mesmo, que os casos juridicos tenham f que os cfitfrios normativos para a realizagio do dic, através da resolucio[decisio desses casos, se vejam enunciados Sopotanemente, ou sequer sejm ends pesupostos peo sistema que a este mesmo nivel, previamente ¢ segundo aquela unidade, se oferesa. Quer dizer, no contexto normativo da ordem ou SGstema do direito surge um outro problema ¢ com a nova exigencia a dirigir @ dimensfo da unidade. O pro sistemitico da histbrico-social adequago normativamente mate fil do jurldico — adequag%0 normativa nas suas duas dimensOct dialécticas, de econdicionalidade de mormatividades (no sentido de Pansox) %, € que na perspectiva do sistema eo quer na assimilagio da mutabilidade histérica da intencionali ¢ normativojuridica , quer na «adaptagior a varidvel ae realidade social que Ihe cabe dirigir juridicamente. E problema a unidade pressuposta as exigéncias norma- yuela adequagdo porventura as no absorve (no oe na prévia coeréncia da sua intencionalidade) e, por outro lado, tr mesma adequacio nio pode deixar de realizar-se juridicamente tm termos unittios (. 6, a sua solugdo hi-de pensarse no ¢ pelo sistema juridico), Situacio aporética — 0 que Parees Set limite de posibilidade impSe-se como exigéncia normative — que a unidade do sistema juridico +6 poderd superar se ee ponder positivamente a estas duas perguntas: 1) como se nal gram unitariamente no sistema todos os casos normals juridicos da histérica realizfo do dircito (os casos jurldicos, Tobretudo, que perante o sistema normativo abstractamente structure ss, 114, a soca action, 605. Clr, Davo, ob. ct 39, > 1 oe ome metic er aren So Si id mutabilidede ¢ da sua asimilagio, vide 2 monogr Vorversindsis, passim. 108 Homenagem oo Prof. J. J. Tetxeira Riben pressuposto seam transistemiticos); 2) como so unitariamente simile pelo sistema todos os critérios normatives que se onstituam ¢ manifestem na mesma realiza¢io histérica direito (também aqui sobretudo os cadres normativor i previstos, nem logicamente admitidos pelo sistema abstract mente prestaposto, porque traduzam uma superagio, uma divergéncia, ¢ porventura mesmo uma contradigio perante cle). Na primeira pergunta temos a questio da consisténcia © na segunda a questio da intencionalidade do sistema juridico — 01, se quitermos, a questio do todo (tomado este termo em sentido amplo, que nfo exclua qualquer tipo sistemético) a questio do principio (tomado igualmente em sentido amplo, para abranger quaisquer fundamentos de constituicdo do sistema), enquanto os dois momentos constitutives da concreta sistema ticidade © em cuja sintese teremos a sua unidade%, E com- preendamos: sem uma unidade que constitua o sistema jurfdico em termos de ser ele susceptivel de dar resposta vilida 3s duas questées enunciadas no é hoje possivel a realizagio da justica, posto que sem a sua material adequacio hist6rico-concreta no estaremos perante uma reilizapio do direito justa 4, © esa relizago tamblm nfo serf jue se nfo for eomunitaramente integrada (congruente ¢ justficada no todo comunitério que 0 sisoma ie exprimit). Tudo 0 que se poderd resumir, dizendo que © probl da unidade do sistema jurfdico, enquanto tla peter. -normativo, & hoje o problema da consistente ereflexividader % Cf, Manatc, ob city 111, m5 Canna, Basswne ada? poke ciara slo coma © mowers € © co coo @ momento ing do tema ue comesa por pacer sia exigenis ou um elemento — dign- son ins Cael int nan umes dion, ‘2c ecimenton que detrminos a Com o sr decionismo casisic, + que ais ve aludu. ina A Ura de itor pen _1 normativa do sistema (no sentido de Lunmann) %, i. & © pro- blema intencional-metodol6gico da unitéria reelaborayo norma- tivamente constitutiva sobre cle proprio, que lhe permita a assimilagio congruente do que em princfpio (nas vireualidades sisteméticas pressupostas) nZo admitiria, se niio mesmo excloiria —congruéncia (ou integragio) © assimilado (ou normativa adequagio) cxigidas simultaneamente pela intensio do dircito, como temos vindo » acentuar. Que também 1 estabilidade ¢ a continuidade 36 sfo vidveis sec enquanto a unidade, perspoctivada neste sentido, se obrenha, € 0 que se fez agora evidente. Pois se nfo subsistird uma ‘estabilidade que, em arcaica fixidez, negue a historicidade pritico-tocal — aquela mesma historiidade que, na sua contin- génca e na sua possbilidade de ruptura, « continuidade & por sua vez, chamada a dominar —, o certo é que a continuidade no seri possivel desde que se recuse a adequagio normativa 2 concreta e mutivel problemitica intencional da realidade social, i.é, desde que a unidade no se oferega em termos de responder validamente 3s cxigéncias dessa adequagio. Se a esabilidade se assegura na continuidade, a continuidade sus tenta-fe na unidade. Pelo que, ou ainda de outro modo: sem a justiga, possibilitada pela unidade, nfo haverd continuidade aque garanta a seguranga ¢ sem a seguranga ndo haverd a estabi- Tidade que logre paz. Esta a decisiva importincia da unidade do sistema jurfdico —importincia pritica € nio teorética, como acaba de ver-se- ‘Como momento constitutivo desse sistema, nele se baseiam € através dele obterio efeito pritico todos os valores de uma ‘Posies Recht und Ikon, in A.R.SB» 53 (1967), 537, 543, s: 1b, Farikionale Mehode wad juriische Enucheidung, ia Arco ff, Rechs, 94 96, Toy Refers Meine in Sorilogche Asftlnine, 14 ed, 92,5. 0 Homenagert 40 Prof. J.J. Teixeira Ribeiro cordem de direito. E 0 sentido do seu problema & 0 que ficou enunciado. +r) Enunciado, todavia, ainda s6 em abstracto ou apenas no seu sentido geral, Para 0 especificarmos, hé que com- preender concretamente esse sentido ma situago problemitica aque temos estado a referilo. O problema da unidade da ordein/sistema jurfdico vémo-lo como problema pos pela realizagio do direito € enquanto a dinémica normativa dea realizaglo, 20 exigir a sistematicidade de uma ordem, nio deia de por simultaneamente em causa qualquer sistema pressuposto, Podemos assim dizer, como ENGISCH, que « dindmica do dircito € 0 germen das contradigies juridicas ®, com ser o fandamento para excluir a subsistincia apenas abstracta de coeréncia norma tiva e 2 remeter a um outro plano o problema da consisténcia que © sistema do direito, nio obstante ¢ como quer que sej2, no deverd deixar de oferecer. E se é na realizagio do direito que aquela dinimica ¢ a exclusio desta abstracta subsisténcia se impSem, seré entio decetto na metodolégica fenomenologia dessa realizagio que teremos a base para o final esclarecimento do problema. Nao podemos, pois, prescindir da anilise dessa fenomenologia — mas nfo sendo cla desconhecida, nem mesmo por nés a primeira ver considerada, bastam aqui 6 algumas alusdes. Assim, oriente-se embora em princlpio 2 realizagto do direito por uma pressuposta © mesmo codificada legalidade, como acontece nos sistemas juridicos europeus continentais, 6 certo & que nem por isso deixaré de ser sempre essa reali- zagio um acto normative, que no apenas um acto herme- néutico-cognitive, E porque acto normativo, exige mesmo dos Autores que pretendem manter a compreensfo da interpre- 58 Die Binkeit, cit, 67. A Unidade do Sistema Juridico mt tagdo juridica no quadro geral da hermentutica «cléssica»?, como Berm, seguide por Come, que 2 tenham de dizer cinterpretagio ‘em fungio normativas, para a distinguirem da sinterpretacto em fungdo meramente recognitives ¢ relevarem assim o que hi de especifico numa interpretagio que se insere on esté a0 servigo de uma pritico-normativa realizagio cou creta— posto que a caracterizagio daquele tipo de interpretario, no modo como & feita, nfo acentue suficientemente, na sua aiuténtica especificidade, 0 que hé de autonomia normativamente ‘onsiinsiva na concreta decisio juridica, pois esta, se supera decerto qualquer «determinismo juridicor (ADomer), também se nio limita a incluir mo processo hermentntico a constitutiva dimensio de «Applikations $9 on de normativa «concretiza~ ‘glow 191102, A querer isto dizer que na hist6rico-concreta reali- ‘9 Cf. H. Toreururanen, ee und Jurispradenz, in Juristische Macnee wd enaiysce Phe, 7. Sari ever, Cap. VU to Inexrrioe dl ge del at 2s ed, 33,8 9, € pain Oh di, 23. see 100 Expressio que -passou a denotar uma categoria hermenéutica depois: ‘que, nesse sentido ¢ considerando « significaglo exemplar da hermentutica juridicas, ae it. ree: 307, 85 espte, ‘U2, w.—e para signifier no finde 2 woncretnsgion, Ch nota segue, : $89" Categoria que utnamen apes no se tio metodo eacto Bhan Bee dette oe iL San abate co, yrifica —e no em toda a pluralic senti¢ doundicn com ie sae teenie smonografa de Evctscm, Die lke der Konoeiiang tn Rechuien tthe ier Zot. Pars imma compreensio tambern 16 metodo\égic-beme- ‘néutica da «concretizagon, vide F. Mtunen, Normsiruktur u. Normativitit, 7st 147, 384, pain. 102 Que tal ¢ a posicio de Berm —v. obs. locs. cits. supra, nota 98, ¢ Die Hermeneutik als allg. Methodik, cit, 48. Sendo certo que nlio deixa Sarum pcr ia ities tth 50) nlo 0 & menos que 2 daneto normative ort ponibildades integrates © commplementars, 6 1 realizaria na -imanénciss do prévio ordenamento positivo, ee aa que explicitaria, na concretizagio, as savaliagdes imanentes ¢ latentes do mesmo ordenamento. O que se confirma com as consideragées feitas, m2 Homenagem ao Prof. J. J. Teixtira Ribeiro 4ag3o do dircito, em cumprimento da sua intengio pritica e normativa, ndo s6 vemos a intervir opgdes normativo-juridicas que transcendem 0 dado legal ou que os cones legais em si no oferecem, como quer que hermencuticamente s¢ deter- mine, mas ainda a decidir-se aquela mesma normativa reali- vaso em tetmos constitutivos auténomos nem sempre potencialmente admitidos pelos pressupostos critérios normativo~ clegais que se capliquems, Nio se trata, assim sé de uma determinagio concretizadora do normative pressuposto, mas de tuma especifica constiwigdo de normatividade*®, Sto trés os pontos em que esta conclusio se analisa. Em primeito lugar, a propria interpretagdo jurfdica— orientados que sejamos pelo objectivo abstracto da interpre~ tagio em sentido estrito— sé vem em ditimo termo a deci- dir-se em fangdo da concepgio que o pensamento juridico, em ‘que patticipe o intéxprete ™, se faga do direito, no seu sentido € telcologia normativamente decisivos, posto que sé emt referéncia 08 valores ¢ as inteng&cs fimdamentais que informem essa con- cepgo se poderd por firn 3s duividas, as indeterminagdes e mesmo pelo A. 2 pigs. 97, 1 da ob. ct. © com a compreensdo geral tanto da inter- preagio como da integracio que al nos oferece, E também como sconcre- fizaglor apenas dos pressupostos critérios normativos formal-jurdicamente vvigentes compreendem, no fundo, F MUce (Normsindeur, tty 56, 4 « pastin), quanto a0 direito constitucional, e Laaahz (Methodenlhre, cit, 191,), em gga ein do dio, 103 Por isso, se houvermos de opor a «concretizasioe & répica — asim, F. Miuum, Normstuktu, ct, 58; 1D. Jarstsche Method, 2* ed, 77, at, querendo dese mode impucat a esa divima uma compreensio problemi da realizagdo do dircito que foga apo a crtéios normaatvos extre-legus—, rio podemot, na verdade, deixar de reconhecer um momento t6pico a metodolégica'reiizagio do diteito. © que o proprio F. MUuur accits, ao distinguir também wma shermentutca tOpice, emt que se integra 2 rctodologia que not prope naquela suas duas obras cis, da «pura t6picur v. este. Normsiuktur, 57, sty 195, 8, © pein, 108 Che sobre este dhimo poato, Essa, Vorverstndnis, cit, 15, e pasin 1 Miuim, Nomutruktur, 53, 5 A Unidede do Sistema Juriico m3 A pluralidade de solugSes que qualquer método interpretative sempre admitiré e que, portanto, s6 por si no serd capaz de nltrapassar 8. Além de que a prépria perspectiva metodols- ica, com as opgdes que implica, ndo ¢ menos fungio de uma imtencional compreensio do direito — jé na hermenéutica just- ica tradicional 2 preferéncia pela inverpretagio subjectivista ou pela interpretagio objectivista nfo traduzia outra coisa !—, como depende ainda do problema jurfdico concreto decidendo, ¢ do mérito préticonormative que autonomamente the soja imputado, 0 relevo idlativo com que sio considerados 05 factores ou cfnones hermenéuticos, mesmo que no quadro da perspectiva metodolégica adoptada ™” —e vai nisso outro aspecto do momento tépico da metodologia juridica 108. © que depde tanto contra 0 monismo metodolégico, como contra a pre- tensio de definir, uma vez por todas, uma tdbua de fectores interpretativos e de prescrever dogmaticamente uma hierarquia metodoldgica entre cles'®, E tudo isto assim sem pdr em causa o pressuposto ou 0 dado juridico formalmente positive —a norma fegal—como relevante objectivagio do dircito 105 ff, Zarmazus, Rechtphilsophische Aspekie der Rechisfindung, in Joritenzctang, 31, (1976), 150, 88. M. Kauss, Theorie der Rechsgewinnung, 2 ed, 53; F. MUtien, Normsmuktur, 44. S06 Exemplo bem’ elucidativo dito’ mesmo é 2 fundamentagio que, centre 6s, MANUEL hx ANDRADE dava, no seu Ensaio sobre a interpretanio das es ae preference objectiviamo, © dente este pelo objectivismo 2, 127” fe, por todos, . Mitaen, Method, cit, 69, s 167, a 198, 5 1p, Noman, 44, ¢ pus, 108” Vide Vide, Coine, ob. ct, 2, 25 F. MOLE, ob, Los. it. stra, potas 103 ¢ 107. vo? Vid. Essen, Grandiatz su, Norm, cit, 117, 283 To. Vorvertndns, ity X21, € pass Kaas, ob. cit, 24,85, su F. Mian, Nomsinkur, fi, 44 67, 4, pain; Methoh, c., 8y 6-146, oy 198, a. HL ERMKE, Pricipien der Versunganrpretion, VVDStE, 20 (3963), 9% si Cones, ‘no entanto, vide CANAMS, Systendenhe, el, 91, nota 23. 14 Homenagem ao Prof J.J. Teixeira Ribeiro € © critério normativojuridico a eaplican —o que se revela, todavia, cada ver mais duvidoso, se nfo mesmo jf ultra passado, na actualmente irrecusive distinglo entre o direito e lei eno correlativo reconhecimento de uma positiva normatividade |juridica translegal como momento essencial do corpus iuris, a que também dentro de momentos nos referiremos. Tendo presentes todos estes pontos, nfo podemos, pois, deixar de dizer, jf com Stammaz ti, que quando se aplica um parigrafo de um cbdigo, nfo s6 se aplica todo 0 ebdigo, como se faz intervir © pensamento do direito em si mesmo», ¢ com Hick que em cada decisio jusldica concreta pode sintervir 0 contetido global da ordem juridica», mas sobretudo agora, com a lerme~ néotica e a metodologia juridicas mais compreensivas dos nossos dias, que a interpretagio juridica exige, para além da referéncia hermenéutica pressuposta «Sache Rechts (a implicar jf 0 seu sprinclpios) "8, fandamentalmente uma spré-compreension da sua axiologia ¢ sentido normativo emergentes do histérico consensus comunitério, a impor-se como horizonte ¢ cénone hermenéutico-normativo decisive — até porque as expectativas sociais ea intengio material de justiga 0 no dispensam ™, Pelo que 2 interpretagio acaba sempre por culminar num indispensivel momento filoséfico-juridico "5, como. a ultima 0 C&, Lanenz, Methodenlehre, city 191, ss © passim; no mesmo sentido, 2 posigio de F. Mium, ob, le. cit passim —embora distinguindo © stexto da norms (0 dido normative formal) da morma enquanto tal (que 36 se constinaria com 2 concretizario): Normutnukaur, 147, ss. 1 Theorie der Recheswisenschafi, 24, 8. 112 Begrfiiléumg, cit, 150. Refertncias estas 2 Sramum ea Hacx, a que nos convocou ‘Casans. 35 Y,, nese sentido J. Hnuscuea, Dat Versichen van Rechitexten, 56, ss. 314 Sobre tudo isto, 0. Essa, Vorverstindns, 40, 8, 132, s8, 139, 5 ¢ passim; F, Miutm, Nernstuktur, 49, 22; 1, Methodik, 133, ss, 136, 3 Lanz, ob, cit, 185, 58, 336, a; Ennrs, ob loc. cis, 100; K. Hasse, Grundatige des Verfarcungsrehts, 5. ed, 26. 1S" Sobre este ponto, vide expecialmente Zirpmrus, ob, oe. cits A Unidade do Sistema Juridio us ratio de hermenéutica jurldica e na qual, por um lado, 1 necessiria conceptio do direito se afirma, e, por outro lado, aquela pr&-compreensio afinal 3 determina "*. Que a conju- gasto de todos estes pontos, metodologicamente irrecusives, hos pBe perante uma irredutivel autonomia constisutiva do acto normativamente interpretativo, a orientar-se para além dosistema formal do direito positive, € 0 que tem de considerar-se, na verdade, como manifesto, Autonomia essa que mais se acentua mesmo sem termos de referir a que mbt se evidencia ropa compreensio juridico-normativa do caso concreto, = teeter problema intencionalidade jurfdica deste, @ inclusivamente na selecyio e elaboragio da morma pli- hvelv 117 — se passarmos aos dois pontos seguintes, Ci segundo Tugar, hi, com efeito, que atender 3 indivisvel solidariedade, verdadeiramente unidade metodolégica, entre 2 “Gnterpretagio» ¢ a eaplicagios — tomadas estas categorias nos te entigestae pela metodologia tradi- i i dade Tit Ro quchaveriaa aeecentara medio hermentutia de penonal aac televo agora por AXT. KAUTANN, Richerpersnliit eet Unban Pes — Fe, 295, 2, ¢ Duck Nasr eos Rechpestiviomas zur jriisthen Hermencti,), Z- 30 973), 326, - ce ien deceno do factor prudential de aaoridads — ¥» por todos Barwnc, ob. cit 97, 112 2, © agora La rationale prudent n Aries Pe it 23 0978), 20s. © ous se pode diese que confirma indieetmence eee db veslade Gueki na tee defendida por Lumar em Legitimatondrch Pane, 2 dao tem de evar-nos a considera impostvel ea preinde cern eta tacinalzada fendamentacio normativa da decsio cones, como guia daa objet ii anions mas ees fendamen Pieper ino 4 tee de Lunnan nfo € acc Fa peed parc pox oon EE, Voveraindnis, 22, 3 Zora, Lectin durch Verfahren’, in Lassi err, 93, s), emborano ows uma tal fondamentaio pense 4 nance Tpolisin ecm bon medida x je contrlsvel «poser como ais € proprio Pods « findamenagio ¢ nc elias, Vide, sobre ete ponto Sr fead, Pmanuans, nat san nomerons andlics mctodclgis, © por imo, Lagigue Jr, Wt Pate, 97, ig ae Ral 2 eins 2 Ch auenz, obs ty 266 5 Ess, Vorvetndns, 4, 16 cional. Também aqui, desde Rapanucu'!*, pasando pelas fundamentais investigagdes metodolégicas de Heck até aos contributos da hermentutica filoséfica "8, mas antes de mais com base na anilise especifica deste ponto que nos oferecem Enciscu 0, Ant, KavrMaNN“, Esser 122, Kerere'23, Larenz 2, BR Motu, Hesse 125, FIRENTCHER '2”, etc, 128, se sabe que «a interpretagio € o resultado do seu resultados 9, que no da uma determinagio a priori, seja exegética ou analitica, de uma normatividade subsistente em abstracto ou em si, sendo pelo contrério constituida pela relagio hermendutico- 1 Mais exactamente, desde Béuow, no sou conhecido © pre SS in Rahim 3." ed., 161, onde se 1é 2 formulagio reproduzida no "319A consideragio hermentutica da «Appltatiom, a partir da signif- casi exemplar do epee uridien —v. mp, ot Pee Logiche Studien aur Gesetzasenwendang, 2.4 ed. 14 5, —O sie vir da perspectivar, da norma para o caso ¢ do caso para a norma, na cone ej, i. comings as varies ou do caricter Vseitigvaric que, segundo LUHMANN, Rechtsystent sed Recsdogatt, 1 carcino dein ate © exo © 4 TE Analogic nd New der Sache, te, 2, the 2 suena 2 ee sow elie dati ee» nora e ese, esa etc ch, eae Ba i By asin) Von Th 1 Rechtigevinnng, 195, .—numa lina anslogs 3 de En ermbors integrate, pla soa ese da rconaidade jurdica da decifo com fundamento em Scuwmoum, Methode und Dislisie— Verchlige 23 ener ‘methodischen Rekonstaktion Hegelicher Dialekti, in Rehebitierung. it 1, 466, 8, a7, Wis Vide agora, no memo sentido, O. Bauuwuc, La rationclité prudewille in Archives Ph, Drei, 1978, 257, s. 17) esa funio pritia (prbtico-socal) da objectivacio dogmitica do ireito, e asim tambem 2 funco metodol6gica que lhe corresponde no ‘pensamento judico, que é antes de mais comiderads 00 quadro deste pensa~ ‘mento — como se ve desde Essex (obs. cits. supra, nota 147) a Winaceax (cb, th sid), Batzwnc e Hom (els. cit. ibid), deade Luxwaxn (Rechisystem und Rechisdogmatt) a Varwes, (ldeologie und Rechisdogmatic, ci.). Enguanto que nés levamos acentuada no texto sobretudo a natwréze dogmitica do ‘normativo-juridico, porque justamente normativo — sendo certo gue os dois aspectos da dogmitica juridicasfo entre si anal6gicos: porque € 0 notmativo- juridico normativamente dogmitico € que a sua objecivagio sistemitico- “metodolégica se manifesta como uma dogmética, 180 Cf. T. Visrwac, Recksphilorphie, Rechtheoie und Rechisdormatk, in Estudios jurdcosodales em bomenagem aL, Lscaz y Lacan, I 203, H. Rams, Rechir und Statspilosophic, 29, 3, 4 do Sistema Ju 133 ‘uma intencionalidade autonomamente pressuposta ¢ que por essa sua mesma indole de autopressuposicéo regulativa se subtrai 2 vetificago e & «falsificagio» exitico-emplricas "!. Reconhe- ccemos, pois, o que hi de fundamentalmente vélido na dentincia da efalicia naturalisticas — embora por razdes no tanto Wgi- cas'™, como ontoldgicas ®. O que encontra, aliés, a sua indi- recta confirmagio nos préoprios principios da realizabilidade ¢ da versus a intenglo steSricas. Aliés, & a0 assumir esta dimensio que 2 realizagio do dircito £ norma tivamente 0 que ¢—aguilo que vimos que ela nfo pode deixar de ser—e 36 através dela 0 axiolégico-dogmético normativo se dialectiza. © mesmo € dizer que a dimensio ‘agora considerada sintetiaa as anteriores e a8 implica: porque de dimensio praxistica, tem o dircito fundamento axiolégico, exprime-se dogmaticamente ¢ constitui-se de um modo dialéetico, ‘Numa conclusio que sem mais refira ao problema do sistema jufdico as quatro dimensSes consideradas, diremos que aquele no poders ser um sistema sitmplesmente fiancional e antes hi-de manifestar um contetido axiolégico, que no haverd de ser um sistema to-s6 social ou de perspectivagdo sociolégica e sim de indole dogmético-normativa, de uma dogmatica normativa, no entanto, problematizada dialecticamente ¢ niio de plenitude e auto-suficiéncia objectiva ¢ que, por dltimo, nio poderd ser asiimilado por um pensamento juridico apenas cognitive (analt- ‘ico ou hermengutico), jé que no sistema se terd de pensar unitariamente o julzodecisio prética concretamente consti- tutiva, 3. Um eshogo de solugio, Posto isto, estamos em condigdes de comesar a enunciar tunt esbogo de rexposta a dar ao noso problema. O primiciro ponto & como sabemos, 0 de definir 0 tipo do todo sistemética 38 Clr. W. Mamoren, Zum Virhlinis von Rechssoiologie und Rechts theori, in Rechitheorie — Beinige zur Crundlegendishusion, (Herg. v. G. JAER ay, Master), 240. Cl. Scarwmaorem, oI. te, 22, Neon To, cts, 184, 3. A Unidade do Sistema Juri 151 ou a Indole da unidade que © constinua. RB decerto que exse todo sistemético ea sua unidade s6 poderio ser aqueles que correspondam 3s coordenadas que discrimindmos — que hes correspondam, assimilando-as. Vejamos, pois. 4) So posstvcis tém sido propostas (jé historica, jé doutrinalmente) modalidades diversas de unidade para o sistema jurldico. 1) Uma dessas modalidades foi pensada no modo de uma identidade formal de conceitualizagio abstracta, desenvolvida a partir de um ou varios princlpios gerais e determinada por tum ou virios conceitos fundamentais. © que, consequentemente, exigiria uma acabada coeréncia légica dedutiva —i,é uma tmidade sistemitica 2 conseguir mediante uma totalidade Iégica consistente (Sem contradiges), plena (sem lacunas) © fechada (auto-suficiente), Esta unidade sistemética, que encontre @ sua realizaglo num sistema axiomitico ou tendencialmente axio- mitico ¢ que corresponde a todo o sistema analftico-conceitual, terd forgosamente de ser uma unidade pressuporta, uma unidade previamente portulads e nfo o resultado de uma concreta expe- riéncia problemética—que sempre poria em causa aquela sacabade cactincia légica-dedutivas—: 0 objecto e°o resultado de uma antecipada construgio a actuar de modo dedutivo ¢ formal, Trata-se de uma unidade légica « priori. Ninguém hesitari em reconhecer que este tipo de unidade sistemdtica €aquela que ia (ou vai ainda) implicito na compreensio normativistico-conceitual do direito-lei2#9 #0, 2 Che, K-Evorscat, Walthet und Rictghelt on juriischen Denker, lo. (ity 173, $65 Canams, ob ct 20, 5. : 20” Assim, quecendo siiar-nos apeoss a perspectiva dogmética do ‘pensamento juidico, ois ¢igualmente um sistema dese tipo que vai decerto sempre presuposto no pensimento epistemolégico-judico analitico — ja 9 analtico em sentido comum (égicolingulstice), sein 0 analitico em sentido Togico-deintico, Vide, por todos, Autores ¢ obs cit, spr, nota 62. 152, Homenagem ao Sé efectivamente com base nesta eunidade-axiomay, segundo a expresso de EnciscH™!, se compreende, por um lado, que ‘0 pensamento juridico tivesse visto como seu objectivo funda mental a explicitagio do sistema normative e da sua unidade em te1mos apenas interpretativo-analiticos e no normativamente materiais e constitutivos; por outro lado, que se admitisse o sistema juridico a definir previamente os seus préprios limites através de postulados Iégico-normativos (p. ex., através do princpio, cegra ow norma universal negative) ¢, asim, a fechar-se sobre si mesmo num apriorismo indiferente & fungio pritica ¢ & dimenso histérico-concreta do direito enquanto tal. Depois, no mesmo sentido se afirmava que os hiatos com que se deparasse na objectivagio formal do sistema haveriam de suprimir-se pelo desenvolvimento Iégico-normativo das virtualidades sistemiticas ou tlo-s6 pelos processos normative -dedutivos de uma auto-integragio — i. é, 0 sistema seria poten cialmente pleno ¢ as suas dacunass apenas aparentes *#, Ponto este que se continuava, por diltimo, no problema das antino— miapt a5 antinomias no sistema do direito positive que, nio obstante, a aplicagio concreta fizesse aflorar entendiam-se apenas como contradigdes ou oposicdes Idgicas entre normas formais {entre duas ou mais normas formalmente prescritas, pela sua simultinea aplicabilidade a0 mesmo «objectos) que o sistema pressuposto haveria também légico-sistematicamente de absorver mediante relagGes igualmente légico-normativamente redutivas entre as normas em conflito —i. é, seriam contradigdes, mas 36 aparentes, jf que a prévia unidade iégica do sistema as 2 Dig Bin eo. Sobre este ponte, vide a nossa Quentondefto — Quesiiode-dicto, 280, #85 € agora, com aruplo desenvolvimento L. ras 0g ge, com a mio L. VEANOWA, AS estat 260” Sobre 0 problema geral das lacunat, no sentido aludido ¢ simulta sneamente numa tua superasio, v. Questiode facto — Questionde-direto, 278, 38 A Unidade do Sisters Juridico 153 devia a priori exeluir. Se aparentes eram consideradas as acunas, aparentes tesiam de set consideradas também as antinomias ™. Seria este um sistema juridico constitufdo assim por uma unidade de identidade (0 mesmo € dizer: unidade por auséncia de contradigéo) légico-abstracta, estitica (ou apenas de desen~ volvimento explicitante) ¢ a priori, Uma sistematicidade que nem intenciona 0 axioligico (66 pensa o K6gice) materialmente constitutivo da normatividade juridica, na sua especifica intensio de validade prética, nem & compativel com o cardcter problemtico- “-dialético de realizagio praxtstica do direito. Depois a estabili- dade tende a ser nela fixider ¢ a continuidade imobilidade. Nio é, portanto, esta ¢ unidade que procuramos, 2) De outra indole é a unidade que pata o sistema juridico nos propéem, jé a Reine Rechislehre, jé a teoria sistémica de Lusmanw, Na base de ambas estas propostas deparamos agora com uma unidade por redujdo, ainda que pensada de modos bem diferentes — de fundamentago formal, mum caso; de cons- tituigo estrutural, no outro caso. 2) A unidade normativo-sistemética que a Teoria Pare do Diteito e pensamentos afins (temos presents sobretudo Hart ¢ Bopaio) imputam 4 ordem juridica € também uma unidade égica a priori, mas j4 nfo uma unidade de conteddo (conccitual ¢ estitica) e sim arquitecténica ou de relacional conexio. Pois ndo s¢ trata, nesses pensamentos, de uma unidade légico-concei- tualmente abstracta obtida através da formal indentidade de de significagfes subsistentes, mas de uma unidade de instita- cionalizacio que é simultaneamente um proceso normativamente estruturado e dinimico de aplicagio-producio (aplicagio» que & simultaneamente produgio} do dieito. E 2 garantia da unidade té-la-famos aqui num Gnico fandamento normativo 244. Sobre este dimo ponto, eft. O insite dos sasentom, 243, nots $29, is Homenagem a0 Prof. J. J. Teixeira Ribeiro = Grundhorm — que legitimari, enquanto objectvaria, 0 si tema insituido e a que teria de ir redutivamentereferido todo 0 dircito que se constitua e aplique no quadro do mesmo sistema (0 quadro da ordem juridica que & esse sistema). _Unidade por reduc (e redugZo analtio-transcendenal) a um 36 fundamento normativo #4, portanto, ¢ segundo a qual é pela contingénca material (contingéncia ideol6gico-politica "+ e decsiria) que se atribui aos contetdos judicos,jé pela fungio riadorareconhe- ida também a todos os niveis da prescrigio ¢ da realizagio do direito, tado se reconduz a uma coerente articulaci0 (gradual ¢ sucesiva) de um quadro formal de possibilidades normativas, fem que umas normas sio condigio ¢ limites de validade das coutras. _ Pensamento da unidade jurdica que conclui como o ante- rior, ¢ mesmo expresamente™”, pela eaparéncas das lacunas € das antinomias normativas —uma unidade que continua a ter a matureza de uma totalidade Iégico-teorética nio podia impli condot dete mt que tem per exe =~ anterior o mérito de abandonat o plano genérico-abstracto ¢ dedutivo de idenidadessiguicatven opento lhe carder concretamente constitutive (ndo i ret odo sb dedaaive) das divers As dimensdes estrutural (a estabilidade) e i (2 continuidade) da ordem juidica seriam eae a fidentidade subsisténcia do fundamento redutivo—a Grund- norm —, enquanto fundamento instituinte de uma organizagio 28 ‘Cie, neste semido, A. Mamet, Dat sd de Fog es obey Well, in Be Weer sche Sch 286 Re Mase, Vee wd Verma 3, ¥ 3 acentuagio © ciltica deste aspecto ‘Rechilehe, vi especialmente W. Scmmp, Reine und politische Rohan ib, Bena Recholehre, in Kavrwan-Hasscsn und Rechtstheorie der Gegensvart, 108, (Gee), Binh Reap 20 Vide, deide logo, Reine Rechislebre, cit, 209, ss 251,18. A Unidade do Sistema Jatiico 155 escalonada de quadros e competéricias normativas. ‘Mas, 2 parte Sutras objecgbes possivels ¢ que poem em causa inclasiva- mente essa possibilidade redubiva —aquelas objevies, P. que foram enunciadas por ENGISCH ¢ Raz%é—, haverd de svciderar-se que nestes termos a continuidade +6 & pensivel Satencionalmente e quanto 20 conteédo, no modo de wm desen vValvimento de determinagio do quadro normativo previamente vonsttaido pelas normas superiors relativamente as inferiores wi. & a dindmica constitutiva é linear ¢ num tnico sentido, segundo o exquema de cima para baixos cm intengfo 56 conere> tizadora. Dinimica assim s6 no sistema, mas nao do sistema. Ente, no seu todo e porque continua a ser definido « priori na vee notmatividade global, mantém-se intencionalmente esti- eo, como epontualesttica & afinal a Grundnorm, segundo texacta qualificagio de Mancic™®, Quer dizer, o sistema jurdico Kelseniano nfo & suscepti de ‘compreender 2 cons Tituigio problemitico-daléctica do normative juridico ¢, Pot conseguinte, de a pensar noma unidade sstemética Falte-lhe a utra dimensio da dialéctica, aquela que actescenta a perspective ic boing pa cima» & perspectiva unicamente considera «de ‘ima para baixor ®, E que a Reine Rechslehre provém do Be Bi 9 wa ity ands pr KEN coma wns teguads dimenso do teu sitema, nko rcleva sina om ee como wrracqwencias normative que acaba ramio Por aPMgArse PETS ce coer ciara, as que vesdadsrmente comeyne 3 da ¢ a pene emmaivitico-analiseas do sista keleniano—¢ © ave iam See cs de Raz, ob 18, agora amber,» 3 ee an Solin — Dauhunen er ds Veh vn Sein wt Se auf das Verhlenis vow Soar Webi rd Red ot sethodlogchen Orictiang fie cine riche und Rech mn (eemumicagio. do Aur 20 Col6quio

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