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“Maurice Blanchot — O ESPACO OFSPACOL Ensaio de rigor e profundidade raramente igualados, este livro é um marco da renovagio {ebrica e expressva das letras edo pensamento europeu da segunda metade deste seulo, Com faslosinio medica cinta penal Maurice lanchot realiza uma investigagao abrangente sobre proseodecriagte terra. ‘a partir de uma cerieza/indagacdo fertile coviginal a da solidao eseendial da obra sta ea desua iredutibilidade a outras line ulagens — 0 autor empreende um mapeamen- todo espirito do homem moderno,interrogan doe sondando a experigncia radical de Mal- laren, Katka, Holdetin, e Rilke entre outros O desespero vivo, 0 fascinio da morte, 0 afas tame de Deus aesaneca dare mun jo obseuro da fospiragio —~ elementos. que ent a obras dene ares ~ so como close passagens de um iinerrio que nos leva a9 cerme da significagaa e 20 horizonte de si. nifcados da Iteratura: ela & a frontelra do ¥ ‘enclave eo limite do dive UA ARTE Aw -s OBRADITA: COMEQL. sODAORIGEM A PREOCUPAL AIGINAL A EXPERIENCIA ORIGIN. RISCO 0 RECO ORISCO 0 RISCO O RISCO 0 RISCO 0 ISCO « 'AINVERSAO RADICAL A INVERSAO RADICAL AINVERSAO Ry ‘OPOETAE A DUPLA INFIDELIDADE OPOETAEA PONTO CENTRAL O PONTO CENTRALOP. SUMLANCE DEDADOS UMLANCE DE D, __“SIMESMO MORRER FIEL A SI MESMO MC ANGUSTIADA MORTE ANONIMA ANGUSTIA DA ‘AA TAREFA DE MORRERE A TAREFA ART “RIE MORRER FIEL A MORTE MORRE “QAINSPIRAGAO AINSPIRACAO & BO. ODOM EOSACRFICIOC *@A, CAMINHO PARA A INSPIRACA: VER LER LER LER LEP Title orga © tions Catia, 1955 Diniton park 4 ng portpses reserved bP it he de seo hy Printed in Braxitimgreno no Bras roibida a yenda em Portas UTAHY CAETANO. DOS SANTOS ENRIQUE TARNAPOLSKY Stadicus Nena! dor Bltrer Se Eiioe, RY one MPSagurHerto / Mice anchor, watugto de iver Ext “lo de anes Reco, 587 1. Lieratore — Dicunon, erin © confer. 1 cate, Ava. i Te. Ww. vi vu nl uu WV SUMARIO ‘A SOLIDKO ESSENCIAL s+-s0.000 ABORDAGEM DO ESPACO LITERARIO ‘A Experitaca de Mallarmé «00.0 (© ESPACO E A EXIGENCIA BA OBRA ‘A Obra e a Fala Errante... Kafka ¢ a Enigincin ds Obea ‘A OBRA F O ESPACO DA MORTE ‘A Morte Posivel, ‘A Bxperiacia de “gitar” Rilke © a Exigtncie da Mort. 1. Busca de uma morte jusia 2. 0 exparo da morte 3. Transmutayao da morte ‘A INSPIRACKO © Lado de Fors, a Noite © Olhar de Orteu A Inspitaso, a Fala de Inspireyéo 5 ‘A OBRA E A COMUNICAGAO. Ler : : A Comnicasio ‘A LITERATURA E A EXPERIENCIA ORIG! NAL vserosee © Futuro ea Questo da Ante ==. ‘As Caractrsieas da Obra de Arte ‘A Experitacia Orginal ANEXOS ‘A SOLIDAO ESSENCIAL E A SOLIDAO DO MUNDO . AS DUAS VERSOES DO IMAGINARIO. (© SONO, A NOITE : (© ITINERARIO. DE HOLDERUIN 105 161 165 im 7 189 209 au 2a 24 ‘Um tivro, mesmo fragmentério, possui um centro que o ‘tai: centro ese que no € fixo mat se dedocs pela prosg 4 lio ¢ pelascircunstincias de sua composgso. Canto fixe também, que se desloca, € verdade, eet) deizar de Ser © means € tormandose sempre mals central, ms esqivo, mais incerto, als imperioso. Aquele que escreve 0 lime, eacreveo. por ddscjo, por igorincia dese centr. O senimenio de 0 treo, «ado pode nada mais ser do que a ilusio de 0 ter stingidoy quando se trata de um livto de esclarecimonie, hi una ere, cle de lealade metédiea a declarar na divegio daqusle pont ara o qual parece que lvoe die: aqui nm dein des isinas inituladss O Olher de Orlen I A SOLIDAO ESSENCIAL PARECE que aprenderiames algo acerca da arte re intoseemeos © que 2 palavta soliddo.pretende designar. Teme abusado ‘muito dest palavra, Entctanto, @ que € que significa "estar 56"? Quando & que se esti 26? Formular estas intrrogaste= ‘ho deve somente levae-os a opinies patties. A solidio, 20 fivel do mundo, & uma feria sobre @ qual no cabe aqui ter visemes em particular a solidGo do artista, aquela ‘que, segundo se diz, sordheia neceséria para exeroer a sv fre, Quando Rilke escreve & condessa de" SalmsLauboch (3 de agosto de 1907)- “HE semanas que, culvo dues breves| Ineerupsiee, nfo pronuncio uma s6 para; a minha listo fechase, enfim, estou 10 meu trabalho como 0 caroga 10 fate”, soldio de que cle fla no 6 essencialmente solidi recolhiment, A soliddo da obra ‘A soldio da ches — a obra de arte, a cbra lieréria — dee vendainos uma soidgo mais essencial. Fxelul 0 isolamento complacente do individualismo, ignora a busca da diferenga info ve dlisipa ofato de sustenter uma relgo vill numa tarsta fqoe cobre toda a extenséo. dominada do. dis, Aquele que cscreve a obra € epartado, aquele que a escreveu € diepensado, ‘Aquele que € dlspensado, por outro lado, ignore. Essa igoo- rincia proservao, divertee, na medida cm que 0 autoriza a porseverar. O escior nunca sabe que obra esté realzada O que ele temminow num livro, recomestiond ou destrutlod ‘num outro, Valery, clebrando na obra esse privilégio do inf nto ainda vé nea o lado mois ffl: que a Obra seje infinite, n fas significa (para ele) que 0 aztsta, nfo sendo capaz de the pir fim, €cepaz, no entanto, de fazer dela 0 lugar Fechado de tim trabalno sem fim, cujo inacabamnento desenvelve 0 dominio A espleto, exprme esse dominio, exprimee desenvolvendo-o ‘ob a forms de poder. Num cevto momento, as eltcunstincas, u sj, a histéia, sob a figura do edt, das experiéncasfinan- sia, das taefst socias, pronunciam ease Fim que falta, © libertado por um desenlace, por um desfocho que Ihe & imposto, pura e simplesmente, vai dar presseguimento em ‘outta part 20 inacabedo, © infinito da obra, nuns tl perspective, 6 tS0-6 0 if nito do proprio epirito. O eephito quer realzarse numa nica obra, em vez de realizarse no infinito das obras © no movimen- to da histria. Mas Valery nfo foi, em sbrolto, um herd Gottava de faler de tudo, de escever sobre tudo; asim, 0 todo disperso do mundo distratve do todo dnco da obes, da qual ele so denava desvier amavelmente, O ete. dissimulavase atris da diversidade dos pensamentes, das assuntos Entretanto, a obra —~# obra de arte, a obra lterdsia — no é scabada nem inscabeda: ela & O que cla nos diz € ccusivamente bso: que € — © nada mais. Fora disso, nfo é nada. Quem quer fezbla exprimir algo mais, nada encoates, descobre que ela nada exprime, Aquele que vive na depen dencia da obra, sein para excrevSla, eja para Tela, pertence 8 sollddo do que sé a palavea ser exprime: palavra que a Yin fuagcm abriga dssimulando-s os faz aparccer quando ge celta ro vazio silencioso da cha de exgfncia que jamais permite sfirméle acabaés ou bada. Ela € dosprovids de prova, do mesmo modo que & ea reate de uso. Nio se verfia nem s© corrobor, a verdade pode spoderarse dela, a fama eclarece-a ¢ilumina-a ess existoncia| ‘fo the diz respite esse evidEncia no a tena segura nem real, apenas a toma manifests |A obra & solitria: sto nfo significa que ela seja inco- rmuniefvel, que The falte 0 feito. Mas quem a 16 entra nesta Afirmasfo da ealidfo de obra, tal como aquele que a esreve perience no risco dessa slidfo, 2 A obta, 0 tvro ner de algun ante avd polite f0, 2 iets tei a tte fata tamer no md. a tact wnotormese, mus no mundo, © © hover ee: Seated mundo, po, palo mens, espestac, ve 8 lento TE fetta do mundo," Polo cot, ©. gue 0 at ee eSTRRS Sle ce cose fun lo O liv, emo tl, pode ‘“Steaese tum ete wanted undo (2, tnt pes Etch ow fondo eo o rat debra lpn fre (hra neon a seiedade do yerdadeo tabalio no mondo. 15 INolé me tegere A. mesma stay pode ainda ser assim desea: 0 eertor jmnais 12a sua obre. Es €, para cl, o Hegivel, um segredo, fem face do qual ado permaaece. Um sepredo, porgue et 38. parado dele. Essa impossiblidade de Jer nfo'é, porém, um ‘movimento puramente nepatvo; €, antes, « Goica ebordagem real que o autor poders ter do gue chamamos a obra. O abrup to Noli me legere faz surgie, onde ndo existe ainda sent umn Tivro, fo horizonte de uma outra poténcia, de uma forea divers. Expertncie fugiia, ainda que imediata, Nao € a forga 4 uma interdigao, & — através do jogo © do sentido das pale ‘rss — a afimagdo iasstente, rude’ pungente, de que o que fai est, na presnsa global de um texto definitive, todavia se recasa,é'0 vatio rade e mordente da recuaar ou eatio exclu, Com @ autoridade da indiferenca, agucle que, tendo escrito, fuer ainda reavélo de novo pela Ieitura. A itmposibilidade de Ter € essa descoberta de que agora, no espago aberto pela ‘ragSo, 6 no hd mais lugar para a eriasdo — , para 0 es itor, nenkuma outa possiblidade endo a de escrever sempre fsa obra. Ninguém que tenha escrito a obra pode vive, per- manceer junto dela. Esta € 2 propsia deciséo que o dispens ‘que 0 exonera, que 0 separa, que faz dele 0 sobrevivente, © ‘sles, © derocupado, o inere de quem a are néo depende, (© exertor nfo pode peemanccer junto da obra: +6 pode sscrevéla, pode, quando ela ests eters, somente discerit rela acereamento do abrupto Noli me legere gue 0 distanc fe si mesmo, que o alata ou que o abriga a repressar Agus stuagio de “afastamento” em que se encontou inicalmente, ‘fim de se converter no entendimento do que the cumpria ‘rever. De modo que se enconta agora de novo como no inicio dda us tarefa e 20 encontra de novo na visithanga, na inti dade errante do lado de fora, do qual néo péde fazer uma permanénela Esa experfncla tlvex nos orente no sonido do que bscamos. A solidio do eseitor, essa condigio que € 0 seu Feo, proviria entfo do. que pertence, na obra, 20 que std ‘sempre antes da obra, Por ele, a obra chega, € a frmeza do ‘comego, mas ele proprio perience a um tempo em que reins 2 indecisio do recomeso. A obsessto que 0 vincla sum Fema Privilepiado, que o obriga » redizer 0 que jé dst, por vers ‘om o poder de um tlento enrguecido mat ourar vere com “ « protxidage de um redito extraordinariamente empobrecedor, fempre com menos fora, sempre com mais modotonis, Huss ss necesidade em que apurentemente se encontra de tetornar 1 mexmo ponto, de voltar a passar pelos mesmos eaminhor, do reservar no zecomego do. gue para cle jamais comec, de Pertencr & sombra dos aconteciepentos, no 8 sua realidade, 3 Finagem, no 20 objeto, a que faz com que as prépriss pala ras possam tomarse imagens, apereaclas — © 80 signos, ‘alres, poder de verdade A preensio perscutéria ‘Acontece que um homem que sopura um Iipis, mesmo que ‘gira fortemente soltélo, tua mio, entretanto, nfo o sols, la fechas mais, longe de se abrt. A outra mio intrvém com imaisExito, mar vése entdo a mlo 2 que se pode chamar doente bocar um leve movimento ¢ tentar retomar © objeto que se distancia, © que € estranho & a lentidio desse movimento. A ino movese mum tempo fouco humano, que nfo ¢ 0 da apo viel, nem o-da eeperanca mas, antes, #sombra do tempo, ela préprie sombra de uma mio deslizando irrealmente para wn Dhjeto convertido em fea sombra, Ess mio experiments, em rod momentos, uma enorme necessdade de aparrar: ela deve Seatrar © lapis, tem de fast, € uma ordem, uma exgtncla (© ‘esvitor parece senhor de sua cancta, pode tornarse ‘apar de um grande dominio sobre as pulavres sobre 0 que ‘deseje Taxélas exprimir. Mas esse dominio consegue apenas colocéto © mantblo em contsto com + profenda pasividede fem quo 4 palavra, ndo stndo mais do que sua apartacia © a ‘ombre de ta palavra, nunce pode ser deminnda nem mesmo ‘mantémse inapreensvel, © memento indeciso da ro “doente™ que munca solts © Isis ‘ois que segura, ndo.o segura realmente, © que segura perten: et sombre ela propria uma sombra. O dominio € sempre ‘obra da outea mlo, daquela que alo eseeve, capaz de intrvi tno momento adequado, de epoderarse do lapis © de o afasar. ‘Pentnto, © dominio consiste no poder de patar de escrever, de interromper 0. que se escreve, exprimindo os seus direitos & fa scuidade decisiva no instante ‘Cumprenos recomesar a questionar. Dissemos: o esrtor perteace dobre, mas © que Ihe petence, 0 que el termina por 15, € somente um lvro. "Por #56” tem por resposta 8 fe twigho do "somente”, O esertor nunca esta dante da obra © ‘nde existe obta cle nio\0 sabe ou, male precisament, 2 ru8 propria jgnorincia ¢ ignorade e unieamente dada na import Bidede de ler, expergncin ambigua que o ropGe em atvidad. (© cscritor volta « meer mios 8 obra. Por que & que ele info pira de excrever? Por que é que se ele rompe com a obra, como Rimbaud, esse rompimente nce impresiona como wa Impossiblidade misteiosa? Tem cle somente 0 descjo de wtoa cobra perfeta, e se nio péra de trabalhar nela € somente por ‘que a perfeicto nunca € bastante pereils? Escreve mesmo! em ‘ista‘de uma obra? Preoeupae com ela como com o que pora fin & sua tarefa, com © propésto final que merce tants es forges? Nada disso. Es Obra nunca & aguilo em vista do qual podese cserever (em vista do qual se rclcionara com © ue fo excreve, tal como na exercicia de um pode) ‘Que a tarefa do eseritor termina com a sua vida es © que lissimula que, por essa tarefe, a vida dele revala para 0 in fortdnio do infinite 0 interminivel, 0 incessant isto: escrever & agora 0 if nfo pertence ao dominio magistral em que exprimices sig- nifice exp segundo © sentido de seus li faquele que deve escrever farece de autoridade, que & ela propria sem consisténcia, que ‘nada afirma, que nio € 0 repeuso,n dignidade do sléci, pois cla €0 que anda fala quando tudo fot dito, o que no precede 1 palavra, porquanto, na verdade, impede de ser palavea ini ‘iador, tal como le retire 0 ditelto e 0 poder de interromper- fe. Escrever & qucbrar o vineulo que une pelavea 20 e, que Brera rlagso qu, fazendome falar para "d”, die a pulavea no entendimento que essa palavra ecebe de i, porgusnto ela te interpela, € a interpelagSo que comeca em mim porgue ter 16 mina em ti Escrever € romper ese elo. além diss, retrar a palavra do curso do mundo, desinvestla do que far dela umn poder pelo qual, se ca alo, & 0 mundo que se fala, 6 0 dia que se identifica pelo ubalho, agio eo tempo. Eserever 6 0 inteminivel, 0 incessante. Dizse que 0 = critor renunia dizer "Eu". Kafka cbecrva, com SUrpres, om um prazer encantado, quo eno na iteratura no momento fem que péde substtuir o “Eu” pelo “Ele”, E verdade, mat & transformagto € muito mis profunda. 0 eseritr pertence a ‘uma linguagem que ninguém fala, que aZo se dirge a ninguém, aque no tem centro, que nada revela. Ele pode aceditar que fe afirma nessa inguagem, as © que aliema est inteicamente Drivado de si, Na medida em que, ecrtr, ele legitima o que ‘pode exprimirse © ainda menos falar pa pelavra a outrem, A onde ets 6 fla set Fo ave significa que a palavraj€ nfo fala mas €, mab conse: sree, pura pasividade do ser. ‘Quando eicrever 6 entegarse a9 intermingve, © ester athe a essénca perde 0 poder de dizer "Eu Perde entSo 0 poder de fazer dizer "Eu" # autos que nfo ee. ‘Tampouco pode dar vida a pevsonagens cuja liberdade sera ‘raniida por sua forca eradora. A icin de personagem, como 4 forma tradicional do romance, nada mals © do que un dos ‘compromiosos pelos qusis 0 ecritor,arastado para fora. de 5 pela literatura em busca de sua esnca, tts slvar relagies com o mundo e consigo mesmo Escrever € fazerse e20 do que no pode parar de falar —e, por causa disso, para vir a'ser 0 seu eco, devo de uma ‘rin muncire imporibe slénco, Proporciono a es fala tr ‘ceesante a decist, «astoridade do mew pripri ellncio, Toro Sensvel, pela minha medio slencos, = aliemacio inter. ‘upta, 0 murmirio gigane sobre 0 qoal Hngsagem, 20 abrie- fe, convertose em imagem, fornase Imaginara, profundidade alate, indistinta plenitude que est vazia. Esse siléncio tem sa origem no apagamento a que € convidedo aquele que ere ve. Ou entio, € 6 recurso de seu dominio, ese dreito de iner- vie que conserva « mio que no esceve, parte de si mesmo aque pode sempre dizer nlo e que, quando necessrio, recore 20 tempo, restura o futuro, ‘Quando aume obra Ihe edmiramos 0 tom, snseis so tom como ao que ela em de male autétio, 0 que quoremes desig: nnar por iso? Néo 0 estilo, nem o inteesse © 8 qualidade da 7 linguagem mas, precsamente, ese silnci, es forga. visit pela aqua aquele que escreve, tendose privado de s, tendo renun lado as, postul nesse apagamento mando, entretanto, sulordade de um poder, a decsio de emudeser, para que nesse ‘iléneio adguira forma, cocréncia e entendimento aquilo que fata sem comeso nem fim, (© tom aio € a vor do escstor mas a intimidade do silén- clo que ele impor fala, o que fez com que este silencio ainda tej o seu, o que seta de at mesmo na diserigo que 0 coloca 2margem. O tem faz os grandes escitores, ma talvez © obra no se preocupe com aqullo que os faz grandes. No apagamento a que ele 6 convidado, “grande esritor” sina se sustenta: quem fala jé no € ele mas tampouco se tats 4o puro delizamento da fala de alguém. Do “Eu” apagndo, ele conserva a aflrmagéo autoritria, ainda que silencioss. Do tempo ativo, do instant, ele conserva © gume corane, a rapi- ddezvilente. Assim € que se conserva no interior da obra, con émse onde jé nfo posse apoio. Mas a cbra também conserve, por causa deo, um conteudo, no € toda ela intrlor «si ‘O cxcrtor 4 que s2 chars cléssco — pelo menos ne Franga — szerifen em sia fala que The & propria, mas ps dar vor 90 universal A cela de uma forma regulada, a coreza de uma fala hibertada do capricho, onde se exprime a gene dade impesroah, aseegura the uma relagio com a verdade. Ver fade que esti lm da pessoa e deejaria estar além do tempo. 1A iteratura tem, pls, a soliddo gloriosa da raz, essa vide 0 seo de tudo © que exigiriaresolusio © coragem, ‘essa rardo nfo fose, de Tato, 0 equilfvio de uma socedade ariswoertica ordenada, isto 0 nobre contentamento de uma parte da sociedade que concentra em si 0 todo, islando-ce © mantendose acima daquilo que a faz vive. ‘Quando escrever€ desebrir 0 intermingvel, 0 esertor que ‘entra ness repiio nfo se supera na diresio do ‘universe. No fsminha para wm mundo rasis seguro, mais belo, mais justi teado, onde tudo se ordcoara segunds a clardade de um dia juslo, Nio descobre bela Tinguagem que fala honrosamente para todos. O que fala nele & uma decoreénea do fato de que ‘de uma maneira ou de outa, jé nfo ¢ cle mesmo, jé nfo & inguéen.O "Ele" que toma Tugar do "Eu", eis a soidio que We Scbrevém ao ecrlor por intermédio da cbra, "Ele" nfo de- na 0 desnteresee objetivo, 0 derprendimenta criador. “Ele” conseincla em um outro gue nfo es, © impulzo ‘de ums vida humana qse, no expago imaginario da oben de fare, conservavia a liberdede de’ dizer "EU". "Ele" sou eu ‘convertido em ninguém, outrem que te torna 0 outro, € que, ro Tugar onde estou, nBo possa mals drigicme mim © que squele que se me dirige nfo. diga "Eu", no sea cle mest. Recurso ao “diéria” ‘Talver soja impressionante que, a partir do momento em que ‘obra se converte em busca da arte, se converte em literat 6 ‘escrtorsonte cada ver mais a necesidade de manter unt Telasdo consigo. E que ele experiments ums repugndncia extre fas renunclar ast mesmo em provsta desea potencia newts, fem forma e sem destino, que ests por tris do tudo 0 que se ‘scteve, repugndncia e apreensio que se revelam na preocups: fio, earacteristica de tantos autores, de redigir 0 que eles ch ‘mam 0 seu Didrio. Isso esté muito distanciado das chamadat ‘omplacéncias omintices. © Disrio nfo ¢ esvencialmente co fisio,relato na primeira pessoa. E um Memorial. De que & que © escrtor deve recordarse? De si mesmo, daguele que ele € ‘quando ado escrve, quando vive sus vida cotdiana, qustdo ‘um ser vivente verdadero, nfo agonizante e sem verdade MMas'o meio de que’ se serve para resondarse si mesmo é, io estranho, o priprio slemento do esquccimento: exrever. Dai que, entretant, a verdade da Diério ni estea nae obser vagies comentirios interessanes, de recorte lterério, mas nos detalbes insignificant que se prendem & realidade cot diana. O Diseio reprsents a seqdéncia dor pontos de refrén ‘ia que um escrorestabelece e fia para reconhecerse, quan ‘do presente a metemorfose perigoss 2 que esté expos. F um ‘amino sinda vidvel, uma expécie de caminho de ronda que Iadeia, vine, por vezes, duplica 0 outro camino, aquele onde rar € a taefa sem fim, Aqui, false ands de coisas veda Asis. Aqui, quem fla conserva um nome Fala em seu nome, ‘ea data que te inscreve & a de um tempo comm em que O gue contece acontoce verdadeiramente, O Disria — ese ivro ma Ssparinciaineiramentesolitrio — & escrito com frequénets por redo © angistia de clidso que ainge © eestor por intermédio| ob (© recuno a0 Diftio indica que aqusle que escreve no quer somper com & felicidade, 2 conveniencin de dias que se- jm verdadciramente dis ¢ que se sigam de modo verdaeto 6 iro enraisa © movimento de esccver no tempo, na hu mildade do eotidiano datedae preservado por sua data. Talvez (que 6 eactito 6 no scja mais do que insnceidade, talvez Seja dito sem precupagio do verdadeiro, mas € dito com a falvaguarda do event, pertence sos negicos, 20s Incidents, fo comércio do mundo, a um presente liv, « uma dural {alver intelremente mula © inignificante, mas a0 menos sem tetomno, trabalho dagulo que se ultrapassn e avanga para amie shi — definitivarente, (© Diftio assinala que aquele que escreve jé debrou de see capnz de prtencer 40 tempo pela firmeza ordindria da pela comunidade do trabalho, do oficio, pela simpli Gade da fata ftima, « forge dn ivllexio. Jé deixou de ser realmente histrieo mat tampouco quer perder tempo e, como rio sabe mals 0 que exrever, esereve pelo menos a pedido de sue historia colidiana e de acordo com a preocupasto dos fins Aconsur que os ecritoes que mantém um difrio slo os fais Itertioe de tadon ov esrtore mas taler, presisament, forque eles evitam 0 extremo da Titeratra, se esta €, de fo, fo eino faceinante da eustcia de temp. © fascnio da austncia de tempo Escrever € entregarse ao fescnio da ausénca de tempo. Neste onto, estamos ebordando, sem dGvida, a eséncin de soldio, IR ausénea de tempo na € um modo puramente negative. Bo tempo em que nada comeca, em que @ iniclaiva nfo € posvel, fm que, antes da afiemasto, 6 existe 0 tetorno da afiemasto, {Lange de ser um modo puramente negative €, pelo contro, tim terypo sem negagfo, tem decisi, quando. agul € igual: mente fogar nenhurm, cada colsaretirese em sua imagem © 0 "Eu que somos reconhecese ao socobrer na neutalldade de tum “Ele” sem row, O tempo da auséncia de tempo 6 sempre presents, sem preseaga. Esse “sem presente” nio devalve. po- fm, a om pasado. Teve outrora a dignidade, e forga atvante Go agora: dese fora atuante ainda € tstemunha a lembrange, a lembranga que me liters do que de outro modo me convacaria, tne Iibera proparcionandome ¢ modo de invockla Tivremente, de dispor dela segundo a mishs intensSo presente, A lembrana a lberdade-do passdo. Mat o que € scm presente tampouco scelia © presente de uma lembranga, A chamada Iembranga de um acontecimento: isso fo uma vee © agora nunea ms. Do que 6 tem presents, do que nem meine se eprseata como tendo sido, o carter emedigel, dit: iso jamais scontceu, Jamais houve umn primeira ver; e; nfo obstane, io recomes, nor, de novo, a ya. em fi, sem cae. © © tempo da wiséncia de tempo ato € daltico. Nele © que se manifers € o fo de que nada aparece, o fer que ext no fundo da auscia de ser, que € quando nada existe, que deixs de ser quando existe algo: como ge somenteexistswm teres _stavés da perda do ser, quando @ set falls. A invero que ‘as susénia de tempo, nos devolve consantemente & presen a ausdocla, mas a essa presence como austncia, & auéncia coma afimasdo de si mesme,afirmagio em que nada se afr, fm que nada dice de afirmarae, na flagelagio do indfinio, tsee movimento nfo € dilétio, As contradigdes no se encluem tele, nao te concliam ele; somente © tempo. pelo qual a negasso ternase © nosto poder pote ser “unidade doe Incom patives”. Na ausdncia de tempos, o que € novo nada renova ‘© que € presente instal; 0 que est presente nio apreventa hada, represntace, pertence desde j6 ¢ desde sempre ao re tomo, Iso nfo € mas relorna, vem como je sempre pasado, ‘de modo que ou noo conhega mato econo, eee recone timento.aruiag em mimo” poder de conhecer, 9 dieito. de precnder, 0 inapreensivel tornado tambéenirenuncivel, © in fessivel que nfo posso deivar de aleargar, aqullo que 10 posse tomar mat somente retomar ~~ jamais sll ae tempo no é a imobllidade Heal que te glorifies com ‘© nome de etemo. Nesta regio que tentamos abordat, ag focobrou em parte nenhuma: entetnto, pars nenbura € aqui, ©. tempo merto & um tempo rel em que a morte ess presen te, chega mas nio cen de chegar, com se, a0 chegar,fOrnasse ‘strl © tempo pelo qual pode chsgar. O'presente moto € & Inmposbilidade de realizar wma presensa, imposiblidads que ‘ste presente, que estf af como'a que duglics todo © qual ‘ger presente, 3 sombra do presente, que este contém e die. taula em si. Quando estou 3, eu nSo estou s6 mas, nsse pre nie, js volo a nim sob a forma de Alguém, Aig estd a ‘onde et estou 96.0 fato de ext 36, & que ea petengo a exe a tempo mero que no & meu tempo, nem 6 teu, Rem © tempo Comm, mas o tempo de Alguem. Alguem 0 que ests tinge presente quando ado hi ninguém. Al onde estou <8, no ‘sou 41, nHo existe ninguém, mas. o impesoal est: 0 lado de fore, como aguilo que antecipa e precede, dissolve toda a pos sibildade de relag postal. Alguém & 0 Ele sem fisionomia, foletvo impessoal de que se faz parte, mas quem faz parte dele? Nunca tal ou tal individuo, munca tu e ev. Nenhuma peso pertcipa do coletivo impestoal, que ¢ uma regio imposivel de trazer para a luz, no porque oculte um segredo estranho 1 toda 9 revelago, nem mesmo porgue sje reicalmeate obs furs, mas porque wasaforma tedo 0 que he tem sceso, it lusive w luz no see endnimo, impessoal, 0 Niowverdadsito, © Nioweal e, entetanto, sempre presente. O coleivo impessoal 6, sb ess perspective, © que aparece mais de porto quando At onde estou 16, © dia nada mais € do que a perda de permanéncia, a inimidade com o exterior sem Iuget nem te pow. A vinda far aqui com que aguele que vem pertenga 8 Aispersi, a fissura em que o exterior a intrusio que sufocs a nudes, do fio daguilo em que se permanece a deseoberto, ‘onde 0 espago € a vertigem do espafamento. Reine entio © fasni, A twagem Por que 0 fascinio? Ver supe a dstince, a decsio separado- 1a, 0 poder de nio estar em contato e de evitsr no conta & confusto. Ver significa que essa separasdo tornewse, porém, reencontr. Mas o que acontece quando o que se vé, ainda que # dstincla, parece tocerace mediante wm coatsto en polgante, quando a mancira de ver € ume espécie de toque, ‘quando ver € um conto a distincis? Quando o que & visto impdese so olhar, como se este fone eaptrado,tocado, posto F Gagnde ens fn rou ou gb eto € no € det gue pom: acing, neo Sn tn, mondo tudo. Nee Foto abete + "undo". "Ver, a ene psp, suns pine nor Anes 2 fem contato com a apartncia? Ndo wm conto ativ, no aul fst sina Inieiativa © apao num verdadero exerieo do te Hide tail, mar em que elhar 6 staid, erastado © absovido rum movimento imevel » para um fundo sem profundidade, © ‘que nos & dado por um coniato a dstineia 6 a imagem, ¢ 0 fascinio é a paixto de imagen. (© que nos fasting, nos arrebatn © noeso poder do atibuir tum sentido, sbandona a sua natureza “eensiel”, abandons 0 mundo, rtnase para aquém do mundo © nos ata, jd mio se ‘os revela no entano, afirmase nue presenca cstranha ao presente do tempo © 8 presenga no expago A csso, de posi ‘dade de yer queers, mobilize ex impossiblidad, no prdpeio Scio do other. Assim, o olhar enconia nagullo que 0 toma possvel © poder que 0 neutrliza, que nfo 0 suspende nem © etd ma, pelo contri, impede de jamais teminar, cor de todo 0 comeso, faz dele um clurio neutro extraviado que ro se extingue, que néo ilumina, 0 circulo, fechado sobre st mesmo, do olhee. Temes aqui uma expressio Imediata dessa Inverato que & a ettncia da scidso. O facinio € 0 olhar da solidgo, 6 olhar do incessant © do lotermingvel, em que egucira sinda & visio, visdo que jd no é possibildade de ver mat ipossibilidads de nio ver, « impossbilidade ques faz ver, que pervvera — sempre ¢ sempre — nus visio que rio finds: olhee morte, olhar convert no fentssms de uma ‘Quem quer que exteia fascinado, pode-se dir dele que no enserge enum objeto real, nenbums figura real, pois 0 sue vé no pertence no mundo da realdade mar x0 mio inde terminado da fascinasio. Moio por assim dizer absolut. A distinca nko esté dele excuidn mas & exorbitant, consstindo ine profundidade ilimitada que esté por tris da imagem, pro- fundidade nio viva, no manussével,abvlutamente presente, fembora nfo nada, onde sogobram ce betas quando se dstan” iam de seus respectivs sentdos, quando se. desiategeam em. ‘suas imagens, Este meio da fastinacto, onde o que se vé em olga a vstae tora intermingvel, code o ofkar se condensa fem luz, onde a lus € 9 fulgor absoluto de ura olho que nko ‘8 mas no cxse, porto, de ver, porquano € 0 nosso préprio| thar no espe, ese meio é, por excelénis, straente, fase ante: fur que & também o abiemo, ume Juz onde a pessoa funda, srsstadore © ttacnte ‘Que a nots infdnia nos fascine, ist econtece porque a infincia €0 momento da fascinapio, ela propea est fascinade, ea idade de Ouro parece bunhada nua luz espléadida por ‘ve ieevlade, mas € que csta € cstrana a revelagi, nada ‘inte para revelar, rflexo puro, ralo que ainda nso é mais do ‘ve britho de wma imagem. Talver poténie da figura me tema empreste 0 su fulgor & propria poténcn da fascinagéo, fe poderseia dizer que se a Mie exece ese atrativo fascinan te'€ porque, sparecendo quando a erangs vive inteirameates0b ‘ olhar da fescinago, ela concentra naguela todos os poderes de eocantamente. E por isso que a crianga est fascinada pelo fato de a mie ser fascinane,e também 6 por iso que toda a= lnpresder dn primeira idade pontuem slgo defo que decore da fascassto Quem quvr que ext faszinado, 0 que v8 nfo 0 v8 props: mente dito mar afetao mums proximidade imediata, prende monopolize, se bem que isso © deixe abjolutamente a dis tania. A fascinapio esté vinculads, de mareira fundamen, 2 prosenga neues, inpessoal, do Alguém indetrminad e men: fo, tem rsto. Fa relagso que o olhar mantém, relago intin Secamente neu impessoal, com a profusdidade sem olbar sem cootomne, a austncia que se v8 porguo ofuscnte Escrever screver_€ cotrar na afirmasso da solidso onde o fascnio ameaga. E corer 0 rseo dt awténcia de tempo, onde reins © ‘temo recomeso. E pasar do Fu a0 Ele, de modo que 0 que me scontece no acontte a ninguém, € andnime pelo fato de que Fico me diz respeito, repetose numa disseminasto infin, Eserever € dspor a Hinguagim sob o fascnio , por ela, em cla, permanecer em confato com 0 meio abslute, nde a cota stoma imagem, onde a imagem, de alusio a uma figura se onverte em slut ao que ¢ sem figura e, de forme deren Sobre a suséncis tomase a presen informe dessa ausénci, fs abertora opace e varia gobre 0. que 6 quando nia hi male ringuém, quundo sinda no hs ninguém Py Iago por qué? Por que escrever tern alguma calsa a ver com eos solidfo. ezencal, aque caja eesicla et8 em gue, hela, aparece # desimslagio™ TW pcicaremos rapier aq dieamente a een gusto, Pee fmm spenm Asim como t eton giflen 0 ETO, € 6 Eih'cane quer eu paras bir do in» profndidade hens ‘mundo par srr, negee fhe ao se eno © so 0, 0 ec, theatres ingegem pe em ago» Ungvatn eo gus f' iage cn eao hse? Pensaae de om ooo (foe's pon € ums Heguapm que mas do que mcr aaa © {Sound tan Bove oe cc yi at oun tr ‘cucu cero nner defies, de gear de comptes ‘poeeraon Sed gos pope tngngm no se tenn Het ‘etn a etap os iin on erie ‘hlingunem == ero oma Hgsop isdn sas ineape ‘arnt logger i singe fala 0 sf, gue fla © are te un pcp etna goo a nae perce sobre a ancl {hs Car Managem er se diige tem corn dow cones SESE ISIS lo to de our a uve qo o epimers ‘Sho Seema Inagea impos de patvean © plore cade 8 aoe tvencwor de ever sepa flimentetbentonud,sdogne Sette vit sors ae ern, neo eat ‘cae qu fle pote € sempre sendin? Semido sete ‘Stuns inspemudople do ste la 8 sum weloca ne Sermon depois imagnumoeApés 0 ole, vem ingen. “Are tines de ial omg, compra indaar Mas que @n image? (et Te Aes or pps intades A dune sre €0boginai 2s U ABORDAGEM DO ESPACO LITERARIO (© POEMA — a literatura — parece vineulado a uma fala que rio pode interromperse porque ela no fla, ela 6. © poems nto € essa fala, € comeso, e ela propria jamais comegs mins diz compre de novo e sempre recomeya. Entreanto, 0 poets 6 fagule que ouvie ess fala, que oe fez dela ointésprete, 0 me ‘iador, que Ine impbso silencio pronusciando-s.Nela © poema ‘sta prorimo de otgem, pois tado o que € original € & prove essa pura imptncia Jo recomoyo, deen protixidade esti, 9 uperebundincia do que nada pode, do que jamals € a obra, Serna obra nel restaura a ocosiade sem fim. Talver see ‘font, mas fonte que, de uma cert manera, deve ser exarida pera torarse recurso, Jamais 0 posta, aquele que esereve, 0 Perador", poderia exprimie a obra = pari da ociesdade es sencil, juss, por i +6, do que estd na orjgtm, le pode Feecr brolar a pura plavre do comeso. por iso que a obra fomente€ obra quando ela ee converte na iatimidade aberta de igosm que 1 evorovey © de alguem que a leu, 0 espsyo vio: fentamente desvendado pela constagio mitua do. poder de Sizer ¢ do poder de ouvir. E aque que excreve € igualmente Saquele que “ouviu” interningel e 0 inessane, que © cuviu Como fala, ingresou no seu entendimento, mantevese na sua Cuigecia, perdeuse sele e, entretano, por ria sutentado Covreument, fela cea, tornowe compreensvel nessa ier Iitncie, proferive felacionando-a imemente com este Limit, ‘ominous ao media ‘A EXPERIENCIA DE MALLARME CCUMPRE recordar aqua alustes, hoje muito conkeidss, que emitem presrentir a que trnsformagio Mallarmé fi expst, ‘devde que se empenhou a fundo em escrover. Eses alse ‘io tém, em sboluto, um cardi anedétco. Quando ele afi tna; “Sent slatomas devere inguctantes causdos pelo st 36 ‘Se ecrever", que importa 80 cara sltimas palevras: por flag € excarecida uma situagio esrencial, algo de extreme & ‘preendio, que tem por campo e substincia “o ato x6 de esr ver", Escrever apresentaze como ums situagdo extema que ope uma revirwvolts radical, qual Mallarmé fez breve alusio ‘quando diss: "Ao sondar 0 verso a ease pont, encontel, I rentavelments, doy abismos que me desesperam. Um deles € fo Nada..." (a susncia de Deus, o euro € a sua prépria mor te). Tamia nesse comendeio do pocta © que € rico de sen do & expresso tem enverpadra que, da manera mais sngela, parece remeter-nos para ui simples trabalho de artesio. "Ao tondae 0 vers, 0 posta entra nesse tempo de desamparo que 0 da austocia dos deuses. Fala surpreeadente. Quem sonda (© verso escape uo ser como certeza, rencontra os deuses mu tenia, vive a Intinidade dese ausénca, trae responsive dela, asumethe © sco sustentadhe © favor- Quem sonda © vero deve enunclar a todo ¢ qualquer foo, tem que romper com tudo, nio fer a verdade por horizonte nem o far por rmorada, porquanto nfo tem disto algum esperanga, deve, pelo contro, deseeperar- Quom sonda 0 verso more, rence: fra a sua morte com abismo a Pelaore brua, paavea esencial Se ele provi exprimir a lingusgem tal como the foi des foberta pelo "o ato 08 de escrever", Mallarmé recorhece “ut ‘duple estado da fala, brato ou iediato aqui, essencial aol” Esa dstingSo 6, em si mesma, rota, logo diel de apreender, pols a0 que ele’ distingue to absolutamente confere Mallarmé mesma sitagio, encontr, para defincla, a mesms palavra, tomar of por na mso de cute, uma moeds ura surénca de palaveas, permula pure ‘onde nada existe de tal a nfo ser 0 gue nada & Mas o mesmo pode set ito respeito da fala confiada & peiguisa do poets, esa line ‘ria ex fvocer, na sua propria aurécis {do imeal, fitcia, © que non enttegn 8 Fogo, cla provém do silincio ¢ a0 sldacio'retorna 'A fala em estado bruto “relacionase com a realidde das ensinar, até dewerever, d6-os as coisas na propria presenga delas,"representaas”- A fale essence distan Cioas, Telus desapasecer, cla € sempre elusive, sugestiva, evo: ‘ative, Mao ue sigificarS enti tornar asente "um fto da hoturera", aproendé lo. por essa auréncia, “Wransp6lo em sev (quae dtaparesimentovibratio?™ Sigifia essencialmente falar mes tambétn pensar, O pensamento € fala pura. Tem que se rsoutecernele a lings suprema, aquela cuja extrema ve ‘edade de linguat apenas nos perme teavelir a deflléncla Senda pensar eserever sem aceséros, nem murmétios, mae afala imoral anda tia, a diversidade, na terra ds Wiomas impede que s© profi palavrar que, cho contro, geacas ‘uma dalea mattiz, seriam a propria concretizagéo material da Yerdade." (O que constitu o deal de Cito mas € também a lefinigo da excrte automilica) Somes tentados a dizer, por nf, que 8 linguagem do pensamento é, por exceléncs, in fusgsi poetics, que 0 sendo, a nopio purt 9 ida, devem fomarse 2 proacupasso do. posta, sendo iso someate © que fos liberta do peso das coisas, da informe plenitude natural “A Posts, perto a iain.” neato, a fila em estado bruto nada tem de bru (© que ela reprcienta nio esl presen. Mellarmé no. quer 3 “ineluir no papel sail... a madeira intinseca e densa das ‘ryores". Mas nada de mais estranbo para a arvore do que 2 plea drvore, tl como saliva, 30 obtante, a lngusge ftidana. Uma palavra que azo denomine mada, que nO Te- set nde qe em ada Solver, une pale te oe ‘mesmo 6 ume palavea e que desparece maravilhocamente por inteiro © de imediato, em seu uso. O que pode scr mals digno do esencial © mais préximo do siéneio? A palara € verds- et, cla “serve”, Aparentmente, toda a diferensa est ats ea ues, ual, ul; por ela estamos no mundo, somes devel dos & vida do mundo, af falam of objetivos, as metas fins, © impiese 4 preocupasso de sua realizczo. Um puro nada, ertament, © proprio nioser, mas em apo, 0 que age, tabs. Ia, consteéio pure silncio do negative que culmina na ru doce fee das Taet ‘A fala esenclal é, nese aspecto, o oposto. Por sl mesma, ‘la ¢ impenente, ela impse-se, mas nada impée. Muito longe também de todo’ 0 pensamento, dese pensamenio que repele sempre a obscuriade elements, pois o verso “atral ado menos ‘que afasa", “aviva todos os jaximentos esparsos, ignoradoe © flotuentes nele se palvearvoltam a er "elementor”, © p= ra noite, apesar de sua claridad, ganhs tntinidade com a Na fala brut ou ied,» finguagem clase come lin iruagem snasnela oe sores fala e, em consequéncia do uso gue o seu destino, porgue serv, ex primeiro lugar, para nos rele ‘ionamas com os objeto, porgue € uma ferramenta mum muy do de feramentas onde o qu fla € 9 ullidade,o valor de uso, pela 0s sere fala como valores, assumem » aparénciaestivel ‘de ebjetos existence umn por um € queso atribuem a ertezn do iimatsve ‘A fala em extad bruto nfo € brute nem imediata. Mas dé 1 uso de que o-€. Extremamente refleid, est impregnada Depa de er lmeninds ea pleat no sjts “patente ‘end ue Jou (i), prs ne sj sr, a le) Inne, Millan cnet tows dteto Gu inguarogbe fein sipuon| ovens € dds © “complements sper, “oie 5 Feno neompanieo deo ds lings” O qe 6 ee defi? AS laguna tm read gue expinem, sono cass 8 elds (dress, 9 obsute prcndade marr pertinent» en rele ‘icSe gue mundo human, diverido'do ser‘ fren Ba = do histéria, Mas, a maiora das vezs,e como se no fessemes ‘apazes, no eurso normal da vida, de nos eabermos o 6rgio do tempo, es guardioes do devi, fla parece o lugar de uma re ‘elapso imeditamente dada, parece o sinal de que a verdade € imediata, sempre a mesma e sempre disponvel. fala imediata talver sea, com efeto, relagso com © mundo imediato, com aque que nos ¢ imediatamente préximo e nosso vzinhe, mas 30 imeiat que nos comunica a fla comom nso passa do Ion finguo velado, o absolutamenteestranho que se fae pasar por ‘habitual, o inslito que tamames por rotineio gragas 8 ee Yea ‘que x linguapem e's ese habito da iusdo das paras. A fala tem nela o momento que a disimla; ela fem em si mest, por fe poder de disimulasio, « poténcia pela qual a mediasio {eo que, portant, destét 0 imediato) parece ter» eepentansl de, 0 fescor, a inetncia da origem,E, sém disso, ela tam exe poder, eomunicando-ncs a iusto do imedato, quando © que tos dé € somenteo habits), faznos err que © imedito nos € Tamilar, de modo que a essncia deste nos aparece, no como o mals errivl, o que deveriaperurbaenos, que € 0 ero da sl i mas como a feiidade trangullizadorn das hae Na finguagem do mundo, s linguagem calese como ser da linguagem e como linguagers do ser, silneio gragas a0 qual os seres fala, no qual encontram também esquecimento sepow 0. Quando Millamé fala da linguagem esters, logo » ope semente dTinguagem otdindria que nos diva ilsio, « eegurane ‘iment, a linguagem converida no todo da lnguagem, af onde fe coneratiza, como todo, o poder de reetar de teormar 20 ‘nada que se aflema em cada palavra © 26 aniquila em todas, “ritmo total", “com 0 gut o silencio”. ‘No poem, alinguagem munca € real em nenhum dos mo- rmentoe por onde pais, porquanto no poema 2 Dnguagem ai tase como todo € sua esscia,nio tendo realdade sno nes- todo, Mas, ewe todo em que ela € 2 sus propia esstcia, fm que & estncal também toberanamente ial, €4 realize ‘ho total dessa iecalidade,fcjdo absouta que diz 0 es, quat~ do, tendo "usado", "roldo” todas as coisas exitente, suspen ‘ido todos os sere pesiveis,eolide com esse residuo ineliming- ‘el ieredutvel O que rats? “Apenae exe palevr: &. Plavea ‘fee sustentn todas a8 palavras, que as sstentadeixandose dis Sular por cles, gue, dsimulada, & presenga dels, a reserva elas, mas que, quardo cessam, se apresenta (’o insante em ‘gue brilham ¢ more numa flor répida sobre algae transpa- ‘inci como de élr"), “momento de rai", “rldmpago fol ‘Esse momento de rio jora da obra como o impetucsojor- to da obra, eon presenca toil, sua "visto simoltnea”. Esse mo: mento é, 20 mesmo Tempo, aguele em que 2 obra, a fim de dat tere existéncia a ese "engodo” de que “a literatura existe", Dronuncia s exclusio de tudo mas, por esse meio, excluise as fmeama, de sorte que ewe momenia em que “toda a reslidade fe disslve™ pele forca do poema € também aquele em que 0 poema se disave e, instantaneamente feito, instantaneamente fe defer, Isso, sem vida, j6 € amblguo ao extremo. Mas toda a afirmagio esc ehistérica, exprime que a ob €, ese ‘momcoto 06 ser fal se obra, nee, enfrentar a expricia do ‘ve sempre arruina de antemio a obra e sempre restaura nea a ‘uperabundinia va: de ocosidade A profundidade da ociosidade Fis o momento mals econdido da experiéncia, Que a obra deva era claridade nica do que se extingue e pela qual tudo ve ex gue, que ela se apreseate tBosé onde o extrem da afirmagso 3 4 veufcado pelo exteemo da negasio, ainda compreendemas tals exlafocas,embora sjam conraias A nosea nevesidade de paz, de simplicidede, de sono; camprecademo las intimamente, como a inimidsde dessa deciio que somos nés préprice © que ‘os dio ver, somente quando, corendo os nowos tices © por 06, reels, pelo fogo, pel ferro, pela recusa slenciosa, sua permanéncis © favor. Sim, comproendemes que a obra, ne sspecto,seja puro come, o momento primeira tana em ‘qe o Fer se apresenta pol Iikerdade arrrcaa que noe faz ex: ‘lutlosoberanamente, sem inlutlo sings, porém, ne apartncia dos sere. Mab essa exigtacla que far da ‘obra 0 que declara @ ‘sr no momento tno. da rupture, "essa mesma palavra: &*, esse porto que ela faz bilar enguanto rece 0 claro relam. Delante que consome, devemes também compreender sent ‘gue torea obra imposivel, porguanto 6 © que jemi permite {gue contega dobre, o aquén onde, do sor, mada € feito, nada se realiza, «profundidade da eciosidade, da inapao dose. Parece, pois, que © ponte onde a obra nos conduz alo & scmenteagicle onde ela se relia na apoteose de seu desapere- cimeno, onde ela dio comese, dizendo o ser na berdade que ‘ exclui mar & também o ponto onde ela jamais poders con: Auzirnos, porque j# € sempre aqusle a partir do qual munca ciate obra “Talvez estamos trmando as coisas ees dems quando, 0 reconsiuir © movimento que ¢ o de nossa vida ativa, 20 com ‘entarmones em invert, serediamos dominas assim 9 movi mento do que chamames arte. E a mesma faciidade que nos fan encontrar = imagem 20 flor do objeto, que nos fer dizer fem primeiro lugar, temos 0 objeto, depois vem 2 imagem, amo se a imagem fos apenas © distanciamento, a recuse, @ transporgso do objeto. Do mesmo mando, gortmos de dizer qu ate nfo reprodoz as coisas do mundo, io ita © “eal © fue a are seencontra onde, a puri do mundo comum, 0 axis fasiou pouco a pouco o que € ulizave,imitével, © que in- silincio 04 a neutralizagio do que hi de usual © de atual no ‘mundo, al como a imagem & 4 austncia do objeto. ‘Asim desert, ese movimento concede-nas as fides ds anise comm. Essasfailidades permite nos erer que do- minamos a art, porque nos fornecem um melo de os represen- trmos o ponto de partda do tabslho sisi. Representagio ‘ae, al, no responde & psicologia da cri, Jameis um ar «© sta ert apes de evaca, ves do wo a a ou obj {Sco mtndo ao nel do qos onde cn je oma p- Sia, pms poder bese clea ee uo ete puree tse o eho pam ster nn sade Go Gud. ob con, & org, por sau inverse oe Mp ftoce expe oa an ao tar tl ben ke Ooo Conta eso, em So a oo pon ese eee ‘Sir de to, asf doce posto por ende psu ex toss d ob, por eonmcpin, tanto em gue 0 pret nana, a aes dow, de lide espgun, 0m dn daeves"E png otra pense em oot fos cay do tempo © so tesbdo tn, prs ego Ei perc aslo cnc ode 0 fis anes, € Pome ie aprsinewdeos “pons, qm, pended bel tars da cen, noua pera vigil oepreseaiarde me ‘Rin allrens or objec do‘mundo ual neta ns © vex rtion por seve portance ec 29 ‘vibe instathno one somverem em undo. Por eu paleo, nua soe vege do “undo” prs tre, nem mis peo movimento de recun que deere tessa sempre det pun oe pte: srem a spre Sissel onde eu, oa ene 2 se Strum como tai sob o las domttinde gue preci 0 ‘ito" ce ltr do petty hauler, Peat so mind te eee no mina, de rd mando oun ‘Quem no peas oa como agen, uma pen cso one escape a ci eft Sor sgn pense uo a enencetambear potas” vena dn osaidoe one Ere mine lope fener a Tore copia! sind do outs manta: quando ma Contectls danas pcs reomhcera0 peta pole de de an cdo mals prob lavas debe" io ute Jk dergare pint aque pr dau por sn aor fle ZS “Eecnaesn isc eee peste» ging “br ot imate prs sling eenil vrs + suka ‘Sea dl coments pt seco consumada do poo nde fei spate do dearest too eth presente mas Tec to lo ni pode sr Ter tanto sendo quae {agua que cerever cme smc en uilne pleat eons mata, ums sumins maa oc um ne SEELSTAE'hamonlo te eo rune musi Beveer 4 jamais consist em apereigsr s linguagem corent, em torné- ta mais pura. Escrever somentecomeya quando eserever€abor- {dar agusle ponto em que nada se revela, em qu, no seio da di ‘nulapao, falar ainda nfo é main do ques sombra da fala, Tinguagem que ainda nio é mais do que a sua imagem, lingua: gem imagindra elinguagem do imagindrio, aquela que inguém fals, murmiro do ineesante © do infrmingvel a que preciso limporsiléweo, se 6 quer, enfin, que se Taga ove Quando contemplamos as eicultures de Giacomo, hs tum determinado poato onde elas deitam de estar submetidas ts flaungdor de spaténcia ou s0 movimento. ds perspective Vemolar de wm modo absoluo, Ténéo reduridas mas sutra da b reducio, inedutivese, no espapo,seahoras do espaco Te Jo poder que tém de substtutto pele profundidade no mane ‘vel, no viva, a do imaginéro. Esse ponto, donde 3s yemos Frredutivets,caloeane no infinite, & 0 ponto onde o infinite ‘coincide com lugar nenhum. Escever ¢ enoontrar ee Font [Ninguém escreve se no produair linguagem spropriada para ‘manter ou ruscitar © contato com ese Pott MW © ESPAGO E A EXIGENCIA DA OBRA ‘A OBRA E A FALA ERRANTE EM que consiste ese ponte? evemnos, em primero lgsr, enter reunir alguns dos tra 0s que a abordagem do eepag literdso permitivnos reconbe et. Als linguagem nfo € tm poder, no € 0 poder de dizer. NNio etd disponivel, nfo & 0 poder de dizer. Nio etd dlspont ely de nada dispomos nels. Nunes & a Hnguagem que eu flo Nei, jamais fol, amals me dinjo a tie jamais te interpelo Toros estes tagon so de forma negtiva. Mas esa negagso «0 Inente mascara 0 fato mals exsncil de que, nessa Tinguagen, todo retoma 8 aflrmagho, que 0 que nega nelaaflemese. E que tla fala como austncia, Onde nio fala, fla: quando cesta, penevera. Nio € silenciosa porque, precismente 0 silfcio fatese nela, © proprio da fala habitual € que cuvéle fax parte dda sua natureza Mas, nese ponto do espago itera, «lagu fem € sem se ouvir. Dato rtco da fungao pote. © poeta € Savele que ouve ua ngasgem sem entendimento Thao faa, mas sem compa. Iso diz, mas isso nio remete fag a ize, 1 algo de slencoso que o garantia como seu Seatldo. Quando a neutralidede fala, somente aquele que The lmyde silencio prepara ax condigdes do entendinento e, 20 > tanto, 0 que hd para entender esa fala neutra, 0 qv sempre jf fol dito, nBo pode dinar de ze dizer © nfo pode ser uv, centendido, ssn fala 6 esencalmente errante,estando sempre fora de i mesma, Els derigna o de fora infinitamente distendido que Subsite intmidade de fala. Ascemethaae. 20 0, quando © 20 nko diz apenas em yor alta. o que € primeleamente mura “ rado mas confundese com imensidade sussucunt, 0 slén- ‘io eanvertido no expafo repereutente,o lado de fora de toda ® Tals. S6 que, aqui, o lado de fora esta vaio, eo evo repeteante™ cipadamente, ‘proftio na auséncia de tengo”, A necessidade de escrever [A necessdade de ecrever est ligada & abordagem desse pooto| ‘onde nada pode ser feito das palavas, doa ve projetaw usio de que, sb for mantido © conto com este momento, as vol. tndo. 40 mundo da possiblidade, “tudo” polerd ser feito, tudo" poderd wer dito. Essa necessidade deve set reprimida © conta. Se do o for, oma tSo ampla que na hd male lugar eamente, porn ard, por am salto flo pla Aistragio da vide, conseguese driblar ese impulzo que. @ com «uta ulterior ds obta deve despertare apariguar de modo ioces- Sante, sbrgar e afasar, dominare softer sus fore indomvel, movimento 130 dif ¢ to perigoso que todo esertor © todo ftsta se surpreende, de cada ver, por t6lo realzado sem haufragar. F gue muitos rogobram’ sllencosamente, ningusim ‘que tenba encarado 0 isco de frente pode duvidar dts. Nio 0 0s recurs criatives que falam, sb bem que, de todos as maneiras, sejam insuficienes, mas &'9 mundo. que, so esse Impuso, se furs: 0 tempo peede entao o seu poder de deiso; nado mais pode realmente comes ‘A-obra € 0 cicolo puro unde, enquanto exceve, 0 autor cexpoe-se perigosamente & pressbo que exige que cle escrovs mas também se protege dla. Daf reslta ~ pelo menos em pa te — 0 jbl prodigies, imenso, que € 9 de uma libertsgio, ‘como diz Goethe, de um etigo tlco: 0 exsso 20 estilo teligioso io fol compro- ‘tido, pelo contro, foi fciitado. Mat Kafka, = abendona {eliidade terrena de uma vide normal, abandons também a firmeza de uma vida just, colocase fora da lei, privase do selo e da base side de que necesita para strc, numa eerta medida, privave da lei, 80 eterno dilema de Abraso. O que & fsigido'a Abrazo nfo ¢ romente que sacrifique se fiho mas 0 pripiie Deus: 0 Glho éo futuro de Deus a tera, porquanto Eo tempo que, na verdade, = Terra Prometida, a verdadeir, 4 nica morada do pove eleito ¢ de Deus em seu povo. Ora, ‘Abraio, ao sacrfcar seu filho nico, deve sacrifiaro tempo, © «© tempo sactifcado no Ihe verd dado, por eet, na eternidade o alem no além nada mais existe senzoo Futur, © futuro de Desis no tempo, O af 6 Tease. "A prova, para Katka, é mais pesado que tudo 0 que the tena leve (@ que sea a prove de Abrato e, nio tendo fib, Ihe forse exigo, porém, 0 sacrifcio dese flho? Néo poderia sr levado a stig sb se poderia rir diss, riso que & a forms ds dor de Kafka). Assim, 0 problema € tal que se exquiva que fe que, em sua indecisfo,procura stent, Outros eseitores sonheceram conflits semelhanes: Holden lua contra @ me igus quora velo tornarse pastor, alo pode ligarse m uma tre: fe dewerminada, nso pode ligarse aquela que © amae ama precisamente aquela a quem nio pode ligarse, confitos que fente em toda a sua forga «gue, cm pare, 0 dilceram Tae jamais inculpam a exigncia absolute da fala poss, fora da {qual pelo menos a pati de 1800, ee jé no possutexstincia Pare Kafka, tudo mis confuso, porgue ele procura confun. dirs exigéncla da obra e «exlgncla que podeiatrszer © nome Ao fun salvagio. Se escrver o condena & salidio, far de wan fxistincia a exiséncia de um celibate, sem amor ¢ ean vine ‘ules, se, entretano, esrever parccethe scr — pelo menos om fegidncia e durante largo tempo — a dniea aividade que podria justifies lo, €porgue, de todos os modos, a soldio ame: ‘melee fora del, € porque a eomunidade nto pasa de um Tanasma e a Tet quo ainda fala nla nem mesmo él terse endo, no slo do desamparo eda raucca do gue ee yovimento €”Incparvel, mune possbildade de. plenudo, ‘am cisco apr de oregon, tee yeivo sem caminho que 0 sco Gwe compre Ang ‘Gcando nb sscreve, Kalle est pap tommne wr sd come Frame Katha” dint le a ©. lonouch, mas uma solid et, fn, de ume Traldade pecans que chama bet fer paver ter udo a pde ameta for de tna. © pe io Bro, io cos de ner de Kafka om homer sem atoms Tas, reconece que ele et, por vez, como que aunts © tons gu tone: Malo exalanin ma ver aly 2 HEME lin a pont de amo, paso uname memos, eo becptom ay mexmar lives der’ "Eta enor, four de ped’, e Kaha inha inapecldade pare Dens, ‘Sncrvrs conta, para me Foor, para falar © partpat (vide dor autos, tome coda ve taot; vio pedis Sento sx evo palo bul, eou parila” (2806 lho & ii) A salvordo pela literatura no me salvo pele wabalho..." Mas por que ese trabalho podevie salvia? Parece que Kafka teria precsaments recone: 6 cio nese terivel estado de aulodissoluto, onde esté perdido pata of outros ¢ para si mesmo, o centro de gravidade da ex- foteia de escrover. Onde ele s sente destrida até 20 fundo hasce's profundidade que substiui a dstruigio pla possbil Aide da criagio ssproma. Maravilhosa seviavola,esperanga fempre igual ao maior desespero, ¢ como se compreende que, dessa expeiéncia, cle extai um movimento de confanga que ‘lo questionaré de bom grado. O trabalho tornase eno, s0- ‘brtudo em seus anos de juventude, como que um meio de ralvasso peicoldpes (ainda no esplrital,o esforgo de wma ‘rigdo gue "posta estar vinculada, palaea por pala, 8 vids, que cle tral st para que cla o etre desi mesmo”, © ‘que ele exprime do mado mais cndido e mus fore nests ter mos: "Tenho hoje wm grande deejo de pér para fora de mim, frerevendo, todo 0 met estado ansono , tal como chegt das profunderas do’ meu fntimo, intodusito na profundidade do papel, de fal sorte que poses introduce intevenente em sim coisa eserita” (8 de dezembro de 1911)? Por mals sombris ‘que poses vir a ser, esa experanca jamais seré totalmente de tenia, © enconttaemos sempre no set Digeo, em todas ar ‘poces, opontamentor dete ginero: "A firmess que me PO proteins & menor cola esrita & indubitivel e maravilosa. O ‘Thar com ae enter, durante o paseo, abrajava tudo mum #6 folpe de vistal” (27 de novembro de 1913). Escrever nfo é fesse momento, wm apelo, a expectatve de uma grasa ott wm cbicira cumprimeato profédco, mas algo mais simples © pre mente, de um modo mais imediao: @ espetanga de mio sr cumbie 03, mais exatamente, de sosobrar mals depressa do que cle proprio ©, assim, rcuperarse no altimo momento, Dever smais promente, portato, do que todos os outros, € que 0 Teva fr escrever em 31 de julho de 1914 estar plavresextaording- Flas: "No tenho tempo. & mablizs5o geral. K. ¢ P. so fonvocador. Apora reveho 0 saliro da. slidio, B, apesar de tudo, um salério minguada, A solidio #6 trar panies. Nio Jmporta, sow pouco sfetado por toda exsn miséia © mais deci ido do que munca... Fscreveral a despelto de tudo, a todo © fst: € © meu combate pela sobreviveni 5 Kas serecenes “No € ta deseo anita Mudanca de perspective nto, €o able da gets, mas ands mas» ee abeta por su rive, tovinesto © 0 spafundanto do aa de Srrever a finder com que te rota, un sno ine eo eral, que vio pouco » puto lidar de mancre dierent a exitenda do crrtor gue exe nek Ea me ang firs, no cline numa devi, € spn une erosive puro ot, mas ext, a0 enn, foes In Slr em 194, por exemple sind sos opaonudnente decesperadamente vada prs es ico objeto, enone alge instante pure escreer, conseguir quige da dT enga que sero eupregado apenas em err, sbordiat tudo a esa ic, nena sopra exignca exree Mas ett 1916, vols apr ua heen, pra astra °O dover imediato © som sndger omar sun" ple gue nas ter seguimento mas no ior, © des Gut xara no be enzo esta co Kafka exava Tonge do “Earewrt 8 despa de twa" do a 3t Je jbo de 1918. Mats tarde, pentardcerament em ontacse as plots do sim ¢ IF paras Peles, Dre's Janouchy SSemhave em per pace 1 Petins como pert c tabled npc oct abendonai todo aui?™ “Tudo, pra escntrar oma vido repeta de sent, na seguraga ¢ tn ble ‘Mas Kafka endo doe, o snho mio pen do wm sento enanca serene ttle in pi, comm un etre Kinbovd,rnuncor tw nica vocsto po wor de um de Seto ond torn encontado sprang deta da uscd tem se 9 tra af encntade, De todas ab nates © que s dica afm de oi son vida de um modo diferente ee ‘Beso até gue ip apenas tenaivas fread, ou tates for que eam de fonts © cette des clo Incas fie &mun vida. By 1022, le coumers todos ov wet profes Gade voto ant eco: po, iin; Hag, ee dbs gerne, ant sioniamo, som, ented hcbres Sinem, marca iter, entaes de cnet eat dinca iadependente, © areconta: “Guano me wore inpeieo mew rio deaf pouco tat Tong dau © Init! enor de dito cu hve, to ee pis quando sais repeentava ms soso prs ir mi ogo C13 af sneiro de 1922). mene 58 Seria despropostado extair de notas pasagiras as afi ragger absotar que elas contém, e ainda que ele mesmo © equsga aqul, alo se pode exquecer que Kafka nunca deixou fe excrever, que tereverd te'o fm. Mas entte 0 Jovem que Gini Aquele 4 quem considerava como cu futuro, "Ps nada mais senda literatura, ¢ io porto nem quero ser ou ois", e © homem maduio. que, dez anor depois, colocava a Tieratire no mesmo plano de seus pequenos enssios de ford nagem, a diferensa € grande, mesmo que exteriomente a forea de creritor permanega a mesme, parecendo até mals rigorosa © mais precisa pero do fim, aqvela = que deveros O Cave ‘onde. provém essa diferenga? Dio ceria asenhorest. smo-nos da vide interior de um homem infinitemente reservado, screlo até para seus amigos e, als, pouco acessvel a ele mes mo. Ninguém pode pretender rodvrir s um certo nimero de Ssfrmagses prcias ¢ que nfo podia ange, para el, a trans ppancia de uma fala comprocnsivel, Seria necesirio, ale iso, uma comunidade de intengGes que & impossvel. Pelo rionos, alo ae cometero, sem dvida, eros exteriores a0 di2ct fque.emora a cofiange dele nos poderes da arte tens, com feegucia, continuado grande, sua conflanca noe préprios po dere, postos sempre e cada vez mais prow, exlaece sabre tesa prova,agbre a sua exigéncia,eclaeceo,sobretudo, sobre fo que cle proprio exge da arte: alo mals dar & sua pessoa rem Tidade e coerdnca, nto 6, Salto da loucura, mat salvo da perdig, e quando Kafka presentir qu, banido deste mundo real, ele talver jd see cldadho de um outro mundo onde tem fue later no sent por st mesmo mas também por ese Out ‘mundo, eno escrever apreentarse the apenas como uma meio 4e lua, ora decepcionante, ora maravlhoro, que ele pode per ‘er sem tro perder, ‘Comparehse estas dussnotat. A primeira € de janeiro de 1912: "2 precio reconhecer em mim uma coneentagfo muito bon na afividade lisririn, Quando o meu organise se dev nts de que eserever era a dresS0 mais fecunda do meu sr, tudo para a se drgio © foram absndonadas todas as cutras Capacidades,aqulas que tém por objetivo ce prazeres do sexo, ds bebida, da comida, da meditasaofllostieae, sobretodo, da tnsica, Emagreci em tadat as diegSes, Era necosirio, porque fr minhas forgas, mesmo reunidas, exam tio esctear que #6 fdiam alcanear pela meade 0 objetivo de escrever..- A. Cempensagio de tdo isco € clara. Bastarme- retar 0 ta balbo de escritdrio — estando cancluido 0 mew desenvlvimen- ‘oe nio tendo eu proprio mals nada a scrfica, até onde me possivelchxergar'—~ para comesar e min vids teal, na qual ‘meu rosto poders, en staal = ‘undo os progressos do meu trabalho." A levers da ironia 0 eve, sem divids, enganarns, mar essa levers, 8 ‘cupacio, no entante senses, cclarecem por contrast a tenslo| ‘éaparentementeo mesmo (data, 46 de agosto de 1914): "Do ponto de vista de literatre, 0 seu destino & muito simple. O sentido que me leva # rope. feniar os devaneios de minha vids interior repliv tudo o mais para-aesfera do ateséro, e tudo isso definhou tetielmente, pita de defiohar. Nenhams outrs coisa poders jamais =. Usfazerme. Mas, agora, a minha forca de reprevenlagso capa 2 todos os edleulos: tlver tombe desapareido pare sempre: lulvez ainda retorne um dia, as crcunsténces de minha vida nio The io natualmente favorives. Asim € quo vail, que arremetoincessantemente para o cume da montana onde mal ‘oso manlerme um instante seque Outros também veil ‘as em repiées mals babs, com foras hem maior se ames. sam despenear, hi sempre um familiar, 0 pai, a mae, sue ot Smparam e que, com esse intuit, caminbans junto dels. Mas, ft, € ld no allo que vaclo;infelimente-nio 6-9 morte mas : tarmentos eternos do Moree.” ‘Cruzame aqui trés movimentos. Uma afirmagto: “No shuma outrs coisa (endo a Titerstura) poder jamais satsa- ‘erme.” Uma dvida sobre si, igada A essinciainexoravelmente incerta de seus dans, qual "Fras todos os esleuls”. O sei mento de que essa incerteza — 0 fato de que esrever nunca ‘um poder de_que se disponhs — pertonce ao que exited msi extremo na obra, exigtncia cena, mortal, que "afliz- mente ndo € morte", que é most mas mantida a ditincn, ‘5 “tormentos eternos do. Moree” Podese dlacr que esses tris movimento consttuem, por fas vienitudes, a provasio que expo em Kafka 8 fideldade tua vocapto dies”, a qual, colncidente com a8 procupagses ‘eligi, leva a ler nesa exigtncia Unica uma cose diferente do que ela ¢, uma out exigiacia que tende a subordiagta ou, pelo menos, 2 transforméla, Quanta mais Kafka exereve, menos seguro ele eat de cscrever. Por vezes, tents redgute segue ca pensando que, "uma vex recbide o conhecimento da arte de esetever, 880. no poderd. mals falar nem soobvar, mas © também, embore rarameme, surge alguna coisa que excede « ‘medida. Consolagio sem fora quanto mais ele eerev, mais { aprosima deste pono exremo pats quel a obra tend como para a su origem, mas quo aqucle que a ‘er como a profundidade esis do indefinido. Continua a ecrever,Estou no limite definitivo, diane do qu {alves deva permanecer de novo durante ance, ants de poder comes ima nova hstvia que, uma vez mas, fica inact boda, Esse destino me persegue” (50 de novembro de 191). Parese que em 191541916, por fil que sea querer datar um movimento que esapa ao tempo, cumprese a mudanga de perpectve. Kafka reatou com sus antiga noWva, Esasrelages, fue calminaram em 1917 em noivado, de novo, © logo em se fide terminaram com a doenga que éntio se declars, langam- fo eta formentor que nio pode superar. Descobre sempre, cada ‘ex com maior soidade, que nfo sabe vver soaiako e que nfo pode viver com outros. O'que hd de eulpével na sus stugto, fem sus exntneia entregue a0 que cle chara os viios bur rect, mesguinher, indecso, espelto calclist, domino fe oboecn., B precio esapar, custe 0 que euste, 4 essa buro: fa paraiso ¢ nfo pode contar com a literatura, pois ese tbalho tequiveselhe, poe exe trabalho tem sua partiipagio nna imposura da trespomabiidade, pois 0 teabutho exige Tiddo mes € também snigullado por cla Dai ruta desist: azerse soldado”. Ao mesmo’ tempo eparecem no Didrio tslsces 90 Antigo Testamena, fazemse oust os gritos de am hhomem perdido "Tomsme em tcus bragos, € 0 abismo, acoe: te no abismo; se eecusas agora, entSo mas tarde.” “Toma me, {omase, a mim, que nada mals sou do que um eneelagamento Ge loveura © dot” "Tende piedade de mim, sou wim pecador ‘ev todos op recess do meu ser. Nao me rete entre 05 perdidos.” “Traduzramse outrora em edigdes Francesas alguns deses textos arescenando thes # palaves Deus, Ela no figura af. A pelavee Devs guise munea aparece no Didro e nunca d6 wm node significative. Iso no significa que esss invoesges, em Sus incerera, no tenham ama dregio raligose, masque cut pre conservar a forge disse incertza e nao prvar Kalks do pitta de reserva de que ele sempre dew prova a respeito do GG Ihe era mir importante. Essas alaveas de desamparo, de irpoténci,sio de Julho de 1916 e corespondem a wna estada ‘em Marenbed cor FB Estada 0 info pouco feliz mas que, ot finsimente, 06 aproximaré intimamente. Um ano mais tarde, sth ive de nove: um mis depois, cospe sengue; em set bro, deixa Praga, mas a doenga ainda ¢ moderada #6 stor. rata ameagadora (percce) a partir de 1922. Ainda em 1917 tscreve of "Aforimer” unico texto em que aflmusio expire tual (ob uma forma ger que no © preocupa em parca) tscapa, por vezes,&experincia de uma transcendénca negtve [Nos anos que se seguom, o Ditrio $ praticamente omisso Nem uma palavra em 1918. Algumar lnhae em 1919, quando fica noivo de uma joven a cujo resplio quase nada tabemos Em 1920 conhece Milena Jeensko, wma jovem theca sentvel, Intetigente, capaz de uma grande’ iberdade de espirito © de palo, com gem darente dois ance liga pot vm sentiments ilento, no info replto de eperanga e feliidade, mus tarde Condenalo 8 frstragso e ao deseapero. O Didrio tormt-se do ‘ovo mas importante em 1921 ¢,sabretudo, em 1922, onde at wicisltades dessa amiade, enquanto a enfermiade so ner, levamvno a um ponto de tessio em que seu capita parcee cll entre loveura © a dessio de slvagio, Compre, neste pono, fazer duss longas citagdes. O primeieo texte € dalado (e 28 de janeiro de 1922; ‘Um pouco inconsciente, cansado de patinar. Ainds exis tem amas) to raramente empregadas, e-abro camino com tanta dificuldade até elas, porque no conheso a algria de me servir dela porgue, erinea, no aprendi. Nio o sprendi, m0 Somente ‘pela culpa do pal’ mas também porque qus destuir ‘o'repouss,perturar 0 aqulibrioe, por consepiat, no tnha © dlveto de! deinarrenascer alguém que, por out lado, me taforgava por enierar. B yerdade, revert af A “eulpa, 6 que for que razio queria sar do. munda? Porque “leno me fehava viver no mundo, em seu mundo, Natualnente, hoje, ‘io poss jd olgtlo to claremente, poi agora jt ou cidade esse out mundo que tem com o unde habitual a mesma felagio do deserto com ar toran cultvadae (dorante quareta 90s vaguct fore de Corsi), ¢ € como um esrangetro que lho para tris; sem duvide, nesse outro mundo, nfo sou eu também 0 menor ¢ 0. male ansiowo (level sro. comig, 4 herange paterna, e 6 a sou capaz de viver € apenas em ‘tude da organizacdo apropriods af existentee segundo a qual ME pars orate ft de todo, existe elevegdesfulonante, também esmapamentos, naturaimente, que duram mihares de nose como que sob © peso do mar todo. Apesar de tudo, no @ devere ser grato? Nio ae teria sido imprescingivel encontrar fo caminho pora chegar at agul?” Nio tevin podide aconecer fn que © ‘baninento’ no outro mundo, comado 2 exclisso fdoue, me esmapase conta s frontira alee ce d9is? E no @ grtgas b orga do meu pai que a expulsio fo suficiene- mente Tose. para que nada Ihe padese resitr (a ela, alo mim)? E verdade, € como # viggem no deserto As avesss, Som as proximidades coutinuas do deserto e as experangs In fants (mm expecal no que se refere As mulheres): ‘Seré que eu ni estarla ainda em Canal? c, no entano, i etou hi muito tempo no devert e tudo slo apenas vsdes de Jsespero,sobre- todo nestes tempos em que, também ai, sou o mals miserével Ge todos © onde € precivo que Canad. oferega como a nice ‘Ter Prometid, porqaanto alo existe wa tereir (tra para os homens." (segundo texto 6 datado do dia soguinte: Atagute no caminho, tarde, na neve. Sempre s mistura de representagdes, mals ov menos assim: neste mundo # situs So sera aseustadora — agul, 36 em Spindlemible, adsmais frum samino abandonado onde a todo o instante dio psi fn fal na escuridio, na neve; além disso, um camino priva fh de sentido, sem objetivo lerestre (eva ponte? por que la fmbaixe? ads, nem sequer © aleancei); ademais, neste lugsr, fr também abandonado (So posio considerar 0 médivo uma jude pesca, no_a oblive por mest mésltos, no fundo 36 feaho com ee telasdes de honoedic),incapuz de ser cone Go de algoém, incapaz de roporiar um eonhecimento, no fondo ‘helo de um fafinito espato dante de urns sociedad alegre ou fiante de pai com seu filbos (90 hotel, naturamente 80 hi Inuit sega, nfo chegarei ao ponto de dizer que a cna sou fh. na minh qualidade de “homem de sombra imens', mas ‘etivamentes a minha sombra é grende demais, e com um re- rovado espanto constato a forg de resistécis, a obstinego de Cevos scree en quereem vier “apesar de tudo" neses sombre, justamente ela; mar agsi juntase inde outra cols de que Fale fale); lem dis, abandonado nfo s8 aqui ras em getl fi em Drage, # minha tere natal’, ¢ 80 abandonado dos ho- then isso nfo seria pio, enquanto vive poderia ir no encalgo ‘Stes, mas abundonad de mim em relags0 as secs, de minha forge em regio aoe sores; eatou grato queles que ama, mas fo porto amar evtou ange demas, estos exclu; sem avid, Que Sou, contado, um ser humano e as razes querem slimento, 6 tenho mbit’ (om cin) os me representantes, come- lanes mente inves, qe me basa (vase, zo me bastam de anein nonkuna '€ porno qu eed th abandoned). que me basta pla ie ode que ome slimento pineal prove de ete rans um ote a, fac cron qi tambén so Inativels assent, alee pases de vida Iso me cond 4 mistra dar rps Se {oo fone asim ono te nrcata no cami be nee, el ‘ssotador, et etrn perdi, sto snendide como una aes, Ge mes como una execu metit Mes estou em oven pte ‘os i Kas ater do mio ar wane as, om instante pode faze ego to. Mes grande € também a forga de attagio do ‘nev mundo, o8 que me amam me amar, porgut estou ‘sbandnad ¢ nf, te, com © ‘euo de Weis, mar porque seam que. en tmp eles ‘um cto plano, en's Hherdade de movineat qe fs complements A experincia. postive Comentar essas piginas parcce me supérlua, Cumpre asinalar, fentretanto, como, nesia data, a privajso do mundo ee inverts numa experincia postiva? « de um outro mundo, do. qual ele fond disp de uma liberdade evo valor os homens presentem © a cujo prestiio se submetem. Contudo, para ni allerat 0 sentido de ais imagens, €necessrio lela, 80 seando @ pers. pectvn cristé comum (de acordo com a gual existe ese mundo ui e 0 mundo de af 0 dnico que teria valor, reaidade ¢ svi), mab sempre na perspective de “Abraio", visto ave, de todas 2s maneira, para Kafka, ver exclulda do mundo. quer sizer exclufda de Canad, erarno deseo, e€ ea situagio que {ores tua luta patétiea'e desesperda, como se, jgado para fora do mundo, no exo da migrasio init, tives que fear Incesantemente para fazer dese Ié fora um outro rundo. © 5 Cats carta a Mens sham tain ao que Bd pe le meme ‘& “Geconkeci ‘nee movneto tev (ye oy dea pbleaton tm Nownile WRF." Raja ct Brod e Lhe de Alena, Stine € sovembro de 1880 oF esse erro © principio, a origum de uma liberdade nova. Lota fem salda © tem cetera, onde o que tem de conguistar é 3 fin propa perda, a vedade do exo € 0 retomno 20 proprio. fio da diperse. Luta que se aproximard das profundss expe ‘ules jadieas, quando, sobretudo em resutado de expultio fd Espana, os exprtes teligios tentam superar 0 exo le Sando a0 seu term extremo.* Kafka fez claramenteslusio a “Toga ese lterstura”(e dele) como a "uma nova Cabal, wna ova doutrina secrets” que “teria podido desenvolverse” xe =p sloniame no Hivene, nese meio tempo, ccorida” (36 de Janeiro de. 1922), E compreendese melhor por que ele 6s Inuleneament, sonst e antsionista. © sionismo € a cura do fnilio,« sfirmagio de que & possvel permancoer na ters, de {ve 0 pov judew no tem apenas por morada um liv, © Blin, ms terra © no mals dispersio no tempo. Kafk profundamente eaea reconligfo, ele 2 quer mesmo que sxja Teme repo, emt tar par oe de ©. G. Shoe, es ands Counts do la pate Jie: “Os barre 6o so fect diac deere gen sete Tae © mats el devtino uc pode rc sabe 2 alm, mao serv do, gus ot tortier do iden, & set Teja ok Fein Tne, ado eshdonte on a tevectcie ov mesmo, 3 68 ‘Ein ‘ne tfema "A pragio sbsute de um tie (1 0 nb Tino de um Inpiedede sla de ame degredaso mon © ts erg Aen com Dec are a earn isos pouidade de iver sob > Senemnnts dem resin, ett seu fogs do Esio'"E tinge mas: “Movin wn arte rae ts superer'9 tio apavndothe ses torment, sabreasoahe SeCheemo tea acedue (a ropa te Ja Cetin" (p26. ‘Duce ia de A Metarfae (ai camo 6 cerns ees da SHES) Sc eon eto sonata pele ‘Gscce Cabicicn€'0. qe se pale inane, enbore a ee SSR gue Sama 6 na oro de "aomann” (Kafka e Sma (Sona epuretday, mae Rafe reset apoinas). Por Vesey Rata ima goo sada sto maces °A belo em face do acne Se ie oma, animigant. dv lms, easo 130 100 {imma oo way ami ie steno fe ‘Enc (3 de onic de 802) Recordemos que. eo) Hostoisnor Serge dy Lande Raen, orl eae ht rete ons sean de 6 tomar um foto en) aoe ‘2c encanta cana apr on deve dels {comunidades "erase x sia prece stim 8 imagem Go" us Minas tame impresinane de 2 Metanrive 6s dela xcluid, pois grandera dena conslénla juts foi sem pe esperar para or outros mais do que para cle © no feast Ae sua desgria pessoal 2 medida do infortinio comum: "Ma nifico, to isso, exceto para mim e com rai.” Mas ele nto pertencea esta Yerdade e¢ por ito que tem de ser ant sionista pata sl mesmo, sob pena de ver candenado & execu imediata a devesperanga da impledade absolut. Ee jé prtnce &outra rargem, © run migragio nfo conse tm aproximarse de Ce nat mas em accrearae do desta, da verdade do deserto, de ir sempre mas longe do lado de Ig, mesmo quando, despavado também nesse cur mondo ¢ tentad ainda pela alegrias do smundo real (em especial no que se refere ts mulheres”: iso Cuma alusio clara» Milens), tenta petuadinse de que pe. rmanece ainda em Canad. Se ele no foue antsionsta pars si mesmo (isso € dito apenas, raturalmente, como uma figura, £6 ‘xistsse somente este mundo, entBo a stuslo Sei aeuctndo- 12, entio le estaria imedistamente perdido. Mas ele std ‘alhures" ese forea de atrgio do mundo humno continua sendo bastante grande pera levlo até frontirase af oma. ter como que eamapado, io tenor é 2 forg de atasio do seu préprio mundo, aquele onde ele &livee, libedade de que fala com um Trémito, com uma éafase de autoridade profiica que fontrata com a sua habitual modésta Que esse outro mundo tenha algo » ver om 2 atividade Ierésia no softe dvds e » prova iso € que Kalkay so fala da “nova Cabala”, refereselte.presiamente a propésto de toda esta literatura”. Mas também se pode presietir que a cnigéncia, a verdade desse cutro mundo supers, doravante & seus olhos, @ exigésca da obra, nfo € esglada por cla © 6 fe cumpre imperfetamente nel. Quando excsver convertose ‘em forma de prece € porque exisem, sem divida, oats for mas © meamo que, em coaseghéncia deste mundo dest, 1 ‘xntise mais nenhuma, esrever, nena perspective, diva, de fer @abordagem da obra para tomarse a expecttiva dese ti © momento de praca de que Kafka se reconheceo epia © m «que jf no sera preciso eserever mais. A Janoush, qe The per ‘una: “A. poesia tends, pois, para #religio?", le respond "Eu no dria isso, mas tendeceramente pare prece” pon o literatura e poesia, acrescenta: "A literatura esforece pot ‘olocar at coisas sob uma Tur agradivel: 0 posta obrigado a elevélas go reino da verdade, de puresa e-da pemantncs, Respostasgnfistiva, porquanto coresponde uma nota do Didrio em que Katka se pergunta que alegria poderé sinda reservarthe Kteratura: "Poseo ainda extras ume satsagio fmomentines de obras como O Médico Militar, na soposgso. de ‘gue possa ainda realizar algo semelhante (9 que & muito pouco| Yerosinl). Mas, Felicidade somente no caso em que eu pudes- 3 clevar © mundo no pur, no verdadeir © no Inaleravel” 23 Ge setembro de 1917). A exigeucle “idealist” on “expt” toma ce aqui calopirica, Escrover, sim, eseover sempre, mas Somente para “elevar na vida infinia o'que € ptecvele isc: 4, no dominio deli o que pertnce a0 acase™, como diz ainda ' Janouch. Mat loge so pea questo: serdentfo possvel seré ferto que ecrever no’ pertence 40 mal? e a conslarto de Corever no seri une Hao, uma Dusio pergora, que cum pre recuser? “E iegavelmente uma cera fliidade poder ce ‘rover de modo spraivel: Sufocar &tervel para além de todo ‘9 pensamento. & verdad para além de todo 0 pensamento, de forte que € de novo como se no existse nada esrito™ (20 de dezembro de 1921). E 2 mais humlde residade do mondo 130 poss ua coniténcia que falta obra mais fort? “Falta de Independincl do ato de ersrever: ele depende da exiadn que scene 0 fopo, do gato que se aquece junto lrera, até dsse pobre velhote que ee aquece, Tudo sf rellzages aut6nomas {uc possem uss leis propria; somenteescreveresté pivado de todo o socora, nfo € auto-ficente, € chistee desespero (6 de derambro de 1921), Eagar, egat do rorto que rue diane te ds Tue. “oma defesa do nada, una pesausio d0 nada, um opr de slegra emprestado ao nada", e& 3 are TEnlrctanto, se a conianga de seus anos de juventude da logar a tuna visio male rigorosa,eubsiste 0 fato de que, em cur momentoe mais diffe, quando ele parece ameapado até fm sum inteidade, Quando sofre por parte do desconhecido Stagues quase sesivels ("Como isso me eapia: por exemplo, tbo cominho para it a0 médico, f adiante, contantemente") Inesma entio, ele omtinus vendo no seu trabalho, nfo o que ‘ ameaga mas 0 que pode ajudil, sbricthe a de:sio da sl ‘aslo: "A coneolaglo de eserever,extaordingri, misterios, pode ser perigosa, pode ser salvador ¢ salar fora da fila dos Fomicides, observgdo que € ato [TatBoobachtung, 2 observa: ‘so que se converteu em ato]. abservacéo-ato na medida em Se € cflada ums eapécie mais clevada de observacio, mals ‘evade, nao mais afuda, © quante mas clevada €, inacessivel 2 feea” [dor homieids), menos dependemte €, mals obedece or 4s leis proprias do seu movimento, mas o seu cainko ascends, slegremente, escapando a todos 02 eilelos” (27 de janeiro de 1922). Agu, = Ierture anoncines como o poder que sian pe, a fora que afasa ¢ oprssto do mondo, eee mundo “onde todas os coiss sentem a gargants aperiada”, € a passagem I bertadora do “Eu” ao “Ele”, da autoobservasdo™ que fol 6 tormento de Kafka para uma observasao mis alt, clevando-e scima de uma realidade moral, na diregia do outs mundo, 0 4 Tiberdae, Por que a ante &, ndo & justifcada Por que essa coaflanga? Podese perguntar. E podese respon: der pensando que Kafka pertence a una traigio em que © ‘que existe de mais elevado se exprime num livro que &exeitara por excclncia? tadicdo em que experincias de Extae foram conduzidas a parti da combinssSo e manipulsio de lots, fm que se diz que 0 mundo dae letras, a8 do alfaeto, €0 ver dadciro mundo-da beattade® Bscrever € canjrar esptitor, ale liberttlor contra née, mas ese peigo Pertence & pro. ria exéncia do poder que betta? Entretanto Kafks nfo era um exprte “supertciono he via nele uma loider fri que o faria dizer Brod, a0 sit de

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