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Scarlett Marton dos rteoclosie cde Castogagto na Pubes iP (Chore Boia Uo, 2 Ba pain Sat Mort Iced ~ io Paul Egon Ly ‘Colnea Serdas 8 vse ices pars cadlogo startin 1.alenanie: Float we Colegio Sendas& Vorodas GEN Grupo de Estudos Netsehe edtora roepontivel: Sst Marton Universidade de S50 Paul (USP) Feldade de Foeaio Las ¢ Cénie Humans Prof eiane Gulben, 3 wowgen fichuspior ape Water Nab Rowesto o Fiedich Neteecho, 182; uma ds Gnco fotos do foto Gust Schut wipiicommonsakimed cigiu/FlaNieesche 1822j09 Disgramagio: Ranolse Hidoe Inoue Rover Mauricio Galthcar Leal Edicaes Loyola Jesus (09216000 Sio Paula SF T3511 3385 e50 editorial layols comb \erdolyola cre Ison 970.98 1S0%e2 PEDEOESLOVOLA Sse Palo, rl 201 ‘Quando forme a imagem de um lito pereto, surge seerpre smimonsio de coragem e curisidade e, tambom, algo suave, ardieso,ceuteloso, um aventieio e descobidornato. Po fi quemnofundo me dria nto sabera dizer malnor da qu Zare lust disse aquem quer cantar seu enigma? Avos, audazes buscadores, tontadores, @ a quem quer que com ardlesas velas navegau pox mares temivas— vos, ébros de enigras, que se alegram com a luz do ere puscul, cu alma ¢ avada com flauize 2 engenosos sorve pois no querestatezndo saguir um fio com mo cavaida: ‘onde podas aivinhar, detestes ded ZSCHE, Eoos Home, Porque escrevolvtos ta bons § 3 re O Nascimento da Tragédia Da superagio dos opostos 4 filosofia dos antagonismos' Niotsche e aarte de decitarenigmas Ave, do Nascimento da Tragédia no Ecce Homo, Nietasche inala: ‘Uma “Ideia” —a oposigdo (Geyensaiz| entre dionsiaco e apolineo traduzida para 0 metafisico; a prépria hiséria como desen vimento dessa “Ideia"; na tragédia, a oposigan (Gagensatz) rele vada (aufgehoben] em unidade: sob essa ctica, coisas que nunca se olharam de frente colocadas subitamente face a face, iumina- das uma pela outra ¢ concebicas®, Nossas linhas, de forte acento hegeliano, ele procura ressal tar um dos pontos centrais de seu primeira livro: a oposigéo entre! dionisiaco e apolineo. Da a entender, de inicio, que essa oposicao foi transposta em linguagem metalisica; em seguida, que se realiza ‘nas formas culturais; enfim, que atinge seu ultrapassamento numa Unidade que consttuiia a tragéaia, Ao fazé-lo, tenta aproximar seu primeiro Ivo e o pensamento hegeliano, Empregando nessa pas- sagem os termos "idee", "Geschichte", “Entwickfung" e, em parti cular, 0 verbo “auiheben”, ele mesmo aftma que O Nascimento da Tragédia “cheira chocantemente a hegelianismo"? Que Nietesche evoque uma divida eventual de seu primeiro li \ro a0 pensamento hegeliano chama a nossa atenc&o. Uma vez que se trata, por assim dizer, de sua obra mais schopenhaueriana, um leitor atento poderia muito bem se perguntar o que o teria levado @ fazer essa afirmacao. Afinal, no momento em que redige O Nasci ‘mento da Tragédia, ele se acha sob impacto da fllosofia schopen- haueriana e do pensamento wagneriana, E ambos estariam bem longe da triade logica presente na dialética hegeliana. Mas a esse leitor atento se poderia eventualmente objete que fazer o invent Toes Fino (oravante RRIF), Utieates as ‘oasene Seuserauszate [KSA Bern, Wor de Gruce, 1987/1978: ede sua ce respondéncia: Samticne ee. Keiche Sackenauspobe KSABI, Bein, Wate de Ceuyter. 1975/1986, oreanizadas por Giorgo Cale Nazeno Monta primeio Segue sila KSA cu KSAB nde a yolume ea segundo, 2 pag lepriro gu Hono, “O Nascimento di Tagéaa",§ |, KSA 6.510 (RRIF) (O.Nescimonto oa Tagécla rio das leituras realizadas pelo filésofo, quando elabora seu primeira livro, ndo traz nenhum esclarecimento sobre os propésitas que ele ppersegue com essa obra. Nosso leitor tentaria entdo fazer ver, com prudéncia, que as linhas de Ecce Hamo que acabamos de citar bem mostram que o autor recorre a termos de conotagao hegeliana e utiiza em particular 0 verbo “aufteben” para designar o movimento que levaria 8 superagao da oposigao entre 0 dionisiaco e o apotineot na tragédia grega, Mas essas linhas revelam, também, que, para indicar a relagdo que se estabelece entre 0 apolinea e o dlonisiaco, ele lanca mao precisamente do termo “Gagensaiz", que se pode- ria traduzir tanto por “oposigéio” quanto por “antagonismo”. Seria legitimo, pois, inquirir se essas linhas de Ecce Horio remetem, de fato, 20 Nascimento da Tragéalia ou se elas resultam de urn defelto inerente a toda visio retrospectiva ou ainda se se deve a abjetivos estratégicos que 0 fildsofo persegue ta momento em que as es- reve, Em vez de se far no que ele afirma sobre o seu prime'rolivro quase vinte anos depois de té-1o publicado, seria preciso questionar se a declaracao de 1888 faz justica a obra redligida em 1871. Eessa questo que se encontra na base de nossa investigacdo, \Véries foram 0s comentadores que se dedicaram ao estuda do Nascimento da Tragédia, Entre eles, ha os que exploraram 0 livia Poor inteiro*e os que perscrutaram alguns de seus asgectos®, Hd tam- ents, remeeros is seguintes obras James PORTER The vention of Dionysus. Ap sy a The Bit of Tragedy. Stanford, Stanford Ui- versity Press, 2000; Daugas BURNHAM, Martel ESINCHAUSEN, Netsen's The nh of Tage, London, Continuwen, 2010; Batara von RELBNITZ. Eis Koramentar 21 Fehr Netesches “Die burt der Trogie ous dem Gest der Masih, SU gt Werrer, Meter, 1992 FC. enrecuros estutos:Frony MISTRY, An Aspect of Netsches Prspetvism | Die Geburt ce Tragic, Niesche- Staten 8 (1979) 245-269. que trata ‘sega de nogbes busts no Ino; Margot FLEISCHER, “Diorysos as Ding an Sich Der Anfang von Nitashes Pilcsogie in der ashetiscton Metaptysik ire as pubiacees mals (0 Tagidie™, Niersche-Stusion 17 (1986) 74-80, Barbara SPANNHAKE, “Umiser ‘ung einer Qual. Vergechende Anmerkunigen aur BuxrismusAnerpetaton Jungen Nitachen De Gar cer Tragic aus dem GaBte der Masi und de Stud Catt Fesinen Koeppensiber Oe thar wid ue Este", Nets pete Lust ut Dony Scie Smsen 28 (1989) 156-195; Enico MULLER, “Ae sische Weise”, Niasches Deut der gneechen Tag Niowsehe # aarte de desir enigmas bbém 0s que se aplcarem a comparar a maneira pela qual Nietzsche rata de algumas questoes & de outros autores* e, em particular, 8 cde Schopenhauer. Ha ainda os que se ocuparam cam o Nascimento da Tragéaia reretendo aos escritos posteriores do fildsofo®. E ha os que buscaram compreender certas posigdes que ele defende em seu primeira livro a partir de afirmacdes que faz em outros textos, 31 2002) 156155, em que o autor cefonde a tse de que Nite encara a ra ica tica no século de Pails como um fendmena esto exemplar. I. numa ‘utr diego Keus-Detle! BRUSE, “Di erechsche Tages als ‘Casamtkunsverk Ntasche- Staion 13 (1986) 155-175, em quc o autor als das reflexes musi de Netezene ts como ele a apesenta ros seus pimeos esc; Christoph LAN: DERER, Mar-Oiver SCHUSTER, °Netaches Vorstudon at Gebut der Tragic in irr Beienong zr Nsiksthek Eduard Hansiks”, Miwscne-Stacen 31 (2002) 11-155; Dare! CAME, “Nietashe s Attmpt at a Sees At and Moray The Bit of Tragedy”. Nezsce Scien 38 (2004| 37-67 CL Ems HEHLER, ‘Die Aufasaug des Dish arch le Brier Sctegl und Freeaien Neuse”, hewscne Staion 12 (1985) 335-354: e “Sokatsund de gc isce Tage. Netasche und ce Brier Schlegel ber den Usprung der Moderne Nets Studien 18 |1989) 141-157, CE. ambi em uta rego Max BALEMLER, ‘as moderne Pninomen des dionsehen und tine Enekang” durch Nicasche™ Neth Stuion 6 1977] 125-155, Depo de examina os erent 9s ean riagbes da acto nitzsctian de nia no context de cversas mantestacoes| {ultras artistas, em parbcular dos ares 1960, o autor sevots para anal dessa nogao no aszdrodos textos de Netsche, procrerdo fazer er sinivncss¢ mua pSqueets sore ao ong de 1a ot, 7 coor a presence Scrogenaur no Noscnento da Tag. ct ene os: Ceogss COEDERT, “Niece urdSchoperbauer”. Netsche-Stadn 7 (1978) 1-15; Frecholm DECHER, ‘Nictasches Metaphysk in der Geturt der Trogediein Verh zu Phibsophie Snopennaues’ Mets tuo 14 (1988) 10:1 25:8 RETHY, “Ihe Tags Amati ofthe Binh of Tragedy", Alec Stor | 7 (1988) ‘4, Chates Senn TAYLOR, “Nieasthes Schopennauenaisn’ Mesche-Stedan 17 (1988) 45-75; David CARTWRIGHT. “Reversing Sonus: Wisdon,Natsce-Stcon 29 (1991) 308-313. © Cy Wotram GRODDECK, “Die Geburt der Tepodte" in ‘Feve Home, Nace Sten 15 1984) 525-551. Bernhard LYPP,“Dinysich- Apoinsch:on unhalbarr Gogensat" hoesch-Stuan 13 (1984) 396-575, onde o autor conser a is Joga do ate uma versdo da festa cenioc. CI. tabs Eckhard HEFTRCH, “Die CGebur der Tragecie — ene Péiguation von Netches Philosophie”, Ntsc Studien 18 (1969) 105-126; Rainer SCHAFER “Die Wardlungen des Dionysschen bei Nietsche", Netascte- Staion 40 (2011) 178-202, 2 Cr Charles BARRACK, “Necasche's Diowysusand Acolo: Goo in Transton”, At sehe-Sucen 3 1974) 115-129, onde 0 autor tata da feacio entre Apa e Do i. em particular no Nascimento da Tagen em Assi fava Zara, 0 Nascimento da Tageete Tomando como ponte de partida a andlise de seus primeiros escritos e, em particular, do Nascimento da Tragédia, contamos ‘examinar a maneira pela qual ele concebe as nogoes de apolineo & ionisfaco. Recusando-nos a recorrer aos textos em que vem poste riormente exprimiro que pensa sobre seu primeira livro, esperamios mostrar, de inicio, que a estreita relagao que estabelece entre 0 principio apolineo e o dionisiaco nos seus primeiros escritos diz res- peito a um antagonisma e nao a uma contradicao a ser superada, fem seguida, que os antagonisimos que se sucedem no Nascimenta a Tragédia nao correspondem a um movimento progressivo da histéria; enfim, que a maneira pela qual ele concebe nesse mo mento a metafsica nao se confunde com uma “ciéncia da kieia Nas primeiras linhas do Nascimento da Tragédia, Nietasche aficma que “o desenvolvimento da arte esta ligado a cualidace do apalineo e lionisiaco”®. Comparando-os aos sexos, que também corstitui- ram uma dualidade *em permanente combate’, ja d8 a entender: que o:apolines e o dionisiaco so duas farcas que surgem da natu- reza, As denominagdes de Apolo e Dioniso, ele as toma dos gregos, mas nem porisso pensa reproduzir as caractersticas das divindades ‘gregas. Recorrendo a seus conhecimentos de mitologia e literatura da Grécla antiga", reinterpreta a relacao entre Apolo e Dioniso, to- mando-os como das divindades anisticas que caminhar na maior ®ONascimento da Tragédio& 1. KSA 1.25, tad Sear Marton (oravante SM) também A Vs Dianoca do iundo § 1, KSA 7.553 (SM), onde Nitasce mua 2 mesma ei: “Os arecs, ue expe e a9 mesmo tempo clam er seus ‘anes a doutria sceta dee viedo do mundo, istauraram como a dupa ent de sua ate dua dindioes, Apolo e Dio 1 pcerca das lores que Neste rece quando elabora O Nascimento da 9 rosa Tomas H. BROBIER, "Sources of and ifvences on Netzsche's Binh of Tragedy", Nawsche Staci 36 (2005) 278-298; tama MLS. SLI. STERN, Netesche on Tragedy, Comecee, Unversty Pes, 198, expec p. 179 er ‘ara deg Sande GILMAN, ‘Weterhe'sReasingen hen Fem Net's Library’, Metscne Stn 6 (1977] 292-294, onde o autor procs sou ps ‘untae sobre oconhecmeno que Notice tori de cents obras em lingua ingles a Nietasche e arte de decir enigmas parte do tempo “em conflto aberto". $30 elas que nos permiter conhacer “a formidvel opasicao (Gegensatz)" entre a arte apotines ida criacdo de imagens e a arte dionisiaca da misica. Afirmando que ‘esses dois impuilsos podem ser representados como as mundos a tistcos do'sonho k dalembriaguer, 0 flésofo sustenta que, enquanto fendmenos fisioldgicos, o sonho e a embriaguer revelam “uma opo- sicgo (Gegensatz) que cotresponde a do apolineo e dionisiaco” Essas primeiras consideragdes nos levam a constatar que © ‘apolineo € © dionisiaco constituem dois fendmenos muito comple- os que se acham mesclados e imbricados. Em seu primeiro lio, Nietzsche considera “o apolineo e seu oposto (Gegensatz), 0 dion'- siaco, como Forgas antsticas que surgem da propria naturez, sem a ‘mediagéo co artista humano, ® nas quais 0s impulsos artisticos da nnatureza se satisfazem de urna s6 vez e de mancira direta"™, Pare chegar a satistazer seus impulsos artsticos, a natureza nao neces- sita da agao do ser humano: nesse sentido, o artista no passa de imitador", Cam sua obra, ele nada mais faz do que imitar 0 mundo apatineo do sonho ou 0 mundo dionisfaco da embriaguez®. Mas nao pademos deixar de sublinhar desde ja que, quando se trata de apresentar 0 apolineo e 0 dionisiaco, 0 flasofo recorre sempre & ideia de oposicdo, servindo-se na maioria dos casos do termo "Ge- igensatz”. Pouco importa que as encare como forgas que surger da hatureza ou como divindades da arte, como representantes de dois mundos artisticos, o das artes plisticas e o da arte da musica, ou como presentes em manifestagies de ordem psicoldgica. Em suma, sernpre enquanto Lermos que se opdem que 0s considera. ‘Ao elaborar © Nascimento da Tragédia, Nietasche persegue © objetivo de trazer uma contrbuigao 20 que chanma de ciéncia estética laesthetische Wissenschaft). Nesse livro, ee trata num primeiro mo ‘mento das origens @ fungbes de tragédia dtica, Até entdo, fildlogos « historiadores da arte haviam ressaltado a presence de um gnico principio na arte grega:.o apolineo, Ao principio apotined o fildsofe ® ow ia 2. KSA 1.13 (SM. COLI que d tule a0 value em que tod. Patica Faraz, Pans, Eations de Ec, 2010, p. 70-120, expec. 73 Giorgio std aver 2 ONoscimento da Fagéelia ‘yem apar 0 dionisiaco. Apolo, o deus da bela forma e da individua- 20, propicia a Dioniso que se revele; Dionso, o deus do éxtase e da embriaguez, por sua vez, permite a Apolo que se manifeste. Apolo assegura a poneracao e 0 dominio de si; Dioniso enteitica pela ex- ‘cess0 e pela vertigo, Como a Sombra e a luz, as profundezas e a superficie, a esséncia ¢ a aparéncia, ambos se mostram indispensa- ‘yes, Enquanto 0 diorisiaco se traduz em imagens apolineas, 0 anol ‘neo se exprime sobre umn {undo dionistaco. Sea partir da perspectiva de Dioniso & indispensdvel romper as fronteiras da individuacdo. do ponto de vista de Apolo impde-se ultrapassar 0 horror da vio Gio- risfaca. Apolo mantém escondida a verdade intrinseca 20 mundo; Dionisoa revela em sua profundidade: Para que a tragédlia grega possa ter vindo a existr. folimpres- cindive! que se procuzisse um equilibrio entre o apolineo e o dioni- siaco. E nessa diregdo que podemos ler a afirracgo de Nietzsche de que a tragédia dtica & “a obra de arte tanto dionistaca quanto ~apolinea"™. Nao hd divida de que esses dois principios s80 duas, forgas distintas; eles se acham, porém, intimamente igados na arte tragica, Perguntar sobre a qualidade da relacao que entao se estar belece entre eles é a tareta que nos incumbe. Ao introduzir as nogées de apolineo é dionisiaco na primeira: pagina do Nascimento da Tragédia, Nietzsche os compara aos dois Sexo, qe, em luta permanente, “36 conhecem uma reconciagdo (¥er- ‘dhnung) perédica”. Ao examinar a maneia pela qual esses dois impuisos anisticos que surgem da navureza se Uesenvolvem entre 05 gregos, na(segund se¢a0 do lio, ele afirma que o momento mai importante de toa a ristéra do culto grego foi precisamente a reconciiagao[Versnnung) de dos adversaros”, Apolo e Dioviso Constatamos, pos, que nessas duas passagens do lito 0 fsofo en cara 2 relagao que se estabelece entre 0 apolineo € 0 donisiaco na Nietsche eo atte de doctar enigmas tragédia dtica como uma relacao de reconcliagdo, empregando para designd-ta 0 vocabulo "Versdinung’ e néo otermo de conota¢ao he- eeliana “Auinebung”. esse momento de nossa investigacéo, uma questao se impée. ‘Trata-se de saber se essa situagdo de equilrio entre o apolineo e 0 dionisiaco, que se produz quando do surgimento da tragédia grega, incompativel com a idela de oposigdo dos dois impulsos que a en- gendram. Para avancar em direcao de urna eventual resposta, exa- rminemos uma passagem da Visdo Dionisiaca do Mundo, Depois de caracterizar no dominio da arte os estilos opostos [Stigegenstitze) essociados a Apolo e Dioniso, Nietzsche exarnina ‘omomento em que, vindo da Asia, Dioniso se precipita impetuosa- mente sobre a Grécia. Faz ver que a acéo reciproca das duas divinda- dles se mostrou tao paderosa que “os dois deuses sairam igualmente vencedores da luta [Wetthamp/): uma reconciliacao (Verséfmnung] no campo de batalhia"™, Essa afirmagao, em que so empregados os termos “Wettkampr" e “Versébinung’, leva-nos de imediato a le- vantar a questéo acerca de como compreender uma situagao em ‘que dois adversdrios possam sair vencedores da mesma competicao: como aceitar que ao final da luta ndo haia vencido; como conceber ‘uma vitéria que na implique ao mesmo tempo um derrota. Um ano e meio depois de elaborar 4 Visco Dionisiaca do Mun. do, Nietasche redige ern dezembro de 1872 um texto que fatitula A usta de Homero (Homers Wetthamp!). Retomado aqui, 0 termo “Wettkamp? remete a idea deluta, A partir da comparacao entre a maneira de pensar dos gregos e a do homem moderno, o filbsofo chuicida nesse texto a importancia atribuida competicao na Grécia antiga. A diferenca do que se passava na época que precedeu 2 apa~ rico de Homero, os gregos no mundo homeérico legitimaram “a luta ea alegria de vencer": substituiram o combate pela competicgo. Nao 6 por acaso que em Os Trabalhos e os Dias Hesiod anuncia que hd na Terra duas Eris, a boa e a mé, Se a md fomenta a guerra, a boa incita oshhomens a air por cobiga, citimes e inveja e, porisso mesmo, no os conduz ao combate mortal, mas & competicao, A Vndo Dionsinca co Mund § 1 KSA 1.586 SM), 24 0 Nascimento da Tagécta © que conta para nds nesse mamento de nossa investigagio é sublinhar que conceber a existéncia como um duelo leal é uma cond! Go inerente & competico; no fim das contas, ndo se pode guerrear ‘quando se despreza e ndo ha por que fazé-lo quando se domina. € nesse contexto que Nietzsche compreende o sentido original do ostra- cismo. Temendo que a supremacia de um tnico individuo viesse por termo & competigao, em vez de tolerar quem suplantava 0s demas, 05 {regs preferiam afasté-1oda vida social, Perseguindo 0 objetivo de as- segurar o bem-estar da pais em geral’a pedagogia grega entendia que era através ds luta que os individuos deveriam desenvalver suas quali dads e seus talentos. Ao escarecer a nocao de competigio tal como se encontra, a seu ver, na antiguidade helénica, Nietsche no hesita ‘em estimar que ela é"a mais nobre e fundamental idela grega™™, (0s elementos reunidos até 0 momento nos levam a avancar a ideia de que a palavra “WetthampF” presente no texto intitulado A Juster de Homero remete precisamente ao terma grego “agéin". Le- vvando em consideracao a nocéo grega de competigao, estamos, pois, lem condigdes de compreender que dois adversérios possam sair ven: cedores do mesmo combate, Uma ideia simitar encontra-se em outro texto de Nietzsche do ‘mesmo periodo. Na Filosofia na Epoca Treigica dos Gragos, tratando de refazer a histiria dos filsofos pré-platOnicos, ele examina a ideia de compaticéo em Heraciito, Nas paginas que Ihe so dedicadas, faz Yer que o movimento césmico do construir e destuir, que se repete Periodicamente, surge da guerra dos opostas, De carster universal guerra estd em toda parte: sem trégua ou termo, ela é perma- nnente. Como dois adversérios, os opestas lutam; @ tenséo que se instala entre eles ¢ tal que ora um ora 0 outro predomina, Juigando ‘que em Herdclito a nagio de competicao é levada ao mais alto grau, Of6sofo afirma: aboa Ens de Hesodo erga em principio universal a conce 0 da justa progr ao homem grego cidade areca?” cinco ives io exces. A usta de Homero, KSA 1.792 (, Trg Grego § 8, KSA 1.825 (SM Niewacha ¢a arte de decitarenigrnas Asanalises precedents nos permitem elucidar a maneira pela qual Nietasche concebe a nog3o grega de competigao. Da sua pers: pectiva, essa nogao se aca bem mais préxima do jogo que da guerra", Afinal, nao se deve esquecer que a competicao tem sem= pre em vista a precedéncia temporaria de um des adversirios. Daf corre que nao se pode identificar precedéncia com supremacia e, menos ainda, combate com exterminio, Para que hala 0 confronto, & preciso gue existam antagonistas; para que ele perdure, é neces: sério que os beligerantes nao sejam aniquilados Estamos em condigdes, pois, de afirmar que, uma vez que, @ partir dos tempos hométicos, a luta entre os gregos reveste carater agonistico, as duas divindades artisticas que surgem da natureza, Apolo e Dioniso, permanecendo em oposicao, podem se reconci= liar na tragédia atica. O apolineo e o dionisiaco que engendram a arte trgica esto numa situacao que €, ao mesmo tempo. de re concliagio provisoria e luta permanente, Defendemos a ideia de ‘que, nessas circunstancias, a relacdo que se estabelece entre eles 6 a0 mesmo tempo de equilbrio ¢ tensao, reconciiacéo ¢ antago- hismo', Dotada de carter agonistico, essa relacdo esta longe de constituir "a oposi¢ao [Gagensatz) relevada (aufgehoben) em unk. dade”, como Nietzsche quer nos fazer crer no Ecce Homo, Contudo, seria precisa levar em conta o fato de que, se em seus primeiros eseritos Nietzsche julga que 0 apolineo € 0 conisiaco se 4 \ ese props escreve Gérard LEBRUN, “mais pra de um jogo que da aerate tee el amrain, nca pl angle co aes (ol Esaisensbdde parabens soa, is cama fateci, enna como dosniveamento ost, renes crminoso [como se. no soe da ta ogressamente aninizzschins" "ADs Pooador os. Ri tere Rosas Toes Fh, Ama Cl ruma dregs ops Se der Hagia rep, tl coro Ni do principe apoio e do dons, 26 O Nescimonto da Tagecta reconciliam na tragédia grega sem por isso deixar de se opor, ele também considera que antagonisma entre eles atravessa toda a historia da culura gregar Najterceira e na quarta seqoes da Nascimento da Tragéata, ao ‘ratar da culture apolinea, 0 autor procura mostrar que ela se baseia ‘em fundagdes insuspeitévels. A diferenca ds fildsofos e fikilogas que no souberam identiic-las, ele sustenta que. tendo conhecimento dos horrores da existéncia, os aregos se curvaram ao pessimismo™ Pra poder viver, sentiam entao a necessidede de criar‘os deuses do Olimpo. Assomibrados pelos sofrimentos e dores inerentes & prépria vida, clharam com descontianga © aparecimento de um Dioniso se vager, que do fundo da Asia se preciptava impetuosamente sobre a Grécia. Fol graces 20 impulsa apalines que puderam resistraos exces- 808 de Dioniso, dando-the forma e impondo-lhe limites. Mas no po- \dernos esquecer que foi também eracas aa impulso dionisiaca que pu: {era escapar da rieza de Apolo, atenuando-Ine a rigider e dando-he flexiblidade, Enquanto Apolo se mostra como “a espléndida imagem diving do principium individuationis", Dianiso é o deus “que experi- ‘Menta nele mesmo 0s sofimentos da individuacao"®. Dilscerado pelos Titas quando crianca, Dioniso taz 0 dilaceramento a vida humana, Por Seu nascimento e sua morte, ele se converte no simbolo do vira-ser fem que © Uno se faz muitiplo. De um lado, «impulso apoio tornal possivel que se manifeste a unidacle primordial da vida através ca mu tiplcidade dos seres vivos individuais; de outro, 0 impulso dionisiaco revela o carater inexoravel do vir-2-ser, sublinhando que tude 0 que hasce deve necessariamente perecer. Quando Dioniso predomina, 0 ser humano esta entregue ao arretatamento selvagem: quando ApOIO Drevalece, o homem ¢ dominado pelo otimismo tedrico Notes a propio os istria do Cri antiga ime it NICGINN, Culture as Prophyact: Nese’ Bathe Traged Natacha Studion 4 |1975) 75 Panto de os de ltimas segbes do Nas ‘ fondo ds segunda exigdo do Nascimento ea Tage ubilule Henne pesinsna, 2 | nitasche e a are de decirar enigmas Contudo, somos obrigados a observar que no Nascimento da Tragédia Nietzsche nao trata apenas do antagonismo entre 0 ap0\- neo e a dionisfaco, encarando esses dois impulsos como indissocié- \eis€ em permanente oposici. Ele se dedica também a perscrutar um tipo radicalmente novo de antagonismo. Na décima segunda se¢é0 do livro, acaba par explicité-lo: “Eis @ nova oposicéo: o dioni- siaco e 0 socratico, e @ obra de arte da tragédia pereceu por causa dela. Enquanto tendéncia antidionisiaca, 0 socratismmo aparece ‘entao como um apolinismo hipertrafiado, E precisamente porque cele nao quer reconnecer a existéncia da aposicéo entre o apolineo & ‘0 dionisiaco que conduz a civiizagao grega ao declinio™. Essas consideracoes nos levam a sublinhar a idela de que 0 ionisismo e 0 socratismo s80 dois fendmenos que apenas se pode compreender a partir das relacdes antagdnicas em que se acham implicados, Enquanto 0 dionisiaco s6 se expressa através do apo- lineo, com o qual se acha em luta permanente, © socratismo s6 se mostra através do dionisismo que ele quer combater. ‘Mas Nietzsche nao se detém ai. Na primeira parte do Nasci- mento da Tragédia, ele se dedica a examinar tanto 0 antagonismo entie o apolineo e o dionisiaco quanto aquele entre o dionisismo e 0 socratismo. Na segunda parte do lvro, ird aplicar-se a explorar um terceiro tipo de antagonismo, 0 que acredita existr entre a epoca da tragédia @ 05 tempos mademos dominados pelo otimismo ted- rico, Por Fim, desejando 0 ressurgimento do espirito dionisiaco, preconiza a renovacao da cultura alema Estamos, pois, em condigoes de afiemar que ahistéria da Grécia antiga teria sido governada pelo combate entre 0 apolineo © 0 dio- 3G Nascimento da Trogécia§ 12. KSA 1.85 GM 2 scanto esar os apacts es importantes de sua pimea 0b Ges dees co fo": oentenmento do fendreno donslaro etre os grees" “oentenimerto do sara om, "0 Nasemento da Tragéd’§ 1, KSA 510 [RRTF), Nese caso reco, coma ns ots can 1888 tv sti 9 Nascimento Tapia que hava sido eabrradoem 1871 2 Cr nessa reya0 Michdle COHEN-HALIM, “Comment peuton Ere nlf? (Une lecture do La Noissance de inMareCREPON. Nilsche J Here, Pans, fations GeHeme, 2005, p. 111-122 8 CO Wascimenta de rapes risfaco, "esses dois principios inimigos". Sustentar a idela de que a tragédia grega constituiria uma sintese de amos € ignorar que. da perspectiva nietzschiana, a aceitagio das oposicbes & constitutiva das mais altas realizagSes culturais. Nao hesitamos em ressaltar que 0s ~antagonisrros que se sucediern nao correspondem a um movimento progressivo; bem ao contrério, a passagem do antagonismo entre ‘© apolineo € o dionisiaco aquele entre o ionisismo e 0 socratismo acarreta o desaparecimento da tragédia dtica. Se o socratismo favo- ‘ec 0 decliio da época da tragédia, a cultura moderna, enquanto cultura da Gpera, nada mais faz do que acentué-lo, No Nascimento da Tragédia, estamos bem longe, por conseguinte, de una concep- lo de histéria enquanto movimento progressivo da oposicao entre (© apolineo e o dionisiaco; em outras palavras, 20 contrdrio do que Nietzsche quer nos fazer crer no Ecce Homo, estamos bem longe de conceer “a prépria histéria como desenvolvimento dessa ‘Kdeia™ v Seria preciso, porém, levar em conta 0 fato de que, seo filésofojulga, "no Nascimento dla Tragécta, que os antagonisimos se sucedem a0 longo do tempo, ele confere um lugar especial ao antagonismo entre © apolineo e o cionisiaco. Nao podemos deixar de cbservar que na lragédia atica 0 apotineo e o dionisfaco nao se acham numa rela de igualdade, No seu primeira livro, Nietzsche comeca por tratar das origens & fungées da tragedia dca. Mas a partir da séxima secao seu objeto de investigacao se precisa, Recorrendo & tradicéo antiga, ele afirma “que @ tragédia surgiv do.coro tragico e, originalmente, ea era somente oro e nada mais do que coro". Nao se trata, pois, de continuar a Pesquisar as origens da tragédia dtica; a partir agora, a questo que S€ Coloca é a de saber como surgiu 0 coro, No entender do filésoo, 57, KSA 1.52 SM. Netzer regia & seme ‘core mento da Fraga § 8, KS 1165 SA Nietesehe ea arte de decir enigmas no inicio 0 coro da tragédia era constiuuido por sétiros. Foi esse core de seres naturais Fictcios que introduziu as festividades em home- ragem a Dioniso. Num primeiro momento, gracas ao encantamento dionisiaco, os gregos sotriam uma transformacao; esquecendo-se da propria identidade, sentiarn-se como sétiros. Depois, vendo-se a si rresmos como satires, tiveram necessidade de ver 0 deus como se cle estivesse presente nas festividades; foi entao que ao encanta ‘mento dionisfaco veio agregar-se a imagem do deus. Gragas 8 forca plastica apolinea, Dioriso pode aparecer. Donde se segue que em ‘seus primércins a tragédia grega tinha a ver unicamente com os s0- frimentos de Dioniso, E nesse sentido que Nietasche afirma que nunca, até Euripides, Dioniso deixou de ser o herditragico, mas ‘que todas as célebres figuras da cena grega, Prometeu, Edipo ctc., 80 apenas mascaras daquele herdi original, Dioniso™. Dessa afirmagao decorrem, sem divida, muitas consequéncis, Mas, neste momento de nossa investigacao, o que conta para nds é-sublinnar que na tragédia grega tal camo 0 hidsofo a concebe Dio- riso tem precedncia sobre Apolo e, por isso mesmo, a arte da mii sica tem precedéncia sobre a arte plistica. Nao € por acaso que ele sustenta que “a musica tem a capacidade de fazer nascer 0 mito™®. ‘Ao fazé-lo, daa entender quea tragédia grega teria sico engendrada pela miisica, Alés, 0 titulo original de seu primeira livro, O Nasci mento da Tragédia 0 partir do espirito da musica, assinala precisa mente essa ideia, Assim como 0 dionisiaco no exige 0 apolineo € nada mais faz do que aceité-lo, a misica nao reclama as palavras e 10s conceitas e se limita a toleré-los E bem verdade que, sob 0 impacto do impulso dionisiaco, 05 seres humanos veer lado somibrio da existéncia e superam e858 \isd0 prodigiosa no proprio drama. € bem verdade também que Dioniso é 0 “herd original” da tragédia e todos os outros hertis $30 imascaras” suas, Mas, para aprofuncar nossa andlise da re Ones 5.10, KSA 1.71 6M) 16, SA 1-107 MI O Nascimento da agela lagao entre 0 apolineo &0 dionisiaco, somos obrigados aqui a langar mo de outro elemento presente nas consideragdes de Nietesche sobre a tragédia grega. Da sua perspectiva, o coro de satiros em sua origem produzia a supressdo das clivagens entre os seres hu manos; ele 0s levava a no mais sentir que pertenciam ao Estado 2.8 sociedade, Provocande 0 aniquilamento do individuo, conduzia ‘05 homens & perda da identidade e, com isso, tornava possivel que se deixassem possuir por um sentimento de unidade com a natu- reza, Assim sendo, 0 coro da tragédia grega podia oferecer ao ser umano a consolagao metatisca Na sétirna Seco do Nascimento da Tragédia, Nietasche escla rece 0 que entende por essa expresséo: 0 fato de que a vida no fundo das coisas é, apesar de toda mu- danga que afeta os fendmenas, de uma force e de uma alegria indestrutivei® (© como de satiros, “o coro ce seres da natureza”, encarna o re gozjo ern face do vr-a-ser. Na media em que ele esta diretarmente ligado as festividades dionisiacas, nao seria desmedido afirmar que. 1o fim das contas, ¢ 0 préprio Dioniso que se identifica a essa vide {que, apesar de seus horrores, 6 "de uma forga e de uma alegria in- Gestrutiveis". Revelando ao mesmo tempo 0 cardter inexordvel do vir-a-sere a exuberéncia da existéncia, Dioniso vem propiciar ao ser humano 0 consolo metatisico. Dessa maneira, uma vez mais se faz Notar a precedéncia que ele tem sobre Apolo. No entianto, somos obrigados a levantar a questo acerca do sentido que Nietzsche atribui ao adjetivo “metafisica" quando re- Corre & expressio “consolacao metafisica”. Nao hesicamnos em afir- Mar desde jé que no Nascimento da Tragédia ele Ihe confere um sen tido particular. Por um lado, aqui se afasta dos senticlos que atribuird 0 termo em eseritos posteriores. Encarard entaa a metalisica sobre: {do como uma duplicacao de mundos; concebida enquanto tal, ela Constituira um dos alvos prvi jados de sous ataques. Por outro, nto aa Trogkea § 1, KSA 1.56 SN), Nietscho ea arte de decir enigmas aqui se distancia do sentido que tradicionalmente se atribui a esse termo. Recusa ento as implicacoes ontolégicas fixistas e idealistas que. em geral, se acham ligadas & nocéo de metafsica. Fazendo ver ‘que 6 Dioniso quem propicia aos liomens a consalacéo metatisica, Nietzsche dé a entender que por metafisica concebe o primado co vir-a-ser, Mas é preciso ressaltar que isso no quer dizer que concebe ‘2 metafisica enquanto “ciéncia da Idea", que teria por tarefa a de constitur 0 principio de toda Filosofia, Estamos em candigdes, pols, de afirmar que seu primeirolivo est longe de apresentar @ oposicao entre o dionisiaco eo apolineo coma “uma “eia" |... traduzida para ‘o metafisico”, coma Nietasche quer nos fazer crer no Ecce Homo, v No Nascimento da Tragédia, longe de promover a superacao de termos opostos, Nietzsche afirma a necessidade dos antagonismos, Longe de conceber a historia como um movimento progressivo, ele insiste na sucesso dos antagonismos. Longe de desejar construir uma "Ciéncia da Ideia”. quer apresentar sv filosofia dos antagonis- mos. E. luz dessas consideracées que se deveria avaliar seu modo de proceder no seu primeira livro 2 cariruLoa Consideragées Extemporaneas Distancia e combate: a (in)atualidade do filésofo' Tra rasicka da contra irtiulada “Distancia ycrbote 2 ijacuaidaa de Nexen", polenta no I Congreso Interact ald SEDEN (Sociedad Espo de Estos Sobre Frecich Ne Sch}, na Universidad de Mlaga, em Se maig de 2011, algun 8 2qu atadosjénavam sid abahado san an Ersais sobre flosfa de Netsche, 5 a

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